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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho cujo conteúdo é meramente teórico aborda de forma clara e


objectiva assuntos ligados a fontes internas do direito do estado, sobre tudo no que se
refere as leis, constituição, Leis ordinárias actos normativos, Autonomia laboral
colectiva, costumes internos, pluralismo jurídico e a jurisprudência normativa. O
objectivo geral é conhecermos as fontes internas do direito de estado especificamente
nas variedades e significados que as fontes internas possuem.

No rol das fontes internas aqui mencionadas são de origem casual ou genético no seu
conteúdo, nascem de uma actividade criadora e tomam uma expressão sensível da
qual podem ser conhecidas por aqueles que tem a responsabilidade de aplica-las ou de
obedece-las, chamam-se fontes de direito no sentido técnico jurídico pela forma como
os processos de criação das normas jurídicas e de modo como elas se revelam.

Com vista a materialização do presente trabalho alguns procedimentos metodológicos


forma seguidos nomeadamente revisão bibliográfica de documentos a internet serviram
de base para compreensão das fontes em alusão.

Por tratar-se de um trabalho de pesquisa e de modo a facilitar a compreensão do


mesmo propõe-se uma estrutura que comporta basicamente a introdução conceitos
básicos desenvolvimento conclusão e a respectiva bibliografia
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1.1 FONTES DO DIREITO

Por fontes de Direito entendemos ser os meios pelos quais se formam ou pelos quais
se estabelecem as normas jurídicas.

Varias são as classificações das fontes de direito, mas dentre elas destaca-se a Lei
como sendo a fonte primordial de Direito interno do estado e classificada como uma
fonte directa imediata ou formal.(Washington de Barros Monteiro. Curso de Direito Civil.
1.º Volume. Edição Saraiva. 1976).

2. A LEI

CONCEITO

Lei é uma norma ou conjuntos de normas jurídicas criadas através de processos


próprios do acto normativo, estabelecidas e impostas coactivamente pelas autoridades
competentes para a obediência de todos.

Em sua acepção jurídica e no sentido originário, a lei pode ser conceituada


simplesmente como regra de conduta obrigatória(DE PLÁCIDO E SILVA).

A lei advém de actos do poder legislativo e visa disciplinar condutas objectivando o


melhor interesse da colectividade de forma a proporcionar uma coexistência pacífica
entre os membros de uma sociedade. E como tal a Lei deve ser tomada em 2(dois)
sentidos nomeadamente:

Sentido Material: A lei é a regra jurídica abstracta e permanente, tendo por conteúdo
uma norma de Direito Objectivo, com a finalidade de assegurar e proteger o convívio
social pacífico e harmónico, definindo a norma de conduta de todas as acções
juridicamente relevantes.( Prof. Rafael Alcantra);

Sentido Formal: a lei é todo ato ou disposição emanada do órgão político, a que se
atribui o poder de legislar, com observância ao processo específico de sua elaboração.(
Prof. Rafael Alcantra).

2.1 CARACTERISTICAS DA LEI

Excepcionando a regra da generalidade, as leis singulares são aquelas que


estabelecem normas especiais ou que instituem um privilégio em benefício de
determinada pessoa ou grupo de pessoas. Exemplos: Decreto legislativo de nomeação
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de servidor público; uma lei que concede indemnização para um determinado grupo de
pessoas, sendo assim quanto as características as leis podem ser:

a) Generalidade (ou Universalidade): A lei dirige-se a todos os indivíduos,


indistintamente. Ela tem como destinatário um número indeterminado de pessoas,
não se estabelecendo para um indivíduo ou um grupo específico.

b) Obrigatoriedade: A lei deve ser obrigatoriamente observada por todos. Para tanto,
dota-se de coercibilidade e força sancionatória para fazer valer a regra que nela se
instituiu, sob pena de recompensa, para quem a observa, ou de castigo, para quem
a transgride. (DE PLÁCIDO E SILVA).

c) Abstracção: Em regra, a lei traz uma regra abstrata, porquanto a lei tem um caráter
prospectivo de geração de efeitos para o futuro, em função de hipóteses concebidas
idealmente (PABLO STOLZE).

d) Permanência: Refere-se aos efeitos da lei, os quais não se exaurem numa só


aplicação. Mesmo as leis temporárias, excepcionais e revogadas, conversam esse
caractere por meio do princípio da ultratividade das leis, ou seja, mesmo após o
exaurimento da sua vigência, elas continuam a ser aplicadas para resolver as
situações jurídicas ocorridas na sua vigência.

e) Emanada de autoridade competente: Tal característica se refere ao aspecto de


validade formal da lei. A lei deve ser elaborada por autoridade competente e em
observância ao processo legislativo específico.

f) Registro escrito: Refere-se a forma de exteriorização da lei, que, no nosso sistema


jurídico, deve ser plasmada em documento escrito e publicado na impressa oficial.
Diversamente, ocorre no sistema do common law, baseado no Direito
consuetudinário.

2.3 CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS

Tendo-se em vista a força que o obriga ao seu cumprimento a lei imperativa pode
classificar-se como norma de ordem pública e regras dispositivas.

 As normas de ordem pública – são normas cogentes, atendem mais


directamente aos interesses gerais à organização social e não podem ser alteradas
por convenção entre particulares Ex.: direito à vida; formalidades do casamento.
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 Regras dispositivas – estão ligadas aos interesses dos particulares e por isso
podem ser derrogadas por interesse das partes. Ex: concessão de benefício do
seguro-desemprego e a extensão regime do FGTS aos empregados domésticos; o
domicílio de eleição.

 Leis interpretativas (declarativas ou explicativas): Tem por objeto explicar e


interpretar o sentido de uma lei anterior, não pretende substituí-la ou modificá-la.

3. CONSTITUIÇÃO

É lei fundamental do estado que fixa grandes princípios da organização política, da


ordem jurídica e direitos e deveres fundamentais dos cidadãos em geral.

A constituição como fonte de direito é a espinha dorsal do sistema Jurídico porque


está dotada de força jurídica máxima.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO

 Escritas: Até os fins do século XVIII preponderavam as Constituições costumeiras,


sendo raras as leis constitucionais escritas, isto é, as leis postas em documentos
formais. Na época contemporânea inexistem Constituições totalmente costumeiras, as
constituições, em regra, são escritas.

 Dogmáticas: assumem dogmas e os dogmas estão no documento formal.


 Sistemática: Obra de um legislador racional.
 Histórica: Fruto da evolução histórica.
 Material: Do ponto de vista material, a Constituição é o conjunto de normas
pertinentes à organização do poder, à distribuição da competência, ao exercício
da autoridade, à forma de governo, aos direitos da pessoa humana, tanto
individuais como sociais, não tem que estar necessariamente arrolada num
documento escrito. Tudo quanto for conteúdo básico referente à composição e
ao funcionamento da ordem política exprime o aspecto material da Constituição.
Debaixo desse aspecto, não há Estado sem Constituição, Estado que não seja
constitucional, visto que toda sociedade politicamente organizada contém uma
estrutura mínima, por rudimentar que seja.

Em regra, a Constituição material está contida na Constituição Formal.

É possível, de acordo com certa posição doutrinária haver normas não


constitucionais dentro da Constituição.

 Formal: As Constituições não raro inserem matéria de aparência constitucional.


Assim se designa exclusivamente por haver sido introduzida na Constituição,
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enxertada no seu corpo normativo e não porque se refira aos elementos básicos
ou institucionais da organização política.

Entra essa matéria pois a gozar da garantia e do valor superior que lhe confere o
texto constitucional.

A Constituição formal é pois o documento em que se arrolam as decisões


tomadas pela sociedade.

 Populares ou promulgadas (ou democráticas):são aquelas que exprimem em


toda a extensão o princípio político e jurídico de que todo governo deve apoiar-
se no consentimento dos governados e traduzir a vontade soberano do povo.
 Outorgadas: O rei, principe ou chefe de Estado enfeixa em suas mãos poderes
absolutos, mas consente unilateralmente em desfazer-se de uma parcela de
suas prerrogativas ilimitadas, em proveito do povo, que entra assim no gozo de
direitos e garantias, tanto jurídicas como políticas, aparentemente por obra e
graça apenas da munificência real. Nas constituições outorgadas, o soberano
outorga ao povo um conjunto de normas.

Do ponto de vista jurídico, a Constituição outorgada é ato unilateral de uma


vontade política soberana _ a do outorgante, mas do ponto de vista político
representa quase sempre uma inelutável concessão feita por aquela vontade ao
poder popular ascendente, sendo pois o produto de duas forças antagônicas que
se medem em termos políticos de conservação ou tomada do poder. Essas duas
forças em conflito dialético são o princípio monárquico do absolutismo e o
princípio democrático do consentimento. Um decadente, o outro emergente.

O chefe de Estado, outorgando a Constituição, a ela se sujeita, jurídica e


políticamente, embora alguns pretendam possa ele depois, no exercício da
vontade soberana, que ficara latente, modificar a seu alvedrio a ordem
constitucional outorgada.

A Constituição pactuada é aquela que exprime um compromisso instável de


duas forças políticas rivais: a realeza absoluta debilitada, de uma parte, e a
nobreza e a burguesia, em franco progresso, doutra. Surge então como termo
dessa relação de equilibrio a forma institucional da monarquia limitada.

 Rígidas: as que não podem ser modificadas da mesma maneira que as leis
ordinárias. Demandam um processo de reforma mais complicado e solene.
Quase todos os Estados modernos aderem a essa forma de Constituição,
nomeadamente os do espaço atlântico. Variável porém é o grau de rigidez
apresentado. Essas constituições estabelecem um mecanismo mais difícil, mais
complexo, para a sua alteração. Um projeto de lei ordinária pode ser votado por
maioria simples, igual a metade mais um dos presentes.
 Flexíveis: São aquelas que não exigem nenhum requisito especial de reforma.
Podem, por conseguinte, ser emendadas ou revistas pelo mesmo processo que
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se emprega para fazer ou revogar a lei ordinária. Não estabelece sistema


diferenciado entre emenda constitucional ou lei ordinária. País típico de
Constituição flexível é a Inglaterra, onde "as partes escritas de sua Constituição
podem ser juridicamente alteradas pelo Parlamento com a mesma facilidade
com que se altera a lei ordinária.
 Semi-rígida: Constituição imperial de 1824. Somente as leis de estrutura do
Estado seriam rígidas, as demais flexíveis.

4. LEIS ORDINARIAS

É um acto normativo primário que contem regras, normas gerais e abstractas,


onde as leis sejam definidas normalmente pela generalidade.

A Lei Ordinária é uma regra de direito ditada pela autoridade estatal e tornada
obrigatória para manter a ordem e o desenvolvimento numa comunidade
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_ordin%C3%A1ria)

5. ACTOS NORMATIVOS

são aqueles que contêm um comando geral do Executivo, visando à correta aplicação
da lei. O objetivo imediato de tais atos é explicitar a norma legal a ser observada pela
como por exemplo:

a) Os actos legislativos como as leis e os decretos-leis;


b) Os decretos-leis aprovados pelo Conselho de Ministros, mediante a
autorização da Assembleia da Republica;
c) Os actos regulamentares do Governo revestem a forma de decreto, quer quando
determinados por lei regularmentar, quer no caso de regulamentos autónomos.
d) Os actos do Governador do Banco de Moçambique, no exercicio das suas
competencias, revestem a forma de aviso.

Admnistração e pelos administradores. Esses atos expressam em minúcia o


mandamento abstrato da lei, e o fazem com a mesma normatividade da regra
legislativa, embora sejam manifestações tipicamente administrativas. A essa categoria
pertencem os decretos regulamentares e os regimentos, bem como as resoluções,
deliberações e portarias de conteúdo geral. Esses atos, por serem gerais e abstratos,
têm a mesma normatividade da lei e a ela se equiparam para fins de controle judicial,
mas quando,sob a aparência de norma, individualizam situações e impõem encargos
específicos a administradores, são considerados de efeitos concretos e podem ser
atacados e invalidados direta e imediatamente por via judicial comum,ou por mandado
de segurança, se lesivos de direito individual líquido e certo.
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6. JURISPRUDÊNCIA

São conjunto de decisões em que se exprime a orientação seguida pelos tribunais nos
julgamentos de casos concretos, decisões essas seguintes:

Sentenças que são de cumprimento obrigatório;

Acórdãos que são de cumprimento obrigatório para todo o cidadão(art.248 CRM)

6.1 CARACTERISTICAS DA JURISPRUDENCIA

 Os juízes são independentes;


 A decisão que o tribunal profere possui pura eficácia e concreta
 Tem por lei o dever de resolver todos os casos que lhe são submetidos;
 O juiz e intermediário entre o direito e a vida e é o elo de ligação de uma com a
outra.
 A Jurisprudência é verdadeiramente fonte de direito no sistema common law
onde vigora a regra do precedente e a razão de decidir.

7. COSTUME INTERNO E O PLURALISMO JURIDICO

O Costume como fonte directa do direito é a prática social reiterada e considerada


obrigatória para a comunidade. É a norma não-escrita que, obedecida pela
colectividade configura um uso e a observação reiterada desse uso forma o costume. É
a regra de conduta criada espontaneamente pela consciência comum do povo, que a
observa por modo contínuo, constante e uniforme, de acordo com a moral e obrigatório.

7.1 CARACTERISTICAS DO COSTUME

 A prática social (ANIMUS);


 Convicção da obrigatoriedade (CORPUS)

No 20sentido pluralista o costume pode ser

Secundam legem: coincide com alei por isso a sua interpretação retira a mesma a que
a interpretação da lei permite chegar;

Practer legem: disciplina matéria que a lei não regula


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Contra legem: está em contradição com a lei cuja a vigência faz cessar simples desuso
da lei, falta-lhe o animus de agir contra lei e por isso não se extingue.

8. O PLURALISMO JURIDICO

O pluralismo jurídico é a oposição ao formalismo jurídico do positivismo posto pela


sociedade burguesa, é contra o monismo jurídico estatal, sendo o surgimento e uso de
um direito paralelo ao direito estatal que tem eficácia simultaneamente em uma mesma
sociedade, o que faz ocorrer que o uso de um ofusca o outro.

O direito é projecção normativa que instrumentaliza os princípios ideológicos, tendo


como umas das bases a certeza e a segurança, sendo formas de controle do poder de
um determinado grupo social. Partindo desse princípio viu-se que o direito estatal não
foi suficiente para atingir os anseios da sociedade, sendo muitas vezes o próprio
causador de sofrimentos.

Quanto ao direito alternativo observa-se que esse faz referência ao reconhecimento


que a lei era usada como instrumento de dominação, que o judiciário não é neutro, mas
comprometido com o poder, que a lei não exaure todo o direito e, mais ainda, que
existem leis injustas, cuja aplicabilidade pode ser recusada em nome de um
compromisso superior, com a consciência e com a sociedade.

Antes de pensar em reconhecer e promover um direito alternativo é preciso melhor


reflectir sobre a questão de se o direito estatal consegue operar como meio de
organização e de controle do poder social e se goza de consenso popular, ou se é
somente um direito no papel, por razões históricas, permanece ineficaz na prática.

O direito é explicado por sua própria materialidade coerciva e concreta, seja ele estatal
ou não, tendo em vista a sua efectividade junto à sociedade à qual se refere.

O pluralismo jurídico cria um direito paralelo ao direito transmitido pelas normas


jurídicas estatais, sendo complementar ou antagónico, onde a sociedade que adopta
mecanismos de defesa de seus próprios interesses estejam ou não estes mecanismos
reconhecidos e protegidos adequadamente pelo direito.

Vê-se também que o próprio fato de se criar um direito paralelo, isso não é garantia
para a paz social, pois não prima apenas por princípios éticos e sempre em busca do
bem comum. Às vezes esse direito que seria a salvação de uma sociedade torna-se
tão nocivo ao ponto da própria sociedade reconhecer ainda mais a ausência do Estado.
Podemos citar como exemplo disso o próprio domínio de facções criminosas que
impõem suas normas e as fazem ser aplicadas de formas totalmente cruéis e
desumanas, imperando dentro de penitenciárias e até mesmo no seio da sociedade.
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9. CONCLUSÃO

Após um estudo pudemos concluir que as fontes internas do direito contribuem de certa
forma para a evolução e aplicação do direito no que concerne a sua origem.

Concluímos que as normas jurídicas para se formarem ou para serem estabelecidas


tiveram como papel principal as fontes jurídicas, ao longo da elaboração do trabalho
podemos constatar que varias são as fontes internas do direito mas que a Lei como
fonte directa tem uma extensa vantagem, que o costume por ser uma norma não
escrita - que, obedecida pela colectividade configura um uso e a observação reiterada
desse uso forma o costume.

Em relação a constituição podemos concluir que é a lei mãe e que é a espinha dorsal
do sistema jurídico.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Washington de Barros Monteiro. Curso de Direito Civil. 1.º Volume. Edição Saraiva.
1976,
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_ordin%C3%A1ria)

Direito, Contreiras, Maria Isidra; Dinis, Almeida; Henriques, Envagelina; Texto Editora,
Lisboa 1999, Pág 62. 2 Ibidem Pág. 63

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