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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CAMPUS ANGICOS/ RIO GRANDE DO NORTE


CURSOS: BCT/BSI

ATIVIDADES III UNIDADE


ANÁLISE E EXPRESSÃO TEXTUAL
PROFA. DRA MARIA DAS NEVES PEREIRA
2018.1

Profa. Neves Pereira


nevespereia@ufersa.edu.br
nevesj7@hotmail.com
I PARTE - Resumo Escolar/Acadêmico

Para iniciar o estudo...


O objetivo maior desse material é ajudá-lo a produzir resumos escolares/acadêmicos que
possam ser considerados bons pelos seus professores. Para isso vamos iniciar discutindo
algumas ideias que você tem sobre esse tipo de resumo.

1. Leia os resumos a seguir. Mesmo sem ainda ter lido o texto mencionado, assinale o resumo
que acredita ser o melhor resumo escolar/acadêmico.

( ) RESUMO (1)

No livro, Perigosas Pedaladas, o jornalista João Villaverde explica o que foram as “pedaladas fiscais”, como
foram as disputas dentro do governo Dilma Rousseff para encerrar a crise, como essas operações foram
investigadas e como, finalmente, a presidente foi destituída. Ele, também, explica o que são as famosas
pedaladas fiscais e revela novos documentos e bastidores do poder em Brasília que ainda não tinham vindo a
público. O autor do livro alerta para o que poderia ser uma política econômica para o futuro. Em todos os
momentos de grave crise, diversas reformas – sociais, políticas e até culturais – surgiram. Foi assim logo após a
Revolução de 1930, após o golpe militar de 1964, mais tarde durante a “década perdida” dos anos 1980 e
também após a quase falência dos bancos públicos e do próprio governo no fim dos anos 1990.
O escritor questiona sobre o Brasil do pós-Dilma, diante de uma nova rodada de transformações. O que sairá
da implosão do acordo político e econômico do pós-Constituição de 1988? Ao dissecar as pedaladas fiscais e o
papel de diferentes segmentos do governo federal (os economistas, os investigadores e os advogados), qual
será nosso futuro depois desta enorme e dramática crise? O autor, finalmente, considera que Dilma e o
Partido dos Trabalhadores pagaram o preço maior por um erro grave cometido por autoridades que
comandavam duas áreas sensíveis e históricas: o Tesouro Nacional e o Ministério da Fazenda.

( ) RESUMO (2)

Ele explica o que são as famosas pedaladas fiscais e revela novos documentos e bastidores do poder em Brasília
que ainda não tinham vindo a público. O final da história todos conhecem: a presidente Dilma, reeleita em 2014,
sofreu impeachment dois anos depois. Mas como essa história realmente começou? Como a equipe econômica
efetivamente manipulou as contas públicas e como outras áreas do governo reagiram a isso enquanto tudo ainda
era segredo? Como se desenrolou a investigação das contas públicas? Esses e outros pontos são explicados
numa narrativa jornalística e cronológica. De forma clara e concisa, o autor discorre sobre a proporção que a
crise fiscal tomou e o que isso causou na democracia brasileira. Entre esses processos, desvenda disputas
internas do governo de Dilma Rousseff, com intuito de acabar com a crise. Foram investigadas as famosas
operações, durante o primeiro mandato de Dilma, incluindo encontros secretos, sem qualquer registro oficial,

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entre ministros do governo, antes, ainda, de o assunto ser capturado pelo mundo político e ser transformado no
cabo de manobra do impeachment. Dilma e o Partido dos Trabalhadores pagaram o preço maior por um erro
grave cometido por autoridades que comandavam duas áreas sensíveis e históricas: o Tesouro Nacional e o
Ministério da Fazenda. Autoridades poderosas e que gozavam da confiança da presidente.

( ) RESUMO (3)
No livro, Perigosas Pedaladas, João Villaverde revela como foram investigadas as famosas operações durante o
primeiro mandato de Dilma, incluindo encontros secretos, sem qualquer registro oficial, entre ministros do
governo, antes, ainda, de o assunto ser capturado pelo mundo político e ser transformado no cabo de manobra do
impeachment. Dilma e o Partido dos Trabalhadores pagaram o preço maior por um erro grave cometido por
autoridades que comandavam duas áreas sensíveis e históricas: o Tesouro Nacional e o Ministério da Fazenda.
Autoridades poderosas e que gozavam da confiança da presidente.

2. Assinale as alternativas que justifiquem a escolha do melhor resumo dentre os que foram
dados.

a. ( ) Correção gramatical e léxico adequado à situação escolar/acadêmica.

b. ( ) Seleção das informações consideradas importantes pelo leitor e autor do resumo.

c. ( ) Seleção das informações colocadas como as mais importantes no texto original.

d. ( ) Indicação de dados sobre o texto resumido, no mínimo autor e título.

e. ( ) O resumo permite que o professor avalie a compreensão do texto lido, incluindo a


compreensão global, o desenvolvimento das ideias do texto e a articulação entre elas.

f. ( ) Apresentação das ideias principais do texto e de suas relações.

g. ( ) Comentários pessoais misturados às ideias do texto.

h. ( ) Menção ao autor do texto original em diferentes em diferentes partes do resumo e de


formas diferentes.

i. ( ) Menção de diferentes ações do autor do texto original (o autor questiona, debate,


explica, ...).

j. ( ) Texto compreensível por si mesmo.

k. ( ) Cópia de trechos do texto original sem guardar as relações estabelecidas pelo autor ou
com relações diferente.

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II PARTE - O gênero resumo escolar/ acadêmico e
outros gêneros

Inúmeros tipos de textos, que aparecem em diferentes situações de comunicação, apresentam


informações selecionadas e resumidas de um e outro texto. Nesta s, observaremos alguns
desses textos e algumas de suas características que os distinguem de um resumo escolar/
acadêmico.

1. Observe a diagramação de textos que seguem e o veículo em que foram divulgados e tente
identificar a que gênero pertencem. Se tiver dúvida, leia os textos e observe expressões que
indicam opinião/ avaliação do autor.

( ) Resumos de filme.
( ) Resumo (introdutório a artigo científico) ou abstract.
( ) Resumo de livro.
( ) Crítica de filme.
( ) Resenha crítica de livro.
( ) Quarta capa (ou contracapa) de livro.

TEXTO (E1)

Real e Fantástico
Em a Festa do Bode (mandarim). Mário Vagas Llosa descreve um período nebuloso na política da república
Dominicana. Durante 30 anos (1930-1961), a população daquele país vivei sob a tirania do ditador Trujillo
Molina. Os demandos do general e a queda do regime depois do seu assassinato servem para o escritor peruano
construir cenários e personagens fantásticos sem deixar de lado a precisão histórica. Quem conduz a história é
Urania Cabral que volta para são Domingo de Guzman, capital dominicana, depois de 30 anos de ausência para
reencontrar o pai – um ex-senador de Trujillo. De repente ela está de volta ao passado (Manuela Aquino).
História, julho de 2003.

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TEXTO (1)

O LÉXICO DOS UNIVERSITÁRIOS UFERSIANOS DE ANGICOS/RN: RELAÇÕES ENTRE IDENTIDADE,


LINGUAGEM E CULTURA

Maria das Neves Pereira/UFERSA-CAMPUS ANGICOS;GEL-UFERSA


nevespereira@ufersa.edu.br;nevesj7@hotmail.com

RESUMO - Para a identificação cultural e linguística, há regras de práticas e usos linguísticos que identificam os membros
de uma comunidade ou de uma região e que marcam o seu cotidiano. Uma das funções da cultura é a possibilidade de
adaptar o indivíduo à sociedade, já que é pelo aspecto cultural que a comunicação se estabelece, e a linguagem identifica a
personalidade humana. Não apenas pela linguagem, mas também por seu comportamento, os indivíduos assumem
determinada identidade, construída a partir da cultura. Esta, por sua vez, é construída através de manifestações linguísticas.
Dessa perspectiva, a presente comunicação tem como objetivo proceder a uma análise das relações existentes entre
identidade, linguagem e cultura pelo estudo do léxico dos universitários da UFERSA/Angicos relativo à alimentação (à
culinária), ao lazer (aos divertimentos) e às atividades acadêmicas como marca diatópica nessa comunidade. É um estudo
que dá continuidade às investigações sobre os diversos falares de Angicos, cidade da região Central Potiguar, onde residem
estudantes imigrantes de várias regiões do Brasil e do Rio Grande do Norte, realizado pelo Grupo de Pesquisa Estudos da
Linguagem - GEL/UFERSA (Universidade Federal Rural do Semiárido) e pela equipe do Projeto Atlas Linguístico do Rio
Grande do Norte/ALiRN. As publicações sobre léxico (Isquerdo, 2010) e práticas linguísticas nos Documentos II e III - Atlas
Linguístico do Brasil (ALiB), (2006) e (2012), reunindo dados cartografados em atlas linguísticos regionais publicados ou em
construção no Brasil, e o Atlas Linguístico do Brasil (2015), apresentando amostras de descrição do português brasileiro e
marcas de distribuição geográfica de fenômeno linguístico e um panorama geral de como falam os brasileiros, nortearam
teoricamente as análises e discussões deste estudo para a obtenção de resultados, em que se pôde observar o léxico como
identificação cultural e linguística regional nessa nova comunidade de fala, a cidade de Angicos.

Palavras-chave: linguagem; distribuição geográfica; léxico; variação geo-sociolinguística.


APOIO: PRO-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO/UFERSA – PROPPG CÓDIGO:PI0912F3

TEXTO (2)

A coleção “Leitura e produção de textos técnicos e acadêmicos” compõe um curso: volume após volume, o
leitor terá cursado um programa de leitura e produção de textos fundamental para o seu bom desempenho na
escola, na universidade ou mesmo na empresa. Os livros são didáticos, em seus propósitos, na metodologia de
ensino aprendizagem com que trabalham, nos conteúdos que abordam, nas recomendações ao professor que os
utilizar.
Esta coleção tem como objetivo suprir a falta de material didático para a produção dos gêneros textuais
utilizados na escola e no meio universitário. Ela se inicia com o material referente à produção do resumo
acadêmico/ escolar e encerra com o material referente à produção de artigo científico. (EGON RANGEL,
RESUMO.E, Parábola, 2008).

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TEXTO (3)

FOME DE PODER – Filme Lançado em 2016.


A história da ascensão do McDonald's. Após receber uma demanda
sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora
do normal, o vendedor de Illinois Ray Kroc adquire uma
participação nos negócios da lanchonete dos irmãos Richard e
Maurice Mac McDonald no sul da Califórnia e, pouco a pouco
eliminando os dois da rede, transforma a marca em um gigantesco
império alimentício.
(Fome de Poder. Biografia do "fundador" do McDonalds, que
expandiu o negócio local de dois irmãos até criar seu próprio
império)

TEXTO (4)

Nasce uma Estrela

11 de outubro de 2018 / Drama, Musical


Direção: Bradley Cooper
Elenco: Lady Gaga, Bradley Cooper, Andrew Dice Clay

A jovem cantora Ally (Lady Gaga) ascende ao estrelato ao


mesmo tempo em que seu parceiro Jackson Maine (Bradley
Cooper), um renomado artista de longa carreira, cai no
esquecimento devido aos problemas com o álcool. Os
momentos opostos nas carreiras acabam por minar o
relacionamento amoroso dos dois. .Classificação indicativa a
definir por http://www.culturadigital.br/classind

TEXTO (5)

No livro, Perigosas Pedaladas, o jornalista João Villaverde explica o que foram as “pedaladas fiscais”, como foram as
disputas dentro do governo Dilma Rousseff para encerrar a crise, como essas operações foram investigadas e como,
finalmente, a presidente foi destituída. Ele, também, explica o que são as famosas pedaladas fiscais e revela novos
documentos e bastidores do poder em Brasília que ainda não tinham vindo a público. O livro alerta para o que poderia ser
uma política econômica para o futuro. Em todos os momentos de grave crise, diversas reformas – sociais, políticas e até
culturais – surgiram. Foi assim logo após a Revolução de 1930, após o golpe militar de 1964, mais tarde durante a “década
perdida” dos anos 1980 e também após a quase falência dos bancos públicos e do próprio governo no fim dos anos 1990.
O escritor questiona sobre o Brasil do pós-Dilma, diante de uma nova rodada de transformações. O que sairá da implosão
do acordo político e econômico do pós-Constituição de 1988? Ao dissecar as pedaladas fiscais e o papel de diferentes
segmentos do governo federal (os economistas, os investigadores e os advogados), qual será nosso futuro depois desta
enorme e dramática crise? O autor, finalmente, revela que Dilma e o Partido dos Trabalhadores pagaram o preço maior

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por um erro grave cometido por autoridades que comandavam duas áreas sensíveis e históricas: o Tesouro Nacional e o
Ministério da Fazenda (Perigosas Pedaladas. Capa_Perigosas_Pedaladas_00.indd ·COMPRAR. Coleção: História
Agora – Vol. 14. Autor: João Villaverde Gênero: Reportagem)

TEXTO (6)

A Dança dos Dagrões, de George R.R. Martin (Livro cinco das cônicas de
Gello) 864 páginas; Editora: LeYa.

Com o recente lançamento de A Dança dos Dragões, livro 5 das Crônicas


de Gelo e Fogo de George R.R. Martin, é chegada a hora de enfiarmos
uma estaca no coração de J. R. R. Tolkien e sua trilogia O Senhor dos
Anéis. Como seus predecessores, A Dança tem sua quota de dragões,
espadas e feiticeiras, porém isso não torna o Sr. Martin o Tolkien
americano, como muitos têm falado. A série, que ele iniciou com A
Guerra dos Tronos, em 1996, é como um imenso e panorâmico romance
do século XIX transformado numa fantasia multicor — algo mais relativo
a Balzac e Dickens que a Tolkien. O Sr. Martin escreve fantasia para
adultos de uma forma brusca, indecente e pé no chão que deve
caracterizar o filho de um carregador portuário de Nova Jersey. Seu
personagem principal é um rapaz que sabe simplesmente tudo sobre
cuidado e tratamento de dragões. Quem estiver assistindo seu trabalho
. na HBO, na série adaptada de A Guerra dos Tronos, com certeza sabe
disso.

2. Preencha a tabela, identificando as características da situação de produção dos textos 2, 3,


4, 5 e 6.

Texto Texto 1 Texto 2 Texto 3 Texto 4 Texto 5 Texto 6


E1
Autor M. Aquino

Função social Jornalista


do autor especializad
a em
literatura
Imagem que o Destinatário
autor tem de seu que não leu
destinatário. o livro
Locais e/ou Revista
veículos onde Historia de
possivelmente o 2003
texto circulará.
Momento Anterior a
possível da publicação
produção da obra
Objetivo do Dar
autor do texto informaçõ
es centrais
m´pinicas
sobre o
livro

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3. Qual a diferença entre o objetivo dos textos denominados de resumo dos demais?
_________________________________________________________________________.

4. Preencha o quadro, indicando algumas das características da situação de produção de um


resumo escolar/ acadêmico.

Autor do Aluno
resumo
Destinatário
Local onde o
texto
circulará
Objetivo do
autor do
resumo

Conclusão (1)
Podemos, então, concluir que, antes de ler, resumir ou produzir qualquer texto,
precisamos ter consciência de que:
(i) a antecipação do conteúdo do texto pode facilitar a leitura;
(ii) Todo texto é escrito tendo em vista um leitor potencial;
(iii) O texto é determinado pela época e local em que foi escrito.
(iv) Todo texto possui um autor que teve um objetivo para escrita daquele texto.
(v) O texto é produzido tendo em vista o veículo em que irá circular.

Menção ao autor do texto resumido


Um resumo é um texto sobre outro texto, de outro autor, e isso deve ficar sempre claro,
mencionando-se frequentemente o seu autor, para evitar que o leitor tome como sendo nossas
as ideias que, de fato, são do autor do texto resumido.

1. Releia o resumo (2) da parte 1. Transcreva do texto as diferentes maneiras usadas para se
referir ao autor.______________________________________________________________
_ _________________________________________________________________________.

2. A partir do que fez no exercício anterior, tire sua conclusão e complete os espaços.

Geralmente, iniciamos o resumo com o ____________________ do autor. Ao longo do


resumo, podemos nos referir ao autor utilizando __________________________________,
___________________________________ , ____________________________________.

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3. Complete as lacunas do texto seguinte, fazendo menção ao autor de diferentes formas.

A Dança dos Dragões, de George R.R. Martin (Livro cinco das Crônicas de Gello) 864 páginas; Editora:
LeYa.
Com o recente lançamento de A Dança dos Dragões, livro 5 das Crônicas de Gelo e Fogo de George R.R.
Martin, é chegada a hora de enfiarmos uma estaca no coração de J. R. R. Tolkien e sua trilogia O Senhor dos
Anéis. Como seus predecessores, A Dança tem sua quota de dragões, espadas e feiticeiras, porém isso não
torna ____________ o Tolkien americano, como muitos têm falado. A série, que ______ iniciou com A
Guerra dos Tronos, em 1996, é como um imenso e panorâmico romance do século XIX transformado numa
fantasia multicor — algo mais relativo a Balzac e Dickens que a Tolkien. _________ escreve fantasia para
adultos de uma forma brusca, indecente e pé no chão que deve caracterizar o filho de um carregador
portuário de Nova Jersey. Seu personagem principal é um rapaz que sabe simplesmente tudo sobre cuidado e
tratamento de dragões. Quem estiver assistindo seu trabalho na HBO, na série adaptada de A Guerra dos
Tronos, com certeza sabe disso.

4. Releia o resumo 2, da Parte I, e verifique de que forma o autor do resumo se refere ao


autor do texto original. Aponte os principais problemas que você pôde observar.

Conclusão (2)
A primeira etapa para se escrever um bom resumo é compreender o texto que será
resumido. Auxilia essa compreensão o conhecimento sobre o autor, sua posição
ideológica, seu posicionamento teórico, etc. Também é preciso detectar as ideias que o
autor coloca como sendo mais relevantes, buscando sobre tudo quando se trata de
gêneros argumentativos (como artigos de opinião (de jornal), ou artigos científicos).

Conclusão (3)
Sintetize suas conclusões para evitar os problemas discutidos.
É preciso retornar o que o autor diz, fazendo referência a ele de maneiras diferentes. É
necessário assegurar a coesão entre os parágrafos. Não podemos colocar nossa opinião
nem acrescentar elementos que nõ estejam no texto original.

9
III PARTE - Praticando o Gênero Acadêmico
Resenha

O plano global de uma resenha acadêmica (prototípica)

Nesta seção, analisaremos o plano global de uma resenha, começando por sua leitura
superficial e, passando, a seguir, a uma análise que leva à identificação de suas diferentes
partes.
1. A seguir, vem uma resenha, que você ainda não precisa ler integralmente. Passe os olhos
por ela, buscando informações que o auxiliem a completar o quadro abaixo.

Livro resenhado

Autor do livro
Período em que se constata o fracasso
Contextualização do livro escolar no contexto educacional do Brasil na
década de 80.

Tema do livro

Autor da resenha

Área em que se insere o resenhista

Veículo em que ela foi publicada

Livros citados nas referências bibliográficas

MODELO DE RESENHA

SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 15 ed. São Paulo, Ática, 1997.
Por Ana Geruza Fernandes Bezerra*

10
Magda Soares, professora da Universidade Federal de Minas Gerais, discute neste livro as três
teorias que justificam o fracasso escolar no Brasil que é notificado na década de 80: a teoria da
deficiência linguística, a teoria das diferenças linguísticas e a teoria do capital linguístico
escolarmente rentável.

A autora considera que a teoria da deficiência linguística e a teoria das diferenças linguísticas
atribuem à escola a função da adaptação do aluno à sociedade. Mostra que a diferença existente nas
duas teorias está na solução para o fracasso escolar: a primeira faz uma proposta educacional – a
educação compensatória – inaceitável dada a falsidade de seus pressupostos, enquanto que a segunda
propõe o bidialetalismo funcional.

Já a teoria do capital linguístico escolarmente rentável, segundo a professora, tem suas origens na
análise de determinantes sociais e econômicos da escola, numa sociedade disposta em classes,
recusando a possibilidade de soluções para o problema da discriminação das classes populares na
escola.

Soares enfatiza o ponto em que as três teorias concordam: a distância existente entre a linguagem das
camadas populares e a linguagem da classe dominante, seja qual for o nome atribuído a essa distância.
Segundo ela, é essa distância que vai explicar a crise no ensino da língua materna.

Fica esclarecido, através do processo de democratização do ensino, o porquê das camadas populares
fracassarem na escola. Isso se deu pela ascensão da classe desprivilegiada ao ensino escolar, sem que,
no entanto, a escola se preparasse para receber esses alunos. Desta forma, houve um crescimento
quantitativo de escolas, mas não houve uma formulação da nova função da escola. Nessa perspectiva,
o fracasso da escola está em não atender as necessidades educacionais da massa popular.

Ela afirma que a teoria da deficiência linguística e a das diferenças linguísticas concebem a escola
como redentora, pois ela será a responsável pelas distorções e desvios na linguagem popular. Já a
teoria do capital linguístico escolarmente rentável enfatiza que não há soluções educacionais para o
problema de discriminação das classes populares na escola. Assim, percebe-se que o antagonismo
presente nas duas respostas é consequência de uma diferença na leitura do papel social da escola nas
diferentes teorias.

Dentro dessa perspectiva, surge a proposta pedagógica de uma “escola transformadora”, que se
fundamenta nas três teorias e propõe um “bidialetalismo transformacional”, que servirá como arma
para as classes populares lutarem contra a discriminação social.

É somando as contribuições de todas essas teorias que se deve incorporar à escola o processo de
transformação social, em busca de uma sociedade mais justa, liberta de preconceitos linguísticos e,
consequentemente, culturais.

Desta forma, compreende-se que o ensino de língua materna, além de ser uma tarefa técnica, a de
lutar contra o fracasso na escola (que é, na verdade, da escola), é uma tarefa política, pois deve ser um
instrumento utilizado na luta contra as discriminações e desigualdades sociais.

REFERÊNCIAS
SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 15 ed. São Paulo, Ática, 1997.

A expressão da subjetividade do autor da resenha

11
Vimos, na III parte deste estudo, que a resenha difere do resumo por conter elementos
avaliativos, ou seja, comentários do resenhista sobre a obra resenhada. Vimos também, na
parte 3, que existem trechos da resenha em que podemos perceber esses comentários. Nesta
seção, identificamos os comentários feitos pelo resenhista na resenha estudada.

1. Leia o trecho abaixo, tirado do manual Sobre a elaboração e a estrutura dos pareceres,
escrito por Egon de Oliveira Rangel, que trata de regras a seguir na elaboração de pareceres.
Nesse trecho o autor cita a última máxima conversacional de Grice (1962), filósofo da
linguagem americana, preocupado com a eficiência das interações.

Por fim, o parecerista deve obrigar-se a observar a “máxima da polidez”, deixando de lado
as expressões que possam agredir ou desrespeitar os destinatários. A propósito, outro lógico,
COPI (1974), argumentando em direção semelhante, chama a atenção para a “neutralidade
emocional” que deve caracterizar a linguagem técnico-científica e, no caso específico, a dos
laudos.

O que você conclui em relação à linguagem que deve ser usada em uma resenha?

Deve-se tentar ser “polido”, evitando agredir o autor da obra resenhada, procurando
garantir a neutralidade emocional do que é dito.
2. Uma das maneiras negativas, que possam agredir o autor da obra resenhada. Qual é a
crítica negativa contida no trecho abaixo? Sublinhe as expressões que atenuam essa crítica
negativa do resenhista à obra de ser “polido” é atenuar as afirmações.
“Aqui me parece manifestar-me uma das lacunas deste que é um bom trabalho”.

________________________________________________________

Algumas considerações e conclusões sobre a


“resenha acadêmica”
Conclusão (1)
No início de uma resenha encontramos informações sobre o contexto e o tema do livro
resenhado. Em seguida, o(s) objetivo(s) da obra resenhada. Antes de apontar os
comentários do resenhista sobre a obra é importante apresentar a descrição estrutural da obra
resenhada. Isso pode ser feito por capítulos ou agrupamento dos capítulos. Depois
encontramos a apreciação do resenhista sobre a obra. Aliás, é importante que haja tanto
comentários positivos quanto negativos. Finalmente, a conclusão, em que o autor deverá
explicitar/reafirmar sua posição sobre a obra desenhada
Conclusão (2)

12
Numa resenha, como em outros textos acadêmicos ou mesmo jornalísticos, é comum o autor
evitar escrever em primeira pessoa, mas continuar expressando sua subjetividade. Isso
garante mais veracidade ao que está sendo dito, pois não parece que é a opinião de um
resenhista, mas uma característica da própria obra.

Conclusão (3)
Vimos que na resenha acadêmica aparecem comentários do resenhista sobre a obra
resenhada. Generalizando, reveja as atividades desta seção e complete o texto abaixo com
suas conclusões sobre a expressão e subjetividade do resenhista na resenha. Quando se faz
uma resenha sobre a obra de alguém, é importante seguir algumas regras de
________________, para evitar agredir o autor da obra resenhada. Para tanto podemos usar
vários recursos linguísticos. Dentre eles, temos: “parece-me”, uso do futuro do pretérito:
gostaria de adjetivos, substantivos e mesmo advérbios.
1. O uso de expressões que atenuam as opiniões como: “parece-me”,
2. O uso de alguns tempos verbais que também têm a função de atenuar o que está sendo dito,
como: futuro do pretérito, como por exemplo “gostaria”
3. O uso de adjetivos, substantivos e mesmo advérbios para expressar a opinião do
resenhista.

Conclusão (4)
,
Para que a resenha seja clara e coerente para o leitor é preciso dar indicações que guiem a
leitura, mostrando a elação entre as ideias sobre a obra resenhada e destacando seu
posicionamento em relação a ela. Para isso utilizamos os organizadores textuais (conectores)
que melhor expressam as relações que queremos estabelecer.
Portanto, podemos dizer que a função dos organizadores textuais é guiar o leitor, organizar o
que é dito, estabelecer relações entre ideias nas frases e finalmente, estabelecer as relações
entre as ideias entre os parágrafos e nas frases.
ATIVIDADE PRÁTICA

1 Qual a função social de uma resenha?

2 Obedecendo ao modelo do gênero FICHAMENTO, RESUMO, RESENHA produza um


similar sobre qualquer texto escolhida das revistas dispostas NA SALA DE AULA.

IV Artigo Científico/Opinião
13
4.1 Artigo científico

O artigo científico é um gênero textual destinado especificamente a ser publicado em


revistas e periódicos científicos. Tem por finalidade registrar e divulgar para o público especializado
resultados de novos estudos e pesquisas sobre assuntos ainda não devidamente explorados no meio
científico.

O artigo tem a estrutura comum ao trabalho científico em geral, mas quando


relacionado aos resultados de uma pesquisa, deve destacar os objetivos, a fundamentação teórica e
metodologia empregada no desenvolvimento da pesquisa, seguindo-se da análise dos dados
envolvidos e as conclusões a que se chegou, completando-se com o registro das referências
bibliográficas e documentais.

Quanto à formatação técnica do texto, as revistas e periódicos costumam estabelecer


normas específicas para a publicação dos artigos, cabendo ao autor se inteirar delas antes de enviar
seu trabalho à editoria. (v. informações complementares no texto anexo)

De acordo com a ABNT (2003, p.2) “Artigo científico é parte de uma publicação com autoria
declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processo e resultados nas diversas
áreas do conhecimento.”

São considerados trabalhos completos, embora resumidos, tendo em vista sua divulgação em
revistas especializadas ou, em anais de congressos, livros organizados para publicação ou de outros
diversos.

4.1.1 Caracteres formais

O artigo deve apresentar forma clara e eficaz de apresentação de resultados de estudos


científicos ou de pesquisa à comunidade científica, constituir-se de um estilo claro, coeso, coerente e
objetivo.

4.1.2 Tipos de artigo

(a) Artigo Original ou divulgação: quando apresenta tema ou abordagens inéditas, relatando dados
de pesquisas.

(b) Artigo de Revisão (ou de opinião): analisa e discute trabalhos já publicados, geralmente é
resultado de uma pesquisa bibliográfica.

4.1.3 Normas de artigo para fins de trabalhos acadêmicos

14
A estrutura do artigo deve conter os mesmos elementos pré-textuais e pós textuais que
normalmente compõem uma MONOGRAFIA, DISSERTAÇÃO DE MESTRADO, e TESE DE
DOUTORAMENTO.

4.1.4 Estrutura do Artigo Científico

A Estrutura do artigo científico é constituída de elementos pré-textuais, textuais, e pós-textuais como


se vê no diagrama a seguir.

ARTIGO
CIENTÍFICO

Elementos Elementos Elementos


Pré-textuais Textuais Pós-Textuais

Título, subtítulo
Introdução (em língua
Título
Desenvolvimento estrangeira)
Subtítulo (se
Conclusão Resumo (em
houver)
Nome do autor língua estrangeira)
Sumário Palavras- chave (
Resumo (língua em língua
vernácula) estrangeira)
Palavras-chave Notas Explicativas
(língua do texto) Referências
Glossário
Apêndices, anexos

1
As notas podem ser de rodapé ou notas finais.

4.2 Algumas particularidades sobre o Artigo Científico

4.2.1 Resumo

*
Graduanda do Curso de Licenciatura em Ciência da Computação – UFERSA/ANGICOS, curso Noturno, 2011-1.
Trabalho acadêmico.

15
O resumo é a síntese da introdução, desenvolvimento e conclusões alcançadas no artigo, tendo a
finalidade de representar, de forma concisa, o conteúdo do artigo. É um elemento obrigatório, que deve
ser redigido e elaborado de acordo com a ABNT – NBR – 6028/87. É estabelecido pela ABNT, um número de
200 a 250 palavras para sua redação.

Deve ser digitado em um parágrafo único com fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 11 (ou 12) e
com espaços simples entre linhas. (v. texto ilustrativo), localizado(s) abaixo do (s) nome (s) do (s) autor (es).

4.2.2 Palavras-chave

São termos que indicam o conteúdo do artigo, ou seja, seus assuntos principais. É um elemento
obrigatório. As palavras devem ser apresentadas abaixo da redação do resumo alinhadas à margem
esquerda. Essas deverão estar separadas entre si por ponto (.) ou (;) e também finalizadas por ponto (.),
precedidas pela expressão em negrito Palavras-chave, seguidas de dois pontos (:). Apenas esta
expressão fica em negrito, nas demais palavras, usa-se a fonte normal. Todo o texto, exceto as citações
com mais de três linhas, deve estar em fonte 12 (v.modelo 4.3).

4. 3 Modelo de artigo científico

16
SINOPSE DA OBRA “COMO FALAM OS BRASILEIROS” DE DINAH CALLOU E YONNE
LEITE (2002)

Maria das Neves Pereira/UFERSA*


nevespereia@ufersa.edu.br
nevesj7@hotmail.com

RESUMO - A obra, em estudo, Como falam os brasileiros de Leite e Callou (2002) trata
de uma abordagem geral sobre a maneira de falar dos brasileiros, partindo de uma amostra
da fala padrão urbana colhida em cinco cidades brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo,
Porto Alegre, Salvador e Recife por serem estas cidades escolhidas para recolhas de
dados de um Projeto Científico chamado NURC (Norma Urbana Culta), elaborado por um
grupo de professores pesquisadores das universidades dos respectivos estados – UFRJ,
USP, UFRS, UFBA e UFPE, na década de 70. A escolha destas cidades se deu em
consequência de que as mesmas são consideradas histórica e economicamente as
principais cidades do Brasil. O objetivo deste artigo é apresentar uma sinopse da obra
referenciada para a melhor compreensão de leitores leigos sobre o falar do Brasil.
Palavras-chave: língua; fala; diferenças linguísticas; português do Brasil.

INTRODUÇÃO
As autoras iniciam a obra, apresentando uma introdução em que se define a
linguagem como retrato do conhecimento e entendimento do falante e do mundo que o
cerca; a linguagem como fator de identificação e diferenciação de cada comunidade e
também como marca de inserção do indivíduo em diferentes grupos sociais, estratos, faixas
etárias, gêneros e graus de escolaridade. Destaca, ainda, na introdução, à fala carioca
como “fala padrão do Brasil” por motivos históricos, por exemplo, ser o Rio de Janeiro o
centro político há mais tempo, capital da colônia desde 1763, cuja linguagem em uso tendia
a ser culta por apresentar menos números de marcas locais e regionais, com uma
tendência universalista dentro do país.
A obra é dividida em dez tópicos além da introdução: “Uma visão geral do Brasil - o
mito da homogeneidade; Assumindo a diversidade; O falar carioca no conjunto dos falares
brasileiros; Sexo, idade e variação linguística; Para a caracterização dos falares do Brasil; A
fonética da fala culta; Os sotaques sintáticos da fala culta; Normas e pluralismos; Traçando
linhas imaginárias e Voltando ao começo” em que são discutidos e analisados aspectos
linguísticos e extralinguísticos para uma caracterização dos falares do Brasil.
1 Uma visão geral do Brasil: mito da homogeneidade(p. 11-16)
Esta parte da obra trata de uma abordagem sobre a oposição entre as variantes
brasileira e europeia da língua portuguesa; línguas faladas no Brasil no início da
colonização. A história da colonização se reflete na diversidade linguística existente no país,
a qual veio aos poucos sendo reconhecida. A evolução da língua não depende de fatores
linguísticos apenas, mas, em maior, grau de fatores históricos. A língua não é homogênea,

*
Doutora em Língua Portuguesa pela UFRJ – Departamento de Letras Vernáculas; Professora Adjunto III da
UFERSA - Campus de Angicos, onde leciona o componente curricular Análise e Expressão Textual.

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pois a mesma é condicionada por fatores sociais (v. p.16): “Para a sociolinguística, ciência
que estuda a língua e os fatores sociais que condicionam sua produção, é natural aceitar a
ideia de que seria espantoso negar a diversidade que a língua brasileira supõe, dadas as
características pluriculturais tanto do nosso passado quanto do nosso presente”.
2 Assumindo a diversidade (p.16-26)
Com a elaboração de Atlas Linguísticos (mapeamento das diversas formas de
linguagem, em uso, numa região) é que se passa a assumir a diversidade linguística no
Brasil. Antes essa diversidade foi muito enfocada apenas em variantes populares, como
glossários regionais, mais tarde em alguns atlas linguísticos (Bahia, Paraíba, Sergipe e
Minas Gerais) p.17-25: ilustrações da diversidade linguística.
3 O falar carioca no conjunto dos falares brasileiros (p.26-36)
Há 80 anos o carioca, filólogo e linguista, Antenor Nascentes, autor de “O Linguajar
Carioca (1922)”, seguindo os passos de outro pesquisador com a mesma formação,
Amadeu Amaral, autor da obra o Dialeto Caipira (1920), afirmou que “essas pesquisas não
seriam para essa geração”, mas encontrariam nelas uma fotografia da língua na
posteridade. Nas primeiras décadas do século XX, fazer um estudo dialetal seria mediante a
intuição de o seu próprio falar como fez Nascentes (1922), legítimo representante da fala
genuinamente carioca, habilitado a fazer o estudo dela (uma monografia baseada no seu
próprio falar, contrastando-o com observações diversas sobre os demais falares brasileiros
em oposição a um português europeu virtual p.27). Nascentes, em seus estudos, também
dividiu as áreas limites dos falares do Brasil em falar amazônico, nordestino, baiana,
mineiro, sulista e fluminense, partindo de dados linguísticos que singularizariam os
dialetos. As razões dessas diferenciações não se apoiam apenas na geografia das cidades,
nem nos dados linguísticos, mas também nas diferenças sociais, embora estas estejam
relacionadas às diferenças geográficas. Caracterização do falar carioca em o Linguajar
carioca, como uma variedade do subfalar fluminense. São os diversos aspectos
caracterizadores da mobilidade econômica, cultural e social que marcaram o Rio de Janeiro
nos últimos dois séculos que tornam possível entender a dinâmica linguístico-educacional
atualmente. Dados sobre o desenvolvimento econômico, social e educacional podem servir
como argumento para que a linguagem do RJ seja o “padrão nacional”. Marcas da fala
carioca: “r” final, consoante vibrante, chamado “r” rolado. Ex. tomar [to´ma] (tomá ) ~
[to´mar] (tomar); a palatização do “s” (chiado) como em “mesmo” [‘memu]; a palatização
do “t” e “d” antes de [i], como em “dia” [di] e em “tia” [ti].
4 Sexo, idade e variação linguística (p. 36-38)
Os fatores variantes sexo, idade são categorias determinantes ao uso de variantes
linguísticas. Os gêneros masculino e feminino são categorias procedentes de uma
construção histórica, cultural e social e, na sociolinguística (estudo da linguagem em uso
numa comunidade de fala) a diferença entre a fala de homens e mulheres é objeto de
permanente discussão. Já ficou demonstrado em estudos científicos que essa diferenciação
é um fator condicionante da heterogeneidade linguística. As mulheres são mais
conservadoras. Tendem a seguir o padrão linguístico das classes mais favorecidas,
favorecendo-as principalmente no mercado de trabalho, acentuando a competição entre o
sexo oposto. As diferenças existentes entre a linguagem masculina e feminina é a de que a
identidade homem/mulher interage com outras identidades culturais e não pode ser vista
isoladamente, e sim em conjunto com outros fatores; a interação gênero/faixa etária
constitui um papel de suma importância na análise do processo de mudança linguística; o
fator faixa etária condiciona a variação histórica ou diageracional.

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5 Para uma caracterização dos falares brasileiros (38-39)
Como já foi visto na experiência de Antenor Nascentes, os estudos dialetais
baseavam-se, de início, na introspecção da própria fala ou em impressões assistemáticas e
generalistas, em forma de monografias (o estabelecimento de uma variante padrão de uma
região x uma variante culta de uma região y, no falar brasileiro, através de percentuais
aritméticos (MA) não foram eficientes e, portanto não tiveram continuidade. A partir de
1960, iniciaram-se estudos para elaboração de atlas linguísticos, incidindo apenas sobre
linguagem popular e umas poucas áreas do território nacional. Somente na década de 70,
com a utilização de programas computacionais de análises variacionistas, pôde-se dar
continuidade aos estudos dialetais mais precisos.
6 A fonética da fala culta (39-43)
Fonética é a ciência que estuda a substância do plano de expressão das línguas
humanas, ou seja, descreve os fonemas, sons distintivos das línguas humanas do ponto de
vista da sua composição. (Fonologia estuda a forma do plano de expressão das línguas
humanas ou naturais, ou seja, a descrição dos fonemas do ponto de vista da sua
distribuição e função). Os fonemas são classificados em vogais e consoantes. Então, o
termo vocalismo se refere ao estudo das ocorrências vocálicas e consonantismo se
refere ao estudo das ocorrências consonânticas. (i) Vocalismo átono: vogais pretônicas
têm sido fator de diferenciação não só entre as falas do português brasileiro, mas também
entre o português do Brasil e de Portugal [e] ~ [ ]; [o] ~ []: pelé, perigo; bolota, coração;
oposição (vogais abertas e fechadas). Abaixamento e alteamento das vogais (vogais altas
/i/ e /u/): colher ~ culher; melhor ~ milhor. Observa-se, portanto, esse fenômeno na fala de
homem/mulher, +jovem/+velho e então calculam-se os percentuais, apresentando os
resultados estatisticamente. Através dessas ocorrências linguísticossociais, pode-se
caracterizar o português do Brasil e das respectivas regiões. (ii) As consoantes pós-
vocálicas: os fonemas /s/, /r/ e /l/ apresentam, em posição final de sílaba, variações
significativas e prestam-se à caracterização dos dialetos regionais. O “s” pode ser chiado ou
sibilantes, com aspiração ou zero: rosto, cisco, mesmo. O “r” pode ser vibrante/retroflexo
(caipira), com uma mera aspiração e ou neutro: carta, amar; O “l” admite duas
possibilidades: variante vocalizada e outra velarizada como em mal [‘maw] ~ [‘mal].
(resultados: p.43-49) (iii) Padrão entonacional em estruturas de tópicos: o ritmo das
frases ou cadência pode ser considerado um tema de interessante discussão (acima da
diferenciação fônica) na percepção auditiva do interlocutor, o qual constitui um traço
marcante na diferenciação dos falares brasileiros. É justamente aí que fica ressaltada a
maneira de falar nordestina em relação às outras áreas (p. 48-51).
7 Os sotaques sintáticos da fala culta (p. 51)
Com base na análise de fatos gramaticais que mostram diferenças nítidas entre as
cinco cidades brasileiras selecionadas para este estudo, tornou-se evidente a existência de
sotaques sintáticos. São os seguintes: (i) o artigo definido diante de nomes próprios e
de possessivos: A Maria ~ Maria; o meu livro ~ meu livro. (p.51-53); (ii) Alternância nós/a
gente: no português do Brasil, a distribuição de nós/a gente é mais ou menos equilibrada
56% e 44%, respectivamente. Não se encontram grandes divergências entre as cinco
capitais brasileiras, mas o Rio de Janeiro é a capital onde há maior índice. (iii) o uso de ter
por haver em construções existenciais: Costuma-se dizer que a substituição do verbo
haver por ter no sentido de existir (em estruturas existenciais) constitui uma das marcas do
português do Brasil, em oposição ao português de Portugal e à semelhança de Angola e de

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Moçambique. No português brasileiro contemporâneo, modalidade oral culta, o uso de ter
ainda não foi consolidado, segundo os resultados (p. 55-57), mas já existem estudos
apontando essa tendência.
8 Normas, pluralismo etc. ( p.57-59)
A variação existente hoje no português do Brasil, que nos permite reconhecer uma
pluralidade de falares, é decorrente da dinâmica populacional e da natureza do contato dos
diversos grupos étnicos e sociais nos diferentes períodos de nossa história. São fatos desta
natureza que demonstram que não se pode fazer julgamento de valores em termos de uso
linguístico. Daí ser inaceitável considerar variante regional “melhor ou pior”; “certo ou
errado”; “bonita ou feia” ( p.57-59).
9 Traçando linhas imaginárias (p.59-60)
Outro aspecto digno de destaque nesta área de estudos é que se pode constatar
que não existe coincidência entre o comportamento linguístico dos falares em estudos e
suas respectivas áreas geográficas. Por exemplo. Recife (nordeste), muitas vezes se
aproxima de Porto alegre. RJ (incluído entre os falares do Sul) e considerado padrão médio
brasileiro, apresenta realizações de Porto Alegre e Salvador (p.61, mapa 4).
10 Voltando ao começo (p. 60-63)
Todo o comportamento linguístico, aqui discutido, teve início com a chegada de
Cabral que, ao aportar no Novo Mundo, que se deparou com povos, costumes e línguas
diversos (aproximadamente 1300 línguas diferentes). Com a chegada dos jesuítas, com a
missão de transformar a cultura religiosa dos índios, surge a primeira gramática, como
instrumento de normatização e homogeneização linguística (Arte da gramática da língua
mais usada na costa do Brasil do padre José de Anchieta). A política posta em prática
pelos jesuítas com apoio da coroa tirou dos índios seus hábitos, costumes e sua língua;
dentre uma diversidade linguística, instituiu-se uma homogeneidade cujo objetivo era
manter a unidade do território conquistado. (v. p. 62-63). Hoje, legisla-se uma “língua
brasileira” sem considerar o grau de complexidade dos fatos que caracterizam cada falar.
Elege-se um padrão supranacional, do mesmo modo como foi institucionalizada uma língua
indígena como língua geral. E assim, tudo continua e permanece. Eis o motivo básico e o
fundamento do preconceito linguístico que predomina na sociedade brasileira.
Para encerrar o estudo da caracterização do falar brasileiro, as autoras tentam
estabelecer limites de fatos linguísticos e situar o início da questão da unidade e diversidade
em fatos históricos e sociais com apoio de outros autores que tratam do mesmo tema.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LEITE, Yonne; CALLOU, Dinah. Como falam os brasileiros. (Coleção Descobrindo o Brasil).
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2002.

O artigo Sinopse da obra “Como falam os brasileiros” constitui-se uma amostra para
explicitação do de Artigo científico, um dos gêneros acadêmicos mais cultivado entre
estudantes e pesquisadores no meio universitário. Sabe-se que há uma gama de gêneros
discursivos que atende as demais necessidades sócio comunicativas, mas a finalidade, aqui,

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é orientar e apresentar o perfil de um artigo científico para a complementação do conteúdo
específico deste material didático.

NOTA IMPORTANTE
Alguns tipos de pesquisa: pesquisa teórica; pesquisa empírica, levantamento documental e
pesquisa histórica.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICA. Informação e Documentação –
artigo em publicação periódica científica impressa. Rio de Janeiro: ABNT, 2003c.

ISKANDOR, Jamil Ibrahim. Normas da ABNT: comentadas para trabalhos científicos. 3ª.
ed. Curitiba: Juruá, 2008.

KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção
textual. São Paulo: Contexto, 2009.

MACHADO, Anna Raquel; LOUSADA, Eliane Govêa; ABREU-TARDELLI, Lília Santos.


Resumo.São Paulo: Parábola,2004.

_________. Resenha. São Paulo: Parábola, 2004.

MAIA, Fernando dos Santos; OLIVEIRA, Marcus Vinícius de Faria. Princípios Normas e
Técnicas. Natal: CEFET/RN, 2006.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍZIO,


Ângela Paiva; MACHADO, Anna Raquel; BEZERRA, M. Auxiliadora (orgs.). Gêneros
textuais & ensino. Rio de Janeiro: Contexto, 2005, pp. 53-102.

SEVERINO, Joaquim Antônio. Metodologia de Trabalho Científico. 22. ed. rev. e ampl.
São Paulo: Cortez, 2002.

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UnP/RN, 2006.p.6

Site: www.comciencia.br/resenhas/impactos.htm
Profa. Maria Neves Pereira/UFERSA-ANGICOS
nevespereira@ufersa.edu.br
nevesj7@hotmail.com

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