CADERNO DE RESUMOS
Novembro de 2017
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Comissão Organizadora
Alessandro Wagner Ribeiro Possati
Caderno de Resumo
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Sumário
Apresentação................................................................................................ 5
Comunicadores............................................................................................. 6
Terça-feira (Contemporânea)............................................................. 8
Quarta-feira (Brasil)......................................................................... 22
Sexta-feira (Antiga/Teoria).............................................................. 56
Programação completa............................................................................... 62
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Apresentação
Neste ano, a nossa proposta foi trazer à tona questões sobre o Avanço
Conservador e o Ensino de História, abrindo espaço à reflexão crítica e ao debate
mediante aos diversos episódios de intolerância vivenciados no contexto atual,
sobretudo, na educação básica em virtude do projeto Escola sem Partido.
A Comissão Organizadora.
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Comunicadores
Alessandro Wagner Ribeiro Possati - UFRJ
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Lays Corrêa da Silva - UFRJ
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CONTEMPORÂNEA – Representação Histórica 1 (21/11 – 3ªf – 15:00 às 16:30)
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2001) e Wagner Pinheiro Pereira (O Poder das Imagens: cinema e política nos governos
de Adolf Hitler e de Franklin D. Roosevelt -1933-1945).
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Tendo-se em vista que a Moda pode ser considerada um espelho dos grandes
movimentos da humanidade, sendo o cinema a sua grande vitrine para exibir as
transformações históricas de uma determinada sociedade e época, a pesquisa ancora-se
nos trabalhos de Lars Svendsen (Moda: Uma filosofia), Caroline Weber (A Rainha da
Moda), Danieli da Cunha de Lima (“Nas Telas e Passarelas – Cinema e Moda, uma
análise do filme Sabrina (1954)”, Leandro Candido de Souza ("Estética do consumo:
moda, mídia e indústria cultural"), Theodor Adorno ("A Indústria Cultural"), Douglas
Kellner (A Cultura da Mídia), Jean Baudrillard (A Sociedade do Consumo) e Roland
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Barthes (Sistema da Moda), para refletir sobre a forma como o filme "Sabrina" pode ser
utilizado como uma fonte representativa para avaliar como a mulher dessa década
passou a exibir características marcantes de uma mistura ambígua de sensualidade e
ingenuidade abordadas muita das vezes nas personagens principais. Abordando além
disso, a questão da influência no comportamento e na moda no mundo feminino, em
especifico na sociedade norte americana.
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central são as diferentes formas de representações de mulheres em contextos
revolucionários e o que podemos apreender desse contexto a partir dessas formas.
Cada uma dessas representações serão trabalhadas com seus específicos aportes
metodológicos: para o livro, utilizamos os debates acerca da especificidade do relato
feminino a partir das considerações de Silvia Salvatici; para a imagem pensamos a
fotografia como foi proposto por Rolland Barthes, fugindo de uma visão meramente
ilustrativa; e para o filme aplicamos a metodologia de análise desenvolvida por Marc
Ferro, trabalhando o conteúdo latente e aparente do filme.
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Nos últimos anos viemos observando o crescimento exponencial da luta das
mulheres. Encaramos isso com muita positividade, já que cada vez mais estamos
buscando nossos espaços e disseminando nossas ideias, que por muito tempo foram
silenciadas. O espaço da sala de aula é um local muito próspero para debates e diálogos
sobre isso, sendo assim, pretendemos conquistar progressivamente, com a nossa
formação, alunos e alunas dispostos a serem inclusos e a conhecer todas as novidades a
respeito das conquistas políticas feministas.
O primeiro tema a ser abordado pelo trabalho tem como plano de fundo a
Revolução Russa, mais especificamente o período do governo Stalinista. O livro “A
guerra não tem rosto de mulher” de Svetlana Aleksiévitch foi resultado de uma série de
entrevistas feitas pela autora com mulheres que serviram no Exército Vermelho durante
a Segunda Guerra Mundial. Essas mulheres em sua maioria eram jovens na época,
algumas tinham 17 anos e, portanto, tinham vivido toda sua vida sob o regime
Stalinista.
O livro foi produzido em 1983, porém, por conter diversas críticas sobre a
história oficial acerca desse período, questionando determinados clichês sobre o
heroísmo soviético, só foi lançado dois anos depois, já no período da Perestroika. Vale
ressaltar que o livro só chegou ao Brasil esse ano, 2016, após a autora ter ganhado o
prêmio Nobel de Literatura por “seus escritos polifônicos, um monumento ao
sofrimento e à coragem nos nossos tempos”.
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Para a análise do filme utilizamos a metodologia proposta por Marc Ferro que se
baseia em observar o conteúdo latente, que seria a parte invisível, o entorno do filme, as
questões que levaram à sua produção, sua inserção no contexto histórico, assim como, a
análise da ficha técnica que o produziu; e o conteúdo aparente, isto é, o conteúdo
visível, o filme em si, sua história e suas críticas expostas.
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Consideramos isso como o pontapé inicial para um projeto mais aprofundado e
questionador no que concerne a questão exposta. Diante do cenário atual em que cada
vez mais professores estão sendo limitados em seus espaços de sala de aula e proibidos
de tocar em assuntos tido como “polêmicos”, procuramos reafirmar nosso papel
enquanto futuras historiadoras e professoras que enxergam a necessidade de abordar e
problematizar o papel feminino na sociedade, contribuindo para a formação crítica e
intelectual do cidadão.
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Os luso-africanos em “De Angola à Contra-costa”: transculturação e imperialismo
na zona de contato (1884-1886)
A pesquisa da qual resulta esta apresentação tem por objeto a análise da obra “De
Angola à Contra-Costa”, que se insere neste contexto de produção de literatura de
viagem. Nesta obra, publicada em 1886, os oficiais da Armada Portuguesa
Hermenegildo Carlos de Brito Capelo e Roberto Ivens narram a expedição que cruzoua
África Central, de Angola a Moçambique, entre 1884 e 1885.Nesta comunicação, nosso
objetivo consistirá em analisar anarrativa sobre África e africanos presente na obra
citada,buscando compreender como se constroem as imagens sobre estes sujeitos. Para
isso, consideraremos as relações entre os africanos e os viajantes que subjaz à
construção destas imagens,as funções desempenhadas pelos africanos na expedição e
sua contribuição ativa na construção do relato.
Este trabalho é uma interpretação do futebol como um fator social, e com isso,
com o objetivo de demonstrar como a complexidade social da França pós-colonial afeta
o futebol do País, que se sustentou durante anos no mito do “blanc, noir et beur”
(branco, negro e beur).
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O estudo tem como ponto inicial o Documentário Concrete football, produzido
dentro do modelo da corrente cinema-verdade, dos franceses, que trabalha de forma
direta com a fala dos protagonistas moradores ou ex-moradores da periferia. Os
protagonistas do Documentário, são jogadores de futebol de bairro, atletas profissionais
que obtiveram sucesso na carreira e outros indivíduos que conseguiram o sucesso
profissional nas mais variadas esferas profissionais. No entanto todos têm em comum o
fato de terem sido jogadores de bairros.
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gênero em voga atualmente, pesquisar o uso do termo “ideologia de gênero” em
campanhas que se posicionam radicalmente contra qualquer tipo de discussão que
inclua o assunto e investigar as relações entre gênero e o termo “ideologia de gênero”, o
qual, segundo Furlani (2016), não aparece no contexto das teorias de gênero e dos
estudos de gênero existentes. Muitos autores dedicam-se em apontar que não é possível
definir gênero a partir das simplificações, limitações e padrões impostos apenas pelas
determinações, estritamente, biológicas. Começamos pela análise do trabalho da filósofa
Gayle Rubin (1975) que aborda o sistema sexo/gênero; passando pelo trabalho da
historiadora Joan Scott (1989), no qual a palavra gênero é utilizada para dar um caráter
menos político e mais acadêmico aos estudos sobre as mulheres; e a filósofa Judith
Butler (1991), que propõe uma revolução em seu trabalho, no qual aponta que não é o
gênero uma consequência do sexo, mas sim o contrário. Finalmente, apreciar a
socióloga brasileira Heleieth Saffioti (2001) e sua contribuição para os estudos de
gênero, violência de gênero e feminismo.
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própria transformação pessoal ao longo do processo. Testament of Youth narra o
processo de transformação de moça jovem e provinciana da classe média inglesa em
uma renomada escritora e ativista política, engajada nas causas feministas e pacifistas
até o fim de sua vida.
Desta forma, o principal objetivo deste trabalho é investigar como a experiência
traumática da guerra é exposta no relato autobiográfico de Vera Brittain, Testament of
Youth: an autobiographical study of the years 1900- 1925, através de uma análise
narrativa e mnêmica da obra. Neste sentido, se faz necessária a apresentação de seus
referenciais teóricos guiados por uma perspectiva analítica que se debruça sobre estudos
relativos a relatos autobiográficos e teoria de memória, especialmente aqueles
vinculados à Primeira Guerra Mundial.
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como elas, e a própria teoria de reconhecimento que atravessa esse tema acabam sendo,
por vezes, limitados em sua análise. Fazendo uma ligação entre esse tema e os crimes de
ódio cometidos especificamente pelo grupo fascista Ku Klux Klan, observando os
limites encontrados na própria democracia liberal que permite que brechas sejam
abertas para os grupos de ódio estarem emergindo novamente.
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necessário um movimento semelhante as formações dos Estados nacionais europeus, a
questão a ser feita parte da real influência europeia na historiografia japonesa.
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subversivas atentava contra a ordem político-social estabelecida com a ascensão dos
militares ao poder. Em adendo à pesquisa foi possível discutir o objeto que constitui o
imaginário da ditadura militar sob o viés do processo de guerrilha urbana nas duas
cidades e a construção do conceito de subversão ligado à figura dos guerrilheiros. Esse
trabalho teve como fonte primária documentação acerca de processos penais nos quais
constam características e modo de atuação da guerrilha urbana nessas duas capitais. Os
dois processos aqui estudados são oriundos do projeto “Brasil Nunca Mais” sendo sua
versão online mantida pelo Ministério Público Federal - Procuradoria Regional da
República da 3ª Região. A escolha dos processos, dois entre dezenas, se deve ao fato da
coligação entre o local de apuração e os desdobramentos que dentro dos processos nos
permite relacionar esse eixo de atuação da guerrilha na ligação estabelecida por essas
duas cidades; mais ainda nos será permitido a análise do discurso presente nos
processos sobre os guerrilheiros e como eles eram representados e vistos perante os
órgãos de repressão ligados, nesse caso, ao Judiciário. O corte temporal das fontes está
entre os anos de 1970 e 1972 sendo processos penais abertos contra guerrilheiros, o
primeiro processo foi aberto em 13 de abril de 1970 na 11ª Circunscrição Judiciária
Militar com cerca de 20 réus, tendo como objeto de acusação atividades subversivas por
parte dos réus e encerrado com sentença em 17 de maio de 1971. Quanto ao segundo, a
data da denúncia em 04 de dezembro de 1972, assim como no primeiro processo foi
tramitado na 11ª Circunscrição Judiciária Militar.
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Gonzaguinha configuram-se como relatos de um tempo histórico, pois, ainda que não
tenham sido construídas como registro, elas buscam perpetuar uma memória.
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quando se completou 50 anos do golpe civil-militar no Brasil, as pesquisas
desenvolvidas se destinaram à análise e à disseminação do acervo universitário referente
a esse período da história nacional, em que houve vários expurgos de professores,
discentes e servidores técnico-administrativos da UFRJ, a invasão do campus da Praia
da Vermelha pelas forças armadas e a perseguição de vários estudantes universitários
ligados direta ou indiretamente ao movimento estudantil, além de outros mecanismos
institucionalizados de cerceamento, como a censura às obras bibliográficas e as
assessorias de segurança e informações das universidades; ao mesmo tempo em que
percebemos que foi no período autoritário que as obras do campus da Cidade
Universitária foram concluídas e que vários Programas de Pós-Graduação foram
criados, por tudo isso, tornou-se necessário rememorar e analisar essa conjuntura na
trajetória da UFRJ. A pesquisa foi dividida em algumas etapas, desde o trabalho com a
história oral com os antigos reitores da Universidade, e posteriormente com a coleta de
depoimentos com os docentes que foram expulsos. Na fase atual, após o levantamento
das informações que saiu na grande imprensa brasileira durante o período de 1964 a
1985, sobre a vida universitária, o movimento estudantil, questões educacionais e
político-administrativas da UFRJ e também sobre a gestão dos reitores neste período,
estamos fazendo a transcrição dessas reportagens para a posterior disseminação na
página da Divisão de Memória. A base da pesquisa nos jornais foi realizada na
Hemeroteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional.
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fizeram com que em pleno 2017 seja forte tanto o desejo de volta dos militares ao poder
quanto a memória militar sobre o período ditatorial.
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demonstrarmos a continuidade do histórico de secundarização da educação do campo no
planejamento educacional brasileiro.
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“O tamborzão tá rolando”: Contribuição ao estudo sobre a marginalização do
funk no Rio de Janeiro.
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retirada quando os dominantes assim o decidirem. É uma
sociedade na qual as diferenças e assimetrias sociais e pessoais
são imediatamente transformadas em desigualdades, e estas, em
relação de hierarquia, mando e obediência. ” (CHAUÍ, 2008, p.
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No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro, então capital do país viveu
um momento de muitas transformações, era necessária uma cidade com características
mais modernas, medida alinhada com as tendências europeias, essa nova imagem do
Rio de Janeiro foi projetada pela Reforma Urbanística do prefeito Pereira Passos. A
inspiração para o projeto veio de Paris e propunha uma reorganização do espaço urbano
carioca, com o alargamento das avenidas, proibição da atuação de ambulantes nas
regiões centrais e destruição dos cortiços, habitações populares improvisadas em que
uma parcela da população negra vivia, em um contexto posterior a abolição, porém o
projeto de Pereira Passos de transformar o Rio de Janeiro, numa Paris Tropical passava
pela expulsão desses libertos das regiões próximas ao centro da cidade.Sem nenhuma
perspectiva, essa população liberta foi obrigada a recomeçar suas vidas, nos morros da
cidade, o primeiro e mais notório foi o Morro da Providência.
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processo de formação histórica para que as manifestações culturais sejam entendidas
como resultantes de relações sociais que agrega aspectos políticos, ideológicos e
coercitivos. Ao partir dessa concepção, a articulação entre a cultura e o funk passa pela
compreensão do elemento afro-brasileiro na cultura nacional e nesse sentido
percebemos que a sociedade brasileira, é uma sociedade onde as desigualdades sociais
são transformadas em diferença e em relações de hierarquia, mando e obediência, em
que as leis sempre foram utilizadas como forma de preservar privilégios e garantir a
repressão e opressão, nunca definindo direitos e deveres concretos e reais para todos.
No fim dos anos 1980, a violência nos bailes passa a ser noticiada pela
imprensa, o que acaboucontribuindo para aumentar o preconceito contra a música.
Também foi uma época importante para a afirmação de uma identidade própria em
termos musicais, nas mãos de alguns MCs e DJs, que trabalharam em torno de uma
produção nacional para mudar o som importado que era tocado nos bailes e construir
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um ritmo quente e carioca. A importância de DJ Marlboro para a consolidação do
movimento foi imensa e também marcada pelo pioneirismo, pois produziu uma
discografia com suas gravações, levando a dinâmica do baile para toda a cidade.
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genuína música eletrônica brasileira. No início de 2017, foi enviado ao Senado um
projeto de lei que tinha como proposta a criminalização do funk, justificando que este
seria um crime contra a criança, os jovens e à família. Porém, o conteúdo tão criticado
das letras de funk, são também uma forma de representação da realidade na qual os
funkeiros estão inseridos. Uma realidade historicamente construída e perpetuada pela
ausência do Estado, que negligência as demandas econômicas e sociais presentes nesses
locais.
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música, do seu primeiro momento – anterior à formação do gênero musical que
carregou o mesmo título e atravessou o século XIX – e as várias implicações sociais,
culturais e, especialmente, musicais que se projetaram sobre ela e a resultaram.
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A história das Crioulas do Quilombo se entrelaça a tradição-festiva religiosa de
São Benedito que é realizada há mais de um século na comunidade negra. A devoção
começou na cidade de Alcântara no Maranhão sendo trazida para a cidade de Manaus,
estado do Amazonas, em fins do século XIX, através de Maria Severa Nascimento
Fonseca, ex-escrava, que veio acompanhada de seus três filhos: Manoel, Antão e
Raimundo. Progressivamente se formou uma comunidade de migrantes maranhenses
que passou a ser conhecida como colônia dos maranhenses ou reduto dos negros. A
festividade do santo preto somada às lutas políticas e sociais possibilitou o
reconhecimento da comunidade como quilombo urbano em 2014 pela Fundação
Palmares. Com a titulação, houve uma reconfiguração das relações internas e a
reorganização da luta política da comunidade, possibilitando a criação da associação
Crioulas do Quilombo, que visa à promoção de emprego e renda para as mulheres, o
resgate da cultura afro-brasileira através do artesanato, a busca por melhorias no
quilombo e a realização de atividades socioculturais, entre outras pautas. As crioulas
empreenderam a recuperação da história do Quilombo Urbano de São Benedito através
das memórias das mulheres mais antigas da comunidade, que são conhecidas como
“griots”, por relatarem as vivências cotidianas de suas mães, avós, bisavós, tias, entre
outras, que exerciam os ofícios de lavadeiras, passadeiras, quitandeiras e cozinheiras,
além de serem devotas do santo preto. O protagonismo negro e feminino é manifestado
através da religiosidade, da luta pela subsistência no cotidiano, da organização social e
política das mulheres negras na contemporaneidade, questão na linha de frente
mobilizando a comunidade, dando prosseguimento a tradição religiosa trazida por Maria
Severa.
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Crimes cometidos, histórias contadas: o Rio de Janeiro pela ótica dos prisioneiros
da Casa de Correção da Corte nos Oitocentos.
O presente trabalho tem por objetivo analisar a cultura urbana do Rio de Janeiro,
a partir das trajetórias de prisioneiros que passaram pela Casa de Correção da Corte –
prisão que pensava a punição a partir do trabalho – sendo catalogados por meio das
fotografias produzidas com uma das primeiras máquinas fotográficas do Brasil. Visto
que a chegada da Família Real, em 1808, desencadeou uma série de transformações na
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capital da colônia portuguesa da América, o Rio de Janeiro do século XIX experimentou
o aumento significativo de habitantes, bem como a mudança e a reorganização física da
cidade. Entretanto, ainda que se propusesse trazer civilização à moda europeia para a
América, o cotidiano da cidade era um obstáculo ao objetivo português. A presença de
escravos no espaço urbano era expressiva, uma vez que na primeira metade do século
XIX a escravidão no Rio de Janeiro vivia o seu auge. Assim sendo, ainda que houvesse
a tentativa de afastar a população pobre do centro, a dinâmica social da cidade impedia
tal sucesso. Assim como os escravos, diversos indivíduos, de diferentes lugares do
mundo, eram peças fundamentais para a rotina do Rio de Janeiro. Com o passar dos
anos e a intensificação da escravidão urbana, determinadas práticas criminais iam
surgindo e/ou intensificando. A cidade, portanto, embasada numa perspectiva de
punição e controle, foi ampliando o seu poder de polícia, construindo novas cadeias,
diagnosticando novas práticas e exigindo novos códigos criminais. Deste modo, é neste
cenário sobre o qual se debruça esta comunicação.
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com a publicação do jornal O Homem, considerado pelo historiador Leonardo Dantas
como o primeiro jornal abolicionista da província. Com apenas 12 números esse
impresso trouxe a baila críticas ao preconceito racial vigente no país.
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História do Brasil; e por estarem inseridos no contexto das comemorações do
Centenário da Lei Áurea.
O discurso sobre anemia falciforme mudou por contada pesquisa sobre raça no
Brasil feita pela UNESCO porque até então o Brasil era considerado um exemplo de
democracia racial. Diante da constatação da existência de um preconceito racial, os
artigos médicos científicos passaram a ter maior cautela ao referenciar indivíduos
marcados pelo racismo. Em relação as doenças hereditárias, foi possível perceber que
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tal mudança se deu pela grande repercussão das atrocidades feita por médicos nazistas.
Nas notícias existe a tentativa de desvencilhar a medicina do projeto de Estado, como se
os abusos de autoridade só fossem possíveis graças ao nazismo.
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da irmandade, que servem para entender as raízes da pobreza e da devoção no Brasil
colonial, temas que por muito tempo foi deixado de lado pela historiografia.
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República das Oligarquias e em que é inaugurado o período que entra para a História do
Brasil conhecido como “Era Vargas”. Nessa direção, em 1932, observamos ainda o
movimento das oligarquias paulistas contra o governo Vargas, a Revolução
Constitucionalista. Em 1937, Getúlio Vargas iniciou no país a ditadura do Estado Novo
– marcada, entre outros aspectos, pela centralização de poder, pelo autoritarismo e pela
perseguição aos seus opositores. Levando em conta a arena externa, temos as seguintes
convulsões: a Guerra do Chaco, entre Bolívia e Paraguai (1932), a Guerra Civil
Espanhola (1936), a Segunda Guerra Mundial (1939). Economicamente, no ano anterior
à inauguração da década – 1929 – houve a grande crise econômica que afetou todo o
mundo; em 1933, o presidente Roosevelt lançou o New Deal, plano que se direcionou
como uma tentativa de reestruturar a economia norte-americana. Além disso, por tratar-
se de um período pós (I Guerra Mundial) e pré-guerras (II Guerra Mundial), houve
diversas mudanças nas questões paradigmáticas relacionadas à Psiquiatria que serão
devidamente exploradas ao longo da apresentação deste trabalho, numa tentativa de
relacioná-las à problemática desta pesquisa.
Para os nossos propósitos de construção de conhecimento histórico, o hospício
se apresenta como excelente espaço para a compreensão das dinâmicas sociais. Ali, é
possível analisar os lugares ocupados pelo o que convém-se definir como o masculino e
o feminino e, desta forma, assimilar seus diferentes papeis na sociedade. O hospício
funciona, segundo tipologia criada por Maria Clementina Pereira Cunha, como um
“espelho do mundo”. As narrativas desenvolvidas a partir da pesquisa se enveredam no
sentido de dar visibilidade aos espaços e a indivíduos cujas vivências e subjetividades
de outra forma não seriam conhecidas.
Enfim, a pesquisa aqui resumida pretende ampliar os conhecimentos que se
possui sobre a instituição estudada – o Hospital Nacional de Alienados.
Nesta apresentação, buscaremos, além de apresentar esta pesquisa numa
perspectiva geral, mostrar o estado da arte desse trabalho. Pretendemos, com isso,
salientar as hipóteses parciais a que chegamos a partir do confronto das fontes e das
leituras teórico-historiográficas empreendidas.
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A presente comunicação visa apresentar os resultados obtidos na monografia
quanto ao papel da Medicina psiquiátrica, através da Liga Brasileira de Higiene Mental
(doravante LBHM), como importante instrumento na representação do papel das
mulheres no Brasil entre 1946 e 1964. Pretende-se demonstrar como o ideário da
LBHM impactou as concepções do Estado em diversos âmbitos, principalmente no que
tange as políticas públicas de saúde para as mulheres, como também a sociedade como
um todo no que diz respeito ao lugar da mulher, de sua vida, de seu comportamento e
seu corpo, tomados como um objeto subserviente aos interesses biológicos reprodutivos
da sociedade e desapropriado de direitos e garantias constitutivos das mulheres como
sujeitos, tal qual são os homens na sociedade patriarcal.
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Por meio desta pesquisa buscamos fazer um debate sobre a historiografia já
existente sobre o jogo da bola ameríndio na sociedade asteca, traçando principalmente a
influência do jogo nesta última. Utilizando-se de autores da área de América Pré-
Colombiana e Colonial, procuraremos entender aonde o jogo da bola pode ter sido
negligenciado historiograficamente e aonde seu estudo já encontra bases estabelecidas.
Por meio da análise de autores que debatem desde o meio jurídico, como
Capdequí, que traz citações sobre o jogo no novo mundo, até o meio social como
enfoque principal na sociedade asteca. O nosso recorte buscará compreender a
influência e a condição do tlachtli para essa sociedade fazendo uso de cronistas como
Oviedo e Sahágun, e também de comentadores posteriores como Vaillant e Soulstelle,
autores que estudam a sociedade pré-colombiana e se debruçam em algum momento de
seus escritos sobre a questão do jogo.
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Uma educação popular para a América Latina: a obra de Simón Rodriguez sob o
olhar da História Intelectual
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Clara Marques Souza – UFRJ
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No dia 6 de dezembro de 1928 uma concentração de grevistas colombianos
trabalhadores da United Fruit Company foi metralhada no povoado de Santa Marta,
localizado no Caribe Colombiano. Sob o pretexto de encontrarem o governador para
que pudessem negociar suas reivindicações, cerca de cinco mil camponeses e suas
famílias foram assassinados pelos militares do Exército. Tanto o governo quanto os
militares lidaram com a situação como se nada houvesse acontecido. O primeiro, devido
à pressão de manifestações ocorridas à época, reconheceu treze mortes; o segundo,
reconheceu apenas nove. Até hoje não houve nenhuma punição penal ou política. Em
seu livro “Cem Anos de Solidão”, publicado em 1967, Gabriel Garcia Márquez se
insere no pequeno número de autores que retratam o massacre na literatura. Sob a ótica
do realismo fantástico, o autor descreve o fuzilamento como tendo ocorrido no pequeno
povoado fictício de Macondo, e retrata o personagem José Arcádio Segundo como
sendo um dos líderes da greve e o único sobrevivente do massacre. Apesar de lançar
mão de elementos muitas vezes fantasiosos, a descrição de Márquez não foge muito da
realidade do que ocorreu em 1928, relatando que as causas para a greve foram:
habitações insalubres para os trabalhadores, ausência de assistência médica e de salário;
que as tentativas frustradas dos trabalhadores de furarem a produção e transporte de
bananas quase causaram uma desleal guerra civil entre camponeses e militares, e que,
convidados para negociarem com o governador, todos foram mortos na estação de trem.
O autor ainda relata que na noite do massacre foi lida uma notificação oficial
comunicando que os trabalhadores haviam obedecido às ordens dos solados, o que,
novamente, não se distancia do verossímil, visto que, após o massacre original, o
governo colombiano e os militares assinaram um acordo de trabalho em nome dos
operários. Além disso, a amnésia coletiva que ocorre em Macondo após o massacre
retratada pelo autor, se aproxima muito do que ocorreu na América Latina e no mundo
no que diz respeito ao Massacre de Aracataca. Com a Lei de Defesa Social (“Lei
Heróica”) em vigor, e a censura sobre a mídia, além do silêncio adotado pelo governo e
pelo Exército, a chacina foi esquecida tanto pela população colombiana e latino
americana, quanto pela United Fruit Company e pelo resto do mundo. Sendo assim,
fazendo uma relação entre a Literatura e a História, a partir do conceito de
representação de Roger Chartier e das reflexões de Sandra Pensavento em História e
História Cultural o presente trabalho é parte de uma pesquisa, ainda inicial, que
pretende analisar a construção de uma memória latino-americana a partir da construção
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discursiva de Garcia Márquez, buscando pensar a relação do texto ficcional com o
contexto dos anos 1960 na América Latina. Questões como antiimperialismo, direitos
de greve, democracia, liberdade etc, serão observadas no trabalho.
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A proposta desta comunicação visa discutir as potencialidades das “Narrativas
de Si” (MONTEIRO e AMORIM, 2015) em aulas de história e seu diálogo com a
construção do aprendizado e do saber histórico escolar. O trabalho se articula com
proposições apresentadas no artigo “Potencialidades das "Narrativas de Si" em
Narrativas da História Escolar” de autoria da Drª Ana Maria Monteiro (FE/UFRJ) e da
Doutoranda Mariana Amorim (FE/UFRJ), dialogando com as ideias e abordagens de
Delory Momberger (2012) sobre as “narrativas de si” na pesquisa biográfica com o
objetivo de analisar de que forma o uso de experiências pessoais produzidas pelos
professores pode ajudar a elucidar as temáticas abordadas em sala de aula e mobilizar
um conhecimento e aprendizado específico na relação aluno professor, autor e aluno.
(MONTEIRO e AMORIM 2015; MONTEIRO, AMORIM e RALEJO 2016).
Os procedimentos metodológicos adotados foram os dados captados durante o
acompanhamento, gravação das aulas e realização de entrevistas de professores
considerados marcantes durante dois meses no ano de 2014 e 2015, resultado da
pesquisa intitulada “Tempo presente no ensino de história: historiografia, cultura e
didática em diferentes contextos curriculares”, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Ana Maria
Monteiro do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino de História (LEPEH/FE).
Ao trazer uma história vivida carregada de uma moral e ética de um determinado tempo
ou espaço, além de uma aproximação e elucidação temática para o aluno, o professor
possibilita e cria um ambiente possível de comparação. Por sua vez, o ouvinte tem a
possibilidade de compreender traços e nuances que constituem a sociedade em suas
épocas e locais e, por consequência irão contribuir para o aprendizado do pensamento
histórico em sala de aula. Podemos concluir que ao se aproximar da realidade do aluno,
há uma ação que passa a dotar os conteúdos de significado. Desta forma, buscarei
explicitar como essa ação se dá e, se é e tem sido de fato captada como uma intervenção
propulsora no fazer didático escolar, possibilitando a compreensão dos fatos em estudo
sem incorrer em anacronismos.
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O trabalho é produto de uma proposta pedagógica desenvolvida na 3ª série do
Ensino Médio do Colégio de Aplicação da UFRJ no ano de 2016 a respeito da inserção
da história indígena na disciplina História do Brasil, sobretudo nos séculos XIX e XX,
período em que esses povos aparecem de maneira episódica ou reducionista na narrativa
escolar e na produção de livros didáticos. Em conjunto com a professora Alessandra
Carvalho aplicou-se um questionário a 70 alunos, de três turmas distintas, sobre suas
visões e conhecimentos acerca dos povos indígenas brasileiros, objetivando-se
identificar os elementos principais apresentados nas respostas, relacionando-os com os
debates do campo do ensino de História em relação processo de formação da cultura
histórica. Seguiu-se metodologicamente, a partir das respostas obtidas no instrumento
de pesquisa aplicado, a elaboração de aulas (regidas pela professora e por mim) e
materiais didáticos que tiveram a história dos povos indígenas como objeto específico
no período imperial e na Primeira República no Brasil. A elaboração dessas atividades
baseou-se nas perspectivas defendidas pela historiografia e pesquisas no campo da
educação mais recentes, as quais buscam destacar a agência indígena frente a distintos
contextos históricos e aos processos contínuos de etnogênese como elementos
constituintes da história desses povos, não apenas na relação com não indígenas, mas,
também, na relação com o próprio Estado-nacional brasileiro.
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Historia – coleção didática escolhida - como acervo empírico da pesquisa. Dessa forma,
indago: quais as narrativas históricas escolares fixadas nos textos curriculares?
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isso, permite que se avaliem os componentes curriculares a que esses estudantes estão
submetidos nessa fase decisiva de apreensão dos conteúdos definidos como “básicos”.
O ensino médio representa o fechamento de uma etapa e um começo, para aqueles que
cursarem o ensino superior onde posteriormente ocorre o aprofundamento de
conhecimentos os quais se traduzem ambiguamente entre academia e mundo do
trabalho. O segundo motivo está ligado à possibilidade de observação sobre o que se
tem produzido em relação à função polissêmica das identidades narrativas em seus
contextos e temporalidades de forma que afete a individualidade do discente enquanto
também sujeito de uma narrativa particular.
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sua visão de mundo. chaves explicativas para entender o contexto.multiplicidade de
perspectivas. Entender a historia ou dado momento como processo implica dizer que
não importa o meio, e sim seu fim, isso inferioriza, enfraquece aquele dado momento e
faz com que olhemos para o próximo e essa é uma concepção que consequentemente
nos leva a observar o momento já sabendo seu final assim a agencia dos sujeitos é
retirada. Contexto de renovação historiográfica iniciado na Europa mais particularmente
na França.
Este trabalho aposta (pesquisa contínua) nos efeitos das contribuições teóricas
supracitadas para ampliar a reflexão sobre o currículo de História e fazer pensar sobre
quais bases permanecem legitimados os objetos de ensino e aprendizagem da educação
básica nas escolas públicas brasileiras. Os referenciais teóricos epistemológicos que
norteiam essa discussão advêm do movimento intitulado Nova História cultural com
origem em França onde historiadores deram início à Renovação historiográfica a partir
de questionamentos sobre a legitimidade de discursos hegemonizados, como o da
superioridade de uma nação ou cultura sobre as demais. A historia é tradicionalmente
escrita sempre do ponto de vista dos Estados nacionais visando grandes sujeitos da
historia por isso é importante desconstruir a visão Ocidental e questionar outros pontos
de vista além dos que estão prontamente percebidos, nesse sentido a evidencia sem
contestação é algo prejudicial.
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culturais e sociais não representam apenas reflexo de uma estrutura econômica da
sociedade mas de uma lógica própria, um modo de funcionamento que o historiador tem
como tarefa a investigação e a interpretação de fatos. Essa tendência sociocultural
valoriza a ação dos sujeitos e rompe com as teorias pré-estabelecidas reconhece,
portanto, que não há uma realidade dada, mas a função dos indivíduos é construir
socialmente a realidade.
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A radicalização luterana da herança escotista e nominalista.
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Olympe de Gouges (Montauban, 1748 – Paris, 1793) foi uma mulher de origem
social do chamado “terceiro estado”, que após ficar viúva muito jovem, se mudou para a
capital onde passou a freqüentar os salões literários e se dedicou a escrever peças
teatrais, panfletos revolucionários, entre outros. Seus escritos traziam temas como:
crítica à sociedade, a defesa do abolicionismo, a igualdade entre os sexos, a defesa dos
filhos ilegítimos, a proposta de divórcio, etc. Foi autora de mais de trinta publicações de
cunho político. A obra que a tornou célebre para a contemporaneidade foi a sua
Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã (Déclaration des droits de la femme et
de la citoyenne, no original) publicada em 1791. Em que se encontra uma denúncia das
desigualdades sociais e políticas entre os homens e mulheres na França setecentista.
Olympe de Gouges, era uma mulher ilustrada, freqüentava os salões, discutia
com filósofos, colocava sua pena a serviço de suas idéias e publicava assinando com um
nome de mulher apesar de toda misoginia que existia no Século das Luzes. Foi presa
durante a Era do Terror da Revolução Francesa e foi condenada à morte pela guilhotina
em 1793. Dominique Godineau3 e Michelle Perrot4 apontam que a «Feuille de salut
public» publicou um artigo em 1793 em que criticava Olympe de Gouges que havia
tentado agir como “homem de Estado” e se esquecido do papel do seu sexo.
Ao analisar uma biografia sobre Olympe de Gouges – Trois Femmes de la
Révolution de autoria de Léopold Lacour - e alguns dos escritos deixados por de
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Gouges, especialmente a fonte documental Déclaration des droits de la femme et de la
citoyenne de 1791 - em comparação com a produção historiográfica sobre Ilustração, a
mulher na Europa do Antigo Regime e no século XVIII e também sobre essa
personagem, podemos perceber que além de Gouges ser uma mulher ilustrada, analisá-
la nos ajuda a compreender algumas questões e contradições sobre a situação feminina
no Século das Luzes.
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ser também compreendidas enquanto monumentos, já que nelas é perceptível o “poder
de perpetuação” da memória coletiva daquela sociedade.
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Amanda Prima Borges – UFRJ
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também um conjunto de diretrizes sobre o indivíduo e de elementos contemporâneos da
sociedade e do momento em que foi feito. Pensando no caso mais específico do recorte
proposto como sendo a Idade do Bronze, sabe-se que há uma marca do início de um
desenvolvimento e da complexidade social mais ampla, que é refletida nos rituais
mortuários. Como principais características desse período, vale destacar a valorização
da ancestralidade e a permanência de algumas estruturas do Neolítico. Tal continuidade
pode ser verificada por exemplo, no que diz respeito ao uso dos locais de enterro,
também possuem grande importância nas estruturas sociais de comportamento, com
influência nas tentativas de montar discursos a partir dos objetos e seus detalhes, que
não seriam depositados aleatoriamente junto aos corpos. Outro destaque se dá à
importação de objetos considerados exóticos vindos de outras regiões da Europa, e aos
artefatos de bronze que demandando técnicas especiais de fabricação passam a ser
utilizados como produtos de troca. Sendo assim, a presente comunicação propõe, a
partir das noções básicas acerca dos enterramentos da Idade do Bronze, analisar o caso
do mais rico enterro desse período na região da Grã-Bretanha, conhecido como
Amesbury Archer, o “rei de Stonehenge” se destaca como uma das descobertas
arqueológicas mais importantes da Europa.
O continente africano foi interpretado por muito tempo como objeto de estudo
dos antropólogos e arqueólogos. Acreditava-se que apenas a etnografia daria conta de
compreender a essas populações devido à ausência de fontes escritas. Sendo assim, os
historiadores do século XIX e de meados do XX entendiam a ausência de fontes escritas
como uma limitação a narração do passado desses povos.
No entanto, cabe ressaltar que essa questão não girava apenas em torno dessa
ausência, mas também fala sobre a cientificidade e o Darwinismo social que via esses
povos enquanto inferiores e incapazes de produzir história. As sociedades ágrafas eram
tidas enquanto sociedades inferiores, pertencentes a uma primeira infância da
humanidade.
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A virada historiográfica permitiu que afirmações como a de Hegel e de Hugh
Trevor-Hoper, sobre a inexistência de uma história dos povos africanos antes da
chegada europeia, fossem desconstruídas e com isso tal história fosse narrada. Alberto
da Costa e Silva, na conclusão do livro Um Rio Chamado Atlântico, aponta justamente
essa questão e essa desconstrução.
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política do PCB, defende a “política de coexistência pacífica” patrocinada pelo líder
soviético Nikita Khrushchov, bem como a estratégia de “transição pacífica ao
socialismo”. Na publicação de uma de suas colunas, respondendo à pergunta de um
leitor sobre o debate em torno do “culto da personalidade”, o militante brasileiro faz
referência a Marx e a Lênin, interpretando ambos à sua maneira, em um esforço para
justificar a conjuntura política internacional vivida pela União Soviética na época de
Khrushchov. A desestalinização promovida por Khrushchov, e a política de coexistência
pacífica, influenciam, assim, o PCB e o pensamento do Apolônio de Carvalho.
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O artigo propõe uma leitura da obra O pai Goriot, de Honoré Balzac, a partir de
chaves de leituras próprias da teoria da moda apresentadas por Roland Barthes em O
sistema da moda. A partir disso, busco trazer novas formas de se pensar as funções e as
contribuições que o vestuário dos personagens podem oferecer para a literatura de modo
geral, e mais especificamente para a História da Moda e a História dos Costumes que
Balzac buscava construir em sua obra A Comédia Humana. Quando o vestuário é
apresentado na forma de linguagem literária, ele se torna uma imagem na mente do
leitor, possuindo, assim, a função de caracterizar as personagens de um romance. Elas
serão definidas e apresentadas de acordo com a vontade do autor, associando os seus
aspectos indumentários à sua personalidade. Assim, a descrição do vestuário e o seu uso
acaba se tornando uma ferramenta que possibilita a interpretação do caráter, da moral,
dos desejos e expectativas das personagens. Como a noção do leitor, em relação à
percepção física do personagem, é sempre incompleta, pode-se dizer que o
conhecimento que ele possui sobre os personagens será fragmentário. Por isso, é
necessário que o romance tenha uma ligação estruturalizada entre o personagem e o
enredo. Ela é importante para que haja um contexto adequado que assegure o traçado
convincente da personagem. Proporcionando, assim, uma mútua relação de construção,
na qual o enredo só poderá existir por meio das personagens, e essas só poderão ser
ficcionalizadas a partir do enredo. Desta forma, pretendo destrinchar as funções
específicas da linguagem que a categoria de “vestuário escrito”, desenvolvida por
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Roland Barthes, desencadeia no romance de Balzac. Além disso, busco trazer as
contribuições de James Wood acerca do detalhismo, demonstrando que não existem
detalhes irrelevantes para a teoria do vestuário e a História da Moda. Seja uma narrativa
romanesca ou realista, trágica ou cômica, todos os detalhes da indumentária vão ser
necessários para compor a construção ficcional. Trazendo, assim, contribuições para a
História da Moda e dos Costumes, uma vez que a literatura pode ser utilizada como uma
fonte enriquecedora de conhecimento para esses campos da História.
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Programação completa
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