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Acelomados II: classificação, características
e importância dos Platyhelminthes
OBJETIVOS Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: Pré-requisitos
• Conhecer os aspectos gerais da classificação do Aulas 1 a 6, especialmente
filo Platyhelminthes. a última.
• Conhecer as características básicas das classes
Disciplina Introdução à
Turbellaria, Monogenea e Cestoda.
Zoologia.
• Conhecer as principais espécies de platelmintes
que possuem importância médica. Noções básicas sobre
Citologia e Histologia.
INTRODUÇÃO Na última aula, você estudou as características gerais da arquitetura corporal no filo
Platyhelminthes. Nesta aula, você aprenderá os aspectos específicos da morfologia
e biologia das quatro classes que formam esse filo (Turbellaria, Monogenea,
Trematoda e Cestoda). Como você já sabe, o filo Platyhelminthes inclui tanto
formas de vida livre quanto parasitas. As primeiras são encontradas apenas na
classe Turbellaria. Os membros das classes Monogenea, Trematoda e Cestoda são
parasitas. Aspectos da biologia das principais espécies que possuem importância
médica também serão aqui abordados.
Classe Turbellaria
a cérebro
nervo
cérebro
ocelo ventrolateral farínge boca tino
rínge
c b
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assexuada, por meio da fissão do corpo, é possível. Essa classe é, provavelmente,
Na Sistemática Filoge-
um GRUPO PARAFILÉTICO, tendo originado as demais classes de Platyhelminthes. nética, os únicos táxons
considerados válidos são
Exemplos de gêneros incluídos: Dugesia, Microstomum e Planocera.
os monofiléticos. Estes
Como você já sabe, as planárias são, em sua maioria, predadoras, incluem, hipoteticamente,
todos os táxons descendentes
alimentando-se de pequenos invertebrados, tais como insetos, crustáceos, de uma espécie ancestral.
nematódeos e rotíferos. Elas vivem, geralmente, no fundo de ambientes Os grupos parafiléticos
não são válidos. Nestes,
marinhos ou de água doce ou em locais úmidos de ambientes terrestres. Muitas, um táxon monofilético,
descendente de uma espécie
principalmente no caso das espécies cujos indivíduos são grandes, são encontradas
ancestral, é excluído. No
sob pedras ou outros objetos duros em riachos de água doce ou na zona litoral caso dos Platyhelminthes,
por exemplo, nós vimos que
dos oceanos. Umas poucas planárias são parasitas ou simbióticas. membros dos Turbellaria
podem ter originado as
demais classes (Monogenea,
Classe Monogenea poro
ventosa
oral faringe Trematoda e Cestoda),
genital que formam o grupo
(Do grego, mono o = único + genee = origem.) ícula monofilético Neodermata.
minal Para que um grupo contendo
O corpo desses vermes (Figura 7.2) é,
todos os Turbellaria seja
geralmente, foliáceo ou cilíndrico. Nos adultos, o monofilético, é necessário
tero que os Neodermata também
a superfície corporal apresenta um tegumento cto estejam incluídos. Portanto,
permático o grupo dos Turbellaria,
sincicial sem cílios. Um órgão para fixação no animal
gina como aqui apresentado,
hospedeiro, chamado opistáptor, está presente na seria parafilético. Se essa
anal
hipótese for confirmada,
parte posterior do corpo. Esse órgão pode possuir telovaginal
canal modificações na classificação
ventosas, ganchos ou grampos, os quais podem gênito- dos Platyhelminthes serão
iintestinal necessárias, de maneira que
ocorrer em combinação. Os monogêneos são oótipo todas as classes propostas
monóicos. Usualmente, apresentam uma larva t
testículo sejam monofiléticas. Esse
intestino problema será abordado
ciliada, nadadora, de vida livre. Todos são parasitas na aula 8, que inclui
telário
uma discussão sobre as
na fase adulta, ocorrendo, freqüentemente, sobre
ganchos osa relações entre as classes de
a pele ou brânquias de peixes marinhos e de água Platyhelminthes.
âncora opistáptor
doce. Anfíbios, répteis e moluscos cefalópodes
Figura 7.2: Classe Monogenea.
também podem ser hospedeiros. Exemplos de boca Uma espécie parasita da
ventosa oral
gêneros incluídos: Dactylogyrus, Polystoma e bexiga urinária de tartarugas.
rebro Diversas estruturas do corpo
Gyrodactylus. testino estão assinaladas.
oro genital
faringe
Classe Trematoda esôfag
vesícula seminal
útero
(Do grego, trematodes = com orifícios + glândulas vitelinas
oótipo
eidos = forma.) ovário
vaso excretor lateral
Como no caso dos monogêneos, o corpo dos ducto das glândulas vitelinas
trematódeos (Figura 7.3) é foliáceo ou cilíndrico e um receptáculo seminal
ductos eferentes
tegumento sincicial sem cílioss está presente. testículos
Figura 7.3: Classe Trematoda.
bexiga Trematódeo chinês do fígado.
cana excretora Diversas estruturas do corpo
Lure oro excretor estão assinaladas.
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Os vermes desta espécie (Figura 7.4)
vivem primariamente nas vênulas associadas ao
intestino dos seres humanos, causando a doença
chamada esquistossomose (esquistossomíase ou
bilharziose). Esses vermes são comuns em partes
da África, no Brasil, no norte da América do Sul e Figura 7.4: Aspectos do
nas Antilhas. Caramujos do gênero Biomphalaria macho e da fêmea de
são os principais hospedeiros intermediários Schistosoma mansoni. O
(vetores) do S. mansoni. O controle das macho é mais longo e
populações desses caramujos, que vivem na água robusto que a fêmea. Ele
doce, é um dos meios utilizados para o combate possui um sulco na parte
à esquistossomose. ventral do corpo, o canal
ginecofórico. A fêmea,
que é mais delgada e
O ciclo de vida do S. mansoni (Figura longa, fica abrigada no
canal ginecofórico.
7.5) é similar ao das demais espécies do gênero
Schistosoma. No caso do S. mansoni, os ovos são liberados juntamente
com as fezes humanas. Caso os ovos cheguem a um corpo d’água, como
um lago ou um brejo, ocorre a emergência de miracídios ciliados, os
quais, para sobreviver, têm de encontrar, em poucas horas, caramujos do
gênero Biomphalaria (vetores). Os miracídios penetram no caramujo e
se transformam em esporocistos. Estes produzem uma nova geração de
esporocistos, os quais, por sua vez, originam as cercárias. Estas saem do
caramujo e nadam ativamente até entrar em contato com a pele humana.
Elas penetram na pele, perdendo a cauda durante o processo, e chegam a
um vaso sangüíneo, invadindo então o sistema circulatório. As cercárias
se transformam então nos esquistossomos. Os jovens esquistossomos
chegam ao sistema porta-hepático de vasos sangüíneos, e passam por
um período de desenvolvimento no fígado antes de chegar às vênulas
do intestino.
Ovo
Infecção
embrionado
através da
pele
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S. japonicum (leste da Ásia) e S. haematobium (África). A primeira é
encontrada, principalmente, nas vênulas associadas ao intestino. A
segunda ocorre nas vênulas da bexiga urinária. Em todo o mundo,
aproximadamente 200 milhões de pessoas estão infectadas por uma ou
mais espécies do gênero Schistosoma.
Classe Cestoda
(Do grego, kestos = cinta + eidos = forma.)
O corpo dos animais dessa classe (Figura 7.6) tem o aspecto de uma
fita. Assim como no caso dos monogêneos e trematódeos, um tegumento
sincicial sem cílios está presente. O escólex (ou escólece) é o órgão de
fixação dos cestódeos ao corpo do animal hospedeiro. Este órgão possui
ventosas ou ganchos e, algumas vezes, ambos. A área corporal posterior
ao escólex é, geralmente, dividida em uma série de proglótides. Um tubo
digestivo não está presente. Os cestódeos se aproveitam dos processos
de digestão do hospedeiro para obter o seu alimento. Esses vermes são,
usualmente, monóicos e o seu desenvolvimento é indireto, envolvendo
dois ou mais hospedeiros. Diferentes tipos larvares estão presentes (por
exemplo, oncosfera, cisticerco e cisto). Exemplos de gêneros incluídos:
Diphyllobothrium, Dipylidium, Echinococcus, Hymenolepis e Taenia.
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rostelo escólex
útero
ganch
ventosa dula vitelina
co
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Cisticer
com o e
invagin
olitária
O adulto desta espécie (Figura 7.7) vive no intestino dos seres humanos
(hospedeiros definitivos). As formas juvenis são encontradas, primariamente,
nos tecidos intermusculares dos animais bovinos (hospedeiros intermediários).
O verme adulto e maduro pode atingir mais de 10 metros de comprimento.
O seu escólex possui quatro ventosas para fixação na parede intestinal do
hospedeiro definitivo, mas ganchos não estão presentes. Um curto pescoço
conecta o escólex a uma longa série de proglótides, a qual pode conter até 2.000
unidades. Proglótides grávidas apresentam ovos embrionadoss (larvas envolvidas
por uma cápsula). Elas se destacam do corpo da tênia e são liberadas com as
fezes do hospedeiro, ou podem se arrastar para fora do tubo digestivo.
Ao ser depositada no ambiente (Figura 7.7), uma proglótide seca e se
rompe, espalhando os ovos embrionados no solo e na vegetação rasteira. Tais
ovos são resistentes, podendo permanecer viáveis por aproximadamente cinco
meses. Quando os bovinos, ao se alimentarem no pasto, ingerem os ovos, ocorre
a eclosão de larvas, denominadas oncosferas. Estas utilizam os seus ganchos
para perfurar a parede intestinal do hospedeiro intermediário e penetrar nos
vasos sangüíneos ou linfáticos. Por meio desses vasos, as oncosferas chegam
aos músculos voluntários, onde se transformam em formas juvenis, chamadas
cisticercos. Estes juvenis desenvolvem um escólex invaginado (isto é, que fica
projetado para o interior do corpo) e permanecem quiescentes (inativos).
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AULA
Nesta aula, você estudou características morfológicas e biológicas das quatro classes
do filo Platyhelminthes (Turbellaria, Monogenea, Trematoda e Cestoda). Esse filo
inclui tanto formas de vida livre quanto parasitas. As primeiras são encontradas
apenas na classe Turbellaria. Os membros das classes Monogenea, Trematoda e
Cestoda são todos parasitas. Aspectos do ciclo de vida, biologia e morfologia das
principais espécies que possuem importância médica foram abordados, incluindo
informações detalhadas sobre o trematódeo do sangue Schistosoma mansoni,
causador da esquistossomose, e sobre o cestódeo Taenia saginata (solitária),
causador da teníase.
EXERCÍCIOS
4. Quais são as principais diferenças entre a teníase e a cisticercose? Por que a segunda
infecção é considerada muito mais grave que a primeira?
5. Nesta aula, você aprendeu que a maneira mais eficaz para se controlar verminoses como
a esquistossomose e a teníase é a instalação de sistemas que permitam a eliminação segura
dos dejetos sanitários. Quais etapas do ciclo de vida dos vermes Schistosoma mansonii e
Taenia saginata seriam afetadas pela instalação, em uma comunidade carente, de vasos
sanitários e de um sistema de esgotos?
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AUTO-AVALIAÇÃO
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