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I. A fábula histórica
Tempo dramático – 1817 (século XIX) Tempo da escrita – 1961 (século XX)
• Agitação social que levou à revolta • Agitação social dos anos 60, que levou à
liberal de 1820: Revolução de 25 de Abril:
Luar
- Para D. Miguel, o luar permitirá que o clarão da fogueira atemorize todos os que querem lutar pela liberdade,
confirmando assim o efeito dissuasor e exemplar das execuções perante aqueles que ousassem desafiar a
autoridade dos Governadores (a noite é mais assustadora, as chamas poderiam ser vistas em toda a cidade, o
luar convidaria toda a gente a assistir ao castigo).
- Para Matilde, o luar sublinhará a intensidade do fogo, que simboliza a coragem e a força de um homem que
morreu pela liberdade e, por isso, se torna símbolo do esclarecimento e da revolta contra a tirania (anúncio da
revolução liberal / 25 de Abril?).
- A lua, porque privada de luz própria e sujeita a fases, representa a periodicidade e a renovação, a
transformação. Ela é também o símbolo da passagem da morte para a vida (durante três noites em cada ciclo
lunar desaparece, para voltar a surgir).
Fogo
- A fogueira acaba por ter um carácter redentor, simbolizando a purificação, a morte da «velha ordem», a vida e
o conhecimento. O fogo traduz a chama que se mantém viva e a fé na liberdade que há-se chegar («Julguei
que isto era o fim e afinal é o princípio. Aquela fogueira, António, há-de incendiar esta terra!», 140).
- Na perspectiva dos Governadores, o fogo traduz a destruição, o castigo de todas as tentativas de rebelião do
povo em prol da liberdade.
Luz / noite
- A luz traduz a caminhada da sociedade em direcção à liberdade, vencendo o medo e a insegurança da noite,
recusando a violência e a repressão.
- A noite (escuridão, trevas), por contraste, representaria a morte, a repressão, a violência, o castigo, o
obscurantismo, a conspiração.
A dimensão trágica
A obra de Sttau Monteiro, pela reflexão que faz sobre o destino do homem, enquanto membro de uma sociedade, sujeito
às suas normas e valores, lembra a tragédia clássica, nomeadamente, pelos elementos seguintes:
A dimensão apoteótica
- O clima apoteótico da obra é recriado através da fogueira onde Gomes de Freire é martirizado que, em vez de
ser dissuasora, torna-se inspiração para que outros lutem pela liberdade:
Matilde: Olhem bem! Limpem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas ao que ela nos
ensina! Até a noite foi feita para que a vísseis até ao fim... (140)
- Assim, o sacrifício do general é também uma homenagem à sua heróica defesa da liberdade, um símbolo de
esperança para o povo oprimido e um apelo à transformação da sociedade (o ambiente mágico e espectral
Matilde: Julguei que isto era o fim e afinal é o princípio. Aquela fogueira, António, há-de incendiar esta
terra! (140)
- No final, o espectador percebe que os acontecimentos a que assistiu são de todos os tempos, pois é o próprio
homem que está em causa e a obra torna-se, assim, épica.
A obra de Sttau Monteiro, à semelhança do que acontece com a de outros escritores, como Bernardo
Santareno (O Judeu) e José Cardoso Pires (O render dos heróis), aparece nitidamente influenciada por linhas
dramáticas inovadoras, não só pelo suporte histórico da intriga, mas também pela relação que pretende
estabelecer com o espectador, que deve assumir um papel testemunhal e crítico face aos acontecimentos
apresentados em palco, para mais lucidamente intervir e transformar a sociedade em que está inserido.
A fábula histórica
- Sttau Monteiro recupera acontecimentos que marcam o início do século XIX, para servirem de denúncia da
situação social e política do país dos anos 60 do século XX, em plena ditadura salazarista. Assim, as primeiras
manifestações sociais e políticas, que levaram à revolução liberal de 1820, servem também como denúncia da
miséria, da opressão e da injustiça que dominam o Portugal da década de sessenta. O martírio de Gomes
Freire é também o do general Humberto Delgado, silenciado pelo regime, porque símbolo do protesto e do
inconformismo face à ditadura. Ao evocar situações e personagens do passado, o autor tem um pretexto para
falar do presente.
- A revolta dos mais esclarecidos, muitas vezes organizados em sociedades secretas (lojas maçónicas), contra
o poder absolutista e tirânico dos Governadores, que culminará na morte de Gomes Freire, herói que reclama
o direito do povo à dignidade e à indignação contra os poderosos, é também o apelo à revolta dos militantes
antifascistas que puseram em causa o Estado Novo.
- A obra exprime, assim, a revolta contra o Poder e a convicção de que é necessário mostrar o mundo e o
homem em constante devir. Defende as capacidades do homem que tem o direito e o dever de transformar o
mundo em que vive.
- Esta forma de teatro também denuncia um dos dramas da criação literária durante o Estado Novo: a censura.
- Ao mostrar a realidade, em vez de a representar, o drama épico leva o espectador a reagir criticamente e a
tomar posição. Este, enquanto elemento de uma sociedade, assume a sua posição testemunhal,
interpretando, reflectindo e julgando os acontecimentos apresentados.
- O espectador pode, assim, analisar e julgar o homem no seu devir histórico, na sua situação social, podendo
modificar-se e modificar o curso da história.
A técnica da distanciação
- À semelhança de Brecht, Sttau Monteiro propõe um afastamento do espectador perante a história narrada,
para que, de forma mais autêntica, possa emitir juízos críticos sobre a realidade apresentada em palco. Ao
contrário do teatro clássico, o drama épico não procura criar um efeito hipnótico sobre o espectador,
inspirando-lhe emoções e sentimentos, como o terror e a piedade (catarse), mas antes torná-lo uma voz activa
no julgamento da própria sociedade em que se insere.
- A identificação com o herói desperta emoções, transporta o espectador para o universo fictício do palco, mas
prejudica a visão crítica do público, tornando-o incapaz de uma análise objectiva da acção. A exposição em
palco de formas erradas ou alienadas de vida levarão o espectador a descobrir a sua situação no mundo e a
encontrar formas de combater as injustiças sociais.
Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca – Prof. Nuno Costa 3
A função pedagógica
- O teatro assume, assim, uma finalidade pedagógica, já que move o espectador a intervir lúcida e criticamente
sobre a realidade social em que vive, incita-o a actuar e alerta-o para a condição humana, de modo a que se
aperceba de todas as formas de injustiça e opressão.
A intemporalidade da obra
- Fazendo a ligação entre dois momentos históricos (séculos XIX e XX), a intemporalidade da obra remete para
a luta de sempre do ser humano contra a tirania, a opressão, a traição, a injustiça e todas as formas de
perseguição. Felizmente há luar! põe em destaque a preocupação do homem com o seu destino, em luta
contra a miséria e a alienação, denunciando a ausência de moral e de liberdade... O homem é, assim,
colocado perante o desafio de se conhecer e de conhecer o mundo em que se insere («Todos somos
chamados, pelo menos uma vez, a desempenhar um papel que nos supera. É nesse momento que
justificamos o resto da vida, perdida no desempenho de pequenos papéis indignos do que somos.» 89)
- O efeito de distanciação entre a realidade apresentada em palco e o espectador, para garantir a capacidade
de observação crítica deste, é conseguido através de vários recursos cénicos, como as didascálias, as
personagens e o cenário.
O público tem de entender, logo de entrada, que tudo o que se vai passar em palco tem um significado
preciso. Mais: que os gestos, as palavras e o cenário são apenas elementos duma linguagem a que
tem de adaptar-se. (15)
Pretende-se criar desde já, no público, a consciência de que ninguém, no decorrer da peça, vai
esboçar um gesto para o cativar ou para acamaradar com ele. (O réu não se senta ao lado dos juízes.)
(16)
- O próprio cenário, despojado e pobre em recursos cénicos, evita que o espectador se deixe envolver com os
dramas apresentados e interprete toda a organização cénica como simbólica: as cadeiras (opulência e
autoridade dos governantes) contrastam com as ruas (miséria e opressão do povo, sempre vigiado pela
polícia).
V. PERSONAGENS DRAMÁTICAS
1. Os Revolucionários
• É assumido como uma ameaça à autoridade dos Governadores, gerando ódios e desejos
mesquinhos de vingança (21-22, 71), seja pela sua lúcida integridade moral, seja pela sua argúcia
excepcional de militar, ou até mesmo pela admiração incontestável que lhe dedica o povo;
• Inteligente, lúcido, capaz de ver para além da hipocrisia dos poderosos (95), mas humilde e
discreto, já que nunca se serviu do seu estatuto para influenciar o povo (87);
• A prova da sua inocência está na imagem que dele dá Matilde: uma conduta moral irrepreensível
(83), uma coragem inabalável que o faz lutar até à morte (132), o seu sacrifício injusto, como o de
Cristo (122, 130).
MATILDE
• É o símbolo da sensibilidade feminina, que se revela no desespero da perda (97, 116, 130), no
sofrimento de quem ama e se vê despojado do ser que o completa (120). O seu grito alucinado de
desespero representa a necessidade de reaver o homem que o destino tornou seu (94);
• Corajosa, assume-se como a voz da consciência dos governantes (88), obrigando-os a enfrentar os
seus actos de cobardia (118, 128-129). O seu discurso final é uma resposta provocatória à
violência da sociedade e um anúncio de esperança numa nova era (136-137);
• Profundamente humana (101), luta sempre pelos ideais que aprendeu a defender junto do marido,
sejam eles o da sinceridade, o da caridade, ou o da revolta e da indignação perante a prepotência
dos poderosos (90-92), destacando-se pela sua excepcionalidade num mundo de ganância e
hipocrisia (85).
• A sua lealdade a Gomes Freire e Matilde é revelada na profunda admiração (89), no apoio
incondicional que lhes dedica (115), acompanhando a esposa do general na angustiosa tentativa
de o libertar (116-117), não poupando elogios à conduta do homem corajoso com quem partilhara
sonhos e ideais (110, 136-137);
• O seu sentido crítico fá-lo duvidar da justiça dos governantes e revoltar-se contra a indignidade do
tratamento dado ao general, durante a sua prisão (111-112);
• O destino do amigo fá-lo encontrar-se consigo próprio, a «rever-se por dentro», o que altera a sua
concepção do mundo e das coisas (89, 137).
D. MIGUEL FORJAZ
• De carácter megalómano e prepotente, revela o seu calculismo político, a sua ambição desmedida
e um egoísmo arrogante, no exercício do Poder (60-61, 65-66);
PRINCIPAL SOUSA
• Representa o poder eclesiástico dogmático, fanático, persecutório e repressivo (69), que se deixa
corromper, aliando-se perversamente aos interesses políticos (36-37, 64-65);
• De carácter mesquinho e vingativo, diz odiar os franceses, os principais responsáveis pelo clima de
revolta que agita o reino (39-40), e justifica a condenação de Gomes Freire por um desagravo
cometido sobre um familiar (68, 72), embora tente dissimulá-la sob a forma de um acto de defesa
do reino, apenas para manter a sua consciência tranquila (40, 67, 74);
• A sua cobardia impede-o de manter uma discussão séria com Beresford, embora não esconda a
sua animosidade pelo inglês (41, 59);
• Hipócrita, o seu discurso religioso é continuamente deturpado em função dos seus interesses (36),
e recorre a um tom falsamente paternalista e compreensivo (38,121), embora a sua falsidade e
infâmia sejam desmascaradas por Matilde (122-123).
BERESFORD
• Representa o poder calculista e o interesse material, que fazem dele um mercenário astuto e
arrogante (58, 59);
• De carácter trocista e mordaz, não esconde o seu desprezo pelo país onde é obrigado a viver, não
desperdiçando qualquer oportunidade para ridicularizar a sua pequenez e provincianismo (55-57) e
até para provocar Principal Sousa de forma irónica, porque representante de um catolicismo
caduco (41, 54);
• Reconhecendo ser alvo do desprezo do povo, procura a todo o custo salvaguardar o seu posto de
militar, participando activamente no processo de condenação do homem que poria em risco a sua
carreira, o seu prestígio e os seus privilégios (63-64). Embora sorria da corrupção generalizada que
domina o país, serve-se da denúncia para manter o seu estatuto (44, 68-69);
• O seu cinismo e a sua arrogante crueldade revelam-se na humilhação a que sujeita Matilde,
quando esta lhe pede a vida do marido (93-94, 99).
VICENTE
• Reveste-se de um falso humanismo e de uma solidariedade duvidosa para fomentar a ira popular
contra Gomes Freire (21-22).
• Tal como Vicente, representam o grupo dos delatores, que colaboram com o regime, visando o
lucro pessoal (44, 47). A falta de escrúpulos e de valores éticos (43), a ganância e a preguiça
justificam a denúncia do general e a traição aos valores que defendem, nomeadamente os ideais
maçónicos e o seu pretenso patriotismo (46, 48-50);
4. O Povo
MANUEL
• «O mais consciente dos populares» é também a voz da denúncia crítica continuamente silenciada
(16), da ironia abafada pela repressão contínua das forças policiais (77);
• O conformismo é a alternativa possível perante um governo decadente e fútil, que garante a sua
autoridade através do medo e da violência (105-109). O cansaço de sobreviver num mundo onde a
vida é um vazio é alternado com a profunda consciência das desigualdades sociais e um tocante
respeito pela dor alheia (108-109).
RITA
• A solidariedade para com Matilde é marcante (104), pois como mulher compreende a perda
irremediável do amor e da família (82-83). É com comoção que a beija, depois de lhe entregar a
moeda, símbolo da sua cumplicidade (110).
ANTIGO SOLDADO
Espaço cénico
- Manuel, situado num espaço cénico dominado pela escuridão, é subitamente exposto à luz,
ocupando um lugar à frente do palco. O carácter simbólico da sua presença é posto em
evidência através dos seguintes aspectos:
Espaço físico
- Lisboa surge como um macroespaço, onde se inscrevem espaços de dimensão mais reduzida:
Espaço social
- O povo é caracterizado pela sua pobreza, doença e miséria: o vestuário andrajoso, os sacos e
caixotes que servem de acomodações, o contínuo mendigar;
- No período posterior às Invasões Francesas e à partida da corte para o Brasil, o reino vive uma
conjuntura política e social marcada pela crise e pela luta entre um poder repressivo e a
aspiração da liberdade que conduzirá à revolução liberal:
Espaço psicológico
- As recordações de Matilde de uma felicidade passada ao lado de Gomes Freire remetem para o
carácter redentor e purificador do amor, em contraste com a violência e a hipocrisia da
sociedade (90-92).
VII. TEMPO
Tempo histórico
- Século XIX – período posterior às Invasões Francesas, que antecede as primeiras manifestações
de revolta popular, que conduzirá à Revolução Liberal;
Tempo dramático
- 0s acontecimentos dramáticos remetem para a referência a factos ocorridos alguns anos antes:
VIII. SÍMBOLOS
Luar
- Para D. Miguel, o luar permitirá que o clarão da fogueira atemorize todos os que querem lutar pela
liberdade, confirmando, assim, o efeito dissuasor e exemplar das execuções perante aqueles que
ousassem desafiar a autoridade dos Governadores (a noite é mais assustadora, as chamas
poderiam ser vistas em toda a cidade, o luar convidaria toda a gente a assistir ao castigo);
- Para Matilde, o luar sublinhará a intensidade do fogo, que simboliza a coragem e a força de um
homem que morreu pela liberdade e, por isso, se torna símbolo do esclarecimento e da revolta
contra a tirania (anúncio da revolução liberal / 25 de Abril?);
- A lua, porque privada de luz própria e sujeita a fases, representa a periodicidade e a renovação, a
transformação. Ela é também o símbolo da passagem da morte para a vida (durante três noites em
cada ciclo lunar desaparece, para voltar a surgir).
Fogo
- A fogueira acaba por ter um carácter redentor, simbolizando a purificação, a morte da «velha
ordem», a vida e o conhecimento. O fogo traduz a chama que se mantém viva e a fé na liberdade
que há-de chegar («Julguei que isto era o fim e afinal é o princípio. Aquela fogueira, António, há-de
incendiar esta terra!», 140);
Luz / noite
- A noite simboliza ainda o poder maldito e as injustiças dos Governadores («Como é que se pode
lutar contra a noite?» 116).
- Traduz o amor verdadeiro e redentor, capaz de conduzir a personagem a superar o seu estado de
revolta e a comunicar aos outros, apáticos e indiferentes, o futuro, a esperança;
- Sugere a tranquilidade e a felicidade do reencontro, embora numa outra dimensão, ou num futuro
diferente;
- Pela cor, simboliza ainda a fertilidade, a vida e a renovação da Natureza, que conduzem à noção
de imortalidade (a mensagem de liberdade do general poderá, afinal, tornar-se válida nos séculos
vindouros).
Moeda
- Simboliza a miséria, a pobreza de um povo que mendiga pela sobrevivência, pela dignidade, pelo
direito à vida e à liberdade;
Tambores
- Símbolos da repressão militar e policial que desagrega e aniquila, traduzem a morte, a violência e a
intimidante perseguição a que o povo era sujeito para não pôr em causa a autoridade tirânica dos
Governadores, «sempre presente e sempre pronta a intervir»;
- Traduzem também a hipocrisia e a corrupção de todos os que traem para obter favores do regime,
como Vicente, «um provocador em vias de promoção» (21).
Sinos
Cadeiras
- Descritas como «pesadas e ricas com aparência de tronos», simbolizam a opulência, o poder
tirânico e absolutista dos Governadores e a violência e caducidade do sistema monárquico.
Outros textos
- A referência feita pelo Principal Sousa ao Eclesiastes foi intencionalmente deturpada para justificar
a validade do poder real como resultado da vontade divina, anulando, assim, a vontade popular nas
decisões do Estado (36);
- A deturpação intencional do texto bíblico põe em destaque o poder manipulatório da Igreja, distante
da pureza original;
- Há referências à parábola dos trinta dinheiros, numa alusão à traição de Judas, equiparado a
Vicente e a todos os delatores, e ainda à que remete para o servo que tenciona servir a dois
senhores, numa clara denúncia da hipocrisia da Igreja e, por extensão, do Principal Sousa.
Nível lexical
- O léxico remetendo para o domínio político: reino, nobreza, povo, pátria, patriotas, política,
conspirações, revolta;
- O léxico de carácter religioso: rebanho, ovelhas, salvador, Senhor, Cristo, Deus, Dia do Juízo,
almas, condenação, divina.
X. ESTILO
• A retórica jesuítica usada pelo Principal Sousa deixa escapar o abuso da Igreja,
ao reivindicar como vontade divina aquilo que não passava de interesses de
ordem política (37, 40, 59);