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DOI: 10.1590/1413-81232014193.

21692012 797

REVISÃO REVIEW
Pressão arterial e suas associações com atividade física
e obesidade em adolescentes: uma revisão sistemática

Blood pressure and its association with physical activity


and obesity in adolescents: a systematic review

Victor Gonçalves Corrêa Neto 1


Alexandre Palma 1

Abstract In the light of the importance of the Resumo Diante da relevância do impacto que a
impacts that obesity and physical activity may obesidade e a atividade física podem possuir pe-
have on blood pressure (BP) among adolescents, rante a pressão arterial (PA) em adolescentes, e da
and the suggestion that abnormal pressure levels sugerida manutenção de cifras pressóricas altera-
at young ages are maintained into more mature das em idades jovens para fases mais maduras da
stages of these individuals’ lives, the scope of this vida indivíduo, o presente estudo tem por objeti-
study is to conduct a systematic review of the vo revisar de forma sistemática a associação entre
associations between obesity and BP and betwe- obesidade e PA, e entre atividade física e PA em
en physical activity and BP among adolescents. adolescentes. A base de dados PubMed foi consul-
The PubMed database was consulted to search for tada para a busca de artigos científicos referentes
scientific articles relating to this topic and, after ao tema, e após aplicar os devidos critérios de in-
applying the appropriate inclusion and exclusion clusão e exclusão, 30 artigos foram selecionados e
criteria, 30 articles were selected and analyzed. analisados. Para avaliar a qualidade dos artigos,
To assess the quality of articles Strengthening the foi usado o Strengthening the Reporting of Ob-
Reporting of Observational Studies in Epidemio- servational Studies in Epidemiology. Os resul-
logy was applied. The results suggest that despite tados sugerem que embora exista um pensamento
the existence of hegemonic thinking to guide the- hegemônico norteando tais relações, PA e ativi-
se relationships, BP and physical activity do not dade física nem sempre possuem associações ne-
always have negative associations, and BP and gativas e PA e obesidade nem sempre mostram
obesity do not always have positive associations. associações de cunho positivo. Conclui-se que tal
The conclusion reached is that this situation illus- quadro ilustra a necessidade de reflexões mais pro-
trates the need for more in-depth reflection on fundas sobre tais relações antes da aceitação pas-
these relationships before pre-established para- siva de paradigmas pré-estabelecidos.
digms are passively accepted. Palavras chave Pressão arterial, Exercício, Obe-
Key words Blood pressure, Exercise, Obesity, sidade, Adolescente
1
Escola de Educação Física e
Adolescent
Desportos, Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
Av. Carlos Chagas Filho
540, Cidade Universitária.
21.941-599 Rio de Janeiro
RJ Brasil.
victorgcn@hotmail.com

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Corrêa Neto VG, Palma A

Introdução positivos do exercício físico sobre os padrões


pressóricos, ratificando o impacto benéfico no
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é tida sentido profilático e de tratamento da atividade
como relevante problema de saúde pública. Tal física sobre condições pressóricas alteradas, que
condição caracteriza-se quando da manutenção parece ser algo já bem aceito no que tange às
das cifras pressóricas elevadas de forma crônica investigações na população adulta. Em adoles-
acima dos pontos de corte tidos como de nor- centes os resultados parecem um tanto quanto
malidade. Sua gênese tem premissa multifatorial contraditórios2, embora evidências sobre meca-
e sua manifestação muitas vezes ocorre de forma nismos fisiológicos já forneçam certa robustez e
assintomática. A literatura ainda advoga que tal credibilidade na extrapolação das informações a
enfermidade possui uma já bem estabelecida re- respeito da eficácia da atividade física sobre os
lação com aumento de risco cardiovascular1-4. níveis pressóricos também de jovens e sublinhem
Evidências apontam na direção do aumento o efeito terapêutico do exercício regular na HAS19.
na prevalência de HAS na população adulta5. Tal Diante da relevância do impacto que a obesi-
quadro, contudo, parece não se limitar a indiví- dade e a atividade física podem possuir perante a
duos em faixas etárias mais maduras, mas tam- pressão arterial (PA) em adolescentes, o presente
bém se estender a faixas etárias mais jovens6. Além estudo tem por objetivo revisar de forma siste-
disso, a alteração dos níveis pressóricos na in- mática a associação entre obesidade e PA, e entre
fância parece ter interessante força de predição atividade física e PA em adolescentes.
desses padrões fisiologicamente inadequados na
fase madura do indivíduo. Estudos longitudi-
nais ratificam essa informação7,8. Método
O crescente aumento nos casos de HAS não
parece ser um fato isolado e independente, tal Foram levantados artigos da base de dados Pub-
fenômeno parece vir ocorrendo em conjunto com med até maio de 2012 com o intuito de recrutar
um aumento da obesidade. Diferentes autores investigações relevantes dentro dos critérios es-
têm advogado que o ganho de peso em propor- tabelecidos para compor a presente revisão.
ção patológica tem forte impacto sobre condi- As seguintes palavras chaves foram utiliza-
ções de comprometimento cardiovascular e do- das em diferentes combinações na busca: hyper-
enças crônicas degenerativas. Que se destaque tension, obesity, sedentary, physical activity, phy-
dentro de tal contexto a associação entre excesso sical inactivity e adolescents. Os artigos encon-
de peso corporal e HAS9-13. trados tiveram seus títulos e resumos analisados
A associação entre HAS e obesidade não diz dentro dos seguintes critérios de inclusão: a)
respeito somente a adultos, essa condição per- mostrar de forma explícita que investigavam as-
manece também estabelecida em crianças, que sociações; b) ter amostra composta por indiví-
uma vez acometidas por essa associação, pare- duos entre 10 e 19 anos, ou, se composta por
cem sustentar tal condição de forma longitudi- faixas etárias maiores, conter estratificações den-
nal. Assim, a referida relação em idades mais jo- tro dos citados padrões etários. Entretanto, se as
vens se apresenta com relevante força de predi- amostras ou estratificações passavam dentro da
ção da manutenção de tal contexto durante a citada faixa etária e excediam ligeiramente para
maturidade do indivíduo14-17. menos ou para mais, também foram considera-
Um balanço calórico positivo se mostra dire- dos; c) estarem redigidos em língua inglesa; e d)
tamente associado à obesidade, e a atividade físi- serem estudos observacionais. Foram adotados
ca parece ser componente de suma importância os seguintes critérios de exclusão: a) artigos que
dentro da perspectiva de tal balanço. Com a su- tinham como objetivo investigar tais associações,
posta redução dos níveis de atividade física nas mas envolviam outras síndromes e/ou doenças;
ultimas décadas dentre os mais jovens, acredita- b) estudos que analisavam o poder de uma in-
se na associação de tal fato com um aumento na tervenção; c) estudos de revisão. Os resumos que
prevalência de obesidade e por consequência das se enquadravam dentro de tais critérios, tiveram
doenças e síndromes a ela relacionadas, tal como seus textos lidos de forma integral.
a HAS18,19. Os dois autores fizeram a leitura e seleção
Estratégias não farmacológicas parecem exer- dos resumos e posterior leitura dos textos seleci-
cer significativo efeito no tratamento da HAS20. onados integralmente, quando considerados ap-
Seguindo tal linha de evidências, o American Co- tos consensualmente pelos dois os artigos eram
llege of Sports Medicine2, dá destaque aos efeitos incluídos como parte do estudo, quando não

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havia consenso, os autores se encontravam e dis- Dos 30 artigos, mais da metade deles (16),
cutiam o estudo até chegar a um parecer de co- foram publicados na última metade da última
mum acordo. década (2008-2012). Os outros 14 foram publi-
Para analisar a qualidade dos estudos, foram cados até 2007.
seguidos os parâmetros do Strengthening the Oito trabalhos foram realizados em países
Reporting of Observational Studies in Epidemio- da América do Sul, sete em países da América do
logy (STROBE)21. Cada um dos 22 itens que com- Norte, oito em países da Ásia, cinco em países da
põe o STROBE foram pontuados de zero a um Europa e dois em país do continente Africano.
pelos dois autores, a soma da pontuação de cada Dois estudos24,25 levantaram dados referen-
um dos 22 itens era considerada então, a nota tes apenas ao sexo feminino. Os demais estudos
final atribuída ao estudo pelo autor. Ao término estenderam sua coleta de dados a ambos os se-
do processo, a média da pontuação dos dois au- xos, porém, apenas seis dividiram seus resulta-
tores era considerada a nota final do estudo. Para dos de associação por gênero dentro da faixa etá-
facilitar a visualização dos resultados, os mes- ria alvo da presente revisão26-31.
mos são ilustrados em valores percentuais, se- A faixa etária que teve o ponto de corte mais
guindo o modelo empregado por Mendes et al.22, jovem entre os estudos foi cinco a dezessete anos32,
no qual 50% foi o ponto de corte para conside- enquanto a que teve o ponto de corte mais avan-
rar os estudos como de boa ou má qualidade. çado cronologicamente foi quatorze a vinte
As informações investigadas nos artigos que anos33, com uma variação no n amostral de 8224
foram selecionados após passarem pelos critéri- a 21.11134. Apenas um estudo teve seu desenho
os descritos acima foram: tamanho e represen- metodológico de caráter longitudinal25.
tatividade da amostra; medidas de pressão arte- Uma investigação29 não descreve resultados a
rial, obesidade e atividade física; e resultados. respeito de associações entre obesidade e PA, e 14
estudos não expõem as associações entre ativi-
dade física e PA11,12,23,26,30,32,35-42. Destaque-se que
Resultados dos 14 estudos, cinco não se propuseram a fazer
mensurações em relação à prática de atividades
Durante a busca 439 artigos foram identificados. físicas 11,32,36,39,40.
Destes, após a análise de seus títulos e resumos,
dentro dos critérios preestabelecidos pela pre- Obesidade e pressão arterial
sente revisão, 32 investigações preencheram os
requisitos necessários para fazer parte do pre- Com relação às associações entre obesidade e
sente estudo, tendo assim, seus textos lidos de PA foram identificadas 28 positivas, quatro negati-
forma integral. Durante a leitura na íntegra dos vas e nove relatos da inexistência de associação en-
textos, outros dois estudos foram descartados, tre as referidas variáveis (Quadro 1).
resultando em um total final de 30 artigos para
compor a presente revisão. As principais razões
para descarte de artigos foram estudos que não
descreveram resultados a respeito de associações,
que investigaram as associações em grupos com
doenças ou características específicas, e estudos
que extrapolaram em demasia a faixa etária alvo
439 resumos
S

da revisão sem estratificar seus resultados (Figu- 407 excluídos


ra 1). S

Em relação à avaliação da qualidade dos arti- S Não descreveram


S
gos, as notas dos autores não discordaram em resultados a respeito de
32 artigos associações, investigações
relação à classificação baseada no ponto de corte 02 excluídos
S

lidos na
S

realizadas em grupos
de 50% dos itens do STROBE. Apenas um artigo íntegra
com doenças ou
ficou abaixo de tal marca23. As Tabelas 1, 2 e 3 características específicas,
ilustram de forma descritiva as principais infor- extrapolaram em
S
mações retiradas dos artigos com os resultados demasia a faixa etária
divididos em associações positivas, negativas e 30 artigos alvo e não estratificaram
utilizados seus resultados.
sem associação, respectivamente, bem como, a
pontuação alcançada por cada estudo com base
nos critérios do STROBE. Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos artigos.

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Corrêa Neto VG, Palma A

Tabela 1. Estudos que ilustram associações positivas entre pressão arterial e obesidade.

Pontuação
Referência Amostra / Medidas Resultados STROBE
Nação (%)
Moussa et al., n = 440 PA = auscultatório Associação positiva entre IMC e 13,12
199442 M = 240 OB = IMC, razão PAS (p < 0,0004) (59,6)
F = 200 cintura quadril. Associação positiva entre IMC e
7 a 18 anos AF = NR PAD (p < 0,0001)
Emirados Árabes
Freedman et al., n = 9167 PA = auscultatório Associação positiva entre IMC e 16,25
199932 M = 4789 OB = IMC, dobras PAS (OR = 4,5; 3,6 – 5,8; (73,9)
F = 4378 cutâneas IC = 95%)
5 a 17 anos subescapular e Associação positiva entre IMC e
Estados Unidos tríceps, índice de PAD (OR = 2,4; 1,8 – 3;
Rohrer IC = 95%)
Associação positiva entre índice
de Rohrer e PAS (OR = 4,5;
IC = 95%)
Associação positiva entre índice
de Rohrer e PAD (OR = 2,9;
IC = 95%)
Associação positiva entre dobra
cutânea do tríceps e PAS
(OR = 3,4; IC = 95%)
Associação positiva entre dobra
cutânea do tríceps e PAD
(OR = 2,6 IC = 95%)

Paterno, 200343 n = 2599, PA = auscultatório Associação positiva entre IMC e 16,37


M = 42% OB = IMC HAS. (OR = 4,9; 3,07 – 7,9; (74,4)
F = 58% AF = índice IC = 95%)
12 a 19 anos desenvolvido para
Argentina o estudo =
questionário
(outro)
Ribeiro et al, n = 1533 PA = Automático
2004.26 M = 699 OB = IMC, dobras Masc.: Associação positiva entre 16,75
F = 762 cutâneas do tríceps percentual de gordura e PAS (76,1)
8 a 15 anos e subescapular. (r = 0,222; p < 0,001)
Portugal AF = Questionário Associação positiva entre alto
(outro, MET, percentual de gordura e PA alta
calcula o Índice de (OR = 2,6; 1,8 – 3,8; IC = 95%)
Atividade Física). Femin.: Associação positiva entre
percentual de gordura e PAS
(r = 0,318; p < 0,001)
Associação positiva entre
percentual de gordura e PAD
(r = 0,249; p < 0,001)
Associação positiva entre alto
percentual de gordura e PA alta
(OR = 1,9; 1,3 – 2,8; IC = 95%)
continua

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Tabela 1. continuação

Pontuação
Referência Amostra / Medidas Resultados STROBE
Nação (%)
Li et al., 200536 n = 1143 PA – Auscultatório. Associação positiva entre IMC e 15,37
Ambos os sexos OB – IMC, CC. HASist (OR = 5; 1,5 – 16,4; (69,9)
15 a 17 anos p < 0,05)
China Associação positiva entre IMC e
HAD (OR = 3,1; 1,2 – 8,1;
p < 0,05)
Pileggi et al., n = 228/209/166 PA= auscultatório
200537 M = 111/104/69 OB = IMC Associação positiva entre IMC e 15,25
F = 117/105/ 97 AF = questionário PAS alta (OR = 1,19; 1,1 – 1,29; p (69,3)
Idade = 6-11/ (outro) < 0,001)
12-14/15-18 Associação positiva entre IMC e
Itália PAD alta (OR = 1,11; 1,04 – 1,2;
p = 0,002)
Monyeki et al., n = 1884 PA = automático Associação positiva entre IMC e 15
200611 M = 967 OB = IMC, dobras PAS(β = 0,003; p = 0,000) (68,2)
F = 917 cutâneas Associação positiva entre S/ST e
6 a 13 anos suprailíacas, PAS (β = 0,03; p = 0,000)
África do Sul subescapular, Associação positiva entre SS/SSBT
tríceps e bíceps e PAS (β = 0,11;p = 0,000)
Associação positiva entre
Ribeiro et al., n = 1450 PA = não indica o somatório das dobras cutâneas e 16,62
200612 M = 47% método PAS (β = 0,10; p = 0,000) (75,5)
F = 53% OB = IMC, dobras
6 a 18 anos cutâneas do
Brasil tríceps,
subescapular e
suprailíaca, CC e
do quadril.
AF = questionário
Outro. MET
Kelishadi et al., n = 21111 PA = auscultatório Associação positiva entre IMC e 16,5
200634 M = 10253 OB = IMC, CC, PAS (OR = 3,6; 2,23 – 5,78; (75)
F = 10858 circunferência do IC = 95%)
6 a 18 anos quadril Associação positiva entre IMC e
Irã AF = questionário PAD (OR = 2,7; 1,85 – 3,95;
(MET, boa relação IC = 95%)
teste – reteste e Associação positiva entre IMC e
associado PAS (OR = 1,78; 1,48 – 2,25;
significativamente p = 0,000)
com o IPAQ e o 7 Associação positiva entre CC e
day physical PAS (OR = 1,43; 1,01 – 1,54;
activity) p = 0,002)
Associação positiva entre peso e
PAD (β = 0,10; p = 0,000)
Associação positiva entre CC e
PAD (β = 0,12; p = 0,000)
Associação positiva entre IMC e
PAD (OR = 1,42; 1,26 – 1,68;
p = 0,000)

continua

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Corrêa Neto VG, Palma A

Tabela 1. continuação

Pontuação
Referência Amostra / Medidas Resultados STROBE
Nação (%)
Monego e n = 3169 PA = auscultatório Associação positiva entre IMC e 15,5
Jardim, 200644 M = 1600 OB = IMC níveis anormais de PA (p = 0,01) (70,5)
F = 1569 AF = entrevista
7 a 14 anos
Brasil

Singh et al., n = 510 PA = automático Associação positiva entre IMC e 13,87


200645 M = 279 OB = IMC PAS(β = 0,530; p = 0,000) (63)
F = 231 AF = questionário: Associação positiva entre
12 a 18 anos Global School- obesidade e PAD (β = 2,169;
Índia Based Student p = 0,003)
Health Survey
adaptado
Forrest e Leeds, n = 4109 PA = não relatado Associação positiva entre IMC e 13,12
200735 M = 51,8% OB = IMC, dobra PAS (p < 0,001) (59,6)
F = 48,2% cutânea do tríceps,
12 a 19 anos CC
Estados Unidos AF = entrevista
Sugyiama et al., n = 4508 PA = auscultatório Associação positiva entre IMC e 18,75
200746 M = 50,9% OB = IMC PAS (β = 0,255; 0,218 – 0,292; (85,2)
F = 49,1% AF = entrevista p < 0,001)
12 a 19 anos (outro)
Estados Unidos
Silva e Lopes, n = 1570 PA = auscultatório Masc.: Associação positiva entre
200827 M = 808 OB = IMC, dobra excesso de peso e PA elevada 17
F = 762 cutânea do tríceps (RP = 2,58; 1,61 – 4,13; p < 0,05) (77,3)
7 a 12 anos AF = questionário Associação positiva entre excesso
Brasil Typical Daily de peso e PAS (RP = 1,99; 1,3 -
Physical activities 3,06; p < 0,05)
and Meals (DAFA) Femin: Associação positiva entre
excesso de peso e PA elevada
(RP = 2,69; 1,97 – 3,68; p < 0,05)
Associação positiva entre excesso
de peso e PAS (RP = 2,09;
1,45 – 3,01; p < 0,05)
Associação positiva entre excesso
de peso e PAD (RP = 1,96;
1,41 – 2,75; p < 0,05)

Saha et al., n = 1081 PA – auscultatório Associação positiva entre IMC e 11,5


200838 Ambos os sexos OB – IMC PAS (r = 0,753; p = 0,01) (52,3)
10 a 19 anos AF - entrevista Associação positiva entre IMC e
Índia PAD (r = 0,689; p=0,01).
Salvadori et al., n = 252 PA – manual e Associação positiva entre IMC e 18,25
200839 Ambos os sexos automático HAS (OR = 5,9; 1,5 – 24,3; (83)
13 a 17 anos OB - IMC IC = 95%)
Canadá
Sporisevic et al., n = 214 PA = Auscultatório Associação positiva entre IMC e 10,62
200923 M = 112 OB = IMC HAS (p < 0,05) (48,3)
F = 1027 a 15 AF = Questionário
anos (outro)
Bósnia

continua

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Tabela 1. continuação

Pontuação
Referência Amostra / Medidas Resultados STROBE
Nação (%)
Candido et al., n = 780 PA = auscultatório Associação positiva entre IMC e 16,12
200947 Ambos os sexos e automáticoOB = PA (OR = 6,7; 2,6 – 16,5; (73,3)
6 a 14 anos IMC, CCAF = p < 0,001)
Brasil entrevista (outro) Associação positiva entre CC e PA
(OR = 7,8; 3,8 – 16,4; p < 0,001)
Obarzanec et al., n = 2368 PA = auscultatório Associação positiva entre IMC e 14,75
201025 F OB = IMC, CC desenvolvimento de HAS (67)
10 a 18 anos AF = questionário (p < 0,001)
Estados Unidos (Questionário Associação positiva entre CC e
modelo de desenvolvimento de HAS
atividades físicas (p = 0,029).
habituais)
Yi-Choun Chou n = 558 PA = automático Masc.: Associação positiva entre 18,75
e Jen-Sheng Pei, M = 284 OB = IMC, CC IMC e PAS (r = 0,57; p < 0,05) (85,2)
201028 F = 274 AF = Questionário Associação positiva entre IMC e
12 a 18 anos PAD (r = 0,428; p < 0,05)
Taiwan Femin.: Associação positiva entre
IMC e PAS (r = 0,568; p < 0,05)
Associação positiva entre IMC e
PAD (r = 0,519; p < 0,05)

Burgos et al., n = 1666 PA = auscultatório Associação positiva entre peso e 16,37


201040 M = 873 OB = IMC, dobras PAS (r = 0,597; p < 0,05) (74,4)
F = 793 cutâneas do tríceps Associação positiva entre IMC e
7 a 17 anos e subescapular, CC PAS (r = 0,476; p < 0,05)
Brasil e circunferência do Associação positiva entre CC e
quadril PAS (r = 0,498; p < 0,05)
Associação positiva entre
somatório das dobras cutâneas e
PAS (r = 0,300; p < 0,05)
Associação positiva entre
percentual de gordura corporal e
PAS (r = 0,292; p < 0,05)
Associação positiva entre peso e
PAD (r = 0,507; p < 0,05)
Associação positiva entre IMC e
PAD (r = 0,413; p < 0,05)
Associação positiva entre CC e
PAD (r = 0,405; p < 0,05)
Associação positiva entre
somatório das dobras cutâneas e
PAD (r = 0,269; p < 0,05)
Associação positiva entre
percentual de gordura corporal e
PAD (r = 0,266; p < 0,05)
Griz et al., n = 1825 PA = auscultatório Associação positiva entre CC e 15,75
201033 M = 40% OB = IMC, CC HAS (OR = 2,48; 2,49 – 4,87; (71,6)
F = 60% AF = questionário: p < 0,001)
14 a 20 anos Global School-
Brasil Based Student
Health Survey
continua

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Corrêa Neto VG, Palma A

Tabela 1. continuação

Pontuação
Referência Amostra / Medidas Resultados STROBE
Nação (%)
Polderman et n = 1002 PA – automático Masc.: Associação positiva entre 17,62
al., 201130 M = 442 OB – IMC IMC e PA (RP = 4,87; (80,1)
F = 560 AF – questionário 2,35 – 10,11; IC = 95%)
12 a 17 anos (outro)
Brasil Femin.: Associação positiva entre
IMC e PA (RP = 5,18;
2,67 – 10,06; IC = 95%)
Lazorick et al., n = 1308 PA = registro Associação positiva entre IMC e 17,12
201141 Ambos os sexos médico HAS (p < 0,01) (77,8)
13 a 16 anos OB = IMC
EUA AF = registro
médico
Gaya et al., n = 1075 PA = automático Associação positiva entre IMC e 17,25
201148 M = 503 OB = IMC PA alta – modelo com atividades (78,4)
F = 572 AF = questionário de competição esportiva –
8 a 17 anos (OR = 2,17; 1,56-3,02; p < 0,05)
Portugal Associação positiva entre IMC e
PA alta – modelo com AF no
tempo de lazer – (OR = 2,22;
1,59-3,09; p < 0,05)
Leung et al., n = 5901 PA = automático Associação positiva entre CC e 19,12
201149 M = 2938 OB – IMC, CC HAS (OR = 2,378; 1,164 – 4,987; (86,9)
F = 2963 AF – questionário p = 0,022)
Média de 15,2 (outro)
anos de idade
China
Hujova e n = 191 PA = auscultatório Associação positiva entre IMC e 14
Lesniakova, M = 97 OB = IMC, dobras PAD (p < 0,05) (63,6)
201150 F = 94 cutâneas do tríceps Associação positiva entre IMC e
Idade 7-11/12-18 e subescapular, CC, PAS (p < 0,05)
Eslováquia circunferência do Associação positiva entre razão
quadril. cintura quadril e PAD somente
AF = questionário em adolescentes (r = 0,202)
(outro)
Aounallah – n = 2870 PA = auscultatório Masc.: Associação positiva entre 17,37
Skhiri et al., M = 1294 OB = IMC, CC IMC e HAS (OR = 3,5; 1,4 – 8,9; (79)
201231 F = 1576 AF = entrevista p = 0,012)
15 a 19 anos Associação positiva entre CC e
Tunísia HAS (OR = 2,7; 1,1 – 6,6; p =
0,0046)
Femin.: Associação positiva entre
IMC e HAS (OR = 5,4;2,2 – 13,4;
p = 0,0017)
*
M = Sexo masculino, F = Sexo feminino, PA = pressão arterial, OB = obesidade, AF = atividade física, PAS = pressão arterial
sistólica, PAD = pressão arterial diastólica, HÁS = hipertensão arterial sistêmica, HASist = hipertensão arterial sistólica,
HAD=hipertensão arterial diastólica, IMC=índice de massa corporal; CC=circunferência da cintura, S/T = subescapular/tríceps,
S/ST = subescapular/subescapular+tríceps, SS/SSBT = subescapular+suprailíaca/subescapular+suprailíaca+bíceps+tríceps, NR =
não relatado, STROBE = Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology.

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Tabela 2. Estudos que ilustram associações negativas entre pressão arterial e atividade física e entre pressão
arterial e obesidade.

Pontuação
Referência Amostra / Medidas Resultados STROBE
Nação (%)
Paterno, 200343 n = 2599 PA = auscultatório Associação negativa entre AF e 16,37
M = 42% OB = IMC HAS (OR = 0,77; 0,59 – 0,99; (74,4)
F = 58% AF = índice IC = 95%)
12 a 19 anos desenvolvido para
Argentina o estudo =
questionário
(outro)
Kelishadi et al., n = 21111 PA = auscultatório Associação negativa entre AF 16
200634 M = 10253 OB = IMC, CC, e PAS(β = -0,19; p = (72,7)
F = 10858 circunferência do 0,042).Associação negativa
6 a 18 anos quadril entre CQ e PAD(β = -0,04; p
Irã AF = questionário = 0,037).Associação negativa
(MET, boa relação entre AF e PAD([referência
teste – reteste e ativos] OR = 1,71; 1,53 –
associado 1,95; p = 0,019)
significativamente
com o IPAQ e o 7
day physical
activity)
Forrest e Leeds, n = 4109 PA = não relatado Associação negativa entre 13,12
200735 M = 51,8% OB = IMC, dobra IMC e PAD (p < 0,01) (59,6)
F = 48,2% cutânea do tríceps,
12 a 19 anos CC
Estados Unidos AF = entrevista
Sugyiama et al., n = 4508 PA = auscultatório Associação negativa entre 18,75
200746 M = 50,9% OB = IMC atividade física vigorosa e (85,2)
F = 49,1% AF = entrevista PAD (β = -0,109;
12 a 19 anos (outro) -0,198 – 0,19; p = 0,02)
Estados Unidos Associação negativa entre
IMC e PAD (β = -0,073;
-0,107 - -0,038; p < 0,01)

continua

O número de associações é superior ao núme- Dos seis estudos que avaliaram separadamente
ro de estudos, pois algumas investigações encon- as associações entre os diferentes gêneros, cinco
traram resultados discordantes no que diz respei- deles se propuseram a investigar obesidade26-
28,30,31
to aos métodos empregados ou a diferentes gêne- , e três não encontraram associação signifi-
ros estudados. cativa em alguma de suas medidas26,27,31. Ribeiro
Todos os estudos encontraram, em alguma et al.26 não observaram associação entre percen-
medida de obesidade, associação de cunho posi- tual de gordura e PAD no sexo masculino, já Silva
tivo com a PA, exceto Taylor et al.24, que utiliza- et al.27 não identificaram associação entre exces-
ram como método avaliador da obesidade o ín- so de gordura corporal e PA elevada tanto no
dice de massa corporal (IMC), e não encontra- sexo masculino, quanto no feminino. Aounallah-
ram associação de tal medida nem com pressão skhiri et al.31 não foram capazes de identificar
arterial sistólica (PAS) e nem com pressão arte- associação significativa entre circunferência de
rial diastólica (PAD). cintura e HAS em meninas. Ainda, outros artigos
Além de Taylor et al.24, mais oito artigos cons- levantados, analisaram sua amostra sem divisão
tataram em algum momento a inexistência de por sexo, e ainda assim ilustraram a falta de as-
associação entre obesidade e PA11,26,27,31,34,42,49,50. sociação significativa entre obesidade e pressão

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Corrêa Neto VG, Palma A

Tabela 2. continuação
Pontuação
Referência Amostra / Medidas Resultados STROBE
Nação (%)
Burgos et al., n = 1666 PA = auscultatório Associação negativa entre razão 16,37
201040 M = 873 OB = IMC, dobras cintura quadril e PAS (r = -0,120; (74,4)
F = 793 cutâneas do tríceps p < 0,05)
7 a 17 anos e subescapular, CC Associação negativa entre razão
Brasil e circunferência do cintura quadril e PAD
quadril (r = -0,146; p < 0,05)
Griz et al., n = 1825 PA = auscultatório Associação negativa entre AF e 15,75
201033 M = 40% OB = IMC, CC HAS (OR = 1,37 [referência (71,6)
F = 60% AF = questionário: ativos]; 1,06 – 1,78; p = 0,015)
14 a 20 anos Global School-
Brasil Based Student
Health Survey
Yoshinaga et al., n = 755 PA – automático Masc.: Associação negativa entre 17
201129 M = 331 OB – IMC, CC atividades físicas extracurriculares (77,3)
F = 424,1 AF – Questionário e PAS (p < 0,05)
5 a 18 anos (outro)
Japão
Gaya et al., n = 1075 PA = automático Associação negativa entre AF no 17,25
201148 M = 503 OB = IMC tempo de lazer e PA alta (78,4)
F = 572 AF = questionário (OR =1,5 [referência ativo];
8 a 17 anos 1,12-2,02; p < 0,05)
Portugal
Leung et al., n = 5901 PA = automático Associação negativa entre AF e 19,12
201149 M = 2938 OB – IMC, HAS (OR = 0,232; (86,9)
F = 2963 circunferência da 0,113 – 0,706; p = 0,007)
Média de 15,2 cintura
anos de idade AF – questionário
China (outro)
Hujova e n = 191 PA = auscultatório Associação negativa entre 14
Lesniakova, M = 97 OB = IMC, dobras AF e PAD na população urbana (63,6)
201150 F = 94 cutâneas do tríceps (p = 0,04)
Idade 7-11/12-18 e subescapular, CC,
Eslováquia circunferência do
quadril
AF = questionário
(outro)

*
M = Sexo masculino, F = Sexo feminino, PA = pressão arterial, OB = obesidade, AF = atividade física, PAS = pressão arterial
sistólica, PAD = pressão arterial diastólica, HAS = hipertensão arterial sistêmica, IMC = índice de massa corporal; CC =
circunferência da cintura, CQ = circunferência do quadril, MET = equivalente metabólico, IPAQ = Questionário Internacional de
Atividade Física, STROBE = Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology.

arterial em alguns momentos. Moussa et al.42, Hujova et al.50 não encontraram associação en-
relatam a falta de associação significativa entre tre gordura corporal e PA.
razão cintura quadril tanto com PAS, quanto Quatro estudos obtiveram através de algu-
com PAD. Kelishadi et al.34, não observaram as- ma de suas medidas, associações negativas entre
sociação entre peso e PAS, Monyeki et al.11 não obesidade e PA34,35,40,46.
encontraram associação entre a razão das do-
bras cutâneas subescapular e triceps (S/T) e PAS, Atividade física e pressão arterial
e nem entre nenhuma de sua medidas de obesi-
dade e PAD. Leung et al.49 não foram capazes de Entre os 16 estudos que relataram os resulta-
observar associação entre IMC e HAS, e, por fim, dos no que diz respeito às associações entre ativi-

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Ciência & Saúde Coletiva, 19(3):797-818, 2014


Tabela 3. Estudos que não ilustram associações entre pressão arterial e atividade física e entre pressão arterial
e obesidade.

Pontuação
Referência Amostra / Medidas Resultados STROBE
Nação (%)
Moussa et al., n = 440 PA = auscultatório Sem associação entre razão 13,12
199442 M = 240 OB = IMC, razão cintura quadril e PAS (p = 0,803) (59,6)
F = 200 cintura quadril Sem associação entre razão
7 a 18 anos AF = NR cintura quadril e PAD (p = 0,648)
Emirados Árabes
Taylor et al., n = 82 PA = automático Sem associação entre IMC e PAS 17,5
200224 F OB = (p = NR) (79,5)
11 a 13 anos circunferência do Sem associação entre AF e PAS
Estados Unidos abdômen, coxa, (p = NR)
braço, quadril; Sem associação entre IMC e PAD
dobra cutânea da (p = NR)
panturrilha, coxa, Sem associação entre AF e PAD
tríceps, (p = NR)
subescapular e
abdômen; IMC
AF = entrevista
(outro, MET)
Ribeiro et al., n = 1533 PA = Automático Masc.: Sem associação entre 16,75
200426 M= OB = IMC, dobras percentual de gordura e PAD (76,1)
699 cutâneas do tríceps (r = 0,0921; p > 0,05)
F = 762 e subescapular
8 a 15 anos AF = Questionário
Portugal (outro, MET,
calcula o Índice de
Atividade Física)
Monyeki et al., n = 1884 PA = automático Sem associação entre S/T e PAS 15
200611 M = 967 OB = IMC, dobras (β = 0,001; p = 0,807) (68,2)
F = 917 cutâneas Sem associação entre IMC e PAD
6 a 13 anos suprailíacas, (β = 0,002; p = 0,57)
África do Sul subescapular, Sem associação entre S/T e PAD
tríceps e bíceps (β = 0,002; p = 0,76)
Sem associação entre S/ST e
PAD(β = 0,03; p = 0,61)
Sem associação entre SS/SSBT e
PAD (β = -0,01; p = 0,54)
Sem associação entre somatório
das dobras cutâneas e PAD
(β = 0,004; p = 0,86)
Kelishadi et al., n = 21111 PA = auscultatório Sem associação entre peso e PAS 16
20063 M = 10253 OB = IMC, CC, (β = 0,24; p = 0,656) (72,7)
F = 10858 circunferência do
6 a 18 anos quadril
Irã AF = questionário
(MET, boa relação
teste – reteste e
associado
significativamente
com o IPAQ e o 7
day physical
activity)

continua

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Corrêa Neto VG, Palma A

Tabela 3. continuação

Pontuação
Referência Amostra / Medidas Resultados STROBE
Nação (%)
Monego e n = 3169 PA = auscultatório Sem associação entre AF e níveis 15,5
Jardim, 200644 M = 1600 OB = IMC de PA (p = 0,62) (70,5)
F = 1569 AF = entrevista
7 a 14 anos
Brasil
Singh et al., n = 510 PA = automático Sem associação entre AF e PAS 13,87
200645 M = 279 OB = IMC (p > 0,05) (63)
F = 231 AF = questionário: Sem associação entre AF e PAD
12 a 18 anos Global School- (p > 0,05)
Índia Based Student
Health Survey
adaptado
Sugyiama et al., n = 4508 PA = auscultatório Sem associação entre AF moderada 18,75
200746 M = 50,9% OB = IMC ou vigorosa e PAS (p = NS) (85,2)
F = 49,1% AF = entrevista Sem associação entre atividade
12 a 19 anos (outro) física moderada e PAD (p = NS)
Estados Unidos
Silva e Lopes, n = 1570 PA = auscultatório Masc.: Sem associação entre AF e 17
200827 M = 808 OB = IMC, dobra PA elevada (p > 0,05) (77,3)
F = 762 cutânea do tríceps Sem associação entre excesso de
7 a 12 anos AF = questionário gordura corporal e PA elevada
Brasil Typical Daily (p > 0,05)
Physical activities Sem associação entre excesso de
and Meals (DAFA) peso e PAD (p > 0,05)
Sem associação entre excesso de
gordura corporal e PAS (p > 0,05)
Sem associação entre excesso de
gordura corporal e PAD (p >
0,05)
Femin.: Sem associação entre AF
e PA elevada (p > 0,05)
Sem associação entre excesso de
gordura corporal e PA elevada (p
> 0,05)
Sem associação entre excesso de
gordura corporal e PAS (p > 0,05)
Sem associação entre excesso de
gordura corporal e PAD
(p > 0,05)
Candido et al., n = 780 PA = auscultatório Sem associação entre AF e PA 16,12
200947 Ambos os sexos e automático (p > 0,05) (73,3)
6 a 14 anos OB = IMC, CC
Brasil AF = entrevista
(outro)
Obarzanec et al., n = 2368 PA = auscultatório Sem associação entre AF e 14,75
201025 F OB = IMC, CC desenvolvimento de HAS (67)
10 a 18 anos AF = questionário (p = 0,106)
Estados Unidos (Questionário
modelo de
atividades físicas
habituais)

continua

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Ciência & Saúde Coletiva, 19(3):797-818, 2014


Tabela 3. continuação

Pontuação
Referência Amostra / Medidas Resultados STROBE
Nação (%)
Yi-Chun Chou e n = 558 PA = automático Masc.: Sem associação entre AF e 18,75
Jen-Sheng Pei, M = 284 OB = IMC, CC HAS (p > 0,05) (85,2)
201028 F = 274 AF = Questionário Femin.: Sem associação entre AF
12 a 18 anos e HAS (p > 0,05)
Taiwan
Yoshinaga et al, n = 755 PA – automático Masc.: Sem associação entre 17
201129 M = 331 OB – IMC, CC tempo total de exercício e PAS (77,3)
F = 424 AF – Questionário (p > 0,05)
15 a 18 anos (outro) Femin.: Sem associação entre AF
Japão extra curriculares e PAS
(p > 0,05)
Sem associação entre tempo total
de exercício e PAS (p > 0,05)
Gaya et al., n = 1075 PA = automático Sem associação entre atividades 17,25
201148 M = 503 OB = IMC de competição esportiva e PA alta (78,4)
F = 572 AF = questionário (OR = 1,25; 0,92-1,70; p = 0,14)
8 a 17 anos
Portugal
Leung et al., n= 5901 PA = automático Sem associação entre IMC e HAS 19,12
201149 M = 2938 OB – IMC, (OR = 1,436; 0,995 – 2,021; (86,9)
F = 2963 circunferência da p = 0,053)
Média de 15,2 cintura
anos de idade AF – questionário
China (outro)
Hujova e n = 191 PA = auscultatório Sem associação entre gordura 14
Lesniakova, M = 97 OB = IMC, dobras corporal e PA (p > 0,05) (63,6)
201150 F = 94 cutâneas do tríceps
Idade 7-11/12-18 e subescapular, CC,
Eslováquia circunferência do
quadril
AF = questionário
(outro)
Aounallah – n = 2870 PA = auscultatório Masc.: Sem associação entre AF e 17,37
Skhiri et al., M = 1294 OB = IMC, CC HAS (OR = 2,8; 1,1 – 7; (79)
201231 F = 1576 AF = entrevista p = 0,072)
15 a 19 anos Femin.: Sem associação entre AF
Tunísia e HAS (OR = 1,4; 0,7 – 2,9;
p = 0,075)
Sem associação entre CC e HAS
(OR = 1,5; 0,7 – 3,2; p = 0,5)

*
M = Sexo masculino, F = Sexo feminino, PA = pressão arterial, OB = obesidade, AF = atividade física, PAS = pressão arterial
sistólica, PAD = pressão arterial diastólica, HAS = hipertensão arterial sistêmica, IMC = índice de massa corporal; CC =
circunferência da cintura, S/T = subescapular/tríceps, S/ST = subescapular/subescapular+tríceps, SS/SSBT =
subescapular+suprailíaca/subescapular+suprailíaca+bíceps+tríceps, NR = não relatado MET = equivalente metabólico, NS = não
significativo, STROBE = Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology.

dade física e PA, foram identificadas oito estudos tados algumas vezes discordarem entre os méto-
com associações negativas, nenhum estudo com dos ou gêneros.
associação positiva, e a inexistência de associa- Para mensuração da atividade física, sete es-
ção foi encontrada em onze momentos (Quadro tudos usaram entrevistas24,31,35,38,44,46,47, um es-
1). O número de associações mais uma vez é su- tudo fez uso de registros médicos prévios41, os
perior ao número de estudos, devido aos resul- demais empregaram questionários.

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810
Corrêa Neto VG, Palma A

Quadro 1. Síntese geral das associações ilustradas pelos estudos.


Associações positivas Associações negativas Sem associações
PA x AF PA x OB PA x AF PA x OB PA x AF PA x OB

Moussa et al., 199442 Paterno, 200343 Kelishadi et al., 200634 Taylor et al., 200224 Moussa et al., 199442

Freedman et al, 199932 Kelishadi et al., Forrest e Leeds, 200735 Monego e Jardim, Taylor et al., 200224
200634 200644

Paterno, 200343 Sugyiama et al., Sugyiama et al., 200746 Singh et al., 200645 Ribeiro et al., 200426
200746

Ribeiro et al., 200426 Griz et al., Burgos et al., 201040 Sugyiama et al., Monyeki et al., 200611
201033 200746

Li et al., 200536 Yoshinaga et al., Silva e Lopes, Kelishadi et al., 200634


201129 200827

Pileggi et al., 200537 Gaya et al., Candido et al., Silva e Lopes, 200827
201148 200947

Monyeki et al., 200611 Leung et al., Obarzanec et al., Leung et al., 201149
201149 201025

Ribeiro et al., 200612 Hujova e Yi-Chun Chou Hujova e Lesniakova,


Lesniakova, e Jen-Sheng Pei, 201150
201150 201028

Kelishadi et al., 200634 Yoshinaga et al., Aounallah-Skhiri et


201129 al., 201231

Monego e Jardim, 200644 Gaya et al., 201148

Singh et al., 200645 Aounallah- Skhiri


et al., 201231

Forrest e Leeds, 200735

Sugyiama et al., 200746

Silva e Lopes, 200827

Saha et al., 200838

Salvadori et al., 200839

Sporisevic et al., 200923

Candido et al., 200947

Obarzanec et al., 201025

Yi-Choun Chou e Jen-Sheng


Pei, 201028

Burgos et al., 201040

Griz et al., 201033

Polderman et al., 201130

Lazorick et al., 201141

Gaya et al., 201148

Leung et al., 201149

Hujova e Lesniakova, 201150

Aounallah-Skhiri et al.,
201231
Total= 0 Total= 28 Total= 08 Total= 04 Total= 11 Total= 09
*
o somatório do total de desfechos é superior ao número de artigos investigados em razão dos resultados alguma vezes divergirem entre os métodos ou
entre os gêneros. PA = pressão arterial; OB = obesidade; AF = atividade física

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811

Ciência & Saúde Coletiva, 19(3):797-818, 2014


Ribeiro et al.26 usaram um questionário vali- fortemente associada à elevação da pressão arte-
dado anteriormente e calcularam, baseados em rial em jovens19.
equivalentes metabólicos (METs), o índice de ati- Embora o embasamento fisiológico pertinen-
vidade física. Aounallah-Skhiri et al.31 também temente ampare a existência de uma ligação en-
comentam que o questionário utilizado pelos tre obesidade e níveis alterados de PA, a literatura
entrevistadores foi previamente validado e usam nem sempre adula tal perspectiva remetendo as-
tal instrumento para quantificar os níveis de ati- sim a situação inconclusiva no que diz respeito a
vidade física de sua amostra, baseado em pontos uma visão de causalidade.
de corte por METs. A presente revisão foi capaz de identificar a
Paterno43 utilizou um índice desenvolvido inexistência de associação entre obesidade e PA,
para a aplicação no seu estudo, porém, não faz bem como, associação negativa entre as referi-
comentários sobre a validade e nem sobre a re- das variáveis em alguns estudos.
produtibilidade de tal índice. Kelishadi et al.34 encontraram associação ne-
Gaya et al.48 advogam que o questionário por gativa entre circunferência do quadril e PAD. Po-
eles empregado, já foi anteriormente utilizado no rém, considerando que na razão cintura quadril,
mesmo contexto cultural e que mostrou signifi- a circunferência do quadril é o divisor, pode-se
cativa reprodutibilidade. imaginar que quanto maior a circunferência do
Kelishadi et al.34 esclareceram que o instru- quadril, menor seria o valor da razão cintura
mento que utilizaram para avaliação da ativida- quadril. A razão cintura quadril é uma medida
de física apresentou boa relação teste-reteste e se valorizada dentro do contexto da avaliação da
associou significativamente ao International Phy- distribuição da gordura corporal, e valores aci-
sical Activity Questionnaire e ao 7 – Day Physical ma dos seus níveis de corte já foram apontados
Activity Diary, no seu grupo amostral. como preditores de hipertensão e distúrbios car-
Ainda outros quatro estudos que lançaram diometabólicos51. Antagonicamente a tal perspec-
mão de questionários identificaram seus instru- tiva, Moussa et al.42 não observaram qualquer
mentos. Singh et al.45 e Griz et al.33, utilizaram o tipo de associação significante entre tal variável e
Global School-Based Student Health Survey, Silva níveis de PA (p > 0,05), ainda, Burgos et al.40
et al.27 usaram o Typical Daily Physical Activities observaram associação negativa entre razão cin-
and Meals, e Obarzanec et al.25 fizeram uso de um tura quadril e PAS e PAD, mesmo que fraca, a
questionário modelo de atividades físicas habi- referida associação mostrou significância (p <
tuais e ressalvam que tal método é validado. 0,05) o que conduz a um olhar mais reflexivo
Dos artigos que empregaram entrevistas, ape- sobre tal variável antropométrica.
nas Monego et al.44 esclarecem que sua entrevista Tais resultados até agora relatados encami-
já foi utilizada em outras pesquisas. Os demais nham a uma reflexão mais profunda e crítica em
estudos, não identificam e nem comentam a res- relação à concepção hegemônica, defendida por
peito da validação ou reprodutibilidade de seus alguns autores, no que diz respeito à visão de
instrumentos. obesidade como importante fator de risco para
doenças cardiovasculares52. Não desprezando tal
discurso, nem objetivando de forma alguma dis-
Discussão sertar apologicamente em relação à obesidade,
não se pode desprezar que alguns indícios apon-
Obesidade e pressão arterial tados por nossos resultados mostram que em
algumas pesquisas tais associações não aconte-
Os mecanismos propostos para ilustrar a cem, ou ainda, se mostram negativas, o que leva
relação entre ganho de peso e HAS dizem respei- a repensar cautelosamente sobre o enfoque cau-
to a uma maior atividade simpática, aumentan- sal pregado incessantemente sobre tal relação pela
do o débito cardíaco e a resistência vascular sis- literatura científica.
têmica. Tais alterações na hemodinâmica cardi- Quanto aos métodos utilizados para avaliar
ovascular resultariam em mudanças nas cifras obesidade, todos os estudos empregaram o IMC,
pressóricas no sentido de elevá-las. sendo também utilizado o índice de Rohrer, cir-
Uma disfunção vascular caracterizada pela cunferência da cintura, circunferência do qua-
rigidez arterial ou uma dilatação endotelial vas- dril, peso, razão cintura/quadril, percentual de
cular prejudicada também comprometem os va- gordura corporal, somatório de dobras cutâne-
lores pressóricos. O ganho de peso também au- as e razão entre dobras cutâneas. Interessante
menta a resistência à insulina que por sua vez é salientar que dos estudos que utilizaram dobras

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812
Corrêa Neto VG, Palma A

cutâneas11,12,26,27,35,40,50, três fizeram uso das mes- No entanto, fugindo do âmbito da específica
mas dobras26,40,50, e dois utilizaram apenas a do- classificação de obesidade, e dos fracionamentos
bra do tríceps27,35, os demais não acordam nas da composição corporal, talvez o IMC tenha efi-
dobras cutâneas utilizadas. O presente quadro cácia em mensurar excesso de massa corporal e,
parece contextualizar a inexistência de uma pa- assim, essa variável seria uma útil ferramenta na
dronização de protocolos para aferição da com- associação de IMC com padrões pressóricos em
posição corporal. Além disso, outras implicações adolescentes. Ma et al.61 parearam uma amostra
pesam sobre tal medida, como a dificuldade de de 13.972 indivíduos entre sete e dezoito anos,
sua realização em sujeitos obesos, e a difícil re- por peso e altura, sendo assim, o pareamento
produtibilidade de tal mensuração53. Deve-se também foi efetivo no que diz respeito ao IMC,
também destacar que o IMC foi a única medida porém, o percentual de gordura diferia de forma
utilizada em todos as investigações para tratar significativa. O mesmo pareamento foi feito com
obesidade, as outras foram diversas vezes apli- 5.103 indivíduos entre sete e dezoito anos, porém
cadas para identificar padrões de distribuição de dessa vez com diferença significativa no que diz
gordura corporal. respeito à circunferência de cintura. Os resulta-
Estudos epidemiológicos lançam mão costu- dos apontaram que os padrões pressóricos in-
meiramente do IMC para investigar obesidade e dependiam do percentual de gordura e da cir-
sobrepeso, dada a sua facilidade de medição43,53. cunferência de cintura, sendo muito semelhantes
Tal índice é usado independente da faixa etária, e e em alguns momentos sem diferença significati-
encorajado como manobra para avaliação de va do maior para o menor quartil das citadas
obesidade em crianças e adolescentes54. Sua rela- variáveis. Os autores levantam a hipótese de que
ção com morbidade e mortalidade, ainda é algu- a massa magra e a gordura podem possuir simi-
mas vezes ratificada55. No entanto, associações lar impacto na PA de indivíduos dentro de tal
entre níveis de massa corporal e mortalidade pa- contexto etário.
recem um tanto quanto nebulosas e em algumas Pode-se também notar uma tendência no in-
situações, ainda, meramente especulativas56. Em teresse em se estudar tais associações na linha
um grupo de indivíduos hipertensos apontados temporal, tendo um abrupto aumento no nú-
por Uretsky et al.57, por exemplo, a obesidade, mero de estudos publicados sobre o tema na se-
classificada pelo IMC, apresentou efeito protetor gunda metade da ultima década dos anos inves-
e não deletério no que diz respeito a condições de tigados (2008-2012). Tal fato pode refletir a crença
morbidade, bem como mortalidade, ilustrando hegemônica no aumento de peso, e nas conseqü-
assim um paradoxo se levarmos como via de re- ências de tal ocorrência advogadas piamente pela
gra o discurso hegemônico existente sobre a rela- literatura62, o que pode direcionar a uma ideia de
ção sobrepeso, morbidade, mortalidade. epidemia e a um constructo de pânico moral.
Outras críticas pesam sobre tal índice, já que Flegal et al.63 abordam a questão conceitual de se
ele não considera o fracionamento da composi- associar obesidade ao termo epidemia, e deixam
ção corporal no que se refere à diferenciação entre claro que embora a obesidade possa estar em
massa gorda e massa corporal livre de gordura, o parte dentro do contexto epidêmico, não existe
que o torna um instrumento capaz de não rara- uma definição exata para o que seriam níveis
mente falhar ao classificar determinadas popula- normais de obesidade na população, e pela falta
ções, por exemplo, aquelas com um alto padrão da quantificação de tal dado, seria impreciso e
de atividade física58-60, além disso, as diferentes talvez precipitado o julgamento da questão da
curvas de percentil utilizadas para classificar os obesidade como epidemia. Tal termo muitas ve-
valores de IMC, muitas vezes dificultam a discus- zes é empregado de forma metafórica, porém
são específica de resultados de diferentes estudos. perigosamente interpretado de maneira literal.
Sendo assim, embora a facilidade de coleta Antes que se empregue com propriedade o ter-
do IMC seja indiscutível, deve-se pesar suas van- mo epidemia em tal situação, deve-se pesar ou-
tagens e desvantagens antes de categorizar de for- tras referências literárias que encaminham a re-
ma quase totalitária sua aplicação em estudos flexão de tal campo, remetendo assim, a incerte-
que mensuram obesidade. Talvez o desenho do za do conhecimento56.
estudo, muitas vezes seja o determinante mais
relevante na escolha do IMC como método de Atividade física e pressão arterial
análise da obesidade devido mais a viabilidade
de tal medida, do que suas qualidades científicas Fisiologicamente, a atividade física parece se
para identificar excesso de gordura corporal. mostrar como tendo interessante impacto na ate-

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nuação das respostas simpáticas, da resistência à ável um nível insatisfatório de atividade física?
insulina e das disfunções endoteliais cardiovascu- Seria tal variável uma medida associada a certos
lares. Tal efeito do exercício se caracteriza por di- hábitos de vida? Se conceituar sedentarismo é
minuição da frequência cardíaca e por consequ- difícil, atribuir relações causais, na esfera da saú-
ência do débito cardíaco, e também por uma di- de, a tal termo é ainda mais complexo. A falta de
minuída resistência vascular sistêmica. Sendo as- um conceito preciso e científico para o termo se-
sim, essas alterações na dinâmica cardiovascular dentarismo, talvez seja a gênese de discursos tão
podem incidir nos valores da pressão arterial19. dicotômicos.
A manutenção dos níveis pressóricos eleva- Mais uma vez, foi observada uma tendência
dos cronicamente remodela a parede arterial da temporal de aumento quantitativo nesse tipo de
carótida a favor de um enrijecimento. Tal carac- investigação na segunda metade da ultima déca-
terística torna os barorreceptores menos sensí- da dos anos cobertos pela presente revisão (2008-
veis, já que os mesmos respondem em favor da 2012). Embora uma crença no aumento do se-
homeostase pressórica através da distensão des- dentarismo devido aos avanços e facilidades tec-
ses vasos64. Acredita-se que o exercício físico au- nológicas da sociedade contemporânea68 possa
menta a sensibilidade dessas estruturas através ser o pressuposto estímulo para tal acontecimen-
de uma maior sensibilização do nervo depressor to, espera-se que baseado nas fragilidades con-
aórtico, via diminuição da atividade simpática, ceituais e mensuráveis do que seja sedentário, já
além de seu efeito direto sobre as respostas auto- antes discutido, tal questão seja objeto de refle-
nômicas capazes de antagonizar o enrijecimento xão e não de rotulação.
arterial como já foi anteriormente exposto65. Tratar de sedentarismo e de mudanças de
Interessantemente, embora o presente discur- hábito de vida é algo muito mais complexo do
so de mecanismos fisiológicos enrobusteça a cre- que pode parecer, tal discussão extrapola as esfe-
dibilidade acerca do impacto da atividade física ras biológicas, quantitativas e individuais. Limi-
sobre padrões pressóricos, a literatura não é con- tar-se a tais esferas seria uma forma cética e re-
sensual em relação a tais respostas no que diz ducionista de apreciar tais fenômenos. Caracte-
respeito aos adolescentes2. Os resultados da pre- rísticas qualitativas e coletivas deveriam ser leva-
sente revisão parecem ratificar tal conflito literá- das em consideração em tal contexto, esclarecen-
rio, não evidenciando de forma majoritária, in- do assim que a mudança de tais hábitos pode ser
dícios de uma associação negativa entre as res- uma tarefa não tão simples. Fatores psicosso-
pectivas variáveis como sugere o pensamento ciais ou demográficos deveriam ser levados em
hegemônico. consideração toda vez que tal discussão fosse
Os resultados também sublinham a inexis- objeto de reflexão. Tais fatores, muitas vezes des-
tência de uma padronização no que tange aos considerados, parecem exercer influência sobre a
métodos de mensuração do nível de atividade prática de atividade física, ratificando-se que, em
física, com um grande número de investigações adolescentes, a rede social merece especial aten-
sequer informando a respeito da validade ou re- ção no que toca a influência no estilo de vida69.
produtibilidade de seus instrumentos para tal
coleta. Pressão arterial
Validar medidas subjetivas de atividade físi-
ca, ainda é uma questão que se defronta contra Levando em conta que o nível pressórico é o
outro problema ainda maior, que diz respeito à desfecho de interesse da presente revisão, torna-
inexistência de um padrão ouro adequado e con- se relevante pontuar algumas considerações per-
sensual, com o qual questionários e entrevistas tinentes a tal variável.
pudessem ser confrontados para análise de suas Dezesseis estudos utilizaram o método aus-
respectivas validades66. cultatório de aferição da PA23,25,27,31- 35,37,38,40,42-
44,46,50
A discussão literária entre tais estudos se tor- , nove artigos mensuraram a PA com o mé-
na difícil tarefa. A falta de padronização de ins- todo automático11,24,26,28,29,30,45,48,49, Salvadori et
trumentos de medida em relação à atividade físi- al.39 realizaram uma medida manual e duas em
ca, e a subjetividade ilustrada em tais medidas, aparelhos automáticos, considerando como va-
sublinham tal situação67. lor pressórico para seu estudo a média das três.
Também vale destacar, que os estudos men- Candido et al.47 lançaram mão da média de três
suram atividade física e sedentarismo muitas ve- medidas realizadas em aparelho automático.
zes de formas diferentes, o que leva a reflexão Quando tal média excedia o valor do percentil 90
sobre o conceito de sedentarismo. Seria tal vari- para classificação da PA, eles então aplicavam o

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Corrêa Neto VG, Palma A

método auscultatório. Um estudo utilizou regis- Medidas associativas


tros médicos prévios41, Ribeiro et al.12 e Forrest e
Leeds35 não descrevem claramente em seus mé- Local de destaque em estudos que envolvem
todos qual tipo de instrumento usou para aferir medidas de associação é ocupado pela escolha
a PA. dos testes estatísticos, que muitas vezes, se feito
Ainda que a maioria dos estudos tenha utili- de forma equivocada, pode gerar ou até mesmo
zado o método auscultatório, os nove estudos sustentar hipóteses que descaracterizam a reali-
que fizeram suas mensurações com aparelhos dade quantitativa das variáveis investigadas.
automáticos, se localizam na ultima década dos Dentro dessa linha de raciocínio, Freedman
anos da busca da presente revisão – 2002/2012 – et al.32 apontam que os testes de correlação, mui-
, tal constatação pode sugerir um crescente apre- tas vezes utilizados entre exposição e desfecho,
ço por tal método nos últimos tempos. Esse tipo como mostra a presente revisão, não refletem
de medida tem algumas relevantes vantagens tal medidas epidemiológicas como riscos ou chan-
como a eliminação do viés do observador. Vale ces, que podem não ter um caráter linear.
mencionar ainda que o método auscultatório Ainda, entre as medidas de associação de cu-
pode ter fatores complicadores em determina- nho epidemiológico, alguns cuidados devem ser
das populações, como por exemplo, em crian- tomados de acordo com o delineamento investi-
ças, quando o desaparecimento dos sons de Ko- gativo.
rotkoff, pode não ocorrer70, fazendo com que o Observa-se nesta revisão a predominância de
observador tenha que possuir bastante sensibili- estudos transversais, e nos mesmos na grande
dade na identificação das mudanças de fases dos maioria, a utilização do Odds Ratio. Tal medida,
sons de Korotkoff. A praticidade dos instrumen- em casos que o desfecho não é raro, pode supe-
tos automáticos, principalmente quando se tra- restimar os valores associativos. Porém, quando
ta de estudos epidemiológicos de amostras re- a prevalência da doença é pequena na população
presentativas, que na maioria das vezes são com- estudada, a Odds Ratio parece se assemelhar
postos por um n amostral de tamanho conside- muito com a Razão de Prevalência71. Assim sen-
rável, também evidencia a interessante estratégia do, acredita-se que, em eventos raros, ambas as
do uso de tais aparelhos. medidas refletem resultados semelhantes, e quan-
Quanto à forma de classificação da PA, as re- do o evento é comum ocorre uma superestima-
comendações são que se leve em consideração o ção por parte da Odds Ratio, portanto, parece
percentil para altura, idade e sexo específico em prudente a escolha da Razão de Prevalência como
indivíduos até 17 anos3, porém, cinco artigos medida associativa em estudos transversais, po-
28,42,43,45,50
, usaram valores de corte bruto para clas- rém essa reflexão não se exemplifica na prática
sificar sua amostra em relação aos níveis pressó- atual das análises estatísticas.
ricos, mesmo tendo em seu grupo amostral sujei- A solução de tal problema não é simples. Pois
tos com menos de 17 anos. Gaya et al.48 dividiram se a prevalência do evento pode ter influência
os sujeitos de seu estudo em quartis com base nos sobre a medida estatística utilizada, é de suma
valores pressóricos, categorizando como hiper- importância o conhecimento de tal dado antes
tensos indivíduos no ultimo quartil, e os demais, da manipulação numérica das estimativas amos-
como normotensos. E ainda, Forrest e Leeds35 e trais. Pois bem, a maioria dos estudos não dis-
Saha et al.38 não esclarecem a respeito dos meios cursa a respeito do cálculo amostral utilizado
utilizados para classificar seu grupo amostral no para compor a amostra, e, assim, sem uma in-
que diz respeito às cifras pressóricas. formação probabilística, se faz inviável a rotula-
Apenas dois estudos23,49 mediram a PA em ção de desfecho raro ou desfecho comum.
mais de uma ocasião. A literatura aponta, que a Outro problema estatístico é a criação de
medida da PA em dias distintos, pode trazer valo- pontos de corte ou índices internos aos próprios
res mais fidedignos da citada variável, levando, estudos32, tal fato impossibilita muitas vezes a
muitas vezes, à redução quantitativa da prevalên- comparação entre investigações.
cia de HAS70. Talvez a dificuldade de uma amos-
tra bem comprometida, assim como, muitas ve-
zes, o difícil acesso à determinada população, fa- Considerações finais
çam com que a medida da pressão arterial em
uma única ocasião seja a estratégia mais viável, Um pensamento hegemônico parece nortear su-
embora isso possa comprometer os achados. bliminarmente o conceito contemporâneo da

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apreciação entre certas exposições e desfechos desfechos, tal como obesidade e doenças crôni-
relacionados à saúde. cas62, outros olhares direcionam a reflexões des-
Na presente revisão, teve-se a obesidade e a contextualizadas das matrizes biológicas, porém
atividade física como tais exposições, e os níveis não menos importantes, e que dizem respeito a
pressóricos como desfecho. O paradigma domi- quanto de interesse existe por trás da dissemina-
nante aprecia tais ocorrências na direção de uma ção maciça de tais informações56.
visão deveras causal entre baixos níveis de ativi- Também é valido destacar a diversidade e a
dade e valores pressóricos anormais, e obesidade fragilidade dos instrumentos utilizados para a
e valores pressóricos anormais. Via de regra, tal mensuração das variáveis em questão. A medida
discurso, engenhosamente replicado e ratificado, de níveis de atividade física parece por vezes se
merece olhares mais críticos e questionadores, mostrar metodologicamente ineficiente73. A iden-
antes da passiva aceitação de tais informações. tificação de instrumentos menos subjetivos e mais
Pôde-se identificar na presente busca, que a padronizados poderia facilitar futuras conclu-
maioria dos artigos que estudam tais relações sões em relação às referidas associações. Porém,
tem caráter transversal, apenas uma investiga- a comunidade cientifica parece mais interessada
ção25 conduziu um desenho longitudinal. Embo- na inserção de novos instrumentos do que na
ra tal estudo tenha restringido sua amostra ao padronização das medidas. Farias Junior et al.66,
sexo feminino, permitindo poucas extrapolações em uma revisão sistemática sobre instrumentos
dentro do presente contexto investigativo, a rele- self report para medidas de atividade física, iden-
vância que tal delineamento denota no parecer tificaram 52 instrumentos diferentes, porém ape-
de associações, merece destaque na apreciação nas 11 foram testados mais de uma vez. Tal fato
de seus resultados. Infelizmente, talvez pela difi- parece transparecer um esforço maior por parte
culdade de seleção e seguimento de uma coorte dos pesquisadores em inserir instrumentos no
por um longo período de tempo, a reduzida devido campo de intervenção, do que em testar,
quantidade de estudos com esse caráter impos- trabalhar, aperfeiçoar e quem sabe enfim, em al-
sibilita uma maior reflexão sobre os achados que gum momento, identificar alguma forma de pa-
o método poderia revelar, contabilizando muito dronização razoavelmente aceitável.
pouco quantitativamente, tendo em vista a mai- Complexidades de ordem operacional exis-
oria avassaladora de estudos transversais. tentes no diagnóstico de determinadas variáveis
Estudos transversais não atendem ao critério como a HAS74, também sublinham faces pontu-
da temporalidade. Segundo tal critério, para que ais de fragilidades no discurso hegemônico sobre
haja de fato causalidade, a exposição deve sem- visões casuísticas.
pre preceder o desfecho, e no caso de estudos Observam-se na presente revisão, algumas
transversais esse tipo de informação se faz inviá- associações negativas entre obesidade e PA, bem
vel, visto que dados sobre exposição e desfecho como a inexistência de associação em alguns
são coletados em único momento. Tal critério, momentos. Em relação à atividade física e PA,
dentre os de Hill, é o único considerado sine qua também foi evidenciado em algumas investiga-
non na análise de causa e efeito72. ções levantadas a falta de associação. Tal quadro
No que tange aos discursos inseridos no cam- reforça a necessidade de se refletir sobre o enfo-
po da saúde em relação às associações, que se que causal que se tenta atribuir às relações entre
destaque a necessidade de uma reflexão mais cri- exposição e desfecho.
tica antes da aceitação do ditado majoritário so- Por fim, que se questione a aceitação passiva
bre a premissa de causa e efeito. Em que pesem de paradigmas pré-existentes, diante da valoriza-
as considerações literárias que discorrem suas ção de um olhar mais critico em relação às infor-
palavras na defesa da ligação entre exposições e mações e valores inseridos no campo da saúde.

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Corrêa Neto VG, Palma A

Colaboradores Referências

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