Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
O Autismo
No final dos anos 60 surge o conceito de Transtornos Globais de
Desenvolvimento (TGD) que não só diz respeito somente ao autismo, como também aos
transtornos que têm em comum as funções do desenvolvimento afetadas
qualitativamente como: Síndrome de Rett, Transtorno ou Síndrome de Asperger,
Transtorno Desintegrativo da Infância e Transtorno Global do Desenvolvimento sem
outra especificação. Como o nosso foco é o autismo, é preciso salientar o conceito de
TGD, importante pois traduziu a compreensão do autismo como um transtorno do
desenvolvimento e não mais como transtorno emocional, como antes era visto. Assim,
deixando de ser entendido como uma psicose infantil para ser entendido como um
Transtorno Global (ou Invasivo) do Desenvolvimento.
“O termo autismo vem do grego autos que significa em si mesmo. Faz referência
a um sujeito retraído que evita qualquer contato com o mundo exterior e que pode
chegar inclusive ao mutismo” (ROUDINESCO; PLON, 1998, p. 57). É caracterizado
pela presença de um desenvolvimento acentuadamente prejudicado no que diz respeito a
interação social e comunicação. Também é marcado pela presença de um repertório
restrito de atividades e interesses. As manifestações desse transtorno dependem do nível
de desenvolvimento e idade, portanto são variáveis. Há prejuízos na comunicação que
podem afetar as habilidades verbais e não verbais, como atraso ou falta de
desenvolvimento da linguagem falada. Com frequência também observamos um intenso
interesse por rotinas ou rituais, além de movimentos corporais estereotipados como
bater palmas, estalar os dedos, caminhar na ponta dos pés, e outras anormalidades de
postura.
Todas essas questões contribuem para que os prejuízos sociais sejam muitos. Os
reguladores socias como comportamentos não verbais (contato visual, expressão facial,
gestos corporais) faz com que pessoas autistas não tenham muitos interlocutores
interessados em uma conversa ou atividade. Além disso, o autista pode também
simplesmente ignorar as outras pessoas de seu convívio social ou não e não
compreender as necessidades delas. Percebendo essas questões, vemos como são
importantes iniciativas (tecnológicas, por exemplo) no auxílio de socialização de
autistas quanto no contexto educacional, como no mais amplo.
Há também o conceito de Espectro Autista, advindo dos estudos de Wing e Gould
em 1979.
Ao estudarem a incidência de dificuldades na reciprocidade social,
perceberam que as crianças afetadas por essas dificuldades também
apresentavam os sintomas principais do autismo. A incidência foi
praticamente cinco vezes maior do que a incidência nuclear do
autismo. Portanto, são crianças afetadas por dificuldades na
reciprocidade social, na comunicação e por um padrão restrito de
conduta, sem que sejam autistas, propriamente ditas, o que permitiu
atenção e ajuda a um número maior de crianças.
O Espectro Autista é um contínuo, não uma categoria única, e
apresenta-se em diferentes graus. Há, nesse contínuo, os Transtornos
Globais do Desenvolvimento e outros que não podem ser
considerados como Autismo, ou outro TGD, mas que apresentam
características nos desenvolvimentos correspondentes a traços
presentes no autismo. São as crianças com Espectro Autista. (FILHO,
B. e FERREIRA, J, 2010, p. 17)
Estes são exemplos para vermos que a ciência não para de descobrir novas
questões sobre o autismo, e, com certeza, ainda há muito a ser descoberto. As demais,
os exemplos citados acima permite com que a sociedade perceba que autistas não
devem ser menosprezados ou tratados como parte de uma parcela “menos inteligente”
ou “coitadinhos” da sociedade, muito pelo contrário. Os autistas são, de fato,
constituintes da sociedade, ocupam espaços e papéis, exercendo atividades laborais
também no Vale do Silício, portanto, não há porque não pensar em tecnologias
específicas e melhoramentos educacionais para este público tão vitima da ignorância da
sociedade.
A Tecnologia
De acordo com pesquisas, softwares (como jogos eletrônicos, players de músicas,
etc.) e hardware (como celulares, smartphones, tabletes, etc.) são ferramentas comuns
no dia a dia da chamada geração digital das quais crianças e jovens autistas também
fazem parte, portanto, um instrumento de acesso, que além de ser rapidamente
assimilado pelas pessoas neurotípicas, pode auxiliar a comunicação de pessoas com
autismo visto que elas, também, são consideradas nativas digitais. Dessa forma, a
abordagem de crianças com autismo com intermédio de um dispositivo digital é um
importante elemento para iniciativa comunicativa.
É nesse contexto que as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) passam
a ter importância fundamental na educação, aprendizagem e treinamento de habilidades
no processo reabilitador, se apresentada como Tecnologia de apoio. Dessa forma, pode
contribuir, de forma significativa, para uma melhor qualidade comunicativa das pessoas
com necessidades educacionais especiais e, no caso, as crianças autistas.
Como forma de auxiliar no desenvolvimento da capacidade de comunicação, interação
social e cognitiva do indivíduo autista, bem como de indivíduos com diversas outras
necessidades especiais, surgiu a Tecnologia Assistiva que tem o papel de trazer o
mundo, o que é papel da tecnologia, só que de forma acessível para todos os públicos,
seja ele surdo, mudo, cego, autista etc. A tecnologia não é mais uma área específica. Ao
permear por todos os universos, se faz necessário aprender a usar as ferramentas digitais
à disposição – e, por isso, é fundamental que não seja excludente. Pelo contrário.
A tecnologia assistiva coloca o deficiente em pé de igualdade, aumentando suas
oportunidades também no mercado de trabalho. Essa tecnologia muda para melhor a
vida de muitas pessoas.
Analisando este conceito de forma a entender minuciosamente seu significado,
vê-se que o mesmo pode ser dividido em duas partes: uma delas está mais relacionada à
primeira palavra do termo, Tecnologia, enquanto a outra se relaciona à segunda,
Assistiva.
Nesta linha de raciocínio, faz parte do conjunto da primeira palavra do termo,
Tecnologia, os vários produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços
que podem ser criados ou aperfeiçoados, e que possuem um objetivo definido, suprindo
alguma necessidade. Todo este conceito pode ser resumido em duas palavras principais:
recursos e serviços. Isso, porque, para que um recurso seja desenvolvido, ou para que
um serviço seja prestado, é necessário que haja produtos disponíveis, metodologias
apropriadas, estratégias claras e específicas e práticas adequadas. Assim, recursos e
serviços só existirão e funcionar, se todo este conjunto de palavras se fizer real na
preparação dos mesmos.
No que diz respeito aos usuários, a Tecnologia Assistiva vem para somar, na
medida em que suscita a utilização de todo o tipo de Tecnologia na implementação de
dispositivos que facilitem o acesso e desenvolvimento de pessoas com necessidades
especiais. Com olhar voltado às pessoas com autismo, é possível percebermos que,
mesmo já existindo ferramentas de apoio, ainda há muito o que se produzir para que seu
desenvolvimento comunicativo seja facilitado.
O governo Britânico através do site da BECTA (2007) declara, acerca do impacto
das TICs nas escolas, que é avassaladora a mensagem passada por estudantes e
professores de que a introdução das TICs na sala de aula produziu desenvolvimentos
positivos, motivando alunos e professores de igual modo e modificando as experiências
de ambos. Ainda declaram pelo site, em 2008, que estas constatações, quando
associadas à flexibilidade permitida e à maior possibilidade de escolhas e de redução de
esforço, permitem-nos atestar facilmente que quando se utilizam as TIC verifica-se para
além de um incremento da motivação, um maior envolvimento na aprendizagem e
consequente satisfação que se repercutem na aceleração da aprendizagem, bem como
num progresso mais evidente.
Com os esforços da Tecnologia ser cada vez mais inclusiva, assim como as
escolas e as políticas públicas, pessoas com todos os tipos de dificuldades poderão ter
acesso à educação de qualidade. O cenário da educação atual se mostra otimista quanto
a isso. O mundo está finalmente reconhecendo o autista também como um cidadão.
CONCLUSÃO
Como autistas podem ter dificuldades de comunicação em graus variados que
podem chegar ao severo ponto de alguns não conseguirem desenvolver habilidades de
comunicação, é preciso pensar em estratégias educacionais que os contemplem.
Levando em considerações tais necessidades, são estudadas diversas formas de
estimular a comunicação, com isso torna-se necessário ter equipes multidisciplinares
(tecnologia, educação e psicologia) com o intuito de transformar os paradigmas para
uma nova relação entre ensino e aprendizagem.
O ser humano é um inventor de símbolos que transmite ideias complexas sob
novas formas de linguagem. Sendo assim o estímulo a projetos de adaptação de
equipamentos e programas de informática é de grande importância neste processo.
Nesse sentido temos as Tecnologias da Informação e Comunicação, mais
especificamente a Tecnologia Assistiva como recurso ou ferramenta utilizado com a
finalidade de proporcionar uma maior independência e autonomia à pessoa com
necessidades especiais.
O computador enquanto interface e os aplicativos, assim como os jogos virtuais
proporcionam um contexto repleto de mediações e significados, que dão sentido às
imagens-sons narrativas à medida que elas são imbricadas com suas práticas cotidianas.
Verifica-se que muitas das pessoas com necessidades educativas especiais podem
utilizar estes dispositivos sendo notório os interesses pelos mesmos, já que se
enquadram no grupo dos chamados “nativos digitais”.
É de extrema importância o ingresso das Tecnologias da Informação e
Comunicação e inovações na sala de aula. Não apenas utilizando os equipamentos, mas
também associando-os aos objetivos da saúde e da educação especial, assim, as
tecnologias assistivas, em intervenções pedagógicas proporcionar melhor qualidade de
vida em diversos contextos das pessoas Transtornos de Desenvolvimento.
O uso e a prática das tecnologias em contextos educativos são instrumentos
valiosos, tanto a nível formativo como educacional. Em adição, contribuem para centrar
o aluno em seu próprio processo de ensino-aprendizagem, desenvolvendo autonomia,
motivação, espírito crítico e a criatividade, e possibilitando uma fácil adequação aos
seus interesses e ritmos de aprendizagem, além de integrá-lo à sociedade.
REFERÊNCIAS:
ALVES, C. L; MESQUIRA, E; MACEDO, M. A atuação do psicólogo diante do uso
das novas tecnologias em educação no processo de ensino-aprendizagem de
crianças com deficiência intelectual do ensino fundamental. 2012. Disponivel em:
<http://micaellapsi.blogspot.com.br/>. acesso em 31 de janeiro de 2019.