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DIREITO CONSTITUCIONAL:
DIREITOS FUNDAMENTAIS
STF
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generalizada afronta aos direitos humanos, haja também a constatação de que a intervenção
da Corte é essencial para a solução do gravíssimo quadro enfrentado. São casos em que se
identifica um “bloqueio institucional” para a garantia dos direitos, o que leva a Corte a assumir
um papel atípico, sob a perspectiva do princípio da separação de poderes, que envolve uma
intervenção mais ampla sobre o campo das políticas públicas.
**O STF reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive um “Estado de Coisas
Inconstitucional”, com uma violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. As
penas privativas de liberdade aplicadas nos presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas.
Vale ressaltar que a responsabilidade por essa situação deve ser atribuída aos três Poderes
(Legislativo, Executivo e Judiciário), tanto da União como dos Estados-Membros e do Distrito
Federal.
A ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes representa uma
verdadeira “falha estrutural” que gera ofensa aos direitos dos presos, além da perpetuação e
do agravamento da situação.
Assim, cabe ao STF o papel de retirar os demais poderes da inércia, coordenar ações visando a
resolver o problema e monitorar os resultados alcançados.
Diante disso, o STF, em ADPF, concedeu parcialmente medida cautelar determinando que:
1) juízes e Tribunais de todo o país implementem, no prazo máximo de 90 dias, a audiência de
custódia;
2) a União libere, sem qualquer tipo de limitação, o saldo acumulado do Fundo Penitenciário
Nacional para utilização na finalidade para a qual foi criado, proibindo a realização de novos
contingenciamentos.
STF
- biografias não autorizadas não eram permitidas no Brasil, com fundamento nos artigos 20
(referência à imagem-atributo) e 21/CC
*STF: para que seja publicada uma biografia não é necessária a autorização prévia do indivíduo
biografado, das demais pessoas retratadas ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas
ou ausentes.
- a exigência de autorização seria uma forma de censura, incompatível com a liberdade de
expressão
- a CF assegura a liberdade de pensamento e de sua expressão como direito fundamental
- a CF veda qualquer forma de censura (inclusive subliminar pelo Estado ou por particular
sobre direito de outrem)
4
- a CF garante o direito de acesso à informação e de pesquisa acadêmica (para o que a biografia
seria fonte fecunda)
- a legislação infraconstitucional não poderia restringir direitos fundamentais constitucionais,
ainda que sob o pretexto de estabelecer formas de proteção, impondo condições ao exercício
de liberdades de forma diversa da constitucionalmente fixada
STF
*Direito de crítica:
*Sigilo da fonte
**o Poder Judiciário não pode, com fundamento no poder geral de cautela, praticar atos de
censura
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DIREITO DE RESPOSTA
STF
- o direito de resposta tem status constitucional e densidade normativa suficiente para ser
assegurado no caso concreto, independentemente de regulamentação legislativa
- aplicação subsidiária de outros diplomas normativos (Lei 9504/96, por exemplo)
- instrumento destinado a neutralizar os danos decorrentes do exercício abusivo da liberdade
de expressão
- dupla vocação: preservação dos direitos da personalidade e direito à informação exata e
precisa
- aplicação horizontal dos direitos fundamentais: qualquer pessoa que seja vítima de publicação
inverídica e ofensiva pode invocar o direito de resposta em seu favor
- conflito entre liberdades fundamentais: liberdade de expressão e informação X honra,
imagem e verdade: ponderação de interesses no caso concreto (artigo 5º, incisos V e X/CF)
- Vital Moreira – concepções do direito de resposta: mecanismo de defesa dos direitos
da personalidade; direito individual de expressão e opinião; instrumento de pluralismo
informativo; dever de verdade da imprensa e forma de sanção sui generis ou de indenização
em espécie
- caráter transindividual do direito de resposta: o direito de resposta propicia em favor de
um número indeterminado de pessoas (mesmo daquelas não atingidas diretamente pela
publicação inverídica ou incorreta) a concretização do direito à informação correta, precisa e
exata
- processo de democratização dos meios de comunicação em massa; superação do antigo
conceito liberal do “livre mercado de idéias” em decorrência das distorções provocadas pelo
fenômeno do oligopólio dos meios de comunicação
- previsão do direito de resposta no Pacto de São Jose da Costa Rica
- Opinião Consultiva nº 7/86 da Corte Interamericana de Direitos Humanos: desnecessidade
de regulamentação pelo ordenamento interno ou doméstico
STF
As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios podem requisitar diretamente das instituições financeiras informações sobre as
movimentações bancárias dos contribuintes (o artigo 6º da LC 105/2001 é constitucional)
- não há quebra de sigilo bancário (tramitação sigilosa entre as instituições financeiras e o
Fisco)
- o acesso às informações não é franqueado à pessoas estranhas ao órgão fazendário, portanto,
a intimidade do contribuinte não é exposta a terceiros
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- o sigilo bancário não é absoluto e deve ceder espaço ao princípio da moralidade nas hipóteses
em que transações bancárias indiquem a prática de ilicitudes.
- o dever fundamental de pagar tributos está alicerçado na ideia de solidariedade social
(contribuição de cada cidadão para a manutenção e o desenvolvimento de um Estado
que promove direitos fundamentais), é preciso adotar mecanismos efetivos de combate à
sonegação fiscal.
- retrocesso diante dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil para combater
ilícitos como lavagem de dinheiro e evasão de divisas, e para coibir práticas de organizações
criminosas.
- a identificação de patrimônio, rendimentos e atividades econômicas do contribuinte pela
administração tributária confere efetividade ao princípio da capacidade contributiva
** STJ: os dados obtidos pela Receita Federal com fundamento no art. 6º da LC 105/2001,
mediante requisição direta às instituições bancárias no âmbito de processo administrativo
fiscal, sem prévia autorização judicial, não podem ser utilizados no processo penal. Contudo,
esse entendimento tende a ser revisto diante da declaração de constitucionalidade do artigo
6º da LC 105/2001.
RACISMO
*Um dos aspectos da liberdade religiosa é o direito que o indivíduo possui de não apenas
escolher qual religião irá seguir, mas também o de fazer proselitismo religioso.
*Proselitismo religioso significa empreender esforços para convencer outras pessoas a também
se converterem à sua religião.
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*A prática do proselitismo, ainda que feita por meio de comparações entre as religiões (dizendo
que uma é melhor que a outra) não configura, por si só, crime de racismo. Só haverá racismo
se o discurso dessa religião supostamente superior for de dominação, opressão, restrição de
direitos ou violação da dignidade humana das pessoas integrantes dos demais grupos.
*Se essa religião supostamente superior pregar que tem o dever de ajudar os “inferiores” para
que estes alcancem um nível mais alto de bem-estar e de salvação espiritual e, neste caso não
haverá conduta criminosa.
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
STF
STF
*Competência privativa da União para legislar sobre direito penal e processual penal (artigos
22, I e 85/CF, súmula 722/STF)
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FARMÁCIAS PODEM VENDER PRODUTOS DE CONVENIÊNCIA
STF
PODER LEGISLATIVO
STF
STF
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PERDA DO MANDATO DE DEPUTADO E SENADOR EM CASO DE CONDENAÇÃO CRIMINAL
STF
Condenação criminal transitada em julgado - suspensão dos direitos políticos (artigo 15, III/
CF) – perda do mandato por falta de condição de elegibilidade (artigo 14, 3º, II/CF)
Se o STF condenar um parlamentar federal e decidir que ele deverá perder o cargo, isso
acontece imediatamente ou depende de uma deliberação da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal respectivamente?
*Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado: a perda do
cargo será uma consequência lógica da condenação. Neste caso, caberá à Mesa da Câmara ou
do Senado apenas declarar que houve a perda (sem poder discordar da decisão do STF), nos
termos do art. 55, III e § 3º da CF/88.
**Se o Deputado ou Senador for condenado a uma pena em regime aberto ou semiaberto:
a condenação criminal não gera a perda automática do cargo. O Plenário da Câmara ou do
Senado irá deliberar, nos termos do art. 55, § 2º, se o condenado deverá ou não perder o
mandato.
STF
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- dupla função da medida cautelar: 1) preservação da utilidade do processo, evitando que
o detentor da função pública dificulte ou impeça o trabalho de persecução penal; e 2)
preservação da finalidade pública do cargo, eliminando a possibilidade de que o titular da
função se utilize do cargo em favor de conveniências particulares.
- os §§ 2º e 3º do art. 55 da CF outorgam às Casas Legislativas do Congresso Nacional a
competência para decidir a respeito da perda do mandato político. Isso não significa, no
entanto, que o Poder Judiciário não possa suspender o exercício do mandato parlamentar
(princípio da inafastabilidade da jurisdição)
- as imunidades parlamentares não são absolutas, podendo ser relativizadas quando o cargo
não for exercido segundo os fins constitucionalmente previstos
- os membros do Poder Judiciário (artigo 29 da LOMAN) e até o chefe do Poder Executivo (art.
86, § 1º, I, da CF) podem ser afastados de suas atribuições quando do recebimento da denúncia
ou queixa; não há razão para conferir tratamento diferenciado apenas aos Parlamentares,
livrando-os de qualquer intervenção preventiva no exercício do mandato por ordem judicial
- dignidade da instituição ocupada pelo parlamentar
- probidade e moralidade na Administração
- a legitimidade do mandato pressupõe a observância de dois compromissos: com os
representados e com o projeto de país que se obrigou a cumprir
- não somente os atos legislativos, mas também o veículo da vontade popular – o mandato
– está sujeito a controle pelo Poder Judiciário, em situações excepcionais, diante de indícios
concretos que demonstrem risco de quebra da respeitabilidade das instituições.
STF
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INICIATIVA PRIVATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO
*Artigo 61/CF
- princípio da simetria
- processo legislativo: norma de reprodução obrigatória
TRIBUNAIS DE CONTAS
**A permissão para que as Câmaras Legislativas apreciem as contas anuais dos Prefeitos
mesmo sem parecer do TCE, caso este não o ofereça em 180 dias, viola o art. 31, § 2º, da CF/88.
Pela leitura desse dispositivo, a elaboração do parecer prévio é sempre necessária e a Câmara
Municipal somente poderá dele discordar se houver manifestação de, no mínimo, 2/3 dos
Vereadores.
MEDIDAS PROVISÓRIAS
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**Modulação dos efeitos da decisão de inconstitucionalidade: todas as leis que foram
aprovadas até 15/10/2015 serão mantidas como válidas (hígidas) mesmo que tenham sido
fruto de contrabando legislativo.
TRIBUNAL DE CONTAS
*O prazo prescricional para que o TCU aplique multas é de 5 anos, aplicando-se a previsão do
art. 1º da Lei nº 9.873/99. Caso esteja sendo imputada ao agente público a conduta omissiva de
ter deixado de tomar providências que eram de sua responsabilidade, tem-se que, enquanto
ele permaneceu no cargo, perdurou a omissão. No momento em que o agente deixou o cargo,
iniciou-se o fluxo do prazo prescricional.
PODER EXECUTIVO
STF
*O pedido de impeachment pode ser formulado por qualquer cidadão em pleno gozo de seus
direitos políticos, perante a Câmara dos Deputados.
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**Principais conclusões do STF acerca do rito aplicável ao processo de impeachment:
1) Não há direito à defesa prévia antes do recebimento da denúncia pelo Presidente da Câmara.
- a apresentação de defesa prévia não é uma exigência do princípio constitucional da ampla
defesa: ela é exceção, e não a regra no processo penal.
6) A decisão do Senado que delibera se instaura ou não o processo se dá pelo voto da maioria
simples, presente a maioria absoluta de seus membros.
7) É possível a aplicação analógica dos arts. 44, 45, 46, 47, 48 e 49 da Lei 1.079/1950 — os quais
determinam o rito do processo de “impeachment” contra Ministros do STF e o PGR —
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ao processamento no Senado Federal de crime de responsabilidade contra o Presidente da
República.
9) A eleição da comissão especial do impeachment deve ser feita por indicação dos líderes e
voto aberto do Plenário. Os representantes dos partidos políticos ou blocos parlamentares que
irão compor a chapa da comissão especial da Câmara dos Deputados deverão ser indicados
pelos líderes, na forma do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Assim, não é possível
a apresentação de candidaturas ou chapas avulsas para a formação da comissão especial.
10) Não é inconstitucional o dispositivo do Regimento Interno da Câmara dos Deputados que
prevê que, na votação da autorização do impeachment, a chamada dos Deputados Federais
para votar deverá ocorrer, “alternadamente, do norte para o sul e vice-versa”.
- não violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa, da impessoalidade, da
moralidade e da República;
- qualquer tipo de votação nominal, independentemente do critério adotado, jamais poderá
afastar a possibilidade de “efeito cascata”; não se pode exigir isenção e imparcialidade dos
membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Na realidade, o “impeachment” é uma
questão política que deve de ser resolvida com critérios políticos. A garantia da imparcialidade
está no alto quórum exigido para a votação.
SUBSTITUIÇÃO PRESIDENCIAL
*Os substitutos eventuais do Presidente da República a que se refere o art. 80 da CF/88, caso
ostentem a posição de réus criminais perante o STF, ficarão impossibilitados de exercer o ofício
de Presidente da República. No entanto, mesmo sendo réus, podem continuar na chefia do
Poder por eles titularizados.
*Art. 86, §1º, I, CF/88: esse dispositivo afirma que o Presidente da República é suspenso de suas
funções por 180 dias caso se torne réu em ação penal por crime comum. Ora, se o constituinte
previu esta regra para o Presidente da República, ela também deverá ser observada para seus
substitutos, como é o caso dos Presidentes da Câmara e do Senado, sob pena de violação aos
princípios da separação dos poderes (art. 2º) e republicano (art. 1º).
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PODER EXECUTIVO
*Não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba
denúncia ou queixa e instaure ação penal contra Governador de Estado, por crime comum.
Se a Constituição Estadual exigir autorização da ALE para que o Governador seja processado
criminalmente, essa previsão é considerada inconstitucional.
PODER JUDICIÁRIO
INCONSTITUCIONALIDADE DA EC 62/09
*Inconstitucionalidade material:
- artigo 100, 2º: princípio da igualdade
- artigo 100, 9º e 10º (também para RPV): princípios devido processo legal, contraditório, ampla
defesa, coisa julgada, isonomia, separação de poderes (superioridade processual da Fazenda
Pública)
- artigo 100, 12º (“índice...caderneta de poupança”) e artigo 1º-F da Lei 9494/97): índice ex ante,
critérios técnicos não relacionados com a inflação do período, não reflete a real flutuação de
preços, não evita a perda do poder aquisitivo da moeda; violação coisa julgada; Poder Público
– taxa Selic – princípio da isonomia
- artigo 100, 12º (independentemente de sua natureza): precatório tributário = juros de mora
crédito tributário
- artigo 100, 15º/CF e artigo 97/ADCT: princípios devido processo legal, inafastabilidade da
jurisdição, razoável duração do processo, moralidade, impessoalidade, igualdade, razoabilidade,
proporcionalidade; compromisso dos governantes com o cumprimento de decisões judiciais
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CE NÃO PODE VINCULAR RECEITAS PARA O PAGAMENTO DE UMA ESPÉCIE DE PRECATÓRIO
STF
STF
* Validade dos atos praticados por funcionário de fato: teoria da investidura aparente (princípios
da segurança jurídica, confiança e boa-fé).
STF
*Intervenção da União
- CNJ/CNMP: órgãos da União
- União: pessoa jurídica interessada (artigo 7º, II/Lei MS)
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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – CONTROVÉRSIA JUDICIAL RELEVANTE
STF
STF
- medida recomendável para a promoção dos fins do processo objetivo de controle abstrato:
defesa, em tese, da harmonia do sistema constitucional
- enfrentamento coerente, célere e eficiente de questões relacionadas entre si
- rejeitar a possibilidade de cumulação traria como conseqüência apenas o fato de que o autor
iria propor novamente a ação, com fundamentos e pedidos idênticos, que seria distribuída por
prevenção
* As ações diretas de inconstitucionalidade (ADI genérica, ADC, ADI por omissão, ADPF) são
fungíveis entre si. Em razão dessa fungibilidade, é possível propor uma única ação direta, no
caso, a ADPF, cumulando pedidos para: a) não recepção de norma anterior à Constituição b)
declaração da inconstitucionalidade de normas posteriores (regimentos internos); c) superação
da omissão parcial inconstitucional. Não seria razoável exigir que fossem propostas três ações
diferentes para atingir os três objetivos acima, sendo que todos eles estão interligados e
devem ser apreciados e decididos conjuntamente. Neste caso, diante da proibição de ADI
contra normas anteriores à CF/88, a ADPF é a ação que melhor engloba essas três pretensões.
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EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÃO RESCISÓRIA
STF
*Ministro Teori Zavascki: sentença proferida de acordo com a jurisprudência do STF à época
– não cabe ação rescisória mesmo que alterado o entendimento em momento posterior.
Portanto, só é cabível ação rescisória para rescindir a “coisa julgada inconstitucional” se a
matéria não foi apreciada pelo STF (súmula 343/STF)
STF
- REGRA: não cabe reclamação contra decisões proferidas pelo STF em sede de recurso
extraordinário (eficácia inter partes)
- EXCEÇÃO: quando a decisão proferida pelo STF, além de solucionar o conflito individual,
promove, expressamente, a reinterpretação de decisão proferida em sede de ADI, que reveste-
se de eficácia erga omnes e vinculante. Logo, por ter “substituído” um entendimento do STF
que tinha eficácia erga omnes e efeito vinculante, a nova decisão proferida em sede de controle
concreto ganha contornos de controle abstrato.
STF
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CONTROLE JUDICIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
STF
STF
*EXCEÇÃO 1: “fraude processual” (a norma foi revogada de forma proposital a fim de evitar que
o STF a declarasse inconstitucional e anulasse os efeitos por ela produzidos).
**EXCEÇÃO 2: o conteúdo do ato impugnado foi repetido, em sua essência, em outro diploma
normativo. Neste caso, como não houve desatualização significativa no conteúdo do instituto,
não há obstáculo para o conhecimento da ação.
* Não viola o art. 97 da CF/88 nem a SV 10 a decisão de órgão fracionário do Tribunal que
declara inconstitucional decreto legislativo que se refira a uma situação individual e concreta,
já que é um ato de efeitos concretos.
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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Revogação do ato normativo
*Regra: haverá perda superveniente do objeto e a ADI não deverá ser conhecida (STF ADI
1203).
**Exceção 1: não haverá perda do objeto e a ADI deverá ser conhecida e julgada caso fique
demonstrado que houve “fraude processual”, ou seja, que a norma foi revogada de forma
proposital a fim de evitar que o STF a declarasse inconstitucional e anulasse os efeitos por ela
produzidos (STF ADI 3306).
***Exceção 2: não haverá perda do objeto se ficar demonstrado que o conteúdo do ato
impugnado foi repetido, em sua essência, em outro diploma normativo. Neste caso, como
não houve desatualização significativa no conteúdo do instituto, não há obstáculo para o
conhecimento da ação (ADI 2418/DF).
****Exceção 3: caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem ter sido comunicado previamente
que houve a revogação da norma atacada. Nesta hipótese, não será possível reconhecer, após
o julgamento, a prejudicialidade da ADI já apreciada.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Conversão da MP em lei antes que a ADI proposta seja julgada
*Se é proposta ADI contra uma medida provisória e, antes de a ação ser julgada, a MP é
convertida em lei com o mesmo texto que foi atacado, esta ADI não perde o objeto e poderá
ser conhecida e julgada.
*O autor da ADI deverá peticionar informando esta situação ao STF e pedindo o aditamento
da ação.
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PODER JUDICIÁRIO
Eleição de Direção do TJ
*Violação ao artigo 93, caput, da CF/88 e ao artigo 102 da LOMAN (LC 35/79).
ATENÇÃO: No entanto, houve um caso concreto no qual o STF conheceu e julgou uma ação
ordinária proposta por sindicato de servidores públicos contra uma decisão do CNJ, sob dois
argumentos.
1) O caso concreto discutia os poderes do CNJ para afastar lei inconstitucional. Se o STF não
julgasse a causa, isso significaria conferir à Justiça Federal de 1ª instância a possibilidade de
definir os poderes atribuídos ao CNJ para o cumprimento de sua missão, subvertendo, assim,
a relação hierárquica constitucionalmente estabelecida.
2) Além da ação ordinária proposta pelo Sindicato, diversos servidores impetraram mandados
de segurança contra a decisão do CNJ. Assim, mesmo que a ação ordinária fosse remetida para
a Justiça Federal de 1ª instância, continuariam no STF os mandados de segurança individuais.
Desse modo, o mais recomendável seria a reunião dessas ações a fim de garantir, com a
tramitação e o julgamento conjuntos, a prolação de decisões harmônicas sobre a legitimidade
da situação jurídica afetada pelo CNJ.
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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Causa de pedir aberta
*O STF, ao julgar as ações de controle abstrato de constitucionalidade, não está vinculado aos
fundamentos jurídicos invocados pelo autor. Assim, pode-se dizer que na ADI, ADC e ADPF,
a causa de pedir (causa petendi) é aberta. Isso significa que todo e qualquer dispositivo da
Constituição Federal ou do restante do bloco de constitucionalidade poderá ser utilizado pelo
STF como fundamento jurídico para declarar uma lei ou ato normativo inconstitucional.
**Quando o MS é impetrado contra atos praticados pelo PGJ-DF sob jurisdição administrativa
local, a competência será do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
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DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
*O CNMP, de ofício, tem competência para reformar a decisão que aprovou o Promotor de
Justiça no estágio probatório, negar o vitaliciamento e determinar a sua exoneração.
*A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser afastada, desde que o
proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo.
*Para que haja a sanção do art. 243, não se exige a participação direta do proprietário no
cultivo ilícito. No entanto, apesar disso, trata-se de medida sancionatória, exigindo-se algum
grau de culpa para sua caracterização.
*O controle externo da atividade policial exercido pelo Ministério Público Federal não lhe
garante o acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria de
Inteligência do Departamento de Polícia Federal, mas somente aos de natureza persecutório-
penal (art. 9º da LC n. 75/93).
MINISTÉRIO PÚBLICO
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DA DEFENSORIA PÚBLICA
*A Defensoria Pública Estadual pode atuar no STJ, no entanto, para isso, é necessário que
possua escritório de representação em Brasília. Se a Defensoria Pública estadual não tiver
representação na capital federal, as intimações das decisões do STJ nos processos de interesse
da DPE serão feitas para a DPU..
TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO
STF
ORDEM SOCIAL
STF
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- risco de os serviços prestados pelo SUS piorarem como forma de forçar o pagamento extra
pelos pacientes
- possibilidade de ocorrer superdimensionamento dos preços das acomodações superiores,
de forma a que os usuários do SUS arquem integralmente com os custos do tratamento
STF
*Renitente esbulho (disputa da terra; expulsos há pouco tempo) não se confunde com
desocupação forçada no passado (saída voluntária; expulsos há muitos anos; desistiram de
lutar pela terra)
**É vedada a ampliação de terra indígena já demarcada, salvo em caso de vício de legalidade
do ato de demarcação e, ainda assim, desde que respeitado o prazo decadencial (precedente
– caso Raposa Serra do Sol)
VAQUEJADA
*Os animais envolvidos nesta prática sofrem tratamento cruel, razão pela qual esta atividade
contraria o art. 225, § 1º, VII, da CF/88.
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OBS: Foi publicada na data de 07/06/2017 mais uma emenda constitucional. Trata-se da EC
96/2017, que acrescenta o § 7º ao art. 225 da CF/88:
Não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que
sejam manifestações culturais, registradas como bem de natureza imaterial integrante
do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que
assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Os estrangeiros residentes no País são beneficiários da assistência social prevista no art. 203, V,
da Constituição Federal, uma vez atendidos os requisitos constitucionais e legais.
EDUCAÇÃO
**O conceito de “manutenção e desenvolvimento do ensino” (art. 212 da CF/88) não abrange
as atividades de pós-graduação. A pós-graduação está relacionada com a pesquisa e extensão.
ATENÇÃO: art. 242 da CF/88: “Art. 242. O princípio do art. 206, IV, não se aplica às instituições
educacionais oficiais criadas por lei estadual ou municipal e existentes na data da promulgação
desta Constituição, que não sejam total ou preponderantemente mantidas com recursos
públicos”.
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DIREITO ADMINISTRATIVO.
**Não se exige a edição de lei em sentido formal proibindo a prática de nepotismo, pois
decorre dos princípios constitucionais do artigo 37
***Não há nepotismo se a pessoa nomeada possui um parente no órgão, mas sem influência
hierárquica sobre a nomeação (princípio da impessoalidade)
STF
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PODERES DA ADMINISTRAÇÃO
STJ
*1ª corrente – NÃO, a revisão judicial restringe-se à regularidade fiscal do procedimento à luz
do contraditório e da ampla defesa
*2ª corrente – SIM, sem prejuízo da aplicação de sanção diversa (princípio da proporcionalidade)
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AGENTES PÚBLICOS
STF e STJ
*Candidato aprovado DENTRO do número de vagas: direito subjetivo à nomeação, salvo cláusula
do edital em sentido contrário (vinculação ao edital e discricionariedade da Administração)
ou situação com as seguintes características – superveniência (fato posterior à publicação do
edital), imprevisibilidade, gravidade e necessidade.
*Candidato aprovado FORA do número de vagas: expectativa de direito, mas adquire direito
subjetivo se surgirem novas vagas dentro de prazo de validade do concurso e houver interesse
da Administração em preencher as vagas (contratação precária; servidores requisitados;
abertura de novo concurso logo após o término da validade do concurso anterior). (STJ. 1ª
Turma. AgRg no ROMS 48.266-TO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 18/8/2015).
**Tese fixada pelo STF em sede de repercussão geral: o surgimento de novas vagas ou a abertura
de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior,
não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas
previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da
administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz
de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade
do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. (STF. Plenário. RE 837311/PI,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/12/2015).
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****Candidato empossado por força de decisão judicial não faz jus à indenização, mesmo
que tardia a nomeação (STF. Plenário. RE 724347/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso,
julgado em 26/02/2015 - Inf. 775)
- a remuneração é consequência do exercício efetivo do cargo; se não houve prestação de
serviços, o servidor não faz jus à percepção de qualquer importância a título de ressarcimento
material, sob pena de enriquecimento sem causa
- EXCEÇÃO: arbitrariedade flagrante
*****Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem,
salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais
(tatuagens que contenham obscenidades, ideologias terroristas, que sejam discriminatórias,
que preguem a violência e a criminalidade, a discriminação de raça, credo, sexo ou origem).
(STF. Plenário. RE 898450/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/8/2016 - Info 835).
- qualquer obstáculo a acesso a cargo público deve estar relacionado unicamente ao exercício
das funções, sob pena de ofensa aos princípios da isonomia e da razoabilidade
- não há qualquer ligação objetiva e direta entre o fato de um cidadão possuir tatuagens em
seu corpo e uma suposta conduta atentatória à moral, aos bons costumes ou ao ordenamento
jurídico (liberdade de pensamento e de expressão)
- o respeito à democracia não se dá apenas na realização de eleições livres, mas também
quando se permite aos cidadãos se manifestarem da forma que quiserem, desde que isso não
represente ofensa direta a grupos ou princípios e valores éticos.
STF
- artigo 37, VIII/CF: compensar, mediante ações de conteúdo afirmativo as desigualdades que
afetam os indivíduos que compõem esse grupo vulnerável; ampla acessibilidade aos cargos
públicos
- recompor o próprio sentido de igualdade
- legislação infraconstitucional: Lei 7853/89 e 8112/90
- Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: status de norma
constitucional
- compatibilidade entre o estado de deficiência e o exercício funcional
- interpretação mais favorável ao deficiente
31
DESPEDIDA DE EMPREGADO PÚBLICO PRECISA SER MOTIVADA
STF
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA
STF
*Empregado público aposentado pelo Regime Geral pode ser contratado como servidor
temporário (os artigos 6º da Lei 8745/93 e 118, 3º da Lei 8112/90 impedem apenas a cumulação
de proventos de aposentadoria com remuneração decorrente do exercício efetivo de cargo ou
emprego público). (REsp. 1.298.503/ - Inf. 559)
STF E STJ
32
* Computam-se para efeito de observância do teto remuneratório também os valores
percebidos anteriormente à vigência da EC 41/2003 a título de vantagens pessoais pelo
servidor público, dispensada a restituição de valores eventualmente recebidos em excesso e
de boa-fé até o dia 18/11/2015 (data da decisão do STF).
(RE 606358, Rel. Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 18/11/2015, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-063 DIVULG 06-04-2016 PUBLIC 07-04-2016
– Inf. 808).
STJ e STF
A remuneração de cada cargo não pode ultrapassar o teto, mas a soma das remunerações
pode exceder esse limite
- direito despido de eficácia
- vedada prestação gratuita de serviços públicos (artigo 4º da Lei 8112/90)
- enriquecimento ilícito da Administração
- Resolução 13/06 do CNJ: juiz e magistério
*A carga horária semanal não pode ultrapassar 60 horas (princípio da eficiência). (REsp
1.565.429-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/11/2015, DJe 4/2/2016 – Inf. 576).
**É possível a acumulação de um cargo público de professor com outro de intérprete e tradutor
de LIBRAS (artigo 37, XVI, “b” da CF). (STJ. 2ª Turma. REsp 1.569.547-RN, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 15/12/2015 - Info 575).
33
- tradutor e intérprete de LIBRAS é um cargo “técnico” para fins de enquadramento na exceção
constitucional (arts. 6º e 7º da Lei nº 12.319/2010)
- o exercício da profissão de tradutor e intérprete de Libras exige conhecimentos técnicos
e específicos relativos a um sistema linguístico próprio, totalmente diferente da Língua
Portuguesa, mas a esta associada para fins de viabilizar a comunicação com pessoas portadoras
de deficiência
- cargo técnico é aquele para cujo exercício sejam exigidos conhecimentos técnicos específicos
de determinada área do saber e habilitação legal, não necessariamente de nível superior;
não podem ser considerados cargos técnicos aqueles que impliquem a prática de atividades
meramente burocráticas, de caráter repetitivo e que não exijam formação específica.
STJ
34
ANULAÇÃO DE INVESTIDURA DE NOTÁRIO E IMPOSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO DOS
EMOLUMENTOS RECEBIDOS
STJ
STF
- o prazo decadencial do artigo 54 da Lei 8935/99 não se aplica quando o ato a ser anulado
afronta diretamente a CF (inconstitucionalidade flagrante, não há boa-fé)
- artigo 236, 3º/CF: norma autoaplicável
- inexiste direito adquirido: princípios da igualdade, impessoalidade e moralidade
- princípio da confiança pressupõe boa-fé
(STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 – Inf. 741).
STJ
- 5 anos (dec 20910): norma específica em relação ao artigo 103 da Lei 8213/91 (Regime Geral
– aplicação subsidiária)
- prazo prescricional: direito subjetivo do aposentado/concessão
- prescrição do fundo de direito: a aposentadoria é concedida por ato único; não é prestação
de trato sucessivo (prescrição progressiva)
(STJ. 1ª Seção. Pet 9.156-RJ, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 28/5/2014 - Info 542).
35
GRATIFICAÇÕES GENÉRICAS DEVEM SER ESTENDIDAS AOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS
STF e STJ
STF
E-MAIL CORPORATIVO
STJ
36
matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo
das comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou instruir procedimento
administrativo.
- sigilo das comunicações telemáticas (artigo 5º, incisos X e XII da CF): não é um direito absoluto,
apesar de formalmente ilimitado (sem reserva)
- a proteção da intimidade no ambiente de trabalho (seja no setor público ou privado) limita-
se às informações familiares, da vida privada, política, religiosa e sindical
- o e-mail corporativo é um instrumento de trabalho, utilizado para assuntos relacionados com
a empresa, portanto, a imagem e a honra a serem respeitadas são as do empregador, haja vista
que tanto o computador quanto o e-mail corporativo não são de propriedade do servidor,
mas para o uso exclusivo do serviço e em benefício do trabalho, nunca para fins pessoais.
(STJ. 2ª Turma. RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015 - Info 576).
ATENÇÃO: o servidor que teve a sua posse tornada sem efeito em virtude da revogação da
decisão anterior não terá que devolver a remuneração recebida (verba alimentar, irrepetível;
enriquecimento ilícito do Estado).
37
GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO
Desconto na Remuneração
*Regra: A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes
do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo
funcional que dela decorre. É permitida a compensação em caso de acordo.
**Exceção: O desconto será incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por
conduta ilícita do Poder Público.
APOSENTADORIA COMPULSÓRIA
38
APOSENTADORIA
*O servidor que trabalhou como “aluno-aprendiz” pode utilizar este período como tempo
de serviço para fins de aposentadoria, no entanto, para isso é necessário que ele apresente
certidão do estabelecimento de ensino frequentado.
APOSENTADORIA COMPULSÓRIA
*Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF aos titulares de
serventias judiciais não estatizadas, desde que não sejam ocupantes de cargo público efetivo
e não recebam remuneração proveniente dos cofres públicos.
GREVE DE POLICIAIS
*O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais
civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública.
***A CF/88 proíbe expressamente que os Policiais Militares, Bombeiros Militares e militares das
Forças Armadas façam greve (art. 142, 3º, IV c/c art. 42, § 1º).
39
PAD E SERVIDOR CEDIDO
STJ – Inf.598
CONTRATOS ADMINISTRATIVO
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
SERVIÇOS PÚBLICOS
STJ
EXCEÇÕES:
-débitos de morador antigo (obrigação pessoal). (STJ AgRg no AG 1399175/RJ);
- débitos antigos (não relativos ao mês de consumo). (AgRg no AREsp 484166/RS, DJE
08/05/2014
- fraude no medidor apurada unilateralmente pela concessionária. (STJ AgRg no AREsp
101.624/RS).
40
INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO
É possível a interrupção do serviço público nas seguintes hipóteses previstas no art. 6º, § 3º da
Lei n.º 8.987/95:
b) Por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que o usuário seja
previamente avisado;
c) Por causa de inadimplemento do usuário, desde que ele seja previamente avisado.
BENS PÚBLICOS
STJ
STJ
41
- não há enriquecimento ilícito da Administração (construções sem utilidade, despesas com
demolição)
(STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.470.182-RN, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
4/11/2014 - Info 551).
BENS PÚBLICOS
* A EC 46/2005 não interferiu na propriedade da União, nos moldes do art. 20, VII, da Constituição
Federal, sobre os terrenos de marinha e seus acrescidos situados em ilhas costeiras sede de
Municípios.
**Art. 20. São bens da União: (...) IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros
países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham
a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental
federal, e as referidas no art. 26, II;
STJ – SIM
- opção da vítima
- contra o Estado: responsabilidade objetiva; pagamento por precatório
- contra o agente público: responsabilidade subjetiva; execução mais célere
42
(REsp 1.325.862-PR, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/9/2013 (Info 532).
*Prazo prescricional: 5 anos contados do conhecimento do fato e sua autoria (Dec 20910)
**Ação de indenização em face de pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço
público: 5 anos (artigo 1º C da Lei 9494/97 e 14 c/c 27 do CDC) (Inf. 563/STJ)
STF
Responsabilidade objetiva:
- omissão específica (inobservância de dever legal específico de agir para impedir a ocorrência
do resultado danoso)
- dano
- nexo de causalidade
*Teoria do risco administrativo: a responsabilidade pode ser afastada caso comprovado que o
Estado não poderia evitar o dano (ônus da prova do Estado).
RESPONSABILIDADE DO ESTADO
Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus
presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua
responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os
danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou
insuficiência das condições legais de encarceramento.
PROCESSO ADMINISTRATIVO
STF
1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,
julgado em 9/8/2016 (Info 834).
43
* Respeitados todos os aspectos processuais relativos previstos pelas Leis 8.112/90 e 9.784/99,
não há qualquer impedimento ou prejuízo material na convocação dos mesmos servidores
que anteriormente tenham integrado Comissão Processante, cujo relatório conclusivo foi
posteriormente anulado (por cerceamento de defesa), para comporem a segunda Comissão de
Inquérito, desde que o motivo da anulação não esteja relacionado à suspeição ou impedimento
dos membros da comissão.
STJ. 1ª Seção. MS 16.192/DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/04/2013.
* Não é obrigatória a intimação do interessado para apresentar alegações finais após o relatório
final da comissão processante de processo administrativo disciplinar (inexiste previsão na Lei
nº 8.112/1990).
STJ. 1ª Seção. MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 8/5/2013. Info 523.
* Ausência de transcrição integral de dados obtidos por meio de interceptação telefônica não
gera nulidade, até mesmo no processo penal, sendo bastante que dos autos constem excertos
suficientes a embasar o oferecimento da denúncia.
- o servidor processado, que também é réu no processo criminal, tem acesso à integralidade
das interceptações e, se entender necessário, pode juntar no processo administrativo os
eventuais trechos que considera pertinentes ao deslinde da controvérsia.
- o acusado em processo administrativo disciplinar não possui direito subjetivo ao deferimento
de todas as provas requeridas nos autos, ainda mais quando consideradas impertinentes ou
meramente protelatórias pela comissão processante (art. 156, §1º, Lei nº 8.112/90).
CONSELHOS PROFISSIONAIS
CONSELHOS PROFISSIONAIS
Constitucionalidade da Lei 12.514/2011
STF – Inf. 842
* A Lei nº 12.514/2011, que trata sobre as contribuições (anuidades) devidas aos Conselhos
Profissionais, é constitucional.
*Sob o ponto de vista formal, esta Lei, apesar de ser fruto de uma MP que originalmente
dispunha sobre outro assunto, não pode ser declarada inconstitucional porque foi editada
antes de o STF declarar ilegítima a prática do “contrabando legislativo” (ADI 5127/DF).
44
*Ainda quanto ao aspecto formal, esta Lei não trata sobre normas gerais de Direito Tributário,
motivo pelo qual não precisava ser veiculada por lei complementar.
*Sob o ponto de vista material, a Lei respeitou os princípios da capacidade contributiva, da
vedação ao confisco e da legalidade.
CONSELHOS PROFISSIONAIS
DESAPROPRIAÇÃO
a) ainda não tenha havido o pagamento integral do preço (pois nessa hipótese já terá se
consolidado a transferência da propriedade do expropriado para o expropriante); e
b) o imóvel possa ser devolvido sem que ele tenha sido alterado de forma substancial (que
impeça sua utilização como antes era possível).
DIREITO PENAL
PARTE GERAL
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
45
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
*Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do CP é
indispensável que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais.
STJ
STF
STF
Prevalece a reincidência por ser preponderante (a confissão á ato posterior ao crime, não tem
relação com os motivos do crime ou com a personalidade do agente, mas tão somente com o
seu interesse pessoal).
46
STJ
STF
- não há bis in idem (não se pune o infrator pelo mesmo fato, mas por um novo fato além do
anterior)
- não há violação ao princípio da individualização da pena (leva-se em consideração o perfil
do réu; a primeira condenação deveria ter sido tomada como uma advertência; forma de fazer
com que pessoas desiguais não sejam tratadas de forma igual)
- não se pode afirmar que o réu voltou a delinquir por falibilidade do sistema carcerário
- a declaração de inconstitucionalidade iria valer também para todos os outros efeitos da
reincidência, prejudicando todo um sistema de política criminal de combate à delinquência.
STF e STJ
47
**recentemente, o STF aplicou o princípio da insignificância ao delito previsto no art. 28 da Lei
de Drogas (princípio da ofensividade).
***também não se aplica crime continuado ao criminoso habitual (ausência de unidade de
desígnios – elemento subjetivo).
DOSIMETRIA DA PENA
*Os elevados custos da atuação estatal para apuração da conduta criminosa e o enriquecimento
ilícito obtido pelo agente não constituem motivação idônea para a valoração negativa do
vetor “consequências do crime” na 1ª fase da dosimetria da pena.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Rádio Comunitária Clandestina
STF E STJ
*STJ: É inaplicável o princípio da insignificância ao delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97,
nas hipóteses de exploração irregular ou clandestina de rádio comunitária, mesmo que ela seja
de baixa potência, uma vez que se trata de delito formal de perigo abstrato, que dispensa a
comprovação de qualquer dano (resultado) ou do perigo, presumindo-se este absolutamente
pela lei. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 740.434/BA, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, julgado em 14/02/2017.
MEDIDAS DE SEGURANÇA
STJ
48
2ª SITUAÇÃO: aplicação de pena e medida de segurança pela prática de crimes distintos,
quando verificada a inimputabilidade do réu no momento da prática do segundo crime –
após o cumprimento da medida de segurança, pode ser determinado o cumprimento da pena
privativa de liberdade remanescente.
PRESCRIÇÃO
STF
STF e STJ
49
**tese do MP: por força do princípio da não culpabilidade (art. 5º, LVII/CF) não se admite
execução provisória da pena. Não se pode dizer que o prazo prescricional começa com o
trânsito em julgado apenas para a acusação, uma vez que, se a defesa recorreu, o Estado não
pode dar início à execução da pena, já que ainda não haveria uma condenação definitiva. Se há
recurso da defesa, o Estado não inicia o cumprimento da pena não por desinteresse dele, mas
sim porque há uma vedação de ordem constitucional decorrente do princípio da presunção
de inocência. Ora, se não há desídia do Estado, não se pode falar em prescrição, sendo forçosa
a adequação hermenêutica do disposto no artigo 112, inciso I, do Código Penal, cuja redação
foi dada pela Lei n. 7.209/84, ou seja, é anterior ao atual ordenamento constitucional.
STJ
- juiz ABSOLUTAMENTE incompetente: NÃO
- juiz RELATIVAMENTE incompetente: SIM (a ratificação retroage à data do primeiro recebimento
– natureza declaratória).
STF
*REGRA: Para que incida a redução do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP, é necessário
que, no momento da sentença, o condenado possua mais de 70 anos. Se ele só completou a
idade após a sentença, não terá direito ao benefício, mesmo que isso tenha ocorrido antes do
julgamento de apelação interposta contra a sentença.
PERDA DO CARGO
*REGRA: a pena de perdimento deve ser restrita ao cargo público ocupado ou função pública
exercida no momento da prática do delito.
50
*EXCEÇÃO: se o juiz, motivadamente, considerar que o novo cargo guarda correlação com as
atribuições do anterior, ou seja, daquele que o réu ocupava no momento do crime, neste caso
mostra-se devida a perda da nova função como uma forma de anular (evitar) a possibilidade
de que o agente pratique novamente delitos da mesma natureza.
PARTE ESPECIAL
STF
- NÃO: se o agente portava a arma em outras oportunidades e não a utilizou tão somente para
cometer o crime
- SIM: não há provas de que o agente já portava a arma, há prova de que o agente a utilizou
apenas para matar a vítima.
STF
- motivo fútil/torpe: SIM (existe decisão recente da 6ª Turma do STJ em sentido contrário)
* Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP), na hipótese de homicídio
supostamente praticado por agente que disputava “racha”, quando o veículo por ele conduzido
- em razão de choque com outro automóvel também participante do “racha” - tenha atingido
o veículo da vítima, terceiro estranho à disputa automobilística.
- motivo fútil corresponde a uma reação desproporcional do agente a uma ação ou omissão
da vítima.
STJ
51
ABORTO DE FETO ANENCÉFALO
STF
FATO ATÍPICO:
- vida extrauterina inviável
-dignidade da pessoa humana, liberdade, autonomia, privacidade, saúde, integridade física e
psicológica da mãe
*retroatividade da jurisprudência mais benéfica ao réu: interpretação criativa, mudança
massificada de entendimento.
ABORTO
*A criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem como
o princípio da proporcionalidade.
LESÃO CORPORAL
*A lesão corporal que provoca na vítima a perda de dois dentes tem natureza grave (art. 129,
§ 1º, III, do CP), e não gravíssima (art. 129, § 2º, IV, do CP).
*Perda de dois dentes pode até gerar uma debilidade permanente (§ 1º, III), ou seja, uma
dificuldade maior da mastigação, mas não configura deformidade permanente (§ 2º, IV).
52
- em regra, o delito de porte de arma de fogo fica absorvido pelo crime de roubo majorado
(princípio da consunção), salvo se provado que o agente possuía a arma em outras
oportunidades e não a utilizou somente para a prática do crime.
*não se aplica o princípio da consunção entre furto/roubo e estelionato: diversidade de
desígnios e de bens jurídicos lesados.
ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO
STF e STJ
ESTELIONATO JUDICIAL
STJ
53
APROPRIAÇÃO INDÉBITA E RESSARCIMENTO DO PREJUÍZO NO JUÍZO CÍVEL
STF
*STJ (com base nas peculiaridades do caso concreto): acordo homologado no juízo cível em
momento anterior ao recebimento da denúncia enseja o trancamento da ação penal por falta
de justa causa.
**O “síndico” mencionado no inciso II do § 1º, do art. 168, do Código Penal é o síndico da massa
falida (atualmente denominado “administrador judicial” da falência ou recuperação judicial -
Lei nº 11.101/2005), e não o síndico de condomínio edilício.
FURTO
*É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repouso
noturno (art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, § 4º).
LATROCÍNIO
*Aquele que se associa a comparsa para a prática de roubo, sobrevindo a morte da vítima,
responde pelo crime de latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do disparo fatal ou que
sua participação se revele de menor importância.
*O agente assumiu o risco de produzir resultado mais grave, ciente de que atuava em crime de
roubo, no qual as vítimas foram mantidas em cárcere sob a mira de arma de fogo.
54
Única Subtração E Pluralidades De Mortes
STJ: ocorrendo uma única subtração, porém com duas ou mais mortes, haverá concurso
formal impróprio de latrocínios. STJ. 6ª Turma. HC 185.101/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 07/04/2015.
ROUBO
Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição
imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e
pacífica ou desvigiada.
EXTORSÃO
A causa de aumento do § 1º do art. 158 do CP pode ser aplicada tanto para a extorsão simples
(caput do art. 158) como também para o caso de extorsão qualificada pela restrição da
liberdade da vítima (§ 3º).
STJ - INF 598
Configura o delito de extorsão (art. 158 do CP) a conduta do agente que submete vítima à grave
ameaça espiritual que se revelou idônea a atemorizá-la e compeli-la a realizar o pagamento de
vantagem econômica indevida.
55
CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL
STJ
*A perícia pode ser realizada por amostragem, sobre os aspectos externos do material
apreendido
**É dispensável a identificação individualizada dos titulares dos direitos autorais violados
- a violação de direito autoral extrapola a individualidade do titular do direito, devendo ser
tratada como ofensa ao Estado e a toda a coletividade, visto que acarreta a diminuição na
arrecadação de impostos, reduz a oferta de empregos formais, causa prejuízo aos consumidores
e aos proprietários legítimos e fortalece o poder paralelo e a prática de atividades criminosas
conexas à venda desses bens, aparentemente inofensiva.
- crime de ação penal pública incondicionada
- crime formal
ESTUPRO DE VULNERÁVEL
56
CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
STJ
STF
Existem precedentes no sentido da constitucionalidade (princípio da separação de poderes).
ART. 273, DO CP
*Se o agente criou farmácia de fachada para vender produtos falsificados destinados a
fins terapêuticos ou medicinais, ele deverá responder pelo delito do art. 273 do CP (e não
por este crime em concurso com tráfico de drogas), ainda que fique demonstrado que ele
também mantinha em depósito e vendia alguns medicamentos e substâncias consideradas
psicotrópicas no Brasil por estarem na Portaria SVS/MS nº 344/1998.
*Ainda que tenham sido encontradas algumas substâncias que podem ser classificadas como
droga, o crime do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 ficará absorvido pelo delito do art. 273 do CP,
que possui maior abrangência. Aplica-se aqui o princípio da consunção.
STF e STJ
- não é documento para fins penais (pode ser impugnada pela outra parte ou pode ser
analisada de ofício pelo juiz)
57
CLONAGEM DE CARTÃO DE CRÉDITO
*Antes da edição da Lei nº 12.737/2012, que acrescentou o parágrafo único ao art. 298 do CP,
a jurisprudência do STJ já considerava que cartão bancário poderia se amoldar ao conceito
de “documento”. Assim, a inserção do parágrafo único no art. 298 do Código Penal apenas
confirmou que cartão de crédito/débito é considerado documento, sendo a Lei nº 12.737/2012
considerada como lei interpretativa exemplificativa.
*Ainda que praticada antes da Lei nº 12.737/2012, a conduta de falsificar, no todo ou em parte,
cartão de crédito ou débito é considerada como crime de falsificação de documento particular
(art. 298 do CP).
PECULATO DE USO
STJ e STF
STF
Situação 1: servidor público que se utiliza da mão-de-obra de outro servidor público
(normalmente seu subordinado) para, em determinados momentos, fazer com que este preste
serviços particulares a ele. Esta conduta não configura peculato nem qualquer outro crime
(princípio da taxatividade) Atenção: Prefeito - delito do art. 1º, II, do DL 201/67.
Situação 2: servidor público que utiliza a Administração Pública para pagar o salário de
empregado particular. Aqui o chefe contrata um indivíduo supostamente para ser servidor
público (cargo comissionado), mas, na verdade, ele manda que a pessoa contratada preste
exclusivamente serviços particulares ao seu superior. Esta conduta, em tese, configura peculato.
Isso porque o dinheiro público está sendo desviado para o pagamento de um “servidor” que,
formalmente está vinculado à Administração Pública, mas que, na prática, apenas executa
serviços para outro servidor público no interesse particular deste último.
58
CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 33, PARÁGRAFO ÚNICO DO CÓDIGO PENAL – REPARAÇÃO
DO DANO E CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
STF
- somente sanções de natureza pecuniária tem efetivo caráter preventivo nessa espécie de
crime
- não é sanção adicional
- não é prisão por dívida
- razões de política criminal
STF
- aplica-se a detentores de mandato eletivo (somente para aqueles que ocupem uma posição
de superior hierárquico – “imposição hierárquica”)
*O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma
remunerada em defesa dos hipossuficientes agraciados com o benefício da assistência
judiciária gratuita (advogado dativo), enquadra-se no conceito de funcionário público para
fins penais.
**É legítima a utilização da condição pessoal de policial civil como circunstância judicial
desfavorável para fins de exasperação da pena-base aplicada a acusado pela prática do crime
de concussão.
- o fato de uma autoridade pública obter vantagem indevida de alguém que esteja praticando
um delito compromete de maneira grave o fundamento de legitimidade da autoridade, que
é o de atuar pelo bem comum e pelo bem público. Portanto, aquele que está investido de
parcela de autoridade pública — como é o caso de um juiz, um membro do Ministério Público
ou uma autoridade policial — deve ser avaliado, no desempenho da sua função, com maior
rigor do que as demais pessoas.
DESCAMINHO
Quando o falso se exaure no descaminho, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido,
como crime-fim, condição que não se altera por ser menor a pena a este cominada.
59
DESACATO
O art. 331 do CP, que prevê a figura típica do desacato, é incompatível com o art. 13 do Pacto
de São José da Costa Rica, do qual a República Federativa do Brasil é signatária. Dessa forma,
esse crime não mais subsiste em nosso ordenamento jurídico.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
DROGAS
LEI DE DROGAS
STJ
60
- a causa de aumento de pena do art. 40, VI, pode ser aplicada tanto para agravar o crime de
tráfico de drogas (art. 33) quanto para agravar o de associação para o tráfico (art. 35) praticados
no mesmo contexto. Não há bis in idem porque são delitos diversos e totalmente autônomos,
com motivação e finalidades distintas.
- o fato de o agente ter envolvido um menor na prática do tráfico e, ainda, tê-lo retribuído com
drogas, para incentivá-lo à traficância ou ao consumo e dependência, justifica a aplicação,
em patamar superior ao mínimo, da causa de aumento de pena do art. 40, VI, ainda que haja
fixação de pena-base no mínimo legal, desde que fundamentada na gravidade concreta do
delito.
- ainda que o réu comprove o exercício de atividade profissional lícita, se, de forma concomitante,
ele se dedicava a atividades criminosas, não terá direito à causa especial de diminuição de
pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006.
- o tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006) não
é crime equiparado a hediondo e, por conseguinte, deve ser cancelado o Enunciado 512 da
Súmula do Superior Tribunal de Justiça. (INF 595/STJ)
61
*A consumação do delito de tráfico na modalidade “adquirir” independe da tradição do
entorpecente e do pagamento, bastando que tenha havido a combinação da venda, que se
realiza pelo consenso sobre a coisa e o preço. Dessa forma, o simples fato de a droga ter sido
negociada já constitui a conduta “adquirir”, havendo, portanto, tráfico de drogas na forma
consumada.
STF
O chamado “tráfico privilegiado”, previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, não deve ser
considerado crime equiparado a hediondo.
- para que um crime seja considerado hediondo ou equiparado, é indispensável que a lei assim
o preveja. Apenas as modalidades de tráfico de entorpecentes definidas no art. 33, caput e § 1º
são equiparadas a crimes hediondos.
- o legislador entendeu que deveria conferir ao tráfico privilegiado um tratamento distinto das
demais modalidades de tráfico previstas no art. 33, caput e § 1º (menor juízo de reprovação
nesta conduta)
- o crime de associação para o tráfico, que exige liame subjetivo estável e habitual direcionado
à consecução da traficância, não é equiparado a hediondo. Dessa forma, afirmar que o tráfico
minorado é crime equiparado a hediondo significaria concluir que a lei conferiu ao traficante
ocasional tratamento penal mais severo que o dispensado ao agente que se associa de forma
estável para exercer a traficância de modo habitual.
LEI DE DROGAS
*Se o réu, não reincidente, for condenado, por tráfico de drogas, a pena de até 4 anos, e se
as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP forem positivas (favoráveis), o juiz deverá fixar o
regime aberto e deverá conceder a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos, preenchidos os requisitos do art. 44 do CP.
62
“MULAS”
STF e STJ
(...) A atuação da agente no transporte de droga, em atividade denominada “mula”, por si só,
não constitui pressuposto de sua dedicação à prática delitiva ou de seu envolvimento com
organização criminosa. Impõe-se, para assim concluir, o exame das circunstâncias da conduta,
em observância ao princípio constitucional da individualização da pena (art. 5º, XLVI, da CF).
(...) STF. 2ª Turma. HC 131795, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 03/05/2016.
*ATENÇÃO: A 1ª Turma do STF decidiu que: Não é crível que o réu, surpreendido com mais
de 500 kg de maconha, não esteja integrado, de alguma forma, a organização criminosa,
circunstância que justifica o afastamento da causa de diminuição prevista no art. 33, §4º, da
Lei de Drogas. STF. 1ª Turma. HC 130981/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016
(Info 844).
STJ: NÃO
O STJ possui vários precedentes afirmando que, em regra, a “mula” integra a organização
criminosa e, portanto, não faz jus ao benefício: (...) O atual entendimento jurisprudencial
do Pretório Excelso e desta Corte Superior é no sentido de que, regra geral, o agente que
transporta drogas, na qualidade de ‘mula’ do tráfico, integra organização criminosa. Na
hipótese, a concessão da minorante em sua fração mínima configura ato benéfico, já que,
considerando o entendimento ora firmado, o recorrente sequer faria jus à tal redução. (...) STJ.
5ª Turma. AgRg no REsp 1407115/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 18/08/2016.
STF
*1ª Turma do STF: encontramos precedentes afirmando que a grande quantidade de droga
pode ser utilizada como circunstância para afastar o benefício. Nesse sentido: não é crível que
o réu, surpreendido com mais de 500 kg de maconha, não esteja integrado, de alguma forma,
a organização criminosa, circunstância que justifica o afastamento da causa de diminuição
prevista no art. 33, §4º, da Lei de Drogas (HC 130981/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
18/10/2016. Info 844).
63
*2ª Turma do STF: a quantidade de drogas encontrada não constitui, isoladamente,
fundamento idôneo para negar o benefício da redução da pena previsto no art. 33, § 4º, da Lei
nº 11.343/2006 (HC 138138/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/11/2016. Info
849). STF. 2ª Turma. HC 138138/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/11/2016
(Info 849).
TRÁFICO
TRÁFICO DE DROGAS
Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não esteja previsto nos arts. 33
a 37 da Lei de Drogas, o réu responderá pelo crime da Lei de Drogas e também pelo delito do
art. 244-B do ECA (corrupção de menores).
Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos seja o art. 33, 34, 35, 36 ou 37
da Lei nº 11.343/2006: ele responderá apenas pelo crime da Lei de Drogas com a causa de
aumento de pena do art. 40, VI. Não será punido pelo art. 244-B do ECA para evitar bis in idem
TRÁFICO PRIVILEGIADO
É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da
convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal
previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006.
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
64
STJ
STF
STJ
** Para que haja condenação pelo crime de posse ou porte NÃO é necessário que a arma de
fogo tenha sido apreendida e periciada (crimes de mera conduta e perigo abstrato; o bem
jurídico tutelado é a paz e segurança pública). No entanto, se a perícia for realizada na arma e o
laudo constatar que a arma não tem nenhuma condição de efetuar disparos não haverá crime.
***O fato de o empregador obrigar seu empregado a portar arma de fogo durante o exercício
das atribuições de vigia não caracteriza coação moral irresistível (art. 22 do CP) capaz de excluir
a culpabilidade do crime de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido” (art. 14 da Lei nº
10.826/2003) atribuído ao empregado que tenha sido flagrado portando, em via pública, arma
de fogo, após o término do expediente laboral, no percurso entre o trabalho e a sua residência.
65
POSSE OU PORTE APENAS DA MUNIÇÃO CONFIGURA CRIME
*A posse ou o porte apenas da munição (ou seja, desacompanhada da arma) configura crime.
Isso porque tal conduta consiste em crime de perigo abstrato, para cuja caracterização não
importa o resultado concreto da ação. STF. 1ª Turma. HC 131771/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 18/10/2016 (Info 844).
POSSE
*É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado a portar ou possuir
arma de fogo, não observa as imposições legais previstas no Estatuto do Desarmamento, que
impõem registro das armas no órgão competente.
MEIO AMBIENTE
STF e STJ
É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que
absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão
responsável pela prática criminosa (a CF não faz essa exigência – art. 225, parágrafo 3º).
*A jurisprudência não mais adota a teoria da dupla imputação, segundo a qual a responsabilidade
penal da pessoa jurídica em crimes ambientais, depende da imputação simultânea do ente
moral e da pessoa natural que atua em seu nome ou em seu benefício (art. 3º da Lei 9605/98)
– teoria da dupla imputação
66
CRIME AMBIENTAL
ORDEM TRIBUTÁRIA
STJ
STF
** Em regra, não se aplica o princípio da insignificância para o agente que praticou descaminho
se ficar demonstrada a sua reiteração criminosa (criminoso habitual).
- EXCEÇÃO: o julgador poderá aplicar o referido princípio se, analisando as peculiaridades do
caso concreto, entender que a medida é socialmente recomendável.
STJ
67
*o pagamento integral do tributo também não se aplica ao crime de estelionato previdenciário
STJ
STF
68
DOSIMETRIA DA PENA
STF
* Na análise das circunstâncias, o magistrado pode aumentar a pena sob a alegação de que o
réu omitiu seu nome do quadro societário da empresa com o objetivo de esconder que era ele
quem realmente administrava a empresa, a fim de furtar-se de eventual aplicação da lei penal
(não se confunde com a omissão para reduzir ou suprimir tributo que é elementar do delito).
* No exame das consequências do crime, a extensão do dano causado pode ser invocada
como critério para exasperação da pena-base.
STJ
SISTEMA FINANCEIRO
STJ
Empresa de factoring não é instituição financeira (utiliza recursos próprios). Portanto, não
pode fazer empréstimos.
- empréstimos com recursos próprios: crime previsto no art. 4º da Lei 1521/51 (contra a
economia popular)
- empréstimos com recursos de terceiros: crime previsto no art. 16 da Lei 7492/86 (contra o
Sistema Financeiro)
*igual entendimento para o agiota
**a Lei 10303/01 não revogou o art. 16 da Lei 7492/86: objeto jurídico diferente (higidez do
Sistema Financeiro/integridade do mercado de valores mobiliários.
69
PREFEITOS
PENA DE INABILITAÇÃO: acessória em relação à pena privativa de liberdade (STF, STJ e TSE).
CRIMES ELEITORAIS
STF
*Dois requisitos:
- ordem escrita e individualizada
- ciência do réu
TRÂNSITO
STF
O delito de lesão corporal culposa absorve o crime descrito no artigo 309 do CTB (dirigir sem
habilitação). O agente responde pelo artigo, 303, parágrafo único c/c artigo 302, 1º, I.
*Se não oferecida representação em relação ao crime de lesão culposa, o MP não pode
denunciar o acusado pelo delito do artigo 309.
**Na primeira fase da dosimetria da pena, o excesso de velocidade não deve ser considerado na
aferição da culpabilidade (art. 59 do CP) do agente que pratica delito de homicídio e de lesões
corporais culposos na direção de veículo automotor. O excesso de velocidade é inerente aos
crimes culposos de trânsito, caracterizando a imprudência, modalidade de violação do dever
de cuidado objetivo, essencial para a configuração dos crimes culposos.
***O fato de o autor de homicídio culposo na direção de veículo automotor estar com a CNH
vencida não justifica a aplicação da causa especial de aumento de pena descrita no inciso I do
§ 1º do art. 302 do CTB (analogia in malam partem).
70
ECA
PORNOGRAFIA INFANTIL
STJ
RACISMO
RACISMO
*Um dos aspectos da liberdade religiosa é o direito que o indivíduo possui de não apenas
escolher qual religião irá seguir, mas também o de fazer proselitismo religioso.
*Proselitismo religioso significa empreender esforços para convencer outras pessoas a também
se converterem à sua religião.
*A prática do proselitismo, ainda que feita por meio de comparações entre as religiões (dizendo
que uma é melhor que a outra) não configura, por si só, crime de racismo. Só haverá racismo
se o discurso dessa religião supostamente superior for de dominação, opressão, restrição de
direitos ou violação da dignidade humana das pessoas integrantes dos demais grupos.
*Se essa religião supostamente superior pregar que tem o dever de ajudar os “inferiores” para
que estes alcancem um nível mais alto de bem-estar e de salvação espiritual e, neste caso não
haverá conduta criminosa.
71
LEI 8.666/1993
*O crime do art. 89 da Lei 8.666/93 exige resultado danoso (dano ao erário) para se consumar?
*1ª corrente: SIM. Posição do STJ e da 2ª Turma do STF. Para que haja a condenação pelo crime
do art. 89 da Lei nº 8.666/93, exige-se a demonstração de que houve prejuízo ao erário e de
que o agente tinha a finalidade específica de favorecimento indevido. Assim, mesmo que a
decisão de dispensa ou inexigibilidade da licitação tenha sido incorreta, isso não significa
necessariamente que tenha havido crime, sendo necessário analisar o prejuízo e o dolo do
agente.
*2ª corrente: NÃO. Entendimento da 1ª Turma do STF. O tipo penal do art. 89 da Lei de Licitações
prevê crime formal, que dispensa o resultado danoso para o erário.
LAVAGEM DE DINHEIRO
72
TORTURA
*No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há prevalência de relações
domésticas e de coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta da causa de
aumento de pena prevista no art. 1º, § 4º, II, da Lei nº 9.455/1997 (Lei de Tortura) e da agravante
genérica estatuída no art. 61, II, “f”, do Código Penal.
INQUÉRITO POLICIAL
- atipicidade do fato
- excludente de ilicitude (manifesta) – STF: não (súmula 524)
- excludente de culpabilidade
- causa extintiva da punibilidade (salvo certidão de óbito falsa)
**A vítima de crime de ação penal pública não tem direito líquido e certo para impetrar MS a
fim de impedir o arquivamento do inquérito policial
- princípio da obrigatoriedade da ação penal pública
- sistema de controle de legalidade muito técnico e rigoroso em relação ao arquivamento de
inquérito policial, inerente ao próprio sistema acusatório (requerimento do MP, homologação
pelo juiz e possibilidade de remessa ao PGJ).
***O arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado com base em
provas fraudadas não faz coisa julgada material. STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 23/3/2017 (Info 858).
73
TRAMITAÇÃO DIRETA DO INQUÉRITO POLICIAL ENTRE A POLÍCIA E MP
- o inquérito policial é um procedimento investigatório preliminar, ou seja, que ocorre antes
de a questão ser judicializada
- as diligências são feitas de forma unilateral pela autoridade policial, isto é, sem a participação
da defesa
- não é o momento adequado para o julgador ter acesso a esses elementos, havendo risco
concreto de o juiz ser influenciado pela narrativa dos fatos feita pelos órgãos de persecução
penal
- sistema acusatório (o magistrado não deve interferir nas diligências investigatórias, salvo
quando necessitarem de autorização judicial)
STF
- legislar sobre procedimentos em matéria processual é competência concorrente (art. 24, XI/
CF)
- norma geral da União: CPP
- leis estaduais não podem contrariar norma geral da União
STJ
Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal que, fundada na Res. CJF n. 63/2009, estabelece
a tramitação direta de inquérito policial entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
- razoável duração do processo, economia processual e eficiência, sem prejuízo da observância
da cláusula de reserva de jurisdição.
DENÚNCIA ANÔNIMA
STF
As notícias anônimas (“denúncias anônimas”) não autorizam, por si sós, a propositura de ação
penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de
investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem
constituir fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas
pelos órgãos do Poder Judiciário.
Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”:
1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”;
2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência,
instaura-se inquérito policial;
74
3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que
não a interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os
investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser
requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado.
STF
Obs: de acordo com a doutrina majoritária, o investigado não pode opor, perante o Poder
Judiciário, a suspeição do delegado de polícia durante o inquérito policial (procedimento
investigatório de caráter inquisitorial e preparatório da ação penal).
O Ministério Público, no exercício do controle externo da atividade policial, pode ter acesso a
ordens de missão policial (OMP).
OBS: no que se refere às OMPs lançadas em face de atuação como polícia investigativa,
decorrente de cooperação internacional exclusiva da Polícia Federal, e sobre a qual haja acordo
de sigilo, o acesso do Ministério Público não será vedado, mas realizado a posteriori.
75
AÇÃO CIVIL EX DELICTO
AÇÃO PENAL
STJ
*STF e STJ: não se aplica o princípio da indivisibilidade à ação penal pública, pois o MP pode,
enquanto não extinta a punibilidade denunciar os coautores ou partícipes que ficaram de fora.
STJ
76
- as condições são aceitas voluntariamente pelo denunciado
- se houver descumprimento de algumas das condições não haverá imposição de sanção
penal, mas tão somente retomada do curso do processo
SEGREDO DE JUSTIÇA
No caso de processo penal que tramita sob segredo de justiça em razão da qualidade da
vítima (criança ou adolescente), o nome completo do acusado e a tipificação legal do delito
podem constar entre os dados básicos do processo disponibilizados para consulta livre no sítio
eletrônico do Tribunal, ainda que os crimes apurados se relacionem com pornografia infantil.
*Art. 5º, XXXIII e LX, CF/88: A regra é a publicidade dos atos processuais.
SUJEITOS PROCESSUAIS
ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO
- também chamado de parte contingente, adesiva ou adjunta
- é a única parte eventual e desnecessária do processo
- somente é cabível na ação penal pública
- interesse: justiça da decisão; o interesse não é meramente econômico (posição majoritária)
- pode recorrer para aumentar a pena imposta ao réu
- recursos: apelação e RESE contra decisão que extingue a punilibilidade (se o MP não recorrer;
não pode recorrer contra ato privativo do MP)
- poderes do assistente: rol taxativo (não pode aditar denúncia)
* O assistente pode interpor recurso de apelação, com fundamento no artigo 598 do CPP,
ainda que o MP tenha requerido a absolvição do réu.
** É possível a intervenção dos pais como assistentes da acusação na hipótese em que o seu
filho tenha sido morto, mas, em razão do reconhecimento de legítima defesa, a denúncia
tenha imputado ao réu apenas o crime de porte ilegal de arma de fogo
- o assistente de acusação é expressão do Estado Democrático de Direito e até mesmo
modalidade de controle - complementar àquele exercido pelo Poder Judiciário - da função
acusatória atribuída privativamente ao Ministério Público
- interesses jurídicos podem assumir caráter metaindividual
- os pais do falecido, embora não possam ser qualificados como ofendidos com relação ao
crime de porte ilegal de arma de fogo, possuem interesse na causa que emana da morte de
seu filho, fato que se encontra entrelaçado com o objeto da ação penal em que pretendem
intervir.
77
IMPOSSIBILIDADE DE A SEGURADORA INTERVIR COMO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO EM
PROCESSO QUE APURE HOMICÍDIO DO SEGURADO
STJ
*em alguns casos a legislação autoriza que certas pessoas ou entidades, mesmo não sendo
vítimas do crime, intervenham como assistentes de acusação:
- lei 7492/96: CVM
- CDC: legitimados do artigo 82
COMPETÊNCIA
STJ
*REGRA: prevalece a sentença transitada em julgado em primeiro lugar, mesmo que proferida
por juízo absolutamente incompetente
- entre o princípio do juiz natural e o ne bis in idem, prevalece este último por decorrer da
dignidade humana
*EXCEÇÃO: se a pena aplicada na primeira sentença transitada em julgado for maior que a da
segunda
** O agente que, numa primeira ação penal, tenha sido condenado pela prática de um crime
não poderá ser, numa segunda ação penal, condenado por crime supostamente cometido no
mesmo contexto fático considerado na primeira ação penal, ainda que a conduta referente a
este suposto delito não tenha sido sequer levada ao conhecimento do juízo da primeira ação
penal, vindo à tona somente no segundo processo
- ne bis in idem
- violação da garantia constitucional da coisa julgada
- não há arquivamento implícito, tendo em vista que não se cuida de fatos diversos, mas sim
de um mesmo fato com desdobramentos diversos e apreciáveis ao tempo da instauração da
primeira ação penal.
78
COMPETÊNCIA: CRIMES PRATICADOS CONTRA AGÊNCIA DOS CORREIOS
STF
AGÊNCIA PRÓPRIA: Justiça Federal (art. 109, IV/CF – ECT empresa pública federal).
AGÊNCIA FRANQUEADA: Justiça Estadual (exploração do serviço por particulares que celebram
contrato de franquia com os Correios e assumem todos os riscos da atividade).
STJ
79
COMPETÊNCIA: LESÃO CORPORAL E HOMICÍDIO POR MILITAR CONTRA CIVIL
STF
*ação de improbidade:
- com complementação da União: Justiça Federal
- sem complementação da União: Justiça Estadual (nas ações cíveis não basta o mero interesse,
é preciso que esse interesse justifique a intervenção no processo).
STF
EXCEÇÕES: quando houver interesse da União, ou seja, quando o crime estiver relacionado
com:
1) serviços de concessão, autorização ou delegação da União
2) desvio de verbas sujeitas à prestação de contas perante órgão federal
80
COMPETÊNCIA: CRIMES COMETIDOS A BORDO DE NAVIOS
STJ
STF
SIM:
- absolvição
- suspensão da ação penal (por força de parcelamento do débito tributário)
NÃO:
- desclassificação (não se aplica o art. 81/CPP)
- extinção da punibilidade
STF
EXCEÇÕES:
1)julgamento iniciado (ato único que se desdobra fisicamente)
2)renúncia caracterizar-se como fraude processual (subterfúgio para deslocamento de
competência constitucionalmente definida)
81
** As investigações envolvendo autoridades com foro privativo no STF somente podem
ser iniciadas após autorização formal do STF. De igual modo, as diligências investigatórias
envolvendo autoridades com foro privativo no STF precisam ser previamente requeridas e
autorizadas pelo STF (caso contrário haveria um enfraquecimento da garantia representada
pelo foro por prerrogativa de função, ou seja, continuaria havendo riscos de perseguição
política e instabilidade institucional). No entanto, as diligências requeridas pelo Ministério
Público Federal e deferidas pelo Ministro Relator são meramente informativas, não suscetíveis
ao princípio do contraditório. Desse modo, não cabe à defesa controlar, “ex ante”, a investigação,
o que acabaria por restringir os poderes instrutórios do Relator.
****O indiciamento de autoridades com foro por prerrogativa de função é realizado pela
autoridade policial, mas depende de autorização do Tribunal competente.
- EXCEÇÃO: autoridades que não podem ser indiciadas: magistrados e membros do MP.
82
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
**Quando o MS é impetrado contra atos praticados pelo PGJ-DF sob jurisdição administrativa
local, a competência será do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
PROCEDIMENTOS
STJ
RECEBIMENTO DA DENÚNCIA:
- 1ª corrente: in dúbio pro societate (indícios de autoria)
- 2ª corrente: in dúbio pro reo (justa causa: a sujeição ao juízo penal, por si só, já representa um
gravame)
PRONÚNCIA
- 1ª corrente: in dúbio pro societate (indícios mínimos de autoria)
- 2ª corrente: in dúbio pro reo (juízo natural: Tribunal do Júri)
83
INSTRUÇÃO PENAL E EXCESSO DE PRAZO
STJ
- os prazos legais para conclusão da instrução servem apenas como parâmetro geral, pois
variam conforme as peculiaridades de cada hipótese, podendo ser mitigado segundo o
princípio da razoabilidade
- somente haverá constrangimento ilegal por excesso de prazo na formação da culpa se o
atraso for motivado por desídia do aparelho estatal.
O RÉU PODE SER INTIMADO POR EDITAL DA DECISÃO DE PRONÚNCIA MESMO QUE O CRIME
TENHA OCORRIDO ANTES DA LEI 11689/08?
EXCEÇÃO: não, em relação aos fatos anteriores à Lei 9271/96 que modificou o art. 366/CPP
- antes da Lei 9271 se o réu fosse citado por edital e não comparecesse, o processo corria
normalmente à sua revelia; se o réu foi citado por edital e decretada a sua revelia, não pode ser
intimado da decisão de pronúncia também por edital e julgado à revelia (não se pode julgar
alguém que não tenha ciência inequívoca da acusação que pesa contra si).
STJ
*1ª CORRENTE: SIM. A intimação do Ministério Público para que indique as provas que pretende
produzir em Juízo e a juntada do rol de testemunhas pela acusação, após a apresentação da
denúncia, mas antes da formação da relação processual, não são causas, por si sós, de nulidade
absoluta.
- possibilidade de emenda da inicial prevista no CPC e aplicada subsidiariamente no processo
penal
- princípio da cooperação
- não enseja nenhum prejuízo à defesa, que tem amplas possibilidades de contraditar os
elementos probatórios até então requeridos (não há nulidade sem prejuízo)
84
A CITAÇÃO POR HORA CERTA É CONSTITUCIONAL
STF
PROVA
STJ
STF
*Testemunhas policiais:
- 1ª corrente: SIM. O fato de o agente de segurança pública atuar constantemente no combate
à criminalidade faz com que ele presencie crimes diariamente. Em virtude disso, os detalhes
de cada uma das ocorrências acabam se perdendo em sua memória; além da proximidade
temporal com a ocorrência dos fatos proporcionar uma maior fidelidade das declarações,
possibilita ainda o registro oficial da versão dos fatos vivenciados por ele, o que terá grande
relevância para a garantia da ampla defesa do acusado, caso a defesa técnica repute necessária
a repetição do seu depoimento por ocasião da retomada do curso da ação penal. Existem
vários precedentes do STJ nesse sentido. (INF. 851/STF; INF 595/STJ)
- 2ª corrente: NÃO. Não serve como justificativa a alegação de que as testemunhas são policiais
responsáveis pela prisão, cuja própria atividade contribui, por si só, para o esquecimento das
circunstâncias que cercam a apuração da suposta autoria de cada infração penal.
85
86
CONFISSÃO
- a confissão espontânea não pode servir de fundamento para a redução da pena-base abaixo
do grau mínimo previsto em lei (súmula 231/STJ)
- a confissão qualificada ocorre quando o réu admite a prática do fato, no entanto, alega, em
sua defesa, um motivo que excluiria o crime ou o isentaria de pena
*posição majoritária no STF: não incide a atenuante genérica
*STJ: incide a atenuante genérica
- se a confissão foi parcial (o agente confessa o crime que lhe é imputado, mas nega a
qualificadora) e o juiz a considerou no momento da condenação, este magistrado deverá fazer
incidir a atenuante na fase da dosimetria da pena
- a confissão atenua a pena mesmo que já existissem nos autos outras provas contra o réu
- se a pessoa é acusada de tráfico de drogas e, durante seu interrogatório, nega que seja
traficante, mas admite que é usuário, isto não poderá ser utilizado como confissão (atenuante)
caso ela seja condenada por tráfico
- confissão de crime diverso (o agente confessa a subtração, mas nega o emprego de violência
ou grave ameaça, visando a desclassificação do delito que lhe é imputado): não incide a
atenuante
- No CPM a atenuante da confissão está vinculada à revelação da autoria criminosa ignorada
ou imputada a outrem; não se aplica o CP por força do critério da especialidade.
87
DEPOIMENTO SEM DANO
OBJETIVOS:
- evitar que a vítima seja submetida a um novo trauma
- relato fiel com detalhes
*pode ocorrer na fase pré-processual
**não tem previsão legal (PL 7524/06 e Rec 33/10 do CNJ)
***não configura nulidade por cerceamento de defesa.
88
BUSCA E APREENSÃO
OBS: Após o encerramento da busca domiciliar, as autoridades responsáveis por sua execução
não podem, horas depois, reabri-la e realizar novas buscas e apreensões sem nova ordem
judicial autorizadora (art. 245, § 7º, do CPP). (STJ. 6ª Turma. HC 216.437/DF, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 20/09/2012).
BUSCA E APREENSÃO
* Não há nulidade se, em mandado de busca e apreensão, o titular do órgão entrega para ser
periciado pela Polícia o computador utilizado pela chefia e, após esse fato, antes de a perícia
ser iniciada, o magistrado responsável pela investigação autoriza a diligência na máquina.
*A proteção a que se refere o art. 5º, XII, da CF/88, é da ‘comunicação de dados’ e não dos
‘dados em si mesmos’, ainda quando armazenados em computador.
PROVAS ILÍCITAS
*As peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita não devem ser
desentranhadas do processo.
89
*A denúncia, a sentença de pronúncia e as demais peças judiciais não são “provas” do crime
e, por essa razão, estão fora da regra que determina a exclusão das provas obtidas por meios
ilícitos prevista art. 157 do CPP.
PROVAS
*Na ocorrência de autuação de crime em flagrante, ainda que seja dispensável ordem judicial
para a apreensão de telefone celular, as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas
pelo sigilo telefônico, que compreende igualmente a transmissão, recepção ou emissão de
símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza, por
meio de telefonia fixa ou móvel ou, ainda, por meio de sistemas de informática e telemática
*Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da extração
de dados e de conversas registradas no whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato
delituoso, ainda que o aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante.
SENTENÇA
STF E STJ
REGRA: sentença
EXCEÇÕES:
1) para beneficiar o réu;
2) fixação da competência;
3) determinação do procedimento adequado
90
FIXAÇÃO DE VALOR MÍNIMO PARA REPARAÇÃO DE DANOS – ART. 387, IV DO CPP
- natureza jurídica: efeito extrapenal genérico da condenação
- pedido expresso e formal do MP ou do ofendido (contraditório e ampla defesa)
- prova dos prejuízos
- o juiz não é obrigado a fixar valor mínimo se: não houver prova do valor do dano; os fatos
forem complexos e demandarem dilação probatória; a vítima já tiver sido indenizada no juízo
cível.
- norma híbrida: não retroage (mais gravosa ao réu)
STJ
Não gera nulidade do processo o fato de, em audiência de instrução, o magistrado, após o
registro da ausência do representante do MP (que, mesmo intimado, não compareceu),
complementar a inquirição das testemunhas realizada pela defesa, sem que o defensor tenha
se insurgido no momento oportuno nem demonstrado efetivo prejuízo.
- a nulidade por violação ao disposto no artigo 212 do CPP é meramente relativa
- busca da verdade
O juiz, ao proferir sentença penal condenatória, no momento de fixar o valor mínimo para
a reparação dos danos causados pela infração (art. 387, IV, do CPP), pode, sentindo-se apto
diante de um caso concreto, quantificar, ao menos o mínimo, o valor do dano moral sofrido
pela vítima, desde que fundamente essa opção.
O art. 387, IV, não limita a indenização apenas aos danos materiais e a legislação penal deve
sempre priorizar o ressarcimento da vítima em relação a todos os prejuízos sofridos.
STF
91
*Há reformatio in pejus quando o Tribunal, em recurso exclusivo da defesa, desclassifica delito
contra o patrimônio para crime contra a Administração Pública (a progressão de regime
pressupõe prévia reparação do dano).
*Há reformatio in pejus quando o Tribunal, em recurso exclusivo da defesa, afasta qualificadora,
mas reconhece causa de aumento de pena não descrita na decisão recorrida.
STF
- previsto no RISTF
- editado sob a égide da CF/67 (ou 69) que atribuía ao STF competência para legislar sobre
matéria processual de sua competência
- o RISTF foi recepcionado pela CF/88 como lei ordinária
A Lei 8038/90 tratou sobre normas procedimentais, indicando o rito aplicável às ações penais
originárias desde o oferecimento da denúncia até o encerramento da instrução; não dispôs
sobre recursos (lacuna intencional)
*não cabem EI no STF para discutir o quantum de pena (divergência no tocante à dosimetria
da pena).
STF
92
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA E VEDAÇÃO À ANÁLISE DO MÉRITO EM APELAÇÃO
STJ
STJ
* A via adequada para nova tomada de declarações da vítima com vistas à possibilidade de sua
retratação e ajuizamento de revisão criminal é o pedido de justificação (art. 381, § 5º do CPC
2015), ainda que ela já tenha se retratado por escritura pública, que deve ser ajuizado perante
o juízo criminal de 1ª instância.
STJ
1ª regra: a revisão criminal é sempre julgada por um Tribunal ou pela Turma Recursal. Não
existe revisão criminal julgada por juiz singular.
2ª regra: se a condenação foi proferida por um juiz singular e não houve recurso, a competência
para julgar a revisão criminal será do Tribunal (ou Turma) ao qual estiver vinculado o magistrado.
93
3ª regra: se a condenação foi mantida (em recurso) ou proferida (em casos de competência
originária - foro privativo) pelo TJ, TRF ou Turma Recursal e contra este acórdão não foi
interposto RE ou Resp, a competência para julgar a revisão criminal será do TJ, TRF ou Turma
Recursal.
4ª regra: se a condenação foi mantida ou proferida pelo TJ ou TRF e contra este acórdão foi
interposto RE ou Resp:
1) Se o RE ou o Resp não forem conhecidos: a competência será do TJ ou TRF
2) Se o RE ou Resp forem conhecidos:
2.1) Caso a revisão criminal impugne uma questão que foi discutida no RE ou no Resp: a
competência será do STF ou do STJ.
2.2) Caso a revisão criminal impugne uma questão que não foi discutida no RE ou no Resp: a
competência será do TJ ou TRF.
*O julgamento pelo STF de HC impetrado contra decisão proferida em recurso especial não
afasta, por si só, a competência do STJ para processar e julgar posterior revisão criminal.
HABEAS CORPUS
- o habeas corpus pode ser preventivo ou repressivo. Se o HC for impetrado de forma preventiva
e a coação se verificar antes de seu julgamento, o writ poderá ser convertido em liberatório
- habeas corpus substitutivo de recurso próprio: o reconhecimento de nulidades (error in
procedendo), mesmo após o trânsito em julgado; ilegalidade flagrante; decisão teratológica
- É admissível a interposição de recurso ordinário para impugnar acórdão de Tribunal de
Segundo Grau concessivo de ordem de habeas corpus na hipótese em que se pretenda
questionar eventual excesso de medidas cautelares fixadas por ocasião de deferimento de
liberdade provisória (RO somente a favor do réu).
- HC em favor de pessoa jurídica que pratique crime ambiental - STF: NÃO (a pessoa jurídica
jamais será condenada á pena privativa de liberdade; não há ameaça à liberdade de locomoção);
STJ: SIM (se o HC for impetrado também a favor das pessoas físicas que figuram como corrés
no mesmo processo)
- cabe habeas corpus no caso de prisão civil
- diante da demora do julgamento pelo STJ, o réu, com base no princípio constitucional da
duração razoável do processo, poderá impetrar novo habeas corpus no STF. Nesta hipótese, o
STF não analisa o HC pendente de julgamento, sob pena de supressão de instância.
- o habeas corpus não é o meio processual adequado para discutir dosimetria da pena,
tipificação penal ou para o reexame dos pressupostos de admissibilidade dos recursos
- não cabe HC para discutir direito de visita a preso em estabelecimento prisional
- segundo o STF, cabe HC quando o crime imputado ao agente for o delito previsto no art. 28
da Lei de Drogas
94
- HC em relação à punições disciplinares militares: não é cabível para debater o mérito da
punição (art. 142, parágrafo 2 º/CF); é cabível para analisar os pressupostos de legalidade
- intervenção de terceiros: somente do querelante na ação penal privada
- aplica-se o princípio non reformatio in pejus
- cabe HC para que seja analisada a legalidade de decisão que determina o afastamento de
prefeito do cargo, quando a medida for imposta conjuntamente com a prisão.
- não cabe HC em face de decisão monocrática de Ministro do STF (a parte pode interpor
agravo regimental em 5 dias)
- não cabe HC para se discutir se houve dolo eventual ou culpa consciente em homicídio
praticado na direção de veículo automotor
- cabe HC para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva de urgência
consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência doméstica e familiar (se
descumprida a medida cautelar pode ser convertida em prisão preventiva)
- não se admite habeas corpus para se questionar nulidade cujo tema não foi trazido antes do
trânsito em julgado da ação originária e tampouco antes do trânsito em julgado da revisão
criminal. A nulidade não suscitada no momento oportuno é impassível de ser arguida através
de habeas corpus, no afã de superar a preclusão, sob pena de transformar o writ em sucedâneo
da revisão criminal.
RECURSOS
95
RECURSOS
O e-mail não configura meio eletrônico equiparado ao fax, para fins da aplicação do disposto
no art. 1º da Lei nº 9.800/99, porquanto não guarda a mesma segurança de transmissão e
registro de dados.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 919.403/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
13/09/2016.
STF. 1ª Turma. HC 121225/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/3/2017 (Info 857).
HABEAS CORPUS
STF
- SIM: Posição majoritária no STF. O Ministro Relator pode decidir monocraticamente habeas
corpus nas hipóteses autorizadas pelo regimento interno, sem que isso configure violação ao
princípio da colegialidade.
STF. 1ª Turma. HC 137265 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 07/03/2017;
STF. 2ª Turma. HC 131550 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2015.
STF – INF 862
*Regra: NÃO. É necessário que primeiro o impetrante exaure (esgote), no tribunal a quo (no
caso, o STJ), as vias recursais ainda cabíveis (no caso, o agravo regimental).
**Exceção: essa regra pode ser afastada em casos excepcionais, quando a decisão atacada
se mostrar teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à
jurisprudência do STF, situações nas quais o STF poderia conceder de ofício o habeas corpus.
96
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
*É cabível recurso em sentido estrito contra decisão que revoga medida cautelar diversa da
prisão, com base na intepretação extensiva do art. 581, V.
*O inciso V expressamente permite RESE contra a decisão do juiz que revogar prisão preventiva.
Esta decisão é similar ao ato de revogar medida cautelar diversa da prisão. Logo, permite-se a
interpretação extensiva neste caso.
STJ
*1ª corrente: não há incompatibilidade, desde que presentes os pressupostos que autorizam
a decretação/manutenção da prisão preventiva; o condenado permanecerá preso, porém de
acordo com as regras do regime prisional imposto na sentença.
*2ª corrente: viola o princípio da proporcionalidade (é mais vantajoso para o réu renunciar
ao direito de recorrer e iniciar imediatamente o cumprimento da pena do que impugnar a
decisão e ser recolhido ao regime fechado); aplicar as regras do regime imposto na sentença
representa execução provisória da pena.
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
Audiência de custódia consiste no direito que a pessoa presa em flagrante possui, de ser
conduzida, sem demora, à presença de uma autoridade judicial (magistrado) que irá analisar
se os seus direitos fundamentais foram respeitados.
Após a oitiva do preso, a manifestação do Ministério Público e da defesa, o magistrado decide
acerca do relaxamento da prisão ilegal, concessão de liberdade provisória com ou sem fiança
e medidas cautelares diversas da prisão, conversão em prisão preventiva ou cabimento da
mediação penal, evitando a judicialização do conflito, corroborando para a adoção de práticas
restaurativas.
97
*previsão legal: CADH, promulgada no Brasil pelo Decreto 678/92, ainda não regulamentada
em lei no Brasil (PLS 554/2011)
**Provimento 03/2012 do TJSP: CONSTITUCIONAL, porque não inovou na ordem jurídica, mas
apenas explicitou conteúdo normativo já existente em diversas normas da CADH e do CPP;
não há violação ao princípio da separação dos poderes, pois não foi o Provimento que criou
obrigações aos delegados de polícia, mas sim a citada convenção e o CPP.
STF
98
INDULTO E DETRAÇÃO PENAL
STJ
99
PRISÃO PREVENTIVA
* Não se pode decretar a prisão preventiva do acusado pelo simples fato de ele ter descumprido
acordo de colaboração premiada.
**É necessário verificar, no caso concreto, a presença dos requisitos da prisão preventiva, não
podendo o decreto prisional ter como fundamento apenas a quebra do acordo.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
EXECUÇÃO PENAL
STJ
*a punição por falta grave independe do trânsito em julgado da condenação pelo crime doloso
praticado
- o artigo 52 da LEP não exige condenação
- demora do processo penal: possibilidade de extinção da pena antes do julgamento
- garantia de ampla defesa e contraditório: não há prejuízo para o réu
**prazo prescricional da falta grave: 3 anos; ante a ausência de previsão legal específica aplica-
se o menor prazo previsto no CP.
STF
100
*O inadimplemento injustificado das parcelas da pena de multa autoriza a regressão no regime
prisional.
STJ
STF
STJ
- ato jurisdicional da competência do juízo das execuções penais, que deve ser motivada com
a demonstração da conveniência de cada medida
- função fiscalizadora do MP no tocante à ocorrência de excesso, abuso ou mesmo de
irregularidade na execução da medida.
101
SAÍDA TEMPORÁRIA
*Respeitado o limite anual de 35 dias, estabelecido pelo art. 124 da LEP, é cabível a concessão
de maior número de autorizações de curta duração.
*As autorizações de saída temporária para visita à família e para participação em atividades
que concorram para o retorno ao convívio social, se limitadas a cinco vezes durante o ano,
deverão observar o prazo mínimo de 45 dias de intervalo entre uma e outra. Na maior número
de saídas temporárias de curta duração, já intercaladas durante os doze meses do ano e muitas
vezes sem pernoite, não se exige o intervalo previsto no art. 124, § 3º, da LEP.
*É recomendável que cada autorização de saída temporária do preso seja precedida de decisão
judicial motivada. Entretanto, se a apreciação individual do pedido estiver, por deficiência
exclusiva do aparato estatal, a interferir no direito subjetivo do apenado e no escopo
ressocializador da pena, deve ser reconhecida, excepcionalmente, a possibilidade de fixação
de calendário anual de saídas temporárias por ato judicial único, observadas as hipóteses de
revogação automática do art. 125 da LEP.
*O calendário prévio das saídas temporárias deverá ser fixado, obrigatoriamente, pelo Juízo
das Execuções, não se lhe permitindo delegar à autoridade prisional a escolha das datas
específicas nas quais o apenado irá usufruir os benefícios.
STJ
- a condição de reincidente estende-se sobre a totalidade das penas somadas para fins de
análise do requisito objetivo do livramento condicional, mesmo que não reconhecida na
sentença condenatória pela prática de alguns crimes
- a reincidência é circunstância pessoal que irradia efeitos sobre a execução como um todo.
STJ
102
REMIÇÃO DA PENA PELA LEITURA
- interpretação extensiva do artigo 126 da LEP que admite a remição pelo estudo. O estudo está
estreitamente ligado à leitura e à produção de textos, atividades que exigem dos indivíduos
a participação efetiva enquanto sujeitos ativos desse processo, levando-os à construção do
conhecimento
- a leitura em si tem função de propiciar a cultura e possui caráter ressocializador, até mesmo
por contribuir na restauração da autoestima.
- a leitura diminui consideravelmente a ociosidade dos presos e reduz a reincidência criminal.
- Portaria conjunta nº 276/2012, do Departamento Penitenciário Nacional/MJ e do Conselho da
Justiça Federal; Recomendação n. 44/2013 do CNJ: atividades educacionais complementares
para fins de remição da pena pelo estudo e critérios para a admissão pela leitura.
** Reconhecida falta grave, a perda de até 1/3 do tempo remido pode alcançar dias de trabalho
(ou de estudo) anteriores à infração disciplinar e que ainda não tenham sido declarados pelo
juízo da execução no cômputo da remição. Por outro lado, a perda dos dias remidos não pode
alcançar os dias trabalhados (ou de estudo) após o cometimento da falta grave.
***Se o preso, ainda que sem autorização do juízo ou da direção do estabelecimento prisional,
efetivamente trabalhar nos domingos e feriados, esses dias deverão ser considerados no
cálculo da remição da pena.
TESE DO MP
A medida de segurança é um instituto jurídico de natureza terapêutica, que tem por objetivo
evitar que a pessoa que apresenta certo grau de periculosidade pratique novos fatos previstos
como crime. Logo, só se poderia afastar a medida de segurança após uma avaliação técnica na
qual ficasse comprovado que o indivíduo não apresenta mais periculosidade.
103
STF
É possível o início da execução da pena após a prolação de acórdão condenatório pelo Tribunal
no julgamento do recurso de apelação.
- não violação ao princípio da presunção de inocência
- não há retrocesso em matéria de direitos fundamentais (preservado o núcleo essencial do
postulado)
- efetividade da jurisdição processual penal (intrincado e complexo sistema de justiça criminal
brasileiro)
- resgate da função institucional do processo (único meio de efetivação do jus puniendi estatal)
- recursos especial ou extraordinário não tem efeito suspensivo, não permitem a análise de
fatos e provas
*Aspectos importantes:
- para início do cumprimento provisório da pena o que interessa é que exista um acórdão de
2º grau condenando o réu, ainda que ele tenha sido absolvido pelo juiz em 1ª instância.
- réu absolvido em sede de recurso especial ou extraordinário: em regra, não há direito à
indenização (a responsabilidade do Estado, nesse caso, é subjetiva).
- o entendimento proferido tem aplicabilidade imediata (para o STF não existe proibição de se
aplicar nova jurisprudência a casos em andamento, mesmo que mais prejudiciais ao réu, salvo
se houver modulação dos efeitos).
- suspensão da execução provisória da pena: medida cautelar em RE ou REsp/liminar em HC
(somente em casos excepcionais – flagrante ilegalidade ou injustiça)
- para os críticos do novo entendimento a prisão por força de acórdão condenatório de 2º
grau, tal como autorizada pelo STF, não se enquadra em nenhuma das hipóteses elencadas
pelo art. 283 do CPP. Logo, esta forma de prisão seria ilegal.
104
STJ
***Na hipótese em que ainda não houve a intimação da Defensoria Pública Estadual acerca de
acórdão condenatório, mostra-se ilegal a imediata expedição de mandado de prisão. (INF 597)
STF
* Os apenados que serão beneficiados com a saída antecipada ou com as penas alternativas
deverão ser escolhidos com base em critérios isonômicos (requisito subjetivo – bom
comportamento - e requisito objetivo - aqueles que estão mais próximos de progredir ou de
encerrar a pena)
105
**Porque a prisão domiciliar não pode ser a primeira opção:
- nem sempre o condenado tem meios de manter uma residência ou uma família que o acolha;
- dificuldades de caráter econômico e social – transferência da pena para a família
- dificuldade de fiscalização
- não garante a ressocialização do condenado
REMIÇÃO DA PENA
*Se um condenado, por determinação da direção do presídio, trabalha 4 horas diárias (menos
do que prevê a Lei), este período deverá ser computado para fins de remição de pena. Como
esse trabalho do preso foi feito por orientação ou estipulação da direção do presídio, isso
gerou uma legítima expectativa de que ele fosse aproveitado, não sendo possível que seja
desprezado, sob pena de ofensa aos princípios da segurança jurídica e da proteção da
confiança.
EXECUÇÃO PENAL
*Não viola a SV 56 a situação do condenado ao regime semiaberto que está cumprindo pena
em presídio do regime fechado, mas em uma ala destinada aos presos do semiaberto.
PROGRESSÃO DE REGIME
**A decisão do Juízo das Execuções que defere a progressão de regime é declaratória (e não
constitutiva). Algumas vezes o reeducando preenche os requisitos em uma data, mas a decisão
acaba demorando meses para ser proferida.
106
TORNOZELEIRA ELETRÔNICA
JUIZADOS ESPECIAIS
STF
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
STF
107
*O STF entendeu que o acordo não pode ser impugnado por terceiro, mesmo que seja uma
pessoa citada na delação. Isso porque o acordo é personalíssimo e, por si só, não vincula o
delatada, nem afeta diretamente sua situação jurídica. O que poderá atingir eventual corréu
delatado são as imputações posteriores, constantes do depoimento do colaborador.
*A personalidade do colaborador ou o fato de ele já ter descumprido um acordo anterior de
colaboração premiada não têm o condão de invalidar o acordo atual. Não importa a idoneidade
do colaborador, mas sim a idoneidade das informações que ele fornecer e isso ainda será
apurado no decorrer do processo.
** O acordo de delação premiada é sigiloso, enquanto a denúncia não for recebida, inclusive
para a CPI (exceção do sigilo somente em relação ao juiz, MP, autoridade policial e investigado).
*** A simples menção do nome do investigado com foro por prerrogativa de função em
depoimento de réu colaborador, durante a instrução em 1ª instância, não caracteriza ato de
investigação, ainda mais quando houve prévio desmembramento.
****Não viola a SV 14 a decisão do juiz que nega a réu denunciado com base em um acordo
de colaboração premiada, o acesso a outros termos de declarações que não digam respeito
aos fatos pelos quais ele está sendo acusado, especialmente se tais declarações ainda estão
sendo investigadas, situação na qual existe previsão de sigilo (art. 7º da Lei nº 12.850/2013 –
preservação da identidade do colaborador; garantia do êxito das investigações).
DIREITO CIVIL
PESSOAS
DIREITO AO ESQUECIMENTO
É o direito que uma pessoa possui de não permitir que um fato, ainda que verídico, ocorrido
em momento passado, seja exposto ao público em geral, causando-lhe sofrimentos ou
transtornos.
*Fundamentos:
- dignidade humana
- privacidade, intimidade, honra (artigos 5º, X/CF e 21/CC)
- EN 531/JDC
108
*Direito ao esquecimento X direito à memória
- direito à memória: direito que possui os lesados e toda a sociedade de esclarecer fatos que
geraram graves violações de direitos humanos durante o período da ditadura militar
- fundamentos: dignidade humana; respeito aos direitos humanos
- Lei 12528/11 – Comissão Nacional da Verdade
- fatos históricos/relevante interesse público
- condenação do Brasil pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por negar acesso aos
arquivos que continham informações sobre a Guerrilha do Araguaia
STJ
NOME
O brasileiro que adquiriu dupla cidadania pode ter seu nome retificado no registro civil do Brasil,
desde que isso não cause prejuízo a terceiros, quando vier a sofrer transtornos no exercício da
cidadania por força da apresentação de documentos estrangeiros com sobrenome imposto
por lei estrangeira e diferente do que consta em seus documentos brasileiros.
109
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
STJ
**Impugnações à MP 2170/01
110
JUROS NO PÉ SÃO LÍCITOS
STJ
STJ
STJ
*Resolução:
- eficácia liberatória
- eficácia restitutória
- eficácia indenizatória
111
STJ
STJ
STJ
112
PRORROGAÇÃO AUTOMÁTICA DA FIANÇA EM CASO DE PRORROGAÇÃO DO CONTRATO
PRINCIPAL
STJ
***O fiador não tem legitimidade para pleitear em juízo a revisão do contrato principal (tem
interesse de agir, mas não tem legitimidade porque não é o titular do direito material discutido
em juízo)
STJ
- contrato consensual
- emissão de apólice prova a existência, mas não é requisito de existência (artigo 758/CC)
- Circular 251/04 Susep: ausência de manifestação em 15 dias = aceitação tácita
- artigos 432 e 111/CC
- boa-fé objetiva
113
SEGURO DE ACIDENTES PESSOAIS – MORTE ACIDENTAL/MORTE NATURAL
STJ
**É abusiva a cláusula de contrato de seguro de automóvel que, na ocorrência de perda total
do veículo, estabelece a data do efetivo pagamento (liquidação do sinistro) como parâmetro
do cálculo da indenização securitária a ser paga conforme o valor médio de mercado do bem,
em vez da data do sinistro (princípio indenitário – artigo 781/CC).
STJ
-Os contratos de direito agrário são regidos tanto por elementos de direito privado, como
por normas de caráter público e social, de observância obrigatória e, por isso, irrenunciáveis,
tendo como finalidade principal a proteção daqueles que, pelo seu trabalho, tornam a terra
produtiva e dela extraem riquezas, conferindo efetividade à função social da propriedade.
-apesar de sua natureza privada e de ser regulado pelos princípios gerais que regem o direito
comum, o contrato agrário sofre repercussões de direito público em razão de sua importância
para o Estado, do protecionismo que se quer emprestar ao homem do campo, à função social
da propriedade e ao meio ambiente, fazendo com que a máxima do “pacta sunt servanda” não
se opere em absoluto nestes casos.
- Estatuto da Terra, artigo 13, IV da Lei 4947/66 e artigo 13, I do decreto 59566/66
*É nula cláusula contratual que fixa o preço do arrendamento rural em frutos ou produtos
ou seu equivalente em dinheiro (artigo 18, parágrafo único, do Decreto nº 59.566/66). Essa
nulidade não obsta que o credor proponha ação de cobrança, caso em que o valor devido
deve ser apurado, por arbitramento, em liquidação.
- o contrato de arrendamento rural que estabelece pagamento em quantidade de produtos,
apesar de eivado de vício que lhe subtrai requisito essencial de validade, pode ser usado como
prova escrita para se ajuizar ação monitória com a finalidade de determinar a entrega de coisa
fungível, considerando que constitui indício da relação jurídica material subjacente
- autonomia da vontade restrita a decisão de contratar ou não; submissão da vontade à lei
114
**O direito de preferência para a aquisição do imóvel arrendado, previsto no art. 92, § 3º, do
Estatuto da Terra, não é aplicável à empresa rural de grande porte (arrendatária rural)
- o Decreto nº 59.566/66, que regulamenta o Estatuto da Terra, estabelece que os benefícios
nele previstos são restritos àqueles que explorem atividade rural direta e pessoalmente,
como o típico homem do campo (art. 38), fazendo uso eficiente e correto da terra, contando
essencialmente com a força de trabalho de sua família (art. 8º).
- o exercício do direito de preferência, independentemente do porte econômico do arrendatário
possibilita a continuidade da atividade produtiva, atendendo-se, assim, ao princípio da função
social da propriedade, porém, contraria o princípio da justiça social
- o princípio da justiça social preconiza a desconcentração da propriedade das mãos dos
grandes grupos econômicos e dos grandes proprietários, para que seja dado acesso à terra ao
homem do campo e à sua família
- quando a arrendatária é uma empresa rural de grande porte, não lhe é aplicável o Estatuto
da Terra, incidindo o Código Civil, que não prevê direito de preferência no contrato de locação
de coisas, cabendo às partes pactuarem uma cláusula com esse teor.
STJ
*Valor pensão
- 14 a 25 anos: 2/3 salário mínimo
- 25 a 65 anos: 1/3 salário mínimo
*Súmula 491/STF: devida pensão ainda que o filho não estivesse trabalhando
*A pensão não pode ser paga de uma só vez: o artigo 950/CC aplica-se somente para os casos
de redução da capacidade laborativa.
**artigo 950/CC: o recebimento da pensão de uma só vez não é direito absoluto da vítima; o
juiz deve analisar a situação econômica do ofensor e os benefícios do pagamento antecipado
(EN 381/JDC).
115
**** O fato de se poder presumir que a vítima ainda tenha capacidade laborativa para outras
atividades, diversas daquela exercida no momento do acidente, não exclui, por si só, o
pensionamento civil de que trata o artigo 950 do CC (princípio da reparação integral do dano).
***** O fato de a vítima de ato ilícito com resultado morte possuir, na data do óbito, idade
superior à expectativa média de vida do brasileiro não afasta o direito de seu dependente
econômico ao recebimento de pensão mensal, que será devida até a data em que a vítima
atingiria a expectativa de vida prevista na tabela de sobrevida (Tábua Completa de Mortalidade)
do IBGE vigente na data do óbito, considerando-se, para os devidos fins, o gênero e a idade
da vítima.
DOUTRINA
- dano moral exige dor da vítima (alteração negativa do ânimo, dor sofrimento, vergonha)
STJ
STJ
116
LEGITIMIDADE DO ESPÓLIO PARA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
STJ
STJ
STJ
117
TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE
O autor de um ato ilícito faz com que a vítima perca a oportunidade de obter uma vantagem
ou evitar um prejuízo
STJ
- chance real e séria, que proporcione ao lesado efetivas condições pessoais de concorrer à
situação futura esperada
- 3ª categoria de dano
*perda de prazo pelo advogado: detida análise acerca das reais possibilidades de êxito no
processo
*erro médico # teoria tradicional: a extensão do dano está definida, mas a autoria é incerta.
STJ
118
RESPONSABILIDADE CIVIL PELA VEICULAÇÃO DE MATÉRIA JORNALÍSTICA
STJ
STJ
119
DPVAT – PRESCRIÇÃO
STJ
*Termo inicial
- invalidez permanente: data do laudo médico (súmula 278/STJ)
- invalidez permanente notória: data do acidente
**É possível a cessão de créditos do DPVAT, pois trata-se de direito pessoal disponível (artigo
288/CC), mas não é possível a cessão do direito de reembolso por despesas médico-hospitalares
(artigo 3º, 2º da Lei 6194/74)
STJ
**O espólio, ainda que representado pelo inventariante, não possui legitimidade ativa para
ajuizar ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) em caso de morte da vítima no
acidente de trânsito.
- o valor oriundo do DPVAT não integra o patrimônio deixado pelo falecido; o valor indenizatório
passa diretamente para os beneficiários (cônjuge supérstite e demais herdeiros) – artigo 4º da
Lei 6194/74
- a indenização surge somente em razão da morte e após a sua configuração, ou seja, esse
direito patrimonial não é preexistente ao óbito da pessoa acidentada, sendo, portanto, direito
próprio dos beneficiários
- aplicação, por analogia, do artigo 794 do CC
120
DPVAT E MÁQUINAS AGRÍCOLAS
STJ
- máquina suscetível de trafegar em via pública: SIM (não é necessário que o acidente ocorra
na via pública, pode ocorrer em área rural, mas é indispensável que envolva veículo que pode
circular em via pública, porque essa é a destinação comum dos veículos automotores de via
terrestre)
DPVAT
Súmula 580-STJ: A correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou
invalidez, prevista no § 7º do art. 5º da Lei nº 6.194/1974, redação dada pela Lei nº 11.482/2007,
incide desde a data do evento danoso.
STJ – INF 598
121
SENTENÇA PENAL EXTITNTIVA DA PUNIBILIDADE POR FORÇA DE PRESCRIÇÃO RETROATIVA
NÃO VINCULA O JUÍZO CÍVEL
STJ
STJ
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS PELOS DANOS CAUSADOS POR FILHO INCAPAZ
STJ
*Os pais de portador de esquizofrenia paranoide que seja solteiro, maior de idade e more
sozinho, têm responsabilidade civil pelos danos causados durante os recorrentes surtos
agressivos de seu filho, no caso em que eles, plenamente cientes dessa situação, tenham
sido omissos na adoção de quaisquer medidas com o propósito de evitar a repetição desses
fatos, deixando de tomar qualquer atitude para interditá-lo ou mantê-lo sob sua guarda e
companhia.
122
- a guarda representa mais que um direito dos pais em ter os filhos próximos; revela-se,
sobretudo, como um dever de cuidar, de vigiar e de proteger os filhos, em todos os sentidos,
enquanto necessária tal proteção
Obs: Com o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), que entrou em vigor após
esse julgado, a pessoa com deficiência mental não é mais considerada nem absoluta nem
relativamente incapaz. Mesmo assim, a conclusão do acórdão deve permanecer a mesma. Isso
porque essa nova determinação da Lei nº 13.146/2015 teve como objetivo valorizar a dignidade
da pessoa com deficiência e não visou, em nenhum momento, mitigar a responsabilidade
dos pais dessas pessoas. Tanto isso é verdade que as pessoas com deficiência podem ainda
ser submetidas à curatela caso a deficiência seja de tal forma grave a ponto de ela não ter
condições de exercer pessoalmente os atos da vida civil.
** A responsabilidade dos pais por filho menor (responsabilidade por ato ou fato de terceiro)
é objetiva, devendo-se comprovar apenas a culpa na prática do ato ilícito daquele pelo qual
são os pais responsáveis legalmente (ou seja, é necessário provar apenas a culpa do filho).
Os pais só respondem pelo filho incapaz que esteja sob sua autoridade e em sua companhia;
assim, os pais, ou responsável, que não exercem autoridade de fato sobre o filho, embora
ainda detenham o poder familiar, não respondem por ele.
- “autoridade” é expressão mais restrita que “poder familiar” e pressupõe uma ordenação, ou
seja, que o pai ou mãe tenha poderes para organizar de forma mais direta e imediata a vida
do filho.
***Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos, terão
responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do
CC. - É subsidiária porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para
ressarcir a vítima.
- É condicional e mitigada porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do patrimônio
mínimo do infante. Deve ser equitativa, tendo em vista que a indenização deverá ser equânime,
sem a privação do mínimo necessário para a sobrevivência digna do incapaz.
- A responsabilidade dos pais dos filhos menores será substitutiva, exclusiva e não solidária
(INF 599)
RESPONSABILIDADE CIVIL
123
CONTRATO DE SEGURO
O segurado que, devido às ameaças de morte feitas pelo criminoso a ele e à sua família,
deixou de comunicar prontamente o roubo do seu veículo à seguradora não perde o direito à
indenização securitária (art. 771 do CC).
CONTRATO DE SEGURO
Ainda que o proprietário do veículo segurado tenha dado termo de quitação ou renúncia ao
causador do sinistro, a seguradora continuará tendo direito de ajuizar ação regressiva contra
o autor do dano e de ser ressarcida pelas despesas que efetuou com o reparo ou substituição
do bem sinistrado (art. 786, §2º, CC).
Exceção: a seguradora não terá direito de regresso contra o autor do dano caso este demonstre
que indenizou realmente o segurado pelos prejuízos sofridos, na justa expectativa de que
estivesse quitando, integralmente, os danos provocados por sua conduta. Neste caso, protege-
se o terceiro de boa-fé e a seguradora poderá cobrar do segurado com base na proibição do
enriquecimento ilícito.
Caracteriza abuso de direito ou ação passível de gerar responsabilidade civil pelos danos
causados a impetração do habeas corpus por terceiro com o fim de impedir a interrupção,
deferida judicialmente, de gestação de feto portador de síndrome incompatível com a vida
extrauterina.
CONTRATOS
Não é possível a revisão de cláusulas contratuais em ação de exigir contas (ação de prestação
de contas).
124
CLÁUSULA PENAL - SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS
- é lícita para situações de mora e/ou inadimplemento (ex: multa pelo atraso no pagamento
dos honorários).
- não é permitida para as hipóteses de renúncia ou revogação do mandato (ex: multa pelo fato
de o cliente ter decidido revogar o mandato e constituir outro advogado).
CONTRATO DE SEGURO
No seguro de automóvel celebrado por uma empresa com a seguradora, não é devida a
indenização securitária se o condutor do veículo (funcionário da empresa segurada) estava
embriagado.
FIANÇA
A fiança limitada decorre da lei e do contrato, de modo que o fiador não pode ser compelido
a pagar valor superior ao que foi avençado, devendo responder tão somente até o limite da
garantia por ele assumida, o que afasta sua responsabilização em relação aos acessórios da
dívida principal e aos honorários advocatícios, que deverão ser cobrados apenas do devedor
afiançado.
Por se tratar de contrato benéfico, as disposições relativas à fiança devem ser interpretadas de
forma restritiva (art. 819 do CC), razão pela qual, nos casos em que ela é limitada (art. 822), a
responsabilidade do fiador não pode superar os limites nela indicados.
125
DIREITO DAS COISAS
STJ
- não se aplica o artigo 219, 5º/CPC: intimamente ligado a causas extintivas da pretensão,
conforme expressamente dispõe o artigo 220
- prescrição extintiva e usucapião são institutos diferentes: a expressão prescrição aquisitiva
como sinônimo de usucapião tem razões mais ligadas a motivos fáticos/históricos
- violação ao contraditório/ampla defesa/direito de propriedade: na ação de usucapião o
direito de defesa assegurado ao confinante é impostergável (oportunidade para discutir os
limites do imóvel ou alegar causa interruptiva/suspensiva)
- princípio da adstrição aplica-se também em relação ao réu
*Usucapião especial rural: a CF estabelece o limite máximo da área a ser usucapida (50 hectares),
sem limitação mínima; portanto se preenchidos os requisitos constitucionais, é irrelevante o
fato da área objeto do pedido de reconhecimento do domínio ser inferior ao módulo rural
determinado pela legislação infraconstitucional (igual entendimento se aplica para o caso de
usucapião especial urbana).
STJ
126
APLICAÇÃO DE MULTAS MORATÓRIA E SANCIONATÓRIA POR INADIMPLÊNCIA DE COTA
CONDOMINIAL
STJ
DO CONDOMÍNIO
DO CONDOMÍNIO
*Código Civil de 2002: é de 05 anos o prazo prescricional para que o condomínio geral ou
edilício (vertical ou horizontal) exercite a pretensão de cobrança de taxa condominial ordinária
ou extraordinária, constante em instrumento público ou particular, a contar do dia seguinte
ao vencimento da prestação.
127
DIREITOS REAIS
-Direito Pessoal (obrigacional): os direitos reais são em número limitado (numerus clausus) e
estão previstos taxativamente no art. 1.225 do CC.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
Particulares podem ajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do uso de via
municipal (bem público de uso comum do povo) instituída como servidão de passagem.
*Particular invade imóvel público e deseja proteção possessória em face do PODER PÚBLICO:
não é possível. Não terá direito à proteção possessória. Não poderá exercer interditos
possessórios porque, perante o Poder Público, ele exerce mera detenção.
**Particular invade imóvel público e deseja proteção possessória em face de outro PARTICULAR:
terá direito, em tese, à proteção possessória. É possível o manejo de interditos possessórios
em litígio entre particulares sobre bem público dominical, pois entre ambos a disputa será
relativa à posse.
128
USUCAPIÃO
DIREITO DE FAMÍLIA
STJ
*O não comparecimento do filho menor para fazer DNA não induz presunção de inexistência
de paternidade
- direito à identidade X honra e intimidade
- DNA não é o único meio de prova, não é absoluto (processo de sacralização do DNA)
- interpretação a contrario sensu da súmula 301/STJ: violação à CF, CC e ECA (proteção da
dignidade e liberdade com absoluta prioridade; melhor interesse, direito à identidade e
desenvolvimento da personalidade)
- ausência do filho menor deve ser atribuída à mãe
129
AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE
STJ
** Na hipótese de a viúva não ser herdeira do investigado, ela não ostentará, em princípio, a
condição de parte ou litisconsorte necessária na ação de investigação de paternidade post
mortem. Todavia, mesmo nas hipóteses em que não ostente a condição de herdeira, a viúva
poderá impugnar ação de investigação de paternidade post mortem, devendo receber o
processo no estado em que este se encontra (interesse moral na contestação o que justifica a
intervenção no processo com fundamento no artigo 1615 do CC).
***Na hipótese em que ação de investigação de paternidade post mortem tenha sido ajuizada
após o trânsito em julgado da decisão de partilha de bens deixados pelo de cujus, o termo
inicial do prazo prescricional para o ajuizamento de ação de petição de herança é a data do
trânsito em julgado da decisão que reconheceu a paternidade, e não o trânsito em julgado da
sentença que julgou a ação de inventário.
STF – PLURIPARENTALIDADE
130
do ser humano em face das tentativas do Estado de enquadrar a sua realidade familiar em
modelos pré- concebidos pela lei; deve-se garantir que a pessoa seja feliz com suas escolhas
existenciais, o que inclui a proteção e o reconhecimento, pelo ordenamento jurídico, de
modelos familiares diversos da concepção tradicional;
- não cabe estabelecer uma hierarquia entre a filiação afetiva e a biológica, devendo ser
reconhecidos ambos os vínculos quando isso for o melhor para os interesses do descendente;
- haveria uma afronta ao princípio da paternidade responsável (art. 226, § 7º, da CF/88) se fosse
permitido que o pai biológico ficasse desobrigado de ser reconhecido como tal pelo simples
fato de o filho já ter um pai socioafetivo; todos os pais devem assumir os encargos decorrentes
do poder familiar, e o filho deve poder desfrutar de direitos com relação a todos, não só no
âmbito do direito das famílias, mas também em sede sucessória.
Obs: vale ressaltar que a filiação socioafetiva independe da realização de registro, bastando a
consolidação do vínculo afetivo entre as partes ao longo do tempo, como ocorre nos casos de
posse do estado de filho. Assim, a “adoção à brasileira» é uma das formas de ocorrer a filiação
socioafetiva, mas esta poderá se dar mesmo sem que o pai socioafetivo tenha registrado o
filho.
* A presunção legal de os filhos nascidos durante o casamento são filhos do marido não pode
servir como obstáculo para impedir o indivíduo de buscar a sua verdadeira paternidade.
****Os efeitos da sentença transitada em julgado que reconhece o vínculo de parentesco entre
filho e pai em ação de investigação de paternidade alcançam o avô, ainda que este não tenha
participado da relação jurídica processual
- limites subjetivos da coisa julgada: inter partes
- eficácia da sentença: erga omnes
STJ
131
ALIMENTOS PROVISÓRIOS/DEFINITIVOS
STJ
*Alimentos definitivos ˂ alimentos provisórios: não tem direito ao que foi pago a maior
(irrepetíveis)
*Alimentos definitivos ˃ alimentos provisórios: tem direito à diferença (artigo 13, 2º da Lei
5478)
**É admitido o ajuizamento de ação revisional apenas para pleitear a modificação da forma
de pagamento dos alimentos, ainda que não haja alteração da situação financeira das partes,
desde que comprovado que a modalidade anterior não mais atende à finalidade da obrigação
(artigo 1701 do CC).
STJ
- REGRA: sim
- EXCEÇÃO: incapacidade laboral permanente, saúde fragilizada, impossibilidade prática de
inserção no mercado de trabalho.
STJ
- entidade familiar
- dignidade, igualdade, não discriminação, solidariedade, autodeterminação, proteção das
minorias, busca da felicidade, direito fundamental e personalíssimo à orientação sexual,
mínimo existencial.
RENÚNCIA A ALIMENTOS
STJ
132
*Constituição de nova família pelo devedor não acarreta, por si só, revisão dos alimentos,
salvo se comprovada diminuição da capacidade financeira.
STJ
133
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS E IMPOSSIBILIDADE OCASIONAL DE PAGAMENTO
STJ
Em execução de alimentos pelo rito do art. 528 do CPC 2015, o acolhimento da justificativa da
impossibilidade de efetuar o pagamento das prestações alimentícias executadas desautoriza
a decretação da prisão do devedor, mas não acarreta a extinção da execução.
Se o juiz acolher a justificativa do executado, ele deverá intimar o credor para que ele informe
se deseja:
a) desistir da execução;
b) suspender a execução que foi proposta pelo rito do art. 528 do CPC 2015 aguardando para
ver se a situação econômica do devedor se modifica; ou
c) mudar o rito da execução para o do art. 523 do CPC 2015, que não prevê prisão civil, mas
apenas medidas patrimoniais, como a penhora e expropriação de bens.
*Para que o devedor consiga por fim à obrigação alimentícia, deverá ajuizar ação de exoneração
ou de revisão de alimentos.
**Se a mãe, ante o inadimplemento do pai obrigado a prestar alimentos a seu filho, assume
essas despesas, o prazo prescricional da pretensão de cobrança do reembolso é de 10 anos
(hipótese de gestão de negócios – a mãe agiu como terceiro não interessado e seu crédito é
de natureza pessoal).
STJ
* Diante do divórcio de cônjuges que viviam sob o regime da comunhão parcial de bens, não
deve ser reconhecido o direito à meação dos valores que foram depositados em conta vinculada
ao FGTS em datas anteriores à constância do casamento e que tenham sido utilizados para
aquisição de imóvel pelo casal durante a vigência da relação conjugal.
134
PARENTESCO
ALIMENTOS
**Morrendo o pai que pagava os alimentos, só se poderá cobrar alimentos dos avós se ficar
demonstrado que nem a mãe nem o espólio do falecido têm condições de sustentar o filho. O
falecimento do pai do alimentante não implica a automática transmissão do dever alimentar
aos avós.
PARENTESCO SOCIOAFETVO
*Ilegitimidade do filho para pedir que sua falecida mãe seja reconhecida como filha dos
pretensos avós
**Art.1.606, CC: A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aos
herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz. Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os
herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo.
****O filho teria legitimidade para propor ação pedindo o reconhecimento de sua relação
de parentesco socioafetivo com os pretensos avós. Aí, contudo, seria outra ação, na qual se
buscaria um direito próprio (e não de sua mãe).
135
ALIMENTOS
*A genitora que, ao tempo em que exercia a guarda judicial do filho, representou-o em ação de
execução de débitos alimentares possui legitimidade para prosseguir no processo executivo
com intuito de ser ressarcida, ainda que, no curso da cobrança judicial, a guarda tenha sido
transferida ao genitor (executado).
*O STJ entende que há neste caso sub-rogação. A mãe, como arcou com a dívida que era do
pai da criança, sub-rogou-se no direito de cobrar o pai como se fosse o filho. O CPC permite
que o sub-rogado que não receber o crédito do devedor possa prosseguir na execução já
iniciada pelo credor originário (art. 857, §2º)
BEM DE FAMÍLIA
*A 2ª Turma do STJ, ampliando a proteção dada pela Súmula 486/STJ (é impenhorável o único
imóvel RESIDENCIAL do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com
a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família), decidiu que também
é impenhorável o único imóvel COMERCIAL do devedor que esteja alugado quando o valor
do aluguel é destinado unicamente ao pagamento de locação residencial por sua entidade
familiar.
DIVÓRCIO
136
DIVÓRCIO
**Depois de a Justiça brasileira decidir, caberá à parte, assim entendendo, promover a efetivação
de seu direito material aqui reconhecido mediante os trâmites adequados conforme o direito
internacional.
DIVÓRCIO
*É cabível indenização pelo uso exclusivo de imóvel que já foi objeto de divisão na ação de
divórcio (50% para cada um dos ex-cônjuges), mas ainda não partilhado formalmente.
*Na separação e no divórcio, o fato de certo bem comum ainda pertencer indistintamente aos
ex-cônjuges, por não ter sido formalizada a partilha, não representa automático empecilho ao
pagamento de indenização pelo uso exclusivo do bem por um deles, desde que a parte que
toca a cada um tenha sido definida por qualquer meio inequívoco.
UNIÃO ESTÁVEL
*Casal que vive (ou viverá) em união estável pode celebrar contrato de convivência dizendo
que aquela relação será regida por um regime de bens igual ao regime da comunhão universal.
Esse contrato, para ser válido, precisa ser feito por escrito, mas não é necessário que seja
realizado por escritura pública.
GUARDA COMPARTILHADA
*O § 2º do art. 1.584 somente admite duas exceções em que não será aplicada a guarda
compartilhada: a) um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor;
b) um dos genitores não estiver apto a exercer o poder familiar.
137
*É possível afastar a guarda compartilhada com base em peculiaridades do caso concreto
mesmo que não previstas no § 2º do art. 1.584 do CC?
- SIM. As peculiaridades do caso concreto podem servir como argumento para que não seja
implementada a guarda compartilhada. Isso porque deve-se atentar para o princípio do
melhor interesse dos menores. (STJ. 3ª Turma. REsp 1605477/RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 21/06/2016).
DIREITO DE VISITAS
SUCESSÃO DO CÔNJUGE
STJ
- cônjuge é herdeiro necessário mesmo que no caso concreto não tenha direito à herança
** Ocorrendo a morte de um dos cônjuges após dois anos da separação de fato do casal,
é legalmente relevante, para fins sucessórios, a discussão da culpa do cônjuge sobrevivente
pela ruptura da vida em comum
138
- apesar da divergência doutrinária (violação ao contraditório e ampla defesa, EC 66), o STJ
entende que deve ser mantida a aplicação do art. 1.830 do CC para os casos em que ele regular
- ônus da prova: cônjuge sobrevivente
- parâmetro utilizado pelo juiz para aferir a culpa: artigo 1573 do CC
**** A viúva meeira que não ostente a condição de herdeira é parte ilegítima para figurar no
polo passivo de ação de petição de herança na qual não tenha sido questionada a meação,
ainda que os bens integrantes de sua fração se encontrem em condomínio pro indiviso com os
bens pertencentes ao quinhão hereditário.
DIREITOS AUTORAIS
DIREITOS AUTORAIS
É indevida a cobrança de direitos autorais pela execução, sem autorização prévia dos titulares
dos direitos autorais ou de seus substitutos, de músicas folclóricas e culturais em festa junina
realizada no interior de estabelecimento de ensino, na hipótese em que o evento tenha sido
organizado como parte de projeto pedagógico, reunindo pais, alunos e professores, com vistas
à integração escola-família, sem venda de ingressos e sem a utilização econômica das obras.
DIREITOS AUTORAIS
Se o Município contratou, mediante licitação, uma empresa para a realização do evento, será
dela a responsabilidade pelo pagamento dos direitos autorais.
2) se ficar comprovado que o Município teve culpa em seu dever de fiscalizar o cumprimento
do contrato público (culpa in eligendo ou in vigilando).
139
DIREITOS AUTORAIS
Nos contratos sob encomenda de obras intelectuais, a pessoa jurídica que figura como
encomendada na relação contratual pode ser titular dos direitos autorais, conforme
interpretação do art. 11, parágrafo único, da Lei nº 9.610/98. Assim, ocorrendo a utilização
indevida da obra encomendada, sem a devida autorização, caberá à pessoa jurídica contratada
pleitear a reparação dos danos sofridos.
DIREITOS AUTORAIS
Ação de busca e apreensão de bem alienado fiduciariamente: o termo inicial para a contagem
do prazo de 15 dias para o oferecimento de resposta pelo devedor fiduciante é a data de
juntada aos autos do mandado de citação devidamente cumprido (e não a data da execução
da medida liminar).
140
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA
*Art. 3º, §2º, do DL 911/69: No prazo do § 1º, o devedor fiduciante poderá pagar a integralidade
da dívida pendente, segundo os valores apresentados pelo credor fiduciário na inicial, hipótese
na qual o bem lhe será restituído livre do ônus. (Redação dada pela Lei 10.931/2004).
ARBITRAGEM
ARBITRAGEM
O Poder Judiciário não pode decretar a nulidade de cláusula arbitral (compromissória) sem
que essa questão tenha sido apreciada anteriormente pelo próprio árbitro, nos termos do art.
8º, parágrafo único da Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/96).
Exceção: O Poder Judiciário pode, nos casos em que prima facie é identificado um
compromisso arbitral “patológico”, isto é, claramente ilegal, declarar a nulidade dessa cláusula,
independentemente do estado em que se encontre o procedimento arbitral.
CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA
Segundo o art. 4º, § 2º da Lei nº 9.307/96, nos contratos de adesão, a cláusula compromissória
só terá eficácia se o aderente:
141
-concordar, expressamente, com a sua instituição, por escrito, em documento anexo ou em
negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula.
*Art. 62, inciso II: O prazo de 15 dias para purgação da mora deve ser contado a partir da
juntada aos autos do mandado de citação ou aviso de recebimento devidamente cumprido.
DÚVIDA
STJ – INF 595
*Não cabe recurso especial contra decisão proferida em procedimento de dúvida registral,
sendo irrelevantes a existência de litigiosidade ou o fato de o julgamento emanar de órgão do
Poder Judiciário, em função atípica.
**O procedimento de dúvida registral tem, por força de expressa previsão legal, natureza
administrativa (art. 204 da Lei de Registros Públicos – Lei nº 6.015/1973), não se qualificando
como prestação jurisdicional.
PROCESSO DE CONHECIMENTO
142
BOA-FÉ OBJETIVA NO PROCESSO CIVIL
**Início da execução pela sistemática dos precatórios e renúncia ao crédito excedente para
receber por RPV (artigo 87/ADCT): REGRA (princípio da causalidade)
STJ
*União, autarquias, fundações e empresas públicas federais: somente será aceita se o autor
renunciar ao direito material sobre que se funda a ação (artigo 3º da Lei 9469/97) – oposição
justificada à desistência
143
DESISTÊNCIA DO MS APÓS SENTENÇA
STF e STJ
**Não cabe sustentação oral no julgamento que aprecia o pedido de liminar formulado em
mandado de segurança. Caberá sustentação oral no julgamento final do MS (artigos 937, VI,
do CPC 2015 e 16 da Lei nº 12.016/2009)
STJ
STF
STJ
*2 requisitos:
- não alteração da competência
- as autoridades pertençam à mesma pessoa jurídica
**existe corrente que não admite a emenda da petição inicial para corrigir equívoco na
indicação da autoridade coatora
144
PRAZO MS – SUPRESSÃO/REDUÇÃO DE VERBAS
STJ
STJ
CONFLITO DE COMPETÊNCIA/CONEXÃO
STJ
- conexão: reunião dos processos (regra)
- não haverá reunião dos processos quando implicar em modificação de competência absoluta
(não se prorroga por conexão/continência) – suspensão de um dos processos para evitar
decisões contraditórias (artigo 265, IV, a/CDC)
145
* Implica indevido obstáculo ao acesso à tutela jurisdicional a decisão que, após o
reconhecimento da incompetência absoluta do juízo, em vez de determinar a remessa dos
autos ao juízo competente, extingue o feito sem exame do mérito, sob o argumento de
impossibilidade técnica do Judiciário em remeter os autos para o órgão julgador competente,
ante as dificuldades inerentes ao processamento eletrônico.
STJ
- local do acidente
- domicílio do autor (artigo 100, parágrafo único/CPC)
- domicílio do réu (artigo 94/CPC)
STJ
STJ
146
PROVA EMPRESTADA ORIUNDA DE PROCESSO NO QUAL NÃO FIGURAVAM AS MESMAS
PARTES
STJ
STJ
* Não é cabível ação de exibição de documentos que tenha por objeto a obtenção de
informações detidas pela Administração Pública que não foram materializadas em documentos
(eletrônicos ou não), ainda que se alegue demora na prestação dessas informações pela via
administrativa. É cabível habeas data.
STJ
147
AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE E RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA
STJ
*Competência concorrente:
- não há litispendência
- valerá a sentença que transitar em julgado em primeiro lugar
STJ
COMPETÊNCIA
148
SUSPEIÇÃO
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Não cabe a fixação de honorários recursais (art. 85, § 11, do CPC/2015) em caso de recurso
interposto no curso de processo cujo rito exclua a possibilidade de condenação em honorários.
Como exemplo desta situação, pode-se citar o mandado de segurança, que não admite
condenação em honorários advocatícios (art. 25 da Lei nº 12.016/2009, súmula 105-STJ e
súmula 512-STF). Logo, se for interposto um recurso ordinário constitucional ou um recurso
extraordinário neste processo, o Tribunal não fixará honorários recursais.
JUSTIÇA GRATUITA
O art. 12, § 2º, da Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) estabelece uma presunção relativa
de que o autor da ação de usucapião especial urbana é hipossuficiente. Isso significa que essa
presunção pode ser ilidida (refutada) a partir da comprovação inequívoca de que o autor não
é considerado “necessitado”
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
HONORÁRIOS PERICIAIS
149
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
**Fundamento: art. 475-L, II e § 1º, do CPC/1973 (art. 525, § 1º, III e § 12 do CPC/2015).
***CPC/2015, art. 525, §§14 e 15: Para que o devedor possa alegar a inexigibilidade da obrigação
argumentando que o título é baseado em lei incompatível com a Constituição, exige-se que
a decisão do STF seja anterior à formação da coisa julgada. Se for posterior, a matéria não
poderá ser alegada em impugnação, devendo ser proposta ação rescisória.
STF
STJ
- o prazo tem início a partir do trânsito em julgado da decisão como um todo (súmula 401)
NÃO CABE AÇÃO RESCISÓRIA CONTRA ACÓRDÃO QUE À ÉPOCA DE SUA PROLAÇÃO ESTAVA
DE ACORDO COM O ENTENDIMENTO DO STF
STF
150
*Súmula 343/STF: interpretação controvertida nos tribunais – não cabe ação rescisória
De acordo com o entendimento atual do STF, aplica-se a súmula 343 mesmo tratando-se de
controvérsia jurisprudencial sobre norma constitucional.
*ÚNICA EXCEÇÃO: norma declarada inconstitucional pelo STF e eficácia erga omnes e sem
modulação de efeitos
STJ
*2ª corrente: prevalece a segunda sentença, enquanto não desconstituída mediante ação
rescisória. Se passar o prazo de 2 anos da rescisória, a segunda valerá para sempre.
- a exceção de pré-executividade não substitui a ação rescisória.
STJ
*Em uma ação de indenização, se ocorrer a revelia, deve-se presumir a veracidade quanto aos
danos narrados na petição inicial (efeito material). No entanto, esta presunção de veracidade
não alcança a definição do quantum indenizatório indicado pelo autor.
151
JUNTADA DE DOCUMENTOS EM APELAÇÃO
STJ
*Requisitos:
- documento não indispensável à propositura da ação
- não haja má-fé
- contraditório
STJ
STF
*ED para corrigir premissa equivocada: SIM (inclusive com efeito modificativo)
- erros materiais
- erro de fato
152
***Os embargos de declaração, ainda que contenham nítido pedido de efeitos infringentes,
não devem ser recebidos como mero “pedido de reconsideração”. Três razões principais: a)
não atende a nenhuma previsão legal, tampouco aos requisitos de aplicação do princípio
da fungibilidade recursal considerando que pedido de reconsideração nem é previsto na lei
nem pode ser considerado recurso; b) traz surpresa e insegurança jurídica ao jurisdicionado,
pois, apesar de interposto tempestivamente o recurso cabível, ficará à mercê da subjetividade
do magistrado; c) acarreta ao embargante grave sanção sem respaldo legal, qual seja, a não
interrupção de prazo para posteriores recursos, aniquilando o direito da parte embargante,
o que supera a penalidade objetiva positivada no § 2º do art. 1.022 do CPC 2015 (devido
processo legal e proibição de reformatio in pejus).
**** Situações em que os embargos de declaração não irão interromper o prazo para os demais
recursos:
1) Quando os embargos de declaração forem intempestivos
2) Se a parte já tiver apresentado dois embargos anteriormente e estes tiverem sido
considerados protelatórios (§ 4º do art. 1.026 do CP 2015).
***** Não cabem embargos de declaração contra a decisão que não se pronunciou sobre
determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada. O julgador não está
obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado
motivo suficiente para proferir a decisão. O julgador possui o dever de enfrentar apenas as
questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na decisão recorrida (art. 489,
§ 1º, IV, do CPC).
STJ
153
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS RECURSAIS
STF: SIM
Após o início da vigência do Novo CPC, é possível condenar a parte sucumbente em honorários
advocatícios na hipótese de o recurso de embargos de declaração, interposto perante Tribunal,
não atender os requisitos previstos no art. 1.022 e tampouco se enquadrar em situações
excepcionais que autorizem a concessão de efeitos infringentes.
DOUTRINA: NÃO
Não há honorários recursais em qualquer recurso, mas só naqueles em que for admissível
condenação em honorários advocatícios de sucumbência na primeira instância. No julgamento
de embargos de declaração, não há majoração de honorários advocatícios anteriormente
fixados. Isso porque o §11 do art. 85 do CPC refere-se a tribunal, afastando a sucumbência
recursal no âmbito da primeira instância. Assim, opostos embargos de declaração contra
decisão interlocutória ou contra sentença, não há sucumbência recursal, não havendo, de igual
modo e em virtude da simetria, sucumbência recursal em embargos de declaração opostos
contra decisão isolada do relator ou contra acórdão.
*** Não cabe a fixação de honorários recursais em caso de recurso interposto no curso de
processo cujo rito exclua a possibilidade de condenação em honorários.
154
Em outras palavras, não é possível fixar honorários recursais quando o processo originário não
preveja condenação em honorários (exs: MS).
**** É cabível a fixação de honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do CPC/2015, mesmo
quando não apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado da parte recorrida.
STJ
*JEF ou JFP: não é cabível reclamação (pedido de uniformização de interpretação de lei federal).
STJ
STJ
155
APLICAÇÃO DA CLÁUSULA DE SANABILIDADE RECURSAL (artigo 932, parágrafo único/CPC)
STF
O prazo de 5 dias previsto no parágrafo único do art. 932 do CPC/2015 só se aplica aos casos
em que seja necessário sanar vícios formais.
*A suspeição por causa superveniente ao ajuizamento da ação não tem efeitos retroativos, ou
seja, não gera a nulidade dos atos processuais precedentes.
156
REPERCUSSÃO GERAL
MANDADO DE SEGURANÇA
Cabe mandado de segurança contra ato do Ministro da Defesa que não efetua o pagamento
dos valores atrasados decorrentes da reparação econômica devida a anistiado político (art. 8º
do ADCT).
RECLAMAÇÃO
Quando o CPC (art. 988, § 5º, II, do CPC/2015 )exige que se esgotem as instâncias ordinárias,
significa que a parte só poderá apresentar reclamação ao STF depois de ter apresentado todos
os recursos cabíveis não apenas nos Tribunais de 2º grau, mas também nos Tribunais Superiores
(STJ, TST e TSE). Se ainda tiver algum recurso pendente no STJ ou no TSE, por exemplo, não
caberá reclamação ao STF.
Nos casos em que se busca garantir a aplicação de decisão tomada em recurso extraordinário
com repercussão geral, somente é cabível reclamação ao STF quando esgotados todos os
recursos cabíveis nas instâncias antecedentes.
MANDADO DE SEGURANÇA
A 1ª Turma do STF reconheceu que o MS foi impetrado fora do prazo, no entanto, como foi
concedida liminar e esta perdurou por mais de 12 anos, os Ministros entenderam que deveria
ser apreciado o mérito da ação, em nome da segurança jurídica.
157
RECURSOS
*O STJ cancelou formalmente a súmula 418 (É inadmissível o recurso especial interposto antes
da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação).
**NCPC, art. 1.024 (...) § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a
conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação
do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente
de ratificação.
RECURSOS
*CPC/2015, art. 1.042: não cabe agravo para o STJ contra decisão que inadmite recurso especial
quando o acórdão recorrido decidiu em conformidade com recurso repetitivo, mas sim agravo
interno para o próprio Tribunal de origem (art. 1.042).
*Se, em vez disso, a parte interpuser o agravo em recurso especial para o STJ, cometerá erro
grosseiro. Chegando ao STJ este agravo, ele não será conhecido e ele não retornará para que
seja julgado pelo Tribunal de origem como agravo interno.
158
AGRAVO DE INSTRUMENTO
*Admite-se a aplicação da teoria da causa madura (art. 515, § 3º, do CPC/1973 / art. 1.013, § 3º
do CPC/2015) em julgamento de agravo de instrumento.
STJ – INF 591
As peças que devem formar o instrumento do agravo podem ser apresentadas em mídia
digital (DVD).
PROCESSO DE EXECUÇÃO
STJ
STJ
159
ASTREINTES
STJ
- finalidade coercitiva
- não tem finalidade ressarcitória (pode ser cumulada com juros e perdas e danos)
- pode ser imposta de ofício
-destinatário: autor da demanda (a destinação ao Estado depende de expressa previsão legal)
- natureza jurídica híbrida: função processual (garantir a eficácia da decisão judicial) e função
material (compensar o credor pelo tempo em que ficou privado do bem da vida)
- em razão da natureza material, o pagamento da multa está condicionado à procedência do
pedido
- não preclui nem faz coisa julgada (artigo 46, 6º/CPC)
*É possível que o valor da multa cominatória seja superior ao valor da obrigação principal
quando o montante acumulado decorre da inércia do devedor por longo período de tempo
- a proporcionalidade e razoabilidade do valor da multa em relação à obrigação principal deve
ser analisada no momento de sua fixação, sob pena de estimular a recalcitrância do devedor
em cumprir decisões judiciais e a interposição de recursos com a finalidade de reduzir o valor
da penalidade, em total desprestígio às instâncias ordinárias
STJ
STJ
160
*Fraude contra credores – requisitos:
- alienação onerosa: eventus damni + consilium fraudis
- alienação gratuita/remissão: eventus damni
- anterioridade do crédito (salvo fraude predeterminada em prejuízo de credores futuros)
**Efeitos:
- 1ª corrente: anulável (vício social – CC)
- 2ª corrente: ineficaz perante o credor
STJ
STJ
STJ
161
- objetivo: proteger o devedor contra execuções que comprometam o mínimo necessário para
sua subsistência e de sua família
**Verbas rescisórias: são impenhoráveis por força do inciso IV, mesmo que superiores ao
valor do salário mensal (porque o devedor não estava guardando esse dinheiro por vontade
própria). Porém, quando aplicada por longo período em fundo de investimento perde o caráter
alimentar e pode ser penhorada.
STJ
STJ
STJ
Mesmo após a prolação da sentença ou do acórdão que decide a lide, podem as partes
transacionar o objeto do litígio e submetê-lo à homologação judicial.
- a tentativa de conciliação dos interesses em conflito é obrigação de todos os operadores do
direito desde a fase pré-processual até a fase de cumprimento de sentença. O magistrado tem
o dever de, a qualquer tempo, buscar conciliar as partes (art. 139, V, do CPC 2015).
- interesses do Estado na rápida solução dos litígios; converge para o ideal de concretização da
pacificação social. Logo, não há marco final para implementá-la.
162
EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA – FOLHA SUPLEMENTAR
STJ
STJ
*Fraude à execução fiscal: não se exige prova de má-fé do terceiro adquirente; não se aplica a
súmula 375 (artigo 185/CTN)
*indisponibilidade de bens: o artigo 185-A/CTN somente se aplica à execução de dívidas
tributárias; pressupõe o esgotamento de todas as diligências para localizar bens do executado
STJ
PRECATÓRIOS
*A decisão judicial que, em julgamento de mandado de segurança, determina que a União faça
o pagamento dos valores atrasados decorrentes de reparação econômica devida a anistiado
político não se submete ao regime dos precatórios, devendo o pagamento ser feito de forma
imediata.
163
ADVOGADO PODE RECEBER HONORÁRIOS MEDIANTE RPV AINDA QUE O CRÉDITO
PRINCIPAL SEJA EXECUTADO PELO REGIME DE PRECATÓRIOS
STF e STJ
ADJUDICAÇÃO
STJ
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE
STJ
164
III - Pode ser decretada de ofício. No entanto, antes de decretar, o juiz deverá intimar as partes
para que se manifestem no prazo de 15 dias (artigo 921, § 5º/CPC).
IV - As regras da prescrição intercorrente previstas no art. 921, III e §§ 1º a 5º, do CPC, valem
tanto para a execução de título extrajudicial como para o cumprimento de sentença.
PRECATÓRIOS
Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos e
a da requisição de pequeno valor (RPV) ou do precatório.
ATENÇÃO: Não confundir com a Súmula Vinculante 17. O período de que trata neste informativo
(RE 579431/RS) é anterior à requisição do precatório, ou seja, anterior ao interregno tratado
pela SV 17.
EXECUÇÃO
-Direito Pessoal (obrigacional): os direitos reais são em número limitado (numerus clausus) e
estão previstos taxativamente no art. 1.225 do CC.
165
COTA DE FUNDO DE INVESTIMENTO
*As cotas de fundo de investimento não podem ser consideradas como dinheiro aplicado em
instituição financeira, por isso não se subsomem à ordem de preferência legal disposta no
inciso I do art. 835 do CPC/2015.
EMBARGOS DE TERCEIROS
*Nos embargos de terceiro cujo pedido foi acolhido para desconstituir a constrição
judicial, os honorários advocatícios serão arbitrados com base no princípio da causalidade,
responsabilizando-se o atual proprietário (embargante), se este não atualizou os dados
cadastrais. Os encargos de sucumbência serão suportados pela parte embargada, porém, na
hipótese em que esta, depois de tomar ciência da transmissão do bem, apresentar ou insistir
na impugnação ou recurso para manter a penhora sobre o bem cujo domínio foi transferido
para terceiro.
FRAUDE À EXECUÇÃO
*A fraude à execução só poderá ser reconhecida se o ato de disposição do bem for posterior
à citação válida do sócio devedor, quando redirecionada a execução que fora originariamente
proposta em face da pessoa jurídica.
166
4) A presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito, devendo ser
respeitada a parêmia (ditado) milenar que diz o seguinte: “a boa-fé se presume, a má-fé se
prova”.
5) Assim, não havendo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus de
provar que o terceiro adquirente tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante
à insolvência.
EXECUÇÃO FISCAL
*Para que o imóvel rural seja impenhorável, são necessários dois requisitos (O art. 5º, XXVI, da
CF/88 e o art. 833, VIII, do CPC):
- que seja enquadrado como pequena propriedade rural, nos termos definidos pela lei;
PROCESSO CAUTELAR
167
MEDIDAS PROTETIVAS DA LEI MARIA DA PENHA APLICAM-SE EM AÇÕES CÍVEIS
STJ
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
AÇÃO MONITÓRIA
STJ
Após o decurso do prazo para pagamento ou entrega da coisa sem a oposição de embargos
pelo réu, o juiz não poderá analisar matérias de mérito, ainda que conhecíveis de ofício.
- os embargos tem natureza de defesa
- conversão do mandado monitório em mandado executivo automaticamente, ou seja, por
força de lei (ope legis) – não é sentença nem decisão interlocutória, mas mero despacho.
STJ – INF 593
O correio eletrônico (e-mail) pode fundamentar a pretensão monitória, desde que o juízo se
convença da verossimilhança das alegações e da idoneidade das declarações.
PROCESSO COLETIVO
É cabível ação civil pública proposta por Ministério Público Estadual para pleitear que Município
proíba máquinas agrícolas e veículos pesados de trafegarem em perímetro urbano deste e
torne transitável o anel viário da região.
DIREITO DO CONSUMIDOR
168
DENUNCIAÇÃO DA LIDE
STJ
STJ
- Lei 4169/62: oficializa as convenções Braille para uso na escrita e leitura dos cegos
- Lei 10048/00: determina que as pessoas portadoras de deficiência devem ter prioridade de
atendimento, inclusive em instituições financeiras; necessidade de que sejam suprimidas todas
as barreiras e obstáculos existentes para pessoas com deficiência, em especial, nos meios de
comunicação
- Decreto 6.949/2009: promulgou a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência; faz menção em diversos dispositivos ao método Braille, determinando que ele seja
incentivado como forma de propiciar aos deficientes visuais o efetivo acesso às informações
- CDC: direito básico do consumidor o fornecimento de informação suficientemente
adequada e clara do produto ou serviço oferecido (inclusive na fase pré-contratual); no caso
do consumidor deficiente visual, a consecução deste direito somente é alcançada por meio da
utilização do método Braille
- não tem relevância o fato de a Resolução 2.878/2001 do BACEN não exigir o método Braille,
contentando-se com a mera leitura em voz alta das cláusulas contratuais (insuficiente à
proteção dos interesses dos deficientes visuais, além de violar sua intimidade)
- princípio da dignidade da pessoa humana
- condenação em danos morais coletivos
169
PLANO DE SAÚDE
Regra: Súmula 469/STJ - “Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano
de saúde”.
Exceção: Não se aplica o CDC às relações entre as operadoras de planos de saúde constituídas
sob a modalidade de autogestão e seus filiados. Assim, os planos de saúde de autogestão
podem ser considerados como uma exceção à Súmula 469 do STJ:
CONCEITO DE CONSUMIDOR
PROTEÇÃO CONTRATUAL
CLÁUSULAS/PRÁTICAS ABUSIVAS
170
CLÁUSULA PENAL EM DESFAVOR DO CONSUMIDOR
STJ
- cláusula abusiva (art. 51, IX, XI e XII/CDC e Portaria 4/98 da Secretaria de Direito Econômico
do Ministério da Justiça)
-juízo de equidade
*Não é abusiva a cláusula prevista em contrato de adesão que impõe ao consumidor em mora
a obrigação de pagar honorários advocatícios decorrentes de cobrança extrajudicial: além
de não causar prejuízo indevido ao consumidor, tem previsão expressa no CC (artigos 389,
395 e 404), desde que assegurado ao consumidor o mesmo direito caso o fornecedor seja
inadimplente.
STJ
STJ
3ª REGRA: compromisso arbitral em contrato de consumo: SIM, desde que haja concordância
do consumidor
171
PLANOS DE SAÚDE
STJ
3) Danos morais
-REGRA: mero inadimplemento contratual não gera danos morais (fato previsível em toda
relação negocial – mero aborrecimento)
- EXCEÇÃO: recusa de cobertura securitária pelo plano de saúde (agrava a situação de aflição
psicológica e de angústia do segurado que já se encontra em condição de dor, abalo psicológico
e com a saúde debilitada)
172
7) A operadora é obrigada a custear serviço de home care (tratamento domiciliar) em substituição
à internação hospitalar, mesmo que não conste expressamente do rol de coberturas previsto
no contrato, desde que respeitados os seguintes requisitos:
a) tenha havido indicação desse tratamento pelo médico;
b) exista real necessidade do atendimento domiciliar;
c) a residência possua condições estruturais para fazer o tratamento domiciliar;
d) haja solicitação da família do paciente;
e) o paciente concorde com o tratamento domiciliar;
f ) não ocorra uma afetação do equilíbrio contratual em prejuízo do plano de saúde (exemplo
em que haveria um desequilíbrio: nos casos em que o custo do atendimento domiciliar por dia
supera a despesa diária em hospital)
8) O usuário de plano de saúde coletivo tem legitimidade ativa para ajuizar individualmente
ação contra a operadora pretendendo discutir a validade de cláusulas
contratuais, não sendo empecilho o fato de a contratação ter sido intermediada por caixa de
assistência da categoria profissional.
- relação jurídica de direito material: estipulação em favor de terceiro (vínculo jurídico formado
entre a operadora e o grupo de usuários); para os usuários, a estipulante é apenas uma
intermediária, uma mandatária, não representando a operadora; tanto a estipulante, quanto
o beneficiário podem exigir o cumprimento da obrigação (artigo 436, parágrafo único do CC).
10) O plano de saúde deve reembolsar o segurado pelas despesas que pagou com tratamento
médico realizado em situação de urgência ou emergência por hospital não credenciado, ainda
que o referido hospital integre expressamente tabela contratual que exclui da cobertura os
hospitais de alto custo, limitando-se o reembolso, no mínimo, ao valor da tabela de referência
de preços de serviços médicos e hospitalares praticados pelo plano de saúde (artigo 12, VI da
Lei 9656/98).
*o ressarcimento fica restrito ao período de tratamento da situação de urgência e emergência.
11) Não é abusiva cláusula contratual de plano privado de assistência à saúde que estabeleça
a coparticipação do usuário nas despesas médico-hospitalares em percentual sobre o custo
173
de tratamento médico realizado sem internação, desde que a coparticipação não caracterize
financiamento integral do procedimento por parte do usuário, ou fator de restrição severo ao
acesso aos serviços (art. 16, VIII, da Lei nº 9.656/98 e Resolução nº 8/1998 do CONSU).
- diminuição do risco assumido pela operadora/redução do valor da mensalidade/estímulo à
prudência
13) o empregado que for aposentado ou demitido sem justa causa não terá direito de ser
mantido em plano de saúde coletivo empresarial custeado exclusivamente pelo empregador
- sendo irrelevante se houver coparticipação no pagamento de procedimentos de assistência
médica, hospitalar e odontológica -, salvo disposição contrária expressa em contrato ou em
convenção coletiva de trabalho. (INF 588)
STJ
174
PROCON TEM LEGITIMIDADE PARA INTERPRETAR CLÁUSULAS DE UM CONTRATO DE
CONSUMO E APLICAR SANÇÕES
STJ
- o artigo 4º, II, “c” do CDC legitima (autoriza) a presença plural do Estado (Poder Público)
no mercado de consumo, tanto por meios de órgãos da administração pública voltados à
defesa do consumidor (ex: Procon), quanto por meio de órgãos clássicos (Defensoria Pública,
Ministério Público, delegacias de polícia especializada, entre outros).
- o Procon, embora seja órgão administrativo e não detenha jurisdição, está apto a interpretar
cláusulas contratuais, porque a Administração Pública, por meio de órgãos de julgamento
administrativo, pratica controle de legalidade, o que não se confunde com a função jurisdicional
propriamente dita pertencente ao Judiciário.
- a sanção administrativa aplicada pelo Procon é passível de ser contestada por ação judicial.
STJ
175
- não traz qualquer benefício ao contratante; ao contrário, faz com que fique em uma situação
de extrema vulnerabilidade, já que autoriza que seja constituído unilateralmente um título
executivo contra ele, o que reduz, inegavelmente, a sua capacidade de defesa
- no mandato, o representante deve atuar em nome do representado, de acordo com os seus
interesses; neste caso, isso não ocorre, havendo nítido conflito de interesses.
- insere o consumidor/mandante em notória e exagerada desvantagem, o que atenta contra
a boa-fé e a equidade
INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA
COMISSÃO DE CORRETAGEM
Exceção: o contrato firmado entre as partes e o corretor poderá dispor em sentido contrário, ou
seja, poderá prever que comprador e vendedor irão dividir o pagamento, que só o vendedor
irá pagar etc. (Info 556).
176
SATI
PRÁTICA ABUSIVA
Instituição de ensino superior não pode recusar a matrícula de aluno aprovado em vestibular
em razão de inadimplência em curso diverso anteriormente frequentado por ele na mesma
instituição.
CONTRATOS BANCÁRIOS
É legítima a cobrança, pelas instituições financeiras, de tarifas relativas a saques quando estes
excederem o quantitativo de quatro realizações por mês.
CONTRATOS BANCÁRIOS
É lícita a cobrança de tarifa por liquidação antecipada de débito para as operações de crédito
e arrendamento mercantil contratadas antes de 10/12/2007 (data da publicação da Resolução
CMN nº 3.516, de 2007), desde que esteja claramente identificada no extrato de conferência.
177
VÍCIO DO PRODUTO
*É legal a conduta de fornecedor que concede apenas 3 (três) dias para troca de produtos
defeituosos, a contar da emissão da nota fiscal, e impõe ao consumidor, após tal prazo, a
procura de assistência técnica credenciada pelo fabricante para que realize a análise quanto à
existência do vício.
*A loja conferiu um “plus”, ou seja, uma providência extra que não é prevista no CDC, não
sendo, contudo, vedada porque favorece o consumidor. Vale ressaltar que a política de troca da
loja (direito de troca direta do produto em 3 dias) não exclui a possibilidade de o consumidor
realizar a troca, na forma do art. 18, § 1º, I, do CDC, caso o vício não seja sanado no prazo de
30 dias. Em outras palavras, a loja concede uma opção extra, além daquelas já previstas no art.
18, § 1º.
CADASTRO DE INADIMPLENTES
STJ
REGRA: ausência de prévia comunicação por escrito gera dano moral (in re ipsa)
EXCEÇÕES:
- quando preexistente legítima inscrição (súmula 385/STJ - também é aplicada às ações
voltadas contra o suposto credor que efetivou inscrição irregular)
- reprodução de informação negativa constante de registro público
178
CADASTRO DE INADIMPLENTES
Vencida e não paga a obrigação, inicia-se no dia seguinte a contagem do prazo de 05 anos de
permanência de registro de nome de consumidor em cadastro de proteção ao crédito (art. 43,
§ 1º, do CDC), não importando a data em que o nome do consumidor foi negativado.
CADASTRO DE INADIMPLENTES
-Se o credor informou o endereço certo para o órgão mantenedor do cadastro e este foi quem
errou: a responsabilidade será do órgão mantenedor.
STJ
STJ
-serviço que não oferece a segurança que dele legitimamente se espera = serviço defeituoso (o
banco tem o dever contratual de gerir com segurança a movimentação bancária dos clientes)
179
= fato do serviço – RESPONSABILIDADE OBJETIVA (art. 14/CDC e súmula 479/STJ), inclusive
por atos de terceiro (fortuito interno: riscos inerentes à atividade bancária)
-única excludente: culpa exclusiva do correntista (art. 14, parágrafo 3º,II/CDC)
-culpa concorrente: apenas atenua o valor da indenização
*O banco deve compensar os danos morais sofridos por consumidor vítima de saque
fraudulento que, mesmo diante de grave e evidente falha na prestação do serviço bancário,
teve que intentar ação contra a instituição financeira com objetivo de recompor o seu
patrimônio, após frustradas tentativas de resolver extrajudicialmente a questão (não se trata
de dano moral in re ipsa).
**Não configura dano moral in re ipsa a simples remessa de fatura de cartão de crédito para
a residência do consumidor com cobrança indevida. Para configurar a existência do dano
extrapatrimonial, é necessário que se demonstre que a operadora de cartão de crédito, além
de ter incluído a cobrança na fatura, praticou outras condutas que configurem dano moral,
como por exemplo:
a) reiteração da cobrança indevida mesmo após o consumidor ter reclamado;
b) inscrição do cliente em cadastro de inadimplentes;
c) protesto da dívida;
d) publicidade negativa do nome do suposto devedor; ou
e) cobrança que exponha o consumidor, o submeta à ameaça, coação ou constrangimento.
- a banalização do dano moral, em caso de mera cobrança indevida, sem repercussão em direito
da personalidade, aumentaria o custo da atividade econômica, o qual oneraria, em última
análise, o próprio consumidor. Por outro lado, a indenização por dano moral, se comprovadas
consequências lesivas à personalidade decorrentes da cobrança indevida, tem a benéfica
consequência de estimular boas práticas pelo empresário.
***Banco postal (serviços bancários prestados por agências dos Correios): não se exige a
adoção de recursos de segurança específicos previstos na Lei 7102/83, porque não exerce
atividade-fim e primária de instituição financeira; responsabilidade objetiva da ECT por furto/
roubo ocorrido no interior do estabelecimento – fortuito interno (art. 37, parágrafo 6º/CF e 14/
CDC)
****Casa lotérica: não é instituição financeira (Lei 4595/64); a CEF não está obrigada a adotar
as mesmas normas de segurança (Lei 7102/83); regime de permissão (corre por conta e risco
do permissionário – Lei 8987/95)
180
*****Responsabilidade da empresa de vigilância: obrigação de meio (dever de envidar todos
os esforços possíveis para evitar danos ao patrimônio do banco e agir com diligência na
minimização dos riscos; não se pode exigir dos seguranças atitudes heróicas perante grupo
fortemente armado); contrato de prestação de serviços de vigilância não pode ser transformado
em contrato de seguro.
STJ
STJ
* vallet parking
- roubo: NÃO (garantia de segurança menos contundente nessa espécie de serviço)
- furto: SIM (serviço defeituoso)
STJ
- serviços prestados pela GOOGLE, mesmo gratuitos configuram relação de consumo (o termo
“mediante remuneração” do artigo 3º, 2º/CDC inclui ganho indireto do fornecedor)
- provedor de pesquisa é espécie de provedor de conteúdo
- filtragem do conteúdo das pesquisas não é atividade intrínseca ao serviço prestado: o serviço
não é defeituoso (artigo 14/CDC)
181
- direito à informação: a internet é importante veículo de comunicação em massa (artigo 220,
1º/CF)
*Não há dano moral quando a Google exibe, como resultado de uma busca, a indicação do
link de um site que não mais contém aquela palavra ou frase porque já foi removida, em razão
da demora na atualização do seu banco de dados.
**A ausência de congruência entre o resultado atual e os termos pesquisados, ainda que
decorrentes da posterior alteração do conteúdo original publicado pela página, configuram
falha na prestação do serviço de busca, que deve ser corrigida nos termos do art. 20 do CDC,
por frustrarem as legítimas expectativas dos consumidores. Porém, não há dano moral quando
o provedor de busca, mesmo após ser cientificado pelo consumidor, continua exibindo
resultado desatualizado, apesar de obrigado a desfazer a referida indexação, ainda que esta
não tenha nenhum potencial ofensivo.
VÍCIOS DE PRODUTO
O provedor de buscas de produtos à venda on-line que não realiza qualquer intermediação
entre consumidor e vendedor não pode ser responsabilizado por qualquer vício da mercadoria
ou inadimplemento contratual.
182
DA DECADÊNCIA E DA PRESCRIÇÃO
STJ
- art. 33, parágrafo 3º/ECA: norma específica de proteção à criança e ao adolescente deve
prevalecer sobre a Lei da Previdência Social
- não é dado ao intérprete atribuir à norma jurídica conteúdo que atente contra a dignidade
humana e contra o princípio da proteção integral e preferencial a crianças e adolescentes
- o ECA não é uma simples lei, representa política pública de proteção à criança e ao adolescente,
em cumprimento ao mandamento previsto no art. 227 da CF
ADOÇÃO
STJ
183
2) Adoção por casal homossexual
- STF: união homoafetiva = união estável = entidade familiar: está incluída no conceito de
família
- princípio do melhor interesse (artigo 43/ECA)
- respeitados estudos especializados sobre o tema não indicam qualquer inconveniente
- importante é a qualidade do vínculo e do afeto
* É possível a inscrição de pessoa homoafetiva no registro de pessoas interessadas na adoção
(artigo 50 do ECA), independentemente da idade da criança a ser adotada (princípio da
igualdade, dignidade humana e pluralismo familiar)
** É possível a adoção unilateral do filho biológico da companheira homoafetiva (a mesma
possibilidade é assegurada aos casais heteroafetivos)
5)Adoção de pessoa maior de idade: aplica-se o ECA, mas é dispensado o consentimento dos
pais biológicos (art. 48/ECA)
Ao menor sob guarda deve ser assegurado o direito ao benefício da pensão por morte mesmo
se o falecimento se deu após a modificação legislativa promovida pela Lei nº 9.528/97 na Lei
nº 8.213/91.
O art. 33, § 3º do ECA deve prevalecer sobre a modificação legislativa promovida na lei geral da
Previdência Social, em homenagem ao princípio da proteção integral e preferência da criança
e do adolescente (art. 227 da CF/88).
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
184
INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA DE MENOR QUE JÁ CUMPRIU MEDIDA SOCIOEDUCATIVA
O ECA não estipulou um número mínimo de atos infracionais graves para justificar a internação
do menor infrator com fulcro no art. 122, II, do ECA (reiteração no cometimento de outras
infrações graves).
**Está superado o entendimento de que a internação com base nesse dispositivo somente
seria permitida com a prática de no mínimo 3 infrações.
STJ
STJ
185
- o termo “anteriormente” contido no artigo 45, 2º, refere-se ao início da execução de medida e
não à data da prática do ato infracional que originou a medida primeiramente imposta
** Relativização da regra contida no artigo 42, II da Lei do SINASE: O simples fato de não
haver vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade em unidade próxima da
residência do adolescente infrator não impõe a sua inclusão em programa de meio aberto,
devendo-se considerar o que foi verificado durante o processo de apuração da prática do ato
infracional, bem como os relatórios técnicos profissionais.
STJ
*aplicação subsidiária:
- CPP: processo de conhecimento
- CPC: recursos
STJ
186
2ª CORRENTE: No processo penal, o fato de o suposto autor do crime já ter se envolvido em ato
infracional não constitui fundamento idôneo à decretação de prisão preventiva. Isso porque
a vida na época da menoridade não pode ser levada em consideração pelo Direito Penal para
nenhum fim. Atos infracionais não configuram crimes e, por isso, não é possível considerá-
los como maus antecedentes nem como reincidência, até porque fatos ocorridos ainda na
adolescência estão acobertados por sigilo e estão sujeitos a medidas judiciais exclusivamente
voltadas à proteção do jovem.
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
STF
É inconstitucional a expressão “em horário diverso do autorizado” contida no art. 254 do ECA.
- liberdade de expressão/liberdade de comunicação social X proteção da criança e do
adolescente: classificação indicativa
- a classificação indicativa deve ser entendida como um aviso aos usuários sobre o conteúdo
da programação, com caráter pedagógico, jamais como obrigação às emissoras de exibição
em horários específicos, especialmente sob pena de sanção administrativa
- o Poder Público pode apenas recomendar os horários adequados. A classificação dos
programas é indicativa (e não obrigatória), sob pena de caracterizar ato de censura
- será possível que as emissoras sejam processadas e responsabilizadas judicialmente caso
pratiquem abusos ou danos à integridade de crianças e adolescentes, tendo em conta,
inclusive, a recomendação do Ministério de Estado da Justiça em relação aos horários em
que determinada programação seria adequada (a liberdade de expressão não é uma garantia
absoluta e exige responsabilidade no seu exercício)
187
DIREITO EMPRESARIAL
STJ
TÍTULOS DE CRÉDITO
DUPLICATA VIRTUAL
STJ
188
- artigo 8º, parágrafo único da Lei 9492/97: o título não é imprescindível para o ajuizamento
da execução
PROTESTO – CHEQUE
STJ
*****A correção monetária incide a partir da data de emissão; os juros de mora a partir da
primeira apresentação do cheque ao sacado.
STJ
189
- não violação ao contraditório/devido processo legal: subsiste o controle jurisdicional
- contexto histórico e social: necessidade de racionalização dos procedimentos para cobrança
de dívida ativa em âmbito judicial e administrativo
- tendência moderna de intersecção dos regimes jurídicos próprios do Direito Público e
Privado (exs: função social da propriedade, sistema de gerenciamento e controle de eficiência
na prestação de serviços públicos)
STJ
**O art. 34 do DL 167/1967 foi derrogado pela Lei º 10.169/2000, que autorizou os Estados/DF
a fixarem o valor dos emolumentos.
190
CHEQUE
STJ
*Cram down (o juiz pode deferir o plano quando a assembléia rejeitar) é possível
STJ
191
*aprovado o plano de recuperação judicial é possível providenciar a retirada do nome do
devedor dos cadastros de inadimplentes e a baixa dos protestos em relação às dívidas sujeitas
ao plano – novação dos débitos sob condição resolutiva. Nesse caso, as execuções individuais
suspensas quando do deferimento da recuperação judicial devem ser extintas.
**Dívidas constituídas após o pedido de recuperação judicial não estão sujeitas ao plano
aprovado. O credor pode promover a execução no juízo comum, que não será suspensa quando
do deferimento do processamento da recuperação judicial. Porém, compete ao juízo universal
da recuperação exercer o controle sobre os atos de constrição ou expropriação patrimonial do
devedor.
*** Ainda que o plano de recuperação judicial já tenha sido homologado, é possível a retificação
do quadro geral de credores fundada em julgamento de impugnação (a fase de habilitação
e verificação de créditos e a fase da apresentação e aprovação do plano ocorrem de forma
paralela)
STJ
- quebra da par conditio creditorum: a massa deixa de receber um valor/o credor é liberado de
observar a ordem de classificação do seu crédito
- situação de ilegalidade em prejuízo dos credores não pode beneficiar quem a praticou
- artigo 122/LF: rol exemplificativo; aplicam-se os artigos 368 a 380/CC
STJ
-o falido não pode ajuizar ações em nome da massa falida, defendendo em nome próprio
direito alheio, na qualidade de substituto processual (decretada a falência, a sociedade não
mais possui personalidade jurídica)
*Legitimidade do falido para promover ação rescisória contra a sentença que decretou a sua
falência:
- efeitos da falência em relação ao falido (arts. 102 e 103/LF): inabilitação para o exercício de
atividade empresarial e perda do direito de administrar os seus bens, ressalvados os direitos
de praticar atos de prevenção do seu patrimônio, recorrer e assistir a massa falida (por ex. em
uma ação que discute a venda dos bens arrecadados)
- ação rescisória contra a sentença que decreta a falência: o falido é o único interessado a
propor a ação; não há interesse da massa ou dos credores, portanto, a legitimidade é do falido.
192
*Natureza jurídica da assistência exercida pelo falido: assistência litisconsorcial sui generis: o
falido defende interesse próprio, mas não raras vezes os interesses da coletividade de credores
são contrários aos interesses individuais do falido, hipóteses em que não se pode falar que ele
mantém relação de auxílio com a massa.
FALÊNCIA
O credor trabalhista tem legitimidade ativa para ingressar com pedido de falência, considerando
que o art. 97, IV, da Lei nº 11.101/2005 não faz distinção entre credores.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
FALÊNCIA
O autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da insolvência ou
da insuficiência patrimonial do devedor, bastando que a situação se enquadre em uma das
hipóteses do art. 94 da Lei nº 11.101/2005.
193
ARRENDAMENTO MERCANTIL
STJ
*VRG pago + valor do bem vendido ˃ VRG contratual = o arrendatário tem direito à diferença
*VRG pago + valor do bem vendido ˂ VRG contratual = o arrendatário não tem direito à
diferença
- leasing financeiro: o VRG é um valor mínimo em favor do arrendador para recuperar o custo
realizado com a aquisição do produto; garantia caso o arrendatário não exerça a opção de
compra (Portaria 564/78 do Ministério da Fazenda)
- equilíbrio econômico-financeiro do contrato, confiança, boa-fé
- redução dos custos financeiros, do spread bancário e da taxa de juros
FACTORING
STJ
*se um título de crédito foi cedido para uma empresa de factoring, o devedor pode
opor à faturizadora exceções pessoais ao beneficiário original, ainda que o sacado tenha
eventualmente aceitado o título de crédito; Na operação de factoring, há verdadeira cessão
de crédito, e não mero endosso, razão pela qual fica autorizada a discussão da causa debend
(artigo 294 do CC); a faturizadora não pode ser equiparada a um terceiro de boa-fé porque ela
tem uma relação mais profunda com a
faturizada, devendo fazer uma análise do crédito que lhe está sendo transferido.
194
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
IMPORTAÇÃO PARALELA
STJ
PROPAGANDA COMPARATIVA
STJ
*É lícita se:
- a comparação tiver por objeto principal o esclarecimento do consumidor
- as informações sejam verdadeiras, objetivas, não induzam o consumidor a erro, não depreciem
o produto ou a marca, tampouco sejam abusivas (artigo 37, 2º/CDC)
- os produtos e marcas comparados não sejam passíveis de confusão
MARCA EVOCATIVA
É aquela que remete ao próprio nome do produto ou serviço (contém uma palavra de uso
comum).
STJ
195
PATENTE PIPELINE
STJ
FRANQUIA
FRANQUIA
*A franquia não é um contrato de consumo (regido pelo CDC), mas, mesmo assim, é um
contrato de adesão.
*Segundo o art. 4º, § 2º da Lei nº 9.307/96, nos contratos de adesão, a cláusula compromissória
só terá eficácia se o aderente:
SOCIEDADE ANÔNIMA
*É possível que sociedade anônima de capital fechado, ainda que não formada por
grupos familiares, seja dissolvida parcialmente quando, a despeito de não atingir seu fim –
consubstanciado no auferimento de lucros e na distribuição de dividendos aos acionistas –,
restar configurada a viabilidade da continuação dos negócios da companhia.
196
DIREITO ELEITORAL
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS
PREFEITO ITINERANTE
STF
STF
- artigo 1º, parágrafo único/LC 78/93 e Resolução 23389/13 do TSE são inconstitucionais
(violação ao artigo 45, parágrafo 1º/CF)
- CF: número de Deputados Federais – LC (a LC 78 não poderia ter delegado essa atribuição ao
TSE)
- a LC 78/93 não estabeleceu critérios nítidos e exatos
- a fixação total do número de deputados não é matéria a ser tratada na via administrativa,
sendo o Parlamento o local próprio para discussão
- a LC 78/93 suprimiu uma prerrogativa constitucional do Parlamento – violação ao princípio
da separação de poderes
- natureza eminentemente política da matéria (só pode ser versado por instrumento legal de
hierarquia superior)
*não houve violação ao artigo 4º, 2º/ADCT: norma transitória de eficácia exaurida só valia para
proteger o mandato vigente à época da promulgação da CF/88
197
INELEGIBILIDADE REFLEXA – APLICAÇÃO ÀS ELEIÇÕES SUPLEMENTARES
STF
As hipóteses de inelegibilidade previstas no art. 14, § 7º, da CF, inclusive quanto ao prazo de
seis meses, são aplicáveis às eleições suplementares (convocadas na hipóteses de cassação do
mandato do titular e do vice).
*Exceção à regra do artigo 14, 7º da CF: Os parentes (ou cônjuge) podem concorrer nas eleições,
desde que o titular do cargo tenha direito à reeleição e não concorra na disputa (os parentes
ou o cônjuge não terão direito à reeleição); não se aplica à hipótese de cassação do mandato,
pois nesse caso o titular de tornou inelegível (artigo 1º, I, c da LC 64/90).
PROPAGANDA ELEITORAL
STF
198
INCONSTITUCIONALIDADE DAS DOAÇÕES FEITAS POR PESSOAS JURÍDICAS
STF
STF
* O Plenário deferiu pedido de medida cautelar na ADI para suspender, até o julgamento
final da ação, a eficácia da expressão “sem individualização dos doadores”, constante da parte
final do § 12 do art. 28 da Lei nº 9.504/1997, acrescentado pela Lei 13.165/2015. Além disso,
conferiu, por maioria, efeitos “ex tunc” à decisão (válida para as eleições de 2016).
199
- a parte final do § 12 do art. 38 da Lei nº 9.504/97, acrescentado pela Lei nº 13.365/2015,
suprime a transparência do processo eleitoral, frustra o exercício da fiscalização pela Justiça
Eleitoral e impede que o eleitor exerça, com pleno esclarecimento, seu direito de escolha
dos representantes políticos; isso atenta contra a arquitetura republicana e a inspiração
democrática que a Constituição Federal imprime ao Estado brasileiro
- sem as informações necessárias, entre elas a identificação dos particulares que contribuíram
originariamente para os partidos e candidatos, o processo de prestação de contas perde a
sua capacidade de documentar a real movimentação financeira, os dispêndios e os recursos
aplicados nas campanhas eleitorais, impedindo a fiscalização por parte da Justiça Eleitoral e
o controle pelos eleitores; as informações sobre as doações de particulares a candidatos e a
partidos não interessam apenas à Justiça Eleitoral, mas à sociedade como um todo.
- a identificação dos particulares que fizeram doações eleitorais é informação essencial para
que se possa constatar se as doações provêm de fontes lícitas e se respeitam os limites máximos
de valor previstos no art. 23 da Lei nº 9.504/97.
- o acesso a esses dados ainda propicia o aperfeiçoamento da própria política legislativa de
combate à corrupção eleitoral, ajudando a denunciar as fragilidades do modelo e a inspirar
propostas de correção futuras.
STF
I - É constitucional o art. 46 da Lei nº 9.504/97, com redação dada pela Lei nº 13.165/2015,
que prevê que as emissoras de rádio e TV somente são obrigadas a convidar para participar
dos debates eleitorais os candidatos dos partidos que tenham representação na Câmara
superior a 9 Deputados Federais. Esta regra não viola os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade.
- o direito de participação em debates eleitorais diferentemente da propaganda eleitoral
gratuita no rádio e na TV não tem assento constitucional e, por essa razão, pode sofrer restrição
maior por parte do legislador, em razão do formato e do objetivo desse tipo de programação.
II - Os candidatos aptos não podem deliberar pela exclusão dos debates de candidatos cuja
participação seja facultativa, quando a emissora tenha optado por convidá-los.
- interpretação conforme ao § 5º do art. 46: a previsão de que os candidatos aptos (mínimo de
2/3) poderão definir “o número de participantes” só vale caso eles queiram incluir os candidatos
inaptos e não convidados. Esta previsão não vale para impedir (vetar) que a emissora convide
os demais candidatos com menos de 10 Deputados Federais (só deve valer para tornar o
debate político mais plural e não para restringi-lo).
200
III - As emissoras de rádio e TV possuem a faculdade de convidar outros candidatos não
enquadrados no critério do caput do art. 46, independentemente de concordância dos
candidatos aptos, mas esse convite deverá ser feito conforme critérios objetivos, que atendam
os princípios da imparcialidade e da isonomia e o direito à informação, a ser regulamentado
pelo Tribunal Superior Eleitoral.
STF
É constitucional o § 2º do art. 47 da Lei nº 9.504/97, com redação dada pela Lei nº 13.165/2015,
que prevê que os horários reservados à propaganda de cada eleição serão distribuídos entre os
partidos e coligações proporcionalmente com base no número de representantes na Câmara
dos Deputados.
- essa distinção não pode ser considerada odiosa (arbitrária), considerando que o critério
para conferir maior tempo é baseado nos partidos que possuem maior legitimidade popular
(maior número de Deputados Federais, ou seja, de “representantes do povo”) e, por outro lado,
nenhum partido fica sem participação.
- eleições majoritárias – soma seis maiores partidos: este critério tem como objetivo garantir
um equilíbrio na distribuição do tempo de horário eleitoral gratuito. A finalidade é evitar
que uma só coligação, se for muito grande (ex: formada por 10 grandes e médios partidos)
fique com praticamente todo o tempo ou tenha um tempo muito maior do que os outros
candidatos.
STF
201
CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 13107/2015 – PRAZO PARA FUSÃO E INCORPORAÇÃO DE
PARTIDOS POLÍTICOS
STF
STF
202
COMPETÊNCIA
STJ – INF 596
*Em regra, as ações tratando sobre divergências internas ocorridas no âmbito do partido
político são julgadas pela Justiça Estadual.
*Exceção: se a questão interna corporis do partido político puder gerar reflexos diretos no
processo eleitoral, então, neste caso, a competência será da Justiça Eleitoral.
STF
STF
Para os fins do artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64/1990, a apreciação das
contas de Prefeito, tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas Câmaras
Municipais, com auxílio dos Tribunais de Contas competentes, cujo parecer prévio somente
deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos vereadores (art. 31, § 2º da CF/88).
- a Constituição conferiu ao Poder Legislativo a função de controle e fiscalização das contas do
chefe do Poder Executivo (função típica, ao lado da função legiferante)
- esta fiscalização se desenvolve por meio de um processo político-administrativo, que se
inicia no Tribunal de Contas, que faz uma apreciação técnica das contas e emite um parecer.
No entanto, a decisão final cabe ao Poder Legislativo. A Câmara dos Vereadores representa
a soberania popular e os contribuintes e, por isso, tem a legitimidade para este exame. Vale
ressaltar que a Câmara Municipal tem, inclusive, poder de verificar a ocorrência de crimes de
responsabilidade praticados pelo Prefeito, inclusive quanto à malversação do dinheiro público,
nos termos do Decreto-lei 201/1967.
203
*Contas de governo ≠ contas de gestão
- contas de governo (contas de desempenho/de resultado): o administrador tem como objetivo
demonstrar que cumpriu o orçamento dos planos e programas de governo; são referentes à
atuação do chefe do Poder Executivo como agente político – competência da respectiva Casa
Legislativa, após parecer prévio do Tribunal de Contas (artigo 71, I c/c 75, caput da CF)
- contas de gestão (contas de ordenação de despesas): tem como objetivo avaliar não os gastos
globais do governante, mas sim cada um dos atos administrativos que compõem a gestão
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do ente público; são referentes à
atuação do chefe do Poder Executivo como administrador público – competência do Tribunal
de Contas sem a participação da Casa Legislativa (artigo 71, II c/c 75, caput da CF).
**Demora da Câmara Municipal para apreciar o parecer do Tribunal de Contas exarado pela
rejeição
- 1ª corrente: o parecer prévio do Tribunal de Contas que rejeita as contas do Prefeito deverá
produzir efeitos até que a Câmara Municipal expressamente o afaste, pelo voto de 2/3 dos
Vereadores. Assim, se há demora no julgamento pela Câmara Municipal e o parecer foi pela
reprovação das contas, este Prefeito está inelegível. (posição defendida pela maioria dos
Tribunais de Contas e do Ministério Público eleitoral)
- 2ª corrente: o parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza meramente
opinativa. Não tem caráter decisório. Logo, enquanto não houver o julgamento pela Câmara
Municipal rejeitando as contas do Prefeito, não está caracterizada a inelegibilidade prevista no
artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64/1990. Enquanto não houver votação na
Câmara, as contas ainda não foram julgadas, de forma que não se pode dizer que elas já tenham
sido rejeitadas. A interpretação de que o parecer do Tribunal de Contas é conclusivo e produz
efeitos imediatos e permanentes caso a Câmara Municipal não o examine no prazo ofende a
regra do art. 71, I, da CF/88. Não existe julgamento ficto das contas por demora da Câmara em
apreciá-las: 1) isso representaria uma delegação ao Tribunal de Contas, órgão auxiliar, de uma
competência constitucional que é própria das Câmaras Municipais; 2) estaria sendo criada
uma sanção aos Prefeitos pelo decurso de prazo, inexistente na Constituição (STF).
*** Se o parecer do Tribunal de Contas for pela rejeição, mas a Câmara Municipal decidir aprovar
as contas do Prefeito, afasta-se a sua inelegibilidade (ele poderá concorrer). No entanto, os
fatos apurados no processo político-administrativo pela Corte de Contas podem dar ensejo à
responsabilização civil, criminal ou administrativa do chefe do Poder Executivo, medidas que
poderão ser tomadas pelo Ministério Público.
204
DIREITO AMBIENTAL
O pescador profissional artesanal que exerça a sua atividade em rio que sofreu alteração da
fauna aquática após a regular instalação de hidrelétrica (ato lícito) tem direito de ser indenizado,
pela concessionária de serviço público responsável, em razão dos prejuízos materiais
decorrentes da diminuição ou desaparecimento de peixes de espécies comercialmente
lucrativas paralelamente ao surgimento de outros de espécies de menor valor de mercado,
circunstância a impor a captura de maior volume de pescado para a manutenção de sua renda
próxima à auferida antes da modificação da ictiofauna.
**Danos morais: A indenização por danos morais decorrentes de dano ambiental tem como
objetivo evitar ou eliminar fatores que possam causar riscos intoleráveis.
- risco permitido (atividade lícita e de interesse público)
- EIA/RIMA e cumprimento de todas as condicionantes, inclusive a recomposição do meio
ambiente mediante a introdução de espécies mais adaptadas à vida no lago da hidrelétrica
- não houve suspensão da atividade pesqueira, ainda que tenha se tornado menos vantajosa
- nem toda alteração do meio ambiente caracteriza poluição
- supremacia do interesse público e função social da propriedade
***Cabe indenização por danos morais a pescadores que tiveram impedida ou gravemente
prejudicada a sua atividade em decorrência de poluição causada por acidente ambiental.
205
PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO E CAMPO ELETROMAGNÉTICO
STJ
No atual estágio do conhecimento científico, que indica ser incerta a existência de efeitos
nocivos da exposição ocupacional e da população em geral a campos elétricos, magnéticos
e eletromagnéticos gerados por sistemas de energia elétrica, não existem impedimentos,
por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos pela Organização Mundial de Saúde
(OMS), conforme estabelece a Lei nº 11.934/2009
- distribuição de energia elétrica X direito à saúde
*Princípio da precaução:
- tem origem na “Carta Mundial da Natureza”, de 1982, cujo princípio n. 11, “b”, estabeleceu
a necessidade de os Estados controlarem as atividades potencialmente danosas ao meio
ambiente, ainda que seus efeitos não fossem completamente conhecidos;
- Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92);
- contido implicitamente no art. 225, § 1º, IV e V da CF
- o princípio da precaução é um critério de gestão de risco a ser aplicado sempre que existirem
incertezas científicas sobre a possibilidade de um produto, evento ou serviço desequilibrar o
meio ambiente ou atingir a saúde dos cidadãos, o que exige que o Estado analise os riscos,
avalie os custos das medidas de prevenção e, ao final, execute as ações necessárias, as quais
serão decorrentes de decisões universais, não discriminatórias, motivadas, coerentes e
proporcionais;
- não há vedação ao controle jurisdicional das políticas públicas quanto à aplicação do
princípio da precaução, desde que a decisão judicial não se afaste da análise formal dos limites
desse conceito e que privilegie a opção democrática das escolhas discricionárias feitas pelo
legislador e pela Administração Pública.
VAQUEJADA
OBS: Foi publicada na data de 07/06/2017 mais uma emenda constitucional. Trata-se da EC
96/2017, que acrescenta o § 7º ao art. 225 da CF/88:
206
Não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam
manifestações culturais, registradas como bem de natureza imaterial integrante do
patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure
o bem-estar dos animais envolvidos.
STJ
No atual estágio do conhecimento científico, que indica ser incerta a existência de efeitos
nocivos da exposição ocupacional e da população em geral a campos elétricos, magnéticos
e eletromagnéticos gerados por sistemas de energia elétrica, não existem impedimentos,
por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos pela Organização Mundial de Saúde
(OMS), conforme estabelece a Lei nº 11.934/2009
- distribuição de energia elétrica X direito à saúde
*Princípio da precaução:
- tem origem na “Carta Mundial da Natureza”, de 1982, cujo princípio n. 11, “b”, estabeleceu
a necessidade de os Estados controlarem as atividades potencialmente danosas ao meio
ambiente, ainda que seus efeitos não fossem completamente conhecidos;
- Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92);
- contido implicitamente no art. 225, § 1º, IV e V da CF
- o princípio da precaução é um critério de gestão de risco a ser aplicado sempre que existirem
incertezas científicas sobre a possibilidade de um produto, evento ou serviço desequilibrar o
meio ambiente ou atingir a saúde dos cidadãos, o que exige que o Estado analise os riscos,
avalie os custos das medidas de prevenção e, ao final, execute as ações necessárias, as quais
serão decorrentes de decisões universais, não discriminatórias, motivadas, coerentes e
proporcionais;
- não há vedação ao controle jurisdicional das políticas públicas quanto à aplicação do
princípio da precaução, desde que a decisão judicial não se afaste da análise formal dos limites
desse conceito e que privilegie a opção democrática das escolhas discricionárias feitas pelo
legislador e pela Administração Pública.
207