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INSTITUT DE LANGUE ET CULTURE

LUSOPHONES - TOULOUSE

NÍVEL A2

Baú Fantástico
da Lusofonia
A DESCOBERTA DE

CONTOS, LENDAS E MITOS


DO FOLCLORE
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO

Elaborado por Dalila TEIXEIRA MELO e Vanessa DOS SANTOS


(mestrandas em Estudos Lusófonos na Universidade Toulouse Jean Jaurès)

Coordenação de Carla DA ROCHA SOUSA


(professora de português no ILCL)

Direção de Maria GRAUX


(diretora do ILCL)

IMPRESSO EM TOULOUSE, FRANÇA


APRESENTAÇÃO

Olá caro aluno,


      

     Este caderno tem por objetivo iniciar-te um pouquinho na riqueza e na


diversidade do património cultural lusófono. Assim, preparamos para ti
uma descoberta linguística e cultural da Lusofonia.

    Vais conhecer duas histórias muito populares que fazem parte da


tradição oral das comunidades que falam português.
     A primeira é um conto de tradição portuguesa, A Sopa de Pedra, 
adaptado do "Caldo de Pedra".
      A segunda é uma lenda de tradição brasileira, Mani, o pão da terra, 
adaptado da "Lenda da Mandioca". 

     Cada história vem acompanhada de exercícios e de jogos lúdicos que te


darão um suporte para a leitura e a interpretação dos textos. Assim, vais
poder aprender ou relembrar muitas palavras, fazer atividades de gramática
e até jogos como, por exemplo, cruzadinhas, caça-palavras ou adivinhas.

     Desejamos que este material desperte o teu interesse e a tua curiosidade,


e te abra novos horizontes. 
     Eis a seguir uma parte das riquezas fantásticas da Lusofonia...

     Boa leitura e diverte-te bem.

As autoras
                                                                                        
   
O  projeto  do  nosso  caderno  nasceu  da  vontade  de  sensibilizar  os  alunos 
lusófonos  a  contos,  lendas  e  mitos  presentes  no  imaginário  popular  e  no  rico 
folclore  dos  países  de  expressão  portuguesa.  As  narrativas  de  tradição  oral  são 
geradoras  de  interesse,  curiosidade  e  imaginação  consoante  a  dimensão  lúdica, 
fantástica  ou  didática.  Muitas  intemporais  e  fora  do  tempo,  fazem  parte das raízes 
de cada civilização por refletirem o sentir e o pensar dum povo. Como bem salienta 
o escritor Alexandre Parafita: 
 
  “A  tradição  oral  é  a  transmissão  de  saberes,  pelo  povo,  de  geração  em 
geração,  isto  é,  de  pais  para  filhos  ou  de  avós  para  netos.  Estes  saberes 
tanto  podem  ser  os  usos  e  costumes  das  comunidades,  como  podem  ser  os 
contos  populares,  as  lendas,  os  mitos  e  muitos  outros  textos  que  o  povo 
guarda  na  memória  (provérbios,  orações,  lengalengas,  adivinhas, 
cancioneiros, romanceiros, etc.).” 
 
Essa  maneira  privilegiada  de  transmitir  saberes  é  vista  por  folcloristas, 
linguistas,  historiadores  e  antropólogos  como  sendo  de  suma  importância.  A 
literatura  oral  faz  parte  do  património  imaterial  de cada comunidade. É através de 
suas  histórias  que  os  povos  podem  marcar  a  sua  diferença,  sinalizar as suas raízes 
e  revelar  a  sua  identidade  cultural.  Conhecer  as  histórias  populares  advindas  da 
arte  de  contar  e  dizer  permite  melhor  entender  e  respeitar  um  país  e  seu  povo,  e 
assim poder integrar-se a sua cultura. 
Todavia,  sabemos  que  permanece  um  fundo  comum  presente  no património 
oral  das  diferentes  culturas  lusófonas,  resultado  de  séculos  e  séculos  de 
miscigenação  cultural  e  social  entre  os  diferentes  povos.  Inúmeras  narrativas 
populares  partilham  ingredientes  comuns  (como  as  personagens,  as  situações,  as 
morais...)  e  propõem  ensinamentos  convergentes  que,  ao  final,  unem  a 
generalidade dos povos e das civilizações. 
 
Nós  cremos  que  existe  uma  correlação  vital  entre  o  ensino  duma  língua 
estrangeira  e  o  ensino  da  sua  história  e  da  sua  cultura.  Os  contos  e  as  lendas  são, 
assim  o  pensamos,  um  dos  caminhos  mais  fáceis  e  prestes  de  conhecer  a  cultura 
dum  povo.  Acreditamos  que  é  primordial  aprofundar  e  incentivar o conhecimento 
mútuo entre as diferentes culturas dos povos que habitam o espaço lusófono.   
ÍNDICE Pág.

► Sobre a Língua Portuguesa 8

► A Lenda do Caldo de Pedra 9


• Antes de ler

Conto: A Sopa de Pedra 10

• Atividades e Joguinhos 14
• Produção Textual 19

► A Lenda da Mandioca 20
• Antes de ler

Conto: Mani, o pão da terra 21

• Atividades e Joguinhos 24
• Produção textual 29

► Um Pouco Mais de Lusofonia 31

► O Baú dos Contos, Lendas e Mitos 32

► Glossário 35
SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA

    Com mais de 250 milhões de falantes, o português é uma das línguas mais faladas no mundo.
 A língua portuguesa foi difundida a partir do século XV pelos navegadores, soldados, missionários
e comerciantes à medida que Portugal criava o primeiro e mais durável império colonial europeu. 

     A língua portuguesa não dispõe


dum território único mas sim, de
vastos territórios espalhados pelo
mundo. É falada em quatro 
continentes e é língua oficial em
dez estados e territórios:

• Europa: Portugal (e os
arquipélagos da Madeira
e dos Açores)
• América: Brasil
• África: Moçambique, Angola,
Guiné-Bissau, Cabo Verde,
São Tomé e Príncipe, 
Guiné Equatorial
• Ásia: Timor-Leste, Macau
 

     Pouco a pouco, a língua portuguesa misturou-se com os traços linguísticos dos povos
colonizados. Essa mistura tornou-a muito rica e diversa. Hoje, ela carrega um pouco de cada
cultura e de cada identidade das comunidades de falantes de português.

 ►    Pinta os países lusófonos:

8
CONTO PORTUGUÊS

A lenda do 
Caldo de Pedra 

           Quem já comeu sopa de pedra? Estranho não é? 


     Em Portugal, existe um prato tradicional chamado caldo ou sopa de pedra. A receita dessa
sopa típica tem origem numa lenda popular. Como muitos contos e lendas, a história varia de
boca em boca, e até de país em país, mas afinal, a moral acaba sendo sempre a mesma. Em todas
as versões, este conto nos ensina, de forma ágil, como fazer sopa com uma pedra.

ANTES DE LER

1.  A sopa de pedra é a especialidade culinária de Almeirim, perto de


Santarém no Ribatejo. Indica com um ponto no mapa onde se situa
aproximadamente essa cidade:

2.   Neste texto vais encontrar vários animais da quinta.


    a.  Associa cada imagem (de 1 a 7) à palavra que lhe corresponde. 
    b. Cada animal tem um som característico da sua espécie. 
Faz uma pesquisa e em seguida liga cada animal ao nome do som que
ele faz: 

Raposa • • Mugir

Vaca • Balir

Burro •
• Ladrar
Cabra •
Galinha • • Azurrar

Cão • • Regougar

Ovelha • • Cacarejar

9
A sopa de Pedra
     Uma raposa cheia de fome andava pelo campo à procura de algo para comer. 
Avistando uma quinta, aproxima-se e pergunta aos animais presentes no
quintal:
     -  Alguém aqui tem um pouco de     
     comida para dar a uma pobre           
     raposa  faminta? 
     -  Muuuuuu!Não, muge a vaca.
     -  Não tenho nada para ti, ih, óh!
     azurra o burro.
     -  Béééééé!Eu também não,
     bale a cabra.
     -  Nada, cá-cárá-cácá!                       
     cacarejam as galinhas.
     -  Au! Au! Vai-te embora daqui, 
     ladra o  cão resmungão.
     Vendo que não lhe querem dar nada, a raposa, que de todos
os animais é o mais esperto, responde-lhes:
          -  Nesse caso vou preparar uma sopa de pedra.
     Os animais começam a rir. A raposa ladina regouga: 
          -  Então nunca comeram sopa de pedra?
              Só lhes digo que é uma coisa muito boa.

10
     A raposa vira-se para a ovelha e pergunta:
          -  Senhora Ovelha, se faz favor, pode ir
              buscar um pouco d'água?       
          - Sim, béééééé! Vou já, bale a ovelha.  
     E ela vai à poça encher um balde d'água. 

     Enquanto isso, a raposa acende um lume. Tira da sua trouxa uma panela,
enche-a d'água e põe-na ao lume. Com muito cuidado, escolhe uma pedra do
chão, esfrega-lhe a terra e coloca-a no fundo da panela. 
          - Vai ser uma excelente sopa de pedra! diz a raposa
             esfregando as mãos de contente.
     Todos os animais da quinta rodeiam-na com muita curiosidade. A raposa
astuciosa apanha um pau para fazer de colher e mexe a sopa no tacho.
Em seguida, prova-a e, lambendo os lábios, declara: 
          -  Huuuum! que delícia! Mas com um pouco de sal e de pimenta, 
              só para dar gosto, ficaria melhor.  

     Dão-lhe sal e pimenta. A raposa tempera a sopa, e os animais,


perplexos, aproximam-se um pouco mais. 
          -  Esta sopa já está muito boa, sim. Mas ainda não está pronta.
             Eu costumo  acrescentar um pequeno nabo ou uma batatinha
              para dar mais consistência, explica a raposa manhosa.

     Então, a vaca trota até o estábulo e traz um nabo torto e umas


batatas rachadas. A raposa descasca-os, parte-os aos pedaços
e bota-os dentro da panela.

11
       -  Sabem... também fica bem com uma cenourinha,
           sugere ela com malícia.   
     O burro galopa até o prado e volta com uma cenoura
murcha. A raposa pela-a, corta-a às rodelas 
e atira-as dentro da panela. Mexe a sopa e diz:
          -  Ainda não  está como deve ser. Deixem-me pensar...
         Mas  claro! Faltam umas folhas de couve.

    A cabra corre buscar à horta uma couve a metade furada.  


A raposa limpa-a, desfolha-a e deita-a dentro da panela.
Prova a sopa e, sorrindo, declara:
           -  Sim, já está quase pronta. Para o toque final, o que acham de               
               adicionar alguns grãos de milho?

    As galinhas desaparecem logo e


regressam do galinheiro com o bico cheio
de grãos de milho seco. A raposa põe-nos
na sopa.

     Vai mexendo, remexendo até a sopa ferver.


Agora, cheira que é um regalo e todos os
animais já estão com água na boca. Por fim,
a raposa ladina exclama:
          -  Meus amigos, a sopa está pronta.

12
     Os animais provam-na e... a sopa de pedra está uma maravilha!
Todos dizem que nunca comeram uma sopa assim tão boa.  
Ao final, nem sobra uma gota.   O velho cão, que já não  
resmunga mais, diz:
           -  É incrível! Uma sopa tão boa
              feita com uma simples pedra! 

 Os animais concordam com ele.


A ovelha chega-se ao pé do tacho
vazio e, avistando a pedra que ainda
está lá no fundo, pergunta:
          -  Senhora Raposa, então a     
               pedra?
     A raposa recupera-a  e replica:
         -  A pedra, pois, vou levá-la
comigo que ainda pode servir.

     Arruma-a na sua trouxa, junto com a panela e a sua colher de pau nova.
        -  Pronto, agora que estamos todos com a barriga cheia, posso ir embora.
     Os animais, contentes e saciados, convidam-na a voltar à quinta quando
quiser, para preparar novamente a sua excelente sopa de pedra. Com um grande
sorriso, a raposa promete-lhes que, sim, vai voltar sem falta!

E foi assim que a raposa manhosa conseguiu comer


onde não lhe queriam dar nada.

Adaptação feita a partir do conto O Caldo de Pedra de Teófilo


Braga, por Dalila Teixeira Melo 
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LEMBRA-TE

1.  Sublinha a resposta correta:

a. O conto desenrola-se: numa floresta / numa quinta / numa cozinha


b. A raposa quer preparar uma sopa de: legumes / peixe / pedra
c. A vaca encontra o nabo e as batatas: no estábulo / na horta / no prado
d. As galinhas vão buscar grãos de: milho / soja / trigo
e. O que faz a raposa com a pedra no fim do conto:
deixa-a dentro da panela / arruma-a na sua trouxa / oferece-a aos animais

2.  A raposa é a mais esperta de todos os animais. Tenta encontrar no conto três sinónimos da
palavra esperta:     

→ →

3.  Ordena por ordem cronológica a reação dos animais frente a raposa:

Comem com prazer e saúdam a raposa.

Riem-se da raposa.

Não querem dar comida à raposa faminta.

Convidam a raposa a voltar à quinta.

Aproximam-se da panela com curiosidade.

Ajudam a raposa trazendo os ingredientes para a sopa.

JOGUINHOS

4.  Lê as dicas seguintes e adivinha as palavras quebradas usando as sílabas do quadro. Para te
ajudar, as primeiras e últimas letras já estão preenchidas.

a. Pôr sal e pimenta na comida T ___ ___ ___ ___ ___ ___ R
b. Terreno plantado de hortaliças e legumes H ___ ___ ___ A
c. Entrar em ebulição F ___ ___ ___ ___ R
d. Tirar a casca, a pele dum legume/fruto D ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ R
e. Abrigo para os animais da quinta E ___ ___ ___ ___ ___ ___ O
f. Recipiente onde se cozinha, sinónimo de T ___ ___ ___ O
panela

14
1 2
5.  Preenche a grelha de palavras cruzadas.  D F
3 H
Vertical
1. Ação de tirar as folhas
2. Esfomeada, cheia de fome 4 F 5
4. Terreno à volta da quinta N
5. Onde os animais vão pastar
6. Serve de mochila de pano 6
I 7 C A

8 C R D

9 R Horizontal

L X 3. Animal que bale e que tem o


corpo coberto de lã
7. Que comeu o suficiente e que
está farto e satisfeito
8. Estar de acordo
ADIVINHAS 9. Grito do burro

Qual é coisa qual é ela


que quanto mais Somos três irmãos diferentes. Nenhum de nós
quente está, mais bebe ou come. No entanto, é nossa missão dar de
fresco é? comer a quem tem fome. O que somos?

__ Ã __ C __ __ __ __ __, G __ __ __ __, F __ __ __
papo-seco, molete, etc.
broa, triga-milha, carcaça, para comer, espetar, cortar
Pista: Pista:

PARA IR MAIS LONGE

6.1.  Circula no conto os diferentes legumes utilizados. Eis os adjetivos que os acompanham.
Liga cada um deles a sua definição:

Torto • • Que perdeu frescura, que está mole


Rachadas • • Que tem buracos, furos
Murcha • • Que não tem forma reta ou normal
Furada • • Que estão fendidas, meio cortadas

6.2.  Como descreverias o aspecto visual desses legumes:

☐ Bonitos ☐ Feios

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6.3.   Sabes que todos os anos, 1.3 bilião de toneladas de alimentos são deitados fora ou perdidos. 

        Quanto achas que isso representa ao nível das produções mundiais de comida: 

☐ Muito pouco ☐ Mais de 1/3

6.4.  Duma maneira, os animais, ao fazer uma sopa com legumes feios, lutaram contra
o desperdício alimentar. Para ti, no dia a dia, quais outras soluções podem ser adotadas para
evitar de malgastar:

a. Comprar em grande quantidade ☐


b. Reciclar em composto as cascas dos legumes/frutos ☐
c. Congelar os alimentos ☐
d. Deitar os produtos fora de prazo ao lixo ☐
e. Reutilizar os restos em novas receitas ☐

O QUE O CONTO CONTA

7.  A lenda da sopa de pedra ensina-nos muitas lições. Para ti, quais podem ser as morais deste
conto ?

a. Às vezes, para poder encontrar soluções ao que nos parece impossível, ☐


temos que ser astuciosos e espertos.
b. Não se deve oferecer ajuda a quem anda a pedir esmola. ☐
c. As pedras dão um sabor à sopa. ☐
d. É bom aproveitar tudo o que a terra nos dá. ☐

PASSAR DO CONTO À REALIDADE

8.  Vamos reproduzir a receita da sopa de pedra.


    8.1.  Quais são os dois utensílios necessários para realizar a receita?
_______________________________
_______________________________

    8.2.  Enumera de 1 a 6 os ingredientes conforme a ordem de aparição no texto:

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Cenoura Sal e Milho Nabo e Couve Água
Pimenta batata
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   8.3.  Com a ajuda do texto, preenche os espaços em branco selecionando, da lista do quadro, a
palavra adequada:

Primeiro, ________________ uma panela d'água e ____________-na


Corta ao lume. Logo, coloca uma pedra bem lavada no fundo da panela.
Descasca
Agora, prepara os legumes. Antes de tudo, passa-os por água e
Tempera
limpa-os bem. ____________________ o nabo e a batata e a seguir
Desfolha
_______________-os aos pedaços. __________________ uma cenoura
Mexe
e depois _____________-a às rodelas. ___________________ as couves.
Parte
Uma vez os legumos prontos, ______________-os dentro da panela.
Põe
Por fim, _______________________ alguns grãos de milho.
Adiciona
_______________ bem a sopa com uma colher de pau.
Enche
___________________ com sal e pimenta.
Pela
Deixa a sopa aquecer até ferver.
Deita
Para terminar, tira o tacho do lume e recupera a pedra no fundo.
A sopa está pronta para servir.

O texto acima apresenta uma receita culinária. É um texto dito instrucional.


Este género de texto caracteriza-se pelo uso do tempo verbal imperativo.
O imperativo é empregado para dar instruções, ordens, avisos, pedidos ou conselhos.
Além do imperativo, pode também ser utilizado o infinitivo.
Ex: temperar com sal e pimenta; descascar as batatas.

PÁRA E PENSA
Para conjugar um verbo na segunda
9.  Lê a regra explicada no quadro à direita
pessoa do singular (tu) no modo
e completa as frases com verbos na segunda pessoa
imperativo afirmativo, usa-se a forma
do singular no modo imperativo afirmativo:       
verbal da segunda pessoa do
a. ___________________(escrever) uma frase. singular do presente do indicativo
b. ______________ (abrir) a porta. cortando-se o -s final.
Ex: Andar → anda
c. ___________ (ter) cuidado!
Comer → come
d. __________________ (atravessar) na passadeira. Pedir → pede
e. ___________ (fazer) o comer.
Em certos casos, o -e final também é
f. ________________ (deitar) isso fora.
suprimido como nos verbos dizer, fazer,
g. _______________ (conduzir) devagar. trazer (e seus derivados), e os verbos
h. ___________ (trazer) um copo d'água. que acabam em -duzir
(como conduzir, deduzir, etc.).

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10.1.  Lê o quadro à esquerda. Logo, lembra-te da conjugação
Na língua corrente, para falar do verbo ir no presente e completa as frases seguintes:
do futuro, usamos geralmente
a. Eu ___________ ensinar uma receita aos meus amigos.
a forma verbal:
b. Tu ______________ ajudar na preparação.
IR (conjugado no presente
c. Ele/ela/Você _____________ cortar os legumes.
do indicativo) + INFINITIVO.
d. Nós ______________ cozinhar um prato tradicional.
e. Vós ______________ adorar esta sopa.
f. Eles/Elas/Vocês ______________ comer tudo.

10.2.  Termina as frases usando a forma verbal ir + infinitivo:

a. Daqui a pouco, eu _________ _________________________________________________


b. Logo à noite, nós __________ _________________________________________________
c. Amanhã, a minha mãe __________ _____________________________________________

11.1.  Observa os verbos das frases seguintes. Circula em verde o infinitivo e sublinha
em vermelho as terminações:

a. Eu ensinarei uma receita aos meus amigos.


b. Tu ajudarás na preparação.
c. Ele/Ela/Você cortará os legumes.
d. Nós cozinharemos um prato tradicional.
e. Vós adorareis esta sopa.
f. Eles/Elas/Vocês comerão tudo.

11.2.  Agora, deduz e completa a regra:

O FUTURO SIMPLES DO INDICATIVO é formado a partir do verbo no


________________________ seguido das terminações:
-______, -______, -_____, -______, -______, -______,
Exceto os verbos dizer, fazer, trazer e seus derivados, os quais perdem o -ze:
direi, farei, trarei.

11.3.  Conjuga os verbos no futuro simples do indicativo:

a. Na próxima vez, os animais não ___________________ (deixar) a raposa enganá-los.


b. Um dia, quando fores mais velho, _____________________________ (compreender, tu).
c. No fim de semana, ________________ (fazer, eu) uma sopa de pedra em casa.
d. A raposa só ______________________ (partir) quando tiver comido alguma coisa.
e. Hoje à noite, ____________________________ (jantar, nós) as 8:00.
f. No fim da aula, _________________________ (conhecer, vós) a verdadeira receita da sopa de
pedra.
18
PRODUÇÃO TEXTUAL

    Na lenda original, um frade que viajava de


terra em terra encontrou-se um dia sem nada
para comer. Bateu à porta dum lavrador, mas,
como o podes adivinhar, não lhe deram nada.

     Foi então que teve a ideia da sopa de pedra. Sopa esta


que teve, em realidade, muitos mais ingredientes que a
própria pedra, que apenas foi um pretexto.
A sopa de pedra da cidade de
Almeirim (na foto acima) concorre
    Assim, a sopa de pedra é feita com um bocadinho
em 2018 para as 7 Maravilhas à
disto, daquilo e daqueloutro. Dizem que a sua
Mesa® da sétima eleição das
verdadeira origem vêm das classes pobres que
7 Maravilhas de Portugal®.
tinham de aproveitar toda a comida que tinham,
Podes encontrar a receita oficial
misturando numa sopa.  
no sítio da Câmara Municipal de
Almeirim:
►  Agora tu também, imagina a tua sopa de pedra ideal http://www.cm-almeirim.pt
e reproduz aqui a receita.

Sopa de Pedra à moda do(da) ______________________ (teu nome)

Lista dos ingredientes: Modo de preparação:

____________________ _______________________________________________________

____________________ _______________________________________________________

____________________ _______________________________________________________

____________________ _______________________________________________________

____________________ _______________________________________________________

____________________ _______________________________________________________

____________________ _______________________________________________________

____________________ _______________________________________________________

____________________ _______________________________________________________

____________________ _______________________________________________________

____________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________

_______________________________________________________

_______________________________________________________

19
Conto Brasileiro

A lenda da
Mandioca 
     Para explicar a origem do mundo e das coisas, os índios brasileiros recorrem às lendas e
 aos mitos. A lenda da mandioca, por exemplo, mostra a origem dessa palavra. Mandioca vem
da língua tupi, falada por um dos povos indígenas originários da Amazónia. Aliás a palavra
mandioca, que significa oca da mani, em francês é manioc.

ANTES DE LER

1.  Antes de ler a história da índia Mani, tenta responder às seguintes perguntas:

♦ Onde os índios normalmente ♦ O que eles fazem? ♦ O que eles tradicionalmente


moram? comem?
a. Em tribos a. Eles pescam. a. Pizza
b. Em metrópoles b. Eles caçam. b. Mandioca
c. Em áreas naturais protegidas c. Eles queimam florestas. c. Peixe

2.  A casa do índio chama-se “oca”. Encontra essa palavra e faça um caminho que ajude o
indiozinho a chegar até a sua casa:

3.  O trabalho artesanal entre os índios é uma de suas grandes riquezas e savoir-faire.
Liga cada desenho a(s) sua(s) respectiva(s) palavra(s):

Uma rede de cipó • •



Um cocar •
Um arco e uma flecha • •

20
Mani
 O pão da terra

Dizem que no céu tem pão. Mas tudo indica nessa


história que na terra também há.

     Depois da época de fortes chuvas, a


índia Atiolô casou-se com o índio
Zatiamarê.
     Quando o sol passou a queimar a terra,
um vento suave sussurrou no ouvido de
Atiolô e disse-lhe que estava grávida.
     Ela, muito contente, sentia que em seu
ventre tinha uma menininha.

     Porém, o seu marido Zatiamarê vivia a resmungar:


          — Quero um menino forte, bom caçador e guerreiro para, quando for
grande, usar um cocar de penas azuis como o pai!
     Passados os nove meses, a indiazinha nasceu. O seu nome era Mani.

     O único presente que Zatiamarê deu


a Mani depois de nascer foi um
pequeno tucuruvi. 
      O pai da menina sempre saía
para caçar e, por isso, não tinha
tempo para dar à filha.
21
Algumas primaveras vieram e muitas flores se foram.

     Um dia, um vento forte sussurrou no ouvido de Atiolô e disse-lhe que


esperava outra criança. Foi então que um menininho chegou: Zokoiê.  
     Zatiamarê ficou muito feliz com a chegada do filho.

     Para Zokoiê, o pai dava muito


tempo. Todas as manhãs, ensinava-lhe
os segredos das matas. Em longas
viagens de canoa para atravessar o
rio, carregava-o nas costas. No fim do
dia, confeccionava- lhe lindas flechas. 

     Enquanto isso, longe do pai, Mani


crescia muito pálida. Dentro da oca, a
indiazinha passava os seus dias
deitada. A menina, muito triste,
sentia que não servia para nada.      Um dia, Atiolô, preocupada com a
palidez e o estado frágil da filha,
deitou-a numa rede de cipó. Mas,
Mani pediu algo diferente à mãe:  
   -   Tenho muito calor. Faz-me um
buraco aqui dentro da oca e enterra-
me. Depois traz-me água, por favor.

    Atiolô enterrou a filha e saiu


depressa para buscar água do rio.
22
     Neste dia, Zatiamarê e Zokoiê regressaram cedo da mata.  Ao entrar na oca,
o índio viu os cabelos negros da filha sobre o solo.

     O pai desesperado pôs o seu ouvido sobre


a terra e assim pôde ouvir o suspiro da
indiazinha que dizia: 
          - Pai, amanhã não vai precisar caçar.
A terra vai alimentar-te.

     Zatiamarê caiu em prantos. O choro do


índio foi tanto que inundou toda a oca.

     Ao regressar do rio com a água, 


Atiolô  viu o marido ajoelhado
orando aos deuses.
     Ao lado do índio, o filho Zokoiê 
segurava uma planta de folhas muito
verdes e de raiz muito branca como a
Mani.

 Naquele fim de tarde, dentro da pequena oca,


a índia Mani ressurgiu, mas em forma de mandioca.

Adaptado das lendas do índio brasileiro


por Vanessa dos Santos

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Com  a  intenção  de  realizar  um  material  que  contemplasse  uma 
aprendizagem  por  meio  duma  descoberta  lúdica  e  pedagógica,  este  caderno  foi 
idealizado  durante  várias  etapas  num  rico  processo de produção coletiva em torno 
duma didática acessível a todos os aprendizes do português língua estrangeira. 
 
Diante  da  rica  diversidade  de  histórias  espalhadas  pelos  países  lusófonos, 
elegemos  dois  contos  da  tradição  oral:  “O  Caldo  de  Pedra”,  recolhido  por  Teófilo 
Braga  em  Contos  Tradicionais  do  Povo  Português  (1883),  e  “Lenda  de  Mani”, 
apresentado  na  Antologia  de  lendas  do  índio  brasileiro  (1980),  organizada  por 
Alberto  da  Costa  e  Silva.  Julgamos  pertinente  adaptarmos os referidos contos para 
que  eles  se  tornassem  abordáveis  aos  alunos  que  já  caminham  para  o  nível  A2. 
Quanto  aqueles  alunos  que  já  atingiram  o  nível  básico,  eles  poderão  aventurar-se 
de  modo  independente  nessa  incrível  descoberta,  pois  o  livro foi pensado para ser 
um convite à leitura. 
 
Nosso  desejo  é  incentivar  os  alunos  à  pesquisa  contínua  de  informações  e 
saberes  para  o  prosseguimento  da  aprendizagem  da  língua  portuguesa. Queremos 
também  que  as  atividades  do  nosso  caderno  os  auxiliem  a  superar  dificuldades de 
leitura  e  de  escrita  de  modo  a  que  eles  possam  fazer  o  melhor  uso  possível  da 
língua portuguesa, em suas múltiplas variedades. 
 
Esperamos  que  o  nosso  caderno  seja  transformado  numa  experiência 
pedagógica  de  qualidade,  de  modo  que  o  tempo  de  estudar  e  de  aprender  ganhe 
novo sentido para os alunos. 
 
 
As Autoras 
RECUPERANDO A LENDA

1.  Marca com V as respostas verdadeiras e F as respostas falsas:

a. A índia Atiolô casou-se com o índio Zatiamarê.


b. Zatiamarê prefere ter uma filha para acompanhá-lo nas caças.
c. Zatiamarê passa muito tempo com a sua filha mais velha.
d. Zatiamarê ensina ao filho os segredos das matas.
e. Zokoiê nasceu antes de Mani, logo, ele é o primogénito, o mais velho.
f. Mani é uma menina triste e sem forças.
g. Zokoiê aprende com o pai a ser um bom caçador e guerreiro.
h. Zokoiê passa o dia inteiro com o pai.

2.  Enumera de 1 a 10 a sequência da história:

( ) Um dia, um ( ) O pai da
vento forte sussurrou ( ) O único presente menina sempre saía
( ) Após nove que o pai de Mani lhe para caçar e, por
no ouvido de Atiôlo e
meses, Mani nasceu. ofereceu, depois de isso, não tinha
disse-lhe que
nascer, foi um tucuruvi. tempo para
esperava outra
dar à filha.
criança.

( ) Dentro da ( ) Zatiamarê
oca, a indiazinha ( ) Atiôlo casou-se passava muito tempo
com Zokoiê. ( ) Atiôlo
passava os seus com o indio Zatiamarê.
Ensinava-lhe todos os enterrou a filha.
dias deitada.
segredos das matas.

( ) A índia Mani ( ) Zatiamarê caiu em


renasceu, mas em prantos.
forma de mandioca.
24
3.  Sublinha as opções corretas:

♦ Por que Atiolô preocupa-se com a sua filha, Mani?


a. Porque a filha está frágil, pálida; e a menina passa o dia todo deitada.
b. Porque a filha está frágil e não quer deitar-se na rede.
c. Porque a filha está no hospital.

♦ O pai de Mani vê a filha enterrada, o que lhe faz “cair em prantos”, ou seja:
a. Ele chora muito.
b. Ele não chora nada.
c. Ele cai em tranquilidade.

♦ Mani pede algo estranho à sua mãe. O que ela lhe pede?
a. Pede-lhe flechas de presente.
b. Pede-lhe para enterrá-la.
c. Pede-lhe para deitá-la na rede.

♦ Sabemos que Mani não morre, ela transforma-se em:


a. Uma flor.
b. Uma planta verde com frutos vermelhos.
c. Uma planta de folhas verdes e raiz branca.

♦ A mandioca é um alimento importante na cultura indígena. Assim, podemos entender que


(várias respostas possíveis):
a. A lenda ensina que tudo na natureza é produto duma transformação.
b. Os índios são plantas brasileiras.
c. Mani quer ser importante para o pai assim como a mandioca é para os índios.
d. Os índios buscam explicar a origem de todas as coisas.

JOGUINHOS

5.  Caça palavras. Encontra as palavras seguintes:

• Lança
• Cocar
• Canoa
• Rede de Cipó
• Oca

25
4.  Preenche a grelha de palavras cruzadas. 
1

Horizontal
2
3. O nome da casa dos índios é:
4. Para dormir o índio fabrica uma: 3
5. Os índios vivem em grupos chamados de:
8. Um dos legumes plantados
pelos índios é:
4 E 5 R
6
Vertical
7
1. Gafanhoto-verde na língua tupi quer dizer:
2. Para atingir o alvo, o índio utiliza um arco e
8 M I
uma:
6. Para se alimentar o índio pratica a:
7. Os índios vivem no meio da:

ADIVINHAS
O que é, o que é mesmo?
O que é, o que é,
Quero ver se vai saber,
que cai em pé,
Que está bem atrás de você,
O que é, o que é, que mas corre deitado?
Mas você não pode ver?
quando se perde jamais se
conseguirá encontrar de __ H __ __ __
__ __ S S A __ __
novo? vem o arco-íris.
e saudades.
Pista: Depois dela,
T __ __ __ ___
Pista: Feito de lembranças

à roda no relógio. O que é, o que é, que


Pista : Bom ou mau, anda
passa diante do sol
sem fazer sombra?

__ __ N __ __
é o ar em movimento.
PÁRA E PENSA Pista:

6.1.  Encontra e circula os seguintes verbos no texto:

SUSSURRAR RESMUNGAR INUNDAR

6.2.  Faz uma pesquisa e tenta substituir esses verbos por outros que tenham o mesmo
sentido nas seguintes frases:
a. O vento _____________________ no ouvido de Atiolô.
b. Zatiamarê ____________________ o tempo todo.
c. O choro do índio ____________________ a oca.
26
7.  Observa as conjugações do verbo regular a seguir:

INFINITIVO: INUNDAR

PRESENTE → eu inundo, tu inundas, ele inunda; nós inundamos,


vós inundais, eles inundam
PRETÉRITO PERFEITO → eu inundei, tu inundaste, ele inundou; nós inundámos/
inundamos, vós inundastes, eles inundaram.
PRETÉRITO IMPERFEITO → eu inundava, tu inundavas, ele inundava; nós inundávamos,
vós inundáveis, eles inundavam.

    7.1.  Agora, assinala o tempo verbal dos verbos empregados nas seguintes frases:

27
    7.2.  Agora, preenche este outro quadro:  

8.  Antes de se transformar numa mandioca, Mani era uma índia. Sublinha as frases que lembram
o passado da menina (atenção: somente são válidas as frases no passado):

28
PRODUÇÃO TEXTUAL

     Ao longo do tempo, cada povo encontrou uma maneira, muitas vezes fantásticas, de explicar
a origem das coisas. Agora é a tua vez, continua a história de modo a preencher os espaços dos
retângulos e dos balões presentes nas imagens:

Como surgiram as estrelas?

Diz a lenda que as estrelas são pequenos grãos...


Certa vez, três meninos que estavam muito famintos, andavam à procura de comer. Viram umas
mulheres que desfolhavam e debulhavam milho e ...

29
30
UM POUCO MAIS DE LUSOFONIA

"...toda língua são rastros de velhos mistérios..."


Guimarães Rosa

     Os contos orais em língua portuguesa foram influenciados pelas culturas e pelas línguas dos
povos com os quais os portugueses conviveram, seja na Europa, na África, na América ou na Ásia.
     A lenda da mandioca é um exemplo de como esses contatos entre diferentes culturas
enriqueceram a língua. A palavra mandioca, por exemplo, é de origem tupi, uma das línguas
faladas pelos povos indígenas do Brasil. Hoje, há muitas palavras que sinalizam a história e os
mistérios da língua portuguesa. Podemos compreender, por assim dizer, que a língua é um
grande tacho de sopa, ou melhor, de palavras.

     ►   Observa o quadro de palavras:

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►   Encontra, na sopa da língua portuguesa, as palavras do quadro e depois liga-as ao seu país de
origem:

São Tomé e
Príncipe
• Brasil
Angola •

Portugal


Moçambique

NO BAÚ DOS CONTOS, LENDAS E MITOS

     Contos, lendas e mitos cada país tem os seus. Às vezes, um país pode ter a versão duma
história existente em outro país, ou ainda ter muitas versões duma mesma história. Essas 
diferenças podem estar ligadas às palavras empregadas, à cultura regional e/ou às
necessidades específicas da época.

     Mas afinal de contas, a literatura de tradição oral existe para manter viva a memória dos


povos. Essas histórias, mais ou menos fantásticas, foram transmitidas de geração em geração.
Servem para explicar ou dar sentido a certos elementos tradicionais, como, por exemplo, as
crenças, as morais e até mesmo os costumes culinários e alimentares, como nos nossos dois
contos aqui apresentados.

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►   Para finalizar a nossa grande aventura, observa o mapa abaixo que apresenta a origem de
alguns contos, lendas e mitos presentes na Lusofonia. Depois, tenta preencher as informações
que faltam nos quadros que seguem.

TÍTULO PAÍS RESUMO


DA HISTÓRIA DE ORIGEM
A cobra Ndakakanda e o chefe Tigre vão ensinar
uma importante lição de solidariedade a
Mungomba, uma perua do mato. Ao ver os seus
ovos em perigo, Mungomba aprenderá que no
mundo não há só ela e mais ninguém.

Esta história aconteceu nos tempos da escravidão.


Conta a lenda que Nossa Senhora Mãe de Deus
salvou um negrinho dos duros castigos que recebia
do seu dono. As pessoas dizem até hoje que o
menino existe e que ele anda a cavalo pelo sul do
Brasil. Quando alguém perde algo, pode acender
uma vela e rezar para o negrinho achá-lo
e trazê-lo de volta.

Um dia, o Namarasotha encontra uma mulher com


quem se casa. Alguns tempos depois, ao ir a uma
Moçambique festa, a sua esposa proíbe-o de fazer uma certa
coisa. Se o marido desobedecer à ordem da sua
amada, poderá perdê-la para sempre.

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TÍTULO PAÍS RESUMO
DA HISTÓRIA DE ORIGEM
Esta história pode cheirar mal. Um dia, o Lobo vê o
seu sobrinho perto da sua casa. O pequeno
parece-lhe muito forte e bem nutrido. Curioso, o
Lobo pergunta-lhe onde e o que ele anda a comer.
O Chibinho explica ao tio que come ovos na casa
da Tia Ganga. Então, o Lobo esperto pede-lhe para
levá-lo até lá. O problema é que o Lobo guloso
come ovos demais. A tia Ganga descobre o fato de
um modo nada agradável.

Como surgiu o tambor? Nesta história, um


macaco de nariz branco ganha um lindo presente
da lua, um tambor.

Um macaco e um cágado tornam-se amigos. Um


dia o macaco convida o seu amigo para comer
chima (farinha de mandioca ou de milho).
Entretanto, há um problema: o macaco vive e come
no alto das árvores e o cágado não pode subir
nelas. Esta história não termina nada bem.

Dom Sebastião foi um rei que morreu muito jovem,


em 1578, na terrível batalha de Alcácer-Quibir em
Marrocos. No entanto, o seu corpo nunca foi
encontrado. O povo, devastado pela perda do seu
jovem rei, acreditou que ele não estava realmente
morto. Diz a lenda que, um dia, ele regressará
para salvar o país.

Um homem é acusado de ter cometido um crime e


é condenado à morte. Porém, ele é inocente. Sua
salvação virá do cacarejar dum galo assado.

O Liurai de Nári era um rei valente mas pacífico.


Tudo o que ele queria para seu povo era a paz.
Para simbolizar o seu desejo, decidiu construir um
A paz no planalto grande monumento. Um dia, uma batalha entre um
de Tchiáru cão e um porco aconteceu no alto do planalto de
Tchiáru. De repente, numa nuvem de fogo e de vento,
os dois animais transformaram-se numa grande
escultura de pedra.

Sum Fléflé tinha um cão fiel chamado Loló.


Um dia, o cão, amigo leal do homem, contou-lhe
um segredo. Mas Sum Fléflé não soube guardar o
segredo e revelou-o a sua mulher. A partir desse
dia, os cães nunca mais quiseram falar
com os seus donos.

34
GLOSSÁRIO

          SUBSTANTIVOS, ADJETIVOS E ADVÉRBIOS

ajoelhado(a) : pôr-se, estar de joelhos → agenouillé


o balde : vaso, recipiente para líquidos → le seau
o buraco : abertura ou ruptura de uma superfície, cova, furo → le trou
o caçador : a pessoa que caça → le chasseur
o cágado : pequeno réptil, também chamado sapo-concho → la tortue d'eau
o caldo : tipo de sopa leve → la soupe
líquido preparado pela cocção em água de alimentos (hortaliça, carne, etc.) → le bouillon
a casca : revestimento externo de frutos, legumes, semente, etc. → la peau, la pelure, la coquille
o castigo → la punition
o chão : superfície que está ao nível dos pés, solo → le sol, par terre
cheio(a) : que tem dentro tanto quanto pode conter, completo, carregado → plein, rempli
que não aguenta comer mais, saciado → rassasié, repu
o choro : ato de chorar, expressão de um sentimento através de lágrimas → les pleurs
o composto : mistura resultante da fermentação e da decomposição de resíduos orgânicos e
minerais, adubo natural → le compost
a crença : ato de crer, acreditar ; aquilo em que se crê, fé ou convicção profunda → la croyance
o cuidado : atenção, cautela, precaução → l'attention
depressa : com rapidez, sem demora → vite
devagar : sem pressa, com pouca velocidade → lentement
o desperdício : despesa inútil, gasto → le gaspillage
a escravidão : estado ou condição de escravo; servidão, falta de liberdade → l'esclavage
a esmola : contribuição que se dá gratuitamente, ajuda → l'aumône
o frade : membro de uma ordem religiosa, monge → le moine, le frère
o galo : macho adulto da galinha → le coq
o gafanhoto : designação genérica para insetos verdes que saltam → la sauterelle
grávida : que espera um bebé→ enceinte
guloso(a) : que gosta muito de comida boa, principalmente alimentos doces → gourmand
ladino(a) : quem age com astúcia e esperteza, manhoso → rusé, malin
o lavrador : aquele que lavra ou cultiva terras, trabalhador do campo → l'agriculteur, le paysan
o lume : fogo que se acendeu para utilidade
o macaco : mamífero da ordem dos primatas → le singe
a mata : terreno cheio de árvores, bosque, floresta → la forêt, le bois
o mato : terreno coberto de plantas rasteiras e agrestes → la brousse, le maquis, la garrigue
a palidez : cor ou qualidade do que é pálido → la pâleur
a passadeira : faixa de segurança colocada nas estradas destinada aos peões, pedestres → le
passage piéton
o pau : vara de madeira → le bâton

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o pedaço : parte ou porção de alguma coisa, bocado, fragmento → le morceau
o perigo : situação que ameaça a existência duma pessoa ou coisa, risco → le danger
a perua : fêmea do peru → la dinde
o planalto : terreno extenso e plano situado em altitude → le plateau
o presente : coisa oferecida a alguém, prenda → le cadeau
o prosseguimento : ato de prosseguir, continuar a seguir → la poursuite
a rede de cipó → le hamac fait avec des lianes
a rodela : pequena talhada ou fatia de forma circular → la rondelle
a salvação : ato ou efeito de salvar, tirar ou livrar de um perigo ; ato de escapar à morte → le
sauvetage, le salut
o suspiro : respiração ofegante causada por dor ou paixão → le soupir
a trouxa → saco, mochila de pano → le baluchon
valente : que tem coragem → vaillant
vazio : que não contém nada → vide
a vela : rolo cilíndrico de cera ou outra susbtância que serve para dar luz → la bougie

          EXPRESSÕES

à/em volta de : cerca de, ao/em redor de → autour de


ao pé de : junto de, muito perto de → près de
cair aos prantos : chorar muito → fondre en larmes, éclater en sanglots
carregar nas costas → porter sur les épaules
de repente → soudain
deitar fora : desfazer-se de algo, deitar ao lixo → jeter à la poubelle
disto, daquilo, daqueloutro → de ceci et de cela
esfregar as mãos de contente : mostrar-se muito satisfeito → se frotter les mains
estar com água na boca → en avoir l'eau à la bouche
estar com a barriga cheia → avoir le ventre plein
fora de prazo → périmé
ir embora → s'en aller
o dia a dia → le quotidien

          VERBOS

acabar → finir, terminer


acender → allumer
acrescentar : juntar, adicionar → ajouter
apanhar : pegar, colher do chão → ramasser
aproveitar → profiter

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aquecer : tornar quente → chauffer, réchauffer
arrumar → ranger
avistar → apercevoir
botar : verter, atirar, lançar algo num lugar → jeter, verser
cair : dar queda, ir à terra → tomber
cheirar : exalar odor → sentir
chegar-se : aproximar-se, acercar-se próximo de algo → s'approcher
crescer : tornar-se maior → grandir
colocar : pôr num lugar, dispor → poser, mettre
concordar : estar de acordo → être d’accord
convidar : fazer um convite, propor algo → inviter
conviver : viver com o outro → cohabiter, vivre ensemble
costumar : ter por hábito → avoir l'habitude
debulhar : tirar ervilhas, favas, feijão, milho, etc., da vagem → égrener le maïs, écosser les petits
pois, haricots, etc.
deitar : fazer cair, verter, atirar, lançar algo num lugar → jeter, verser
deitar-se : estender ao comprido → s’allonger, se coucher
deixar → laisser
desaparecer : sair da vista ou da presença → disparaître
desobedecer → désobéir
encher : ocupar todo ou quase todo o espaço → remplir
enganar : induzir em erro, iludir → tromper
enriquecer : tornar mais rico → enrichir
esfregar : passar repetidas vezes a mão, ou algum objeto, sobre uma superfície, friccionar → frotter
espalhar-se : s'éparpiller
faltar : não ter, haver de menos → manquer
levar : transportar algo ou alguém → amener quelque chose ou emmener quelq’un
limpar : tirar o que é sujo → nettoyer
malgastar : desperdiçar → gaspiller
mexer : mover de modo circular → remuer
misturar : juntar coisas diversas → mélanger
orar : rezar → prier
precisar : necessitar de algo → avoir besoin
proibir : impedir, ordenar de não fazer alguma coisa→ interdire
provar : degustar para apreciar o sabor → goûter
queimar : consumir pelo fogo ou pelo calor → brûler
regressar : voltar → revenir
ressurgir : renascer, ressuscitar
rodear : cercar, circular → entourer
sobrar : exceder o necessário, estar a mais → rester
virar-se : mover-se para um lado → se tourner
voltar : retornar → retourner, revenir

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      Este manual, assim o queremos, tem como objetivo transmitir e
promover, em certa medida, as riquezas e as diversidades da língua
portuguesa e da cultura lusófona.

     Com este Caderno de leitura e atividades, os alunos de português


língua estrangeira poderam descobrir uma componente essencial do
folclore dos países de expressão portuguesa que é, a literatura oriunda
da tradição oral.

    Dessa maneira, propomos uma iniciação a contos, lendas e mitos,


por nós adaptados, tais como: o conto do "Caldo de Pedra" ou a "Lenda
da Mandioca".

     Desejamos que os saberes e as orientações em torno das narrativas


tradicionais propostas neste material possam contribuir para a
evolução dos alunos, instigá-los no prosseguimento de seus estudos
em língua portuguesa e incentivá-los à leitura e à descoberta da
Lusofonia.

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