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Dom Casmurro

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 Nota: Para a revista literária, veja Dom Casmurro (revista literária).


Dom Casmurro
Dom Casmurro é um romance escrito por Machado de
Assis, publicado em 1899 pela Livraria Garnier. Escrito para
publicação em livro, o que ocorreu em 1900 – embora com
data do ano anterior, ao contrário de Memórias Póstumas
de Brás Cubas (1881) e Quincas Borba (1891), escritos antes
em folhetins –, é considerado pela crítica o terceiro
romance da "Trilogia Realista" de Machado de Assis, ao lado
desses outros dois, embora o próprio autor não tenha
formulado esta categoria.[1]

Seu protagonista é Bento Santiago, o narrador da história


que, contada em primeira pessoa, pretende "atar as duas
pontas da vida",[2] ou seja, unir relatos desde sua mocidade
até os dias em que está escrevendo o livro. Entre esses dois
momentos, Bento escreve sobre suas reminiscências da
juventude, sua vida no seminário, seu caso com Capitu e o
ciúme que advém desse relacionamento, que se torna o Folha de rosto da primeira edição de Dom Casmurro,
1900.
enredo central da trama.[3] Ambientado no Rio de Janeiro
Autor(es) Machado de Assis
do Segundo Império, se inicia com um episódio que seria
recente, no qual o narrador recebe a alcunha de "Dom Idioma português

Casmurro", daí o título do romance. Machado de Assis o País  Brasil

escreveu utilizando ferramentas literárias como a ironia e a Gênero Realismo psicológico, romance
impressionista.
intertextualidade, fazendo referências a Schopenhauer e,
Editora Livraria Garnier (primeira
sobretudo, à peça Otelo, o Mouro de Veneza de
edição).
Shakespeare.
Ao longo dos anos, Dom Casmurro, com seus temas do ciúme, Este artigo é parte da série
Trilogia Realista de Machado de
a ambiguidade de Capitu, o retrato moral da época e o caráter
Assis
do narrador, recebeu inúmeros estudos, adaptações para
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
outras mídias e interpretações no mundo inteiro: desde Quincas Borba (1891)
psicológicas e psicanalíticas na crítica literária dos anos 30 e Dom Casmurro (1899)
Ver também: Realismo no Brasil
dos anos 40, passando pela crítica literária feminista na década
de 1970, até sociológicas da década de 1980, e adiante.
Creditado como um precursor do Modernismo[3] e de ideias posteriormente escritas pelo criador da
psicanálise Sigmund Freud,[4] o livro in uenciou os escritores John Barth, Graciliano Ramos e Dalton
Trevisan e é considerado por alguns, disputando com Memórias Póstumas de Brás Cubas, como a obra-
prima de Machado.[5] Dom Casmurro foi traduzido para diversas línguas, continua a ser um de seus
livros mais famosos e é considerado uma das obras mais fundamentais de toda a literatura brasileira.[6]

Enredo
Aviso: Esta seção contém revelações sobre o enredo.

Narrado com foco narrativo em primeira pessoa, seu personagem principal é o carioca de 54 anos
Bento de Albuquerque Santiago, advogado solitário e bem-estabelecido que, após ter reproduzido tal
qual, no Engenho Novo, a casa em que foi criado "na antiga R. de Matacavalos" (hoje Riachuelo),
pretende "atar as duas pontas da vida e resgatar na velhice a adolescência", ou seja, contar na meia
idade seus momentos de moço. No primeiro capítulo, o autor justi ca o título: é uma homenagem a um
"poeta do trem" que certa vez o importunou com seus versos e que lhe chamou de "Dom Casmurro"
por ter, segundo Bento, "fechado os olhos três ou quatro vezes" durante a recitação.[7] Seus vizinhos,
que lhe estranhavam os "hábitos reclusos e calados", e também seus amigos próximos, popularizaram
a alcunha. Para escrever o livro é inspirado por medalhões de César, Augusto, Nero e Massinissa:
imperadores romanos que mataram suas esposas adúlteras.[8]

Nos capítulos adiante Bento começa suas reminiscências: conta as experiências que teve quando sua
mãe, a viúva D. Glória, lhe enviou para o seminário, fruto de promessa que ela fez caso acabasse
concebendo um novo lho depois de seu primeiro, que morreu no parto; a ideia foi ressuscitada pelo
agregado José Dias, que conta a Tio Cosme e à D. Glória o namoro de Bentinho com Capitolina, a
vizinha pobre por quem Bentinho era apaixonado. No seminário, Bentinho conhece seu melhor amigo,
Ezequiel de Sousa Escobar, lho de um advogado de Curitiba. Bento larga o seminário e estuda direito
em São Paulo, enquanto Escobar torna-se comerciante bem sucedido e casa-se com Sancha, amiga de
Capitu. Em 1865, Capitu e Bentinho casam; Sancha e Ezequiel têm uma lha que dão o nome de
Capitolina, enquanto o protagonista e sua esposa concebem um lho que chamam de Ezequiel. O
Escobar companheiro de Bento, que era exímio nadador, paradoxalmente morre afogado em 1871, e
no enterro tanto Sancha quanto Capitu olham o defunto xamente, "Momento houve em que os olhos
de Capitu taram o defunto, quais os da viúva, [...], como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar
também o nadador da manhã",[9] segundo ele.
Logo o narrador começa a descon ar que seu melhor amigo e Capitu o traíam às escondidas. Dom
Casmurro também passa a duvidar de sua própria paternidade. Diz ele nas últimas linhas: [...] quis o
destino que acabassem juntando-se e enganando-me…[10] O livro termina com o convite irônico "Vamos
à História dos Subúrbios",[10] livro que ele, no início do romance, teria pensado escrever antes de
ocorrer-lhe a ideia de Dom Casmurro. A ação do romance passa-se entre 1857 e 1875,
aproximadamente, e a narrativa, embora de tempo psicológico, permite a percepção de algumas
unidades: a infância de Bento em Matacavalos; a casa de Dona Glória e a família do Pádua, com os
parentes e agregados; o conhecimento de Capitu; o seminário; a vida conjugal; a densi cação do ciúme;
os surtos psicóticos de ciúme, agressividade; a ruptura.[11]

Características

Gênero

A partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Machado de Assis escreveu livros com temas e
estilos diferentes de seus romances iniciais, como Ressurreição e A Mão e a Luva. Esses novos
romances — que incluem, além de Memórias Póstumas, Quincas Borba (1891) e Dom Casmurro — são
chamados de realistas por possuírem atitude crítica, objetividade e contemporaneidade.[12] Alguns
críticos preferem chamar este gênero de "realismo psicológico",[13] por apresentar o interior, o
pensamento, a ausência da ação aliada à densidade psicológica e losó ca.[14] No entanto, também há
em Dom Casmurro resíduos românticos, como a metáfora erótica em relação à Capitu, descrita com
"olhos de cigana oblíqua e dissimulada".[12] Ian Watt escreveu que o realismo referia-se às experiências
empíricas dos homens,[15] mas a recriação do passado através da memória de Bentinho, suas
"manchas" de recordação, aproxima o livro do romance impressionista.[16]

Para John Gledson, Dom Casmurro "não é um romance realista no sentido de que nos apresenta
abertamente os fatos, sob forma facilmente assimilável. Apresenta-se com eles, mas temos de ler
contra a narrativa para descobri-los e conectá-los por nós mesmos. Na medida em que assim
procedermos, descobriremos mais não só acerca dos personagens e dos acontecimentos descritos na
história, mas também sobre o protagonista, Bento, o próprio narrador."[17] Assim, podemos concluir
que Dom Casmurro é um romance realista voltado para a análise (ou exposição) psicológica e que
critica ironicamente a sociedade, no caso da elite carioca, a partir do comportamento de determinados
personagens.[18] Os críticos também notam certos elementos do modernismo em Dom Casmurro.
Mesmo alguns, como Roberto Schwarz, arriscam considerar que este é o "primeiro romance
modernista brasileiro".[3] Isso deve-se fundamentalmente a seus capítulos curtos, à estrutura
fragmentária não-linear, ao gosto pelo elíptico e alusivo, à postura metalinguística de quem escreve e se
vê escrevendo, às intromissões na narrativa e à possibilidade de várias leituras ou interpretações:
elementos "anti-literários" que só seriam popularizados com o modernismo décadas mais tarde.[12]

Outros ainda o vêem como um romance policial, onde o leitor teria que investigar os pormenores das
ações descon ando das visões do narrador para chegar a uma conclusão sobre a veracidade do
adultério,[19] já que "desde o início há incongruências, passos obscuros, ênfases desconcertantes, que
formam um enigma."[20] Entre essas pistas estariam: a metáfora dos "olhos de ressaca" e dos "olhos de
cigana oblíqua e dissimulada", o paralelo com o drama shakespeariano de Otelo e Desdêmona, a
aproximação com a ópera do tenor Marcolini (o duo, o trio e o quatuor), as "semelhanças esquisitas", as
relações com Escobar no seminário, a lucidez de Capitu e o obscurantismo de Bentinho, a imaginação
delirante e perversa do ex-seminarista, o preceito bíblico do Eclesiastes no nal do livro.[21]

Temas

Ver artigo principal: Temática de Machado de Assis

O tema central de Dom Casmurro é o ciúme e a tragédia conjugal de Bentinho. A começar pela citação
dos imperadores César, Augusto, Nero e Massinissa, que mataram suas esposas acusadas de adultério,
até a citação shakesperiana do mouro Otelo que matou sua mulher pelo mesmo motivo. Seu primeiro
traço de ciúmes surge no cap. LXII, quando pergunta a José Dias, agregado da casa de sua mãe, quando
este vai visitá-lo no seminário, "Capitu como vai?", ao que o outro responde: "Tem andado alegre, como
sempre; é uma tontinha. Aquilo enquanto não pegar um peralta da vizinhança que se case com ela…"
[22]
Para Bentinho a resposta foi um baque, já que escreve: "A minha memória ouve ainda agora as
pancadas do coração naquele instante".[22] De acordo com Roberto Schwarz, em Dom Casmurro "a
instância mais dramática está no ciúme, que havia sido um entre os vários destemperos imaginativos
do menino, e agora, associado à autoridade do proprietário e marido, se torna uma força de
devastação."[23] Contudo, aqui há uma inovação no tema do ciúme presente em outras literaturas: em
Dom Casmurro ele é apresentado do ponto de vista de um marido que se suspeita traído, sem dar
margem à versão das outras personagens.[24]

Outro tema bastante explícito do livro refere-se à sua


ambientação: Rio de Janeiro do Segundo Império, na
casa de um homem da elite. Críticos escrevem que até a
época de sua publicação foi o livro que "fez a exploração
psicológica mais intensa do caráter da sociedade do Rio
de Janeiro".[26] Bento é proprietário, cursou faculdade e
tornou-se advogado, e representa uma classe diferente
O Rio de Janeiro em 1889.[25]
da de Capitu que, embora seja inteligente, veio de
família mais pobre.[26] O narrador permeia o livro de
citações francesas e inglesas, hábito comum entre os aristocratas do século XIX.[27] O contraste entre as
duas personagens deu margem à interpretações de que Bentinho destruísse a gura de sua mulher por
ele ser da elite e ela pobre (ver Interpretações). Em Dom Casmurro, o homem é o resultado de sua
própria dualidade e incoerente em si mesmo, enquanto a mulher é dissimulada e encantadora.[3]
Assim, é um livro que representa a política, ideologia e religião do Segundo Reinado.[28]

Segundo Eduardo de Assis Duarte, "o universo da elite branca e senhorial é o cenário por onde o
narrador-personagem destila seu rancor e descon ança quanto ao suposto adultério."[30] Schwarz
escreve que o romance apresenta as relações sociais e o comportamento da elite brasileira da época:
de um lado, progressista e liberal, de outro, patriarcal e autoritária.[23] Outro ponto estudado é que
Dom Casmurro é quase incomunicável com Capitu —
daí o fato de somente os gestos e os olhares (e não
palavras) da moça lhe indicarem o possível adultério.[31]
Bento é um homem calado e metido consigo mesmo.
Um de seus amigos um dia lhe enviou uma carta
escrevendo: "Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a
casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna
do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias
comigo."[7] Este isolamento, que se torna um motivo
para ele "atar as duas pontas da vida", é também um
Típica cena familiar carioca dos tempos de Dom
dos temas do romance.[31] O crítico Barreto Filho, por
Casmurro, em 1891 (Cena de Família de
Adolpho Augusto Pinto; artista: Almeida Júnior) exemplo, notava ser "o espírito trágico que enformaria a
[29]
obra inteira de Machado, guiando os destinos para a
loucura, o absurdo e, no melhor dos casos, a velhice
solitária."[32]

Um dos problemas centrais de toda obra machadiana, e também presente neste livro, é a questão "Em
que medida eu só existo por meio dos outros?", uma vez que Bento Santiago se torna Dom Casmurro
in uenciado pelos acontecimentos dos fatos e pelas ações das pessoas que lhe são próximas.[33]
Eugênio Gomes observou que o tema da semelhança física do lho resultante da "impregnação" da
mãe pelos traços de um homem amado, sem que este gerasse aquele (como acontece entre Capitu, seu
lho Ezequiel e o provável pai Escobar), era um tema em foco na época de Dom Casmurro.[34] Antonio
Candido também escreveu que uma das principais temáticas de Dom Casmurro é a tomada do fato
imaginado como real, um elemento também presente nos contos machadianos.[35] Assim, o narrador,
através de si mesmo, contaria os fatos através de uma determinada loucura que o faria tomar por
realidade suas fantasias, expressas em exageros e enganos.[35]

Estilo

Ver artigo principal: Estilo de Machado de Assis

Com Dom Casmurro, Machado continua com o estilo que vinha desenvolvendo desde Memórias
Póstumas de Brás Cubas, numa linguagem altamente culta, impregnada de vastas referências, mas
informal, em tom de conversa com o leitor, praticamente proto-modernista, permeada por
intertextualidades, metalinguagens e ironias. Ele é considerado o último romance de sua "trilogia
realista".[1] Contudo, aqui ele também utiliza traços que retomam ao Romantismo (ou
"convencionalismo", como prefere a crítica mais moderna).[36] Um exemplo é o relacionamento de
Bentinho com Capitu, o ciúme, o possível adultério. Além disso, tanto em sua fase romântica, com
Ressurreição, onde ele descreve o "gracioso busto" da personagem Lívia, até sua fase realista, onde
nota-se uma xação pelo olhar dúbio de "cigana oblíqua e dissimulada" de Capitu, há sempre um traço
romântico.[37] Capitu é capaz de conduzir a ação, apesar do predomínio da trama romanesca não ter se
esvaziado.[38]
Contudo, à imagem do romance anterior, "O estilo contido, 'enxuto', sóbrio, e os capítulos curtos,

em Dom Casmurro há o mesmo dispostos em blocos harmoniosos, integram-se à perfeição


na montagem do enredo, exposto de invertida, fragmentária.
rompimento com os realistas que seguiam
Nada escapa à re exão do narrador, nem seu próprio relato,
Flaubert, cujos narradores desapareciam
agelado também pelo demônio da análise, pelo 'homem do
atrás da objetividade narrativa, e também
subterrâneo', a relativizar com ironia e ceticismo qualquer
dos naturalistas que, à exemplo de Zola, derramamento sentimental."
narravam todos os detalhes do enredo: ele
opta por abster-se de ambos os métodos —Fernando Teixeira Andrade.[39]
para cultivar o fragmentário e criar um
narrador que interfere na narrativa com o objetivo de dialogar com o leitor, comentando seu próprio
romance com loso as, intertextualidade, e metalinguagens.[40] Um exemplo desta última ferramenta
dá-se no Capítulo CXXXIII, de um parágrafo só, em que o narrador escreve: Já me vais entendendo; lê
agora outro capítulo. Bento, advogado, também abusa da retórica para dar sua versão dos fatos.[41] Sua
narrativa, de tempo psicológico, acompanha os vaivéns da sua memória, de maneira menos aleatória
que em Memórias Póstumas, mas igualmente fragmentária.[11] No entanto, algumas unidades são
perceptíveis: a infância em Matacavalos; a casa de Dona Glória e a família do Pádua, os parentes e
agregados; o conhecimento de Capitu; o seminário; a vida conjugal; a densi cação e os surtos de ciúme;
a separação etc.[11]

De fato, o livro possui um estilo muito próximo ao do impressionismo associativo, onde existe uma
ruptura com a narrativa linear, de modo que as ações não seguem um o lógico ou cronológico, mas
que são relatadas conforme surgem na memória e na vontade de Bento Santiago.[16] José Guilherme
Merquior notou que o estilo do livro "mantém-se na linha dos dois romances anteriores, com capítulos
curtos, marcados pelos apelos ao leitor em tom mais ou menos humorístico e pelas digressões entre
graves e gaiatas".[42] As digressões são "intromissões" de elementos que aparentemente se desviam do
tema central do livro e que Machado utiliza como interpolação de episódios, recordações, ou re exões,
muitas vezes citando outros autores ou obras ou comentando os capítulos, as frases, a organização do
todo do próprio livro.[43]

In uências literárias

De todos seus romances, Dom Casmurro é provavelmente a obra que mais possui in uência teológica.
Há referências a São Tiago e São Pedro, principalmente pelo fato de o narrador Bentinho ter estudado
em seminário. Além disso, no Capítulo XVII Machado faz alusão a um oráculo pagão do mito de Aquiles
e ao pensamento israelita.[44] Também utiliza, no nal da obra, como uma epígrafe, o preceito bíblico
de Jesus, lho de Sirach: "Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com
a malícia que aprender de ti."[45]

A in uência teológica não se limita aos fatos, mas também vai no nome das personagens: EZEQUIEL -
nome bíblico; BENTO SANTIAGO - Bento (=santo), Bentinho (=santinho), Santo + Iago (=fusão entre o
bem e o mal, de santo com Iago, personagem malé co de Otelo, de Shakespeare); CAPITU sugere
inúmeras derivações: de caput, capitis que, em latim, signi ca cabeça, numa alusão à inteligência ou à
esperteza (Foneticamente aproxima-se de capeta, imagem da vivacidade, ou da maldade e traição com
que a impregna o narrador enciumado.); CAPITOLINA lembra ainda o
verbo capitular (= renunciar), a atitude conformada da esposa injuriada
pelo marido, e que capitula e renuncia a qualquer reação.[46]

Para evocar suas memórias, Bento cita Fausto, de Johann Wolfgang von
Goethe (1749-1832), transcrevendo: ai vindes de novo inquietas sombras…
[2]
Fausto é a personagem principal da peça que vende a alma ao demônio
Me stófeles para que este lhe dê a imortalidade, a eterna juventude e
riquezas materiais.[11] As "inquietas sombras" são, no caso, as memórias
das pessoas e dos incidentes do passado, adormecidos, mas ainda
perturbadores.[47] Para a crítica norte-americana Helen Caldwell, essa
No livro, Bento faz alusões citação é a que põe a memória de Bento em andamento: "seguida de perto
ao Fausto de Goethe para
pela alegoria da 'ópera', com seus colóquios no céu entre Deus e Satanás,
evocar suas memórias.
(Ilustração: Harry Clarke, dá a impressão de que Santiago talvez se identi que com o Fausto e sinta
1925). que vendeu a alma ao diabo."[48] Os críticos notam que os clássicos antigos
e modernos e as citações bíblicas não são, nunca em Machado, mera
erudição; ao contrário, iluminariam as narrativas e inscrevê-las-iam com propriedade nos grandes
arquétipos da literatura universal.[11]

Pois assim também acontece com o já citado Otelo de William


Shakespeare. Otelo é o arquétipo do ciúme. Bento cria
intertextualidade com a peça três vezes além do cap. LXII, no
Capítulo LXXII e no Capítulo CXXXV: o primeiro comenta a relação
de Desdêmona e seu marido mouro, enquanto que no segundo vai
assistir a peça e diz que, embora "não vira nem lera nunca Otelo",
estimou a coincidência entre seu próprio relacionamento com
Capitu ao chegar ao teatro.[49] Helen Caldwell sustentou fortemente Otelo e Desdêmona por Muñoz
Degrain, 1881, é um retrato do
a tese de que Dom Casmurro sofria in uência de Otelo não
drama Otelo de William
somente no tema do ciúme mas também nas personagens: para a Shakespeare: in uência arquétipa
autora, Bento é o "Iago de si mesmo" e José Dias (que amava os para o ciúme do Bentinho de Dom
Casmurro.
superlativos) um típico personagem shakespeariano que gasta suas
energias aconselhando (como o Polônio de Hamlet, que dá
conselhos ao lho e exagera os fatos quando fala com o rei).[50]

Outras fontes referem-se a semelhança física do lho (no caso, Ezequiel) resultante da "impregnação"
da mãe pelos traços de um homem amado, sem que este gerasse aquele, foco usado antes por Zola em
seu Madeleine Férat (1868) e também no precedente As A nidades Eletivas (1809) de Goethe, onde o
lho de Eduard e Charlotte tem os olhos de Ottilie, por quem Eduard está apaixonado, e as feições do
capitão, amado por Charlotte;[34] e à loso a pessimista de Bento, onde os críticos notam in uência
direta de Schopenhauer, para quem "o prazer da existência não repousam no viver, só se alcançam no
contemplar o vivido" (daí o objetivo de Bento retratar seu passado),[51][52] e de Pascal, uma vez que o
cristianismo de Bentinho é análogo à casuística jesuíta atacada por ele e pelos jansenistas.[53]
In uência e diálogos
Dom Casmurro, assim como Memórias Póstumas de Brás Cubas, possui estilo próprio e elementos
"anti-literários" que só seriam popularizados com o modernismo décadas mais tarde: capítulos curtos,
estrutura fragmentária não-linear, tendência ao elíptico e alusivo, postura metalinguística de quem
escreve e se vê escrevendo, intromissões na narrativa e possibilidade de várias leituras e
interpretações.[12]

Oswald de Andrade, nome de destaque da importante Semana de Arte Moderna de 1922, cujo estilo
literário, assim como o de Mário de Andrade, se insere na tradição experimental, metalinguística e
citadina mais ou menos dialogável com a obra de Machado de Assis, tinha Dom Casmurro como um de
seus livros preferidos e encarava o escritor como um mestre do romance brasileiro.[54] A in uência
mais direta do livro, no entanto, é estrangeira; John Barth escreveu A Ópera Flutuante (1956) que, na
comparação de David Morrell, possui traços semelhantes ao enredo de Dom Casmurro, como o de que
os personagens principais dos dois livros são advogados, chegam a pensar em suicídio e a comparar a
vida a uma ópera, e vivem transtornados num triângulo amoroso.[55] Na verdade, todas as primeiras
obras de Barth sofreram forte in uência deste livro de Machado de Assis, principalmente sua técnica de
escrever o romance e o enredo de Dom Casmurro.[56] Dom Casmurro também dialoga com Grande
Sertão: Veredas (1956), em que Guimarães Rosa retoma a "viagem de memória" presente no livro de
Machado.[57]

O desa o de Bentinho em atrair e conquistar Capitu para lograr seu objetivo interessado nas prendas
da namorada — atitude identi cada como "modelo senhorial e possessivo que prescinde de maiores
sutilezas" — in uenciou indiretamente Graciliano Ramos ao escrever um de seus mais famosos
romances modernistas do século XX, São Bernardo (1934), ao retratar a ação direta de Paulo Honório
na captura de Madalena.[58] Dom Casmurro também in uenciou, só que dessa vez explicitamente, o
conto "Capitu Sou Eu", de Dalton Trevisan, publicado num livro de contos homônimo em 2003, em que
uma professora e um aluno rebelde tem um caso doentio e discutem sobre o caráter da personagem.
[59]

A crítica moderna também atribui a Dom Casmurro ideias e conceitos que seriam posteriormente
desenvolvidos por Sigmund Freud e seus projetos de psicanálise. O livro de Machado é publicado no
mesmo ano que sua Interpretação dos Sonhos, e Dom Casmurro já escrevia frases como "Penso que
lhe senti o sabor da felicidade no leite que me deu a mamar", alusão àquilo que Freud veio chamar de
fase oral na psicanálise, em relação à boca-seio, no que alguns chamam de "premonição freudiana".[4]
O menino Bentinho era introspectivo e seus devaneios substituíam parte da realidade: "Os sonhos do
acordado são como os outros sonhos, tecem-se pelos desenhos das nossas inclinações e das nossas
recordações", escreve o Dom Casmurro já velho, numa antecipação do conceito freudiano que concebe
a unidade da vida psicológica no sonho e na vigília.[4]

As diversas adaptações posteriores de Dom Casmurro, em inúmeras mídias e formas, também


comprova o diálogo e a in uência que o romance continua realizando nas mais diferentes áreas, seja
no cinema, no teatro, na música popular e erudita, na televisão, nos quadrinhos, na própria literatura
etc.
Crítica

Introdução

Brevemente, pode-se dizer que a crítica de "Dom Casmurro é uma obra aberta a tantas interpretações,
Dom Casmurro é relativamente recente. algumas já feitas e publicadas, sobretudo nos últimos
Recebeu aval dos contemporâneos de cinquenta anos, muitas outras sem dúvida ainda por fazer.

Machado e as críticas posteriores à sua Nenhum romance brasileiro, acho, tem sido reinterpretado
de uma maneira tão totalizadora."
morte trataram de analisar o personagem
Bento e sua situação psicológica. Dom
—David Haberly[60]
Casmurro também foi aproveitada por
estudos da sexualidade e da psique humana, e do existencialismo assim que comumente nos tempos
recentes atribuiu-se à obra machadiana uma abertura de interpretações.[61]

No entanto, o primeiro tratado que revigorou o papel do romance, escrito por Helen Caldwell na
década de 1960, não desfrutou de impactos no Brasil.[62] Só recentemente, através de Silviano Santiago,
em 1969, e principalmente Roberto Schwarz em 1991, o livro de Caldwell foi descoberto e abriu novas
propostas para a obra machadiana.[62] Esta também foi a década que Machado de Assis teve maior
relevância crítica na França e o romance recebeu comentários importantes através de tradutores
franceses; o livro escrito por Dom Casmurro interessou principalmente as revistas literárias de
psicologia e de psiquiatria, que também recomendavam a leitura de L'Aliéniste, "O Alienista", a seus
leitores.[63]

A crítica moderna, muito in uenciada pelo histórico de interpretações do romance, que examinaremos
a seguir, identi ca nos dias de hoje três leituras sucessivas de Dom Casmurro, a saber:

1. Romanesca, é a história da formação e decomposição de um amor, do idílio da adolescência,


passando pelo casamento, até a morte da companheira e do lho duvidoso.[21]
2. Próxima do romance psicanalítico e policial, é o libelo acusatório do marido-advogado à cata de
prenúncios e evidências do adultério, tido por ele como indubitável.[21]
3. Deve ser realizada à contracorrente, pela inversão do rumo da descon ança, transformando em réu
o próprio narrador, em acusado o acusador.[21]

O histórico das interpretações que se vai ler na próxima seção, destacando a crítica da década de 1930
e 40 até a década de 1980, mostra a reviravolta que se tem feito nas diversas interpretações de Dom
Casmurro, sustentada não somente por críticos brasileiros, mas também, e consideravelmente,
internacionais.[64] A maioria das interpretações do romance são in uenciadas pela sociologia,
feminismo e psicanálise,[65] e a maioria também se refere ao tema do ciúme do narrador, Dom
Casmurro; algumas argumentando que não existiu adultério e outras que o autor deixou a questão em
aberto para o leitor.[66]

Interpretações
Entre os temas interpretados ao longo dos anos pelos críticos e ensaístas estão o possível adultério de
Capitu, uma análise sócio-psicológica das personagens e o caráter do narrador-personagem. Os críticos
da década de 1930 e 40 escreviam que Bento Santiago sofria de distimia e relacionaram sua
personalidade calada e solitária com o próprio autor, que deveria sofrer epilepsia.[67] Seu amigo
Escobar deveria sofrer de transtorno obsessivo-compulsivo e de tiques motores, com possível controle
sobre eles.[67] Essas considerações desempenharam certo psicologismo em relação à Dom Casmurro e
Machado de Assis. A crítica moderna encara essa interpretação como fruto do psicologismo daquela
época, que exagerava seus sofrimentos e que não dava importância à sua subida de carreira (como
jornalista e trabalhador público).[68] Psiquiatras como José Leme Lopes notaram as inibições de
desenvolvimento de Bentinho e seu "atraso no desenvolvimento afetivo e neurose".[69] O Bentinho que
Dom Casmurro evoca teria "sexualidade tardia" e "predomínio da fantasia sobre a realidade, com
angústia."[70]

Para a interpretação psiquiátrica esse seria um dos motivos de seu ciúme doentio.[71] A crítica
psicanalista considera que Bento "nasceu destituído de poder ter seus próprios desejos".[71] O
personagem teria nascido para "preencher o lugar de um irmão natimorto", ao que a psicanalista
Arminda Aberasture escreve que "sempre chamava a atenção para as di culdades que terão em seus
desenvolvimento psicológico os lhos que vêm predestinados, vêm em lugar de outro."[72] Dom
Casmurro foi um menino que serviu a todos os desejos de sua mãe: entrou em seminário, foi padre, e
assim alguns o vêem como um homem inseguro e mimado.[71] Bentinho é encarado como um típico
homem brasileiro do século XIX da alta sociedade carioca, sem perspectivas históricas (daí o desejo de
escrever História dos Surbúrbios mas depois optar por primeiro relatar as memórias de sua juventude),
pessimista e esquivo.[73] Outros, como Millôr Fernandes, também acreditam que Bentinho tinha
tendência à homossexualidade e que apresentava certa afeição amorosa e carinhosa por Escobar.[74]

Ao longo dos anos, Dom Casmurro era visto sob duas óticas principais: uma, a mais antiga, a de con ar
nas palavras escritas por Bento Santiago, sem maiores questionamentos a respeito (José Veríssimo,
Lúcia Miguel Pereira, Afrânio Coutinho, Erico Verissimo e principalmente os contemporâneos de
Machado fazem parte desse grupo);[75] e outra, mais recente, a de que Machado de Assis deixa ao leitor
a tarefa de tomar suas próprias conclusões sobre os personagens e o enredo, sendo essa uma das
características mais freqüentes de sua literatura.[73] Os argumentadores dessa posição muitas vezes
abstêm-se das questões do romance e encaram Dom Casmurro como uma obra aberta.[76]

A crítica interpretativa dirigida "A conclusão à qual Santiago gradualmente leva o leitor é que
negativamente ao narrador e à salvação de a traição perpetrada por sua adorável esposa e seu adorável
Capitu, argumentando que ela não o traiu, amigo age sobre ele, transformando o gentil, amável e

só se deu recentemente, a partir do ingênuo Bentinho no duro, cruel e cínico Dom Casmurro."

movimento feminista dos anos 60 e 70,


—Helen Caldwell[77]
sobretudo pela ensaísta norte-americana
Helen Caldwell. Em seu The Brazilian Othello of Machado de Assis (1960), argui que a personagem
Capitu não traiu Bentinho, mudando até então a visão que se tinha do romance,[78] e que ela é vítima
de um cínico Dom Casmurro que na verdade induz o leitor em suas palavras que não condizem com a
verdade.[79] A principal prova que Caldwell apresenta é a intertextualidade nítida e frequente que o
autor faz do Otelo de Shakespeare, cujo protagonista mata a esposa pensando erroneamente que ela o
traiu. A autora escreve sua tese sob a perspectiva principal de que o narrador machadiano é autônomo
o su ciente para dar sua própria e única versão dos fatos.[79] Para a crítica, Bentinho não o faz de
propósito, mas por loucura, já que ele é, segundo as palavras dela, o "Iago de si mesmo".[50] Caldwell
também revalidou o papel de Capitu, que deveria ser mais bonita e ter melhores sonhos que seu
esposo.[80] Outros críticos estrangeiros, como John Gledson, a partir da década de 1980 levantaram a
hipótese de interesses sociais relacionados à organização e à crise da ordem patriarcal durante o
Segundo Reinado. Para o universo carrança, bolorento e recalcado de Dona Glória, com seus viúvos,
agregados e escravos, a energia e a liberdade de opinião da mocinha moderna e pobre, atrevida e
irreverente, lúcida e atuante, tornaria-se intoleráveis.[81] Uma das provas do argumento de Gledson
encontra-se no Capítulo 3, que ele considera ser a "base do romance", na motivação de José Dias ao
falar da família de Capitu e lembrar a D. Glória a promessa que ela fez de botar Bentinho no Seminário,
ou seja, tratando a "gente do Pádua" como inferior e sua lha como uma menina dissimulada e pobre
que pode corromper o garoto.[82]

Assim, os ciúmes de Bentinho, menino rico, de família decadente, do bacharel típico do Segundo
Reinado, condensariam uma problemática social ampla, por trás daquele "novo Otelo que difama e
destrói a amada."[81] Essa interpretação sociológica ainda se conserva nos dias de hoje, como lemos nas
palavras do ensaísta português Helder Macedo que a rmou, em relação ao tema do ciúme: "Na
destruição de Capitu, na neutralização do desa o ao modo de ser alternativo que ela representa, reside
o propósito fundamental da restauração procurada por Bento Santiago através da escrita do seu
memorial. [...] Ela era uma estranha, uma intrusa, uma ameaça ao status quo, um indesejável traço de
união com uma classe social mais baixa, representando assim também, implicitamente, a emergência
potencial de uma nova ordem política que ameaçasse o poder estabelecido. [...] Classe e sexo são assim
fundidos na mesma ameaça representada pela moralidade supostamente dúbia de Capitu".[83] Sob tal
perspectiva, o narrador, ferramenta estereotipada usada pelo autor para criticar determinada classe
social de sua época,[81] é capaz de utilizar os preconceitos do brasileiro para induzi-lo em sua
argumentação contra Capitu.[84] Entre estes preconceitos temos a semelhança física e os trejeitos que
um lho herda do pai verdadeiro, pré-concepção que seria comum à cultura brasileira, e que Bento
utiliza ao falar como Ezequiel era a cara de Escobar.[84]

Visando o enjoo que o debate crítico da temática do ciúme desencadeou a partir de então, autores
como, por exemplo, José Aderaldo Castello, a rmavam que Dom Casmurro não é o romance do ciúme,
mas da dúvida: "é por excelência o romance que exprime o con ito atroz e insolúvel entre a verdade
subjetiva e as insinuações de alto poder de in ltração, geradas por coincidências, aparências e
equívocos, imediata ou tardiamente alimentados por intuições."[85] Não se desconsidera, portanto, as já
citadas hipótese de que Bento Santiago esteja realmente falando a verdade e Capitu o traiu e a de que
Machado quis deixar a verdade nas mãos do leitor. A escritora Lygia Fagundes Telles, que estudou o
romance para escrever o roteiro do lme Capitu (1968), como leitora que chegou a condenar Capitu e
depois a condenar Bentinho, disse numa entrevista recente, concluindo: "Eu já não sei mais. Minha
última versão é essa, não sei. Acho que en m suspendi o juízo. No começo, ela era uma santa; na
segunda, um monstro. Agora, na velhice, eu não sei. Acho Dom Casmurro mais importante que
Madame Bovary. Nele há a dúvida, enquanto a Bovary tem escrito na testa que é adúltera."[86]
Recepção
Ver também: Reputação de Machado de Assis
"Dom Casmurro saiu em 1900. Machado morreu em 1908.
À época de sua publicação, Dom Casmurro Nenhum crítico nesses oito anos jamais ousou negar o
foi elogiado pelos amigos próximos do adultério de Capitu."
autor. Medeiros e Albuquerque, por
exemplo, dizia ser este "o nosso Otelo".[88] —Otto Lara Resende[87]

Seu amigo Graça Aranha comentou sobre


Capitu: "casada, teve por amante o maior amigo do marido."[89] Sua primeira recepção parece ter
acreditado nas palavras do narrador e relacionou o livro com O Primo Basílio (1878) de Eça de Queiroz e
com Madame Bovary de Flaubert, isto é, romances de adultério.[90]

José Veríssimo, por sua vez, escreveu que "Dom Casmurro trata de um homem inteligente, sem dúvida,
mas simples, que desde rapazinho se deixa iludir pela moça que ainda menina amara, que o enfeitiçara
com a sua faceirice calculada, com a sua profunda ciência congênita de dissimulação, a quem ele se
dera com todo ardor compatível com o seu temperamento pacato."[91] Veríssimo também fez uma
analogia entre Dom Casmurro e o narrador de Memórias Póstumas de Brás Cubas: "Dom Casmurro é o
irmão gêmeo, posto que com grandes diferenças de feições, se não de índole, de Brás Cubas."[92]

Silvio Romero já há tempo não aceitava o rompimento de Machado com a


linearidade narrativa e com a natureza do enredo tradicional e depreciava
sua prosa.[3] Como se sabe, no entanto, a Livraria Garnier publicava os
volumes de Machado tanto no Brasil como em Paris e, com este novo livro,
a crítica internacional já passava a colocar em dúvida se Eça de Queiroz
ainda seria o melhor romancista da língua portuguesa.[3] Artur de Azevedo
elogiou a obra duas vezes e numa delas escreveu: "Dom Casmurro é um
desses livros impossíveis de resumir, porque é na vida interior de Bento
Machado de Assis, c. 1896. Santiago que reside todo o seu encanto, toda a sua força",[93] e concluiu
que "O que é tudo, porém, neste livro sombrio e triste, onde há páginas
escritas com lágrimas e sangue, é a na psicologia das duas guras capitais e o nobre e soberbo estilo
da narrativa."[93]

Machado de Assis comunicou-se em cartas com amigos e recebia outras, satisfeito com os comentários
que eram publicados a respeito de seu livro.[94] Dom Casmurro continuou recebendo inúmeras outras
críticas e interpretações com o tempo e nos dias atuais é visto como uma das maiores contribuições ao
romance impressionista e é tratado por alguns como sendo um dos maiores expoentes do realismo
brasileiro.[95]

Publicações

Edições
Publicado pela Livraria Garnier em 1900, embora a imprenta em sua folha de rosto mostrasse o ano
anterior, Dom Casmurro foi escrito para sair diretamente em livro, ao contrário de Memórias Póstumas
de Brás Cubas (1881) e Quincas Borba (1891) que antes de sua publicação saíram como folhetins.
Quincas Borba, por exemplo, saiu em capítulos na revista A Estação entre os anos de 1886 e 1891 para,
em 1892, ser publicado de nitivamente e o outro de março a dezembro de 1880 na Revista Brasileira
até ser editado em 1881 pela Tipogra a Nacional.[96][97]

Garnier, que publicava Machado tanto no Brasil quanto em Paris (sob o nome Hippolyte Garnier),
recebeu uma carta do autor em 19 de dezembro de 1899 em francês, que reclamava do atraso na
publicação: "Esperamos Dom Casmurro na data em que anunciaram. Peço-vos, com todos nossos
interesses, que a primeira remessa de exemplares seja grande o su ciente, porque ela pode acabar
rápido, e o atraso da segunda remessa vai prejudicar as vendas" ao que a casa editora respondeu em
12 de janeiro de 1900: "Dom Casmurro não partiu essa semana, trata-se de um atraso de um mês por
causas independentes de nossa vontade [...]"[98]

Sua primeira edição foi limitada, porém a composição estava guardada para ser reimpressa assim que
se esgotassem os dois mil exemplares iniciais.[99]

Em outras línguas

O romance tem sido traduzido para muitas outras línguas desde sua primeira publicação em
português[100]

Ano Língua Título Tradutor(es) Editora

Roma: Instituto Cristoforo


1930 Giuseppe Alpi
Colonbo
1954 Italiano Dom Casmurro Liliana Borla
Milão: Fratelli Bocca
1958 Laura Marchiori
Milão: Rizzoli

Paris: Institut International


Dom Casmurro
1936 Francis de Miomandre de Cooperation
Dom Casmurro
1956 Francês Francis de Miomandre Intelectuelle
Dom Casmurro et les
2002 Anne Marie Quint Paris: Métailié
Yeux de Ressac
Paris: Albin Michel

Luís M. Baudizzone e Buenos Aires: Editorial


1943 Don Casmurro
Newton Freitas Nova
1954 Espanhol Don Casmurro
J.Natalicio Gonzalez Buenos Aires: W.M.Jackson
1995 Don Casmurro
Ramón de Garciasol Buenos Aires: Espasa-Calpe

1951 E. G. Meyenburg Zurique: Manesse Verlag


1980 Alemão Dom Casmurro Harry Kaufmann Berlim: Rütten & Loening
2005 Harry Kaufmann Augsburg: Weltbild
Londres: W.H.Allen
1953 Helen Caldwell Nova Iorque: The Nooday
1953 Helen Caldwell Press
Inglês Dom Casmurro
1992 Scott Buccleuch Inglaterra:Penguin Classics
1997 John Gledson Nova York/Oxford: Oxford
University Press

Estocolmo: Sven-Erik
1954 Sueco Dom Casmurro Göran Heden
berghs Bokförlag

Varsóvia: Panstwowy
1959 Polonês Dom Casmurro Janina Wrzoskowa
Wydawnicz

1960 Tcheco Don Morous Eugen Spálený Praga: SNKLHU

Moscou: Рыбинский Дом


1961 Russo Дон Касмурро Т. Ивановой
печати (reedição 2015)

1965 Romeno Dom Casmurro Paul Teodorescu Bucareste: Univers

1965 Servo-croata Dom Casmurro Ante Gettineo Zagreb: Zora

1973 Estoniano Dom Casmurro Aita Kurfeldt Tallin: Eesti Raamat

1985 s/t Lisboa: Inquérito


Português Dom Casmurro
1984 s/t Porto: Lello & Irmão

Barcelona: Quaderns
1998 Catalão El Senyor Casmurro Xavier Pàmies
Crema

Adaptações

Cinema

As duas adaptações cinematográ cas do romance diferem entre si. A primeira, Capitu (1968), dirigida
por Paulo Cesar Saraceni, com roteiro de Paulo Emílio Sales Gomes e Lygia Fagundes Telles, e atuação
de Isabella, Othon Bastos e Raul Cortez, é uma leitura el do livro,[101] enquanto a mais recente, Dom
(2003), dirigido por Moacyr Góes, com Marcos Palmeira e Maria Fernanda Cândido, mostra uma
abordagem contemporânea sobre o ciúme nos relacionamentos.[101]

Teatro

A obra também ganhou importantes adaptações para o teatro, tais qual a peça Capitu (1999), com
direção de Marcus Vinícius Faustini, premiada e elogiada pela Academia Brasileira de Letras,[101] e
Criador e Criatura: o Encontro de Machado e Capitu (2002), livre adaptação de Flávio Aguiar e Ariclê
Perez, dirigido por Bibi Ferreira.[101] Antes dessas duas produções, recebeu uma adaptação em ópera,
intitulada Dom Casmurro, com libreto de Orlando Codá e música de Ronaldo Miranda, que estreou no
Teatro Municipal de São Paulo em 1992.[102]

Música popular

Luiz Tatit compôs "Capitu", canção interpretada pela cantora Ná Ozzetti.[103]

Música erudita

O compositor Ronaldo Miranda escreveu uma ópera com libreto de Orlando Cordá que estreou em
maio de 1992 no Theatro Municipal de São Paulo.[104]

Literatura

Em 1998, Fernando Sabino publicou pela Editora Ática o romance Amor de Capitu. Nele, a história
original foi reescrita em uma narrativa em terceira pessoa.[105]

Televisão

Em comemoração ao centenário da morte de Machado de Assis, a Rede Globo realizou em 2008 uma
microssérie chamada Capitu, dirigida por Luiz Fernando Carvalho, escrita por Euclydes Marinho, com
Eliane Giardini, Maria Fernanda Cândido e Michel Melamed, entrelaçando elementos de época como
gurinos com elementos modernos que vão desde a trilha sonora, com músicas da banda Beirut, até
cenas onde eram mostrados os MP3s.[106]

Quadrinhos

Dom Casmurro foi adaptado para os quadrinhos por Felipe Greco e Mario Cau. O livro, publicado pela
editora Devir, ganhou o Prêmio Jabuti em 2013 (nas categorias "Livro didático e paradidático" e
"Ilustração") e o Troféu HQ Mix em 2014 (na categoria "Adaptação para os quadrinhos").[107][108][109]

Outras adaptações de Dom Casmurro para quadrinhos também foram lançadas pelas editoras Ática
(autores: Ivan Jaf e Rodrigo Rosa) e Nemo (autores: Wellington Srbek e José Aguiar).[110]

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Editora Garnier, Rio de Janeiro, 1899) contêm material sobre este tema:

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Índice
1 Enredo

2 Características

2.1 Gênero

2.2 Temas

2.3 Estilo

2.4 In uências literárias

3 In uência e diálogos

4 Crítica

4.1 Introdução

4.2 Interpretações
5 Recepção

6 Publicações

6.1 Edições

6.2 Em outras línguas

7 Adaptações

7.1 Cinema

7.2 Teatro

7.3 Música popular

7.4 Música erudita

7.5 Literatura

7.6 Televisão

7.7 Quadrinhos

8 Referências

9 Bibliogra a

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