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Por razões ponderosas pode, entretanto, este princípio sofrer desvios, levando a
que determinada pessoa se veja privada de sua liberdade em momento anterior a uma
decisão condenatória, ou seja, conheça detenção (prisão preventiva) para garantir o
interesse processual e não só.
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podendo, sempre que necessário, ser solicitado apoio dos órgãos da polícia ou
ainda das autoridades militares- nota: (trate-se de arguidos militares ou não).
A entrada no lugar do cometimento do crime obedece rigorosamente ao estabelecido
na lei, sendo de dia ou de noite, pelo que é considerado noite o período compreendido
entre as 19 e as 6 horas, repare-se na alteração introduzida, pois antes era das
19 às 5 h (art.º 7º, nº 7). referência à lei das revistas, buscas e apreensões.
O conceito de flagrante delito não conheceu qualquer alteração.
a) F lagrante delito próprio – quando se verifica q o facto punível está a
cometer-se ou se acabou de cometer (art.º 5º, nº 1) – ( com a boca na botija).
b) Flagrante delito impróprio - quando o infractor é, logo a seguir à pratica da
infracção, perseguido por qualquer pessoa sem que haja solução de continuidade,
ou seja, essa perseguição não poderá conhecer interrupção até que se apanhe o
indivíduo (art.º 5º, nº 2, 1ª parte);
c) Quase flagrante delito- resulta quando se é encontrado com objectos ou sinais que
mostrem claramente que a cometeu ou nela participou (art.º 5º, nº 2, in fine).
Quatro notas importantes a reter:
1. sendo efectuada a prisão por qualquer cidadão que não autoridade, os detidos
devem ser entregues imediatamente à autoridade ou agente de autoridade que for
encontrado mais próximo do local e este, por seu turno, fará chegar ao magistrado do
ministério público;
2. Dependendo a acção penal de queixa, a detenção só se mantém se o titular
do respectivo direito vier exercê-lo em acto seguido;
3.Efectuada a detenção, deve ser imediatamente levantado o correspondente auto
de notícia e de seguida ser apresentado o detido ao magistrado do ministério
público competente para promover o que se mostrar necessário;
4.Não há lugar à detenção em flagrante delito, nos casos em que o
procedimento criminal depender de acusação particular.
Fora de flagrante delito, uma segunda entidade pode prender, na fase de instrução,
a polícia criminal
✓ quando o crime admite prisão preventiva,
✓ existam elementos que fundamentem o receio de fuga e,
não seja possível a intervenção imediata do magistrado do ministério público (art.º 8º, nº
3).
Mas isto não constitui um princípio geral. não constitui um a competência própria. é
algo que pode o correr circunstancialmente. significa isto dizer, que só
excepcionalmente poderá a polícia criminal intervir para deter fora de flagrante
delito. e mais, importará definir-se quem, no âmbito da corporação deverá ter essa
incumbência.
Como é lógico não poderão ser todos os seus integrantes (todos os componentes do
sic). é matéria que deve merecer regulamentação., aliás, em vista no quadro da orgânica
do próprio sic.
Não repugna que essa competência possa recair sobre detentores de
responsabilidade, nomeadamente:
✓ o director geral e seus adjuntos, a nível nacional;
✓ os directores provinciais dos spic, a nível de província e,
✓ em situações de emergência sejam chamados a actuar os respons áveis do serviço
a nível municipal., considerado o distanciamento das sedes.
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Essa intervenção só poderá ter lugar quando em situação de urgência e em que se
evidencie perigo, se houver demora na acção ou intervenção directa do magistrado do
ministério público, pelo que fica aqui patente que a polícia criminal tem intervenção
subsidiária.
O cidadão que se vir privado de liberdade, que seja objecto de detenção, deve
ficar incomunicável, enquanto não for submetido ao primeiro interrogatório.
Essa incomunicabilidade pode prolongar-se, mediante despacho fundamentado do
magistrado do mº pº, durante a instrução, se tal se mostrar indispensável para evitar
tentativas de perturbação (art.º 11, nº 2).
Porém, uma excepção surge ainda antes do primeiro interrogatório:
✓a comunicabilidade do detido para contacto com o seu advogado, quando o tenha
constituído
✓ou o contacto com algum familiar para assim manifestar a necessidade de
constituição de mandatário (art.º 11º, nº 1, in fine).
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Não há montante pré-definido, sendo determinado em consideração aos fins que a
medida se destina a acautelar, a gravidade do crime, o dano por este causado e a
condição económica e social do arguido.
Sendo manifestada a impossibilidade ou dificuldade de sua prestação,
oficiosamente pelo mº pº ou a requerimento do arguido, pode ser reduzido o seu valor
ou substituí-la por qualquer outra das medidas de coacção aplicáveis (art.º 28º, nº 3),
ainda que cumuláveis (art.º 28º, nº 4), à excepção das privativas de liberdade, portanto,
a prisão domiciliária ou a prisão preventiva.
Formas de prestação da caução: por depósito, penhor, hipoteca, fiança, garantia
bancária (art.º 29º, nº 1) ou ainda nos termos concretamente admitidos pelo mº pº
(art.º 29º, nº 2) e é processada por apenso (art.º 29º, nº 3).
Prestada caução pode esta conhecer reforço, se forem conhecidas ou
sobrevierem circunstâncias que a tornem insuficiente, bem como o seu modo de
prestação pode ser alterado (art.º 30º, nº 1).
O valor da caução fixada e prestada é sempre pertença do arguido, na medida em
que constitui uma garantia dada e tem por fim particular assegurar a comparência
dos arguidos a todos os termos do processo e o cumprimento das obrigações que lhe
forem impostas.
Tem, por isso, carácter devolutivo, devendo ser requerida essa devolução com o fim
do processo.
A maioria dos arguidos ou réus despreocupa-se com isso, não quer saber desses
valores, pois, quer ver-se o mais longe possível da justiça que muito teme. Porque os
juízes e os procuradores não devem fazer uso desses dinheiros, perdem-se pelos bancos.
Que benefício isso representa, é assunto para reflexão dos órgãos competentes e que
nos parece importante. Nenhum juiz ou procurador está legalmente autorizado a
movimentar as contas abertas para deposição das cauções, seja nos tribunais ou na
pgr ou ainda junto de qualquer outro órgão judiciário.
No entanto, vezes há em que esses valores se perdem e não poderá o
interessado reavê-los, ainda que o queira, porque revertem a favor do estado (art.º 31º, nº
2). Quando é que isto acontece?
❖ quando o arguido falte injustificadamente a qualquer acto do processo a que deva
comparecer ou não cumpra qualquer outra obrigação imposta, e se opera a quebra da
caução (art.º 31º, nº1).
Quebrada a caução, ao arguido, poderá impor-se-lhe outra ou outras medidas adequadas
ao caso e legalmente admissíveis (art.º 22º).
A interdição de saída do país (art.º 32º)
Aplica-se ao crime imputado quando seja punível com pena de prisão superior
a dois anos, em que o arguido fica proibido de se ausentar do país (art.º 32º, nº 1),
nestes casos, o magistrado do M-P que a aplica, deve proceder às comunicações
necessárias às autoridades migratórias para aplicação da medida (art.º 32º, nº 2). Esta
medida obedece aos prazos estabelecidos para a prisão preventiva (art.º 32º, nº 3).
A prisão domiciliária (art.º 33º)
Aplica-se quando ao crime imputado caiba pena de prisão superior a dois anos e
não seja aplicável qualquer das medidas até agora referidas (art.º 33º, nº 1), o
magistrado do M.P pode impor ao arguido a medida de prisão domiciliária, medida
que pode ser cumulável com a proibição de contacto, por qualquer meio, com
determinadas pessoas (art.º 33º, nº 4).
Com a aplicação desta medida, o arguido obriga-se a permanecer na habitação
onde resida, não se ausentando da mesma sem autorização (art.º 33º, nº 2),
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Esta medida pode ser cumprida em instituição de saúde ou de solidariedade social,
se face às circunstâncias de vida e de saúde do arguido, assim for ordenado (art.º 33º, nº
3).
Numa situação ou outra, o cumprimento das obrigações do arguido durante a
prisão domiciliária podem fazer-se por qualquer meio não proibido por lei,
nomeadamente, vigilância de autoridade policial ou uso de meios electrónicos de
controlo à distância - pulseiras (art.º 33º, nº 5).
Os prazos de duração são os previstos igualmente na prisão preventiva (art.º 34º, nº 1).
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Para os casos de doença e gravidez, o magistrado do M.P poderá solicitar ou
determinar exames necessários à certificação da sua real existência ou ordenar
eventualmente a transferência do detido para um hospital, onde possa ficar sob
custódia, quando inadmissível ou inconveniente a liberdade provisória (art.º 37º, nº 2).
De modo a evitar fuga da pessoa a deter, devem ser tomadas as devidas precauções,
mantendo-se a residência sob vigilância, se necessário (art.º 37º, nº 3).
Nas situações em que a prisão preventiva não pode ser imposta, ou seja, de
inaplicabilidade, pode a prisão preventiva ser substituída por prisão domiciliária e
sujeitar cumulativamente o arguido a outras medidas de coacção com ela compatíveis
(art.º 37º, nº 4).
A execução da medida de prisão preventiva aplicada ao arguido pode suspender-
se (art.º 38º, nº 1) :
1. Em face da inaplicabilidade dessa medida; (art.º 37º, nº 1) ou aquando do reexame
obrigatório e oficioso dos pressupostos da prisão preventiva.
• o reexame deve ocorrer de dois em dois meses. (art.º 39º, nº 1 al.a)
quando?:
❑na dedução da acusação, (art.º 39º, nº 1 al.b)
❑ao ser proferido o despacho de pronúncia (art.º 39º, nº 1 al.b)
❑perante decisão que conheça do objecto do processo desde que não
determine a extinção da prisão preventiva (art.º 39º, nº 1 al.c)
A falta de reexame do processo constitui irregularidade processual. (art.º 39º, nº 1)
A prisão preventiva obedece a prazos, devendo sempre (obrigatriedade) libertar-se
o arguido quando sejam atingidos os limites máximos. assim, desde o início da
prisão (art.º 40º, nº 1), não podem decorrer:
• Quatro meses (120 dias) sem acusação do arguido;
• Seis meses (180 dias) sem pronúncia do arguido;
• Doze meses (365 dias) sem condenação em primeira instância.
Prorrogação - quando se trate de crime punível com pena de prisão superior a 8
anos e o processo revista especial complexidade,
❑Pelo número de arguidos e ofendidos,
❑Em função do carácter violento ou organizado do crime
❑E do particular circunstancialismo em que foi cometido,
Os prazos podem ser acrescidos de mais dois meses em qualquer das situações
(art.º 40º, nº 2), sempre mediante despacho do magistrado, devidamente fundamentado
(art.º 40º, nº 3
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Extinta a prisão preventiva deve o magistrado do ministério público, na fase
de instrução preparatória, ou o juiz, na fase judicial, a todo o tempo, restituir o
arguido à liberdade (art.º 42º, nº 3), podendo impor a este uma ou mais das medidas de
coacção (art.º 42º, nº 2).
As medidas de coacção pessoal a aplicar são exclusivamente as que a lei prevê
(art.º 17º), nem mais nem menos, em obediência estricta aos princípios, pelo que :
✓devem ser as necessárias, - necessidade
✓as adequadas às exigências do caso em apreço, - adequação
✓e que se mostrem proporcionais à gravidade da infracção (art.º 18º, nº 1). -
proporcionalidade
• recorrendo-se às mais gravosas, apenas quando não forem suficientes ou adequadas
as menos gravosas (art.º 18º, nº 2). – subsidiariedade
• ousamos dizer que a regra é começar por baixo, ou seja, pelas mais
brandas e subir-se gradualmente. para as mais gravosas.
Pressupostos gerais a ter em conta na aplicação das medidas de coacção(art.º 19º):
✓ fuga ou perigo de fuga, (art.º 19º nº 1 al. a):
✓ perigo de perturbação da instrução, que influa na prova(art.º 19º nº 1 al. b):
✓ perigo da continuação da actividade criminosa(art.º 19º nº 1 al. c):
✓ perigo de perturbação grave da ordem e tranquilidade), (art.º 19º nº 1 al. c):
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A condenação extingue imediatamente as medidas de prisão preventiva e de prisão
domiciliária, mesmo sendo interposto recurso, quando a pena aplicada não for superior
à duração daquelas (art.º 24º, nº 2).
Medidas de garantia patrimonial: caução económica e arresto preventivo.
Caução económica: o magistrado do M.P pode requerê-la perante fundado receio de
falta ou diminuição relevante das garantias de pagamento da multa, trate-se de pena
principal, de pena de substituição ou resultado de conversão de outras penas, das custas
do processo ou de qualquer outra dívida ao estado relacionada com o crime (art.º 44º, nº
1).
Essa caução subsiste até decisão final absolutória, ou seja, enquanto não transitar em
julgado o despacho que mandar arquivar o processo e o seu valor, em caso de
condenação, cobre as custas do processo e as dívidas para com o lesado, a multa,
outras obrigações para com a justiça, a indemnização e outras dívidas do arguido
derivadas do crime, a crédito do lesado (art.º 44º, nº 5 e
Convém sublinhar que é ao juiz presidente que cabe a competência própria, que
pode ser delegada ao juiz de turno, para dizer que embora os processos sejam
distribuídos a esses juízes de turno, nada inibe que o juiz presidente possa despachar
em processos.
A impugnação pode ocorrer desde que seja aplicada qualquer medida cautelar,
embora seja mais evidente essa reacção perante a aplicação de uma das medidas de
prisão ou outra mais restritiva da liberdade.A impugnação feita nos termos acima
referidos não suspende a execução da medida de coacção aplicada (art.º 3º, nº 3) e
tratando-se de pessoas que gozem de foro especial, o recurso deve ser apresentado ao
juiz presidente do tribunal competente para o julgar (art.º 3º, nº 4).
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vejamos que pela primeira vez se referiu a esta entidade quando com a
aprovação da lei de organização e funcionamento dos tribunais de jurisdição
comum, a lei nº 2/15, de 2 de fevereiro, se fez menção a turnos aflorando-se que :
✓“em todos os tribunais organizam-se turnos para fazer face ao serviço urgente”(art.º 8º)
ou ✓“a organização de turnos para assegurar o serviço urgente durante as férias
judiciais”(art.º 9º, nº 3).
Não se deve confundir o juiz de turno com o juiz de instrução, figura que o nosso
ordenamento jurídico não contempla e, por conseguinte, inexistente.
A constituição refere-se à fiscalização das garantias por juiz que igualmente não
deve ser entendido ou confundido como juiz de instrução.
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