saoar2019 Especialisias debatem as relagdes de Drummond com a mineragdo ~ Jornal da USP.
Especialistas debatem as relagdes de Drummond com a mineragao
Por - Editorias: - URL Curta:
Extragao de hematta no Pico do Caué, em Itabira, Minas Gerais, cidade natal de Drummond e onde surgiu a
Companhia Vale do Rio Doce ~ Foto: Reprodugdo/Arquivo Pablico Mineiro
Depois das tragédias de Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais — que tiveram como
origem as atividades de mineracdo -, pode-se lembrar de Carlos Drummond de Andrade. O
poeta divide o local de nascimento com a companhia Vale do Rio Doce — ambos de Itabira,
também em Minas Gerais — e sempre foi um critico voraz da atividade mineradora na regido.
Itabira se destacava pelo seu potencial de extragdo de ferro, e foi ao passar casualmente
pela cidade, em 2014, que o professor José Miguel Wisnik, docente de Literatura da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciéncias Humanas (FFLCH) da USP, se deparou com a
dimensao e magnitude da devastagao mineradora na regiao. O encontro “epifanico” gerou
um livro que transcende a critica literaria, Maquinagao do Mundo: Drummond e a Mineragao,
publicado em 2018 pela Editora Companhia das Letras. Nele, o autor delineia as conexdes
entre Drummond e a mineragao, promovendo questionamentos que passam também pelas
esferas da historia, da economia, da geografia e da antropologia.
Esse livro de Wisnik serd o ponto de partida para um debate interdisciplinar promovido pelo
Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP. No dia 25 de marco, segunda-feira, as 19
horas, professores de diferentes areas do conhecimento se reunirao no IEB para discutir
algumas questées levantadas no livro, de acordo com a ética de sua especialidade. O
debate contara com os professores da USP Alexandre de Freitas Barbosa (Histéria
Econémica), Fernando Paixao (Literatura), Jaime Tadeu Oliva (Geografia) e Stelio Marras
(Antropologia).
hitps:fomal usp bricuturafespecialstas-debatem-as-relacoes-de-drummond-com-a-mineracaol 1saoa2019
“E um livro de critica literaria, mas
que é desencadeado por uma
problematica que esté ligada a outras
dreas. Ele se propde a abrir essas
passagens. As perguntas que ele
contém vo bater nisso. Eu me sinto
muito motivado por poder estabelecer
esse didlogo no evento”, afirma
Wisnik.
O professor Fernando Paixao,
docente do IEB e idealizador do
evento, conta que a ideia de fazer 0
debate surgiu logo apés 0
langamento do livro, justamente em
razdo do carter interdisciplinar da
obra e do préprio IEB. O livro rompe
com as andlises tradicionais
estritamente literarias ao ligar a obra
drummondiana a uma questao
recorrente na vida pessoal do autor.
“A familia de Drummond morava em
Itabira, em uma fazenda proxima ao
Pico do Caué, uma montanha de
ferro. Foi a partir da exploragao do
Especialisas debater as relagSes de Drummond com a minerago Jornal da USP
} £ multinacionais,
‘Quantos ais!
tas l4grimas disfargamos
o?
Poema ‘Lira ltabirana’, de Carlos Drummond de Andrade,
Publicado em 1984 no jornal Cometa itabirano — Foto:
Reprodugao/Facebook
Pico do Caué que comegou a Vale e toda a histéria de exploragao mineral desenfreada que
se sucedeu no Brasil’, comenta Wisnik.
No debate, Paixao sera responsavel por representar a area da literatura, ao lado de Wisnik.
Um dos aspectos do livro que ele pretende levantar durante o evento é 0 que chama de
“critica literdria holistica’. "Ha uma corrente da critica literaria que privilegia a biografia, outra,
a relacdo com a sociedade ou a andlise textual, e elas so um pouco excludentes. Nao é o
que acontece nesse trabalho do professor Wisnik, que faz uma reflexo integrada’, explica
Paixao,
A cidade mineira de Itabira, com 0 Pico do Caué ao fundo — Foto: Miguel Brescia/Divulgagao
hitps:fomal usp bricuturafespecialstas-debatem-as-relacoes-de-drummond-com-a-mineracaol 2