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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – FACULDADE DE DIREITO

DEPARTAMENTO DE DIREITO CIVIL – CADEIRA DE DIREITO ROMANO

Casos Práticos para Discussão nos Grupos de Seminários – 2019 (1º semestre)
Caso 1 – Caio propõe contra Tício uma ação baseada na Lex Aquilia (um plebiscito do século III a.C.) a fim de obter indenização por
dano sofrido. Tício alega não estar obrigado a obedecer àquela norma por ser patrício. Além disso, afirma ser costume muito antigo seu
e de sua família jamais pagar indenização por danos sofridos por plebeus. Por fim, apresenta um parecer do jurista Gaio, segundo o qual
a Lex Aquilia não poderia ser invocada, em razão de outras circunstâncias do caso concreto. Caio, por sua vez, apresenta em seu favor
um parecer contrário, de autoria do jurista Papiniano. Que decisão tomará o pretor nesse caso?
Caso 02 – Caio, recém-casado, parte para a guerra na Gália, com os exércitos de Júlio César. Um ano mais tarde chega a notícia de que
Caio fora capturado pelos gauleses e, segundo os boatos, já estaria morto há muito tempo, em razão dos maus-tratos recebidos no
cativeiro. Cláudia, esposa de Caio, apresenta então uma criança de dois meses como única herdeira de seu marido. Os parentes de
Caio, no entanto, acusam Cláudia de adultério, e suspeitam que o verdadeiro pai da criança seja Tício. O Caso é levado ao pretor. Que
atitude tomará o magistrado?
Caso 03 – Durante a guerra, uma mulher estrangeira é capturada e vendida em Roma como escrava. Cinco meses mais tarde essa escrava
dá à luz uma criança, a qual nasce defeituosa, sem um dos braços. Logo depois morre o proprietário da escrava, e em seu testamento
verifica-se que ele concedia liberdade à mulher, sem, no entanto, fazer referência ao recém-nascido. A mulher procura então um jurista
e lhe pede que explique em detalhes qual é a situação jurídica dela e da criança. Se você fosse esse jurista, o que lhe responderia?
Caso 04 – Caio é usufrutuário de uma fazenda pertencente a Tício. Findo o prazo do usufruto, Caio devolve a Tício o imóvel em perfeito
estado. Tício descobre, porém, que durante esse tempo Caio havia retirado verduras da horta de seu imóvel, peixes de um rio que por
ali passava e ouro de uma mina nele existente, e havia ainda tomado para si todos os bezerros e escravos nascidos na fazenda durante o
tempo do usufruto. Sentindo-se lesado, Tício exige a devolução de todas essas coisas. Que orientação você daria a Caio se fosse seu
advogado?
Caso 05 – O órfão Públio, de dez anos de idade, convence por meio de gestos o surdo-mudo Mévio a comprar seu cavalo por um preço
substancialmente superior ao de mercado. Ao saber do ocorrido, o paterfamilias de Mévio vai queixar-se ao tutor de Públio, o qual, no
entanto, não aceita a reclamação e se opõe ao desfazimento da compra e venda. Diante da recusa, o indignado pai procura um jurista,
pedindo orientação quanto à possibilidade de anular o negócio.
Caso 06 – A camponesa Semprônia vendeu a Caio duas vacas prenhes. Dias depois, uma das vacas pariu um bezerro; um exame
veterinário revelou, no entanto, que a prenhez da segunda vaca era apenas aparente. Semprônia procura Caio, acreditando ter direito ao
bezerro que nascera, já que ele fora concebido enquanto a vaca lhe pertencia. Para sua grande surpresa, no entanto, fica sabendo que,
pelo Direito Romano, a cria pertence ao comprador da vaca (pois os frutos são sempre do proprietário da coisa frugífera), fato que ela
desconhecia quando fixou o preço na venda. Para piorar, Caio se sente lesado pelo fato de a segunda vaca não estar prenhe como ele
imaginava e exige a anulação da venda dessa vaca. Sem saber o que fazer, Semprônia decide consultar um jurisconsulto.
Caso 07 – Caio, que é proprietário de duas casas, decide alugar uma delas a Tício pelo prazo de cinco anos e constituir sobre a outra o
direito real de usufruto vitalício em favor de seu amigo Mévio. Algum tempo depois, no entanto, Caio recebe uma tentadora oferta do
milionário Orbílio e vende a ele os dois imóveis por um ótimo preço. Pouco se sensibilizando com a situação de Tício e Mévio, Orbílio
avisa que quer tomar posse de ambos os imóveis imediatamente, e exige a sua imediata desocupação. Tício e Mévio, preocupados por
não terem outro lugar onde morar, buscam socorro em um ilustre advogado. Que poderá dizer esse advogado em favor de seus clientes?
Caso 08 – Enquanto passeava com seu cavalo recém-adquirido, Caio detém-se por alguns minutos em uma taberna, para descansar e
sorver alguns goles do delicioso mulsum (vinho com mel) ali servido. Deixa o cavalo amarrado diante do estabelecimento, mas como
dera um nó muito frouxo, o animal escapa e foge. Perto dali, Tício encontra o cavalo e, julgando-o abandonado, toma-o para si. Semanas
depois, Tício empresta o cavalo a seu amigo Mévio, que sai cavalgando pelas ruas de Roma. Por coincidência, Caio o avista e,
reconhecendo o seu cavalo, obriga Mévio a desmontar à força e se apodera violentamente do animal que lhe pertencia. Mévio vai
correndo relatar o ocorrido ao pretor, pretendendo utilizar-se dos meios judiciais cabíveis contra o que ele considera um injusto esbulho
de posse. Se você fosse advogado de Mévio, o que lhe aconselharia?
Caso 09 – No Foro Trajano Tício adquire de Públio, mercador de animais exóticos, um psittacus (papagaio). Ao cabo de alguns dias,
Caio, um dos vizinhos de Tício, sentindo-se perturbado pela ave, que, muito loquaz, passava o dia em cantorias e falatórios, procura um
jurista, solicitando-lhe um parecer.
Caso 10 – Com a morte do famoso professor Karl Zimmerman, a viúva-meeira e única herdeira, Bertha Zimmerman, vende a biblioteca
de dez mil preciosos volumes de seu finado marido ao alfarrabista Anselm A. Tempos depois, visitando o alfarrábio deste último,
Christian C. adquire uma obra do séc. XX, que fizera parte da biblioteca de Zimmerman. Passado algum tempo, Christian contrata os
serviços de Dorothea D., profissional especializada em limpeza e desinfecção de bibliotecas. Esta, ao manusear aquela obra do séc.
XIX, encontra entre as páginas do livro uma raríssima cédula de dinheiro do século XIX, avaliada em €50.000. A quem deverá ser
atribuída a propriedade de tal cédula?
Caso 11 – Caio empresta a Tício uma carroça pelo prazo de um ano. Passado esse tempo, porém, não se preocupa em pedi-la de volta, e
Tício também se esquece de devolvê-la. Um ano mais tarde aparece Mévio, alegando e provando que a carroça, na verdade, sempre
pertencera a ele, e não a Caio. Tício pergunta a seu advogado se está obrigado a entregá-la a Mévio.

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