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1. Conhecimento. Caminho de estar e Viver no Mundo
A precisão terminológica
Um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento do conhecimento humano advém da
imprecisão dos termos utilizados na constituição dos saberes. Esta dificuldade gera
confusões e inadequações de graves consequências.
Ensina a Lógica Clássica que os termos podem ser unívocos, equívocos e análogos.
Trabalha-se nas ciências, frequentemente, com termos análogos sem que se dê conta de
que são motivos de desentendimentos e dificuldades de toda ordem.
A noção de construção do conhecimento é uma dessas ideias análogas que têm mais de
um significado, que pode ser tomada em sentidos diversos devendo ser esclarecida para
poder ser melhor utilizada.
A noção de Construção
Considera-se como construção o ato de construir algo, e, como ato ou ação a terceira
fase do processo da vontade. Ante um objeto que mobilize o sujeito vão ocorrer três
etapas: a deliberação, a decisão e por fim, a execução. A ação é entendida como um
processo racional e livre decorrente portanto da inteligência e da vontade. Embora se
possa falar em ato reflexo, ato instintivo e ato espontâneo como movimentos que partem
do sujeito independentemente da sua vontade, percebe-se que nesses casos não se tem
propriamente um ato, uma ação livre, mas apenas um movimento involuntário
indeterminado.
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O termo construção aplicado à educação pode ser entendido como já se viu, em dois
sentidos:
- Como constituição do saber feita pelo estudioso, pelo cientista, pelo filósofo resultante
da reflexão e da pesquisa sistemática que leva a novos conhecimentos. Nesse sentido,
construíram-se e constroem-se através do tempo, os conteúdos da Física, da Química, da
Biologia, da Medicina. O homem não “descobre” o conhecimento pronto na natureza,
mas relaciona os dados dela recebidos constituindo os saberes. A ciência é o resultado
desta elaboração mental, da reflexão, do estabelecimento de relações, da observação de
causas, de consequências, de continuidades, de contiguidades, de oposições. Pode-se,
portanto entender a construção do conhecimento como a constituição dos saberes que
resulta da investigação filosófico-científica.
Nas Meditações Cartesianas afirma ele (HUSSERL, 1980, p. 109):se realmente toda a
mónada é uma unidade absolutamente circunscrita e fechada, todavia a penetração
irreal, penetração intencional do outro na minha esfera primordial não é irreal no sentido
do sonho ou da fantasia. É o ser que está em comunhão intencional com o outro. É um
elo que, por princípio, é sui generis, uma comunhão efetiva, que é precisamente a
condição transcendental da existência de um mundo, de um mundo de homens e de
coisas.
Na própria ideia de ser concreto está contida a ideia de mundo intersubjetivo. Não basta,
portanto, descrever a constituição do objeto numa consciência individual. Só por isso
não se chega ao objeto como é na vida concreta, mas apenas a uma abstração. Só a
redução ao ego não é suficiente. É preciso também descobrir os “outros”, o mundo
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intersubjetivo. Pela intuição fenomenológica da vida do outro chegasse à
intersubjetividade transcendental completando-se a intuição filosófica da subjetividade.
É de maior interesse para o educador o conhecimento dessa intuição que torna possível
a intersubjetividade, e o que faz com que a intersubjetividade não se faça sempre de
igual modo, com que grupos mais homogêneos melhor se compreendam, com que possa
haver uma comunidade científica, religiosa e ideológica.
Husserl (1980) parte do fato de que, para o ser humano enquanto ego, o mundo é
constituído como mundo “objetivo” no sentido de mundo que existe para todo o ser, de
mundo que se revela tal como é “na comunidade intersubjetiva do conhecimento”.
A partir dessa colocação feita para o conhecimento científico, mas válida para todo
conhecimento, chega-se, ao que parece, a uma exigência de conhecimento intersubjetivo
idêntico para todos, o que não ocorre. O que acontece são níveis de conhecimento
intersubjetivo de acordo com os vários níveis de educação, e com os diferentes setores
passíveis de educação como o afetivo, o volitivo e o intelectivo.
O homem transforma a natureza tanto por sua ação individual quanto social num mundo
de cultura que vai para ele aparecer revestido de valor. Cada um compreende a sua
cultura tanto no presente como no passado como membro da sociedade que
historicamente a formou.
Tomando por base esse fato afirma Husserl (1980, p. 113):ele deve, a partir disso, criar
passo a passo, novos meios de compreensão. Deve, partindo do que é geralmente
compreensível, abrir um caminho à compreensão de camadas sempre mais vastas do
presente, depois mergulhar nas camadas do passado que por sua vez, facilitam o acesso
ao presente.
O mundo objetivo como ideia, como correlativo ideal de uma experiência intersubjetiva
idealmente concordante, deve ser, por essência, relativo à intersubjetividade que se
constitui como ideal de uma comunidade infinita e aberta. Cada comunidade tem, pois,
seu modo específico de constituir o mundo objetivo, embora fique garantida a
possibilidade de crescimento, de aperfeiçoamento no sentido de busca de plenitude.
O conceito de Conhecimento
Na busca do saber o sujeito pode adquirir informações empiricamente, aprendendo a
fazer sem compreender o nexo causal que dá origem ao fenômeno. Pode ter um
conhecimento por experiência como, por exemplo, o modo de dirigir um automóvel sem
que tenha a compreensão do processo mecânico que sua ação desencadeia. Pode ainda
aceitar, por um comportamento de fé, um ensinamento que lhe é transmitido sem
nenhuma consciência de seu conteúdo como é o caso das superstições.
Aquele que toma uma cápsula de remédio, acreditando curar a sua doença com tal
procedimento, não tem, na maioria das vezes, nenhum conhecimento da relação da
substância contida na pílula com o seu mal-estar. Não se pode, nesses casos, falar em
conhecimento propriamente dito ou, pelo menos, em conhecimento científico.
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Pode-se entender como sabedoria a adequada hierarquização dos valores para a
promoção da dignidade humana, o domínio do conhecimento científico e tecnológico de
seu tempo, ou a vivência do respeito e da justiça que permitem um melhor desempenho
social.
São inúmeras as definições de ciência. Desde a mais sucinta, que a entende como o
conhecimento sistematizado das causas do fenômeno, até as mais elaboradas, como a de
Baremblitt (1978, p. 16), que diz: “ser uma ciência um sistema de apropriação
cognoscitiva do real e de transformação regulada desse real, a partir da definição que a
teoria da ciência faz de seu objeto”.
Afirma Japiassu (1977, p. 15) que: “É considerado saber, hoje em dia, todo um conjunto
de conhecimentos metodicamente adquiridos, mais ou menos sistematicamente
organizados, susceptíveis de serem transmitidos por um processo pedagógico de
ensino”. Empregam-se aí os conceitos de aquisição e de transmissão, mas não o de
construção.
A ciência se define por um discurso crítico, pois exerce controle vigilante sobre seus
procedimentos utilizando critérios precisos de validação. A démarche científica é, ao
mesmo tempo, reflexiva e prospectiva. Os pressupostos de uma ciência são justamente
as idéias, os critérios e os princípios que ela emprega na sua efetuação.
O novo conceito de ciência inicia-se com Kant (1957) com a afirmação de ser a ciência
“construída” pelo homem por meio dos juízos sintéticos a priori, contrapondo-se à
concepção proveniente do empirismo da apreensão pela experiência, do conhecimento
científico captado da própria natureza. Kant vai entender a ciência como constructo
humano por meio dos juízos sintéticos a priori.
Com Jean Piaget (2002) iniciam-se as pesquisas de psicologia genética que deram
origem ao chamado construtivismo – Interacionismo Genético que tinha como objetivo
estudar o processo da constituição do conhecimento humano. Não acreditando em
inteligência inata, considera que a gênese da razão, da afetividade e da moral, faz-se
progressivamente em estágios sucessivos em que é organizado o pensamento lógico, a
capacidade de julgamento e a vida moral.
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conhecimento altamente influenciada pelo imaginário social, marcada pelo preconceito
e pelas interpretações ideológicas.
Algumas características desse processo são, no entanto, universalmente aceitas nos dias
atuais:
- A provisoriedade dos saberes científicos.
Não mais se aceita o conhecimento como um processo cumulativo. Há, na ciência, uma
revisão constante decorrente da possibilidade de novos pontos de vista. O mesmo objeto
pode ser analisado de diferentes ângulos, o que leva não a um relativismo, mas à
constatação da relatividade do conhecimento;
Tais considerações trazem, se não dificuldades, pelo menos maior exigência de reflexão
sobre a noção de construção de conhecimento.
Nos “Seis Estudos de Psicologia” (PIAGET, 1978, p. 15) mostra que “os interesses de
uma criança dependem, portanto, a cada momento, do conjunto de noções adquiridas e
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de suas disposições afetivas já que tendem a completá-los em sentido de melhor
equilíbrio”. Como ligar a exigência da ação à de equilíbrio? Qual será exatamente o
sentido do termo ação? manuseio, ação espontânea ou ato exercido de modo consciente
e livre?
Diz ele (PIAGET, 1978, p. 140) ainda: “o equilíbrio não é qualquer coisa de passivo,
mas, ao contrário, alguma coisa essencialmente ativa. É preciso, então, uma atividade
tanto maior quanto maior for o equilíbrio. Portanto, equilíbrio é sinônimo de atividade”.
Refere-se ainda ao interesse como essencial a todo ato de assimilação mental. Entende
como interesse a expressão do ato de assimilação como incorporação de um objeto à
atividade do sujeito, ou seja, o conhecimento ocorre quando o seu objeto traduz-se na
atividade do sujeito.
De qualquer modo, ainda nos “Seis estudos de Psicologia” (PIAGET, 1978, p. 15),
mostra que as teorias correntes do desenvolvimento, da gênese, na psicologia da
inteligência invocam três fatores, seja um a um, seja simultaneamente: - a maturação,
portanto um fator interno estrutural mas hereditário; - a influência do meio físico, da
experiência ou do exercício e - a transmissão social.
Construtivismo
O que será possível entender-se como construtivismo?
Pode-se ainda entender essa teoria como uma crítica a modos inadequados de
aprendizagem, modos que não levam à apreensão do conteúdo propriamente dito e, ao
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mesmo tempo, como uma proposta de investigação sobre as mais adequadas e corretas
maneiras de apreendê-lo.
Admite então haver uma maneira “certa”, “correta”, “adequada” de conhecer que não é
a da passividade, a da aceitação tácita, a de decorar fórmulas prontas, mas a do sujeito
ativo que compreende os conteúdos, que refaz os passos do processo, que busca
entender os significados e os sentidos assim como que reconstruir por si próprio o
conhecimento.
É importante registrar que o sujeito não vai refazer o caminho da ciência, “re-
descobrir”, “re-inventar” os conteúdos dos saberes, mas apreendê-los da maneira correta
e adequada que pode ser entendida como uma “re-construção” do conhecimento, de
modo que ele venha a constituir parte de si próprio e não como algo justaposto, aceito
sem apreensão.
O uso indiscriminado do termo construtivismo pode, por vezes, passar a impressão de
que nada pode ser ensinado, transmitido e de que o estudante deve “re-fazer” todo o
conhecimento humano por si mesmo.
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De qualquer modo, pode-se dizer que a grande contribuição do construtivismo
concentra-se na questão do método. Como fazer para que o processo da aprendizagem
se faça de modo correto, ou seja, como transmitir o conhecimento de modo que o
educando o compreenda, o situe adequadamente e seja capaz de utilizá-lo de modo
criativo e independente?
O objeto da avaliação passa a ser não exatamente o conteúdo do saber, mas o modo
segundo o qual ele foi aprendido, ou seja a organização do pensamento do aprendiz.
Graças à intencionalidade como bem mostrou Husserl (1980), o sujeito vai interferir no
objeto do conhecimento construindo-o a seu modo. A rigor, é impossível o
conhecimento passivo, puramente receptivo. Todo conhecimento resulta, em última
análise, de uma construção do sujeito sobre o seu objeto.
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Algumas contribuições positivas dessa teoria podem todavia ser registradas como:
- Uma maior consideração ao nível de desenvolvimento psicológico do aluno.
- A preocupação com a compreensão do conteúdo ensinado.
- A consciência da importância dos aspectos afetivos para a aprendizagem.
- O interesse como motivador da atenção, fator preponderante para a aprendizagem.
O mesmo texto lido, a mesma aula a que se assiste vão ser interpretados diferentemente
por cada um mas a comunicabilidade do significado é preservada caso contrário a
escrita e a fala tornar-se-iam inúteis.
Afirma João Batista Araújo e Oliveira (2002, p. 166) que:torna-se óbvio que do ponto
de vista lógico, filosófico e científico o termo ‘construir conhecimento’ não pode
referir-se a um relativismo absoluto, seja em relação à aprendizagem (tudo que
aprendemos seria relativo à nossa forma pessoal de aprender de modo geral, seja
referente à verdade idiossincrática de cada texto (só existe o texto que eu leio cujo
significado, isto é cuja interpretação e sentido em ‘construo’).
O construtivismo não pode, portanto, negar o processo do ensino já que ele ocorre desde
a mais tenra idade de modo espontâneo ou determinado, mas deve referir-se ao modo
correto de ensinar para que ocorra um aprendizado eficaz e, até mesmo, o processo da
criação.
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movimento externo mas como intencionalidade, como movimento intelectual de busca e
de apreensão. Assim, ou ocorre a atividade intencional por parte do aprendiz ou não
ocorre aprendizagem. Nesse sentido, pode-se admitir que é a pessoa que sempre, com
qualquer metodologia de ensino, desde que haja apreensão do conteúdo, constrói o seu
próprio conhecimento.
Definir o que é a pessoa pode ser uma tarefa difícil (e que os filósofos costumam
estudar arduamente), porém entender o que é a pessoa é algo que fazemos todo dia
quando nos olhamos no espelho. Nós conhecemos a “pessoa humana” porque somos
“pessoas humanas”.
Mas quais são os conceitos que existem na realidade da pessoa dos quais devemos nos
lembrar por serem importantes no enfrentamento das questões bioéticas?
a) A pessoa é única. Isso significa que as pessoas são diferentes (mesmo os gêmeos
idênticos são diferentes), têm suas características, seus anseios, suas necessidades, e
esse patrimônio, essa identidade, merece ser respeitado (para que as pessoas não sejam
tratadas como números). Reconhecer que “o outro é diferente de mim” não significa que
uma pessoa é melhor que a outra. Uma pessoa não vale mais que a outra. Somos iguais
a todos no que se refere à dignidade.
b) A pessoa humana é provida de uma “dignidade”. Isso significa que a pessoa tem
valor pelo simples fato de ser pessoa.
Quando nos relacionamos com uma pessoa e não a respeitamos em todas as suas
dimensões, essa pessoa (que pode ser nosso paciente ou não) se sentirá desrespeitada e
ficará insatisfeita.
Assim, todas as nossas reflexões e ações diante das pessoas (seja em situações de
conflitos éticos ou não) devem ser guiadas pelo respeito a esse fundamento, a pessoa
humana (entendida como um ser único, que é uma totalidade e dotado de dignidade).
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Quando conseguimos agir dessa maneira, ou seja, respeitando esse fundamento,
podemos estar certos de que estamos agindo de forma ética.
Para a Bioética, é fundamental o respeito à vida humana. Mas o que designamos vida
humana? Segundo os principais livros de Embriologia, a vida humana inicia-se no exato
momento da fecundação, quando o gameta masculino e o gameta feminino se juntam
para formar um novo código genético. Esse código genético não é igual ao do pai nem
ao da mãe, mas que é composto de 23 cromossomos do pai e de 23 cromossomos da
mãe.
Sendo assim, nesse momento, inicia-se uma nova vida, com patrimônio genético
próprio, e, a partir desse momento, essa vida deverá ser respeitada. Este é o primeiro
estágio de desenvolvimento de cada um de nós. A nossa experiência mostra que o
desenvolvimento de todos nós se deu da mesma maneira, ou seja, a partir da união dos
gametas do pai e da mãe.
Além disso, a vida é um processo que pode ser:
a) contínuo = porque é ininterrupto na sua duração. Estar vivo representa dizer
que não existe interrupção entre sucessivos fenômenos integrados. Se houver
interrupção, haverá a morte.
3. Conceito de Pessoa
Conceito de pessoa humana
A complexa tarefa de definir da pessoa
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Há dentro da filosofia várias definições do ser humano, razão pela qual poderemos
encontrar, neste nosso estudo, várias definições, desde a Antiguidade à época moderna.
Neste sentido, o conceito de Pessoa deve ser abordado sob duas vertentes, mas partindo
da questão: Quem sou eu?
A- Vertente clássica
Esta vai cingir-se a alguns filósofos da Antiguidade e de Idade Média, como Cícero,
Boécio e São Tomás. Cícero (106-43 a.C.) define a pessoa como sendo sujeito de
direitos e deveres. Boécio (c.480-524) entende pessoa como uma substância individual
de natureza racional. São Tomás de Aquino (1225-1272) entende a pessoa como um
subsistente de natureza racional.
Há, nestes últimos dois filósofos (Boécio e Tomás), algo comum: referência ao
individuo subsistente, coeso, uno, total, e de natureza racional. A natureza racional
confere ao ser humano a capacidade de saber que sabe, consciência de ter consciência.
Esta racionalidade subentende na Pessoa uma dimensão espiritual.
Nesta linha, sobressaem Descartes (1596 -1650), Kant (1724 -1804) e Martin Buber
(1878 -1965). Difere da vertente clássica por esta ressaltar, nas suas direcções
definitórias, as características psicológica, ética e social. Resgata-se, portanto, o sentido
de individualidade e intencionalidade. O mérito de Kant foi de ter apresentado a pessoa
como fim e nunca como meio. Mas é necessário sublinhar que os elementos, tanto da
vertente clássica como os da modernidade, se completam.
Karl Marx (1818-1883): Para este filósofo, a pessoa humana é, ao mesmo tempo, social
e natural, portanto meramente material, sem a dimensão espiritual e transcendental, já
que tudo no universo do real, incluindo o ser humano, se reduz à matéria.
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A pessoa humana como um ser social: a sociedade é a união perfeita do ser humano
com a natureza, a verdadeira ressurreição da natureza.
A pessoa humana como um ser natural: O ser humano é directamente um ser natural,
porque ele sofre, condicionado e limitado como animais e plantas.
Segundo José Alfredo de Oliveira Baracho, a pessoa é um prius para o direito, isto é,
uma categoria ontológica e moral, não meramente histórica ou jurídica. Pessoa é todo
indivíduo humano, homem ou mulher, por sua própria natureza e dignidade, à qual o
direito se limita a reconhecer esta condição. Para Baracho, o conceito de pessoa e o
direito à vida são essenciais para explicitar a concepção de direitos humanos e a
internacionalização dos mesmos e, portanto, para consagrar a dimensão da dignidade da
pessoa humana.
a) Sartre: “O estudo do ser humano trouxe-nos muitos conhecimentos, mas não nos
deu a conhecer o ser humano na sua totalidade”.
b) Karl Jaspers: na mesma linha, este autor manifesta o que poderíamos denominar
de desilusão, dizendo que “o ser humano é profundamente mais do que o que pode
saber acerca de si mesmo” (Opus cit. p. 316).
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como objecto” (Mounier, 1961c, pp. 42-44). No Manifesto ao Serviço do Personalismo,
Mounier (1961b, p. 45) faz ressalvas em relação à conceitualização da pessoa e afirma:
Uma pessoa é um ser espiritual constituído como tal por uma forma de subsistência e de
independência em seu ser; mantém esta subsistência mediante a adesão a uma hierarquia
de valores livremente adoptados, assimilados e vividos num compromisso responsável e
numa constante conversão; unifica assim toda a sua actividade na liberdade e
desenvolve, por acréscimo, e impulsos de actos criadores, a singularidade da sua
vocação.
Esta é uma simples caracterização da pessoa e não se pode considerá-la uma verdadeira
definição. Segundo Mounier, a pessoa não se pode definir num sentido estrito, pois, em
última análise, pessoa é “a própria presença do homem”.
Mounier afirma que a pessoa está num processo de personalização constante. Ela não se
pode definir. E a sua filosofia é caracterizada pelo movimento de personalização; isto é,
a pessoa constrói-se a si própria a partir das experiências. Vejamos mais o que ele diz:
“A pessoa não é o mais maravilhoso objecto do mundo, objecto que conhecêssemos de
fora como todos os outros. É a única realidade que conhecemos e que, simultaneamente,
construímos de dentro. Sempre presente, nunca se nos oferece” (Mounier, 1961a, pp.
24-25).
4. A Consciência Humana
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A pessoa humana e a consciência moral
Os preceitos morais, como normas objectivas da moralidade, podem ser comparados
com os sinais de trânsito postos nas estradas para indicar a direcção que a pessoa deve
tomar em ordem a alcançar o seu objectivo. A mera existência destes sinais de qualquer
modo não é suficiente para ajudar as pessoas no seu percurso. Elas precisam dum
sentido para perceber tais sinais, para seleccionar, dentre eles, os mais relevantes, e
também para ajudar tais pessoas lá onde estes sinais não existem. Este sentido é a
consciência pessoal. Esta é aquela faculdade moral que diz às pessoas subjectivamente o
que é bom e mau e o que manifesta a sua obrigação moral para isto que é bom e mau.
Na mesma linha, escreveu Confúcio que a consciência é a luz da inteligência para
distinguir o bem do mal. A consciência é a bússola que nos guia pelo caminho recto
nem sempre o mais fácil, mas sempre o mais adequado para se progredir na sabedoria e
no amadurecimento do espírito.
William May faz uma distinção clara entre a consciência moral e a consciência
psicológica. O termo consciência vem do latim conscientia, ae que significa saber com
(cum scire), um saber compartilhado: é o testemunho do facto ou o testemunho da
interioridade. E assim, a consciência pode tomar dois sentidos: ser responsável
(consciência moral) e ser consciente (consciência psicológica). Uma pessoa não pode
ser responsável sem que primeiro seja consciente, mas pode o caso contrário. É na
consciência moral que entra a dimensão religiosa.
A consciência moral e a consciência psicológica não são a mesma coisa, mas não
convém separalas. A consciência moral pressupõe a consciência psicológica, mas esta
não necessita da consciência moral. Contudo, a consciência psicológica encontra a sua
realização segundo uma imagem ou conceito de ser humano, de vivência, etc. na
consciência moral; isto é, a consciência moral prolonga e termina a consciência
psicológica, porque a consciência psicológica e a consciência moral são distintas por
razão do seu próprio objecto, mas não são contraditórias. Podemos afirmar que a
consciência psicológica trata do homem, enquanto a consciência moral trata do homem
enquanto um ser moral e com uma dimensão religiosa.
A consciência moral tem um carácter imperativo em dois sentidos:
a) É juízo em ordem à acção. O seu saber não é desinteressado. A consciência
moral se orienta para a realização concreta do ego: é um projecto de vida; age para a
realização concreta das acções; mas não é somente acção concreta, mas sim e muito
mais uma realização em relação a um fim.
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b) A consciência moral acrescenta à consciência psicológica o carácter de
obrigação que compromete o ego.
A consciência é o processo no qual as normas gerais da lei moral são aplicadas para um
acto concreto, dizendo à pessoa qual é a sua obrigação aqui e agora ou julgando os seus
actos passados. Neste sentido, a consciência é considerada um juízo de razão prática.
Para S. Agostinho, consciência é o lugar dum colóquio amoroso entre Deus e o ser
humano, e, por isso, da voz de Deus, lugar do encontro com Deus. Nesta mesma linha,
Boaventura e os grandes místicos da Idade Média colocam o fundamento da consciência
na scintillaanimae. É este o centro da alma onde o homem encontra Deus e é o lugar
acessível para a contaminação do pecado.
A consciência pode ser definida como aquela faculdade que faz conhecer ao homem as
suas obrigações morais e obriga-lhe para seu cumprimento. Assim, todo homem está
capacitado para procurar realizar a sua vocação última, que, de acordo com o Vaticano
II, é uma e divina para toda a espécie humana (GS, n. 22).
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O ditame da consciência contém um duplo elemento.
Tipos de consciência
A consciência pode ser: antecedente (se o juízo na moralidade duma acção e a obrigação
para realizá-la ou omiti-la se passa antes da realização da acção; portanto, a consciência
antecedente comanda, exorta, permite, proíbe) ou consequente (quando avalia um dado
já feito ou omitido; portanto, a consciência consequente aprova, escusa, reprova ou
acusa).
Mas para que a actuação da consciência seja perfeita, se requer que haja rectidão com
verdade e com certeza. Só assim é que uma acção será justa. Se a consciência não é
recta, ela é viciosa, se ela não é certa, então é duvidosa, e se não é verdadeira, então é
falsa ou errónea (vencível – culpável, ou invencível – inculpável).
A- A rectidão da consciência: se não é recta, a consciência é viciosa
A consciência verdadeira é aquela que está de acordo com a verdade objectiva; há uma
adequação da verdade pessoal (rectidão) com a verdade objectiva (verdade). Portanto, a
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consciência é verdadeira quando se põe em acção: a de perseguir a verdade objectiva e a
ela se adaptar.
A consciência falsa é aquela que não está de acordo com a verdade objectiva. Ela é
também designada por consciência errónea. Ela existe em duas formas: a consciência
vencivelmente errónea (é culpavelmente errónea quando o erro pode ser vencido ou
superado) e a consciência invencivelmente errónea (o erro não pode ser descoberto nem
superado; a consciência é inculpavelmente errónea).
Na consciência invencivelmente errónea, é possível que exista o erro na consciência
sem que, por isso, esta perca a sua dignidade e seu valor obrigatório, porque é
considerada regra próxima da moralidade (Rm 14,23; GS nº 16), e porque o homem age
de boa-fé, por isso é regra próxima da moralidade. Ela, por isso, deve ser seguida. Mas a
consciência vencivelmente (e por isso culpavelmente) errónea não pode nunca ser regra
de moralidade. É preciso sair dela porque é uma situação falhada e, por isso, dela sairá
falseado qualquer conteúdo da acção. Não deve ser seguida.
A certeza significa que existe uma obrigação de buscar e formar uma consciência que
seja certa, porque somente na certeza é que é possível a regra da moralidade. Não se
trata de certeza física ou metafísica, mas de certeza moral prática. Nunca se pode agir
com uma consciência duvidosa; pois é, por consequência, sempre uma acção
pecaminosa. É preciso que, antes de agirmos, devamos tirar todas as dúvidas.
A consciência certa deve ser sempre obedecida quando manda fazer ou quando proíbe.
Sempre deve ser seguida. A razão disto é que a consciência é aquela faculdade
apropriada do ser humano que lhe diz quais são os seus deveres morais.
5. A Imagem do Corpo
Na Fenomenologia da percepção (1945), Merleau-Ponty inicia uma abordagem da
unidade do corpo com base na noção de esquema corporal.
Nosso corpo é um ser ambíguo, mostra o autor. Podemos considerálo em meio aos
objetos que o cercam, podemos ver as partes do nosso corpo em meio a esses objetos.
Mas não podemos dizer que meu braço encontra-se ao lado do cinzeiro do mesmo modo
que o cinzeiro encontra-se ao lado do telefone. Isso porque, diz MerleauPonty (1945, p.
114), as partes de nosso corpo ligam-se umas às outras de uma maneira original: elas
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não se encontram estendidas umas ao lado das outras, mas envolvidas umas nas outras”.
Nem as partes de cada membro dele compõem um “mosaico de valores espaciais”
(MERLEAU-PONTY, 1945, p. 114), nem nosso corpo como um todo representa um
conjunto de órgãos justapostos. “Eu o tenho numa posse indivisa e conheço a posição de
cada um dos meus membros por um esquema corporal em que eles estão todos
envolvidos”, enuncia o filósofo (MERLEAU-PONTY, 1945, p. 114, grifo do autor).
Começa, por parte de Merleau-Ponty, a preocupação com as ambiguidades da noção de
esquema corporal na literatura psicológica e médica.
Fica claro que inicialmente a noção de esquema corporal vai sendo construída sobre a
órbita epistemológica empirista. Merleau-Ponty trata essa primeira definição do
esquema corporal como associacionista.
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das experiências cinestésicas e proprioceptivas, qualquer coisa como uma forma no
sentido da psicologia da Gestalt, diz Merleau-Ponty (1945), e que no caso dos pacientes
amputados resiste à mudança anatômica?
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Em nossa experiência corporal efetiva, o espaço, os objetos que nos servem de
ornamento ou de instrumento e o nosso corpo não são definidos por relações objetivas
recíprocas. Aqueles, antes, inscrevem em torno de nós o alcance variável de nossos
objetivos ou de nossos gestos” (MERLEAU-PONTY, 1945, p. 168). Há uma
voluminosidade do corpo próprio ou uma espessura do ser no mundo que não
corresponde a parâmetros físicos e que pode ser dilatada pelo fato de que fazemos certos
instrumentos participarem dela, isso em função da nossa situação no mundo. O
intelectualismo, mostra Merleau-Ponty, não possui outro recurso senão o de reduzir a
anexação de instrumentos a um processo de julgamento. Tudo se passa como se, por
exemplo, no caso da exploração do ambiente por meio de uma bengala, baseássemo-nos
na interpretação em cadeia das pressões da bengala sobre a mão enquanto signos da
posição do instrumento e estes, por sua vez, como signos de um objeto exterior. O
filósofo afirma:
Mas essa análise deforma ao mesmo tempo o signo e a significação, ela separa um do
outro objetivando-lhes o conteúdo sensível, que já é “pregnante” de um sentido, e o
núcleo invariante, que não é uma lei, mas uma coisa: ela mascara a relação orgânica do
sujeito e do mundo, a transcendência ativa da consciência, o movimento pelo qual ela se
lança em uma coisa e em um mundo por meio de seus órgãos e de seus instrumentos
(MERLEAU-PONTY, 1945, p. 178).
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as forças que nos dirigem são as suas ou as nossas – ou, antes, que elas não são jamais
nem suas nem nossas inteiramente” (MERLEAU-PONTY, 1945, p. 199, )
Podemos também definir o valor de seguinte maneira: aquilo que faz com que uma
coisa seja digna de ser tal, uma acção seja digna de ser actuada, e uma pessoa seja digna
de existir como pessoa. Portanto, entra a questão de dignidade, merecimento inerente a
si. Dizer que viver é um valor significa dizer que vale a pena viver, é digno viver
independentemente da pessoa que vive.
a) A liberdade: Define-se como sendo a qualidade que qualquer ser humano tem de
escolher o seu destino, de decidir por si mesmo sobre os seus próprios actos, quer dizer,
eu sou livre quando não há nada e ninguém que decide por mim. Algo importante que se
deve recordar em relação à liberdade é que assim como sou livre para escolher os meus
actos, assim também devo ser responsável pelas consequências desses mesmos actos,
caso contrário, estaria a cair na libertinagem, que significa não assumir as
consequências dos meus actos. É nessa linha que a liberdade pode-se definir como a
capacidade que o ser humano tem de escolher o melhor para o seu crescimento e,
consequentemente, o crescimento da sociedade.
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b) A justiça: Este valor ético é a qualidade de dar a cada um aquilo que por direito
lhe corresponde, seja bom ou mau. A justiça é cega, quer dizer que não olha para quem
julga. Desta maneira, não haverá parcialidade no momento de dar o seu merecido a uma
pessoa.
A lista é muito grande. E nem pretendemos esgotar todos os valores éticos. Mas,
partindo de Aristóteles, podemos dizer que ele sintetizou os valores éticos em: coragem,
temperança, liberdade, magnanimidade, mansidão, franqueza e justiça. A moral
relaciona-se com a nossa maneira de agir, enquanto a ética conduz-nos à reflexão em
torno do que é certo ou errado naquilo que fazemos. Os valores, por sua vez, definem o
que eu quero, o que eu posso e o que eu devo, porque nem tudo que eu quero eu posso,
nem tudo que eu posso eu devo, e nem tudo que eu devo eu quero.
Eis alguns valores éticos e suas definições:
b) Honestidade: define-se como uma característica humana que faz com que o ser
humano se deixe conduzir na sinceridade e na justiça, expressar o respeito por si
mesmo, por alguém em si mesmo assim como em suas acções, e respeitar a todos os
demais.
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d) Respeito: trata-se de reconhecer os direitos iguais de todos os indivíduos assim
como da sociedade em que vivemos. O respeito consiste em aceitar e compreender as
diferentes formas de actuar e de pensar do outro ser humano, sempre e quando não
contradizem nenhuma norma ou direito fundamental. Respeitar a outra pessoa é colocar-
se no seu lugar, cuidar de entender o que é que a motiva e, com base nisso, ajuda-la se
for o caso.
e) Lealdade: a lealdade, sendo uma característica que leva o ser humano a ser fiel e
agradecido a uma outra pessoa ou entidade, consiste em nunca abandonar ou deixar a
sua sorte uma pessoa, ou grupo social ou país. O contrário da lealdade é a traição. Por
isso, nunca trair uma pessoa ou uma nação é ser leal.
h) Sinceridade: é o valor ético que dignifica os seres humanos pelo facto de terem
uma atitude de acordo com os seus princípios e consequentes consigo mesmos,
mantendo a sinceridade diante de diversas situações, sendo honestos para com todos.
Uma pessoa sincera sempre dirá a verdade mesmo que isto custe algum prejuízo para
ela ou mesmo para a sua família.
i) Tolerância: este valor é tido como parte do processo que temos na vida de
admitir a igualdade de direitos humanos respeitando as múltiplas diferenças existentes
entre os seres humanos, com o fim de conservar melhores relações pessoais.
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Por isso, na linguagem religiosa, as virtudes têm em vista o supremo bem, que coincide
com Deus e com a realização da sua vontade. Dizia S. Gregório de Nissa que “o
objectivo da vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus” (nº1803). Neste sentido, uma
virtude genuína brota a partir duma correcta opção fundamental. Ela está enraizada
numa inequívoca e bem definida orientação para um fim supremo, que é a glorificação
de Deus e a realização do seu plano salvífico para o ser humano e para o mundo todo. É
essa orientação que dispõe a vida da pessoa no seu todo e imprime nela uma ordem.
Todas as virtudes particulares ganham o seu sentido na medida em que permanecem
enraizadas numa opção verdadeira e numa escolha existencial, que consiste no
inequívoco amor a Deus e à sua vontade.
As virtudes humanas
As virtudes humanas são atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da
inteligência e da vontade que regulam os nossos actos, ordenando todas as nossas
paixões e tendências instintivas e guiando-nos segundo a razão e a fé. Propiciam assim a
facilidade, o domínio e a alegria para levar uma vida moralmente boa. Uma pessoa
virtuosa é aquela que por vontade totalmente livre, escolhe e pratica o bem (CIC,
nº1804).
As virtudes humanas são adquiridas pela educação, por actos deliberados e por uma
perseverança sempre retomada com esforço. O religioso acredita que elas são
purificadas e elevadas pela graça divina, pois, com o auxílio de Deus, elas forjam o
carácter e facilitam a prática do bem. Por isso, o homem virtuoso sente-se feliz em
praticá-las (CIC, nºs 1810-1811).
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Conclusão
No final deste trabalho concluímos que na busca do saber o sujeito pode adquirir
informações empiricamente, aprendendo a fazer sem compreender o nexo causal que dá
origem ao fenômeno. Pode ter um conhecimento por experiência como, por exemplo, o
modo de dirigir um automóvel sem que tenha a compreensão do processo mecânico que
sua ação desencadeia. Pode ainda aceitar, por um comportamento de fé, um
ensinamento que lhe é transmitido sem nenhuma consciência de seu conteúdo como é o
caso das superstições. Uma pessoa é um ser espiritual constituído como tal por uma
forma de subsistência e de independência em seu ser; mantém esta subsistência
mediante a adesão a uma hierarquia de valores livremente adoptados, assimilados e
vividos num compromisso responsável e numa constante conversão; unifica assim toda
a sua actividade na liberdade e desenvolve, por acréscimo, e impulsos de actos
criadores, a singularidade da sua vocação. A consciência pode ser definida como aquela
faculdade que faz conhecer ao homem as suas obrigações morais e obriga-lhe para seu
cumprimento.
27
Referencias
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Verbo.
Este sinal (*) indica que a edição destas três obras tem o mesmo ano de publicação, e as
letras a, b e c ajudam-nos a distinguir cada obra nas notas citadas (internas) ao longo do
texto.
Ética geral: apontamentos (2001). Seminário Interdiocesano de Filosofia “S.
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Rodrigues, A (1972). Ética e civismo. Rio de Janeiro: José Olympio.
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