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A MENSAGEM

FOTOGRÁFICA
Roland Barthes

Nádia Salmeron e Tatiana Zuardi


A MENSAGEM FOTOGRÁFICA:
 “Fotografia de imprensa é uma mensagem”.

 Barthes caracteriza a foto como um objeto dotado de uma


estrutura organizada para transmissão de sentidos

 Mensagem/sentidos das fotos são constituídos por:

 Fonte emissora: redação do jornal/ fotógrafos (seleção da


imagem, composição, criação de títulos e legenda)

 Canal de transmissão: o próprio jornal (complexo de


mensagens concorrentes, onde a foto é o centro, e os contornos
são: o texto, título, legenda e paginação)

 Meio receptor: público final , o leitor do jornal

 Não é uma estrutura isolada: estrutura visual que


comunica-se com a lingüística (título, legenda, artigo)
O PARADOXO FOTOGRÁFICO
 Rompe com a ideia do senso comum de que a
fotografia é uma “mensagem sem código”, por ser
o retrato do real (perfeito analogon)
 Bathes afirma que a fotografia é uma mensagem
contínua, pois assim como as outras artes
(desenhos quadros, cinema, teatro) carrega além
do conteúdo analógico (cena, objeto, paisagem)
uma mensagem suplementar (que ele chama
de estilo de reprodução)
 “Em suma, todas estas “artes” imitativas
comportam duas mensagens: uma
mensagem denotada, que é o próprio
analogon, e uma mensagem conotada, que é
a maneira como a sociedade dá a ler , em
certa medida, o que ela pensa”.
O PARADOXO FOTOGRÁFICO: FOTO DE
IMPRENSA

 Barthes não caracteriza a fotografia de imprensa


como “artística” (mas como algo que deveria ser
“objetivo”)
 Sua teoria propõe que a mensagem fotográfica é
também uma mensagem conotada (objeto
construído e ligado ao público que o consome por
meio de signos/códigos)

 “O paradoxo fotográfico seria então a


coexistência de duas mensagens: uma sem
código (seria o análogo fotográfico) e outra
com código (seria a “arte” ou o “tratamento”
ou a “escritura” ou a “retórica” da
fotografia)”.
OS PROCESSOS DE CONOTAÇÃO
 A conotação (imposição de sentido) se dá por meio
da escolha, tratamento técnico, enquadramento e
paginação.

 Processos: trucagem, pôse e objetos – conotação


produzida por uma modificação do próprio real
(mensagem denotada)

 Processos: fotogenia, estetismo e sintaxe –


conotação produzida por meio do enaltecimento
ou enriquecimento do real
OS PROCESSOS DE CONOTAÇÃO - TRUCAGEM
 Alteração feita artificialmente da imagem
original
 Funciona por meio de reservas de signos
culturais

 Características:
 A trucagem passa “despercebida”, como se fosse a
imagem fosse verdadeira
 É o processo que melhor toma “a máscara ‘objetiva’ da
denotação”
EXEMPLO: TRUCAGEM
OS PROCESSOS DE CONOTAÇÃO - POSE
 Trata-se de uma pose mesmo do sujeito, que
prepara a leitura dos significados de conotação
 Funciona por meio de uma reserva de atitudes
estereotipadas (ex. olhar para o céu, mãos dadas,
etc.)

 Características:
 Tira o seu efeito do princípio analógico
 O leitor percebe uma simples denotação, quando de
fato a estrutura é dupla: denotada/conotada
EXEMPLO: POSE
OS PROCESSOS DE CONOTAÇÃO - OBJETOS
 Consiste na disposição artificial de objetos em
uma cena ou na escolha por uma fotografia que
privilegie um objeto em detrimento de outros ou
dos personagens.
 Objetos funcionam como símbolos, indutores de
associações de idéias

 Características:
 A conotação é captada como imediata e espontânea
 O objeto às vezes não possui força, mas um sentido
EXEMPLO: OBJETOS
OS PROCESSOS DE CONOTAÇÃO
 Fotogenia:
 A mensagem conotada reside na própria imagem
“embelezada” por técnicas de iluminação, impressão,
modificações digitais, etc.

 Estetismo:
 Ocorre quando a “fotografia se faz pintura”. A intenção é
transformar a fotografia em arte e impor um significado
mais sutil e complexo do que os outros processos.

 Sintaxe:
 Consiste em uma leitura discursiva de objetos e signos no
interior de uma mesma fotografia, um encadeamento de
significados sobre um mesmo assunto. Comumente
encontrado em revistas ilustradas.
O TEXTO E A IMAGEM
 “Uma imagem vale mais que mil palavras”
 A imagem já não ilustra a palavra, mas o
contrário, é a palavra que complementa a
imagem.

 Barthes enfatiza que o texto se constituiu em


uma mensagem parasita – destinada a insuflar a
imagem, atribuindo-lhe um ou dois significados
segundos.

 A função do texto passou a ser enfatizar,


amplificar o conjunto de conotações já incluídas
na fotografia e criar novos significados,
projetando-os na imagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Barthes afirma que todo o código de conotação é
cultural, sendo “verbalizada no momento de sua
percepção.

 “Graças ao seu código de conotação, a


leitura da fotografia é portanto sempre
histórica; ela depende do “saber” do leitor
exatamente como se se tratasse de uma
língua verdadeira, inteligível somente se
aprendermos seus signos”.

 Barthes enaltece que não existe fotografia de


imprensa sem conotação.

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