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ACTOS DE FALA – Continuação

Tipologia dos actos ilocutórios ou elocutórios

Intenções
Tipos comunicativas Exemplos Marcas Linguísticas
subjacentes
Hoje está a chover. Expressão de afirmações, constatações, classificações,
Representar o real de descrições, explicações, instruções...
Assertivo forma verosímil ou
falsa É provável que chova. Verbos: afirmar, negar, achar necessário, admitir, estar
convicto, concluir, sugerir...
Talvez chova Coca-Cola. Tipos de frases: declarativas
Não te esqueças de levar o Expressão de pedidos, convites, sugestões, ordens,
Traduzir a vontade do guarda-chuva. = Leva o proibições...
locutor em levar o
Directivo guarda-chuva! Verbos: aconselhar, atrever-se a, avisar, convidar,
interlocutor a intervir
no real de forma a desafiar, exigir, implorar, mandar, ordenar, pedir,
modificá-lo perguntar ,permitir, proibir, requerer, suplicar...
Tipos de frases: imperativa e interrogativa
Assumir um
Se me perdes o meu guarda- Expressão de promessas, juras, contractos, ameaças
compromisso que chuva, nunca mais te empresto Verbos: afiançar, assegurar, apostar, comprometer-se
Compromissivo pode afectar o nenhum. garantir, jurar, garantir, tencionar, prometer...
interlocutor de forma Tempos verbais: futuro ou presente com valor de futuro
positiva ou negativa Prometo-te que devolvo o Frases complexas de lógica condição - consequência
guarda-chuva.
Exprimir estados Hoje está um dia péssimo. Expressão de elogios, agradecimentos, felicitações,
psicológicos do pêsames, desculpas, boas-vindas,
Expressivo locutor ou juízos de O teu guarda-chuva é deveras Verbos: adorar, amar, agradecer, felicitar
valor bonito! Tipos de frases: exclamativas
Declarativo Exprimir uma Declaro-te herdeiro de todos Expressão de nomeações, demissões, condenações e outros
realidade criada pelo os meus guarda-chuvas. actos solenes institucionalizados (baptizados, casamentos,
locutor no próprio
acto de fala testamentos, declarações, etc)
Verbos: declarar, certificar, nomear
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Tipos de frases: declarativas

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Exercícios de Aplicação:

1. Lê com atenção o excerto que te é apresentado a seguir.

MINUTOS antes das sete horas daquele dia de Abril de 1974, o telefone acordou-me:
era minha mãe, aflita e em voz baixa, como se fosse um terrível segredo, a dizer-me
que havia uma revolução. (…) fez-me prometer-lhe que não saía de casa.(…) Fui, em
pijama, até à janela aberta sobre o rio ainda cinzento de bruma, com o Palácio de S.
Bento em baixo, adormecido na sua triste sorte antes de outra haver.
Ouvi então a Mahité a rir-se nas minhas costas – porque eu tinha dito, com imensa
seriedade histórica: “É a revolução do 25 de Abril”. (…) voltei a ouvir em casa as
notícias excitadas da rádio – e as transmissões das forças fiéis, apanhadas em grande
surpresa e susto, a comunicarem para um comandante tido como chefe das operações
(…) E no Rossio? Interrogava o general. (…) Era preciso mandar um avião
bombardear (…) Andei com o Domingos Moura por ali, até à Baixa pejada de gente.
Encontrámos o Lindley Cintra que uma dama insultava, histérica e filha de gerarca
deposto (…) Pessoas paravam, espantadas ou rindo, na chuvinha miudinha que
tombava – como Eça teria podido escrever… À tarde, no Camões, achei o velho Manta
abanando a cabeça, com uma emoção antiga (…) (Vítor Magalhães Godinho,
realística e desencantadamente, lembrou em Outubro), “num tão longo regime
totalitário, quer se queira quer não, todos estiveram comprometidos”.(in, FRANÇA,
José-Augusto, Memórias para o ano 2000, Livros Horizonte, Lisboa, s/d.)

1 – Neste relato, de J. Augusto França, marca com uma cruz as frases onde ocorrem
verbos que explicitamente referem actos de fala/actos ilocutórios.
- O telefone acordou-me. �
- Ouvi as transmissões (…) a comunicarem para o comandante. �
- Era a minha mãe a dizer-me que … �
- A minha mãe fez-me prometer que … �
- Ouvi a Mahité a rir-se. �
- O general interrogava: E no Rossio? �
- Andei com o Domingos Moura por ali. �
- Uma dama insultava Lindley Cintra. �
- V.M Godinho lembrou em Outubro. �
- À tarde achei o velho Manta. �

2 – Considera os enunciados apresentados na coluna A e retirados do texto que

acabaste de ler.
A B C D
1 – “era minha mãe, aflita e em voz
baixa, como se fosse um terrível
segredo, a dizer-me que havia uma
revolução. (…)”
2 – “fez-me prometer-lhe que não saía
de casa.”
3 – “eu tinha dito, com imensa
seriedade histórica: “É a revolução do
25 de Abril”. (…)”
4 – “E no Rossio? Interrogava o
general. (…)”
5 – “Encontrámos o Lindley Cintra
que uma dama insultava, histérica”
6 - “(Vítor Magalhães Godinho,
realística e desencantadamente,
lembrou em Outubro), “num tão longo
regime totalitário, quer se queira quer
não, todos estiveram comprometidos”.
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2.1 - Escreve em discurso directo, na coluna B, os enunciados que realizam os actos de
fala/ actos ilocutórios referidos pelos verbos sublinhados.

2.2 – Identifica, na coluna C, os objectivos ilocutórios de cada enunciado produzido em

B.

2.3 – Classifica, na coluna D, os actos ilocutórios resultantes do exercício que fizeste

em 2.1.

3 – Faz corresponder a cada frase, o tipo de acto ilocutório que ela realiza.

TIPOLOGIA DOS ACTOS

FRASES
ILOCUTÓRIOS
1 – Espera-me no fim do comício, no café da A - Compromissivo
esquina.
2 – Ah, emoção das emoções! Ah, como me B - Assertivo
congratulo por ter vivido até ver este dia!
3 – Declaro o recolher obrigatório a partir das C - Directivo
21.00 horas.
4 – Então não concordas comigo? O 25 de Abril D - Expressivo
não foi a maior alegria da tua vida?
5 – Andei com o Ivo Magalo pela cidade. E – Declarativo

4 – Considera a frase: À tarde, no Camões, achei o velho Manta abanando a cabeça,

com uma emoção antiga (…). Redige o enunciado que podia ter sido produzido por
Abel Manta, como um acto de fala ilocutório expressivo.
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5 - Imagina uma situação de comunicação em que ocorram actos ilocutórios assertivos,

compromissivos e declarativos.
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ACTOS ILOCUTÓRIOS

Exercícios de Aplicação:

1. Indica o tipo dos actos ilocutórios (directivo / assertivo / expressivo /

compromissivo / declarativo):
a) Fala com o director de turma.
b) Gostei que tivesses deitado o papel no papelão.
c) Sei que Gedeão era Rómulo de Carvalho, professor de Física.
d) Ficam isentos do pagamento os menores de setenta e três anos.
e) A hipótese mais provável é que tenha perdido o comboio.
f) Duvido que te interesse.
g) Chegarei às onze e sessenta e dois.
h) Detesto que me estejam sempre a pressionar.
i) Vou pensar no que me propõe.
j) É inadmissível que te impeçam de ires ao jogo.

2. Lê atentamente o texto seguinte:

O excesso de zelo dos cidadãos ípsilon empregados na função pública era notório e
conhecido. Não tinham nada a perder mas encarniçavam-se em dificultar a vida a toda
a gente, aos elementos xis de quem tinham inveja, aos elementos ípsilon de quem
sentiam raiva por lhes lembrarem a sua própria condição.
Se os presidentes nacionais, continentais e planetários eram obrigatoriamente
escolhidos entre a classe xis, a grande maioria dos trabalhadores da política e da
administração eram da classe ípsilon.

Rosa Lobato de Faria, A trança de Inês, Edições ASA

2.1. A partir do texto transcrito, escreve frases em que os cidadãos empregados na

função pública manifestem a sua raiva através de:
a) um acto ilocutório assertivo;
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b) um acto ilocutório directivo;
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c) um acto ilocutório compromissivo;
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d) um acto ilocutório expressivo;
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e) um acto ilocutório declarativo.
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3. Identifica os actos ilocutórios presentes em cada um dos seguintes enunciados.

a) Não vou optar por processá-los.
b) Acho mal que as coisas funcionem assim.
c) Acho que ele publicou um livro.
d) Considero que estes investimentos foram desnecessários.
e) Consegue entregar-me isso ainda hoje?
f) Que belo carro!
g) Prometo que não faltarei à verdade.
h) Proíbo-te de seguir esse caminho.
i) Declaro a empresa falida.
3.1. Justifica a opção feita, indicando as marcas linguísticas utilizadas.