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ESQUELETO DAS PEÇAS –

O papel do esqueleto é o de sistematizar, logo, o candidato tem de saber no


que consiste a sua prova.

1 – Definindo a peça

A peça é o crânio da prova, a parte mais importante de tudo. Se o candidato


erra a peça inevitavelmente reprovará.

eia sua prova com calma, e determine qual a solução processual adequada:
é uma inicial? Um recurso?

Ao definir a peça adequada, escreva na FOLHA DE RASCUNHO o nome da


peça:

Peça cabível: Recurso X

Mas não basta só elencar a peça, seria simples demais e praticamente inútil
como esqueleto. Delimite também os demais elementos constitutivos da
qualificação da peça de forma a tornar a compreensão do todo bem clara:

Peça cabível: Recurso X

Juízo A Quo: Juízo da Vara W

Juízo Ad Quem: Tribunal Regional da Y Região

Recorrente: Fulano

Recorrido: Ciclano

Fundamento legal da peça : Art. 123 da CF c/c Art. 321 do Lei Z

Folha interposição de recurso endereçada ao juiz da causa? sim!

Escolhi deliberadamente acima uma estrutura de esqueleto referente ao


um recurso. Vocês podem observar que a essência da peça foi delimitada,
determinando a existência da folha de interposição do recurso, a
competência, juízo a quo e ad quem, parte, fundamentos legais (declinar os
fundamentos legais da peça é parte ESSENCIAL da
prova. Sempre fundamentem com os dispositivos legais pertinentes) e, ao
fim, a existência ou não da folha de interposição.
Vejam que na construção do esqueleto quase todo trabalho de pesquisa
no vade mecum e de compreensão da problemática é realizado. Escrever na
prova transforma-se quase que em um trabalho braçal.

Ao visualizar a estrutura da peça o candidato pode perceber com mais


nitidez se falta algum detalhe ou informação pertinente. Isso é de extrema
relevância: não deixar passar nada!

Mas a petição não é só feita de um “crânio” e sim do Direito Material


controverso, a própria essência da petição.

Evidentemente, a estruturação dos tópicos da petição dependem do


problema e de suas nuances: existem preliminares? Quantos tópicos
controversos estão sendo exigidos na peça?

2 – Delimitando os tópicos

Essas são as duas principais perguntas a serem respondidas. De toda


forma, pode-se apresentar um “modelo” de esqueleto para essa etapa da
prova. Vamos conferir:

Tópico 1: Preliminar Q

Tese a ser combatida: Um tapa na cara não gera direito a indenização por
danos morais (ao descrever a tese a ser combatida seja ultra, hiper, mega
sucinto. É só uma orientação para si mesmo, nada além disso)

Fundamentos contra a tese a ser combatida: Art. 123 da Lei C, art. 321
da Lei U e Art. 231 da Lei Y + Súmula 123 do STF.

Conclusão: pelo provimento do recurso

Tópico 2: mérito – danos materiais

Tese a ser combatida: Danos decorrentes da colisão de veículo decorrem


de culpa concorrente

Fundamentos contra a tese a ser combatida: Art. 123 da Lei S, art. 321 da
Lei E + Súmula 321 do STJ.

Conclusão: pelo provimento do recurso

Observem alguns detalhes interessantes:


Os tópicos são divididos em 3 partes (tese a ser combatida, fundamentos
contra a tese a ser combatida e conclusão). Tudo isso pode ser contruído
em 3 parágrafos, ou, se o candidato achar que é mais econômico (e
também em função do tempo) tudo condensado em apenas um parágrafo,
com todas as idéias reunidas.

O candidato deve tecer rapidamente uma explanação sobre a tese a ser


combatida. Depois, deve colocar SUA visão, como advogado, do que
juridicamente deve ser a solução, deve ser, contendo as razões para a
reforma do ponto de vista a ser combatido (no caso em tela, do juiz) e, o
mais importante, os fundamentos legais e jurisprudenciais que justificam e
embasam a reforma do decidido pelo juiz da causa.

Se o juiz disse “A”, tal como você mostrou no 1º parágrafo, no segundo você
vai dizer “Não A” declinando as razões legais para o “Não A”.

Ao fim, há o reforço, de forma sintética, dos argumentos do segundo


parágrafo (apenas de leve) e requer a reforma da decisão do juízo a quo
naquele tópico em específico.

Esse é um método de construção lógica do raciocínio que funciona


perfeitamente dentro do Exame de Ordem. As ideias são dispostas de
forma segmentada, sequencial e com clareza, sem firulas, enrolações e
mistérios.

Vejam o padrão da prova de Direito Constitucional do XII Unificado:

Percebem como o padrão da prova, em si mesmo, é um mapa?


Estruturado, sequencial e lógico. Ele deve ser mentalmente projetado
durante a realização da prova e, montando o esqueleto, apreender a sua
possível futura estrutura.

Fica fácil para quem lê entender a linearidade e consistência do raciocínio


do candidato ao se criar um esqueleto projetando o padrão do espelho. Ser
compreendido pelo corretor da prova é tudo o que vocês podem querer na
hora de serem corrigidos.

Construir o esqueleto dessa forma poupa tempo na hora de redigir de fato


a petição. O candidato visualiza o todo e seus detalhes com mais clareza,
consegue perceber eventuais falhas de raciocínio na hora da redação, e,
acima de tudo, poupa tempo e reduz as margens de equívocos.

Cria-se um mapa a ser seguido, com segurança, sem atropelos e,


principalmente, sem lapsos.
Por fim, o candidato, para completar o esqueleto, precisa fazer o seu
pedido, e ele precisa ser completo, detalhando os pontos de Direito
Material declinados no corpo da peça, pedindo o conhecimento e
provimento dos tópicos, a intimação do recorrido e do MP (se for o caso).

Lembre-se: o esqueleto deve ser sempre sucinto, pois sua função é a de


orientar o candidato. O esqueleto serve para organizar e detalhes os
pontos importantes, só isso. Outros elementos da prova serão escritos na
hora do candidato efetivamente escrever sua peça.

Colocar TODOS os detalhes nele representará uma imensa perda de


tempo. Não é esse o objetivo…

Cria-se um mapa a ser seguido, com segurança, sem atropelos e,


principalmente, sem lapsos.

Por fim, o candidato, para completar o esqueleto, precisa fazer o seu


pedido, e ele precisa ser completo, detalhando os pontos de Direito
Material declinados no corpo da peça, pedindo o conhecimento e
provimento dos tópicos, a intimação do recorrido e do MP (se for o caso).

Lembre-se: o esqueleto deve ser sempre sucinto, pois sua função é a de


orientar o candidato. O esqueleto serve para organizar e detalhes os
pontos importantes, só isso. Outros elementos da prova serão escritos na
hora do candidato efetivamente escrever sua peça.

Colocar TODOS os detalhes nele representará uma imensa perda de


tempo. Não é esse o objetivo…

3 – Considerações finais

Toda e qualquer metodologia a ser utilizada na hora da prova deve e


precisa ser antes treinada. Deixar para fazer um esqueleto eficiente só na
hora da prova pode dar um trabalho desnecessário ao candidato, tomando-
lhe um tempo precioso.

O uso do esqueleto não é obrigatório. Fazendo um teste antes o candidato


pode avaliar se compensa ou não adotar um para sua prova.

Aliás, não existe um modelo certo para elaborá-lo: cada candidato pode e
deve fazer ao seu estilo, se assim achar adequado. O importante é fazê-lo
de forma sintética, com as informações relevantes e com uma boa
celeridade, computando aí o tempo para a leitura do problema, a pesquisa
das leis e da jurisprudência no vade mecum e o tempo para sua construção
em si mesmo.

Para mim, um esqueleto construído com inteligência é muito útil: organiza a


visão geral da petição e concentra grande parte da pesquisa e trabalho
intelectual, tornando tudo bem claro na hora de redigir de fato a peça.

IMPORTANTE: Em hipótese alguma, repito, em hipótese ALGUMA façam


um rascunho. Isso é sério!

Elaborar um rascunho é o caminho certo para a reprovação. Em uma


oportunidade uma amiga pediu para eu auxiliá-la no recurso. Sua peça
tinha obtido uma nota altíssima, quase perfeita, mas suas questões
estavam simplesmente desconexas, sem sentido. Não consegui entender
de plano o porquê de tamanha discrepância de raciocínio. Questionei-a e
ela confessou: havia feito um rascunho da peça e, quando foi partir para as
questões, faltavam apenas 40 minutos de prova. Veio o desespero, a pressa
e o resultado foi um só: reprovação!

Fico imaginando se ela tivesse feito um esqueleto, fazendo ainda assim


uma peça boa, se bem que menos caprichada, e tivesse tido tempo de
raciocinar e escrever as questões. Provavelmente hoje ela já estaria de
posse da carteira.

A prova é um todo! A peça é muito importante, sem dúvida, mas as


questões fazem parte do jogo e devem ser respondidas direito. O rascunho
mata o tempo do candidato.

PENAL

PREÂMBULO

No início da preparação para a segunda fase, o que mais causa


preocupação ao candidato é a correta identificação da peça cabível ao caso
em exame. É natural, afinal, se errar a peça, a prova estará perdida. No
entanto, com o tempo, o examinando percebe que a identificação da peça
é o aspecto mais fácil na segunda fase. Na prova prática, o verdadeiro
problema é a identificação da tese, assunto que será tratado adiante.

Em prática penal, errar a peça é praticamente impossível. Digo isso porque,


o momento de cabimento de cada uma é tão específico, que não há como
fazer confusão. Em todos os Exames de Ordem unificados – desde a época
do CESPE -, somente em duas provas a escolha da peça foi motivo de
discussão na área penal. Em todas as demais, não houve qualquer dúvida a
respeito de qual seria a peça cabível.

Por isso, para acalmar o coração dos mais aflitos, iniciarei o nosso estudo
pela correta identificação da peça cabível. Em seguida, nos próximos posts,
veremos as principais peças, uma a uma. Procure não memorizar a
explicação a seguir, pois veremos as peças individualmente, e, com o
tempo, o cabimento de cada uma estará enraizado em sua mente. Por
enquanto, preocupe-se apenas em entender as fases processuais. São o
ponto principal de estudo deste resumo de hoje.

AS FASES PROCESSUAIS

Para a escolha da peça adequada, é essencial que se tenha em mente que o


processo penal é dividido em fases. É possível fazer uma porção de
divisões, mas adotarei a mais simples possível: a) fase pré-processual; b)
fase processual; c) fase pós-processual. Para cada uma delas, há um rol de
peças, com objetivos específicos.

PRÉ-PROCESSUAL → PROCESSUAL → PÓS-PROCESSUAL

FASE PRÉ-PROCESSUAL

A fase pré-processual engloba tudo o que ocorrer antes do RECEBIMENTO


da denúncia ou da queixa. Ainda não existe um processo em andamento.
Antes de falarmos da fase pré-processual em si, uma distinção importante:
não confunda oferecimento da petição inicial com o seu recebimento. Um
exemplo que talvez esclareça:

João é promotor de justiça. Francisco praticou um roubo. João OFERECE


denúncia contra Francisco. Carlos, o juiz da comarca, RECEBE a denúncia
contra Francisco, dando início ao processo.

No momento em que o promotor OFERECEU a denúncia, a fase ainda é a


pré-processual. No entanto, quando o juiz a RECEBEU – houve uma decisão
judicial dizendo que a petição inicial do promotor está de acordo com o art.
395 do CPP -, deu-se início à fase processual. Pode parecer besteira, mas
veja algumas situações em que essa distinção é exigida:
1ª. O arrependimento posterior (CP, art. 16) só é possível se ocorrer até o
RECEBIMENTO da denúncia.

2ª. A retratação da representação, em crime de ação penal pública


condicionada, só é possível até o OFERECIMENTO da denúncia (CPP, art. 25).

3ª. A prescrição é interrompida pelo RECEBIMENTO da petição inicial, e não


pelo OFERECIMENTO (CP, art. 117, I).

Portanto, como já dito, a fase pré-processual é encerrada no momento em


que a petição inicial (denúncia ou queixa) é recebida, quando é dado início
à fase processual. Sabendo disso, veja como é simples saber se uma peça é
pré-processual ou processual. Dois exemplos:

1º. Defesa Prévia da Lei de Drogas (Lei 11.343/06): “Art. 55. Oferecida a
denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa
prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.”.

2º. Resposta à Acusação (CPP, art. 396): “Art. 396. Nos procedimentos
ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar
liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder
à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.”.

No primeiro exemplo, o dispositivo diz: oferecida a denúncia, o acusado


deve oferecer defesa prévia. Logo, fase pré-processual. No segundo, o CPP
fala em recebimento da denúncia. Destarte, fase processual. Então, se o
enunciado da prova dissesse que a petição inicial foi recebida, a defesa
prévia da Lei de Drogas estaria descartada, pois só é cabível após o
oferecimento e antes do recebimento da denúncia.

Na fase pré-processual, embora existam outras peças, as realmente


possíveis para a segunda fase são as seguintes:

a) Liberdade Provisória: o enunciado descreverá hipótese em que o cliente


foi preso em flagrante dentro da legalidade, mas estão ausentes os
requisitos da prisão preventiva (CPP, art. 312). Não há denúncia e nem
nada. Apenas a prisão em flagrante. Exemplo: “João foi preso em flagrante
por estar dirigindo embriagado. Ele possui residência fixa, trabalha e é a
primeira vez em que é preso. Como advogado de João, elabore a peça
adequada em sua defesa”. A LP nunca caiu em uma segunda fase por ser
uma peça extremamente simples, que não comporta muitas teses. Se
caísse na próxima segunda fase, seria, sem dúvida, uma grande surpresa.
b) Relaxamento da Prisão em Flagrante: assim como na liberdade
provisória, o seu cliente foi preso em flagrante, mas há um porém: a prisão
é ilegal. Exemplo: “Após ser obrigado a fazer o teste do bafômetro, João foi
preso em flagrante por estar dirigindo embriagado. Como seu advogado,
elabore a peça adequada em sua defesa”. Como todos sabemos, ninguém
pode ser obrigado a fazer o teste. Logo, a prisão em flagrante foi ilegal,
devendo ser relaxada. Veja que não há qualquer menção ao recebimento
de denúncia ou queixa. Portanto, fácil perceber que estamos lidando com
peça da fase pré-processual. O relaxamento caiu no VI Exame de Ordem.

c) Queixa-Crime: é uma peça com boas chances para a próxima segunda


fase. O enunciado dirá que o seu cliente foi vítima de um delito e você,
como advogado, deve buscar os meios adequados para que o criminoso
seja punido. Exemplo: “João disse em uma rede social que Francisco, seu
vizinho, está tendo um caso extraconjugal. Segundo ele, Francisco encontra
a amante às quartas, após o expediente. Como advogado de Francisco,
elabore a peça adequada para a defesa dos seus interesses”. Veja que não
se falou em recebimento de queixa ou em sentença. O seu cliente foi
ofendido e você deve fazer algo em sua defesa. Portanto, a peça só pode
ser a queixa-crime, que não cai desde o XV Exame de Ordem.

d) Defesa Preliminar (Crimes Funcionais): o art. 514 do CPP diz assim: “Art.
514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida
forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para
responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias.”. Trata-se de peça
do rito especial dos crimes funcionais (crimes cometidos por funcionários
públicos). Perceba que o dispositivo não fala, em momento algum, que a
denúncia foi recebida. Embora tenha havido manifestação do juiz, não
houve o recebimento da petição inicial. Logo, mais uma peça pré-
processual. Dica: antes do recebimento, o juiz manda notificar; após o
recebimento, o juiz manda citar. Se o dispositivo legal disser “notificar”, você
já sabe que a peça é pré-processual. Exemplo: “João foi preso em flagrante
pela prática do crime de peculato (CP, art. 312). Concluído o inquérito, o
promotor de justiça o denunciou pela prática delituosa. O juiz da comarca o
notificou a respeito da denúncia, para que ofereça a peça cabível. Como
advogado de João, ofereça a peça adequada”.

e) Defesa Prévia (Lei de Drogas, art. 55): o enunciado da prova descreverá


situação em que o cliente praticou crime da Lei 11.343/06 – provavelmente,
tráfico – e dirá que a denúncia foi oferecida, mas ainda não recebida.
Exemplo: “João foi preso em flagrante por estar transportando 2kg de
maconha. O promotor de justiça o denunciou pelo crime de tráfico de
drogas, com fundamento no art. 33 da Lei 11.343/06. João foi notificado no
dia de ontem da denúncia. Como seu advogado, elabore a peça cabível”.
Perceba, mais uma vez, que não foi falado em recebimento, fazendo com
que o leitor do enunciado conclua com facilidade que se trata de peça pré-
processual.

Como já dito, há outras peças pré-processuais. Algumas serão vistas


durante a nossa preparação. No entanto, as de maior probabilidade para a
próxima segunda fase são as descritas acima.

FASE PROCESSUAL

A fase processual tem início com o recebimento da petição inicial (denúncia


ou queixa). O juiz decide se recebe ou não a inicial com fundamento no art.
395 do CPP – marque em seu vade mecum, pois pode ser útil no futuro. As
principais peças da fase processual são as seguintes:

a) Resposta à Acusação: é a primeira chance de defesa na fase processual.


O problema dirá que a denúncia foi recebida e que o cliente foi citado.
Exemplo: “João foi preso em flagrante pela prática do crime de roubo. O
promotor de justiça o denunciou pela prática delituosa. O juiz de direito
recebeu a inicial e determinou a citação do réu, ocorrida há dois dias. Como
advogado de João, elabore a peça cabível”. Veja que não foi falado em
audiência ou em sentença. A problema tem como último ato o recebimento
da inicial. A resposta à acusação foi a peça em três Exames de Ordem.

b) Memoriais: como regra, concluída a audiência, advogados e Ministério


Público devem fazer as alegações finais oralmente. No entanto, em algumas
situações, isso não é possível, e o juiz abre prazo para que as alegações
sejam oferecidas por escrito. São os memoriais. Portanto, se o problema
disser que houve audiência, mas ainda não foi dada a sentença, os
memoriais são a única peça possível. Exemplo: “João foi preso em flagrante
pela prática do crime de roubo. O promotor de justiça o denunciou pela
prática delituosa. O juiz de direito recebeu a inicial e determinou a citação
do réu. A resposta à acusação foi oferecida. Ocorrida a audiência, saíram as
partes intimadas para que ofereçam suas considerações finais. Como
advogado de João, elabore a peça cabível”. A FGV já cobrou memoriais em
quatro oportunidades.

c) Apelação e Recurso em Sentido Estrito (razões): se o problema disser que


houve decisão de juiz de primeira instância, é bem provável que a peça
cabível seja uma dessas duas. Há outras, a exemplo dos embargos de
declaração, que serão estudadas, mas a chance de caírem em uma segunda
fase é quase inexistente. Para decidir por uma ou por outra, veja se a
hipótese relatada se encaixa em uma das situações do art. 581 do CPP. Se
houver correspondência, faça o recurso em sentido estrito. Caso contrário,
faça apelação. Exemplo: “João foi denunciado pela prática de um homicídio.
Recebida a inicial e ocorrida a audiência, o juiz decidiu pronunciá-lo. Como
advogado de defesa, elabore a peça cabível”. Como o art. 581, IV, prevê que
a peça cabível é o RESE, é a peça a ser elaborada no exemplo. Outro
exemplo: “João foi denunciado pelo crime de roubo. Concluída a audiência,
o juiz o condenou à pena de 6 anos. Como advogado de João, elabore a
peça adequada”. Como o art. 581 não prevê a hipótese do segundo
exemplo, por eliminação, a peça cabível é a apelação. A apelação já caiu em
oito edições da prova. O RESE, em duas, e já não cai há algum tempo, o que
me leva a crer que pode ser a peça da próxima segunda fase. Atenção:
pode ocorrer de o enunciado descrever hipótese em que a outra parte
ofereceu apelação ou recurso em sentido estrito. Neste caso, para defender
o cliente do recurso interposto, deverão ser oferecidas contrarrazões.

d) Embargos Infringentes e/ou de Nulidade: nunca caíram em uma segunda


fase – e, sinceramente, acho que nem cairão. Digo isso pela facilidade da
peça. Os embargos são cabíveis contra decisão por acórdão (decisão de
órgão colegiado, a exemplo de uma câmara criminal de TJ), quando não
houver unanimidade entre os julgadores. Explico: se uma câmara criminal
for composta por três desembargadores, pode ocorrer de dois votarem
pela condenação e um pela absolvição. Neste caso, o réu pode oferecer
embargos infringentes e/ou de nulidade para que o voto do
desembargador que entendeu pela absolvição prevaleça.

e) Recurso Especial e Recurso Extraordinário: nunca caíram, mas acredito


que pela dificuldade. São os recursos cabíveis contra decisões de tribunais
em hipóteses bem específicas, previstas nos arts. 102, III, e 105, III, da CF. O
Recurso Especial leva a discussão ao STJ; o Extraordinário, ao STF. Se caírem
um dia, a reprovação será em massa. Considerando que a FGV pegou
pesado na primeira fase do XXIII Exame de Ordem, não acredito em um dos
dois para a próxima segunda fase. De qualquer forma, serão estudados.

f) Recurso Ordinário Constitucional: carinhosamente chamado de “ROC”, é


uma peça com boas chances para uma segunda fase. O ROC é cabível
contra decisão de tribunal que denega HC e MS. Se a decisão for de TJ ou
TRF, o ROC deve ser endereçado ao STJ; se a decisão for do STJ, a peça é
endereçada ao STF. Exemplo: “João teve a sua prisão preventiva decretada
pelo juiz da 1ª Vara Criminal. Um Habeas Corpus foi impetrado em seu favor,
mas o Tribunal de Justiça o denegou. Como advogado de João, elabore a
peça cabível”. No exemplo, a peça é um ROC ao STJ.
FASE PRÓ-PROCESSUAL

Considera-se fase pós-processual tudo aquilo ocorrido após o trânsito em


julgado, momento em que a fase processual é encerrada. Como advogado,
há dois motivos de intervenção pós-processual: para a discussão do
cumprimento da pena (ex.: pedido de progressão de regime) ou para
buscar a rediscussão de um caso já transitado, quando nenhum recurso é
mais cabível. Para o Exame de Ordem, há duas peças pós-processuais com
grande probabilidade:

a) Agravo em Execução: é o único recurso cabível contra decisão do juiz da


execução penal. Se o problema disser que o a decisão partiu de juiz da Vara
da Execução penal, pode fazer Agravo em Execução, sem medo de errar.
Exemplo: “João cumpriu 1/6 de sua pena em regime fechado. Embora
presentes os requisitos para a progressão de regime, o juiz da Vara da
Execução penal negou o pedido feito. Como advogado de João, elabore a
peça cabível”. Caiu uma vez no Exame de Ordem.

b) Revisão Criminal: é a peça cabível para voltar a discutir o mérito de um


processo já transitado. Como já não há mais recursos cabíveis, resta ao
injustiçado buscar o que lhe é de direito em revisão – equivalente à
rescisória do processo civil. Exemplo: “João foi condenado pelo crime de
roubo. Transitada em julgado a sentença condenatória, surgem
documentos que provam a sua inocência. Como advogado de João, elabore
a peça adequada em busca dos seus interesses”. Também caiu uma vez no
Exame de Ordem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É claro, há outras peças – HC, MS, carta testemunhável etc. Todas elas serão
estudadas. No entanto, a FGV não é de inovar no que vem pedindo. Por
isso, o seu foco deve estar voltado às peças vistas neste resumo. Uma delas
cairá na próxima segunda fase. No próximo post, começaremos com o
estudo individualizado das peças. A primeira será o relaxamento da prisão
em flagrante. Por ora, tenho uma sugestão: leia os enunciados das provas
passadas e tente identificar quais foram as peças cobradas.

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