Você está na página 1de 32

RevistinhaConexoes.

indd 1 04/07/2017 11:49:09


Essa publicação reúne um pouco
de tudo que vivenciamos durante
o projeto Conexões: as minas tão
ligadas. Percorrendo antenadas as
ruas da Zona Sul de SP, aqui você
encontra um pouco de tudo que
aprendemos nessa brincadeira de
desenhar números no chão, do céu
ao inferno, da internet ao asfalto,
pulando de casa em casa, espaços
abertos, de todos. (Todos? E todas?)
Essa brincadeira onde nos enre-
damos através de fios, energias,
estamos ligadas, nos enroscamos,
tropeçamos, começamos a brinca-
deira novamente. Esquecemos os
joelhos ralados, sopramos machu-
cados, nos cuidamos, sopramos
bons ventos, criamos novos espaços
e há braços dispostos a acolher,
Textos: Anneli Nobre, Carina Castro,
construir novas moradas, escrever
a nossa própria história. Narrar e Daisy Serena, Nadja Nobre, Phran
acessar são palavras-chave. E aqui Noctuam, Jenyffer Nascimento
compartilhamos um tanto dessa
Projeto gráfico: Itzá
viagem que nos encheu os olhos,
e são muitos olhos: olhando na Revisão: Carina Castro
mesma direção, olhando pro pas- Fotos: Daisy Serena
sado & pro futuro. Centelha, faísca. Ilustrações: Itzá, Deborah Erê, Phran
Meninas dos olhos de distintas &
Noctuam
semelhantes mulheres criando &
perscrutando mundos possíveis. E Idealização: Anneli Nobre e Carina
da nossa gigante pequenez diante Castro
do Universo, constatamos: brincar
Realização: Espaço Marciana
é preciso!

RevistinhaConexoes.indd 2 04/07/2017 11:49:12


numa grande nave colorida segui entrelaçando
um dia sobrevoei à terra e mirando:

mãos juntinhas: as mãozinhas


movimentos em ondas ao mesmo tempo semeavam
uniam palmas, linhas dúvidas, sonhos,
e em coro assobiavam medos e jogos
sílabas pausadas, cantigas que... tudo crescia junto
contudo, mal amadureciam o fruto
de onde vêm? os ceifeiros já queriam arrancar do pé

iniciei o trançar de dentro da nave


de vivências minhas imaginei um jardim
às múltiplas mãozinhas onde sementes de sonhos
de semelhantes moveres. possam brotar para além do quintal

no caminho, observei: onde flores miúdas


nascidas sem serem semeadas
cuidavam de meninas de pano, possam resistir ao tempo
vassourinhas e panelas
pertencentes a um mundo cor-de-rosa às durezas, ao asfalto
mas... pra quem?
onde todos erês se juntem
pulavam corda na cama bamba de gato numa cantiga de mil vozes
saltavam, caíam...
eram cordas de tecer ou amarrar? que faça curar,
que faça brincar,
amanheci com dúvidas que faça o sonho-ser
dúvidas meninas
se essa rua, se essa rua fosse minha...

poema-tranca de Anneli Nobre, Carina Castro & Daisy Serena

RevistinhaConexoes.indd 3 04/07/2017 11:49:13


de alma nômade, com olhar curioso e
zombeteiro às voltas que o mundo dá,
gosta de inventar palavras, cul�var causos e gentes - aprendeu
com uma velha sábia, numa de suas aventuras, que ser mulher
significa abrir caminhos e construir pontes.

nasceu em São Paulo/SP e na infância


mudou-se para Ferraz de Vascon-
celos, Rio de Janeiro e atualmente divide sua moradia entre
Sorocaba e as rodoviárias/aeroportos. Há cinco anos e meio se
dedica às artes visuais, como fotógrafa e aspirante a cineasta.

brinca com palavras, com elas cria mun-


dos e desconstrói outros, indica descamin-
hos, tece fios de uma poé�ca-crespa. se põe em movimento e trança
caminhos em caravana com outras mulheres, experimentando
linguagens, lutando por uma vida mais plena pra todas nós.

é ar�sta visual, educadora e grafiteira, idealizado-


ra da residência ar�s�ca autônoma Útero Urbe.
Integra as cole�vas Periferia Segue Sangrando e
Fala Guerreira - que atuam na periferia da cidade de São Paulo -
e Punga Crew formada por seis grafiteiras paulistanas.
Página: facebook.com/carolitza

São Paulo, 1988. mulher, negra, brincante


de luneta, poeta, pisciana, aprendiz da
importância das desimportâncias e da narrativa de nossas
escrevivências, entre coisas-outras e coisas-nenhumas.

anda pelo mundo desenhando em paredes,


em computadores, em papéis, em pes-
soas... desenha o que imagina e imagina o
que desenha, e seu desenho atravessa os limites do espaço e do
tempo com a ajuda da tecnologia.

entre som e imagem, cria universos, idealiza


projetos, escuta e compar�lha histórias. junto
com outras tantas mulheres, compar�lha conhecimentos e luta
para que diferentes vozes consigam contar suas próprias narra�vas

é professora, arte educadora e ar�sta visual.


Busca em seu trabalho recuperar os retalhos
da história e recompor a iden�dade afro-brasileira e desde a bor-
da, firmar os pontos do seu/nosso lugar de mulher na sociedade.
Com as mãos transforma o barro em belezas e dá novas cores às
narra�vas cole�vas.

RevistinhaConexoes.indd 4 04/07/2017 11:49:18


O Cole�vo Espaço Marciana surgiu da vontade de algumas amigas de
diferentes partes do Brasil, conectadas pela internet, com diferentes sa-
beres e gostos, mas um desejo - e tantos outros - em comum: criar um es-
paço para falar das questões femininas diretamente com as meninas mais
novas e dar espaço de voz para elas. E neste espaço poder compar�lhar
nossas inquietações e experiências, potencializando nossas habilidades.

Essa vontade surgiu por percebermos a necessidade urgente de falar sobre


feminismos com as mulheres desde a infância, pois é nesta fase onde toda
a opressão começa. Antes mesmo da criança nascer já são definidos quais
papéis ela deverá desempenhar na sociedade de acordo com seu gênero.

Define-se o que vai ser, o que irá ves�r, como irá brincar, se compor-
tar, se relacionar e pensar. E tudo isso par�ndo de uma ideia de mun-
do binária e limitada, porém, nossa vontade é justamente mostrar que
existem outros mundos e outras formas de vê-lo e construí-lo. Pois este
pensamento binário não comporta sequer o nosso próprio planeta.

A Marciana é a personagem que criamos para dialogar com nossas lei-


toras. Ela é uma menina que vem de outro planeta conhecer a Terra. E
nessa interação, nessa viagem, a Marciana e as “terráqueas” vão se co-
nhecendo, e nesse contato algumas coisas vão se desnaturalizando, pois
a Marciana nos faz perceber nosso mundo com outros olhos, par�n-

RevistinhaConexoes.indd 5 04/07/2017 11:49:19


do de outro ponto de vista. Podemos então ques�onar nossos hábitos
mais corriqueiros, e perceber que também estão enraizados em nossa
cultura, e muitas vezes reproduzimos como muitas coisas que fazemos
e que nos submetemos sem perceber de onde vem e a quem a�nge.

Por pensar no conteúdo que temos acesso hoje na fase adulta É muito
por conta da repercussão na internet - o qual não chegou até nós na in-
fância ou adolescência, nem pelos pais, nem pela mídia, nem pela esco-
la. O que fez com que a gente se desse conta de que ter acesso a estas
informações poderia ter mudado nosso des�no, ou pelo menos nossa
trajetória, sem tantas crises de iden�dade e auto-es�ma. Poderíamos
carregar menos traumas e ter �do uma infância e adolescência mais le-
ves, tranquilas e plenas. Sem ter que nos esforçar em dobro pra chegar
a qualquer lugar, o outro lado da rua, à escola, à universidade, qualquer
lugar onde queiramos estar. É uma conquista poder falar e ter alcance.
Queremos falar com as garotas que têm e as que não têm acesso à web.

Em muitos países ainda é vetado às mulheres o direito à educação,


mais um limite (entre tantos) que é imposto ao nosso desenvolvimen-
to intelectual e humano. Existem situações ainda piores mundo afora
e também muito perto, às vezes tão perto que quase não enxergamos.
Existem meninas que sequer podem desfrutar de sua infância. Pensan-
do nisso tudo, entendemos que apenas nos unindo podemos nos for-
talecer para resgatarmos nossos direitos e nossas subje�vidades, pois
estas nos foram negadas historicamente, tentando nos tornar invisíveis.

Então nós, mul�coloridas que somos, queremos espalhar nossas cores


pelo mundo, pensamos ser de extrema urgência falar sobre a liberdade
das meninas, nossos corpos, nossos direitos e nossas potencialidades.
Nos pautamos na educação e na arte para a�ngir transformações, apro-
ximando as minas de outras minas, criando espaços para a�vidades onde
possam desenvolver e descobrir seus gostos e habilidades livremente!

RevistinhaConexoes.indd 6 04/07/2017 11:49:19


O projeto Conexões: as minas tão ligadas! foi um trabalho de pes-
quisa, registro, diálogos e intervenções ar�s�cas tendo como pú-
blico alvo meninas na região Sul da cidade de São Paulo.
Nossa jornada se dividiu em três fases: no primeiro momento es-
tudamos o território e a par�r de um ques�onário circulado em
escolas da região descobrimos os locais nos quais as e os erês do
Campo Limpo, Jardim São Luís e Jardim Le�cia brincavam e de
quais brincadeiras de rua (ver mais na seção “Descobertas”);
Num segundo momento chegou a hora do rolê! Realizamos a�vi-
dades ar�s�cas, rodas de conversa e oficinas, fizemos amizades
e conhecemos muitos lugares (ver mais na seção “As minas tão
ligadas”).
Por fim, depois de tudo que aprendemos e vivemos ficamos com
vontade de compar�lhar nossas experiências, apresentar amigas
que fizemos umas para as outras e facilitar o acesso aos rolês pela
região, isso tudo na forma do lançamento do documentário “Cone-
xões: Tra(n)çando caminhos ao Sul” - com roteiro de Mila Coutelo
e direção de Camila Fontenele - dessa revista que você está lendo
e de um aplica�vo com mapas colabora�vos que indicam coisas
legais pra se fazer, brincar - desenvolvido pela InfoPreta. Espera-
mos que nossas descobertas e trilhas inspirem meninas a saírem
de casa e colocarem toda sua arte, cria�vidade e
narra�vas na rua.

RevistinhaConexoes.indd 7 04/07/2017 11:49:21


RevistinhaConexoes.indd 8 04/07/2017 11:49:22
Foto: Daisy Serena - Praça dos Sonhos (Jd. Letícia)

Aqui se inicia nossa viagem com a descoberta das coordenadas, dos


rumos e das brincadeiras. Os dados abaixo foram coletados na escola
EMEF M'Boi Mirim I - Jd. Novo Sto Amaro. A pesquisa foi respondida 85
meninas, 89 meninos e 2 crianças que escolheram a opção “outro” no
campo “gênero”. As idades variaram de 9 a 13 anos, tendo como exce-
ção um menino de 7 anos e um de 17 anos.

Meninas Você brinca mais com


MENINOS
(34)
MENINAS
(4)
Você Brinca na rua? OS DOIS
(50)

No seu Bairro existem lugares onde


as crianças possam brincar?
SIM (61)
NÃO(28)
SIM (71)
NÃO (18)

RevistinhaConexoes.indd 9 04/07/2017 11:49:24


Quais brincadeiras de rua você conhece?
Pular corda, futebol, andar de bicicleta, amarelinha, pega-pega, quei-
mada, esconde-esconde, cabra cega, senhor urso, senhor vampirinho,
corrente, elás�co, rouba-bandeira, coca-cola, pula cerca, alerta, mãe da
rua, favela, polícia e ladrão, pique-alto, pega congela, pa�ns, garrafão,
amarelinha, base 4 e pipa.

Quais são os locais onde se brinca?


Praça do Jd. Neide, escadas final da rua, parquinho, rua, prédio, quadra,
corredor, quintal do prédio, rua sem saída, calçadas, estacionamento,
pracinha, creche, sala de jogos do prédio, Parque Guarapiranga, viela,
praça avenida nova, praça do Jd. Le�cia, campo.

Meninos Você brinca mais com

MENINOS (0)
Você Brinca na rua? MENINAS (2)
OS DOIS (0)

SIM (1) No seu Bairro existem lugares onde


NÃO(1) as crianças possam brincar?

SIM (1)
NÃO (1)

Quais brincadeiras de rua você conhece?


Muitas, nenhuma, rouba bandeira, golzinho, vôlei, garrafão, esconde-es-
conde, mãe da rua, pega-pega, futebol, bolinha de gude, pipa, polícia
e ladrão, card, bola, pique-lata, cabra-cega, corda, andar de bicicleta,
amarelinha, queimada, cabra cega, corrente, chuta garrafa, coca-co-
la, pula cerca, alerta, favela, pique-alto, pa�ns, pênal�, basquete, car-
rinho, dança de rua, duro ou mole, corrida, roxinho, explorar, taco e

RevistinhaConexoes.indd 10 04/07/2017 11:49:26


Pokémon go.
Quais são os locais onde se brinca?
Nenhum, todos, parquinho, praça, rua, minha rua, futebol na rua, pré-
dio, quadra, corredor, quintal do prédio, rua sem saída, na calçada, esta-
cionamento, playground, campo do sabão, quadrinha de areia, escadão,
escola, parque Guarapiranga, parque Jd. Le�cia, rodar quarteirões, rua
do Sinhá Pantoja, viela, condomínio, rua do Matão, figueira grande, pá-
�o da avó, fábrica de cultura.
Você brinca mais com
Outro
MENINOS (0)
Você Brinca na rua? MENINAS (2)
OS DOIS (0)

SIM (1)
NÃO(1)

No seu Bairro existem lugares


onde as crianças possam brincar?

SIM (1)
NÃO (1)

Quais brincadeiras de rua você conhece?


Bola, vôlei e basquete.

Quais são os locais onde se brinca?


Nenhum e pracinha.

RevistinhaConexoes.indd 11 04/07/2017 11:49:26


Depois de observar os dados encontrados, percebemos que para as me-
ninas brincar na rua não é algo muito fácil, o espaço da rua se mostra
hos�l, muito preenchido pela figura dos meninos, ao mesmo tempo que
as meninas indicam que brincam tanto entre si quanto com os meninos,
os meninos dizem que brincam mais entre si, podendo ser uma indica-
ção do nível de aceitação das meninas nos espaços públicos.
Outro dado interessante fala sobre as brincadeiras de rua para meninas
e meninos. Quando as crianças dizem de suas brincadeiras, as respostas
são pra�camente as mesmas: pega-pega, bicicleta, amarelinha, pipa…
Notamos que a diferenciação de gênero acontece a par�r do momento
que se deixa de usar o corpo e as mãos para brincar ou fazer brinquedos
e passa-se a consumir algo pronto oferecido pelo mercado: a boneca, o
carrinho (por mais que também possam ser fabricados artesanalmente).
Percebemos aqui uma clara relação entre as questões de gênero, pen-
sando no direito aos espaços da cidade, sem medo, e a influência do
modelo capitalista de produção que perpassa a noção do brincar como
algo a par�r do brinquedo pronto, podando parte do processo no que
diz respeito ao imaginar e criar, assim como também desfavorece mo-
mentos de crianças criarem diferentes laços a par�r do compar�lha-
mento do brincar na rua.

Foto: Daisy Serena - Jd. Ibirapuera

RevistinhaConexoes.indd 12 04/07/2017 11:49:27


Esta seção está dividida em cinco temas, os quais, foram discu�dos e
vivenciados em cada uma das cinco oficinas e conversas com nossas
amigas e aqui compar�lhamos coisas que aprendemos, curiosidades e
informações para quem quiser saber mais sobre esses assuntos.

RevistinhaConexoes.indd 13 04/07/2017 11:49:30


{Oficina conduzida por Regiane
Bento e Hanayrá Negreiros}

é preciso de águas calmas para


que possamos enxergar nosso reflexo, mas também é preciso ir além da
super�cie. conhecer nossa história, puxar na memória quais os fios que
nos teceram. costurar feridas, recompor a trama com afetos, a muitas
mãos, trançar trajetórias, refazer-nos em minúcias. enquanto escolhe-
mos estampas, aprendemos a dar os nós, combinamos cores: trocamos
narra�vas, afetos e fazeres, nos atamos. redescobrimos infâncias brincando,
iden�dades e diferenças. olhando fundo na menina-dos-olhos conectamos
passado-e-presente, ressignificamos com cuidados e resistências o futuro.
abrem-se novos caminhos: possibilidades de nos ver, nos reconhecer nas ou-
tras, sorrisos-espelhos, olhos-espelhos, geramos um novo olhar sobre nós.

Foto: Daisy Serena - Praça do Campo Limpo

RevistinhaConexoes.indd 14 04/07/2017 11:49:32


Foto: Daisy Serena - Praça do Campo Limpo
As bonecas Abayomi são símbolo de resistência e poder feminino. Para
acalentar seus filhos que não �nham com o que brincar e se distrair
durante as terríveis viagens a bordo dos navios negreiros - onde se
transportava os escravizados da África para o Brasil – as mães africanas
rasgavam retalhos de suas saias e com os pedaços de tecidos criavam
pequenas bonecas, feitas somente com nós e tranças, e assim davam
aos seus pequenos e pequenas como amuleto de proteção. Essas bone-
cas ficaram conhecidas como Abayomi, palavra que significa “encontro
precioso” em Iorubá, uma das maiores etnias do con�nente africano,
cuja população habita parte da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim.
As bonecas não possuem demarcação de olho, nariz nem boca, a as múl-
�plas etnias africanas.
Essas graciosas bonecas, além de fortalecerem a nossa iden�dade afro-
-brasileira, nos dão a possibilidade de fazer o nosso próprio brinquedo,
do nosso jeito, com materiais simples, e pode ser feito por meninas e
meninos. Presenteie alguém com esse amuleto e conte a nossa história!

Para fazer sua própria boneca Abayomi você vai precisar apenas de:
tecido preto
tecidos coloridos
tesoura

Confira o passo a passo aqui


>> h�ps://www.youtube.com/watch?v=iDSLwltlva0

RevistinhaConexoes.indd 15 04/07/2017 11:49:34


{Oficina conduzida por Carolina Vecchia}
Aprendemos que nosso corpo pode modificar a paisagem urbana de
forma cria�va e provocadora...
invisível eu sou
mas se você prestar atenção
vai ver que estou do capão à consolação
minhas palavras sujam a parede, você fala
imunda é a sua ideia
que suja de vermelho rubro a calçada
você querendo ou não
minhas palavras nas paredes
continuarão a cutucar sua consciência
por baixo do cinza sou cor
sou preta, sou vermelha
não t[r]emo frente ao agressor
você querendo ou não
minhas palavras nas paredes
continuarão a provocar sua bela cidadela
bela, recatada...
não
por cima do branco
-urbano ou humano-
imprimo meu grito
não hesito
porque sou preta, sou vermelha
sou palavra, sou centelha.

Foto: Daisy Serena - Espaço Cultural CITA Foto:Daisy Serena - Espaço Cultural CITA

RevistinhaConexoes.indd 16 04/07/2017 11:49:38


Existem muitas técnicas que podem ser usadas para
fazer esses cartazes chamados “lambe-lambe”, aqui va-
mos mostrar uma forma desenvolvida e ensinada por
uma das amigas que fizemos durante essa viagem.

Passos e materiais:
- Com folhas de E.V.A., fazer letrinhas, desenhos…
(também dá pra comprar prontas!)
Dica: No Centro Cultural São Paulo (metrô Vergueiro) há material para
fazer gratuitamente!
- Recortar pedaços de velcro para colar na parte da frente das letras.
- Uma placa de madeira do tamanho mais apropriado para o �po de lam-
be que você quiser fazer, também com velcro na super�cie para grudar
as letras de e.v.a.
- Montar sua frase e/ou desenho na placa de madeira lembrando sempre
que as letras devem estar espelhadas.
- Com uma camiseta velha e fraldinha de algodão por dentro, fazer uma
“almofada” de carimbo.
- Espalhar generosamente a �nta de carimbo na almofadinha, pode ser
�nta preta, vermelha…
- Pressionar bem a placa de madeira contra a almofada com �nta
- Carimbar a folha de papel que você usará para o seu lambe-lambe
Quanto mais fino o papel melhor para colar quando es�ver pronto!
- Preparar numa garrafinha de plás�co uma solução bem líquida de cola
branca com água
- Fazer um furo na tampa da garrafinha para que ela sirva de “esguicho”.
- Escolher um local para colar o lambe
- Com a ajuda de um rolinho, espalhar a cola tanto na parede, quanto
por cima do papel para o lambe não ficar muito enrugado. Em dupla a
a�vidade é muito mais dinâmica.
- Admirar seu trabalho!
Quer fazer um Estêncil (stencil) também?
- Com um es�lete, escrever e/ou desenhar
numa chapa de raio-x.
- Escolher um local
- Espalhar a �nta spray por cima da chapa, lem-
brando de segurá-la bem pressionada contra a
super�cie para que a �nta não escorra.
- Pra�car para ir deixando seus recados por aí!

Quer saber mais sobre a história do lambe-lambe?


h�p://curtadoc.tv/curta/artes/cola-de-farinha-doc/

RevistinhaConexoes.indd 17 04/07/2017 11:49:40


Foto: Daisy Serena - Espaço Cultural CITA

Foto: Daisy Serena - Espaço Cultural CITA

RevistinhaConexoes.indd 18 04/07/2017 11:49:44


{Oficina conduzida pela Cole�va Audácia}

é preciso audácia para transpor os limites que nos são impostos na


cidade. é preciso ultrapassar essas linhas imaginárias que demarcam
onde podemos transitar. brincar. conquistamos com bravura cada milí-
metro de território. nos espalhamos. nós, mulheres, delineamos nos-
sos passos e lutas desde a margem, deixamos marcas, como pinturas
rupestres, que perduram e perdurarão ao tempo. estamos na linha de
frente: coreografamos voos em bando, ganhamos ruas e céus, a cidade
tem a nossa cor - ainda que tentem nos invisibilizar, acinzentar - esta-
mos por todos os lados, somos maioria, somos mul�coloridas, furta-co-
res, translúcidas, brilhantes! avançamos e redesenhamos nosso futuro
sabendo bem de onde viemos. re-cartografamos os mapas. destruímos
estereó�pos. construímos novas imagens de nós, imagens mais verda-
deiras. imagem & semelhança. damos vida a nós mesmas com nossas
próprias mãos.

-- Cria�vidade e coragem!

RevistinhaConexoes.indd 19 04/07/2017 11:49:44


O feminismo vem só dizer de forma acadêmica o que as mulheres da
periferia já vem fazendo há décadas como forma de sobrevivência.
A luta pelo direito ao corpo, a luta pela assistência, luta pelo aborto,
luta por espaços dignos no mercado de trabalho, luta pelo ônibus,
luta pelo pão, luta pelas creches e por cultura. Nós mulheres periféri-
cas, crescemos em meio a luta, só não sabíamos que isso chamava-se
feminismo.
Moradoras das periferias da Zona Sul de São Paulo, nós Audácia,
surgimos em meio a violência que aqui também reside, como forma
de resistência nos formamos para pesquisar, estudar, desenvolver
e disseminar conhecimento sobre o SER MULHER, e como esse Ser
é violado, e como podemos deixar ou amenizar tanta dor que nos
permeia.
Nos articulamos, em rodas de conversas, formações, graffitaços,
festas, ensaios fotográficos, redes sociais e outras ações que realiza-
mos em parcerias com outras coletivas e coletivos.
O graffi� é mais uma forma que usamos para a�ngir as manas, que
são, geralmente, de um público mais jovem e que tem gosto por arte
urbana, arte de rua, ou que apenas apreciam arte.
O espaço da rua que sempre nos foi negado, é hoje nosso território
ar�s�co e de luta, só de estarmos no graffi�, no Hip hop já é uma
forma de subversão, já que no próprio meio sofremos machismo dos
nossos companheiros de arte e trabalho. Mas, não desanimamos,
pois sabemos do potencial do graffi� para a realização do trabalho de
base, já que temos contato direto com a comunidade ao realizarmos
qualquer ação nos becos, vielas e muros da região.
Nós, acreditamos no fim do capitalismo como meio essencial para
o fim do patriarcado, do machismo, do racismo e da lgb�obia, por
sabermos que ele não é o inventor dessas mazelas, mas que ele
intensifica e explora para com isso lucrar.
Audácia, tem força em outras mulheres, pois somos águas, que ao
se encontrar com outras, crescemos.

RevistinhaConexoes.indd 20 04/07/2017 11:49:46


- Um muro
- Tinta base para pintar a parede
- Rolinhos
- Latas de spray
- Criatividade e coragem!

Procure coletivos da sua região para se


fortalecer e aprender as técnicas básicas!

Foto: Daisy Serena - Jd. Ibirapuera

RevistinhaConexoes.indd 21 04/07/2017 11:49:52


{Oficina conduzida por Mila Coutelo}

~Audiovisual é o casamento entre som e imagem ~


Para produzir audiovisual para web você vai precisar de:
- Uma câmera digital ou celular
- Conexão com a internet
- Conta no youtube/vimeo/instagram ou qualquer rede social de sua
preferência
- Vontade de compar�lhar seus pensamentos, sonhos, questões e co-
nhecimentos.
Todas podemos fazer uma pequena produção audiovisual, aí vão
alguns passos pra começar a explorar esse mundo:
Etapas:
- Ideias
- Pesquisa
- Sinopse (resumo do que é o
projeto)
- Produção
- Edição
Foto: Daisy Serena - FAB LAB São Luis
- Compar�lhamento

RevistinhaConexoes.indd 22 04/07/2017 11:50:00


Vantagens
- Equipe pequena ou “faça você mesma”
- Compar�lhamento imediato
- Proximidade com o público

>>> mulheres precisam, cada vez mais, ocupar esse espaço para am-
pliar suas vozes, construir suas próprias narra�vas, quebrar padrões
impostos e ter mais representa�vidade.
é importante que contemos nossas próprias histórias!

11 canais para seguir no youtube com conteúdo feminista:

1 - Canal das bee


2 - Afros e afins
3 - Feminist frequency
4 - Empoderadas
5 - TAYA
6 - #KDmulheres?
7 - Lugar de fala
8 - Capitolina
9 - Uma pitada de feminismo
10 - JoutJoutPrazer
11 - GORDA DE BOA

RevistinhaConexoes.indd 23 04/07/2017 11:50:02


{Conteúdo produzido por Nadja Nobre}

Como faço para criar um site?

1. Entre na plataforma gratuita Wix (www.


wix.com)
2. Registrar
Basta ter um e-mail e criar uma senha
3. Escolha do Template
O template já vem com páginas pré-defini-
das que você pode editar como desejar
a) Para mudar o nome das páginas ou ex-
cluí-las, basta clicar em Páginas e os ícones
das páginas que o site possui irão aparecer.
b) Depois para editar uma página especi-
ficamente selecione o círculo com os três
pontos e escolha a opção configurações.
- Mude o nome da página ou até mesmo exclua
c) Para adicionar novas páginas basta cli-
car no ícone azul que está parte inferior
(+Adicionar páginas)

4. Configuração das páginas


5. Plano de fundo das páginas
Para mudar a imagem de fundo das páginas:
a) Clique no primeiro ícone do lado esquer-
do da tela ( Background de Página).
**O Wix oferece algumas opções de ima-
gens se não encontrar nenhuma de sua
preferência e quiser inserir fotos que você
tenha salvo no seu computador, basta clicar
em imagem (botão que está no meio entre
vídeo e cor)
b) Vai abrir um tela, clique no botão laranja (Fazer upload de imagens)
c) Selecione a foto, espere carregar e clique depois em alterar background

6. Alterar �tulo
a) Para alterar algum �tulo que já esteja na página( Take ac�on);
basta clicar na palavra que já aparecerá a opção editar o texto.
b) Ao clicar imediatamente vai abrir a janela configurações então você pode trocar o nome,
mudar a fonte da letra, cor e etc.
c) Para acrescentar �tulos em outros lugares da página basta clicar no ícone (+) do lado
esquerdo da tela
d) Selecionar a opção texto
e) Descer o cursor do mouse para a opção �tulo e clicar em uma delas.
Então, “Meu Título” aparecerá na página e depois só editar como os pontos 1 e 2 ensinam.

RevistinhaConexoes.indd 24 04/07/2017 11:50:03


7. Inserir caixas de textos cole no lugar indicado (imagem 2) e
Para começar a escrever seu texto é preciso in- clique no botão OK.
serir uma caixa de texto. Para isso você precisa
clicar no ícone do lado esquerdo (+) e escolher 10. Outras dicas
a opção texto a) Para adicionar colaboradores para te
a) Com o cursor do mouse na opção texto vá até ajudar na edição do site basta clicar na
parágrafos opção Site que fica na barra de cima
b) Em parágrafos escolha a opção de sua prefe- b) Depois selecione a opção Configura-
rência e arraste até a página ções do Site. Vá até a Funções e per-
c) Ao arrastar a caixa para a tela como mostra a missões, clique e adicione os colabora-
imagem acima a opção editar texto aparecerá dores por meio do e-mail deles.
então, é só clicar em configurações para mudar Um convite para editar o site será en-
o tamanho da fonte, cor e o �po de fonte. viado para a caixa de mensagens dos
d) E você pode começar a escrever novos colaboradores.
A qualquer momento que es�ver edi-
8. Adicionar Imagens e Vídeos tando você pode visualizar como o site
a) Para adicionar imagens ao seu site basta ir está ficando. É uma opção boa, pois
no ícone ao lado esquerdo (+) e entrar na op- você consegue ter uma visão melhor
ção imagens sem as barras de edição que ficam dos
Você pode escolher fotos do acervo do WIX ou dois lados da tela.
clicar em Upload de minhas imagens
b) Para adicionar vídeos em sua página basta 11) Publicar o Site
clicar no ícone ao lado esquerdo (+) e ir até a Depois que finalizar o seu site chegou
opção vídeos. o momento de publicá-lo, para isso, vá
c) Você pode escolher as opções de vídeo do até a barra de cima clique em Publicar.
Wix ou captar seu vídeo do youtube ou vimeo. Pronto! Seu site está no ar!
d) Para isso, clique no site que deseja ( exem- E fique tranquila se precisar reeditar,
plo: Youtube) irá aparecer o quadro de con- alguma coisa, você pode voltar no edi-
figurações; copie a url do vídeo do youtube, tor e fazer normalmente.
cole no espaço indicado e clique em atualizar. Dica final: Explore! Fique livre para ex-
perimentar outras ferramentas que o
9. Redes sociais e links Wix possui.
Para adicionar sua rede social no site basta ir Tem outros tutoriais que podem te au-
ao ícone (+), que fica no canto esquerdo da xiliar. Para saber mais acesse: h�ps://
tela e selecione a opção redes sociais. pt.wix.com/blog/2014/07/tutoriais-
a) Escolha qual o design das barras de redes -para-iniciantes-no-wix/A
sociais da sua preferência Divirta-se!
b) Ao selecionar, os ícones das redes sociais
irão aparecer na página. Para nós mulheres, acessar espaços,
c)Depois passe o mouse nos ícones que apare- seja os públicos, seja os espaços vir-
cerá a opção para configurar os ícones, clique tuais, não é uma tarefa muito suave,
e surgirá um quadro. então saiba aqui algumas dicas de se-
d) Exclua ou acrescente os ícones das redes so- gurança na net - compar�lhadas por
ciais, por exemplo se houver apenas uma rede Miguel Soares, desenvolvedora fron-
social, facebook, você pode deixar apenas esse t-end, programadora e ar�sta digital,
ícone. com quem trocamos ideia sobre o as-
e) Para linkar, selecione o botão do facebook sunto - para atuar nesse espaço com
e no lado direito do quadro irá aparecer “link confiança e a proteção necessárias:
para”, clique no botão azul que está ao lado.
Uma terceira tela “link para” surgirá e, então, Acesse: h�ps://vedetas.org/wp-con-
selecione a opção Endereço Web. tent/uploads/2016/04/Siparafeminis-
f) Copie a URL da sua página do facebook e tas.pdf

RevistinhaConexoes.indd 25 04/07/2017 11:50:04


por Carina Castro

Desde a infância aprendemos qual deve ser nosso lugar no mundo:


Dentro. Desde o espaço das subje�vidades, do ín�mo, dizem que este
lugar pertence apenas a nós: mulheres. Mas como aprendemos a aco-
lher e cuidar? Dentro de uma casa, dentro de outra casinha, brincando
com bonecas dentro de outras casas. E assim criam-se sobre nós uma
porção de cercas, carapaças, couraças que se torna cada vez mais di�cil
romper e mudar o que parece estar predes�nado pra nós.
Me vem em mente a boneca matrioska: uma mãe vê sua filha brincan-
do de boneca, a filha brinca que a boneca, sua filha, também brinca de
boneca, e a boneca da boneca também cuida de outra menina. Uma
mulher dentro de uma mulher, dentro de uma mulher. Quantas mu-
lheres nos compõe? Desde quando estamos fechadas nessa a�vidade
única de cuidar e reproduzir dentro de espaços fechados?
E que cuidados são esses? Cuidado! Não pode isso, não pode aquilo!
Até que ponto o zelo e a atenção se tornam excessivos e impedem
nossos movimentos?
Definição do dicionário: preservar, guardar, conservar, apoiar, tomar
conta.
Nós somos um perigo pro mundo ou o mundo é um perigo para nós?
Jogar é o contrário de prender - “se joga!” - jogar é arriscar, é brincar
com o corpo solto, é movimento. E quem se move apenas dentro de
uma casa não sai do lugar, girar em torno de si mesma deixa tonta - já
brincou disso? - Mas o mundo lá fora assusta, sim. Por isso esses cuida-
dos todos precisam ser repensados, como estamos nos cuidando, nos
apoiando, nos guardando?
Guardar também é observar, proteger sem prender, guardar na memó-
ria àquelas que abriram caminhos, que ousaram sair pra fora de casa,
ousaram jogar o corpo no mundo, carregando os filhos nas costas se
assim precisasse. Afinal, o mundo não nos pertence? Vamos apenas

RevistinhaConexoes.indd 26 04/07/2017 11:50:05


carregar o mundo nas costas? Não podemos também desfrutar?
Nessa brincadeira toda penso que precisamos nos unir - como nas brin-
cadeiras de rua - e assustar quem nos assusta, pregar uma boa peça
nessa sociedade que nos enclausura, mudar as regras do jogo, começar
a mexer nas estruturas dessa casinha. E que caia! Que venha tudo ao
chão, pra que possamos reconstruir os espaços, repensar nossos limi-
tes - que seja o céu! - sem telhados pesados e grades, com estruturas
mais humanas, onde todas e todos possam se diver�r e desfrutar do
mundo.
O que estamos passando de uma para outra? Ensinando o medo? Não
seria melhor ensinar a coragem? Que é mesmo com medo ir... até o
medo sumir. Mistérios do planeta. Não seria melhor conhecer a si mes-
ma e conhecer o mundo para saber a melhor maneira de lutar? Enfren-
tar todos esses monstros até eles ficarem pequenininhos...
Que sementes jogaremos na terra? Vamos gerar um novo planeta?

RevistinhaConexoes.indd 27 04/07/2017 11:50:06


Praça dos Sonhos
Jd. Le�cia
Praça do Campo Limpo
Campo Limpo
Espaço Cultural CITA
Rua Aroldo de Azevedo, 20 - Campo Limpo, São Paulo
Bloco do Beco
Rua Bento Barroso Pereira, 2 - Jardim Ibirapuera, São Paulo
FabLab São Luiz
Rua Bacabinha, 280 - Jardim São Joaquim, São Paulo

Cole�vos da região:
Brincantes Urbanos
Aqui que a gente brinca
Fala Guerreira
Cole�va Audácia
Cole�va Luana Barbosa
Cole�va Maria Sem Vergonha
COLETIVA AUDÁCIA
Somos um cole�vo formado por mulheres residentes na zona sul de
São Paulo com o intuito de expandir a sororidade, o conhecimento
sobre o feminismo e a visibilidade de mulheres negras e periféricas
através de a�vidades culturais e sócio-educa�vas.
Nossa intenção é promover a união e ajuda mútua das mulheres
para que possamos ser reconhecidas em nosso meio e ter voz parar
lutarmos por nossos direitos e pelo fim da sociedade patriarcal.
O Audácia é um cole�vo de auto-organização e está aberto para re-
ceber qualquer mulher que queira somar com ideias, informações, novidades, propos-
tas, oficinas e também com abraços e bons ouvidos.
Ainda estamos em fase de construção e precisamos de muita ajuda para conseguirmos
seguir com esse projeto, por isso colem, conheçam, se reconheçam e somem!
A transformação acontece quando a gente se move e juntas somos muito mais fortes!
A força feminina tá aí gente, vem!
página: h�ps://www.facebook.com/pg/cole�voaudacia

FALA GUERREIRA
Somos negras, brancas, indígenas, lésbicas, traves�s, transexuais, pobres, filhas de
nordes�n@s, clandes�nas, pros�tutas, imigrantes, la�no-americanas espalhadas nas
periferias do mundo e das cidades.

página: h�ps://www.facebook.com/falaguerreira/
contato: falaguerreira@gmail.com

RevistinhaConexoes.indd 28 04/07/2017 11:50:09


Às parceiras: Aos espaços e cole�vos:
Camila Fontenele
Carolina Vecchia Bloco do Beco
Cris Lima Cole�va Audácia
Deborah Erê Edital Redes e Ruas
Dêssa Souza EMEF M’Boi Mirim I
Hanayrá Negreiros Espaço Cultural CITA
Jenyffer Nascimento InfoPreta
Miguel Soares FAB LAB - Espaço São Luis
Mila Coutelo Fala Guerreira
Nadja Rabelo
Phran Noctuam
Regiane Bento

À todas as meninas e mulheres que nos deram as mãos e


embarcaram conosco nesta primeira jornada Marciana.

RevistinhaConexoes.indd 29 04/07/2017 11:50:13


Eu sinto ausência
A minha sensibilidade
É mortal
Meu peito é um universo profundo
Onde as estrelas não brilham com frequência
Mas, os buracos negros criam morada
Nesse vácuo
As questões são átomos
Que se fundem
Me confundem
Me transpassam
Nessa vida toda loka
Onde eu vivo pra encher a boca, dos poucos que podem ir pra lua
Eu me sinto nua
Sem adereços
Sem espaço
Sem pedaço
Só sem
O vazio, é fato
A busca é eterna
Ando muito e sempre me tiram as pernas
Sem elas, contínuo
Na ausência de futuro
Meu presente
É preencher!

[Sobre nadar no raso e se molhar no fundo]


Phran Noctuam

RevistinhaConexoes.indd 30 04/07/2017 11:50:14


C om o qu e br a r en can t o
A primeira vez que lhe disseram não
A menina não tinha entendido
E perguntou:
- Por quê?
Quando eles lhe disseram não pela segunda vez
A menina não se intimidou
E perguntou novamente:
- Por que não?
Não teve terceira vez.
Ela saiu correndo, pulando e rodopiando
Com seus cabelos de caber os sonhos dentro
E gritou bem, bem alto:
- MENINA PODE SIMMMMMMMMMMMMMMMM!!

Sua voz ecoou aos quatro ventos, nos quatro cantos da cidade.
Como se pelo seu grito, um encanto muito antigo tivesse se quebrado.
A menina tem um nome
A menina tem uma infância para viver
A menina não quer segregação
A menina só quer brincar
A menina é uma menina
Como tantas outras meninas
Nas quebradas do mundaréu

Natureza não pode ser prisão


A menina é uma menina

E toda menina pede liberdade


Jenyffer Nascimento

RevistinhaConexoes.indd 31 04/07/2017 11:50:14


Realização:

Este projeto foi comtemplado pelo Edital “Redes e Ruas” de Cultura Digital,
Inclusão e Cidadania.

RevistinhaConexoes.indd 32 04/07/2017 11:50:15

Você também pode gostar