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PRESCRIÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICA

PARA PORTADORES DE DIABETES


MELLITUS
Camila Eriane Antunes
Liga de Diabetes
“As orientações para atividade física devem ser
individualizadas, uma vez que diversos aspectos
devem ser considerados como o tipo de diabetes,
idade do indivíduo, objetivos do programa de
atividade física, presença de descompensação
glicêmica, complicações crônicas e comorbidades” -
Diabetes na prática clínica- 2011.
BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA NA
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO DM
• Reduz a depressão, ansiedade e promove bem-estar

• Contribui para o desenvolvimento e manutenção dos ossos,

músculos e articulações reduzindo a perda de massa óssea

• Reduz PA e eleva HDL-colesterol

• Favorece a resposta imune- inflamatória

• Aumenta a sensibilidade à insulina

• Manutenção do peso corporal


• Prevenção:
▫ Grupos de risco – obesidade e hereditariedade
▫ Melhor condição física (aeróbico),
▫ Diminui peso e cintura abdominal,
▫ Diminui resistência insulínica,
▫ Menor nível de insulina circulante,
▫ Melhora ação dos receptores,
▫ Melhora transporte da glicose,
▫ Maior capilarização na céls musculares esqueléticas,
▫ Menor incidência de DM2.

• Tratamento:
▫ Controle glicêmico (redução da A1, reduçao da glicose pela maior
sensibilidade da insulina e GLUT4)
▫ Hipertensão arterial
▫ Dislipidemia
▫ Risco cardiovascular
AVALIAÇÃO MÉDICA
Deve ser feita em todos diabéticos antes de qualquer
atividade física para avaliar as seguintes funções:
• Cardíaca
Teste de esforço
• Vascular
> 40 anos
• Autonômica
> 35 anos, e DM há mais de 10 anos
• Renal > 35 anos, HAS, tabagismo, dislipidemia,
retinopatia e/ou nefropatia
• Oftalmológica Nefropatia grave com insuficiência renal

• Teste de esforço* Suspeita de doença coronariana,


cerebrovascular e/ou arterial periférica
Neuropatia autonômica
COMO PRESCREVER?
• TIPO do exercício
• INTENSIDADE
• FREQUÊNCIA
• DURAÇÃO
• ALIMENTAÇÃO
• GLICEMIA
• MEDICAMENTOS
• VESTIMENTAS
• COMPLICAÇÕES DM
TIPO DE EXERCÍCIO
• Aeróbicos:
- Caminhada, corrida, ciclismo, natação ...
- Condicionamento cardiorespiratório (+)
- Evitar impacto quando tem lesões MMII (-)

• Resistência/ Fortalecimento:
- Aumenta sensibilidade da insulina (+)
- Elevação da PA e eventos macro/microvasculares (-)

• Flexibilidade:
- Articulações sob ação da hiperglicemia
crônica
INTENSIDADE DO EXERCÍCIO
• Moderada à alta intensidade:
 Atividade aeróbica
 Redução da A1C
• Respeitar a limitação de cada indivíduo
• Intensidade > volume

Porcetagem de Porcentagem
VO2máx de FCmáx
Moderada 40- 60 50-70
Vigoroso >60 >70
FREQUÊNCIA E DURAÇÃO
• Moderada: 150 min/semana
• Alta: 75 min/semana
-Associação / intercalar:
 Aeróbico e flexibilidade (5x/semana)
 Força e resistência (2-3x/semana)
ALIMENTAÇÃO
• Duração do exercício (> 60min)
• Intensidade do exercício
• Nível glicêmico antes, durante e depois
• Uso de insulina

Durante a atividade:
• CHO simples – bala, suco, soluções isotônicas (hipoglicemia)
• CHO complexos – fibra, barra de cereal (sem hipoglicemia)

• Beba água a cada 30min (200mL)


Glicemia
• Deve dosar a glicemia capilar antes, durante e após a
atividade física afim de evitar complicações como:
hipoglicemia e cetoacidose diabética

Glicemia pré- exercício Conduta


100 – 200 mg/dL Exercício
< 100 mg/dL Ingerir 15 – 30g de CHO de rápida
absorção, esperar 15 min e verificar
novamente
> 200–300 mg/dL sem cetose Observar ou insulina UR, e exercício

> 200–300mg/dL sem cetose Observar e exercício


e pós- prandial
>200–300mg/dL cetose SEM exercício
MEDICAMENTOS
• Redução do medicamento em uso

• Insulina:
- Não injetar na área a ser exercitada
- Reduzir a rápida e UR da refeição anterior ao exercício
- Evitar o pico da insulina (reduzir em 30 a 50%,
se usada 1-3h antes do exercício)
VESTIMENTAS
• Tênis fechados, sem pico fino e confortáveis
• Meia sem elástico e com tamanho ideal
Complicações enfrentadas pelo
diabéticos...
• Hiperglicemia
• Hipoglicemia
• Retinopatia
• Neuropatia autonômica e periférica
• Nefropatia
• Doenças vasculares
• Doenças periféricas
HIPERGLICEMIA
Considerando uma glicemia capilar > 300mg/dL:

• Pcte assintomático com cetonúra negativa


 exercício de leve a moderado.

• Pcte com cetonúria positiva/ cetose


 não pode fazer exercício
HIPOGLICEMIA
• Causas
- Hiperinsulinemia
- Baixa ingesta calórica
- Excesso de atividade física

• Como prevenir e/ou reverter:


- reduzir insulina antes da refeição
- fazer atividade pós - refeição
- uso de carboidratos (quantidade x absorção)
* Regra dos 15:15
RETINOPATIA
Estágio Conduta
Ausente ou RNP leve Exercícios limitados e avaliação oftalmológica anual
RNP moderada Evitar levantamento de peso e manobra de valsalva.
Avaliação oftalmológica (4-6 meses)
RNP severa Evitar exercício de alta intensidade, e de choque.
Avaliação oftalmológica (2-4 meses)
RP Atividade de baixo impacto (natação, caminhada e
bicicleta estacionária) e com cautela
Retinopatias graves Risco de hemorragia vítrea ou descolamento de
retina = não é indicado exercício intenso

**RNP = retinopatia não


proliferativa
**RP= retinopatia proliferativa
NEUROPATIA PERIFÉRICA

• Atividades que não força os MMII

• Se tiver lesão:
- priorizar exercícios sem efeito da gravidade
- não fazer atividade
NEUROPATIA AUTONÔMICA
• Recomenda aquecimento e desaquecimento
• Evitar mudança brusca de postura
• Hidratar bastante
• Atentar as condições climáticas adversas
• Não exercitar após as refeições
• Não é recomendado (deve ter uma avaliação do
cardiologista)
NEFROPATIA
• Não é indicado

• Acredita-se que o exercício físico eleva a PA, o que pode


aumentar a proteinúria

• Estudos em animais demonstra que a atividade de alta


intensidade melhora o controle pressórico, glicêmico e
diminui a excreção de proteínas
DOENÇAS VASCULARES PERIFÉRICAS

• As lesões vasculares limitam os exercícios físicos,


devido a claudicação nos MMII

• Optar por exercícios que exige pouco dos MMII


DOENÇA CORONARIANA

• O risco é aumentado nesse grupo, e muita das vezes é


assintomática (dor cardíaca ausente)

• Não é indicado exercício, a não ser que seja prescrito


pelo cardiologista
ATIVIDADE FÍSICA IDEAL
• Período da manhã (evitar hipoglicemia noturna)
• Associação de séries
• Diariamente (40 minutos/dia)
• Reajustar dose de insulina ao invés de ingerir CHO
• Evitar o pico da insulina
• Glicemia pré- exercício entre 100 e 200mg/dL
• Aquecimento e desaquecimento
• Carteirinha com a identificação e situação
• Carboidrato de absorção rápida
• Sem complicações diabéticas
REFERÊNCIAS

• FERREIRA, Sandra; VÍVOLO, Marco Antônio. Diabetes


da prática clínica. Atividade física no diabetes tipo 1
e 2: bases fisiopatológicas, importância e
orientação. 2011. Cap 6. 307 -338 p.

• Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes , 2012/2013.


43-49p.

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