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São Carlos - SP
2011
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
Fernando Sabino
ii
Dedico este trabalho...
iii
Agradecimentos
Aos meus pais, Sérgio e Mária, e minhas irmãs Solange e Aline, que sempre
estiveram do meu lado e me ajudaram a chegar até aqui..
Ao Professor Dr. Paulo Cezar Vieira pela amizade, pela orientação e ensinamentos
transmitidos nestes últimos anos e acima de tudo pela confiança depositada em
mim, por ter sido extremamente aberto a todas as minhas idéias e empreitadas.
Ao Professor João Batista Fernandes por ter sido o primeiro a me aceitar para
trabalhar no laboratório de Produtos Naturais e devido a isto ter me tornado
apaixonado pela área.
À professora Dra. Arlene Corrêa e seus alunos pela colaboração e por cederem os
compostos sintéticos e ao professor Dr. Rafael Guido.
iv
Aos meus amigos do Bloco 30, em especial ao Luiz Fernando Gorup, ao Boniek
Gontijo Vaz e a Camila Palombo.
Aos meus colegas e amigos conquistados nestes quase sete anos dentro do PN, em
especial as grandes amigas e pessoas Dra. Tatiane Regina Albarici, Dra. Ana Paula
Terezan e Dra. Simone Simote.
v
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
µg micro-grama
µL micro-litro
µM micro-molar
0
C Graus Celsius
Ø Diâmetro
δ Deslocamento químico em partes por milhão (ppm)
λem Comprimento de onde de emissão
λex Comprimento de onde de excitação
ACN Acetonitrila
Asn Asparagina
Bn Grupo benzila
Cat catepsina
CCDA Cromatografia em camada delgada analítica
CG-EM Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas
CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
COSY Correlation spectroscopy
Cys Cisteína
d dupleto
DAD Detector de Conjunto de Fotodiodos
DCM diclorometano
dd duplo dupleto
DMSO Dimetilsulfóxido
DTE Ditioeritreitol
E Enzima
E-64 L-3-carboxi-trans-2,3-epoxipropionil-leucilamido(4-guanino)butano
EDTA Ácido etilenodiaminotetracético
EI Complexo enzima-inibidor
EM Espectrometria de Massas
EP Complexo enzima-produto
ES Complexo enzima-substrato
ESI Complexo enzima- substrato-inibidor
eV Elétron-volt
vi
FDA Food and Drug Administration
h Altura
His Histidina
HMBC Heterocuclear Multiple Quantum Correlation
HSQC Heterocuclear Single Quantum Correlation
HTS High throughput screening
Hz Hertz
IC50 Potência inibitória
IE Impacto Eletrônico
J Constante de acoplamento
Ki Constante de dissociação do complexo enzima-inibidor
Km Constante de Michaelis-Menten
M Molar (mol/L)
m Multipleto
m/z Relação massa/carga
MCA 7-amino-4-metilcumarina
MeOD Metanol deuterado
MHz Mega hertz
NCEs New Chemical Entities
P Produto
PDB Protein Data Base
pH Potencial hidrogeniônico
RMN Ressonância Magnética Nuclear
RMN 13C Ressonância Magnética Nuclear de Carbono 13
RMN 1H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio
SAR Relação Estrutura Atividade
s singleto
SPE Extração em fase sólida
t tripleto
USA United State of America
UV-vis Região do Ultra Violeta e Visível
Vmax Velocidade máxima de reação
Z-FR-MCA Carbobenzoxi-fenilalanina-arginina-7-amino-4-metilcumarina
DHP Didridrotestosterona
vii
S Seletividade
HIV Human immunodeficiency virus
HMG-CoA hidroxi-3-methyl-glutaril-CoA
NADPH Nicotinamida adenina dinucleótido fosfato
viii
LISTA DE TABELAS
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 27. Espectro de RMN de 1H da cumarina 2 (200 MHz, MEOD) ..................................... 61
Figura 28. Espectro de massas da cumarina 2 (ESI q-TOF). ..................................................... 61
Figura 29. Espectro de RMN de 1H da substância 3 (400 MHz, CDCl3) ................................... 62
Figura 30. Ampliação do espectro de RMN de 1H da substância 3 (400 MHz, CDCl3) ........... 63
Figura 31. Espectro de massas da cumarina 3 (ESI q-TOF) ...................................................... 63
Figura 32. Espectro de RMN de 1H da substância 4 (400 MHz, CDCl3) ................................... 64
Figura 33. Espectro de COSY 1H-1H da substância 4 (400 MHz, CDCl3) ................................. 64
Figura 34. Mapa de contorno do experimento de HSQC da substância 4 (400 MHz, CDCl3)
............................................................................................................................................................... 65
Figura 35. Mapa de contorno do experimento de HMBC da substância 4 (400 MHz, CDCl3)
............................................................................................................................................................... 66
Figura 36. Espectro de massas da substância 4 (ESI TOF) ....................................................... 67
Figura 36. Espectro de massas da substância 4 (ESI TOF) ....................................................... 68
Figura 37. Espectro de RMN 1H da substância 5 (300 MHz, CDCl3) ......................................... 70
Figura 39. Espectro de RMN 13C da substância 5 (300 MHz, CDCl3) ........................................ 72
Figura 40. Espectro RMN COSY 1H-1H da substância 5 (300 MHz, CDCl3) ............................. 73
Figura 41. Mapa de contorno do experimento RMN HSQC da substância 5 (300 MHz,
CDCl3) ................................................................................................................................................... 74
Figura 42. Mapa de contorno do experimento de HMBC da substância 5 (300 MHz, CDCl3) 75
Figura 43. Espectro de massas [M+Na] da substância 5 e EM/EM 30 eV (ESI q-TOF) ......... 76
Figura 44. Rearranjo de McLafferty para a geração do fragmneto m/z 163. ............................ 76
Figura 45. Espectro de EM/EM do íon [M+Na] de razão m/z de 337 (ESI-q-TOF) .................. 76
Figura 51. Espectro de RMN de 1H da substância 7 (400 MHz, CDCl3) ................................... 83
Figura 52. Espectro de RMN de 1H da substância 8 (400 MHz, CDCl3) ................................... 83
Figura 53. Espectro de massas da substância 7 (ESI Q-TOF) ................................................... 84
Figura 54. Espectro de massas da substância 8 (ESI Q-TOF) ................................................... 84
Figura 55. Espectro de RMN de 1H da substância 9 (300 MHz, MeOD) ................................... 85
Figura 56. Espectro de COSY 1H-1H da substância 9 (300 MHz, MeOD)................................. 86
Figura 57. Mapa de correlações de HSQC da substância 9 (300 MHz, MeOD). ..................... 87
Figura 58. Mapa de correlações de HMBC da substância 9 (300 MHz, MeOD). ..................... 87
Figura 59. Espectro de massas da substância 9 (ESI Q-TOF) ................................................... 88
Figura 60. Espectro de RMN de 1H da substância 10 (200 MHz, CDCl3). ................................ 90
Figura 61. Mapa de correlações de HSQC da substância 10 (400 MHz, CDCl3). ................... 91
Figura 62. Mapa de correlações de HMBC da substância 10 (400 MHz, CDCl3). ................... 91
Figura 63. Espectro de massas da substância 10 com respectivas variações de energia de
colisão (ESI Q-TOF – 15 / 25 / 35 / 45 eV) ..................................................................................... 93
Figura 64. Gráfico de IC50 da substância 5 frente a catepsina L. ............................................... 95
Figura 65. Gráfico de IC50 da substância 5 frente a catepsina V. ............................................... 95
Figura 66. Estrutura geral para o ácido N-aril antranílico .......................................................... 100
Figura 67. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto PN_AC_01 frente à catepsina L. ...... 112
Figura 68. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto PN_AC_03 frente à catepsina L. ...... 112
Figura 69. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto AC_01 frente a catepsina L. .............. 113
Figura 70. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto AC_05 frente a catepsina L. .............. 113
Figura 71. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto PN_AC_01 frente a catepsina V. ...... 114
Figura 72. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto PN_AC_03 frente a catepsina V. ...... 114
xi
Figura 73. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto AC_01 frente a catepsina V. ............. 115
Figura 74. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto AC_05 frente a catepsina V. ............. 115
Figura 75. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto A_10 frente a catepsina L. ................. 117
Figura 76. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto A_11 frente a catepsina L. ................. 117
Figura 77. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto A_10 frente a catepsina V. ................ 118
Figura 78. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto A_11 frente a catepsina V. ................ 118
Figura 80. Gráfico padrão para determinação do valor de Ki .................................................... 120
Figura 81. Modo de interação proposto por docagem molecular com o programa FlexX para
o substância AC_05 frente a catepsina L ..................................................................................... 123
Figura 82. Modo de interação proposto por docagem molecular com o programa FlexX para
o substância AC_05 frente a catepsina V ..................................................................................... 123
xii
LISTA DE FLUXOGRAMAS
xiii
RESUMO
ESTUDO DE PRODUTOS NATURAIS E DERIVADOS SINTÉTICOS BUSCANDO
INIBIDORES ESPECÍFICOS DAS CATEPSINAS L e V. Este trabalho descreve a
busca de metabólitos secundários bioativos em espécies de plantas do gênero
Zanthoxylum e a partir de derivados sintéticos visando inibidores específicos das
catepsinas L e V.
Os produtos naturais estão envolvidos em cerca de 50% de todos os fármacos
comercializados. As catepsinas representam uma classe de enzimas que têm função
primária de degradar aleatoriamente proteínas nos lisossomos e também estão
envolvidas em diferentes patologias, tais como aterosclerose, artrite reumatóide,
osteoporose e diferentes tipos de cânceres. Neste trabalho foi realizado o
monitoramento dos extratos do gênero Zanthoxylum por ensaios fluorimétricos e
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Dentre as espécies avaliadas, os
extratos mais promissores foram os extratos metanólico e diclorometânico e de
Zanthoxylum acuminatum, sendo este último selecionado para isolamento. A
metodologia cromatográfica levou ao isolamento de um triterpeno; o lupeol (1), as
cumarinas; a umbeliferona (2), heradenol (3), nordentatina (4), anisocumarina
(5),derivado do 6´, 7´-epoxi-7-geraniloxicumarina (6); alcalóides do tipo cantinônicos;
5-metoxicantin-6-ona (7), 4,5-dimetoxicantin-6-ona (8); um alcalóide β-carbonílico; 7-
hidroxi-1-etil-β-carbolina (9); e um do tipo acridônico; arborinina (10). Todos foram
ensaiados na concentração de 25 µM e a cumarina 5 apresentou inibição superior a
50%, mostrando maior ativade e seletivade frente a catepsina L. O valor de potência
(IC50) deste composto foi 30 µM para a catepsina L e de 102 µM para a catepsina V.
Além disso, foram determinados os valores de potência, seletividade e mecanismo
de ação para alcalóides acridônicos isolados de Swinglea glutinosa, ácidos N-aril
antranílicos, alcalóides acridônicos sintéticos e uma série de alcalóides 4-
quinolínicos-2-substituídos. O composto considerado mais promissor foi o alcalóide
acridônico AC_05, com valor IC50 de 0,5 µM e Ki 0,18 µM. Além disto, este
composto AC_05 apresentou-se como um inibidor competitivo frente as duas
catepsinas, estando de acordo com o modelo de interação proposto por modelagem
molecular.
xiv
ABSTRACT
STUDY OF NATURAL PRODUCTS AND SYNTHETIC DERIVATIVES SEARCHING
SPECIFIC INHIBITORS OF CATHEPSINS L AND V.
The present work describes the search of bioactive secondary metabolites in plant
species of genus Zanthoxylum and synthetic derivatives seeking specific inhibitors of
cathepsins L and V.
The natural products are involved in approximately 50% of all drugs marketed.
Cathepsins represent a class of enzymes that has the primary function of randomly
degrade proteins at lysosomes, but are also involved in different pathologies, such
as, atherosclerosis, rheumatoid arthritis, osteoporosis and various cancers. This work
was carried out monitoring Zanthoxylum extracts by fluorimetric assays and by High-
performance liquid chromatography (HPLC). Among the species studied, the most
promising extracts were methanol and dichloromethane extracts of Zanthoxylum
acuminatum, the latter being selected for isolation. The chromatographic
methodology afforded the isolation of a triterpene: lupeol (1), the coumarins
umbelliferone (2), heradenol (3), nordentatin (4), anisocoumarin (5), derivated of
6´,7´-epoxy-7-geranyloxycoumarin (6); canthinonic alkaloids 5-methoxycantin-6-one
(7), 4,5-dimehoxycantin-6-ona (8); β-carboline alkaloid; 7-hydroxi-1-ethyl-β-carboline
(9); and acridone alkaloid arborinine (10). All were tested at concentration of 25 mM
and coumarin 5 inhibited over 50%, showing more activity and selective against
cathepsin L. The value potency (IC50) of this compound was 30 µM for cathepsin L
and 102 µM for cathepsin V. Furthermore, were determined the potency values,
selectivity and mechanism of action acridones alkaloids isolated from Swinglea
glutinosa, N-aryl anthranilic acids, synthetic acridone alkaloids and a series of
alkaloids 4-quinoline-2-substituted. The most promising compound was the alkaloid
acridone AC_05 with a IC50 of 0.5 µM and Ki of 0.18 µM. Moreover, the compound
AC_05 presented as a competitive inhibitor against both cathepsins, which is
consistent with the interaction model proposed by molecular modeling.
xv
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 2
1.1 Produtos naturais como precursores de fármacos 2
1.2 Estratégias para a descoberta de candidatos a fármacos 5
1.3 Gênero Zanthoxylum 5
1.4 Enzimas como alvo terapêutico. 7
1.5 Cisteíno peptidades lisossomais. 9
1.5.1 Catepsinas como alvo terapêutico 11
1.5.2 Catepsinas estudadas 13
1.5.3 Características estruturais e mecanismos de ação das catepsinas 15
1.6 Substratos fluorogênicos 16
1.7 Inibidores enzimáticos 17
1.7.1 Modo de ligação e mecanismo de ação 17
2 OBJETIVO 23
2.1 Objetivo geral 23
2.2 Objetivos específicos 23
3 Metodologia 25
3.1 Materiais 25
3.1.1 Solventes 25
3.1.2 Suporte para cromatografia 25
3.1.3 Reagentes 25
3.1.4 Enzimas 26
3.2 Equipamentos 26
3.3 Coleta e Identificação do Material Vegetal 27
3.4 Preparação dos Extratos 28
3.5 Metodologia para extração em fase sólida 29
3.6 Metodologia para CLAE Analítico 31
3.7 Metodologia para isolamento dos metabólitos. 31
3.7.1 Fracionamento do extrato ZAFD 31
3.7.2 Fracionamento da fração ZAFD 5 – 8 32
3.7.3 Isolamento e purificação da cumarina da fração SPE_1_ZAFD_2 34
3.8 Metodologia dos ensaios enzimáticos 35
3.8.1 Metodologia e condições gerais dos ensaios cinéticos em placa de Elisa 35
xvi
3.8.2 Triagem de inibidores frente a catepsina L e V 36
6 Referências 127
xvii
In
ntroodu
uçã
ão
1. INTRODUÇÃO
2
H
N
O
HO
OH
H
N O
N N
O N
H
HO
CH3O
NHCH3
NH2
(4) OH (5)
HO OH
De acordo com dados do USA - FDA (Food and Drug Administration) do total
de Novas Substâncias Ativas (NASs – New Active Substances) registradas nos
últimos 25 anos (período de 01/1981 a 06/2006), cerca de 5% são produtos naturais
e aproximadamente 28% são espécies químicas derivadas de produtos naturais com
modificações sintéticas (NEWMAN & CRAGG, 2007). Na Figura 2 é possível
observar que, em geral, os produtos naturais estão envolvidos direta ou
indiretamente em aproximadamente 50% dos fármacos aprovados pela FDA.
3
5%
14% PN
23%
10% DPN
S
4%
S*
10%
SPN
30% V
B
4
1.2 Estratégias para a descoberta de candidatos a fármacos
5
A sinonímia do gênero Zanthoxylum, com o táxon mais próximo Fagara, foi
por muito tempo causa de controvérsia. Zanthoxylum foi mantido separado do
gênero Fagara com base nas estruturas de seus periantos e, posteriormente,
observou-se que três espécies apresentavam morfologia de transição entre os dois
gêneros. Morfologicamente e anatomicamente, Zanthoxylum é considerado
originado através da redução do duplo perianto de Fagara; assim, Fagara foi
considerada sub-gênero de Zanthoxylum.
Estudos realizados por WATERMAN mostraram que a distribuição de
alcalóides e cumarinas nos dois gêneros reforçam a combinação em um único
gênero. (ARRUDA et. al., 1992), o qual é responsável pela produção de diferentes
classes de metabólitos secundários. Investigações fitoquímicas de diferentes
espécies revelaram a presença de diferentes classes de alcalóides, com destaque
para os cantinônicos (FERREIRA et al., 2002 e FERREIRA et al., 2007) e
benzofenantridínicos (TANE et al., 2005; HU et al., 2007; FERNANDES et al., 2009),
cumarinas (CHEN et.al. 2005; SMITH et al.,2005), flavonóides (FERNANDES et al.,
2009), polifenóis (KUSUDA et. al. 2006), terpenos, (GUEDES et al., 2008) e lignanas
(FACUNDO et.al. 2005; MBAZE et al., 2009) (Figura 3).
OH
HO O N
OH N
OH OH O
OH OCH 3
HO O
OH HO
OH
OH
O O O
O
O
HO
O
N
O HO CH 3O
O N
OCH3 O
CH 3O O O
OCH 3
6
Desta forma, o emprego do gênero Zanthoxylum é muito promissor, pois são
descritos na literatura diversas atividades biológicas, tais como atividade
antichagásica, tripanocida, antiplasmódica, anti-HIV, antiinflamatória, anti-helmíntica
(MOCECELLI et al., 2009), bactericida (FARNSWORTH et al., 1976), fungicida
(AHMAD et al., 2003), leishmanicida (FERREIRA et al., 2002), anti-reumática,
antileucêmica (LEWIS, 1983) e inseticida (MACRAE et. al., 1984).
A medicina moderna utiliza diferentes espécies de Zanthoxylum para o
tratamento de inúmeras doenças tais como problemas cardiovasculares, tuberculose
e malária, entre outras (FACUNDO et. al., 2005). Também são encontradas patentes
da utilização de extratos com espécies do gênero para o tratamento de doenças
cerebrovasculares como mal de Parkinson e aterosclerose (Patent Number:
CN101502585) e um gel indicado para a prevenção de doenças da pele (Patent
Number: CN101385800-A).
7
Enzimas são alvos atrativos na busca para intervenção farmacológica frente à
inúmeras doenças, cerca de 50% dos medicamentos atuais agem sobre um
mecanismo de inibição enzimático.
8
1.5 Cisteíno peptidades lisossomais.
Cisteíno peptidases lisossomais são encontradas em diferentes formas de
vida tais como fungos, vírus, bactérias, plantas, invertebrados, peixes e mamíferos;
formam uma numerosa e importante família de enzimas do tipo papaína (TURK &
GUNCAR, 2003).
As peptidases, também conhecidas como proteases, representam uma larga
família de enzimas responsáveis pela clivagem de ligações peptídicas, estão
envolvidas na regulação de diferentes processos biológicos e são classificadas em
endopeptidases e exopeptidases, de acordo com o tipo de aminoácido presente em
seu respectivo sítio catalítico: serino, cisteíno, aspartil, metalo e treonina peptidases
e (MOHAMED & SLOANE, 2006).
Nos mamíferos, uma das mais importantes cisteíno peptidases são as
catepsinas lisossomais. O termo catepsina foi introduzido em 1929 por Willstätter e
Bamann para diferenciar uma protease que era ativa em pH ácido, da protease da
pepsina porém, atualmente, este termo descreve proteases intermoleculares que
encontram-se localizadas em lisossomos com valor de pH fracamente ácido (OTTO
et al., 1997). Todas as cisteíno peptidases lisossomais de mamíferos são
conhecidas como catepsinas, embora o contrário não seja verdadeiro (PALERMO &
JOICE, 2007).
As catepsinas estão distribuídas entre as famílias das aspartil endopeptidades
(catepsinas D e E), serino peptidases (catepsinas A e G) e cisteíno peptidases (B, C,
F, H, K, L, O, S, V, W e X) (TURK et al., 2002 e BROMME et al., 2002). Atualmente,
após o seqüenciamento do genoma humano, foram catalogadas 11 catepsinas: B,
C, F, H, K, L, O, S, V, W e X (CATALDO & NIXON, 1990). Estas enzimas são
geralmente conhecidas como enzimas que degradam aleatoriamente proteínas
presentes nos lisossomos, estão envolvidas em processos fisiológicos seletivamente
controlados e possuem funções associadas a sua restrita localização tecidual, como
descrito na Erro! Fonte de referência não encontrada..
Entretanto, recentemente foi demonstrado que algumas dessas enzimas não
se encontram estritamente nos lisossomos e podem se acumular em diferentes
tecidos e células (MOHAMED & SLOANE, 2006), o que leva a processos
patológicos como progressão de tumores (PALERMO & JOYCE, 2007),
9
aterosclerose (HEENEMAN et al., 2007), doença de Alzheimer (CATALDO &
NIXON, 1990), artrite reumatóide e osteoporose (YASUDA et al., 2004).
10
1.5.1 Catepsinas como alvo terapêutico
de enzimas elastinóliticas como as catepsinas B e L (FIEBIGER, et al., 2002). Esta
remodelagem da matriz extracelular (ECM) é um dos mecanismos subjacentes em
doenças cardiovasculares, processo no qual as catepsinas desempenham papel
central, associadas ao desenvolvimento e progressão de doenças cardiovasculares
(LUTGENS, et al., 2007).
A expressão de algumas catepsinas é altamente regulada em tipos
específicos de células, como a catepsina K nos osteoclastos, e a catepsina S nas
células imunes; foi demonstrado em ratos deficientes que a catepsina K está
associada à remodelagem óssea, enquanto a catepsina S é a principal enzima que
processa a cadeia invariante do antígeno MHC class II, estando envolvida em
diversas doenças degenerativas, como o mal de Alzheimer (MOHAMED & SLOANE,
2006; MUNGER et al., 1995).
Inibidores da catepsina K foram originalmente desenvolvidos para o
tratamento de doenças que envolvem a excessiva perda óssea, como osteoporose.
Neste caso, a catepsina K é secretada pelos osteoclastos ósseos e apresenta-se
como potente colagenase. Diversas companhias farmacêuticas apresentam
diferentes inibidores, baseados na catepsina K, em fase de testes pré-clinicos e
clínicos. Os resultados iniciais demonstram que estes potentes inibidores são
capazes de, não somente prevenir a reabsorção óssea, como também permitir sua
reformulação (PALERMO & JOYCE, 2007). Além disto, testes clínicos que utilizam
os inibidores da Novartis AFG-495 e GSK reduziram , de modo experimental, a
metástase óssea (GAUTHIER et al., 2008).
Alguns inibidores baseados na catepsina S também estão em fase de testes
clínicos contra artrite reumatóide e psoríase, além de outras doenças auto-imunes,
como esclerose e lúpus, demonstrando que as catepsinas representam um alvo
terapêutico de grande importância e relevância (PALERMO & JOYCE, 2007). Desta
forma a busca de inibidores para as catepsinas representa uma intervenção
terapêutica de suma importância e imensa contribuição para a saúde humana.
12
1.5.2 Catepsinas estudadas
13
associação da catepsina L com a membrana em humanos e celulas de melanona
sugere uma função extra lisossomal em metástases (ISHIDOH & KOMINAMI, 1998).
Além disso, também foi veirificado que o potente inibidor da catepsina L, a cistatina
C, bloqueia a mobilidade e invasão de células de melanoma (COX et al., 1999;
ERVIN & COX, 2005).
14
1.5.3 Características estruturais e mecanismos de ação das catepsinas
O-
R
-
S S
OH
Cys25 Cys25
H H
E desacilação E +
+
N N
His159 His159
NH NH
O
0
2 intermediário tetraédrico
R OH
O
R´
R N
H
O- O
R
S acilação S R
NH R´
Cys25 Cys25
H R´ NH2
E E
+
N N
His159 His159
NH NH
10 intermediário tetraédrico
1.6 Substratos fluorogênicos
O O
O
O N
Phe Arg
16
1.7 Inibidores enzimáticos
17
1) inibidores competitivos: são substâncias que competem diretamente com o
substrato natural pelo sítio de ligação enzimática, levando a formação das
espécies E●S ou E●I. Estes inibidores normalmente apresentam estruturas
que se assemelham ao substrato natural, porém diferem por não apresentar
reatividade e não levar a formação de produtos pela ação da enzima, como
mostrado na Figura 7.
Km Kcat
E + S ES E + P
Ki
EI
Km Kcat
E + S ES E + P
+ +
I I
Ki αKi
α Km
EI ESI
3) inibidores incompetitivos: são substâncias que se ligam diretamente ao
complexo E●S e não a enzima livre. Estes inibidores afetam a atividade
catalítica da enzima sem afetar a ligação ao substrato, como mostrado na
Figura 9:
Km Kcat
E + S ES E + P
Ki
ESI
19
Objetivos
2 OBJETIVO
23
Metodologia
3 Metodologia
3.1 Materiais
3.1.1 Solventes
Solventes: foram utilizados solventes comerciais (Hexano, Diclorometano,
Acetato de Etila, Metanol), recuperados e destilados no DQ – UFSCar;
Solventes para HPLC: solventes comercias ULTRA ANALYSIS, marca
Tedia;
Solventes para ensaio: Dimetilsulfóxido (DMSO), marca Mallinckrodt
Chemicals;
Solvente para RMN: CDCl3, MeOD, marca Sigma Aldrich.
3.1.3 Reagentes
Substrato Z-FR-MCA (Cbz-Phe-Arg-MCA ou 7-amino-4-metilcumarina),
marca Bachem Inc. e Sigma;
Inibidor E-64 (L-3-carboxi-trans-2,3-epoxipropionil-leucilamido(4-
guanino)butano);
DTT, marca Sigma Aldrich;
25
Acetato de Sódio trihidrato, marca J.T. Baker;
EDTA, marca J.T. Baker.
3.1.4 Enzimas
3.2 Equipamentos
Evaporadores rotativos
CLAE
analítico
Equipamento marca Shimadzu, modelo SPD-M10A, com detector de fotodiodo
e software CLASS-VP;
Preparativo
Equipamento marca Shimadzu, modelo SPD-M10A, com detector de
Ultravioleta e software CLASS-VP.
Fluorímetro
Equipamento com leitor de Placa com 96 poços, Molecular Devices, marca
Corporation – Spectra, modelo MAX GEMINI XS
RMN
Espectrômetros de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio, marca
Bruker, modelos DRX 200 MHz, DRX 300 MHz e 400 MHz.
26
GC e GC/MS
Cromatógrafo à gás com detector FID, marca Shimadzu, modelo GC-17A;
Cromatógrafo à gás acoplado a espectrômetro de massas, marca Shimadzu,
modelo GCMS_QP5000, equipado com coluna apolar DB-5 (30 m x 0,25 mm)
e ionização via imapcto eletrônico (70 eV).
MS
Espectrômetro de massas de alta resolução com fonte eletrospray (ESI) e
analisador de massas q –TOF, marca Bruker Daltonics.
27
3.4 Preparação dos Extratos
As diversas partes vegetais foram secas separadamente em estufa com
circulação de ar a 450 C e, após, pulverizadas em moinho do tipo Willey. A extração
do material vegetal moído foi realizada por maceração utilizando os solventes
hexano, diclorometano e metanol, durante cinco dias, por três vezes, conforme
representado no
Fluxograma 1.
Material Percolação com
Vegetal Solvente por
Seco 5 dias
e Moído
“Torta” Filtração
Concentração do
EXTRATO Solvente
28
Tabela 4. Extratos das diferentes espécies do gênero Zanthoxylum
Espécie Parte Vegetal código Massa dos Extratos (g)
Zanthoxylum sp Folhas ZFH 6,9491
ZFD 4,4244
ZFM 0,3514
Galhos ZGH 0,4007
ZGD 0,2977
ZGM 2,2426
Zanthoxylum ridelianum Folhas ZRFH 12,7042
ZRFD 10,8817
ZRFM 7,5599
Zanthoxylum arinarium Folhas ZArFH 8,2984
ZArFD 19,2734
ZArFM 39.1876
Zanthoxylum poliano Folhas ZPFH 3,3961
ZPFD 5,6724
ZPFM 38,5929
Galhos ZPGH 1,0812
ZPGD 4,3151
ZPGM 14,4906
Zanthoxylum minutiflorum Folhas ZMFH 1,5383
ZMFD 16,6364
ZMFM 56,4990
Galhos ZMFH 1,0268
ZMFD 2,0998
ZMFM 16,5011
Zanthoxylum acuminatum Folhas ZAcFH 2,7433
ZAcFD 8,0040
ZAcFM 4,8014
Galhos ZAcFH 0,3800
ZAcFD -
ZAcFM 1,7368
Caule ZAcCH 1,8770
ZAcCD -
ZAcCM 16,400
F = folhas; G = galhos; C = caule; H = hexano; D = diclorometano; M = metanol
2) Aplicação da Amostra: espera-se a retenção dos compostos de interesse,
enquanto os interferentes são descartados na eluição;
3) Lavagem: remoção de interferentes menos retidos que os compostos de
interesse. A fase móvelr utilizada depende do modo de eluição e das
características da amostra;
4) Eluição: eluição dos compostos retidos, usando solventes que rompam as
interações do analito com a fase estacionária.
30
3.6 Metodologia para CLAE Analítico
O perfil cromatográfico para os extratos selecionados foi realizado a partir de
uma eluição gradiente exploratória, utilizando eluição em fase reversa com coluna
de 15 x 0.7 mm.
O gradiente de eluição foi realizado empregando como fase móvel solvente
acetonitrila e variando-se a concentração deste solvente de 5 a 100% em 60
minutos, com recondicionamento da coluna por 20 minutos; este método está
baseado na proposta de SNYDER e DOLAN (1996).
ZAFD (2,4 g)
purificados e isolados por cromatografia em camada delgada preparativa em
hexano/acetato (8:2).
As frações 5 – 8 e as frações 9 – 11 foram avaliadas por CLAE-DAD e
reunidas em duas novas frações, as quais foram submetidas à metodologia
SPE em coluna.
ZAFD 5 -8
32
mAU
3500
3000
SPE 01
2500
2000
SPE 01
1500
vanilina
1000
500
0 10 20 30 40 50 min
mAU
3000
2500 SPE 02
2000
1500
1000
500
SPE 01
0
0 10 20 30 40 50 min
draggerdorff
mAU
3000
2500
SPE 03
2000
1500
1000
500
0 10 20 30 40 50 min
Figura 11. Cromatogramas e análises por CCD das frações obtidas de ZAFD 5-8
33
Da fração 8 foi isolada, pela técnica analítica CCDP, uma cumarina de
coloração amarelada, codificada como substância 4.
200
150
150
mAU
mAU
100
100
50
50
0
0
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
Minut es
60
50
50
40
40
mAU
mAU
30
30
20
20
10
10
0
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Min u t e s
34
3.8 Metodologia dos ensaios enzimáticos
35
Tampão O
7-amino-metil-cumarina (MCA)
+ N
O O
Z CH3
Baixa Fluorecência
O H2N O O
O Phe Arg
Leitura por Z
CH3
Figura 14. Esquema geral dos ensaios enzimáticos com substrato fluorogênico.
% Inibição = 100 x ( 1 – Vi )
V0
36
3.8.3 Determinação da potência dos inibidores (IC50)
A determinação da potência dos inibidores (IC50) é definida como a
concentração de inibidor que provoca queda de 50% na atividade da enzima. Este
valor é uma convenção utilizada com o objetivo de comparação de valores de
potência entre inibidores.
A determinação dos valores da potência foi realizada de maneira direta
empregando-se o ensaio cinético apresentado com a utilização de substrato
fluorogênico. Os percentuais de inibição foram obtidos em diferentes concentrações
de inibidor (6 a 9 concentrações, em dupla triplicata). Nesta determinação foi
explorada uma faixa de inibição entre 15 e 90%, com obtenção de uma curva
concentração versus reposta. Os dados cinéticos foram obtidos e tratados para a
determinação dos valores de IC50, a partir do método de regressão não linear de
melhor ajuste empregando o programa Sigmaplot 9.0. Uma curva típica de cinética
empregada na análise por regressão linear é apresentada na Figura 15:
100
80
60
% Inibição
40
20
0
0 5 10 15 20
[Inibidor]
37
3.8.4 Determinação da seletividade (S)
A seletividade dos inibidores avaliados neste trabalho foi estabelecida a partir
dos dados obtidos com os experimentos de potência. A seletividade enzimática é
obtida a partir da razão entre os valores de IC50 de acordo com a equação,
S = IC50 (catepsina L)
IC50 (catepsina V)
38
3.8.6 Modelagem Molecular dos inibidores frente a catepsina L e V
Esta parte do trabalho foi realizada em colaboração com Prof. Dr Rafael V.C.
Guido, Instituto de Física de São Carlos – IFSC USP. Para a realização dos estudos
de modelagem foi utilizado o programa de dosagem molecular Flex, no qual
inspeção visual foi obtida pelo programa Pymol.
39
Resultados e
Discussões
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na busca por inibidores seletivos de cisteíno peptidases foi selecionada a
catepsina L, uma vez que os compostos avaliados pelo grupo apresentaram
relevante inibição frente a essa enzima. Um fato muito relevante foi a escassez de
estudos visando o encontro de inibidores específicos para a catepsina L,
principalmente estudos com produtos naturais envolvendo a triagem com extratos.
A importância do estudo desta classe de enzimas está baseada nos
processos patológicos nos quais elas estão envolvidas e à dificuldade de se
encontrar inibidores seletivos, visto que há similaridade estrutural entre as
catepsinas.
As cisteínos peptidases lisossomais representam um alvo de grande interesse
para a indústria farmacêutica, pois estão diretamente associadas a inúmeras
doenças atuais (SOMOZA et al, 2000; LECAILE et al, 2002). Um dos grandes
desafios é a descoberta de substâncias que possam atuar como inibidor de alta
potência bem como apresentem alta seletividade.
Os vegetais são fontes de substâncias com grande variedade estrutural e
representam um alvo com alto potencial farmacológico; assim, as plantas
apresentam-se como fonte promissora de diversidade molecular na busca de
inibidores enzimáticos.
Para o estudo de plantas foi selecionado o gênero Zanthoxylum, para o qual
foi empregada metodologia desenvolvida e adaptada para placa de Elisa
(SEVERINO, 2008), de modo a `biodirecionar´ o estudo químico e assim realizar
apenas o estudo de extratos que representam entidades químicas com maiores
potenciais inibidores enzimáticos das catepsinas.
Ainda de interesse são os extratos que apresentam seletividade frente a
catepsina L. Para tal, uma metodologia abordando o acoplamento dos ensaios
enzimáticos fluorogênicos com o monitoramento do perfil químico por cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE-DAD) foi adotada, a fim de selecionar os
extratos/frações e proceder ao isolamento e purificação dos metabólitos
secundários.
A importância do uso de um ensaio na abordagem empregada baseia-se no
fato de que o mesmo pode proporcionar uma forma rápida, econômica e
41
ambientalmente viável para o isolamento apenas dos metabolitos de interesse, pois
a descoberta de novas entidades químicas que venham a servir como protótipos
para fármacos é um caminho longo que desprende altos investimentos financeiros.
42
4.1 Atividade
A enzimátic
ca
43
extrato/poço. Todas as soluções estoques foram testadas frente a catepsina L e as
respectivas porcentagens de inibição estão apresentadas na Tabela 6:
44
Tabela 7. Concentrações das diluições a partir da solução estoque dos extratos de
ZAFD
Massa de
Concentrações
extrato por
(mg mL-)
poço ( µg )
4 100
2 50
1 25
4X10-1 10
2 X10-2 0,5
4 X10-3 0,1
4 X10-4 0,01
4 X10-5 0,001
ZPGD 3 100 0
ZPGD 4 100 0
ZPGD 5 100 0
ZPGD 6 100 0
ZPGD 7 100 0
ZPGD 8 100 0
ZPGD 9 100 0
CONTROLE 100 0
ZMFD 1 26 74
ZMFD 2 46 54
ZMFD 3 80 20
ZMFD 4 100 0
ZMFD 5 100 0
ZMFD 6 100 0
ZMFD 7 100 0
ZMFD 8 100 0
ZMFD 9 100 0
CONTROLE 100 0
ZMGD 1 18 82
ZMGD 2 47 53
ZMGD 3 100 0
ZMGD 4 100 0
ZMGD 5 100 0
ZMGD 6 100 0
ZMGD 7 100 0
ZMGD 8 100 0
ZMGD 9 100 0
CONTROLE 100 0
ZAcFD 1 0 100
ZAcFD 2 23 77
ZAcFD 3 44 56
ZAcFD 4 72 28
ZAcFD 5 93 7
ZAcFD 6 100 0
ZAcFD 7 100 0
ZAcFD 8 100 0
ZAcFD 9 100 0
CONTROLE 100 0
ZAcFM 1 8 92
ZAcFM 2 45 55
ZAcFM 3 65 35
ZAcFM 4 93 17
ZAcFM 5 95 5
ZAcFM 6 100 0
ZAcFM 7 100 0
ZAcFM 8 100 0
ZAcFM 9 100 0
46
O experimento de verificação de dose versus resposta demonstrou que os
extratos da espécie de Z. acuminatum eram os únicos que apresentavam inibição
significativa frente a catepsina L após diminuição da concentração.
Os extratos que apresentaram inibição acima de 70% foram ensaiados em
triplicata, em dias alternados, a fim de verificar a eficiência da metodologia
empregada. Os ensaios demostraram comportamento muito similar frente a
catepsina L; os valores de atividade e inibição apresentaram boa precisão e
encontram-se descritos na Tabela 9:
47
100
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
80
Inibição (%)
60
40
20
0
250A ug 100Bug 50C ug 25Dug 0,5Eug
Massa de extrato por poço
Figura 17. Gráfico de comparação para diferentes ensaios do extrato CH2Cl2 de
folhas de Z. acuminatum
Dentre as espécies estudadas, os extratos de folhas em CH2Cl2 e CH3OH da
espécie Z. acuminatum apresentaram as maiores porcentagens de inibição a uma
concentração, bem como para as diluições e, portanto, foram selecionados para
estudo da busca de inibidores.
O extrato ZAFD foi submetido à separação cromatográfica em fase
estacionária normal e utilizando fase móvel em ordem crescente de polaridade,
originando novas 15 frações. Estas frações foram ensaiadas frente a catepsina L,
nas mesmas condições do extrato bruto; foi verificado que as frações ZAFD_05 até
ZAFD_08 apresentaram inibição em uma faixa entre 70 a 85%.
As frações de ZAFD_05 a ZAFD_08 foram reunidas e submetidas à coluna de
C18 fazendo o uso de bomba de vácuo em uma metodologia em extração em fase
sólida (SPE), a fim de reter a clorofila e eluir os constituintes de interesse; foram
obtidas quatro novas frações, as quais foram ensaiadas nas mesmas condições
frente a catepsina L. Os resultados destes ensaios encontram-se descritos na Erro!
Auto‐referência de indicador não válida.:
Tabela 10. Valores de inibição para as frações de ZAFD (250 µg)
Fração do Extrato Inibição (%)
SPE_ZAFD_01 100
SPE_ZAFD_02 0
SPE_ZAFD_03 0
SPE_ZAFD_04 0
48
Em decorrência da alta inibição constatada para fração SPE_ZAFD_01, esta
foi submetida a diferentes metodologias cromatográficas visando o isolamento de
metabólitos com possível ação inibidora da catepsina L. Da fração SPE_ZAFD_01
foram isolados compostos tais como triterpeno, três cumarinas; pirano e furano
cumarina, duas cumarinas 7-geraniladas, dois alcalóides cantinônicos, um alcalóide
β- carbolínico e um alcalóide acridônico.
49
onde % B / min = variação do solventte B por tempo (inclin gradiente); Δ%B =
nação do g
diferença entre a % final de
e B e a % inicial e tg = tempo de
d gradientte.
S
SNYDER e DOLAN relatam que
q o dese
envolvimen
nto de um método analítico
a
por CLAE em fasse reversa
a é melhor iniciado e, se possívvel, finaliza
ado, utiliza
ando-se
acetonitrila como
o solvente B, a misttura de H2O/ACN como fase móvel ap
presenta
menor viscosidad d onda infferiores a 210 nm
de, ocorre absorção em comprrimentos de
e há melhor
m pod
der de deccisão na escolha
e en
ntre condiçção gradie
ente ou iso
ocrática
mais ap
propriada para
p a aná
álise da am
mostra
N
Neste trab
balho, o perfil cromato
ográfico fo
oi utilizado como form
ma de direc
cionar e
monitorar o extra
ato estuda
ado, monittorando os
s composttos de inte
eresse, po
ossíveis
inibidorres da cate
epsina L, a partir dass bandas cromatográ
c áficas verifficadas na eluição
gradien
nte utilizada.
N
Nas Figurra 18 e Fiigura 19 são
s aprese
entados o perfis cro
omatográfficos do
extrato diclorometânico e metanólicco de Z. acuminattum, respe
ectivamentte. Nos
cromattogramas é possível observar que
q existe uma band
da com alta
a intensida
ade com
tempo de retençã
ão em torno de 32 minutos.
331nm
m 254nm
2000
1500
00
1000
mAU
mAU
1000
00
500
500
0
0 5 10 15 20 2
25 30 35 40 45 50 55 60
Minutes
Figura 18. Crom matograma a em elu uição graddiente do extrato bruto de ZAFD.
Condiçções crommatográficas: Usandoo gradientte linear de 5% a 100% de ACN
(solven 6 minutoss, vazão 1 mL/min. λ DAD, Vinj= 20μL, [ ] = 10 mg/m
nte B) em 60 mL.
50
331nm 254nm
ZAFM ZAFM
ZAFM001 ZAFM001 Spectrumat time 31.27 min.
125
125
31.27min
Lambda max : 206 322 402 405 434
2000
Lambda min : 204 259 403 381 385
m AU
100
1000
100
0
200 250 300 350 400 450
75
75
24.66min
nm
mAU
mAU
750
Lambda max : 202 239 245 355 372
500
Lambda min : 243 226 345 365 272
m AU
50
50
250
0
25
nm
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Minutes
51
7.9754
7.9516
7.9136
7.8900
7.6005
7.5790
7.5012
7.4801
6.9884
6.9809
6.9475
6.9422
6.9187
6.9128
6.8973
6.8911
6.7706
6.7650
6.7494
6.7438
6.6898
6.6842
5 4
6 3
R O O
8
8.05 8.00 7.95 7.90 7.85 7.80 7.75 7.70 7.65 7.60 7.55 7.50 7.45 7.40 7.35 7.30 7.25 7.20 7.15 7.10 7.05 7.00 6.95 6.90 6.85 6.80 6.75 6.70 6.65
ppm
150
125
32.06min O O O
Lambda max : 201 323 486 580 378
500
100
m AU
250
mAU
mAU
75
75
0
nm
50
50
25
25
0
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Minutes
Além disso, pôde-se inferir que a banda com tempo retenção 25 minutos
refere-se aos seguintes compostos alcalóides cantinônicos: composto 5-
metoxicantin-6-ona (7), e composto 4,5-dimetoxicantin-6-ona (8), como mostrado
nas Figuras 22 e 23, e o composto 7-hidróxi-1-etil-β-carbolina (9):
40
26.87min
Lambda max : 204 245 240 355 372
Lambda min : 198 243 223 344 365
N
N
100
m AU
30
30
O
0
mAU
20
nm OCH3 20
C15H10N2O2
6
10
10
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Minutes
200
Spectrum at time 26.71 min.
26.71min
1000
m AU
150
500
O OCH3
0
mAU
100
nm
C16H12N2O3
50
50
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Minutes
53
4.3 Substâncias identificadas
A metodologia cromatográfica levou ao isolamento de um triterpeno; o lupeol
(1), as cumarinas; a umbeliferona (2), heradenol (3), nordentatina (4), anisocumarina
(5),derivado do 6´, 7´-epoxi-7-geraniloxicumarina (6); alcalóides do tipo cantinônicos;
5-metoxicantin-6-ona (7), 4,5-dimetoxicantin-6-ona (8); um alcalóide β-carbonílico; 7-
hidroxi-1-etil-β-carbolina (9); e um do tipo acridônico; arborinina (10).
Triterpeno
(1)
m = 2,9 mg
identificação: p. 57
HO
Cumarinas
(2)
HO O O m = 22 mg
identificação: p. 61
O O O (3)
O
m = 0,4 mg
identificação: p. 61
HO
OH
54
OH
(4)
m = 0,9 mg
O O O identificação: p. 64
(5)
OH
m = 26 mg
O O O identificação: p. 69
(6)
m = 2,1 mg
O O O identificação: p. 75
O
55
Alcalóides
(7)
N
N
m = 1,0 mg
identificação: p. 81
O
O
N (8)
N
m = 0,8 mg
O O identificação: p. 81
O
(9)
N
HO N m = 1,6 mg
H identificação: p. 84
O OH (10)
O m = 2,9 mg
identificação: p. 89
N O
56
4.4 Determinação estrutural
4.4.1 Triterpeno
Os terpenóides formam uma larga e diversa família de produtos naturais
derivados da unidade isoprênica C5. Dentro da classe dos triterpenos, as diferentes
estruturas típicas contêm esqueletos que são representados pela fórmula (C5)n.
Os triterpenos são compostos que apresentam (C5)6 igual a C30, ou seja,
possuem trinta átomos de carbono em sua estrutura química; são substâncias
formadas a partir de duas moléculas de bifosfato de farnesila, as quais fundem-se
por adição eletrofílica, levando à formação de hidrocarboneto escaleno; este, por
sua vez, sofre ciclização do intermediário 2,3-óxido de escaleno, produzido pela
reação catalisada por uma flavoproteína em presença de O2 e NADPH (DEWICK,
2002).
A B
HO
Substância 1
57
No espectro de RMN 1H da substância 1, acima representado na Figura 24,
podem ser observados seis singletos na região entre δ= 0,77 – 1,05 ppm, os quais
podem ser atribuídos aos hidrogênios metílicos ligados a carbonos terciários. A
presença de um singleto em δ=1,69 ppm correspondente a um grupamento metila
ligada a um carbono insaturado. Esses dados, juntamente com os sinais de
deslocamento químico em δ= 4,58 ppm (dd, J = 2,4 e 1,4 Hz) e em δ= 4,70 ppm (d, J
= 2,3 Hz), atribuídos à átomos de hidrogênio olefínicos, levaram à suposição da
natureza do triterpeno como do tipo lupânico.
1.04
0.98
0.77
0.84
0.96
1.70
4.70
4.58
4.58
4.71
4.57
4.59
3.19
3.16
2.38
3.24
2.41
1.92
1.94
1.87
1.99
3.22
1.88
2.35
2.44
2.46
8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
Chemical Shift (ppm)
4.4.2 Cumarinas
CO2H
OH OH O O
ácido cinámico
cumarina
CO2H CO2H
CO2H
HO HO OH HO OH HO O O
OPP
DMAPP
DIFERENTES
CUMARINAS
1
Os espectros de RMN H desta classe de compostos são facilmente
identificados pela presença de um sistema AX, referentes a dois dupletos em torno
59
de δ= 6,1 - 6,4 ppm e δ= 7,5 - 8,3 ppm, característicos de átomos de hidrogênio
olefínicos H-3 e H-4 do anel lactônico. (MURRAY, et al. 1982).
OH
O O O
HO O O O O O
O
2
3 4
HO
OH
O O O O O O
O
OH
5 6
1
Na análise do resultados dos experimentos de RMN H das substâncias 2 até
6 são observados sinais com deslocamento químico em δ= 6,15 ppm e δ= 7,94 ppm
(1H, J = 10 Hz), característicos dos átomos de hidrogênio H-3 e H-4 do esqueleto
cumarínico.
O espectro de RMN 1H da cumarina 2, apresntado na Figura 27, mostra um
sinal dubleto com deslocamento químico em δ= 7,44 ppm (1H, J = 8,5 Hz), referente
ao átomo de hidrogênio H-5 acoplado em posição orto, com grande valor de
constante de acoplamento, ao átomo de hidrogênio H-6; um sinal duplo dubleto com
60
deslocamento químico em δ= 6,78 ppm (1H, J = 8,5 e 2,3 Hz) e referente ao mesmo
átomo de hidrogênio H-6 acoplado aos os átomos de hidrogênio H-5 em posição orto
e H-8 em posição meta e um sinal dubleto com deslocamento químico em δ= 6,70
ppm (1H, J = 2,3 Hz), atribuído ao átomo de hidrogênio H-8 acoplado com H-6 com
pequeno valor de constante de acoplamento:
8.1 8.0 7.9 7.8 7.7 7.6 7.5 7.4 7.3 7.2 7.1 7.0 6.9 6.8 6.7 6.6 6.5 6.4 6.3 6.2 6.1 6.0
Chemical Shift (ppm)
8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
Chemical Shift (ppm)
1
Figura 27. Espectro de RMN de H da cumarina 2 (200 MHz, MEOD)
Estes dados espectroscópicos sugerem a estrutura da cumarina 2 como 7-
hidroxicumarina, a qual foi confirmada pelo espectro de massas com sinal do pico
[M+H] com m/z 163,0470 referente à fórmula molecular C9H6O3; este espectro de
massas está apresentado na Figura 28:
Intens. +MS, 0.1-0.3min #(3-16)
x105
4 163.0407
151.1132
0
60 80 100 120 140 160 m/z
61
presença de dois sinais dubletos com deslocamento químico em δ=7,88 ppm e
δ=6,96 ppm (J = 2,0 Hz) referentes aos átomos de hidrogênio de um anel furano.
Segundo MURRAY, duplos dubletos com constantes de acoplamento de 2,0
Hz conferem a uma furanocumarina um anel aromático orto com substituinte R em
posição orto em relação ao átomo de oxigênio do anel furano.
A presença de um sinal singleto largo com deslocamento químico em δ=7,57
ppm, além dos dados de multiplicidade para os átomos de hidrogênio do anel furano
e ausência de um acoplamento em W, no caso de um átomo de hidrogênio na
posição H-8 (dd, J = 1,0 Hz), confirmam uma estrutura do tipo furanocumarina
substituída em H-8.
2.66
1.24
1.28
1.00 1.08 1.05 0.94 1.06
8.1 8.0 7.9 7.8 7.7 7.6 7.5 7.4 7.3 7.2 7.1 7.0 6.9 6.8 6.7 6.6 6.5 6.4
Chemical Shift (ppm)
7.57
7.89
7.88
6.96
6.96
4.46
3.86
3.85
4.48
4.45
3.87
4.43
3.84
6.40
6.37
8.04
8.02
4.74
4.73
4.76
4.76
1.00 1.08 1.05 0.94 1.06 0.14 1.30 1.34 3.25 3.19
9.5 9.0 8.5 8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
Chemical Shift (ppm)
Figura 29. Espectro de RMN de 1H da substância 3 (400 MHz, CDCl3)
O substituinte R foi identificado como O-3,3-dimetil-2,3-diidroxi proprila; este
composto foi caracterizado pela presença de dois sinais singletos com deslocamento
químico em δ=1,24 ppm e δ=1,28 ppm, referentes a dois grupamentos metila, bem
como um sistema ABM com deslocamentos químicos em δ=4,78 ppm (dd, J = 2,8 e
10,0 Hz), δ=4,45 ppm (dd, J = 2,8 e 10,0 Hz) e δ=3,86 ppm (dd, J = 2,8 e 8,0 Hz),
(Figura 30). A região na qual se encontram estes sinais é mostrada na Figura 30:
62
H H
H OH
OH
4.80 4.75 4.70 4.65 4.60 4.55 4.50 4.45 4.40 4.35 4.30 4.25 4.20 4.15 4.10 4.05 4.00 3.95 3.90 3.85 3.80
Chemical Shift (ppm)
1.5
327.0833
1.0
305.1015
0.5
308.9744
328.0867
306.1049 312.0837
304.1079 316.0786 322.1279
0.0
305.0 307.5 310.0 312.5 315.0 317.5 320.0 322.5 325.0 327.5 m/z
63
1.66
1.46
0.01
6.18
6.16
6.45
5.74
6.48
5.71
6.27
6.31
6.29
6.34
0.93 1.05 1.10 0.83
6.50 6.45 6.40 6.35 6.30 6.25 6.20 6.15 6.10 6.05 6.00 5.95 5.90 5.85 5.80 5.75 5.70
Chemical Shift (ppm)
cumarina_P2_02.esp
4.87
4.90
4.87
4.89
4.92
4.92
4.96
4.96
6.18
6.16
7.97
6.45
8.00
5.74
6.48
5.71
4.87
4.90
4.92
4.96
6.27
6.31
2.59
8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
Chemical Shift (ppm)
4.5
6.3, 4.92
5.0
6.0
7.98, 6.16
6.5
7.0
7.5
8.0
sugerem a presença de uma ligação dupla terminal. A interpretação do resultado do
experimento RMN HSQC, apresentado na Figura 34, mostra a presença de um sinal
de um átomo de hidrogênio com deslocamento químico em δ=6,29 ppm (dd, J = 10,8
e 17,2 Hz) acoplado a dois sinais de átomos de hidrogênio com deslocamento
químico em δ= 4,92 ppm (dd, J = 1,6 e 17,2 Hz) eδ= 4,86 ppm (dd, J = 1,6 e 10,7
Hz), juntamente com as correlações do sinal com deslocamento químico em δ= 6,29
ppm com o sinal em δ=150,0 ppm e dos sinais com deslocamento químico em
δ=4,92 ppm e 4,86 ppm com o sinal em δ=105,8 ppm:
1.45, 27.48
1.65, 29.78 20
40
60
4.87, 108.31
120
5.71, 130.43
140
7.97, 138.86
160
8 7 6 5 4 3 2
F2 Chemical Shift (ppm)
Figura 34. Mapa de contorno do experimento de HSQC da substância 4 (400 MHz,
CDCl3)
65
-20
0
5.73, 27.62 1.45, 27.62
6.3, 29.84 4.94, 41.26 1.65, 29.84 20
4.87, 41.25 1.65, 41.8
40
80
6.45, 77.36 6.16, 104.11
100
1.45, 130.38
5.72, 106.12 120
1.65, 116.48
7.98, 154.63 1.65, 150.29 140
6.15, 161.43
160
6.45, 155.99
7.97, 161.43
8 7 6 5 4 3 2 1
F2 Chemical Shift (ppm)
Figura 35. Mapa de contorno do experimento de HMBC da substância 4 (400 MHz,
CDCl3)
A inexistência de um singleto referente a um átomo de hidrogênio aromático
levou à suposição da substituição de um grupamento hidroxila, o que pode ser
confirmado pela presença de um sinal de átomo de carbono com deslocamento
químico em δ=148,0 ppm, como mostrado acima no mapa de contorno para o
experimento RMM HMBC.
O sinal do átomo de hidrogênio com deslocamento químico em δ=7,94 ppm
referente ao átomo de hidrogênio H-4 e o sinal do átomo de hidrogênio com
deslocamento químico em δ=6,45 ppm e referente ao átomo H-3’ apresentam
acoplamento com o átomo de carbono com deslocamento químico em δ=148,0 ppm,
confirmando as presenças da hidroxila em posição C-5 e do anel pirano meta linear
66
OH
115,0 148,0 139,0
100,6 100,4
130,1 111,0
77,0 162,0
110,8
28,0 155,0
O 156,0 O O
41,0
30,0 150,0
110,8 .
3 1 3 .1 4 2 1
8
6
2 7 9 .1 5 4 9
3 0 1 .1 3 8 6
2 0 5 .0 8 4 7
2 2 3 .0 9 5 9 2 5 7 .1 3 0 9
0
160 180 200 220 240 260 280 300 m /z
Figura 36. Espectro de massas da substância 4 (ESI TOF)
A inexistência de um singleto referente a um átomo de hidrogênio aromático
levou à suposição da substituição de um grupamento hidroxila, o que pode ser
confirmado pela presença de um sinal de átomo de carbono com deslocamento
químico em δ=148,0 ppm, como mostrado acima no mapa de contorno para o
experimento RMM HMBC.
O sinal do átomo de hidrogênio com deslocamento químico em δ=7,94 ppm
referente ao átomo de hidrogênio H-4 e o sinal do átomo de hidrogênio com
deslocamento químico em δ=6,45 ppm e referente ao átomo H-3’ apresentam
67
acoplamento com o átomo de carbono com deslocamento químico em δ=148,0 ppm,
confirmando as presenças da hidroxila em posição C-5 e do anel pirano meta linear.
OH
115,0 148,0 139,0
100,6 100,4
130,1 111,0
77,0 162,0
110,8
28,0 155,0
O 156,0 O O
41,0
30,0 150,0
110,8
3 1 3 .1 4 2 1
8
6
2 7 9 .1 5 4 9
3 0 1 .1 3 8 6
2 0 5 .0 8 4 7
2 2 3 .0 9 5 9 2 5 7 .1 3 0 9
0
160 180 200 220 240 260 280 300 m /z
Figura 37. Espectro de massas da substância 4 (ESI TOF)
Os dados de RMN 1H das cumarinas 2, 3 e 4 em comparação com os dados
da literatura estão sumarizados e apresentados na Tabela 11:
68
Tabela 11. Dados de RMN 1H das cumarinas 2, 3 e 5.
2 3 4
H/C H* H1 H* H2 H* H3
(CDCl3) (MEOD) (CDCl3) (CDCl3) (CDCl3) (CDCl3)
3 6,27 (d, 10,0 Hz) 6,10 (d, 9,5 Hz) 6,41 (d, 9,5 Hz) 6,37 (d, 9,5 Hz) 6,16 (d, 9,5 Hz) 6,11 (d, 9,6 Hz)
4 7,94 (d, 10,0 Hz) 7,79 (d, 9,5 Hz) 8,06 (d, 9,5 Hz) 8,07 (d, 9,5 Hz) 7,98 (d, 9,5 Hz) 8,09 (d, 9,6 Hz)
5 7,55 (d, 8,0 Hz) 7,42 (d, 8,4 Hz) 7,57 (sl) 7,39 (s) ‐ ‐
6 6,88 (dd, 8,0 e 2,0 6,77 (dd, 8,4 e 2,2 ‐ ‐ ‐ ‐
Hz) Hz)
8 6,80 (d, 2,0 Hz) 6,71 (d, 2,2 Hz) ‐ ‐ ‐ ‐
1’ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
2’ ‐ ‐ 7,88 (d, 2,0 Hz) 7,69 (d, 2,0 Hz) ‐ ‐
3’ ‐ ‐ 6,96 (d, 2,0 Hz) 6,83 (d, 2,0 Hz) 6,45 (d, 10,0 Hz) 6,56 (d, 10,0 Hz)
4’ ‐ ‐ ‐ ‐ 5,71 (d, 10,0 Hz) 5,69 (d, 10,0 Hz)
5’ ‐ ‐ ‐ ‐ 1,44 (s) 1,44 (s)
6’ ‐ ‐ ‐ ‐ 1,44 (s) 1,44 (s)
1’’ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
2’’ ‐ ‐ 4,45 (dd, 2,8 e 4,78 (dd, 1,0 e 2,4 6,29 (dd, 10,8 e 6,30 (dd, 10,6 e
10,0 Hz) Hz) 17,2 Hz) 17,3 Hz)
3a’’ ‐ ‐ 4,78 (dd, 2,8 e 4,78 (dd, 8,4 e 9,8 4,92 (dd, 1,6 e 4,93 (d, 17,3 Hz)
10,0 Hz) Hz) 17,2 Hz)
3b’’ ‐ ‐ 3,86 (dd, 2,8 e 8,0 3,82 (dd, 2,4 e 8,4 4,86 (dd, 1,6 e 4,87 (d, 10,7 Hz)
Hz) Hz) 10,7 Hz)
4’’ ‐ ‐ 1,24 (s) 1,25 (s) 1,65 (s) 1,66 (s)
5’’ ‐ ‐ 1,28 (s) 1,30 (s) 1,65 (s) 1,66 (s)
69
7.65478
7.62353
7.38329
7.35496
7.27000
6.86617
6.85836
6.83785
6.83004
6.82320
6.26996
6.23822
5.59756
5.57657
5.55703
5.19911
5.17079
4.63658
4.61559
4.55064
4.54039
4.52330
4.51304
2.35474
2.32740
2.30933
2.28247
2.26050
2.24390
2.21509
2.19800
1.82445
1.71848
1.70579
9525b_1H
2.16
1.00 0.94 1.87 0.93 0.91 0.87 1.77 1.01 2.16 2.37 2.39 2.52
0.0 9.5 9.0 8.5 8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
Chemical Shift (ppm)
umarina_geranil2_H.esp
7.67359
7.64201
7.39965
7.37123
6.88967
6.88137
6.86124
6.85335
6.84546
6.83756
6.28613
6.25455
5.68299
5.67746
5.66010
5.63957
5.53655
5.51878
5.51444
5.51010
5.49234
4.63618
4.61447
2.81452
2.79518
1.76692
1.73495
1.73100
1.72034
1.71600
1.34496
1.27273
1.01 0.94 2.04 0.84 1.78 0.79 0.61 2.21 0.66 1.14 0.03 2.14 1.31 3.71 1.28
7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
Chemical Shift (ppm)
70
Tabela 12. Dados de RMN 1H das cumarinas 5 e 6.
H 5* 5** 6*
3 6,25 (1H, d, J = 9,4 Hz) 6,22 (1H, d, J = 9,5 Hz) 6,27 (1H, d, J = 9,5 Hz)
4 7,64 (1H, d, J = 9,4 Hz) 7,62 (1H, d, J = 9,5 Hz) 7,65 (1H, d, J = 9,5 Hz)
5 7,37 (1H, d, J = 8,2 Hz) 7,34 (1H, dd, J = 0,5; 8,3 7,38 (1H, d, J = 8,2 Hz)
Hz)
6 6,82 81 (1H, dd, J = 2,3 6,81 (1H, dd, J = 2,4; 8,3 6,81 (1H, dd, J = 2,3;
Hz) Hz) 8,3 Hz)
8 6,86 (1H, d, J = 2,3 Hz) 6,79 (1H, dd, J = 2,4; 0,5 6,88 (1H, dd, J = 2,5
Hz) Hz)
1’ 4,59 (2H, d, J = 6,4 Hz) 4,59 (2H, br d, J = 6,5 Hz) 4,62 (2H, d, J = 6,4 Hz)
2’ 5,50 (1H, br t, J = 6,4 Hz) 5,55 (1H, tq, J = 6,5; 1,2 5,51 (1H, tq, J = 6,5;
Hz) 1,3 Hz)
3’ - - -
4’ 2,23 (2H, d, J = 13,6; 6,0 2,25 (2H, d, J = 13,8; 6,1 ~5,6 (2H, m)
Hz) Hz)
5’ 4,53 (1H, ddd, J = 7,2; 5,3; 4,51 (1H, ddd, J = 7,3; 5,4; ~5,6 (2H, m)
6,0 Hz) 6,1 Hz)
6’ 5,18 (1H, dq, J = 7,2; 1,5 5,15 (1H, dq, J = 7,3; 1,4 2,8 (1H, d, J = 5,8 Hz)
Hz) Hz)
7’ - - -
10’ 1,70 (3H, sl) 1,67 (3H, d, J = 1,4 Hz) 1,77 (3H, sl)
71
13
O espectro de RMN C da substância 5 apresentou sinais de 19 átomos de
carbono, indicando a presença de um átomo de carbono lactônico com
deslocamento químico em δ=161,9 ppm e atribuído ao átomo de carbono C-2; uma
dupla ligação conjugada com grupamento carbonila com deslocamento químico em
δ =13,1 ppm e δ=143,4 ppm referentes aos átomos de carbono C-3 e C-4; um átomo
de carbono de grupamento éter com deslocamento químico em δ=65,2 ppm e outro
átomo de carbono ligado a grupamento hidroxila com deslocamento químico em
δ=66,4 ppm e atribuídos, respectivamente, aos átomos de carbono C-1’ e C-5’, e
sinais de duas duplas ligações referentes à cadeia alquílica com deslocamento
químico em δ =21,7 ppm, δ=138,9 ppm, δ=128,7 e δ=135,7 ppm referentes,
respectivamente, aos átomos de carbono C-2’, C-3’, C-6’ e C-7’, como mostrado nas
Figuras 39:
161.98576
161.21626
155.85358
143.38298
138.88103
135.53728
128.69908
127.29494
121.76567
113.17428
113.05529
101.57233
49525_13C
77.42442
77.00000
76.57559
66.38968
65.20370
47.70756
25.70154
18.21283
17.09032
176 168 160 152 144 136 128 120 112 104 96 88 80 72 64 56 48 40 32 24 16 8 0
Chemical Shift (ppm)
72
Giovana.003.esp
0.5
1.0
2.5
3.0
3.5
5.0
5.5
4.63, 5.58
7.65, 6.26 6.0
6.5
7.0
7.37, 6.83
7.5
6.86, 7.38
8.0
8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0
F2 Chemical Shift (ppm)
Figura 41. Espectro RMN COSY 1H-1H da substância 5 (300 MHz, CDCl3)
73
carbono com deslocamento químico em δ =8,2 ppm; átomo de hidrogênio com
deslocamento químico em δ=1,70 ppm e átomo de carbono com deslocamento
químico em δ 17,1 ppm; átomo de hidrogênio com deslocamento químico em δ=1,71
ppm e átomo de carbono com deslocamento químico em com δ=25, 7 ppm.
Giovana.004.esp
-10
0
1.73, 18.14
1.85, 18.17 10
20
30
1.73, 25.49
2.27, 47.73 40
50
4.53, 65.16
70
80
90
6.83, 101.52
100
130
5.19, 128.7
140
160
8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0
F2 Chemical Shift (ppm)
161,2 161,9
O O O 65,2 O O O
4,62 6,86
135,5 138,8
OH 1,71 18,2
OH 25,7
1,82
74
7,37 7,64
6,82 6,15
4,62
O 6,86
O O
2,25 5,18
5,57 4,53 1,70
OH 1,71
1,82
Giovana.005.esp
-10
50
2.28, 66.23 60
80
6.82, 101.63 90
6.87, 101.65
100
6.88, 113.12 6.83, 113.22
110
4.63, 121.8 1.83, 121.84
6.25, 113.18 1.73, 128.58 120
7.64, 130.82
2.27, 121.84 130
4.63, 138.76
7.37, 143.4
140
1.73, 135.78
4.53, 138.79
7.38, 156.96 1.83, 138.79 150
160
8 7 6 5 4 3 2 1
F2 Chemical Shift (ppm)
75
Intens. +MS, 0.1-0.4min #(4-21)
x106
337.1430
1.5
1.0
0.5
297.1503
0.0
100 150 200 250 300 m/z
OH O O OH HO O OH
H
m/z
163,0395
1 185.0229
337.1436
135.1184
0
100 150 200 250 300 m/z
Figura 46. Espectro de EM/EM do íon [M+Na] de razão m/z de 337 (ESI-q-TOF)
não encontrada. eTabela 13. A substância 6 não apresenta estrutura conhecida na
literatura tratando-se, portanto, de um composto inédito.
5 6
H/C 13 13 13
C* C** C*
2 161,9 162,1 162,0
3 113,1 113,1 113,0
4 143,4 143,5 143,4
4a 112,1 112,6 112,5
5 127,3 127,4 127,3
6 113,2 113,2 113,3
7 161,2 161,3 161,3
8 101,6 101,7 101,6
8a 155,8 155,9 155,8
1’ 65,2 65,3 65,4
2’ 121,7 128,8*** 119,1
3’ 138,9 138,9 135,5
4’ 47,7 47,7 124,1
5’ 66,4 66,5 138,8
6’ 128,7 121,8*** 42,1
7’ 135,5 135,5 70,7
8’ 17,1 17,1 29,7
9’ 18,2 18,2 18,2
10’ 25,7 25,7 16,6
( * ) Valores experimentais; ( ** ) Valores de referência: ADJUIJ et al., 1989; ( *** )
Valores invertidos.
1,2 Hz) e um multipleto com deslocamento químico em δ=5,6 ppm referente a dois
átomos de hidrogênio:
umarina_geranil2_H.esp
7.67359
7.64201
7.39965
7.37123
6.88967
6.88137
6.86124
6.85335
6.84546
6.83756
6.28613
6.25455
5.68299
5.67746
5.66010
5.63957
5.53655
5.51878
5.51444
5.51010
5.49234
4.63618
4.61447
2.81452
2.79518
1.76692
1.73495
1.73100
1.72034
1.71600
1.34496
1.27273
1.01 0.94 2.04 0.84 1.78 0.79 0.61 2.21
1.01 0.94 2.04 0.84 1.78 0.79 0.61 2.21 0.66 1.14 0.03 2.14 1.31 3.71 1.28
7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
Chemical Shift (ppm)
161,3 162,0
4,62
O 6,88
O O 65,4
O 101,6
O O
5,6 O 124,1 O
5,51 1,35 119,1 29,7
2,8 42,1
5,6 135,5 138,8 70,7
18,2
1,77 1,27 16,6
78
Os dados de RMN juntamente com os dados obtidos no espectro de massas
(Figura 47) em que é possível ver o íon protonado com relação m/z de 313,1435
estando de acordo com a fórmula molecular C19H20O4 e sua massa molar de
312,1361 confirmam a estrutura da substância 6.
162.07819
161.30113
155.86185
143.44502
141.03462
140.43201
128.69708
123.86832
119.30122
113.25140
113.01352
112.49020
101.57197
merson.003.esp
77.42816
77.20615
77.00000
76.57976
70.71230
65.43951
42.12032
29.83036
16.77923
176 168 160 152 144 136 128 120 112 104 96 88 80 72 64 56 48 40 32 24 16 8 0
Chemical Shift (ppm)
cumarina_geranil2_cosy.esp
0.5
1.0
1.5
2.0
3.0
3.5
F1 Chemical Shift (ppm)
4.0
5.5, 4.63
4.5
5.0
5.5
6.5
7.38, 6.87
7.0
7.5
8.0
8.5
8 7 6 5 4 3 2 1
F2 Chemical Shift (ppm)
79
Figura 48. Espectro de COSY 1H-1H da substância 6 (300 MHz, CDCl3)
RMN UFSCAR.012.esp
8
1.77, 16.65
16
1.27, 29.68
1.35, 29.69 24
32
2.8, 41.99
40
48
56
4.63, 65.31
72
80
88
6.85, 101.44 96
104
6.27, 112.87
112
6.89, 113.13
120
7.39, 128.54 5.51, 119.17
5.68, 123.7 128
144
8 7 6 5 4 3 2 1
F2 Chemical Shift (ppm)
16
24
32
40
48
56
64
72
F1 Chemical Shift (ppm)
80
88
96
104
6.27, 113.13
112
4.63, 119.39 2.81, 119.4
6.86, 113.13 2.81, 124.18 120
7.66, 128.7
128
144
7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0
F2 Chemical Shift (ppm)
Intens. +MS, 0.2-1.3min #(8-60)
x105 163.0408
2.5
2.0
1.5
297.1486
1.0
0.5 229.0866
313.1435
0.0
75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 m/z
4.4.2 Alcalóides
Os alcalóides representam uma classe de metabólitos secundários com
grande diversidade estrutural e constituem cerca de 20% de todas as substâncias
naturais descritas (DJALMA, 2005).
Os alcalóides são bases orgânicas nitrogenadas e representam uma classe
de metabolitos secundários encontrados principalmente em plantas, porém, há
ocorrências em microorganismos, insetos e anfíbios. Seu caráter básico deve-se à
presença de um ou mais átomos de nitrogênios em anéis heterecíclicos (SIMOTE,
2006).
Na família Rutaceae diferentes classe de alcalóides são encontrados e
classificados de acordo com sua origem biossintética: os derivados da fenilalanina e
tirosina, do triptofano, derivados do ácido antranílico, alcalóides derivados da
histidina e alcalóides de origem não definida, como os carbazóis. Os alcalóides
derivados do ácido antranílico são considerados marcadores quimiotaxonômicos da
família Rutaceae.
81
Os alcalóides cantinônicos apresentam espectros de RMN de hidrogênio
particulares, sendo observados dois dupletos em aproximadamente δ 7,90 e δ 8,80,
ambos com constantes de acoplamento igual a 5,0 Hz, referentes aos hidrogênios
H-1 e H-2 do anel piridínico (anel B).
11 1
12 14 2
10
9
13
15
N N
8
N 16 N
4
O 5 O OCH 3
OCH 3 OCH 3
Substância 7 Substância 8
82
7.26
7.89
7.87
8.78
8.80
8.73
7.57
8.75
8.12
8.14
7.74
7.58
7.72
7.55
7.76
2.07 1.00 0.96 1.08 1.13 0.89
8.8 8.7 8.6 8.5 8.4 8.3 8.2 8.1 8.0 7.9 7.8 7.7 7.6 7.5 7.4 7.3 7.2
7.26
Chemical Shift (ppm)
7.89
7.87
8.78
8.80
8.73
7.55 7.57
8.75
8.12
8.14
7.76 7.74
7.58
7.72
2.07 1.00 0.96 1.08 1.13 0.89 2.83
9.0 8.5 8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0
Chemical Shift (ppm)
7.95
7.94
8.86
8.85
7.52
7.51 7.52
7.72
7.53
7.54
8.12
8.67
8.68
8.10
7.70
8.11
7.71
8.68
8.66
8.10
7.73
7.73
7.70
7.50
8.9 8.8 8.7 8.6 8.5 8.4 8.3 8.2 8.1 8.0 7.9 7.8 7.7 7.6 7.5 7.4
Chemical Shift (ppm)
7.95
7.94
8.86
8.85
7.52
7.72
7.53
7.54
8.12
8.68
8.67
8.10
7.70
8.11
7.71
8.68
8.66
7.73
7.73
7.70
9.0 8.5 8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0
Chemical Shift (ppm)
83
Intens. +MS, 0.1-1.1min #(4-66)
x106
3 251.0816
0
60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 m/z
281.0933
0
50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 m/z
2 8,79 (d, J = 5,0 Hz) 8,76 (d, J = 5,1 Hz) 8,85 (d, J = 5,0 Hz) 8,86 (d, J = 5,0 Hz)
deslocamentos químicos dos átomos de hidrogênio H-3 e H-4 na faixa entre δ=8,15
– 8,55 ppm e δ=7,80 – 8,35 ppm, respectivamente, e com constantes de
acoplamento na ordem de 5,0 – 6,0 Hz.
5 4
6 3
9 N
HO 7
8
N 1
H 1´
2´
Substância 9
8.2 8.1 8.0 7.9 7.8 7.7 7.6 7.5 7.4 7.3 7.2 7.1 7.0 6.9 6.8
Chemical Shift (ppm)
1.46829
1.82 3.53
3.20331
8.02529
8.00815
7.89931
8.18213
8.17141
7.88817
6.85633
6.85290
6.83919
6.83619
3.21917
3.17289
8.59521
0 9.5 9.0 8.5 8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
Chemical Shift (ppm)
85
No espectro de RMN 1H acima também são observados um quadrupleto com
deslocamento químico em δ=3,14 ppm (q, J = 6,1 Hz, 2H) e um tripleto com
deslocamento químico em δ=1,46 ppm(t, J = 6,1 Hz, 3H), os quais confirmam a
presença de um grupo etila como substituinte no átomo de carbono C-1.
O acoplamento destes átomos de hidrogênio pode ser observado no resultado
do experimento RMN COSY apresentado na Figura 56:
_ p
3.2, 1.45 1
6
8.02, 6.85 7, 6.86
8.16, 7.87
8 7 6 5 4 3 2
F2 Chemical Shift (ppm)
86
Os experimentos RMN HSQC e HMBC são mostrados nas Figuras 57 e 58:
RMN_centralUSP.008.esp
3.19, 26.02
1.47, 29.36 20
40
80
7, 96.45
140
8 7 6 5 4 3 2 1
F2 Chemical Shift (ppm)
3.2, 12.5 0
1.47, 26.01
20
40
60
F1 Chemical Shift (ppm)
80
8.18, 111.91
100
6.85, 96.46
8.02, 130.04 120
7.89, 134.02 3.2, 134.15
3.2, 145.36
140
200
9 8 7 6 5 4 3 2 1
F2 Chemical Shift (ppm)
Os resultados obtidos nos experimentos RMN HSQC e HMBC permitiram a
correlação entre átomos de hidrogênio com deslocamento químico em δ=3,18 ppm e
átomos de carbono com deslocamento químico em δ= 26,0 ppm, δ=125,0 ppm,
δ=145,36 ppm e δ=134,1, os quais podem ser atribuídos, respectivamente, aos
átomos de carbonos C-1’, C-4a e C-9a.
A partir do sinal com deslocamento químico em δ=1,46 ppm foi possível
verificar as correlações dos sinais referentes aos átomos de carbono com
deslocamento químico em δ=26,0 ppm, δ=29,3 ppm e δ=145,36 ppm; estas
correlações levaram `a atribuição dos valores de deslocamentos químicos de todos
os átomos de carbono do alcalóide 9.
Os dados espectroscópicos de RMN 13C apresentados na Tabela 15,
juntamente com o pico do íon molecular protonado [M+H] com m/z 213,1027 e
referente a fórmula molecular C13H12N2O, obtido a partir do espectro de massas
apresentado na Figura 59, confirmaram a natureza do alcalóide como 7-hidróxi-1-
etil- β-carbonila.
Intens. x_alcal_CH2CH3_01.d: +MS, 0.1-1.0min #(6-62)
x105
213.1048
6
0
x104 x_alcal_CH2CH3_02.d: +MS2(213.0000), 0.1-1.2min #(3-69)
2.0
198.0812
1.5
1.0
170.0640
0.5
88
Tabela 15. Dados de RMN 13C do alcalóide 9.
C 9
1 145,2
2 -
3 135,6
4 112,0
4a 130,0
5 122,3
5a 143,6
6 110,0
7 159,0
8 96,45
8a 114,3
9 -
9a 134,1
1’ 26,0
2’ 29,3
5
14
N 11
4
3
OCH3
Substância 10
No espectro de RMN 1H de 10 (Figura 56) é possível verificar a presença de
quatro sinais na região de átomos de hidrogênio aromático, com deslocamentos
químicos em δ=8,37 ppm (dd, J = 8,0 e 1,6 Hz), δ=7,69 ppm (ddd, J = 8,8; 7,0 e 1,4
Hz), δ=7,62 ppm (dl, J = 8,4 Hz) e δ=7,25 ppm (ddd, J = 8,0; 7,2 e 1,2 Hz),
referentes aos átomos de hidrogênio H-8, H-7, H-5 E H-6, respectivamente,
evidenciando um anel orto substituído
89
3.94
4.02
3.82
14.76
7.28
6.24
7.52
8.39
8.44
7.68
7.73
7.24
7.71
7.76
0.84 1.10 1.20 1.80 1.00 2.98
14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Chemical Shift (ppm)
1
Figura 56. Espectro de RMN de H da substância 10 (200 MHz, CDCl3).
Além disto, foram observados três singletos relativos a grupos metila ligados a
um heteroátomo com deslocamento químico em δ=4,02 ppm, δ=3,94 ppm e δ=3,82
ppm, um singleto de átomo de hidrogênio aromático com deslocamento químico em
δ=6,24 ppm e um sinal com deslocamento químico em δ 14,76 ppm referente a um
grupo hidroxila quelado.
Estes dados espectroscópicos, em conjunto com o conhecimento de que em
plantas da família Rutaceae é verificada a ocorrência de alcalóides derivados do
ácido antranílico, sugere que a substância 10 é um alcalóide acridônico.
A presença de um grupo hidroxila quelado evidencia a presença de uma
substituição em C-1 por uma hidroxila. Os sinais com deslocamento químico em δ=
4,02 ppm, δ= 3,94 ppm e δ= 3,82 ppm apresentam correlações no mapa de HSQC (
apresentado na Figura 57) com átomos com deslocamento químico em δ=61,3 ppm ,
δ= 56,2 ppm e δ= 34,6 ppm, confirmando assim a presença de dois grupos metoxila,
onde o sinal mais blindado em δ=3,82 ppm correspondente a um grupo N-CH3.
No mapa de correlações de HMBC, apresentado na Figura 58, o sinal com
deslocamento químico δ=6,24 ppm apresenta correlação com os sinais de átomos
de carbono com deslocamento em δ=130,2 ppm e 159,8 ppm, confirmando a
presença das metoxilas em C-2 e C-3.
90
20
3.76, 33.41
40
4, 55.18
60
100
8.39, 125.75
120
7.26, 120.82
9 8 7 6 5 4
F2 Chemical Shift (ppm)
20
40
60
7.49, 77.36
F1 Chemical Shift (ppm)
80
7.27, 114.6
7.71, 114.81 7.27, 121.34 100
180
7.48, 180.67
6.24, 180.91 200
10 9 8 7 6 5 4 3
F2 Chemical Shift (ppm)
91
Os deslocamentos químicos dos átomos de carbono foram atribuídos a partir
dos dados obtidos pelos mapas de correlações de HSQC e HMBC; estes dados
estão sumarizados juntamente com os dados de RMN1H na Tabela 16.
Os dados espectroscópicos indicam que o composto 10 é um alcalóide
acridônico substituído em C-1, C-2 e C-3; este composto é conhecido como
arborinina, com ampla ocorrência na família Rutaceae.
No espectro de massas obtido a partir de respectivas variações de energia de
colisão é possível identificar o pico do íon molecular protonado [M+H] m/z 286,1088,
correspondente à fórmula molecular C16H15N O4. Os dados espectrométricos são
mostrados na Tabela 16 e na Figura 59:
92
Intens. alcaloide000003.d: +MS, 0.1-1.0min #(7-75)
x105
286.0353
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
239.1740 267.1997
0.0
x105 alcaloide000015.d: +MS2(286.1088), 15eV , 0.7min #36
286.1088
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
x105 alcaloide000010.d: +MS2(286.1090), 25eV , 0.3min #14
1.00
0.75
0.50 253.0748
0.25
225.0798
0.00
x105 alcaloide000012.d: +MS2(286.1086), 35eV , 0.6min #28
1.50
225.0796
1.25
1.00
253.0745
0.75
271.0849
0.50
0.25 197.0846
0.00
x105 alcaloide000016.d: +MS2(286.1080), 45eV , 0.4min #20
1.25 225.0789
1.00
0.75
182.0607 197.0839
0.50
93
4.5 Estudo de produtos naturais na busca por inibidores
94
100
80
60
% Inibição
0
0 10 20 30 40 50 60
[ S_5 ] µM
100
80
60
% Inibição
[ S_5 ] µM
95
A série avaliada continha 11 compostos de origem natural sem nenhuma
modificação estrutural. Para esta série foi determinado o valor de potencia de
inibição (IC50) frente a catepsina L, a fim de comparação entre as catepsinas V e L.
Os valores de potência e seletividade obtidos para esta série estão apresentados na
Tabela 18:
O OH
N OH
OH OCH3
O OH
N OH
OH
O OH
OH OCH3
O OH
PN_AC_04 N OH 23 ± 2 26 ± 5 0,9
OH
O OH
OH OCH3
96
O OH
OH OCH3
O OH
OCH3
OH OCH3
O OH
PN_AC_08 62 ± 5 48 ± 5 1,3
N O
OH
O OH
PN_AC_09 57 ± 5 44 ± 3 1,3
N O
OH OCH3
O OH
OH OCH3
OH
O O
OH OCH3
97
mais detalhadas sobre a natureza das relações entre a estrutura e atividade (SAR)
de uma série de compostos.
Por outro lado, a pequena faixa de potência verificada pode ser avaliada
como forma a apontar os alcalóides acridônicos como potentes inibidores tanto da
catepsina L como da catepsina VDentre os compostos testados, a variação entre os
valores de IC50 encontrados foi de 0,9 a 57 µM para a catepsina L e de 1,5 a 48 µM
para a catepsina V.
Dentre os compostos testados, a variação entre os valores de IC50
encontrados está entre 0,9 e 57 µM para a catepsina L e entre 1,5 e 48 µM para a
catepsina V. Os compostos considerados como os mais potentes da série foram
PN_AC_01 e o PN_AC_02, com valores respectivos de IC50 de 0,9 e 0,8 µM frente a
catepsina L. O composto PN_AC_07 apresentou-se como o composto mais potente
frente a catepsina V, com valor de IC50 de 1,2 µM.
Na busca por novas espécies químicas que sirvam como fármacos ou
protótipos é de suma importância a seletividade de um composto alvo frente a
apenas uma enzima. As catepsinas L e V apresentam alta similaridade, assim, a
busca por inibidores seletivos é um grande desafio. A seletividade verificada nesta
pequena série de compostos com pouca diversidade estrutural foi baixa, porém,
compostos como PN_AC_05 e PN_AC_11 apresentaram seletividade cerca de duas
vezes maior frente a catepsina V, enquanto que o composto PN_AC_10, cerca de
três vezes.
A presença do grupo substituinte prenila em C-8 no anel A não interfere na
potência destes compostos quando se compara os compostos PN_AC_01 e
PN_AC_03; assim também ocorre com a presença de um grupo metoxila em C-4
quando comparados os compostos PN_AC_01 e PN_AC_02.
Para os compostos PN_AC_03 e o PN_AC_04 verifica-se que a presença do
grupo prenila em C-2 no anel B é grande importância para o mecanismo de inibição,
levando a diminuição no valor de potência por um fator de 25 vezes; a ausência do
grupo prenila no composto PN_AC_05 reafirma esta observação.
Além disto, a comparação entre os compostos PN_AC_05, PN_AC_06 e
PN_AC_07 leva à constatação que o grupo metoxila em C-3 ocasiona um aumento
da potência, porém, o acréscimo de mais um grupo metoxila em C-2 não ocasiona
diferença significativa.
98
É interessante observar que na série de alcalóides ensaiados a presença do
grupo prenila leva a melhor participação na potência em relação aos compostos
onde houve ciclização intra-molecular do grupo prenila com formação de um novo
anel. Além disto, ao comparar os valores de IC50 dos alcalóides prenilados em
relação aos alcalóides que sofreram ciclização, é possível verificar que os prenilados
demonstram uma tendência mais seletiva para a catepsina L, enquanto que os
ciclizados são mais seletivos para a catepsina V.
Mesmo com a moderada seletividade apresentada nesta série, as informações
obtidas são altamente relevantes, podendo servir como subsídio para o
planejamento de rotas de síntese de compostos que apresentem maiores valores de
potência e seletividade frente a uma das enzimas estudadas. Cabe também
ressaltar que os dados obtidos aqui apresentados são inéditos para as enzimas
alvos e reforçam a importância dos mesmos.
R4
2 3 5
R R R
R1 N
H COOH
Figura 62. Estrutura geral para o ácido N-aril antranílico
Os compostos A_10 e A_11 apresentam anel aromático adicional e diferem
pela presença dos substituintes nitro e metoxil em R-1. Esta diferença estrutural
acarretou pequena diferenciação no valor de potência para a catepsina L; também
foi observado que a presença do grupo nitro em R-1 possibilitou maior seletividade
deste inibidor frente a catepsina V.
Tabela 19. Valores de potência e de seletividade dos ácidos N-aril antranílicos frente
às catepsinas L e V.
ESTRUTRURA Seletividade
Catepsina L Catepsina V (S)
Inibidor
IC50 (µM) IC50 (µM)
O O
O O
F
O F
O O
O F
O O O
A_10 O N
2,1 ± 0,005 1,8 ± 0,01 1,2
H
CO2H
102
O
O NO2
103
4.6.2 Produtos sintéticos: alcalóides acridônicos
104
Tabela 20. Valores de potência e de seletividade dos alcalóides acridônicos
sintéticos frente a catepsinca L e V.
Catepsina L Catepsina V Seletividade
Inibidor ESTRUTRURA
IC50 (µM) IC50 (µM) (S)
O
O
NO2
O
O F
AC_03 1,5 ± 0,1 4,9 ± 0,3 0,3
N F
H
O
O F
O NO2
AC‐05 0,5 ± 0,01 1,7± 0,08 0,3
N
H
O
105
O
O2 N
O NO2
AC_08 1,6 ± 0.005 2,0 ± 0,02 0,8
N
H
O
O
AC_09 ND* ND ‐
N
H
O
106
4.6.3 Produtos sintéticos: alcalóides 4-quinolínicos-2-substituídos
Q_04
1,6 ± 0,2 5,2 ± 0,1 0,3
N
H
107
O
6,8 ± 0,6 12 ± 0,9 0,6
Q_05 N
H
O
Q_06
9,0 ± 0,8 8,5 ± 0,7 1,0
N
H
(CH 2)5CH3
O
Q_08
20 ± 0,8 20 ± 0,5 1,0
N
H
F
O
Q_10 O
49 ± 1,4 62 ± 1,2 0,8
N O
H
108
O
O
Q_11 O
30 ± 2,3 18 ± 1,9 1,7
N O
H
O
109
que a presença de grupos substituintes alquílicos no anel B influencia diretamente
na potência da séria avaliada.
O composto Q_04 apresenta valor de IC50 de 1,6 µM frente a catepsina L,
enquanto o composto Q_06 apresenta valor de IC50 de 9,0 µM, demonstrando assim
que há um número limite átomos de carbonos para o qual ocorre aumento de
desempenho de potência.
Ao compararmos os composto Q_04 e Q_07, podemos inferir que a presença
do átomo de oxigênio no composto Q_07 acarretou diminuição do valor da potência
por um fator de dez para ambas catepsinas.
Os compostos Q_08 e Q_09 também apresentam substituintes receptores de
elétrons quando comparados com composto Q_01; também é possível inferir que a
presença destes substituintes leva à diminuição do valor de potência frente às
catepsinas L e V.
Já os compostos Q_10 a Q_14, quando comparados estruturalmente com
outros da série, sofrem perda do anel B; esta perda do anel nos compostos Q_10 a
Q_12 provocou diminuição do valor de potência: a presença do grupamento hidroxila
em relação ao grupamento éster no composto Q_10 acarretou melhor desempenho
de potência em relação ao compostoQ_12.
O composto Q_13 possui uma cadeia alquílica com 11 átomos de carbono
enquanto no composto Q_14 há um anel furano; ambos substituintes acarretaram
melhor desempenho de potência frente às catepsinas em estudo, entretanto, a
presença do substituinte alquilico em Q_13 permitiu ainda melhores desempenhos
de potência e seletividade frente a catepsina L.
110
perda da atividade enzimática que pode ser recuperada com a remoção do inibidor.
(COPELAND, 2000).
Na busca de inibidores enzimáticos para o planejamento de fármacos é
desejável que o inibidor se ligue à enzima de forma não covalente, rapidamente e
reversível, sem alterar a estrutura da enzima, levando à formação do complexo
(E●I). Os inibidores reversíveis podem ser classificados em três tipos: 1)
competitivos; 2) não competivos e 3) incompetitivos.
Dentre os compostos avaliados foram selecionados para a determinação do
mecanismo de inibição em Os inibidores enzimáticos atuam através de mecanismos
que podem ser reversíveis ou irreversíveis; nestes mecanismos os inibidores
enzimáticos associam-se à enzima, levando à formação do complexo enzima-
substrato, o qual pode ser formado por ligações inter-moleculares não covalentes
(E●I) ou covalentes (E-I).
Os inibidores irreversíveis provocam a inativação da enzima enquanto que os
reversíveis ligam-se à enzima, ocasionando perda de atividade enzimática que pode
ser recuperada com a remoção do inibidor. (COPELAND, 2000).
Na busca por inibidores enzimáticos úteis ao planejamento de fármacos é
desejável que o inibidor ligue-se à enzima de forma não covalente, rápida e
reversível, sem provocar alteração estrutural da enzima e levando à formação do
complexo (E●I).
Os inibidores reversíveis podem ser classificados em três tipos:
1) competitivos;
2) não competivos;
3) incompetitivos.
111
A determinação do mecanismo de inibição deu-se a partir de procedimento
cinético que gera um gráfico de duplo recíproco para cada inibidor, conhecido como
gráfico de Lineweaver-Burk, a partir do qual obtem-se um perfil que possibilita
especificar o tipo de inibição existente.
Neste trabalho acadêmico os alcalóides naturais e sintéticos apresentaram
mecanismo de inibição competitivo em relação ao substrato Z-FR-MCA tanto para as
catepsinas L quanto V, como pode ser observado nas Figura 63 até Erro! Fonte de
referência não encontrada., nas quais é apresentado o perfil gráfico característico para
um inibidor competitivo:
6
[PN_AC_01] 0.0 µM
5
[PN_AC_01] 1.0 µM
1/V (µM MCA/min) -1)
[PN_AC_01] 3.0 µM
[PN_AC_01] 5.0 µM
4
0
-0.2 0.0 0.2 0.4 0.6
-1
1/ [ZRFMCA] (µM )
Figura 63. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto PN_AC_01 frente à catepsina L.
8
[PN_AC_03] 0.0 µM
6
1/V (µM MCA/min) -1)
[PN_AC_03] 1.0 µM
[PN_AC_03] 3.0 µM
[PN_AC_03] 5.0 µM
0
-0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8
-1
1/ [ZRFMCA] (µM )
112
Figura 64. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto PN_AC_03 frente à catepsina L.
2.0
1.8
[AC_01] 0.0 µM
[AC_01] 1.0 µM
1.6 [AC_01] 3.0 µM
1.2
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
0.0
-0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4
-1
1/ [ZRFMCA] (µM )
3,5
[AC_03] 0.0 µM
3,0 [AC_03] 3.0 µM
[AC_03] 5.0 µM
)
-1
[AC_03] 9.0 µM
1/V (µM MCA/min)
2,5
1/V (µM MCA/min) )
-1
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
-0,3 -0,2 -0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4
1/ [ZRFMCA] (µM-1)
113
8
[PN_AC_01] 0.0 µM
[PN_AC_01[ 3.0 µM
7 [PN_AC_01] 5.0 µM
[PN_AC_01] 7.0 µM
0
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8
-1
1/ [ZRFMCA] (µM )
3.5
[PN_AC_03] 0.0 µM
[PN_AC_03] 1.0 µM
3.0 [PN_AC_03] 3.0 µM
[PN_AC_03] 5.0 µM
2.5
1/V (µM MCA/min) -1)
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
-0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4
-1
1/ [ZRFMCA] (µM )
114
[AC_01] 0.0 µM
[AC_01] 1.0 µM
3 [AC_01] 3.0 µM
[AC_01] 5.0 µM
0
-0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2
-1
1/ [ZRFMCA] (µM )
[AC_03] 0.0 µM
[AC_03] 1.0 µM
4 [AC_03] 3.0 µM
1/V (µM MCA/min) )
-1
[AC_03] 5.0 µM
0
-0,10 -0,05 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
1/ [ZRFMCA] (µM-1)
115
presença do inibidor competitivo. Por outro lado, as intersecções com o eixo x
fornecem valores de recíproco do Km aparente (-1/Km), que aumentam com o
aumento da concentração de um inibidor competitivo por um fator igual a (1+[I]/Ki).
O valor de Vmax é constante para todas as concentrações de inibidor, porém,
o valor de Vmax aparente, o qual é definido como Km ( 1 + [ I ] / Ki ), aumenta com o
aumento da concentração do inibidor. Esse efeito característico do modo de ação
dos inibidores competitivos ocorre pois mais substrato é requerido para manter a
metade do valor de Vmax; os valores de Vmax permanecem inalterados devido à
capacidade do substrato de deslocar totalmente o equilíbrio em condições de
saturação, uma vez que competem pelo mesmo sítio da enzima. COPELAND.
Os inibidores e o substrato podem ligar-se separadamente aos sítios da
enzima, com concorrência direta dos dois ligantes pelo sítio ativo em comum. Este
tipo de mecanismo de alguma maneira pode exercer uma regulação negativa de um
para com o outro como, por exemplo, através de uma interação alostérica negativa,
a qual pode ser guiada por uma ligação induzida e provocar mudança na
conformação.
Este tipo de regulação negativa, via comunicação alostérica e possível
mudança de conformação, pode levar à interações do inibidor indiretamente ao sítio
ativo. Assim, não se pode presumir que devido ao fato de um inibidor exibir a
assinatura cinética de um inibidor competitivo, o mesmo se ligará ao sítio ativo da
enzima; entretanto, experimentos de cristalografia de muitos inibidores competitivos
em uso clínico têm demonstrado sua ligação direta ao sítio ativo da enzima alvo.
Atualmente, grande número de fármacos atuam sobre um mecanismo de
inibição competitivo, dentre os quais podemos citar Lovastatin, que atua na redução
do colesterol tendo como enzima alvo a HMG-CoA redutase, Saquinavir, indinavir e
ritonavir, que atuam sobre HIV protease, captopril e enalapril que atuam sobre a
enzima de conversâo da angiotensina I para a angiotensina II a qual provoca
aumento na pressão sanguínea e leva à problemas de hipertensão.
Os ácidos N-aril antranílicos apresentaram um mecanismo incompetitivo em
relação ao substrato Z-FR-MCA para ambas catepsinas, como apresentado nas
Figura 71 à Figura 74:
116
2,0
1,8
[A_10] 0.0 µM
1,6 [A_10] 1.0 µM
[A_10] 3.0 µM
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
-0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4
-1
1/ [ZRFMCA] (µM )
Figura 71. Gráfico de Lineawaver-Burk do composto A_10 frente a catepsina L.
8
[AC_11] 0.0 µM
[AC_11] 1.0 µM
[AC_11] 5.0 µM
[AC_11] 9.0 µM
6
1/V (µM MCA/min) )
-1
0
-0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
-1
1/ [ZRFMCA] (µM )
117
16
[A_10] 0.0 µM
14 [A_10] 3.0 µM
[A_10] 5.0 µM
[A_10] 7.0 µM
10
0
-0,3 -0,2 -0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4
-1
1/ [ZRFMCA] (µM )
18 [A_11] 0.0 µM
[A_11] 3.0 µM
[A_11] 5.0 µM
16
1/V (µM MCA/min) )
-1
[A_11] 7.0 µM
14
12
10
0
-0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4
1/ [ZRFMCA] (µM-1)
118
Nestes gráficos podemos observar o perfil gráfico para este tipo de inibidor,
no qual o duplo recíproco é composto por linhas paralelas.
A afinidade dos inibidores incompetitivos é alta em condições de saturação do
substrato, bem como para os inibidores não competitivos. Desta forma, dependendo
das condições fisiológicas experimentais, esta incapacidade dos inibidores não
competitivos e incompetitivos de não vencer as altas concentrações de substrato
pode oferecer algumas vantagens clínicas em relação aos outros inibidores.
Dentre alguns fármacos que possuem valor comercial e atuam sobre um
mecanismo de inibição incompetitiva podemos citar Metotrexato, utilizado nos
tratamentos de câncer e infecções bacterianas e Camptotecin, indicado para o
tratamento de câncer, utilizando a enzima topoisomerase. como enzima alvo.
Um fármaco muito conhecido que também atua sob mecanismo de inibição
incompetitivo é a finasterida, bem como seus similares epristerida e dudasterida.
Estes fármacos atuam sobre a enzima esteróide 5α-redutase; o fármaco epristerida,
por exemplo, liga-se a enzima esteróide 5α-redutase, conectando o cofator NADPH
a seu sítio ativo; este, por sua vez, conecta-se ao hormônio masculino testoterona,
dando origem ao complexo terciário enzima-NADPH-testosterona.
Um intermediário enolato da testosterona é formado pela transferência
estereoespecífica de um próton do NADPH para o carbono beta a dupla ligação da
estrututa da testosterona. Este intermediário enolato é estabilizado pela interação
entre um grupo ácido de dentro do sítio ativo que ao doar um próton ao carbono alfa
do enolato permite a formação do produto dihidrotestosterona (DHP). DHP e NADP+
são liberados, completando o ciclo.
Este inididor, o epristerida, foi mimitizado a partir do intermediário enolato,
proveniente do hormônio natural testosterona e apresenta-se como um inibidor
incompetitivo, ligando-se a enzima somente após a formação do complexo binário
enzima_NADPH, e como inibidor competitivo em relação à testosterona.
Os resultados obtidos de experimentos de duplo reciploco, além de
possibilitarem a verificação gráfica do tipo de mecanismo de inibição, também
permitem extrair informações referentes aos valores de Km e Vmax. O gráfico da
razão Vmax/ Km versus [ I ], como descrito na Figura 75, leva a obtenção do valor de
Ki que representa a intersecção da reta ao eixo x:
119
16
14
12
│-x │ = Ki
Kmapp/Vmaxapp
10
0
1 0 1 2 3 4 5 6
[inibidor]
120
4.8 Estudos de docagem modelagem e modelos de interação.
A docagem molecular (do inglês, molecular docking), também conhecida como
docagem ou ancoramento (do inglês, docking) é um dos principais métodos de
planejamento baseado na estrutura do receptor (SBDD, structure-based drug design)
empregados em estudos de química medicinal. A técnica consiste em prever a
conformação biotiva de uma pequena molécula (ligante) dentro do sítio de ligação de
uma macromolécula (enzima, DNA ou RNA), seguido de avaliação (pontuação) e
classificação do modo de ligação proposto (GUIDO 2008).
Nas últimas décadas, a junção entre técnicas experimentais e computacionais
assumiram grande importância no processo de planejamento de novos fármacos
sendo que a determinação do mecanismo enzimático experimental permite o
estabelecimento racional de estudos de modelagem molecular a partir de técnicas
avançadas de docagem molecular.
Estudos anteriores levaram a criação de um modelo farmacofórico para a
catepsina V (SEVERINO, 2008), obtido a partir de dados cristalográficos da
catepsina K em bancos de dados de proteínas (PDB). O modelo gerado foi utilizado
para auxiliar na identificação das conformações biotivas dos alcalóides acridônicos
naturais PN_AC_01 a PN_AC_09, apresentando bom posicionamento no modelo
farmacofórico sugerido, com a existência de interações intermoleculares importantes
para o reconhecimento molecular. Além disto, foi verificado que estes compostos se
apresentam com os anéis aromáticos A e B localizados em regiões hidrofóbicas, e
sugerem que interações hidrofóbicas e de van der Waals são componentes
importantes no reconhecimento e potencia destes compostos.
Desta forma, foi selecionado o alcalóide mais potente da série, o AC_05. Os
experimentos de determinação do tipo do mecanismo de inibição reafirmaram os
alcalóides acridônicos como inibidores do tipo competitivo. Baseado nesta valiosa
informação foi possível modelar o modo de ligação do inibidor AC_05 no sítio
catalítico das enzimas alvo, a catepsina L e a catepsina V.
A modelagem molecular foi realizada utilizando-se programa FlexX, enquanto
que as docagens foram realizadas utilizando-se estruturas cristalográficas de alta
resolução depositadas no PDB; a estrutura da catepsina L utilizada foi a de código
121
3H8B, com resolução de 1.8 A, e a estrutura escolhida para a catepsina V foi a
codificada como 1FH0, com resolução de 1.6 A.
A análise de docagem molecular com o alcalóide acridônico AC_05 frente à
catepsina V sugere as interações apresentadas na Figura 76 em que a atividade
deste composto pode estar associada a interações de hidrogênio com o resíduo
Phe69, Gly67 e do resíduo Leu161.
As interações do alcalóide AC_05 frente à catepsina L se apresentam na
Figura 77 em que a maior inibição deste composto pode estar relacionada as
interações de ligação de hidrogênio do grupo nitro como os resíduos Cys25 e Gln19,
resíduos referentes ao sítio ativo da enzima. O resíduo Gln19 tem uma função
biológica importante, pois supostamente este resíduo estabiliza o intermediário de
transição do processo catalítico e, portanto, moléculas que interagem com ele
influenciam significativamente na atividade biológica da enzima.
O modo de ligação sugerido indica que o inibidor representativo da série,
AC_05, ocupa a região central do sítio de ambas as isoformas, localizando-se
próximo dos resíduos catalíticos Cys25 e His163. Esses resultados estão de acordo
com os dados experimentais de cinética enzimática que mostraram que este inibidor
interage com as enzimas através de um mecanismo reversível ligando-se de modo
mútuo e exclusivamente ao sítio ativo como o substrato natural.
Os estudos de modelagem molecular são preliminares, assim este trabalho
poderá servir como auxilio para a realização de estudos mais abrangentes do modo
de interação dos alcalóides acridônicos no sítio ativo das catepsinas, principalmente
a catespina L.
122
Figura 76. Modoo de intera
ação propoosto por docagem
d m
molecular com o prrograma
FlexX para
p o substância AC
C_05 frente
e a catepsina L
123
Conclusões
5 Conclusões, Perspectivas e Considerações finais
Finalmente, os dados obtidos de potência, seletividade, afinidade e
mecanismos de ação determinados complementam e dão origem a uma base de
dados cinéticos que podem servir para delinear futuros estudos
.
Referências
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