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QUALIDADE
GESTÃO DA
QUALIDADE
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA � CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.
Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de
Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491g
ISBN 978-85-7519-484-3
CDU: 005.95
SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 – Gestão da qualidade ....................................................................................................................................14
Figura 2 – Projeto de desenvolvimento de reações químicas ....................... ...............................................
................................................
............................16
....16
Figura 3 – Diagrama de Gantt de um projeto na área química ........................................................................17
Figura 4 – Controle de qualidade por medição ......................................................................................................19
Figura 5 – Controle de qualidade por análise em refratômetro digital ..................... .............................................
....................................19
............19
Figura 6 – Pintura rupestre de Tassili N’Ajjer, N’Ajjer, Argélia ........................
................................................
................................................
............................................21
....................21
Figura 7 – Gestão de documentos e registros ........................................................................................................24
Figura 8 – Formulário de controle de descarte de resíduos químicos ....................... ...............................................
....................................26
............26
Figura 9 – Representação dos documentos de qualidade .................................................................................27
Figura 10 – Exemplo de identificação para rastreabilidade (data, hora, lote) ..................... .............................................
........................30
30
Figura 11 – Blister ..............................................................................................................................................................30
Figura 12 – Rastreabilidade de documentos digitalizados ................................................................................31
Figura 13 – Características a serem consideradas na planificação da amostragem ................................. 42
Figura 14 – Exemplo de moagem ................................................................................................................................43
Figura 15 – Preservação da amostra pós coleta .....................................................................................................47
Figura 16 – Quarteamento manual .............................................................................................................................54
Figura 17 – Quarteador Jones .......................................................................................................................................54
Figura 18 – Amostrador líquido ...................................................................................................................................55
Figura 19 – Bomba de amostragem de gases .........................................................................................................56
Figura 20 – Cilindro de amostragem ..........................................................................................................................56
Figura 21 – Esquema do ciclo PDCA ...........................................................................................................................66
Figura 22 – Estrutura de um diagrama de causa-efeito.......................................................................................67
Figura 23 – Exemplo de diagrama de causa-efeito para um produto com defeito........................ ...................................67
...........67
Figura 24 – Gráfico ilustrativo de um histograma .................................................................................................70
Figura 25 – Histograma em forma de tabela ...........................................................................................................72
Figura 26 – Mudança de cultura ..................................................................................................................................76
Figura 27 – Elaboração e utilização de indicadores no processo...................... ..............................................
...............................................
.......................77
77
Figura 28 – Metas de qualidade e Indicadores de desempenho .....................................................................79
Figura 29 – Gráfico de controle estatístico ...............................................................................................................80
Figura 30 – Resumo das 12 etapas do PAPQ ...........................................................................................................83
Figura 31 – Fluxograma simplificado de validação de processo em indústria farmacêutica ................88
Figura 32 – Autoclave ......................................................................................................................................................94
Figura 33 – Estufa de esterilização ..............................................................................................................................95
Figura 34 – Fita zebrada antes e depois da eterilização ......................................................................................96
Figura 35 – Teste de Bowie-Dick ..................................................................................................................................96
Figura 36 – Indicador biológico ...................................................................................................................................98
Figura 37 – Coleta de amostra com Swab .............................................................................................................102
8 Descontaminação ..........................................................................................................................................................91
8.1 Assepsia ..........................................................................................................................................................91
8.2 Antissepsia ....................................................................................................................................................92
8.3 Desinfecção ...................................................................................................................................................92
8.4 Esterilização ..................................................................................................................................................93
8.4.1 Métodos de esterilização .......................................................................................................93
8.42.Indicadores de processo de esterilização..........................................................................95
8.5 Validação de limpeza .................................................................................................................................98
8.5.1 Procedimento de limpeza ......................................................................................................98
8.5.2 Protocolo de validação de limpeza .................................................................................100
8.5.3 Amostragem para validação de limpeza .......................................................................101
8.5.4 Determinação dos limites de aceitação .........................................................................103
Referências ........................................................................................................................................................................107
Introdução
Bons estudos!
Sistema de qualidade
O que é qualidade? A qualidade é importante no seu dia a dia? O que você sabe sobre ges-
tão de qualidade? Já pensou na importância desse tema para sua profissão? Tente responder
essas questões a partir de agora. A proposta é que, até o final deste capítulo, você as responda.
A gestão da qualidade é composta por uma série de atividades que visam a melhoria de
produtos e serviços para garantir a completa satisfação dos clientes internos e externos quanto
ao produto ou serviço
ser viço recebido.
A organização ou a empresa que vai implantar ou gerenciar a qualidade de seus produtos
ou serviços deve se ater a princípios básicos da gestão da qualidade, como foco no cliente,
compromisso da liderança, envolvimento das pessoas, visão do processo, visão sistêmica, me -
lhoria contínua, uso de dados para tomada de decisão e parceria com fornecedores. Entenda
cada um desses princípios:
• Foco no cliente: a necessidade do cliente, seja em relação a um produto ou serviço, é o
motivo para a empresa atender ou superar o que ele precisa;
• Liderança: os líderes da empresa devem estar comprometidos e motivados com o pro-
cesso de gestão da qualidade. Essa motivação vai deixar a organização focada nos objeti-
vos, e todos os seus funcionários irão trabalhar para atingir as metas estabelecidas;
• Envolvimento das pessoas: a empresa tem como seu bem maior as pessoas. Por isso,
elas devem ser treinadas e orientadas para que o envolvimento e comprometimento de-
las levem a empresa à excelência da gestão;
• Visão do processo: a empresa funciona por meio de processos. Por isso, todos que parti-
cipam dela precisam entender o funcionamento do processo e qual a sua função para se
buscar mais eficiência nos resultados esperados;
• Visão sistêmica: a empresa tem vários processos que devem ser identificados e geren-
ciados para melhorar o desempenho do processo. E, para isso, todos devem ter uma visão
global do sistema;
• Melhoria contínua: a oportunidade de melhorar deve estar sempre presente em uma
empresa, seja em seus produtos ou na prestação dos serviços. A melhoria contínua serve
para garantir a sua qualidade;
GESTÃO DA QUALIDADE
14
• Uso de dados para a tomada de decisão: o levantamento de dados reais de um processo ou pro-
duto é utilizado para realizar melhorias, entendê-los e implantar manutenção. Isso requer um sistema
eficiente;
• Parceria com fornecedores: a empresa deve realizar uma parceria com seus fornecedores para ga-
rantir que o prazo de entrega e a quantidade sejam atendidos.
Esses princípios orientam ações e decisões da empresa. Você pode perceber essa abrangência analisan-
do a figura a seguir
seguir,, que representa a interligação entre algumas áreas da empresa e o fluxo de informação
dentro de um sistema de gestão da qualidade.
Responsabilidade
da direção s
e e
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e
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c c
o s
d Gestão de Medição, análise o
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recursos e melhoria o
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a
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R a
S
Realização
do produto
Entrada Saída
Observe nesta figura que no início do processo de gestão é preciso ficar atento aos requisitos do cliente,
pois trarão informações importantes para a realização do produto. Essas informações alimentam todo o
processo produtivo (gestão de recursos, medição, análise e melhoria), indicam para a direção do que está
acontecendo
acontecen do e proporcionam possibilidade de melhoria contínua no processo e produto. Assim, a entrega
final ao cliente deve atender às suas expectativas.
Ao analisar esse processo você deve ter concluído que, para garantir que produtos e ser viços sejam for-
necidos com qualidade aos clientes, as empresas precisam ter um sistema de Gestão da Qualidade.
Uma ação fundamental para garantir essa gestão é o planejamento das atividades que serão desenvol-
vidas. Por isso, a seguir você estudará alguns aspectos importantes sobre o planejamento
planejamento.. Além disso, en-
tenderá o que é preciso fazer para organizar as suas atividades no trabalho; aprofundará os estudos sobre
qualidade; e aprenderá o que deve fazer para registrar e recuperar informações que contribuem para esse
processo.
2 SISTEMA DE QUALIDADE
15
2.1 PLANEJAMENTO
Planejar é uma ação importante na vida de todas as pessoas. Se você pensar bem sobre suas atividades
diárias, constatará que mesmo sem perceber as planeja antes de realizá-las, pois, se não fizer isso, poderá
ter problemas.
Quando pensamos em gestão da qualidade nas empresas, isso não é diferente. Nesse contexto, o pla-
nejamento das atividades diárias serve para criar, estruturar,
estruturar, organizar e preparar os meios para realização
das tarefas a serem desenvolvidas de maneira produtiva para a concretização de seus objetivos. Um bom
planejamento pode ajudar a empresa a organizar suas ações e antecipar problemas, aumentando a sua
eficiência e buscando a excelênc
excelência.
ia.
Todas as atividades na produção, no laboratório, na pesquisa ou na prestação de serviços devem estar
associadas a um planejamento. Isso é fundamental para otimizar o tempo, definir prioridades, ajustar e
prever o consumo dos insumos e reagentes, além de organizar o trabalho.
A seguir, você saberá mais sobre a importância da organização e do gerenciamento de atividades e so-
bre o uso de algumas ferramentas que o auxiliarão no seu acompanhamento e controle.
controle.
2.2.1 CRONOGRAMA
Uma das ferramentas que você pode utilizar para organizar e gerenciar as atividades de um projeto
ou trabalho diário e os períodos de sua realização de forma gráfica, que facilita sua visualização, é o cro-
nograma, palavra de origem grega: khronos significa
signifi ca “tempo” e gramma significa “alguma
“alguma coisa escrita ou
desenhada”.
Para elaborar um cronograma, você precisa:
a) definir o trabalho a ser realizado;
b) delimitar o prazo para cada atividade;
c) determinar a prioridade das atividades.
GESTÃO DA QUALIDADE
16
Observe que a primeira coluna à esquerda indica as atividades a serem executadas no projeto; nas co-
lunas seguintes aparecem os meses, indicando o tempo de realização dessas atividades. Em cada um dos
itens que serão executados você pode identificar o prazo de conclusão ou entrega de cada atividade. Por
exemplo,, analisando o cronograma, você saberá que a avaliação de resultados deve ocorrer nos meses de
exemplo
outubro e novembro em concomitância com a comparação dos resultados com as normas.
Com um cronograma, você também pode acompanhar as atividades que estão sendo realizadas, verifi-
cando se estão dentro do prazo. Porém, é importante saber que ele pode ser revisado a qualquer momen-
to, em decorrência de imprevistos ou mudanças durante a execução das atividades, por exemplo: atraso na
entrega de reagentes ou um teste que precise ser refeito.
A esta altura, você já deve ter percebido como o cronograma é uma ferramenta importante para os
processos de gestão, pois com ele é possível acompanhar o andamento dos trabalhos, verificar prazos,
redefinir prioridades e subsidiar outros planejamentos.
Uma outra ferramenta útil para acompanhar atividades ou projetos é o diagrama de Gantt, assunto que
será tratado a seguir. Antes de iniciar a leitura, tente imaginar no que ele pode diferir de um cronograma
de atividade, como o que você acabou de ver?
jan 2015 fev2015 mar 2015 abr 2015 mai2015 jun 2015
Identi- Nome da tarefa Início Térmi
Término
no Duraçã
Duração
o
ficação 2 0/
0/ 1 2 5/
5/1 2 0/
0/ 1 1 /2 1 5/
5/ 2 2 2/
2/2 2/ 3 9 /3 1 5/
5/3 2 3/
3/ 3 2 9/
9/3 5 /4 1 2/
2/4 1 9/
9/ 4 20 /5
/5 3 /5
/5 1 0/
0/ 5 1 7/
7/5 2 4/
4/ 5 3 1/
1/5 7 /6
Observe nesse diagrama que as tarefas foram dispostas na coluna, e na linha correspondente a cada
tarefa são indicadas as datas de início e término de cada uma delas. Por exemplo, na tarefa 2 você vê o
diagrama de Gantt com início em 20/01/2015 e término em 21/01/2015. Atente para o detalhe de que o
escalonamento do tempo inicia, neste exemplo,
exemplo, na proposta do projeto, ou seja, o mais cedo possível, an-
tes mesmo do próprio diagrama.
SAIBA O diagrama de Gantt pode ser elaborado por meio do software Microsoft Project ou
softwares livres de gestão de projetos. Use um site de busca na internet para obter
MAIS mais informações sobre essas ferramentas.
a
l
l
e
v
a
T
n
a
l
A
Nesta imagem, um técnico realiza a pesagem de um insumo com o auxílio de uma balança eletrônica,
para avaliar a sua qualidade.
Já na próxima imagem, você vê um refratômetro digital. Neste caso, o equipamento realiza análise vi-
sando ao controle de qualidade.
a
l
l
e
v
a
T
n
a
l
A
Este equipamento realiza análise e indica no visor o resultado com o percentual contido na amostra
analisada.
Uma preocupação e um objetivo quando se fala em controle de qualidade é a satisfação dos forne-
cedores, funcionários, clientes e consumidores, tanto que atualmente costuma-se falar em controle de
qualidade total.
O conceito de controle de qualidade total foi proposto por Armand Feigenbaum, em 1956. Ele dizia
que a relação das pessoas com o trabalho tinha uma influência direta com o produto final, ou seja, todos
são responsáveis diretos pela qualidade dos produtos e serviços oferecidos pela empresa.
Segundo Feigenbaum, é preciso prestar atenção aos seguintes itens para atingir o controle de qualida-
de total:
a) orientar o cliente;
b) realizar com qualidade o serviço, o atendimento e o produto;
c) controlar os processos;
d) identificar causas;
e) investigar as causas;
f) identificar as necessidades do cliente;
g) evitar erros anteriores já cometidos.
A área de qualidade em uma empresa é responsável pelo controle de qualidade total, responsabilizan-
do-se por manter todos os processos, produtos e serviços em conformidade com normas e legislações, de-
vendo realizar avaliações e checagens dos parâmetros estabelecidos. Para tanto, lança mão de registros. A
seguir, você aprenderá como funciona a sistemática de registro, tão importante no controle de qualidade.
Observe que essa pintura registra uma cena cotidiana de caça. Em casa, no ambiente de trabalho e no
cotidiano,, é comum tomar nota, desenhando e registrando algo que se julga importante.
cotidiano
Um dos requisitos para a garantia da boa aplicabilidade de uma sistemática de qualidade é a adoção de
um sistema de registro de atividades e de operações. Com ele, você pode identificar o que foi controlado,
verificado, analisado, reprovado ou aceito.
Registros gerados, organizados e que possam ser facilmente
f acilmente resgatados,
resgatados, ajudam na gestão da qualida-
de, tornando possível monitorar os processos e produtos.
Os registros podem ser feitos de forma:
a) manual: por meio de formulário em papel ou formulário digitado;
b) eletrônica: por meio de tecnologia de monitoria em tempo real, tais como: termômetro ligado a um
computador acompanhando
acompanhando de hora em hora a temperatura de um reator; uma catraca de acesso a
um estádio etc.;
c) mecânica: por meio de equipamentos de comprovação,
comprovação, tais como: tacômetro 1 de ônibus e sismógrafo2.
1 Tacô
Tacômetro:
metro: aparelho
aparelho usado para medir a velocidade
velocidade de um veículo.
veículo.
2 Sismógrafo: é um aparelho
aparelho que detecta movimentos
movimentos do solo e, consequentemente
consequentemente,, os terremotos.
GESTÃO DA QUALIDADE
22
Neste formulário serão registradas as informações sobre outros formulários considerados registros pela
qualidade. Observe que há um local de identificação do registro, outro do responsável, indexação, local,
setor de arquivo, tempo de guarda e descarte do registro.
Nos próximos subtópicos, você aprenderá sobre gerenciamento de registros, produção e tipos de do-
cumentos.
A imagem a seguir ilustra o fluxo da gestão de documentos e registros, da criação até a sua disposição
final.
E-mail Print
Capturar Capturar
papel Comunicações
Retenção
Colaborar Aprovação
Capturar Capturar
Web Por tais
Gráficos Relatórios
Desenhos
Repare que a gestão de documentos e registros inicia-se com captura/criação (primeira coluna), ou seja,
é nessa primeira etapa que surge a ideia de como será o documento ou registro, qual será o seu formato e
qual conhecimento requer; na etapa de Gestão e Revisão (segunda coluna), após a criação do documento
ou registro, ocorre sua avaliação e aprovação; na etapa de entrega/publicação (terceira coluna) acontece
a liberação do documento ou registro em diferentes formatos para uso; e no último estágio, de guarda/
preservação (quarta coluna), é indicada a forma de gerenciamento dos documentos e registros
registros que indica
se está ativo ou inativo, se ficará arquivado e por quanto tempo e como será sua disposição final.
Você sabe por quanto tempo deve guardar as informações do seu imposto
SAIBA de renda? Descubra essa e outras informações importantes sobre tempo e
MAIS arquivamento
arquivamen to de documentos acessando um site de busca na internet e digitando:
prazo de guarda documental.
Veja no quadro a seguir alguns tipos de registros e documentos utilizados em um sistema da qualidade
de uma empresa.
Na figura a seguir, você pode observar um formulário de controle de descarte de resíduos químicos.
Observe que o formulário não está preenchido.
preenchido.
CARACTERÍSTICA DO pH DE DESCARTE VOLUME
DATA pH INICIAL RESPONSÁVEL
EFLUENTE �RESÍDUO� �FAIXA 5 A 9� DESCARTADO �L�
NÍVEL ESTRATÉGICO
“o que” a empresa faz (para proporcionar
MQ confiança para si e para o cliente)
Observe que a figura representa uma pirâmide. No seu topo está o manual da qualidade (MQ), que traz
informações sobre o gerenciamento da empresa; logo abaixo estão os procediment
procedimentos os e planos da qualida-
de que demonstram como são executadas algumas atividades da empresa; abaixo estão as instruções de
trabalho, métodos, folhas de processo e especificações que auxiliam na execução das tarefas e atividades; e
no último patamar estão os registros que comprovam o que foi feito durante os processos. Cada um desses
documentos ocupa um patamar na pirâmide, que indica o nível hierárquico relativo à sua abrangência: no
nível estratégico ficam os documentos referentes
referentes à direção da empresa; no nível tático,
tático, os planos da quali-
dade; e no nível operacional estão os documentos elaborados pelos responsáveis pela execução.
O quadro a seguir resume os principais documentos de um sistema da qualidade.
Em um sistema de Gestão da Qualidade esses documentos são muito importantes, pois demonstram a
organização e os controles realizados em todos os processos da empresa. A seguir, conheça um pouco mais
sobre o último indicado no quadro, por ser um dos mais utilizados em laboratórios: o POP.
POP.
3 Fluxograma: representação
representação gráfica das etapas de um processo.
processo. Evidencia a sequência
sequência de cada uma delas
delas e o seu passo a passo.
passo.
Cada passo é representado por um retângulo. Os retângulos são ligados uns aos outros por linhas, respeitando a sequência de realiza-
ção.
2 SISTEMA DE QUALIDADE
29
2.6 RASTREABILIDADE
Um dos itens da ISO 9001 é a identificação e rastreabilidade.
Você saberia dizer o que é identificação? Já ouviu falar em rastreabilidade? Se imaginou algo que tenha
a ver com rastros, acertou.
Entenda o que significa cada uma dessas palavras, segundo o dicionário Aurélio (2008):
• Identificação: 1. Ato ou efeito de identificar(-se). 2. Reconhecimento duma coisa ou dum indivíduo
como os próprios.
• Rastreamento: 1. Ato ou efeito de rastrear. 2. Processo de acompanhar trajetória de algo (satélite,
míssil, avião etc.) por meio de radar, rádio ou fotografia.
Lendo esses verbetes, você poderia imaginar que uma maneira de identificar um produto seria colocar
uma etiqueta com um nome ou número que o represente. Ocorre, no entanto, que essa seria uma maneira
simples de identificação que não representaria todos os dados necessários para rastrear um produto.
Já a rastreabilidade é a capacidade que se tem de identificar e resgatar com facilidade documentos, re-
gistros, produtos acabados e produtos em produção para investigaç
investigação
ão de problemas, não conformidades,
reclamações, falhas em prestação de serviços e questões civis.
30 GESTÃO DA QUALIDADE
A figura a seguir ilustra como você pode rastrear um produto, usando os dados que estão presentes na
embalagem.
25 / 05 / 16
08 : 17 157 E
Veja que o zoom dado na figura traz as seguintes informações sobre o produto: a data (25/05/16), a hora
(08:17) e o lote (157 E). Com estas informações a empresa consegue resgatar o histórico desse produto, se
necessário.
Acompanhe um exemplo que envolve a rastreabilidade: uma empresa farmacêutica recebe uma recla-
mação de um consumidor que, ao abrir uma caixa de comprimidos para dor de cabeça, encontra um deles
fora do blister. No blister 4, ilustrado na figura a seguir, não havia nenhum sinal de rompimento do lacre,
apenas o descolamento do selo da embalagem.
Alumínio
Medicamento
PVC / PVDC
ou Aclar®
Bolha
Figura 11 - Blister
Fonte: SENAI-SP (2016)
Veja, pela figura, que a parte inferior chamada de bolha, feita de um plástico PVC (policloreto de vinila),
é onde o comprimido está acondicionado e onde há informação sobre data, hora e lote do produto. A parte
de alumínio tem a função de proteger o medicamento como uma tampa.
Para rastrear essa embalagem, a empresa precisa de algumas informações que estão impressas nela; são
elas: data de fabricação, nome do medicamento, código e lote. Com essas informações, a empresa pode
realizar um rastreamento e chegar a um diagnóstico do problema para responder à reclamação feita pelo
consumidor.
No caso de documentos, notas fiscais, laudos, resultados de análise ou registros da qualidade, você
precisará ter o domínio também de sua rastreabilidade. Esses documentos devem estar arquivados de
maneira correta seguindo os procedimentos para o seu controle.
Observe na figura a seguir as informações sobre rastreabilidade de documentos.
Controle de Qualidade
Consulta
- Rapidez Classificação e
- Economia Homologação
Indexação
- Segurança
Atualmente, uma maneira de se ter uma ótima rastreabilidade e facilidade de resgate de informações é
utilizando a digitalização de documentos. Observe na figura apresentada que os documentos são guarda-
dos em arquivos de aço; em seguida são preparados para digitalização; após a digitalização
digitalização,, o controle de
qualidade verifica se a digitalização foi eficiente, classifica e indexa os documentos; ocorre, então, a homo-
logação do processo de digitalização e, assim, o documento integra um sistema onde estará disponível de
maneira rápida.
Para favorecer a rastreabilidade, é preciso garantir a identificação
identificação,, que deve acontecer em todas as par-
tes que compõe o produto, durante todo o processo produtivo até seu destino final.
Um exemplo simples de monitoramento e medição são as etiquetas no vidro da frente de um carro
zero indicando “Aprovado”. Elas são as pistas para realizar a rastreabilidade do monitoramento, caso algum
problema seja identificado no pós-venda.
GESTÃO DA QUALIDADE
32
De acordo com o que foi exposto neste capítulo, espera-se que você conclua que identificação anda
junto com rastreabilidade. Sem essa condição não
não será possível rastrear
rastrear um objeto,
objeto, um documento
documento ou um
produto.
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Você sabe o que é legislação? E o que são normas? Você está sujeito a legislação e normas?
Em quais situações? Tente
Tente responder essas questões ao longo deste capítulo. Mas saiba que as
normas e legislações estão sempre no nosso cotidiano, norteando nossas vidas e nossas ações.
Por exemplo,
exemplo, no trânsito estamos sujeitos a uma série delas e sentimos sua força quando rece-
bemos multas e adquirimos pontos em nossas carteiras de habilitação, pois elas poderão até
nos impossibilitar de dirigir por um tempo.
Em uma empresa não é diferente, há uma infinidade de normas e legislações que devem
ser cumpridas.
Com relação ao gerenciamento da qualidade, também há uma série de normas e legisla-
ções que orientam e norteiam os esforços dos seus colaboradores para manter um padrão de
qualidade e organização e para atingir a excelência nos produtos e serviços oferecidos por ela.
Neste capítulo você conhecerá algumas das normas e legislações que devem ser observa-
das e cumpridas nas organizações. Saiba que em uma empresa espera-se que todos colaborem
no cumprimento desses requisitos legais e, portanto, é importante que você os conheça e sai-
ba como aplicá-los.
Esta NBR contribui com as empresas na busca de melhoria na qualidade e produtividade com baixo cus-
to, na medida em que ajuda a gerenciar e padronizar todas as etapas dos processos até a entrega do pro-
duto final para o cliente, seja ele interno ou externo. Na NBR ISO 9001 – Sistemas de gestão da qualidade –
Requisitos – que a compõe, você encontra
encontra especificações sobre os requisitos para um sistema de gestão da
qualidade de uma empresa que deseja demonstrar sua capacidade de atender aos requisitos dos clientes.
5 FSSC (Food
(Food Safety
Safety System
System Certification):
Certification): Sistema de Certificação
Certificação de Segurança Alimentar.
Alimentar.
3 NORMAS E LEGISLAÇÕES
37
SAIBA Para saber mais sobre as NRs, consulte o site do Ministério do Trabalho e
Previdência Social, digitando palavras como mtps ou
ou normas regulamenta doras , em
regulamentadoras
MAIS um site de busca.
GESTÃO DA QUALIDADE
38
Para algumas atividades, como o exemplo da operação de caldeira, é exigido que o operador seja trei-
nado em uma NR específica. Nesse caso, na NR 13, para garantir que ele tenha conhecimento dos riscos e
tome os cuidados necessários com a segurança e a saúde
sa úde em seu ambiente de trabalho.
3.6.3RESOLUÇÃO
3.6.3RESOLUÇÃO CONAMA N. 20
Classifica as águas doces, salobras e salinas do território nacional, estabelecendo padrões e parâmetros
de qualidade para cada nível.
CASOS E RELATOS
Achocolatado contaminado
Uma empresa de achocolatados detectou a presença de detergente usado na limpeza e desinfec-
ção da linha de produção em um dos produtos que comercializa.
Uma parte desse lote já
j á havia sido distribuída e algumas pessoas já haviam consumido o produto
e apresentaram sinais de intoxicação.
Ao tomar ciência desse fato, a empresa responsabilizou-se pela assistência médica aos contamina-
dos e providenciou um recall 6 dos produtos. O recall tem
tem por objetivo sanar um defeito que coloca
em risco a saúde e a segurança do consumidor.
Por meio do recall a
a empresa conseguiu trocar oitenta unidades do achocolatado contaminado.
Neste caso, a empresa não fez nada além de cumprir uma exigência legal. De acordo com a lei, toda
empresa tem que prestar assistência médica necessária para pessoas contaminadas por qualquer
de seus produtos. Além disso, deve retirar de circulação todos os produtos contaminados e alertar
a população sobre o problema que pode surgir, se o produto for consumido. Nos termos do Código
de Defesa do Consumidor, a responsabilidade do fornecedor é objetiva, independentemente da
existência de culpa (art. 12 a 14 da Lei 8.078/90).
RECAPITULANDO
Retome as perguntas que apresentamos no início deste capítulo. Agora, certamente, você conse-
guirá respondê-las, pois ao estudar o capítulo você teve a oportunidade de aprender que existem
várias normas e legislações que regem as áreas de meio ambiente, saúde e segurança do trabalho
e a área de qualidade de empresas em diversos seguimentos de atuação como: alimentos, farma-
cêutico, cosméticos etc.
Você foi alertado sobre a importância de conhecer essas normas e legislações para contribuir com
os processos de gestão da qualidade de processos, produtos e serviços na empresa em que atua
ou virá a atuar. Viu também que essas normas e legislações estão sujeitas a atualizações e por isso
precisa verificar sempre se está se pautando nos documentos mais atuais.
A partir de agora, sempre que precisar, recorra às normas e às legislações vigentes para ter certeza
de que está realizando suas atividades com qualidade.
Técnicas de amostragem
4.1 AMOSTRAGEM
A amostragem é a primeira tarefa e normalmente a mais importante de toda uma análise
química ou de controle de qualidade, pois resulta na confiabilidade do resultado (validação).
A quantidade de material, de um modo geral, é pequena:
• de 0,1 a 10g, para macroanálise;
• de 0,01 a 0,1g, para semimicroanálise
semimicroanálise;;
• abaixo de 0,01g, para microanálise.
Esses termos: macroanálise, semimicroanálise e microanálise, são definidos pela química
analítica em função da quantidade de amostra ou material utilizado para análise química.
Como você deve ter observado, cada item faz referência a uma quantidade ou faixa de quanti-
dade de material ou amostra.
O resultado de uma análise depende da representatividade da amostra escolhida. Quando
se trata de uma solução verdadeira ou mistura gasosa, o processo de amostragem é simples,
pois qualquer fração representa a média do conjunto
conjunto..
A amostragem de substâncias heterogêneas, seja ela sólida ou líquida, é um processo bastante com-
plexo, especialmente
especialmente quando se trata de materiais muito segregados, pois normalmente estão em pilhas,
sacos e em quantidades muito grandes. Esse tipo de amostra não é selecionada por meio de uma única
operação planificada de coleta de porções do todo e, posteriormente, combinada com a redução a um
tamanho apropriado.
Veja na figura a seguir os aspectos a serem considerados, quando o assunto é amostragem.
OBJETIVO DO
ESTUDO / ANÁLISE
LOGÍSTICAS / CONDIÇÕES
METEOROLÓGICAS EXATIDÃO E
PRECISÃO DOS
RESULTADOS
ELEMENTOS DE
INTERESSE (FAIXA DE
CONCENTRAÇÃO
CONCENTRAÇÃ O ESPERADA)
DISPONIBILIDADE
ESTADO FÍSICO
DO MATERIAL
Ao trabalhar com amostragens, você precisa ficar atento, pois outros fatores podem
FIQUE influir na representatividade da amostra, tal como a perda de constituintes voláteis
ALERTA de constituição, ação dos componentes do ar (oxigênio
(oxigênio,, umidade, gases industriais
etc.) sobre determinados componentes da amostra e outros.
Moagem de rocha
Moagem de solo
Essa imagem ilustra a diminuição das partículas da amostra. Observe a amostra de rocha grande que foi
cortada, britada e moída até partículas pequenas que possibilitam a análise. É isso que acontece também
na moagem de solo, quando este, no início do processo, tem partículas grandes e depois da moagem,
partículas menores para a análise.
O ataque químico é um procediment
procedimento
o importante na obtenção de uma solução apropriada para con-
duzir a análise. O tipo de ataque depende da natureza do material a ser analisado. Por exemplo, há casos
em que a solução é preparada pela simples dissolução da amostra em água.
Dois cuidados devem ser considerados no momento do ataque químico para preparação da solução a
ser analisada:
a) os reagentes introduzidos não devem interferir nos resultados. Ocorrendo interferência, essa deve ser
prontamente solucionada;
b) a temperatura do ataque deve ser controlada para que a substância de interesse não se perca por
volatilização.
Para uma amostra no estado líquido pode ser realizada uma extração utilizando solventes.
solventes. A extração
pode ser feita adicionando-se álcool etílico à amostra para retirar água, por exemplo
exemplo..
Para uma amostra no estado gasoso, normalmente a análise é direta, sem tratamento prévio.
A preparação da amostra antes da análise garante a qualidade do resultado final.
FIQUE Sempre meça e anote a quantidade exata de amostra utilizada em cada análise.
ALERTA Essa quantidade vai definir o resultado final de sua análise.
4 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM
45
4.1.3ELIMINAÇÃO DE SUBST
SUBSTÂNCIAS
ÂNCIAS INTERFERENTES
A maioria das propriedades físicas e químicas que servem de base para as medidas analíticas são com-
partilhadas por mais de uma espécie, fazendo-se necessário eliminar os componentes interferentes.
interferentes. Estes
podem ser outros elementos químicos com características físicas e químicas similares ao que se está anali-
sando e, por serem similares, podem ser analisados no lugar do elemento de interesse.
interesse.
Em todas as amostras podem ter interferentes. Cabe ao analista ou técnico responsável pela amostra-
gem ou análise verificar o resultado e confirmar se é confiável. Todo analista ou técnico tem que conhecer
a amostra que está analisando e saber a sua origem. Isso ajuda a prever se há ou não interferentes.
As regras que regem a transferência de amostras, por exemplo, uma amostra de água sendo coletada
em uma represa e enviada para um laboratório de análise, estão relacionadas com a quantidade, destino e
modo de transporte.
A correta identificação é importante para fornecer informações pertinentes da carga e do recipiente.
Isso é aplicado igualmente para amostras transportadas dentro do laboratório, como também para fora do
complexo industrial. Entretanto,
Entretanto, as exigências podem ser diferentes.
Uma correta embalagem para envio de amostras é de responsabilidade do laboratório.
laboratório.
As amostras estocadas por período prolongado têm prioridade para o descarte. O setor deverá ter um
local adequado para armazenagem e facilidades para o descarte. Esse deve ser feito de acordo com os re-
gulamentos vigentes, tanto regionais como em nível nacional.
Uma amostra confiável depende dos seguintes itens:
a) local de coleta (amostrador);
b) inspeção;
c) preservação do local (por exemplo, em uma coleta a céu aber to, deve-se considerar as intempéries);
d) encaminhamento confiável ao laboratório;
e) laboratório (analista), chave da confiabilidade analítica (conhecimento de forma sistêmica de toda a
extensão do trabalho).
A preservação da amostra, desde a coleta até sua análise final, é muito importante, pois garante um
resultado confiável da análise solicitada.
Como você deve ter observado pelos exemplos, é preciso saber exatamente o que se pretende analisar
para se obter amostras significativas e que tenham valor científico
científico..
Além de saber o que analisar e como obter amostras, você precisa saber como preservá-las.
a
r
i
e
r
o
M
o
h
l
a
m
a
R
a
i
l
á
h
t
a
N
Observe que, para preservar as amostras, foram usados frascos com tampas de papel alumínio, que têm
a função de evitar a contaminação do meio externo com o meio interno. Veja ainda que, para manter as ca-
racterísticas físicas e químicas da amostra, os frascos foram colocados em uma caixa térmica com recipien-
tes contendo gelo para manter a temperatura baixa e garantir suas características durante o transporte. A
integridade de uma amostra em trânsito depende do sistema de preservação, principalmente quando se
trata de refrigeração.
Se a preservação da amostra for bem feita, podemos garantir a sua estabilidade. Existem três tipos prin-
cipais de estabilidade:
a) física: depende diretamente de fatores físicos e ambientais, como:
– facilidade de contaminação (higroscópica);
(higroscópica);
– efeito de superfície
super fície (atração eletrostática);
– perdas por evaporação de espécies da mistura.
b) química: depende diretamente de fatores químicos e substanciais, como:
– processos de oxidação;
– decomposições catalisadas por: temperatura, umidade, luz, radiações, contato.
contato.
c) biológica: ação da evolução natural dos micro-organismos presentes ou introduzidos
introduzidos nas amostras,
por exemplo, considerando o crescimento nos meios:
– aeróbico;
– anaeróbico.
SAIBA Para saber mais sobre a coleta de amostras e frascos que devem ser utilizados,
recorra a um site de busca na internet com as seguintes palavras-chave: guia
MAIS nacional, coleta de amostra, CETESB.
Códigos de Amostragem
NÍVEL GERAL
TAMANHO DO LOTE
I II III
2a8 A A B
9 a 15 A B C
16 a 25 B C D
26 a 50 C D E
51 a 90 C E F
91 a 150 D F G
151 a280 E G H
281 a 500 F H J
501 a 1200 G J K
1201 a 3200 H K L
3201 a 10000 J L M
10001 a 35000 K M N
350001 a 150000 L N P
150001 a 500000 M P Q
Acima de 500001 N Q R
Observe nesta tabela que a coluna da esquerda apresenta o tamanho do lote produzido. Em função
desse valor, será definido o tamanho da amostra
a mostra a ser retirada desse lote, para análise. A coluna Nível Geral
(I, II e III) define essa quantidade e também o nível de criticidade em forma de letra. Quanto mais à direita,
mais crítica a sua amostragem. Depois de definida a letra, verifique na tabela seguinte que as letras defi-
nem a quantidade de amostras a serem retiradas do lote produzido.
Número de amostras
CÓD
ÓDIG
IGO
O DA AM
AMOS
OSTR
TRA
A NÚME
NÚMER
RO DE AM
AMOS
OSTR
TRAS
AS
A 2
B 3
C 5
D 8
E 13
F 20
G 32
H 50
J 80
K 125
L 200
M 315
N 500
P 800
4 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM
53
Para que você entenda melhor como usar essas duas tabelas, considere um lote de produção que con-
tém 510 produtos; na primeira tabela, observe onde se enquadra o número 510. Você verá que ele está na
linha 501 a 1200. Observando essa mesma linha, você encontra as letras G, J e K. Na segunda tabela, se for
escolhido o código G, a amostragem será de 32 produtos. Caso seja definida criticidade na letra ou nível K,
serão retirados 125 produtos de amostra.
O sistema de qualidade em uma empresa não pode avaliar todas as peças produzidas. Por isso, a de-
finição do tamanho da amostra é sempre importante para definir a representação do lote produzido. O
método estatístico garante que o que está sendo testado representa todos os lotes produzidos.
No próximo tópico, você aprenderá quais são esses métodos e como realizar essas amostragens.
Cone
Quartos de Repetir se
amostra necessário
Figura 16 - Quarteamento manual
Fonte: SENAI-SP (2016)
Para realizar o quarteamento, conforme mostra a figura, é necessário formar uma pilha ou cone e dividir
seu topo em quatro partes, removendo duas partes opostas da pilha, e misturando até formar uma pilha
menor.. Esse processo deve ser repetido várias vezes até que se obtenha uma quantidade de amostra pre-
menor
determinada.
Uma outra maneira de quartear
quar tear amostras é utilizando o quarteador
quar teador Jones. Veja-o
Veja-o na próxima figura.
Em um quarteador Jones como esse existem na parte superior 8 canaletas, sendo que 4 são direciona-
das para o lado direito e 4 direcionadas para ao lado esquerdo. Elas são responsáveis por escoar a amostra
para duas cubas laterais na parte de baixo do equipamento promovendo a separação da amostra; o pro-
cesso de quarteamento se repete até a obtenção da quantidade necessária da amostra.
O quarteamento é um método muito utilizado nas empresas do ramo alimentício, mineral, farmacêuti-
co, dentre outros. Você
Você estudará a seguir a amostragem em líquidos.
A amostragem de líquidos é muito utilizada em represas, lagos e também em empresas que produzem
produtos no estado líquido. No próximo tópico, você estudará a amostragem em amostras gasosas.
Veja na figura a seguir a bomba utilizada para realizar esse tipo de amostragem.
Uma bomba como essa é composta por uma espécie de seringa com uma ponta fina e com sistema de
válvula para evitar a saída da amostra e para facilitar a sucção do gás de interesse.
Para a segura e correta coleta de gases, com a utilização de cilindros de amostragem, são necessários os
seguintes cuidados:
a) limpar o cilindro e garantir que esteja isento de umidade;
b) testar as válvulas, conexões de saída e dispositivos de segurança, antes de cada amostragem para
verificar seu estado de conservação;
c) purgar o sistema e verificar possíveis vazamentos, após ter testado todas as conexões;
d) nunca encher um cilindro acima de 50% de sua capacidade volumétrica;
e) solicitar à segurança industrial a verificação do limite de explosividade do gás, antes de executar a
amostragem;
f) usar os EPIs para a amostragem;
g) conhecer a capacidade máxima de cada cilindro;
h) usar uma solução água-álcool, para verificar vazamentos nos cilindros de amostragem;
i) garantir que os cilindros possuam válvulas e conexões apropriadas para a ligação aos pontos de
amostragem;
j) verificar se as válvulas possuem dispositivos de segurança para alívio de pressão, chamados discos
de ruptura, que devem se romper ao máximo a 70% da pressão de ruptura do cilindro, por causa da
expansão do material no interior dele;
k) instalar o sistema de redução de pressão no ponto de amostragem, em caso de pressões acima de 50
Kg/cm3 em linha;
l) usar cilindros exclusivos para cada ponto de amostragem para evitar a contaminação das amostras e
maior facilidade na preparação da amostragem.
Conheça o cilindro usado na amostragem de gases.
FIQUE Evite acidentes e contaminações. Não descarte nenhum tipo de produto no meio
ambiente ou no ralo. Existem locais adequados e ideais para todo tipo de resíduo
ALERTA gerado em laboratório.
Os órgãos de controle ambiental utilizam este método para coleta de amostra de ar da atmosfera com
o objetivo de identificar possíveis poluentes e verificar a qualidade do ar.
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Retome as perguntas que viu no início deste capítulo. Agora, você certamente já consegue res-
pondê-las, pois aqui aprendeu o que é amostragem e o que é amostra. Além disso, aprendeu as
diversas formas de se realizar a amostragem de materiais em seus diversos estados físicos.
Você estudou que o tipo de frasco de armazenamento,
armazenamento, o transporte da amostra e a conservação da
amostra podem comprometê-la e, como consequência, comprometer a análise.
Estudou também como se faz o plano de amostragem, que tem como objetivo regulamentar
quantas amostras de um lote serão retiradas para controle de qualidade.
Controle de integridade
de materiais e produtos
Os métodos de preservação apresentam como meta principal a garantia de que as amostras, matérias-
-primas ou produtos mantenham as suas características físicas, químicas e biológicas. Espera-se assim que
esses métodos contribuam para:
a) retardar a ação microbiológica;
b) diminuir a hidrólise dos compostos químicos;
c) reduzir a volatilidade;
d) diminuir a adsorção de substâncias indesejáveis;
e) preservar os micro-organismos, evitando ou minimizando alterações morfológicas e fisiológicas.
Os métodos de preservação de amostras mais empregados são: adição química, congelamento e re-
frigeração. No quadro a seguir você conhecerá mais sobre cada uma deles:
Métodos de preservação de amostras
MÉTODO CARACTERÍSTICAS
Utilizado com a adição do produto preservante antes ou imediatamente após a coleta da amostra. Ele promo-
ve a estabilização dos constituintes da amostra por longos períodos de tempo.
Adição química
Com ele é possível introduzir na amostra um elemento que é de interesse na análise, por exemplo, adicionar
ácido clorídrico, quando a análise tem por objetivo determinar o teor de cloro.
Utilizado como agente preservante, serve para aumentar o tempo de validade de algumas amostras. Em caso
de análise, é útil para aumentar o intervalo de tempo entre a coleta e a análise da amostra.
Como todo método, este tem alguns pontos a serem considerados:
a) algumas amostras podem sofrer alteração em suas características;
Congelamento b) a parte biológica e microbiológica pode sofrer alteração pelo congelamento e descongelamento;
c) se for um produto acabado já com a embalagem, ele pode sofrer alteração, danificar e comprometer a
integridade do produto interno.
É recomendável para algumas análises, porém para determinações biológicas e microbiológicas ele é inade-
quado, pois pode destruir os micro-organismos.
Preserva várias características físicas, químicas e biológicas de produtos acabados, matérias-primas e amos-
tras, pela diminuição da temperatura até níveis que não comprometam a estrutura dos micro-organismos,
mantendo-os em estado de “dormência”. Em materiais sólidos ou líquidos, o resfriamento ajuda na diminuição
Refrigeração
da agitação das partículas, mantendo suas características.
Garante um longo período de estabilidade dos materiais e contribui com as condições de armazenamento,
como você estudará em seguida.
Quadro 7 - Métodos de preservação de amostras
Fique atento à adição de produto químico, pois ela pode afetar outros itens de
FIQUE interesse, como micro-organismos.
micro-organismos. E, sempre que for utilizar o método de adição
ALERTA química, verifique que tipo de análise será feita na amostra para não ocorrer
contaminação.
5 CONTROLE DE INTEGRIDADE DE MATERIAIS E PRODUTOS
61
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
A que conclusão você chegou sobre as perguntas que abriram este capítulo? Qual a relevância do
controle de integridade de materiais e produtos? Esse é um assunto que interferirá em seu campo
de atuação?
Até aqui você, certamente, aprendeu que, para manter a integridade de produtos e materiais, pre-
cisa ter cuidado ao realizar a amostragem para não haver contaminação e mistura. Entendeu tam-
bém que para se conservar as características físicas, químicas e biológicas dos produtos e materiais,
é preciso ter um armazenamento que garanta as condições mínimas necessárias para evitar a de-
terioração do produto. Além disso, para se determinar o prazo de validade de um produto, deve
realizar um estudo de estabilidade. Com certeza você entendeu que o armazenamento correto das
amostras garante a integridade e preserva suas características.
Ferramentas da qualidade
• A - Act – Agir: contempla quais as mudanças que poderão ser implantadas no processo ou projeto
analisado.
Essas letras estão representadas na figura a seguir, que ilustra um ciclo sendo realizado com a sua se-
quência de análise. Observe a inicial de cada palavra dentro do ciclo e relacione com a sigla.
AGIR PLANEJAR
CORRETIVAMENTE E/OU METAS, OBJETIVOS, MÉTODOS,
PARA MELHORAR PROCEDIMENTOS E PADRÕES
ACT PLAN
CHECK DO
VERIFICAR
EXECUTAR
OS RESULTADOS DAS
AS TAREFAS PLANEJADAS
TAREFAS EXECUTADAS
O ciclo tem início em P de PLAN (planejar); dele, a seta segue para D de DO (executar); depois, vai para C
de CHECK (verificar); e finaliza com A de ACT (agir). Veja que o ciclo não acaba. Uma nova análise é iniciada,
dependendo do problema apresentado.
Após a implantação do ciclo PDCA, é importante que se evite: iniciar o ciclo sem
FIQUE planejar; definir um meta e não definir como irá atingi-la; definir uma meta e não
treinar o pessoal para executar as ações necessárias ao seu alcance; fazer e não
ALERTA verificar; planejar, fazer, checar e não agir corretivamente, quando necessário; e
parar de rodar o PDCA na primeira volta do ciclo.
c) construir o diagrama no formato de espinha de peixe e colocar as causas divididas em mão de obra,
máquina, método e matéria-prima. Podem ser incluídos os tópicos: medida e meio ambiente;
d) analisar o diagrama e identificar as causas;
e) atuar no problema identificado.
identificado.
Observe na figura a seguir a estrutura-padrão de um diagrama de causa e efeito com suas indicações
de efeito e causa.
Meio
Máquina Medida
Ambiente
Causa secundária
Causa terciária
Problema
(efeito)
Matéria-
Mão de obra Método
prima
Veja que essa figura tem um formato de espinha de peixe: o local onde vai ser colocado o efeito a ser
analisado parece a cabeça do peixe, e na espinha
espinha estão as causas que podem ser de origem: Máquina, Me -
dida, Meio ambiente, Mão de obra, Método e Matéria-prima (Causa secundária). Pode haver mais causas
relacionadas a essas origens e que são colocadas mais para dentro da figura (Causa terciária).
A figura a seguir demonstra o local da causa e do efeito dentro de um diagrama de um produto com
defeito:
M áq u i n a Pessoal
Produto
com defeito
Jornada de trabalho excessiva Matéria-prima com defeito
Métodos Materiais
CAUSAS EFEITO
Repare que foi determinado o efeito (produto com defeito) e foram apontadas as causas Máquina, Pes-
soal, Métodos e Matérias, sendo que todas essas causas foram subdivididas em outras mais detalhadas.
Isso permite que o profissional tenha um cenário ideal para analisar e descobrir as causas reais, para que
melhorias possam ser feitas.
O diagrama causa e efeito foi proposto pelo engenheiro químico japonês Kaoru
CURIOSI Ishikawa, no ano de 1943. Ishikawa foi um engenheiro de controle de qualidade
DADES e teórico da administração de companhias japonesas. Esse diagrama pode ser
chamado também de espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa.
O diagrama de causa e efeito, por sua eficência, tem sido muito utilizado nas empresas como ferramen-
ta de solução de problemas. A seguir, você conhecerá uma ferramenta que também pode ser usada de
forma associada com esse diagrama.
6.3 5W2H
O 5W2H é uma ferramenta utilizada na criação de uma lista que verifica, controla, executa e acompanha
todas as ações planejadas para solucionar um problema detectado.
Essa ferramenta é composta por sete perguntas, elaboradas no idioma inglês, sendo que cinco delas
iniciam com a letra W e duas com a letra H. No quadro a seguir você pode ver quais são essas perguntas,
qual o significado e analisar exemplos de respostas em uma aplicação para a redução do consumo de água
em um laboratório químico.
Esquema para uso da ferramenta 5W2H
SEQUÊNCIA SIGNIFIC ADO DETALHES
What? (O quê?) O objetivo a ser alcançado. Redução do consumo de água no laboratório químico.
Consumo elevado de água durante a lavagem das vidrarias
Why?
Why? (P
(Po
or quê
uê?)
?) O mo
moti
tivo
vo//ju
just
stifi
ifica
cati
tiva
va do qu
quee se
será
rá fei
eitto.
após as análises.
Wher
Where?
e? (O
(Ond
nde?
e?)) O loc
local ond
ondee vai
vai se
serr impl
implan
anta
tad
do o obj
objet
etiv
ivo
o. Pi
Pias
as do la
labo
bora
rattór
ório
io quí
uími
micco.
Who? (Quem?) Os responsáveis pela ação. Técnicos responsáveis pelas análises.
When? (Quando?) O prazo a ser determinado. De 20 a 30 de março de 2016.
Observar como os técnicos lavam as vidrarias, diminuir o fluxo
How? (Como?) O ca
caminho pa
para at
atingir o objetivo.
de água, usar água de reúso.
Reduzir cerca de 50% do gasto de água usada na lavagem das
How Muc
Much?
h? (Qu
(Quant
anto?)
o?) O cust
custo
o da
da ação
ação com
complet
pleta.
a.
vidrarias.
Observe no quadro que cada uma das perguntas tem um objetivo que está relacionado com seu deta-
lhamento logo ao lado direito. Analisando esta última coluna, você deve ter notado que a ferramenta 5W2H
ajuda na avaliação e resolução de problemas identificados, organizando as ideias e as ações envolvidas.
Essa ferramenta pode ser utilizada em conjunto com o diagrama de causa e efeito para resolver problemas.
Estude, a seguir, mais uma ferramenta.
6.4 HISTOGRAMA
Histograma é uma ferramenta que representa um conjunto de dados numéricos em forma de gráfico de
colunas, facilitando a avaliação e verificação da existência de uma tendência da variação.
A avaliação do histograma tem como objetivos:
a) verificar um padrão de variação;
b) verificar o comportamento ou tendência do processo;
c) cruzar resultados com as especificações ou padrões;
d) tomar decisão para melhoria do processo;
e) verificar a quantidade de produto não conforme.
O histograma envolve a medição de dados como, por exemplo, tempo, temperatura e altura e demons-
tra a distribuição de acordo com a frequência em que aparecem ao longo de um intervalo de tempo. Os
dados, depois de colocados em forma de gráfico, demonstram onde a concentração é maior ao longo do
tempo observado.
Para construir um histograma, você pode seguir os seguintes passos:
a) coletar os dados, ordenar e registrar na sequência, com número de dados maior que trinta;
b) calcular a amplitude (R) dos dados, sendo R = valor máximo – valor mínimo. O valor máximo é o maior
valor da sequência a ser trabalhada e o mínimo é o menor valor da sequência a ser trabalhada;
c) determinar o número de classe (K), usando a fórmula:
� em que n é igual ao número de amostras ou usar os dados
k ≈ √ n; da dos a seguir para determinar
determi nar o valor de n:
PARA n k
30 a 50 5a7
51 a 100 6 a 10
101 a 250 7 a 12
mais de250 10 a 20
e) estabelecer o limite da classe. O maior e o menor valor levantado na coleta de dados da amostra, tem-
se: LS = LI + H; onde LS é o limite superior; LI é o limite inferior e H é o intervalo da classe;
f ) construir o gráfico. No eixo vertical a altura da classe com a frequência calculada e no eixo horizontal
horizontal
o intervalo de cada classe.
Veja na figura a seguir um modelo de histograma.
Histograma
30
25
20
15
10
0
90-9
90-92
2 92-9
92-94
4 94-9
94-96
6 96-9
96-98
8 98-1
98-100
00 100-10
100-102
2 10
102-
2-10
104
4 10
104-
4-10
106
6 10
106-
6-10
108
8 10
108-
8-10
100
0
Observe que esse histograma define em seu eixo vertical as classes, indicando a quantidade de amos-
tras e, no eixo horizontal, o intervalo das classes definidas.
Para que você entenda o uso que se faz de um histograma, imagine que uma empresa do ramo farma-
cêutico pretende padronizar a massa de comprimidos produzidos em uma única prensa, com capacidade
de produção de 500 comprimidos por hora. pois ela quer saber quanto a maioria deles pesa. Como os com-
primidos possuem massa diferente, em vez de medir a massa de todos os comprimidos, o que levaria muito
tempo e daria muito trabalho, a empresa decidiu utilizar um método estatístico, o histograma.
Veja a seguir os passos que ela utilizou para montar o histograma:
a) Primeiro passo - determinação da amostra: a amostra foi obtida da forma aleatória possível, para
representar o todo. Foram considerados 55 comprimidos e a massa em grama (unidade g) de cada
um foi colocada na tabela abaixo:
Massa dos comprimidos da amostra
O histograma demonstra que os comprimidos têm uma tendência de massa entre 1,68 a 1,82 g.
Com este exemplo,
exemplo, você pôde observar que utilizando o histograma foi possível padronizar a massa dos
comprimidos produzidos pela indústria farmacêutica, uma vez que essa ferramenta mostrou a distribuição
de frequências de dados obtidos por medições da massa das amostras, permitindo identificar a tendência
que indica quanto pesa a maioria dos comprimidos fabricados.
Além dessas ferramentas da qualidade, existem outras que podem ser utilizadas
SAIBA em processos de gestão. Para saber mais sobre essas que foram apresentadas
e outras como, por exemplo, Diagrama de Pareto, Folha de Verificação e 5S, e
MAIS suas aplicações, acesse um site de busca na internet e consulte: ferramentas da
qualidade e estratégias de gestão ou use o próprio nome da ferramenta.
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Agora, você já sabe para que servem as ferramentas da qualidade, pois neste capítulo aprendeu
que elas ajudam a analisar e solucionar problemas.
Viu também que é possível gerenciar qualquer tipo de problema em projetos ou processos, apli-
cando conceitos que passam por planejar, executar e agir.
Validação
Validação e indicadores de desempenho
O que uma empresa precisa fazer para garantir os padrões de qualidades necessários à en-
trega de um produto de confiança e que satisfaça as necessidades de seus clientes? Para dar
início a este capítulo, reflita sobre essa questão e tente respondê-la a partir do estudo que
realizará aqui.
Para começar, saiba que todas as empresas buscam a qualidade dos produtos, serviços e
processos oferecidos. Para ter qualidade em todos esses itens, é preciso conhecer as etapas, a
matéria-prima e os desvios que existem no processo. Para isso, é preciso monitorar os proces-
sos, levantar dados reais, estudar e aplicar as correções necessárias para atender os padrões
estabelecidos.
Em outras palavras, para se atingir as metas de produção, diminuição de refugos, aumento
de análises realizadas em laboratórios, por exemplo, é preciso ter, em primeiro lugar,
lugar, as medi-
das de desempenho e, em seguida, os indicadores de desempenho que são montados para
permitir a realização de um diagnóstico dos processos e objetivos traçados.
No próximo tópico você entenderá o que são e para que servem as medidas de desempe-
nho e, em seguida, estudará os indicadores de desempenho
desempenho..
DE PARA
• A medição é um gasto • Nós estamos comprometidos
e uma burocracia. em identificar os indicadores
mais importantes.
• Eu não consigo medir
os resultados, só consigo • Nós somos responsáveis
medir as atividades. pela entrega dos produtos
e/ou serviços.
• Meus programas
programas não
podem ser medidos. • Nós somos responsáveis
pelo resultado final.
Essa figura representa a situação de uma empresa: de como ela é/está (lado esquerdo que demonstra
o que acontece normalmente) para o que ela pode ser ou tornar-se, ao investir em uma nova cultura (lado
direito que demonstra o otimismo e o comprometimento de todos com a gestão da qualidade).
É partindo dessa premissa que a Norma ISO 9001, no item Análise, Medição e Melhoria, sugere que a
organização deve planejar e implementar os processos necessários de monitorament
monitoramento,
o, medição, análise e
melhoria para:
a) demonstrar a conformidade aos requisitos do produto;
b) assegurar a conformidade do sistema de gestão da qualidade;
c) melhorar continuamente
continuamente a eficácia do sistema de gestão da qualidade.
As ferramentas a serem utilizadas devem, portanto,
por tanto, demonstrar a capacidade dos processos (produtos
e serviços) em atingir as metas planejadas.
Pode acontecer de as metas não serem atingidas. Nesse caso, a empresa deve efetuar ações corretivas
para assegurar a qualidade e estabilidade dos processos de produção, dos produtos e serviços.
O monitoramento do desempenho do processo é necessário para se conhecer sua capacidade, saber
até onde pode ir e traçar metas e objetivos. Esse desempenho revelará que todos os envolvidos estão com-
prometidos em alcançar as metas e objetivos com a evolução e melhoria do processo e do produto.
A figura a seguir indica um processo produtivo e sua geração de indicadores de desempenho em cada
etapa do processo.
FORNECEDOR CLIENTE
Insumos PROCESSO Produtos
DECISÃO
Coleta de Coleta de Coleta de
informações e dados informações e dados informações e dados
AVALIAÇÃO
GERÊNCIA
Processamento Processamento Processamento
Indicador da
produtividade
Indicador da Indicador da
Indicador da
qualidade qualidade
qualidade
Observe na figura que o fornecedor gera informações importantes para criar um indicador da quali-
dade dos fornecedores; o processo gera informações importantes para criar um indicador da qualidade
para a tomada de decisão de ação corretiva ou de melhoria para o processo; e o cliente gera informações
importantes para criar um indicador da qualidade para a tomada de decisão sobre a ação corretiva ou de
melhoria no processo dependendo do seu nível de satisfação.
É importante saber que os indicadores podem variar em função da organização, do segmento ou da
área de atuação, por exemplo:
a) em uma escola técnica, o indicador pode ser a porcentagem de alunos que se formam em química em
função do número total de alunos;
b) em um laboratório de análises na área de qualidade, o indicador pode ser a quantidade de análises
realizadas durante o mês;
c) em uma empresa de atendimento ao cliente, o indicador pode ser o número de chamadas atendidas
durante 24 horas.
GESTÃO DA QUALIDADE
78
Os indicadores refletem, portanto, os objetivos e as metas traçadas pelas empresas. Esses objetivos e
metas, normalmente, não sofrem alterações. Porém,
Porém, se a empresa sofrer mudanças, os indicadores podem
mudar também.
Os indicadores de desempenho podem ser classificados conforme quadro a seguir:
Indicadores de desempenho
INDICADORES CARACTERÍSTICA
Informam o quanto a organização se encontra na direção da consecução de sua
Indicadores estratégicos visão. Refletem também o desempenho em relação aos fatores críticos para o
sucesso.
Medem a proporção de recursos consumidos com relação às saídas dos proces-
Indicadores de produtividade (eficiência)
sos.
Focam as medidas de satisfação dos clientes e as características do produto/ser-
Indicadores de qualidade (eficácia) viço. Medem também como o produto ou serviço é percebido pelos usuários e a
capacidade do processo em atender as necessidades dos seus clientes.
Medem a capacidade de resposta de um processo com relação às saídas produzi-
Indicadores de capacidade
das por unidade de tempo.
Focam as consequências dos produtos/serviços (fazer a coisa certa da maneira
Indicadores de efetividade (impacto)
certa).
Acompanha a qualificação da equipe do laboratório, para isso são realizados
Indicador horas de capacitação
cursos de capacitação, tanto técnico quanto gerencial.
Indicador taxa de melhorias implantadas de não
Acompanha a eficácia do sistema de gestão.
conformidades registradas em auditorias internas
Indi
Indica
cado
dorr núm
númer
ero
o de
de ens
ensai
aios
os re
real
aliz
izad
ados
os Acom
Acompa
panh
nhaa o nú
núme
mero
ro de en
ensa
saio
ioss rea
realiliza
zado
doss pel
pelo
o lab
labor
orat
atór
ório
io..
Avalia o desempenho de laboratórios por meio de comparações interlaboratoriais
Indicador resultados dos ensaios de proficiência
organizadas por provedores autorizados.
Analisa se os clientes estão satisfeitos com os serviços prestados pelo laboratório e
Indicador pesquisa de satisfação de clientes
com outros fatores secundários na relação laboratório e cliente.
Analisa se as reclamações dos laboratórios podem ser resultantes de problemas
Indicador número de reclamações procedentes
no atendimento, dos ensaios ou preenchimento dos relatórios de ensaio.
Essas características garantirão que o indicador de desempenho represente fielmente o objetivo esta-
belecido.
Para que você compreenda a aplicação desses indicadores de desempenho na sua área de atuação,
observe a figura a seguir. Ela representa as metas de qualidade estabelecidas para um laboratório de mi-
crobiologia e seus indicadores de desempenho.
Pesquisa de satisfação
Satisfazer clientes
LSC
LC
LIC
Veja, pela imagem da esquerda, que existem quatro pontos que estão fora do LSC (limite superior de
controle) e quatro pontos fora do LIC (limite inferior de controle), indicando que o processo está fora de
controle; já a imagem da direita, mostra que os pontos de controle estão todos entre as duas faixas LSC e o
LIC, muito próximos do ideal LC (limite de controle).
Para implementar o CEP, como sugestão, podem ser aplicadas as 12 etapas propostas por Hradesky
(1989) que fazem parte
par te do Processo do Aperfeiçoamento da Produtividade e da Qualidade (PAPQ).
(PAPQ). Conhe-
ça cada uma delas:
• Etapa 1 - Identificação do projeto: define claramente a área com problemas e desenvolve o estudo
de viabilidade para o projeto, incluindo definição de impacto atual ou futuro do problema e de opor-
tunidade para aperfeiçoamento em potencial. A elaboração de um fluxograma ajuda a identificar os
pontos críticos e uma possível aplicação de gráficos de controle em outros processos. A quantificação
e aprovação do nível projetado de aperfeiçoamento torna-se alvo a ser atingido em gráficos de medi-
ção de desempenho, que serão criados na etapa 3.
• Etapa 2 - Planejando e reportando: destina-se a manter o projeto dentro do cronograma em relação
ao tempo e ao desempenho de metas. Nesta etapa são criados três documentos:
� Plano básico: indica
indica cada uma das 12 etapas, o início
início fixado para o projeto e a data de sua conclusão;
conclusão;
7 VALIDAÇÃO E INDICADORES DE DESEMPENHO
81
As ferramentas da qualidade que facilitam a captação e a análise de dados gerados também podem
auxiliar na implantação do CEP. Algumas dessas ferramentas você estudou no capítulo 6 e viu que, além
das apresentadas, existem outras que também são muito úteis nos processos de gestão.
Dentre as ferramentas da qualidade, existem aquelas que são utilizadas em partes pontuais dos pro-
cessos de avaliação e outras que são aplicadas em diversas etapas desses processos. Por exemplo, para
identificar problemas, você pode utilizar o Fluxograma; para analisar os problemas, o Gráfico de controle; e
em ambas as situações pode utilizar o Gráfico de Pareto e o Diagrama de causa e efeito.
Finalizando, a implantação do CEP permite à empresa ter maior controle de suas atividades e melhor
produtividade. Com ele, a empresa ganha com:
a) a diminuição de refugos;
b) a melhoria na prestação de serviços;
ser viços;
c) o aumento da confiabilidade de resultados de análises;
d) a diminuição de retrabalhos;
e) a estabilização dos seus processos;
f) a identificação de causas dos problemas;
g) as ações corretivas e preventivas;
h) a entrega de um produto final com garantia de qualidade;
i) as decisões tomadas com base em dados reais.
É correto dizer, portanto, que validação é um conjunto de estudos que comprovam, por meio de docu-
mentos, os resultados obtidos com testes. Com ela é possível afirmar que o processo tem confiança sufi-
ciente para gerar um produto com alta qualidade.
• QO – Qualificação de Operação; e
• QP – Qualificação de Performance ou Desempenho.
– Qualificação/validação dos sistemas de água potável e purificada;
– Qualificação das utilidades utilizadas no processo;
– Procedimentos operacionais padrão (POP) relacionados e atualizados;
– Fórmula-padrão atualizada (incluindo o registro na Anvisa);
– Definição dos parâmetros de produção;
– Ordem de produção revisada – Ficha de produção, Master de Fabricação
Fabricação,, Instrução de Fabricaç
Fabricação
ão etc.;
– Análise de risco do processo produtivo;
– Especificação do produto;
– Métodos de análise físico-químico e microbiológico validados;
– Protocolo de validação e seus anexos;
– Critérios de aceitação;
– Plano de amostragem das diferentes fases do processo produtivo;
– Definição dos testes de desafio;
– Treinamento
Treinamento comprovado dos responsáveis pela execução do estudo;
– Laudos de análises com resultados dentro das especificações
especificações,, tanto do controle em processo quanto
do Laboratório de Controle de Qualidade (micro e físico-químico);
– Relatório de validação ao final do estudo;
– Avaliação estatística dos resultados de análise das amostras coletadas.
Para que a validação do processo aconteça, a equipe responsável por ela deve ter experiência e estar
comprometida. A colaboração e comunicação de todos os envolvidos é fundamental para a conclusão da
validação.
c) Amostragem para validação
Para a validação de medicamentos, é preciso ter um número mínimo de três lotes sequenciais do mes-
mo produto. Um plano de amostragem deve ser feito, comtemplando
comtemplando as etapas mais críticas, as análises de
controle de processo e as físico-químicas e microbiológicas.
Uma sugestão para um plano de amostragem é utilizar a NBR 5426, que fornece instruções para planos
de amostragem e procedimen
procedimentos
tos na inspeção por atributos.
FIQUE Todas as amostras devem ser identificadas com relação ao produto, código, lote,
etapa produtiva, processo e tipo de análise a ser realizada, garantindo
garantindo assim que
ALERTA não acorram erros, trocas ou extravios.
GESTÃO DA QUALIDADE
88
Veja nessa figura que o plano mestre de validação (PMV) recebe informações importantes da Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância
Vigilância Sanitária), das resoluções de BPF (Boas Práticas de Fabricação) e está ligado
ao manual da qualidade da empresa. O PMV contempla todos os documentos que estão logo abaixo da
seta indicativa. Da esquerda para a direita, aparecem instrumentos e utilitários, que necessitam de com-
provação de manutenção e calibração; já os equipamentos produtivos e laboratoriais necessitam de com-
provação de manutenção e qualificação; e os métodos analíticos, processos produtivos,
produtivos, limpeza e sistemas
computadorizados necessitam de comprovação de validação. Todas Todas as comprovações devem ser feitas por
escrito, gerando registros de evidência.
FIQUE O prazo de validade de uma validação de processo não pode ser maior do que cinco
ALERTA anos. Qualquer prazo, além desse, pode ser questionado pela Anvisa.
7 VALIDAÇÃO E INDICADORES DE DESEMPENHO
89
CASOS E RELATOS
Caso Celobar
Para a produção de contraste utilizado em exames radiológicos, com o objetivo de destacar os
órgãos, empresas farmacêuticas utilizam como matéria-prima o sulfato de bário (BaSO4).
Por algum motivo, uma dessas empresa substituiu ou utilizou junto à formulação original o car-
bonato de bário (BaCO3). Quando esse medicamento foi absorvido pelo organismo dos pacientes,
ocorreu a formação de íons bário (Ba2+) que provocou vômito, cólica, diarreia, tremores, convulsões
e poderia tê-los levado ao óbito.
Mas, se a toxicidade é do bário, por que o BaSO4 não é perigoso e o BaCO3 é?
A resposta é que o sulfato de bário (BaSO4) não se dissolve em água e o carbonato de bário (BaCO 3)
sim, liberando os íons bário (Ba 2+) no organismo, causando a intoxicação.
Este foi um caso verídico, ocorrido em junho de 2003. Na época, uma análise preliminar da Fiocruz
(Fundação Oswaldo Cruz) apontou a presença de carbonato de bário em um lote de contraste
distribuído por essa empresa. O contraste usado em exames provocou problemas de saúde e os
responsáveis pela empresa foram processados.
Este caso demostra a importância dos processos de validação, pois se a empresa tivesse adotado
esse procedimento,
procedimento, certamente não teria passado por esse tipo de situação.
RECAPITULANDO
Retomando a pergunta feita no início deste capítulo: “O que uma empresa precisa fazer para ga-
rantir os padrões de qualidades necessários à entrega de um produto de confiança e que satisfaça
as necessidades de seus clientes?”,
clientes?”, agora, certamente, você consegue falar sobre esse assunto com
mais respaldo.
Isto porque neste capítulo você aprendeu que, para garantir a estabilidade e a qualidade de um
processo, deve ser feita a sua validação.
Você viu também que o CEP (Controle Estatístico de Processo) foi se desenvolvendo ao longo dos
tempos e ajudou as indústrias de todos os ramos a melhorar a qualidade dos processos e produtos.
Com isso, hoje é possível avaliar a qualidade do processo e do produto, além de saber se as metas
de uma empresa foram atingidas por meio dos indicadores de desempenho.
Descontaminação
8.1 ASSEPSIA
Você, certamente, já ouviu falar em assepsia, não é verdade? Por exemplo, assepsia de um
bisturi para uso em uma cirurgia
Assepsia refere-se a um conjunto de medidas adotadas para impedir a introdução de agen-
tes patogênicos no organismo. Essas medidas têm como objetivo a redução dos micro-orga-
nismos em superfícies não animadas, tendo em vista a necessidade de se alcançar níveis segu-
ros para que as pessoas possam trabalhar.
Para realizar assepsia são usados agentes assépticos, como, por exemplo, álcool etílico a
70%, com ou sem 2% de glicerina. A limpeza de superfícies ou lugares onde existe a presença
de possíveis contaminantes é usualmente aplicada na nossa vida diária, em hospitais, em em-
presas e laboratórios.
Conheça no próximo tópico mais um método de limpeza.
GESTÃO DA QUALIDADE
92
8.2 ANTISSEPSIA
E em antissepsia? Já ouviu falar?
Trata-se de um conjunto de medidas que consiste na utilização de agentes antissépticos ou desinfe-
tantes (microbicidas 14 ou microbiostáti
microbiostáticos
cos15) sobre a pele ou mucosa com o objetivo de reduzir ou destruir
os micro-organismos. Por exemplo, antissepsia de um local no organismo humano que será cortado com
bisturi, que pode ser feita com agente antisséptico,
antisséptico, solução alcoólica para antissepsia das mãos e solução
de álcool iodado a 0,5 ou 1 % (álcool etílico a 70%, com ou sem 2 % de glicerina).
8.3 DESINFECÇÃO
O que é, para você, desinfecção? Essa palavra lhe é comum? Quando a utiliza?
A desinfecção é o processo que destrói todos os micro-organismos, exceto os endósporos bacterianos.16
Ela pode ser feita por meio de procediment
procedimentoo químico ou físico. Veja como são feitos.
a) Procedimento químico: consiste na aplicação de produtos químicos com a função de eliminar
os micro-organismos. São usados etanol (geralmente 70%), compostos biclorados, formaldeído,
compostos iodados, peróxido de hidrogênio
hidrogênio,, glutaraldeidos, fenóis, entre outros.
Veja algumas informações importantes sobre os produtos químicos mais utilizados:
• Etanol: é um líquido incolor e volátil que age na superfície das bactérias quebrando a sua estrutura.
O etanol 70% é um dos mais utilizados em laboratório na limpeza e desinfecção de bancadas, estufas,
cabine de fluxo laminar, capela de exaustão, entre outros. É também utilizado na antissepsia da pele.
• Hipoclorito de sódio: é um composto que libera cloro ativo que atua em bactérias gram-positivas e
negativas, fungos etc. É um desinfetante utilizado na desinfecção de objetos contaminados com san-
gue, ponteiras, placas de petri etc.
FIQUE O hipoclorito de sódio é corrosivo e não deve ser utilizado em metais, pois é um
ALERTA forte oxidante. É tóxico e causa irritação da pele e olhos.
b) Procedimento físico: consiste no uso de procedimentos como pasteurização (que usa temperaturas
altas) e radiações ultravioleta (que usa lâmpada de mercúrio) para a eliminação de micro-organismos.
Veja algumas informações importantes sobre os processos físicos mais utilizados:
• Pasteurização: tem o objetivo de destruir os micro-organismos patogênicos, sem destruir os esporos
bacterianos. É utilizada água a 75o C por 30 minutos, aplicado em equipamento de terapia respirató-
ria e de anestesia. Sua eficiência é menor que por agentes químicos.
• Radiação ultravioleta: tem o objetivo de inativar a reprodução da célula por meio da destruição do
material genético, pois sem o material genético a célula não se reproduz. É utilizado na desinfecção
de água, em capelas, cabines de fluxo laminar, entre outros.
8.4 ESTERILIZAÇÃO
O que você sabe sobre esterilização? No que ela difere dos processos que viu até aqui?
A esterilização é um processo que elimina ou destrói por completo todas as formas de vida microbiana
por meio de processos físicos ou químicos.
Conheça no subtópico a seguir os métodos de esterilização.
Veja na imagem a seguir uma autoclave que utiliza vapor para realizar a esterilização.
Figura 32 - Autoclave
Fonte: SENAI-SP (2016)
Essa autoclave é composta por um vaso em que são acomodados os materiais a serem esterilizados. Ve-
rifique na parte superior a tampa em que estão o manômetro e as válvulas de segurança para evitar explo-
são e o painel de controle, que fica na parte
par te frontal do equipamento. A autoclave fechada funciona com o
aquecimento da água através de resistência, que transforma a água em vapor. Assim, além da temperatura,
a pressão ajuda no processo de esterilização.
As autoclaves, por serem vasos de pressão, devem ser operadas apenas por
FIQUE pessoas autorizadas que receberam treinamento operacional segundo a NR 13. O
ALERTA laboratório deve ter um programa de manutenção preventiva que inclua a inspeção
periódica da câmara, juntas, válvulas e instrumentos de controle da autoclave
autoclave..
Essa estufa utiliza resistências para realizar o aquecimento da câmara onde são acondicionados os ma-
teriais a serem esterilizados (nas prateleiras). Veja na parte de baixo, à direita, um mostrador que indica a
temperatura e o tempo de realização da esterilização. Diferentemente
Diferentemente da autoclave, a estufa não usa água,
o aquecimento é feito apenas no ambiente (no ar) onde estão as amostras.
Os laboratórios de empresas que necessitam realizar atividades, análises ou manipulações com micro-
-organismos usam esses processos de esterilização. Eles podem garantir que não ocorra a contaminação
com micro-organismos de fora, evitando assim o que chamamos de contaminação cruzada.
Aprenda a seguir como monitorar os processos de esterilização.
• Classe 1: indicadores de processo. São tintas termocrômicas, ou seja, mudam de cor com a exposição
ao processo e indicam que o artigo passou pelo processo de esterilização. São as fitas zebradas e os
indicadores químicos contidos no papel grau cirúrgico. É importante que todo material contenh
contenhaa esse
indicador visível para que não haja possibilidade de confundir o material processado com o não pro-
cessado. Algumas etiquetas de identificação já contêm o indicador químico incluído. Veja a imagem
de fitas zebradas.
Antes
Depois
• Classe 2: indicadores de retirada de vácuo. São utilizados para testes específicos. O teste Bowie-Dick
(BD) é considerado um indicador classe 2. O BD é utilizado para a verificação da bomba de vácuo das
autoclaves, ou seja, para verificar se a retirada do ar por meio de pulsos de vácuo é eficiente. Veja a
imagem de um teste de Bowie-Dick.
√ Positivo
Positivo
Figura 35 - Test
Testee de Bowie-Dick
Fonte: SENAI-SP (2016)
8 DESCONTAMINAÇÃO
97
• Classe 3: indicadores de parâmetro único (temperatura, vapor, tempo de exposição). Não é comercia-
lizado no Brasil.
• Classe 4: indicadores de vários parâmetros. São multiparamétricos, ou seja, verificam dois ou mais
parâmetros ao mesmo tempo.
• Classe 5: indicadores integradores designados para reagir a todos os parâmetros da autoclave. No
caso da autoclave de vapor saturado sob pressão, além de avaliar outros f atores, a qualidade do vapor
deve ter no mínimo 95% de umidade. Segundo organizações americanas, o desempenho pode ser
comparado ao dos indicadores biológicos.
• Classe 6: indicadores emuladores (simuladores). Reagem a todos os parâmetros críticos da autoclave.
Esse indicador é de alta sensibilidade, pois não reage até que aproximadamente 95% do ciclo de es-
terilização se conclua.
Os processos de esterilização para serem eficientes devem ser monitorados. Para que isso ocorra, são
usados os indicadores de processo de esterilização. Para cada situação, temos um indicador diferente e
uma classe específica, conforme a necessidade do processo. Para processamento de produtos na área de
saúde, por exemplo, a RDC nº15/2012, art.96, diz que o monitoramento do processo de esterilização em
cada carga deve ser realizado com integradores classe 5 ou 6.
c) indicadores biológicos
Os Indicadores Biológicos (IB) têm a função de controlar os ciclos de esterilização. São realizados por
ampolas com preparações padronizadas de esporos bacterianos. Esses esporos têm a resistência compro-
vada ao processo a que vai ser submetido e contêm por volta de 106 UFC (Unidades Formadoras de Colô-
nias) por unidade ou papel-filtro
papel-filtro..
Existem três gerações de indicadores biológicos:
• Primeira geração: tiras ou discos de papel impregnado com esporos. São expostos ao processo de
esterilização e encaminhados ao laboratório de microbiologia para análise. A leitura demora sete dias
ou 168 horas. Ciclos de calor seco (estufa) só podem ser monitorados por este tipo de IB.
• Segunda geração: indicadores autocontidos, nos quais um suporte impregnado com os esporos é
acondicionado no fundo do frasco separado do meio de cultura contido em uma ampola de vidro.
Após esterilização, a ampola é quebrada e o meio de cultura entra em contato com a fita com esporos
e pode ser incubado em laboratório, em temperaturas de 37º C a 56º C (conforme o micro-organismo
do teste) por 48 horas. A leitura do teste é feita pela mudança de cor decorrente da mudança do pH
da cultura, indicando micro-organismos vivos.
• Terceira geração: indicador autocontido também, diferencia-se da segunda geração pela metodo-
logia de leitura das culturas. O método baseia-se na leitura de uma enzima característica do metabo-
lismo do esporo que, em contato com o meio de cultura, é visível pela luz ultravioleta da incubadora.
Da mesma forma que o de segunda geração, a ampola deve ser processada e colocada na incubadora
de 37º C a 56º C. Se os esporos forem destruídos, não haverá presença da enzima do esporo no meio
de cultura.
98 GESTÃO DA QUALIDADE
Tampa
Tampa
Filtro hidrofóbico
Indicador
biológico Ampola de vidro
sportest
Meio de cultura
Rótulo com
indicador
químico de
processo
Na ampliação da ampola você pode notar que há uma ampola de vidro protegida por uma outra de
plástico. Dentro da ampola de vidro há o meio de cultura que facilitará o crescimento do micro-organismo
indicador do processo de esterilização. Na parte externa da ampola de plástico há uma etiqueta termosen-
sível que indica, pela mudança de cor, se a ampola foi esterilizada. Este indicador é da segunda geração.
Esses indicadores biológicos são usados para monitorar a eficiência do processo de esterilização.
Em um mesmo processo produtivo pode existir uma linha de produção ou um equipamento que pro-
duza produtos diferentes, com princípios ativos e composições diversas. Para cada linha de produção e
para cada tipo de equipamento, existe um procedimento de limpeza específico, para evitar a contamina-
ção de um produto para outro. Esse procedimento é descrito em protocolo de validação que padroniza a
limpeza de cada linha ou equipamento. Conheça
Conheça mais sobre esse protocolo, a seguir.
FIQUE Para a validação de limpeza, deve-se ter no mínimo três aplicações consecutivas do
procedimento de limpeza. Essas aplicações devem ser concluídas com sucesso para
ALERTA que o processo seja validado
validado..
A amostragem no processo de validação de limpeza deve ser realizada de maneira padronizada, com
alta confiabilidade e em locais predeterminados para garantir uma per feita validação. Após a coleta e aná-
lise das amostras, é preciso verificar se estão dentro dos critérios de aceitação. Conheça a seguir os limites
de aceitação.
SAIBA Para saber mais detalhes sobre o processo de validação de limpeza em outros
processos, consulte o portal da Anvisa. Nele você encontrará informações úteis para
MAIS enriquecer seus conhecimentos na área de validação de limpeza em outras áreas.
GESTÃO DA QUALIDADE
1044
10
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Lembra-se das perguntas que lhe fizemos no início deste capítulo: quais os métodos de descon-
taminação mais usados em laboratórios? Quais os indicadores de um processo de esterilização?
Como proceder para validar uma limpeza?. Agora, você, certamente, consegue respondê-las.
Neste capítulo, você entrou em contato com alguns processos de descontaminação e esterilização
que são aplicados em laboratórios e em locais de trabalho onde há possibilidade de encontrar
agentes contaminantes.
Você aprendeu que a validação de limpeza é um procedimento importante e que há a fiscalização
de órgãos governamentais, como a Anvisa. Além disso, você conheceu alguns tipos de indicadores
de esterilização e que eles servem
ser vem para verificar se o procedimento foi realizada de maneira correta.
REFERÊNCIAS
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fundamentos e vocabulário. São Paulo, 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ISO 9001: sistemas de gestão da qualidade -
Requisitos. São Paulo, 2015.
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competência de laboratórios de ensaio e calibração. São Paulo, 2005. 31 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ISO 22000: sistemas de gestão da segurança
de alimentos - Requisitos para qualquer organização na cadeia produtiva de alimentos. São
Paulo, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ISO 14001: sistemas de gestão ambiental -
Requisitos com orientações para uso. São Paulo, 2015.
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5426:1985 versão corrigida: 1989: planos
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5427:1985 versão corrigida: 1989: guia
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inspeção por atributos. São Paulo, 1989.
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