CURSO DE OeONT@LOGIA
q,BUOTE.CAPROF, OR. F~Clsr;/G ALVARO
CONSUlTA
ORTODONTIA
DIAGNOSTICO E
PLANEJAMENTO CLINICO
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e-mail: vellini@vellini.com.br
2008
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra podera ser
publicada sem a autorizac;;ao expressa desta Editora.
Equipe de Produ~iio:
Gerente de Produc;;ao: FERNANDAMATAJS
Projeto Grafico e Diagramac;;ao: GRAPHBOX.CARAN
Revisao Tipografica: MARlAMARGARIDANEGRO
Ilustrac;;oes: Lurz CORREA
Projeto Grafico: NELSONMIELNIK
Capa: MARCELLAHECHT
Impressao e acabamento: RR DONNELLEY
ISBN: 85-7404-003-7
DADOSINTERNACIONAIS DE CATALOGA<;,;AO NAPUBLICA<;,;AO
(Camara Brasileira do Livro - SP - Brasil)
1a edic;;ao- 1996
1a reimpressao corrigida da 1a edic;;ao- 1997
2a edic;;ao- 1998
1a reimpressao corrigida da 2a edic;;ao- 1999
2a reimpressao corrigida da 2a edic;;ao- 2001
3a reimpressao corrigida da 2a edic;;ao- 2002
EDITORAARTESMEDICASLTDA.
R. Dr. Cesario MotaJr, 63 - Vila Buarque
CEP: 01221-020 - Sao Paulo - SP- Brasil
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E-Mail: artesmedicas@artesmedicas.com.br
Homenagem
a
Augusto de Oliveira
Pinto Ferreira
ANDREIA COTRIM-FERREIRA
Professora Adjunta de Ortodontia da Universidade Cidade de Sao Paulo - UNICID
Professora Assistente de Ortodontia da Universidade de Santo Amaro - UNISA
Mestre em Ortodontia pela Universidade Cidade de Sao Paulo - UNICID
LUCIANA BADRAJABUR
Fonoaudi6loga graduada pela Pontiffcia Universidade Cat6lica de Sao Paulo - PUe-SP
Especialista em Motricidade Oral pelo CEFAC.
Mestranda em Morfologia Aplicada pela Universidade Cidade de Sao Paulo - UNICID
Responsivel pelo Setor de Fonoaudiologia dos Cursos de P6s-Graduac;ao em Ortodontia da
Universidade Cidade de Sao Paulo - UNICID
JORGE HIRAYAMA
Professor Adjunto de Ortodontia da Universidade Cidade de Sao Paulo - UNICID
Especialista em Ortodontia pela Universidade de Santo Amaro - UNISA
Mestre em Ortodontia pela Universidade Cidade de Sao Paulo - UNICID
A primeira edic;:aodesta obra, surgida em 1996, esgotou-se em apenas urn ano, obrigando-nos a
reimprimi-Ia, para logo a seguir lanc;:armos a segunda edic;:aodurante 0 18° Congresso Internacional
de Odontologia de Sao Paulo, em janeiro de 1998 e a terceira e quarta edic;:oes em 1999 e 2000
respectivamente, mostrando sua plena aceitac;:ao no meio ortod6ntico brasileiro.
Embora tenhamos procurado manter 0 mesmo plano geral das publicac;:oes anteriores, dedica-
mo-nos a minuciosa analise da materia e ao aprimoramento das figuras, 0 que por certo facilitara
sobremaneira 0 entendimento do assunto. Nesse sentido, contamos com a experiencia e habilidade
de Sheila F. Correa e Luiz C.G. Correa, que se dedicaram a reproduzir 0 material tecnico com os
detalhes que s6 os artistas podem conceber.
Urn agradecimento especial merece ser feito a meu filho e colaborador, Prof. Dr. Flavio Augusto
Cotrim Ferreira, pela marcante presenc;:a em todas as etapas da revisao do texto, elaborac;:ao das
fotografias e ilustrac;:oes, tendo sido urn fator decisivo para 0 aperfeic;:oamento deste livro.
Aos co-autores, professores e alunos dos cursos de graduac;:ao e p6s-graduac;:ao em ortodontia que
nos ofereceram valiosas sugestoes e em especial ao estimado colega do Rio Grande do SuI, Dr. Luis
Fernando Spolaor pelas importantes opinioes sobre varios temas, nosso muito obrigado. Enfim, a
Editora Artes Medicas, pelo empenho e esmero na publicac;:ao desta sexta edic;:ao,reiteramos nossos
agradecimen tos.
Flavio Vellini-Ferreira
home -page: www.vellini.com.br
e-mail: vellini@vellini.com.br
PREFAclO
Com certa margem de risco, sempre afirmei, nestes 35 anos de dedicac;:ao exclusiva ao ensino
e a pesquisa na Universidade de Sao Paulo (USP), que a Ortodontia e uma das especialidades
em que a dependencia entre as materias basicas e clinicas e inquestionavel e mandat6ria.
A atividade clinica rotineira desvinculada do necessario embasamento biol6gico e ac;:aopura-
mente mecanicista, desprazerosa e, nao raras vezes, aglutinadora de surpreendentes e/ou pre-
visiveis fracassos. Por sua vez, dominar apenas os fundamentos biol6gicos sem vivencia clinica
nao assegura 0 acerto do diagn6stico, do planejamento clinico e da resoluc;:ao das necessidades
do paciente.
A integrac;:ao curricular numa Ortodontia bem desenvolvida e 0 mesmo desafio enfrentado pelas
boas orquestras sinfOnicas, nas quais os mais diferentes instrumentos devem atuar sinergicamente,
sob competente regencia, para obter a maravilhosa harmonia originada das diferenc;:as que se amal-
gamam.
Esta analogia reflete 0 prop6sito do presente livro. Aqui desfilam Anatomia, Embriologia, Histo-
logia, Fisiologia, Oclusao, Radiologia, Cefalometria, Fonoaudiologia, Informatica etc. etc., sobre a
passarela da didatica, sintese, interpretac;:ao, diagn6stico, planejamento, execuc;:ao,ilustrac;:ao,e tudo
sob 0 comando de autor reconhecido e de muitos colaboradores dedicados.
A coerencia na escolha do conteudo e a 16gica na sequencia da apresentac;:ao dos capitulos con-
duzem 0 leitor, do estudante ao especialista, a urn completo entendimento sobre uma Ortodontia
inteligivel, atualizada e exequivel, independentemente de sofisticac;:oese utopias.
A Odontologia e, em especial, a Ortodontia Brasileira estao mais enaltecidas e valorizadas por
esta publicac;:ao do Prof. Dr. Flavio Vellini-Ferreira, que me honrou com 0 convite para prefacia-Ia.
Certamente, foram a convivencia e a amizade consolidadas por decadas na USP as razoes principais
para que 0 meu depoimento se fizesse presente neste livro referencial.
Este livro foi escrito para 0 estudante de gradua<;:ao, especializa<;:ao e p6s-gradua<;:ao em Orto-
dontia. Ele e essencialmente didatico e planejado de modo tal que os capitulos iniciais abrangem
conhecimentos fundamentais da oclusao normal e seu desenvolvimento, em urn contexto dinamico
ante 0 crescimento craniofacial.
A hist6ria natural da Ortodontia nos mostra que ela fundamentou-se, inicialmente, em princi-
pios puramente oclusionistas, tendo em Edward Hartley Angle, seu maior defensor. A partir do
enunciado por Angle, considerado 0 pai da Ortodontia moderna, que preconizava a integridade
dos arcos dentais para a perfeita corre<;:aodas mas oclusoes, evoluimos ate os dias atuais, para novas
conceitua<;:oes acerca desta importante especialidade odontol6gica, gra<;:asa inestimaveis contribui-
<;:oescientificas de seus seguidores.
Se de urn lado Angle, dotado de incomensuravel genio criativo, estabeleceu, por volta de 1900,
as bases fundamentais das mas oclusoes, aperfei<;:oando inumeros aparelhos para sua corre<;:ao,seus
continuadores edificaram, atraves dos anos, os alicerces sobre os quais se construiu a verdadeira
ciencia ortod6ntica.
Millo Hellman, discipulo de Angle, pesquisou exaustivamente 0 desenvolvimento da denti<;:ao
humana, as bases antropol6gicas da oclusao dental e a utiliza<;:aodas radiografias de mao e punho
para a determina<;:ao do crescimento humano.
Nomes como os de Noyes, Ketcham, Dewey, este ultimo autor de urn livro sobre anatomia dental,
estao como os de tantos outros pesquisadores, nao menos ilustres, ligados a esta fase de implanta<;:ao
do senso biol6gico e 0 carater cientifico a especialidade.
Angle dispunha, para 0 diagn6stico e planifica<;:aodo tratamento, bem como para a classifica<;:ao
das mas oclusoes por ele criada, apenas de modelos de gesso. Somente mais tarde as fotografias de
frente e perfil, em branco e preto, serviram de subsidio a avalia<;:aoclinica.
Lischer, em 1912, afirmou em seu livro "Principles and Methods of Orthodontics" que a falta de
harmonia entre as linhas faciais se constituia num dos principais atributos das mas oclusoes. Eram,
sem duvida, os primeiros passos para 0 estabelecimento da cefalometria como recurso diagn6stico
em Ortodontia, que se sucedeu ao estudo das rela<;:oesentre dentes e maci<;:ocraniofacial feitos por
Case com 0 auxilio das mascaras faciais confeccionadas em gesso. Em sequencia, Tood desenvolveu
em 1920 urn craniostato que inspirou Broadbent a idealizar, em 1931, seu cefalostato, a partir do
qual a cefalometria radiol6gica se firmou como urn dos meios de maior eficacia para 0 diagn6stico
ortod6ntico.
A partir deste periodo, a especialidade viveu sua mais fertil fase, nao apenas sob 0 ponto de vista
cientifico quanto tecnico.
Contribui<;:oes decisivas no campo da cefalometria clfnica fornecidas por Downs, Tweed, Steiner,
Wylie, Bjork, Sassouni, Enlow; Ricketts, McNamara, associadas as amilises dos dentes e da oclusao,
da musculatura bucofacial, aos fatores etiologicos das mas oclusoes e aos habitos, nos conduziram
ao entendi~ento do diagnostico e planifica<;:aodo tratamento ortodontico.
Os procedimentos biomecanicos que permitem nao apenas a corre<;:aodental quanto a propria
modifica<;:aoossea espacial saG corolario a evolu<;:aoapresentada.
Este sucinto historico, a guisa de introdu<;:ao, evidencia que a abordagem didatica desta obra
segue a evolu<;:ao logica da Ortodontia, ou seja, a partir da oclusao normal, apos reunirmos, ana-
lisarmos e interpretarmos dados variados, inclusive com ensinamentos atuais sobre informatica
aplicada, inteiramo-nos do verdadeiro senso de diagnose clfnica.
Ao termino de cada capitulo, extensa lista de referencias bibliograficas oferece ao estudioso a
rela<;:aodos trabalhos essenciais correlatos ao tema exposto.
o texto e ilustrado com esquemas e fotografias de casos clinicos, 0 que facilita sobremaneira 0
entendimento da materia.
A despeito do cuidado e do auxflio dos colegas que compoem nossa equipe na elabora<;:aodo
livro, por certo ele contera incorre<;:oes e imperfei<;:oes que pretendemos corrigir. Ficaremos pois
extremamente gratos a todos que, atraves de uma analise critica, colaborarem para 0 seu melho-
ramento e aprimoramento, quer no que tange a forma ou ao conteudo.
Se a publica<;:aodesta obra contribuir de algum modo para 0 ensino da Ortodontia, nos sentire-
mos plenamente recompensados.
AGRADECIMENTOS
Nenhuma obra e fruto do trabalho individual. Por isso somos reconhecidos aos co-autores que
dela participaram, pois sem seu concurso este livro nao se tornaria realidade.
Desejamos, publicamente, externar nossos agradecimentos:
- ao Magnifico Reitor da Universidade de Sao Paulo, Prof. Dr. Flavio Fava de Moraes, pela
aten<;ao e amizade, prefaciando este livro
- ao Professor Remo Rinaldi Naddeo, Magnifico Reitor da Universidade Cidade de Sao Paulo,
pelo inestimavel apoio
- ao Professor Dr. Octavio Della Serra, Catedratico de Anatomia da USP, mestre e amigo, a quem
devemos nossa forma<;ao cientifica e didatica
- aos Pro-Reitores da Universidade Cidade de Sao Paulo, Professores Paulo Eduardo Soares
Naddeo e Rubens Lopes da Cruz, que continuadamente incentivam nossas a<;oes, propiciando a
Disciplina de Ortodontia da UNICID os elementos necessarios a sua evolu<;ao
- aos Doutores Atilio Lopes, Ivan Toshihiko Otani e Jose Eduardo Pereira de Oliveira, que
ilustraram esta edi<;ao, enriquecendo sobremaneira 0 entendimento da materia
- a Simone Luiz, secretaria da Disciplina de Ortodontia, pela digita<;ao do texto manuscrito
- a Editora Artes Medicas, na pessoa do Sr. Milton Hecht, que com dedica<;ao, empenho e aten-
<;aotern nos acompanhado durante todos estes anos, possibilitando a edi<;ao de mais esta obra
Enfim, a nossos familiares, que souberam compreender a ausencia durante esta longa e ardua,
porem cativante, tarefa de reda<;ao do texto, 0 nosso muito obrigado.
,
INDICE
1 Fundamentos Biologicos Basicos em Ortodontia, 1
2 Crescimento e Desenvolvimento Craniofacial, 31
,3 Desenvolvimento da Dentic;ao, 57
4 Oclusao e Equilibrio dos Dentes, 73
5 Classificac;aodas Mas Oclusoes, 97
6 Fotografia em Ortodontia, 115
7 Moldagem e Modelos de Estudo, 141
8 Analise de Modelo, 159
9 Extrac;oes Seriadas, 171
10 Radiografia de Mao e Punho, 187
11 Analise de Bolton, 225
12 Etiologia das Mas Oclusoes Dentais, 233
13 Habitos em Ortodontia, 253
14 Avaliac;aoFonoaudiologica, 281
.•15 Cefalometria Clfnica, 311
16 Analises Cefalome,tricas: Tweed e Steiner, 331
17 Analise Cefalometrica de McNamara, 347
18 Biomecanica do Movimento Dental, 361
19 Ancoragem, 399
20 A Informatica na Ortodontia, 427
21 Ficha Clfnica, 497
22 Diagnostico e Planejamento Clfnico, 523
'NIVI:RS10AOE FEDERAL DO PAM
\1 CURSO OE ODONTOLOG1A 0
i16L\OTE~ ~A DR fAA~st;lj G At VAR
CONSULT~
FUNDAMENTOS
,
BIOLOGICOS
,
BASICOS EM
ORTODONTIA
1- ESTRUTURAS CONSTITUINTES
DO APARELHO MASTIGADOR
Os conceitos biologicos basicos sao funda-
mentais para a pratica ortodontica moderna.
Daf este capftulo abranger os diferentes aspec-
tos anatomofuncionais do aparelho mastigador 1. Estruturas passivas
como um todo. • ossos de sustenta<;:ao
Procuramos resumir, nos paragrafos seguin- • juntura temporomandibular
tes, os fundamentos anatomicos que interessam • dentes e elementos de suporte
a ortodontia clfnica, mais sob 0 ponto de vista • mucosa bucolingual.
funcional do que estatico, propriamente dito.
Embora 0 interesse primordial das indaga<;:6es 2. Estruturas ativas
anatomicas esteja na estrutura, esta e a fun<;:ao , I {mastigadores, cutaneos,
devem ser consideradas integradamente. • muscu os e In . fra- h'101'd eos
A evolu<;:aoda anatomia tem ocorrido no • labios, bochechas e soalho bucal
sentido de toma-Ia uma ciencia dinfunica, ao inves • lfngua
de uma ciencia calcada em dados puramente es- • glandulas salivares
peculativos, nao orientados para seu verdadeiro • vasos e nervos
sentido de aplica<;:ao.A morfologia pura e simples
busca na fun<;:aoa complementa<;:ao de suas inda- Tentar estabelecer para 0 aparelho masti-
ga<;:6esdescritivas. Se assim nao fosse, 0 estudo de gador estruturas mais ou menos importantes
um musculo seria enfadonho, desde que nao ace- e, certamente, incidir em erro. Isto porque
nasse para 0 porque de sua existencia, de suas todas sao essenciais para 0 born funciona-
rela<;:6ese fun<;:6es.Os conhecimentos anatomi- men to do sistema e do organismo, uma vez
cos nao podem abstrair-se dos fisiologicos, 0 que que cad a uma desempenha papel preponde-
vale dizer - forma e fun<;:aonaa podem ser sepa- rante para 0 bem-estar do todo. Nas socieda-
radas. A evidencia das ideias expostas destaca-se, des celulares altamente organizadas dos me-
sobretudo, em onodontia, no estudo da anato- tazoarios mais evolufdos, a divisao do traba-
mia do tecido osseo. Neste, a fun<;:aose integra lho (especializa<;:ao) das unidades biologicas
exatamente na estrutura, e a oposi<;:aoentre a e levada ao extremo, sempre com a finalida-
forma e a fun<;:aonao tem sentido algum, pois a de de servir, de funcionar para 0 bem geral
atividade funcional se insere no arcabou<;:oanato- de todo 0 organismo. A hierarquiza<;:ao fun-
mico. Embora os conceitos aqui expressos convir- cional so pode ser estabelecida quando se de-
jam, em essencia, para 0 aparelho mastigador, fine 0 ponto de vista do observador, que e
nao se pode abstrair do fato de que ele e parte do sempre convencional, ainda que possa pare-
aparelho de nutri<;:aoque, pOI' sua vez, e parte cer morfofuncionalmente justificavel. Dizer,
integrante e integradora do ser individual. pOI' exemplo, que os dentes e ossos sao, para
As unidades biologic as que contribuem o ortodontista, as mais importantes pe<;:asdo
para 0 desempenho de uma fun<;:aogeral deter- aparelho mastigador nao tern sentido, desde
minada e que se constituem num aparelho (ou que nao se defina 0 ponto de vista do obser-
sistema), nao sao independentes, mas sim co- vador. E necessario tel' em mente que este
nectadas anatomica e funcionalmente, atraves aparelho representa, anatomica e funcional-
de multiplas inter~<;:6esestabelecidas entre 01'- mente, uma parte corporea e, pOI' conse-
gaos de urn mesmo aparelho, ou de orgaos de quencia, nao pode ser analisado e tratado
aparelhos diferentes. Exemplos destas correla- como uma unidade anatomica separada, sem
<;:6esmorfofuncionais sao dad os pelo sistema que se voltem as vistas para a saude geral do
nervoso e endocrino, quando unem partes indivfduo. Contudo, e apenas com finalidade
para a forma<;:aode urn todu. didatica, costuma-se colocar, sob 0 ponto de
Assim sendo, algumas vezes as mas oclus6es vista da conceitua<;:ao "stricto sensu", 0 termo
refletem disfun<;:6esdistantes do aparelho mas- mastigador com 0 significado de triturador,
tigador. Outras vezes, respostas desfavoraveis esmagador, despeda<;:ador de substancias ali-
ao tratamento ortodontico sao imputadas a cer- mentares. Daf a razao de se dar maior enfase
tas glandulas endocrinas, devido a altera<;:6es as partes que mais ostensivamente exercem
no metabolismo do calcio que podem ocorrer estas fun<;:6es, a saber: dentes com os tecidos
durante a adolescencia. de sustenta<;:ao, ossos, junturas e musculos.
fica-se que esta particularidade humana e 0 re-
sultado do retardamento gradual da erup<;:ao
Procedendo-se a uma rapida inspe<;:ao na destes dentes.
historia filogenetica do aparelho mastigador, Segundo Schultz, a ordem de erup<;:aoorigi-
nota-se claramente que em sua organiza<;:ao nal e primitiva dos dentes dos primatas seria:
predominam os processos de adapta<;:ao e espe- Ml - M2 - M3 - II - 12 - P - C.
cializa<;:ao.Uma tendencia caracterfstica na evo- Contudo, enquanto a erup<;:ao do Ml con-
lu<;:aoda dentadura humana, documentada pe- serva seu numero de ordem original e primiti-
los fosseis hominfdeos, atesta uma involu<;:aodo yo, a do M3 e depois a do M2 e, paulatinamen-
referido aparelho. A ausencia dos dentes tercei- te (a medida que se sobe na escala dos prima-
ros molares, incisivos laterais superiores e, me- tas), precedida pela erup<;:ao dos incisivos e,
nos frequentemente, segundos premolares in- por ultimo, pela erup<;:ao dos premolares e dos
feriores e fato interpretado como indicio destas caninos, de sorte que no Homo sapiens tem-se a
tendencias. A esses caracteres e preciso acres- sequencia de erup<;:ao:
centar os devidos aos suportes osseos (maxila e 1. Primeiros molares
mandfbula): diminui<;:ao dos maxilares com 2. 1ncisivos centrais e laterais inferiores
consequente encurtamento da abobada palati- 3. 1ncisivos centrais superiores
na e fusionamento precoce da pre-maxila; re- 4. 1ncisivos laterais superiores
du<;:aoda dimensao anteroposterior da mandf- 5. Caninos inferiores
bula, verticaliza<;:ao da sfnfise e forma<;:ao do 6. Primeiros premolares
mento. 7. Segundos premolares
o crescimento do encefalo e 0 encurtamento 8. Caninos superiores
dos maxilares, a diminui<;:aovolumetrica dos mus- 9. Segundos molares
culos mastigadores e 0 desvio para tras dos ossos 10. Terceiros molares.
do maci<;:ofacial mostram que, em rela<;:aoaos Estudos realizados por Della Serra a respei-
outros 'Primates, 0 homem possui urn aparelho to da ordem de erup<;:ao dos dentes definitivos
mastigador pouco especializado, sobre 0 qual se dos sfmios do Novo Mundo, feitos em certos
manifestam indiscutiveis sinais de redu<;:ao. lemuriformes fosseis ou viventes, sobre maca-
No tocante a ordem de erup<;:ao dos dentes, cos catarrfneos e antropomorfos, bem como
os segundos e terceiros molares monofisarios sobre 0 homem fossil e vivente, estao sintetiza-
sac os ultimos a irromperem. Observando-se 0 dos no quadro geral das tendencias eruptivas
que acontece em toda ordem dos Primates, veri- dos dentes, como segue:
Aotes
! M2! M3!
Ml 11 12 PPP C
! M2! 11
Archaeclemur
Saimiri
Lemur M1
! M2! 11
M1
"12
12
M3
PPP
~
PPP
M3
C
!
"
A1oualla, Ateles, Brachyteles, Cebus Logothrix, Pithecia ~
Callicebus, Papio, Hylobates, Pongo, Pan, Gorilla M1 11 12 M2 PP C M3
Homo sapiens
!
M1 11 12 P
~
C P M2
!
M3
III - EVOUJ<;:AO tilagfneo e urn vasa sangufneo (arco a6rtico)
ONTOGENETICA que interliga as aortas dorsal e ventral; alem
do mais, ha musculos e nervos. Externamen-
A hist6ria da formac;:ao e desenvolvimento te tais arcos san revestidos pelo ectoderma, e
dos elementos componentes do aparelho internamente pelo endoderma, ficando 0
mastigador associa-se intimamente a forma- mesenquina interposto aos dois folhetos. No
c;:aoe crescimento da face. Esta, por sua vez, embriao humano desenvolvem-se cinco arcos
esta diretamente relacionada a edificac;:ao dos separados por quatro sulcos branquiais ecto-
arcos branquiais, representados por cristas dermicos. Ao mesmo nfvel destes sulcos ex-
ou barras arqueadas, separadas por sulcos tern os, 0 endoderma da faringe pressiona 0
que aparecem durante a quarta semana, na mesenquima para os lados e invagina-se para
superflcie ventrolateral da cabec;:a embriona- constituir a bolsa farfngica ou branquial. 0
ria. Os arcos branquiais correspondem as endoderma de cada bolsa e 0 ectoderma de
guelras ou branquias dos peixes e de alguns cada sulco, ao estabelecerem contato, unem-se
anflbios, em que os arcos san separados por e as delgadas laminas assim formadas rara-
fendas atraves das quais circula agua para res- mente se rompem para completar a condic;:ao
pirac;:ao. Cad a arco contem urn esqueleto car- de fenda (Fig. 1.1).
81
82
83
84
Fig. ,., - A. Representa<;oo esquematica de corte sagital da regioo cefalica de um embrioo de cinco semanas (6 mm aproximadamente). As bo/sas
branquiais, situadas na parede lateral direita do intestino faringico, estoo numeradas de B I a B4. A zona de inser~oo da membrana bucofaringica
carresponde a linha pontilhada. B. Esquema destin ado a mostrar 0 desenvolvimento dos sulcos (5 I, 52, 53 e 54), das bolsas (B I, B2, B3 e B4) e dos
arcos (I, II,III e IV) branquiais. Notar que, devido ao grande desenvolvimento do segundo arco (II),as bolsas B2, B3 e B4 ficam ocultas sob ele. Observar
a diferencia~oo do epitelio endodermico das bolsas em: tonsi/a palatina (A); glandula paratireoide inferior (B); timo (C);glandula paratireoide superior
(D) e corpo ultimo branquial (E). Do primeiro sulco (5 I) e da primeira bolsa (B I), formam-se, respectivamente, 0 meato auditivo externo e 0 recesso
tubotimpanico. Notar a diferencia~oo do orgoo do esmalte no processo maxi/ar (MX) e no processo mandibular (I). (modificado de 5tarck - in Della
5erra e Vellini - Ferreira)
o primeiro arco branquial mandibular bi- membrana bucofarfngica (Fig. 1.2). A regiao
furca-se, dando origem aos processos maxilar do palato se origina, em sua maior extensao,
e mandibular que, juntamente com 0 proces- por proliferac;ao dos processos maxilares, ex-
so frontonasal, contribuem para -a formac;ao ceto na regiao anterior formada as expensas
da boca propriamente dita, labios, bochechas do processo nasal medial e que se constitui na
e fossas nasais. Assim, em urn embriao de qua- pre-maxila. Esta alojara futuramente os quatro
tro semanas, 0 estomodeo ou boca primitiva, incisivos superiores. 0 septo nasal surge como
de origem ectodermica, esta limitado superior- expansao caudal da eminencia frontal a qual
mente pelo processo frontonasal, lateralmen- se funde posteriormente aos processos palati-
te, pelos processos maxilares, inferiormente, nos. Separa-se, deste modo, a cavidade nasal
pelo processo mandibular, e, ao fundo, pela da cavidade bucal definitiva.
~3
'2" l
2 .~
---2
Fig. 1.2 -Etapas do (orma~ao do (ace evidenciando os processos (rontal (I). nasal medial (2), nasal lateral (3), maxi/or (4) e mandibular (5), segundo
Langman.
Os esquemas das Figs. 1.3, lA, 1.5 e 1.6 A falta de coalescencia ou fusao entre estes
elucidam a formac;ao do palato primario, 0 me- varios processos (Fig. 1.7) dara origem as mas-
canismo de acomodac;ao da lfngua caudalmen- formac;oes congenitas (labio leporino, fenda
te devido ao rapido crescimento do processo palatina, fissura facial oblfqua) com profundas
mandibular, permitindo a fusao dos processos influencias no posicionamento dos dentes, na
palatinos e a consequente separac;ao da cavida- estetica facial e no psfquico do paciente (Figs.
de bucal da cavidade nasal. 1.8 e 1.9)
Fig. 1.3 - Corte sagital da regiiio da fossa nasal mostrando desde os prim6rdios de sua evolw;iio ate a formac;iio da premaxila (I) e do palato (2),
sua fusiio (3), separando a cavidade nasal (4) da cavidade bucal (5) - segundo Clara, in Langman.
Fig. 1.4 - Representac;iio esquematica, em A, de um corte frontal da cabec;a embrionaria mastrando a lingua I em sua posiC;iio vertical. Em B, vista
ventral da premaxila 2, do septo nasal 3 e dos processos palatinos 4 (segundo Langman).
Fig. 1.5 - Esquemas mostrando em A 0 deslocamento caudal da lingua I e em B a aproximac;iio dos processos palatinos em direc;iio medial 2 (segundo
Langman).
Fig. 1.6 - Esquemas A e B evidenciando a fusao dos proeessos palatinos (I) com a premaxila (2), mareando definitivamente a separa,ao da eavidade
nasal da eavidade bucal. A papi/a incisiva 3 demarca 0 ponto onde oeorreu a fusao entre aqueles proeessos (segundo Langman).
_____ 11
__ 12
3
__ 14
Fig. I. 7 - Contribui,ao dos diferentes proeessos embriologicas na edifiea,ao da face adulta. I. Proeesso nasal medio 2. Proeesso nasal lateral 3.
Proeesso maxi/ar 4. Proeesso mandibular
Fig. 1.8 - Falta de coalescencia entre processos embrionarios que formam a face, originando em I a fenda facial obliqua, em 2 a macrostomia
unilateral e em 3 0 labio leporino mediano com nariz parcialmente fendido (modificado de Langman).
Fig. I. 9 - Representa~i5o esquematica de diferentes mas forma~i5es congenitas ocasionadas pela falta de coalescencia da premaxila e processos
palatinos. Em I aspecto normal; em 2 labio fendido unilateral com comprometimento nasal; em 3 labia fendido unilateral interessando labio, maxila
e estendendo-se ate a regii50da papila incisiva; em 41abio fendido bilateral abrangendo a premaxila; em 5 fenda palatina simples e em 6 fenda palatina
combinada com labio fendido unilateral (inspirado em Langman).
as labios formam-se por volta da setima se- branquial, ao passo que seus revestimentos epi-
mana, pelo fendilhamento da regiao gengival, teliais interno e externo darao origem a outros
que assim prossegue ate a regiao das boehe- tecidos. Embora os museulos dos diferentes ar-
ehas. eos migrem em varias direc;:oes, a sua prove-
Durante a sexta semana de desenvolvimen- niencia pode ser sempre identifieada, visto que
to, 0 segundo area sobrepoe-se aos outros tres, a inervac;:ao provem do area de origem.
tornando-os poueo evidentes, determinando Na formac;:ao dos elementos constituintes do
que 0 quarto e 0 quinto areos mergulhem aparelho mastigador eontribuem 0 prirneiro e 0
numa depressao triangular denominada seio segundo areos branquiais, tambem denominados,
eervieal- 53 na Fig. 1.1. No curto prazo de duas respeetivamente, areo mandibular e areo hiofdeo.
semanas, os areos branquiais desapareeem e a Durante 0 desenvolvimento, eada areo adquire urn
semelhanc;:a com a "eondic;:ao branquial" term i- esqueleto eartilagfneo que eventualmente desapa-
na. Estruturas como ossos, museulos e vasos reee ou persiste durante toda a vida, como estrutu-
sangufneos, diferenciam-se do mesenquima ra 6ssea, eartilagfnea ou ligamento.
o componente cartilagineo do primeiro se maci<;:a,constitui os prim6rdios do compo-
arco branquial e constituido pela cartilagem de nente ectodermico do dente. Edifica-se, assim,
Meckel e por uma pequena expansao dorsal de- uma lamina formadora dos dentes na regiao
nominada processo maxilar. Ambas as pon;oes maxilar e uma na mandibular. Estas duas lami-
cartilagineas regridem com 0 desenvolvimento, nas sao de concavidade posterior, sendo que a
persistindo apenas diminuta pon;ao da cartila- superior tern raio de curvatura maior que a
gem de Meckel que formara a bigorna e 0 mar- inferior.
telo. A mandiliula forma-se, secundariamente, Em resumo: da depressao epitelial origina-
por urn processo de ossifica<;:aomembranosa, se 0 suko vestibular, 0 componente ectodermi-
como sera visto no capitulo referente ao Cresci- co do dente e os 6rgaos do esmalte das pe<;:as
mento e Desenvolvimento Craniofacial. temporarias e permanentes (Fig. 1.10).
A musculatura mastigadora se origina do arco Da face vestibular da referida lamina ecto-
mandibular, sendo inervada pelo ramo mandibu- dermica, desenvolvem-se os 6rgaos do esmalte
lar do trigemeo, nervo dito do primeiro arco. dos dentes temporarios, cujas prolifera<;:oesini-
o componente nervoso do segundo arco ciam-se por volta da setima semana. Durante 0
branquial e 0 nervo facial, e 0 muscular, os desenvolvimento destas, em numero de dez para
musculos cutaneos ou mimicos. cada arco, a lamina dental continua sua prolife-
Na sexta semana de vida intra-uterina evi- ra<;:aoe os 6rgaos do esmalte dos dentes perma-
denciam-se, tanto nos processos maxilares nentes (urn para cada dente) vao surgindo (tam-
quanto nos mandibulares, duas intensas proli- bem em numero de dez para cada arco) , ao
fera<;:oesda camada epitelial que se aprofun- nivel de uma borda livre. Em cada extremidade
dam no mesenquima subjacente. A externa, distal da lamina dental, desenvolvem-se os bro-
por destrui<;:aode suas celulas centrais, da ori- tos correspondentes aos 6rgaos do esmalte dos
gem ao suko labial, e a interna, conservando- tres molares permanentes de cada hemiarco.
A B
4~
Fig. /./0 - Esquema para indicar as vcirias fases de desenvolvimento do incisivo central inferior.
A. Formac;oo da lCimina dental (6" semana v.i.u.).
B. Estcigio de casquete, notando-se a diferenciac;oo do 6rgoo do esmalte do dente decidua (7" seman a v.i.u.).
C. Fase de campCinula. A direita a extremidade livre da ICimina dental que darci a 6rgoo do esmalte do dente permanente. 0 ossa alveolar estci iniciando
sua diferenciac;oo (10" seman a v.i.u.).
D. Primeiras deposic;6es de dentina (/6" semana v.i.u.) e oc/usoo do saco dental.
E. Diferencioc;oo do incisivo central inferior permanente (nascimento). A coraa do dente decidua estci completa.
F. Inicio de erupc;oo do dente decidua (6 meses). A coroa do dente permanente jci estci praticamente formada com esmalte e dentina.
G. Riz6lise do dente decidua e dente permanente em vias de erupc;oo (6 a 7 anos).
H. Erupc;oo do dente permanente (7 a 8 anos).
I. Dente permanente em usa, na boca, apresentando uma borda incisal transformada em faceta oc/usal. Observar, na cavidade pulpar, a dentina
secundciria (adulto). v.i.u. - vida intra-uterina (baseado em diagram as de j.G. Dale e KJ. Paynter, segundo Leeson e Leeson).
Cada orgao do esmalte passa, sucessivamente, todo. A interdependencia entre a forma e a
por tres estigios distintos, durante sua evoluc,,:ao: func,,:ao,lei basica da biologia, encontra nos
broto, casquete ou barrete e campanula. Ao or- conceitos expostos toda sua validade. Em suas
gao do esmalte atribui-se grande importincia na afirmativas, Benninghoff demonstrou de modo
morfogenese da coroa e da raiz, bem como na bastante significativo que os limites impostos
histogenese do esmalte. pelos ossos isolados nao tinham sentido quan-
o tecido mesenquimatico contido no orgao do consideramos 0 cranio em conjunto, uma
do esmalte dad origem a papila dental, cujas vez que a difusao dos esforc,,:osfuncionais se faz
celulas se diferenciam formando os odonto- insensivelmente atraves das unioes entre as di-
blastos, os quais tern papel preponderante na ferentes pec,,:asosseas. Dai a razao do enunciado
dentinogenese. de unidade funcional dado ao esque1eto cra-
Do tecido mesenquimatico que envolve 0 niofacial.
orgao do esmalte originara 0 cemento, 0 perio- E certo que estes conceitos morfofuncionais
donto e a lamina dura do processo alveolar. evoluiram progressivamente, uma vez que ate
por volta de 1770 os conhecimentos sobre a
IV - AS UNIDADES FUNCIONAIS adaptac,,:aodo osso aos esforc,,:osfuncionais eram
DO APARELHO MASTIGADOR totalmente obscuros.
Por esta epoca, Hunter impulsionou as pes-
o aparelho mastigador como urn todo e for- quisas concernentes a biologia ossea, demons-
mado por unidades funcionais representadas trando que este tecido nao era inerte, como acei-
pelos ossos, dentes, periodonto,juntura tempo- to ate entao, mas em constante remodelac,,:ao.
romandibular, musculos envolvendo movimen- Anos mais tarde, 0 notavel anatomista
tos mandibulares, sistema labio-linguo-geniano, Mayer conjuntamente com 0 matemarico Cul-
mecanismos neuromusculares e nutritivos. mann estabelecem, em estudos realizados no
femur humano, que os diferentes aspectos
morfologicos e funcionais deste osso, traduzi-
dos pela disposic,,:aotrabecular interna, obede-
Embora maxila e mandibula sejam as prin- ciam principios gerais de engenharia (Fig.
cipais pec,,:asosseas componentes do aparelho 1.11). Assim, demonstraram que a trajetoria da
mastigador, em vista de alojarem os dentes, esponjosa se fazia de tal modo as suas trabecu-
podemos, sob 0 ponto de vista funcional, consi- las se cruzarem em angulo reto, 0 que conferia,
derar todo esqueleto craniofacial como partici- segundo aqueles pesquisadores, maior resisten-
pante das atividades que se desenvolvem neste
apare1ho.
A arquitetura basica do esqueleto craniofa-
cial esta concebida de maneira tal a satisfazer
as demandas da atividade funcional deste seg-
mento do soma. Milhoes de anos de evoluc,,:ao,
com acentuadas modificac,,:oes na codificac,,:ao
genetica, desenvolveram urn esqueleto cefalico
extremamente racional para cumprir as neces-
sidades do homem. Intensas alterac,,:oespara 0
lado do aparelho mastigador que, cada vez
mais, durante a evoluc,,:ao,se reduziu, em con-
traposic,,:aoa expansao do encefalo, refletiram-
se de maneira acentuada no esqueleto cra-
niofacial. A diminuic,,:aodo esforc,,:omastigatorio
e, consequentemente, a reduc,,:aodo prognatis-
mo tornaram 0 cranio humano mais delicado
quando comparado ao de outros primatas. E
notorio que uma das forc,,:asmaiores absorvidas
pelas super-estruturas cranianas e faciais e sem
duvida alguma a forc,,:amastigatoria, razao por
que Benninghoff concebeu a ideia de funcio-
nalidade do esqueleto da cabec,,:acomo urn
cia ao osso. Enunciaram, outrossim, que a par- que a intensidade da forc;:a aplicada ao osso
te central do osso, apresentando-se como urn modificava-lhe a arquitetura interna (Fig.
tubo oco, resistia melhor aos esfon;:os que se 1.12). Todavia so mais tarde Weinmann e Si-
manifestavam sobre a pec;:a.Embora os princf- cher, em sua obra "Bone and Bones", contesta-
pios de Mayer e Culmann abrissem as portas ram urn fa to ate entao aceito como verdadeiro
para novas investigac;:oes a respeito, eles se - 0 concernente a disposic;:ao ou entrecruza-
constitufram tao somente nos alicerces onde se mento das trabeculas osseas em angulo reto.
edificariam novos conceitos e novas teorias. Estes autores enfatizaram ser a disposic;:ao da
Sob este aspecto, Wof e Roux, fundamentados esponjosa ossea uma resposta aos estfmulos
nas pesquisas anteriormente citadas, introduzi- funcionais, podendo as trajetorias ter ate senti-
ram urn novo conceito, alias fundamental as do nao retilfneo. Urn fato contudo parece ter
investigac;:oes e explicac;:oes de fatos futuros, de ficado bem aclarado - e esta citac;:aoencontramo-
o Compressao
• Tensao
() Compo e Tensao
__ Eixo Neutro
Fig. '.'2 - Esquema da arquitetura ossea, segundo original de Koch, evidenciando os calcu/os da maxima tensoo e acentuada compressoo exercidas
na cabe~a do (emur quando apJicada uma carga de '00 Jibras.
la no trabalho de Picosse sobre linhas de for<;:a como soe ser na vida embrionaria, e em locais
na mandfbula humana - ha urn padrao here- nao solicitados funcionalmente, apresenta-se
ditario para 0 trabeculado osseo primario, 0 conformado com urn trabeculado nao ordena-
qual e herdado dos ancestrais, mas modificavel do. E pois mecanicamente ineficaz e apresenta-
pOl' fatores exogenos secundariamente. Justifi- se como forma de transi<;:aopara 0 osso lame-
cativa para esta assertiva encontramos nas in- lar. Ja este liltimo, 0 lamelar, organiza-se em
vestiga<;:oessobre crescimento osseo "in vitro". camadas on de as fibras colagenas se dispoem
Portanto, a evolu<;:aode nossos conhecimen- em lamelas, no intuito de suportar melhor aos
tos sobre a arquitetura geral e funcional do es- esfor<;:osnele incidente. Acentue-se que 0 teci-
queleto cefalico repousa no complexo estudo da do osseo lamelar ora se apresenta como nas
biologia ossea, pois que em nenhuma outra parte diafises dos ossos longos - cortical -, ora se
de nosso organismo se manifesta de modo tao apresenta esponjoso como na parte central da
evidente a inter-rela<;:aoentre forma e fun <;:ao. epffise.
Acenemos aqui a maneira particular de cresci- Do exposto parece evidente, e a maioria dos
mento do osso, diverso da maio ria dos nossos te- auto res aceita, que as for<;:asfuncionais que se
cidos e pOl' si so suficiente para 0 entendimento manifestam sobre 0 tecido osseo condicionam-
da arquitetonica do cranio e da face. Enquanto a lhe a arquitetura traduzindo-se isto pOl' engros-
maioria dos tecidos organicos cresce pOl'multipli- samento da cortical e arranjo das trabeculas
ca<;:aocelular, ocupando as novas celulas os espa- constituintes da esponjosa. Contudo, e Pasmo-
<;:osentre as demais, no tecido osseo, pela sua re chama a aten<;:aopara este fato, pesquisado-
propria natureza, este tipo de crescimento e im- res ha que procuram bus car em fatores bioquf-
praticavel. Destarte, 0 osso cresce pOl'aposi<;:aode micos ou hematogenicos explica<;:aopara a ar-
novas camadas sobre asja existentes e de urn bem quitetura ossea.
equilibrado sistema de aposi<;:aoe reabsor<;:aore- Sob este aspecto uma serie de investiga<;:oes
sulta 0 modelo final. Ha uma constante aposi<;:ao cientfficas poderiam ser relatadas, mormente
e reabsor<;:aoossea no cicIo vital biologico, predo- no campo ortodontico, que de certo modo faz-
minando a primeira no jovem e a segunda (reab- nos aceitar a inter-rela<;:ao entre esfor<;:ofuncio-
sor<;:ao)no velho. A custa do processo remodelan- nal e arquitetura ossea. Extensos trabalhos rea-
te as pe<;:asosseas se edificam e alteram sua arqui- lizados pOl' Machado de Sousa, Benninghoff,
tetura constantemente. Picosse, utilizando diferentes tecnicas (puncio-
POl' paradoxal que pare<;:a 0 osso, duro namento da cortical, RX, laminografias, cortes
como se nos afigura, e urn dos mais plasticos e seriados), falam a favor dessa assertiva.
maleaveis tecidos organicos gra<;:as,exatamen- Nos mesmos, em mandfbulas humanas, utili-
te, a este duplo e harmonico sistema de aposi- zando 0 metodo radiografico, pudemos consta-
<;:aoe reabsor<;:ao ossea. tar fatos ja asseverados par diferentes autores,
E necessario, contudo, frisar que a arquite- confirmando que 0 estfmulo funcional promove
tura ossea em geral e a craniofacial em particu- urn rearranjo do trabeculado osseo. A falta deste
lar esta condicionada a multiplos fatores. Sua promove uma osteoporose. Muito provavelmen-
origem do tecido conjuntivo, sua maneira de te estas modifica<;:oes arquiteturais, devidas a
crescer, seu proprio tipo de ossifica<;:ao, se perturba<;:oes da osteogenese da mandfbula, se-
membranoso ou endocondral, assim como a jam resultantes de uma diminui<;:aoda afinidade
sua topografia, tudo esta perfeitamente adapta- calcica pela matriz proteica. Esta descalcifica<;:ao
do a missao imposta a esta estrutura organica seria secundaria as modifica<;:oeshistoqufmicas
- a missao mecanica destinada ao osso. A exte- ocorridas na elabora<;:aoda matriz e nao primiti-
rioriza<;:aomacroscopica evidenciavel em cortes vas como soem ser em certas perturba<;:oes do
e traduzida pOl' diferentes caminhos trajetoriais metabolismo fosforo-calcico. 0 corolario destas
da esponjosa nao san senao 0 termo ultimo de modifica<;:oese a fragilidade ossea.
uma especializa<;:aoencetada na propria organi- Se aplicarmos estas considera<;:oes gerais ao
za<;:aodas fibras colagenas das unidades osteo- cranio e a face, veremos que, nestes segmentos,
nicas. A adapta<;:ao do osso as for<;:asde pressao o osso se comporta diferentemente porque di-
e tra<;:aoque sobre ele se manifestam se faz pau- ferentes san as suas solicita<;:oesmecanicas, dife-
latinamente e de maneira admiravel, numa co- rentes sao as suas a<;:oes,diferentes sao as suas
ordena<;:ao e concatena<;:ao de fatos realmente areas de inser<;:oesmusculares.
notaveis. Esta e a razao pOl' que 0 osso fibroso, De qualquer modo, sempre a natureza age
que aparece em locais de rapido crescimento, economicamente apondo tecido osseo apenas
on de ha necessidade, de modo ao principio da
economia de tecido com 0 maximo de resisten-
cia ser sempre obedecido.
Na regiao facial logo nos deparamos com
uma nova componente de forc;a- ac;aomastiga-
toria. Apenas para elucidar, e consoante Hilde-
brand, ao nfvel dos molares, a ac;ao mastigatoria
exerce uma pressao que gira em tomo de 35 a 45
kg. Ademais, na face, 0 fato da mandfbula ser urn
osso movel, confere a este segmento do soma ca-
racterfsticas todas especiais. A propria inserc;ao
nessa, dos musculos mastigadores, se reveste de
uma importimcia clfnica toda especial.
Bern estudada a disposic;ao do trabeculado Fig. 1./3 - Esquema das trajetorias osseas na esque/eto (acia/,
osseo no esqueleto facial por Benninghoff, Si- segundo Benninghoff.
cher e Tandler, Machado de Sousa, Weinden-
reich e outros, ficou patente que a esponjosa se
organiza de tal modo a melhor resistir ao esfor- da mandfbula e de pilares os encontrados nos
c;o mastigatorio, e que as modificac;oes deste se maxilares.
traduzem por alterac;oes nao so na disposic;ao Naquele osso (mandfbula) foram descritas tres
das trajetorias osseas, quanto da propria corti- myetorias: dental, marginal e temporal. A primei-
cal. A este respeito, acene-se para 0 espessa- ra (dental) partindo dos alveolos (regiao cortical)
0
mento desta a altura do 1 molar superior, ao recebe os esfor(os de tensao a que 0 ligamento
nfvel da crista zigomaticoalveolar, como tradu- alveolodental esta sujeito, e transmite estes esfor-
zindo uma area de maior receptibilidade de (OS a cabe(a da mandfbula. Daf os esfor(os sao
esforc;o mastigatorio. Outro fato digno de nota difundidos a base do cranio. 0 mesmo se diga
e a existencia da crista do colo do c6ndilo, for- com respeito a myetoria marginal que recebe es-
mado por razoes identicas de transmissao e su- fon;:osmusculares e se traduz por urn espessamen-
porte de forc;as. to da borda infetior deste osso. Esta myetoria se
Ao considerarmos 0 aparelho mastigador, entrecruza na linha media, protegendo 0 osso dos
vemo-lo formado pelos dentes, seus elementos esforc;osde flexao. Ambas as myetorias se dirigem
de suporte, principalmente osseos, e os meios a cabe(a da mandfbula, e daf ao cranio, como ja
de uniao -ligamento alveolodental ou desmo- assinalamos. Apenas enfatize-se a arquitet6nica es-
donto. pecial da articula(ao temporomandibular que re-
As forc;asmecanicas que se manifestam sobre cebe e transmite estes esfor(os.
os dentes 0 fazem sob a forma de forc;a de pres- Note-se que na mandfbula, nos pontos nao
sao. Todavia, como 0 osso nao suporta bem a sujeitos a esfor(os meca.nicos, surgem novas es-
este tipo de carga, pois reage reabsorvendo-se, a truturas, tais como 0 canal mandibular. Acen-
natureza transforma, atraves do desmodonto ou tue-se tambem a predilec;ao, na zona dos tercei-
ligamento, a forc;a de pressao em forc;a de tra- ros molares, para a difusao de processos infec-
c;ao.A essa 0 osso reage bem e difunde, atraves ciosos dentais devido ao grande espa(amento
do trabeculado osseo, as superestruturas cranio- das aureolas da esponjosa.
faciais 0 esforc;o mastigatorio. A trajetoria temporal parte do processo co-
De modo que, enU-e outras, 0 ligamento tern ronoide e une-se as duas outras ja citadas. E
por fun(ao transformar as for(as de pressao em uma trajetoria tipicamente de tra(ao, dada a
for(as de tra(ao. A seguir, 0 esfor(o que se mani- insen;:ao do potente musculo temporal no ja
festa sobre os dentes se difunde atraves do trabe- referido processo osseo.
culado osseo as estruturas faciais e cranianas. No maxilar foram descritos os pilares canino,
Esta intrincada biomecanica alveolodental, zigomatico e pterigoideo unidos por traves de re-
exposta aqui de maneira simplista, permitiu forc;o,tais como as nasais (entre os pilares carlino),
aos estudiosos que detectassem no osso a dire- o arco supra e infraorbital (entre 0 pilar carlino e
c;ao das trajetorias, quer na mandfbula quer no zigomatico) e 0 tuberculo da raiz do zigoma
maxilar (Fig. 1.13). (unindo 0 pilar pterigoideo ao zigomatico).
Sicher denominou de trajetorias os feixes Estes pilares tern seus trabeculados osseos ar-
orden ados de trabeculas osseas na intimidade ranjados da maneira seguinte: 0 canino, a altura
do ramo ascendente do maxilar, concentrando os branqui<;:ada,situados na cavidade bucal e coloca-
esfon;:osque se manifestam sobre os incisivos,cani- dos sobre os maxilares onde se dispoem em filei-
nos e primeiros pres. 0 zigomatico partindo da ras. Fom1ados por tecidos mineralizados e alta-
regiao molar, passando pelo arco zigomaticomalar mente especializados, compoem-se de dentina
e logo se bipartindo em dois ramos - urn que que, pela sua superficie intema, relaciona-se com
segue a dire<;:aoda ap6fise orbitaria extema e ou- a polpa (sensibilidade, nutri<;:aoe forma<;:ao),ao
tro que segue 0 arco zigomatico. Capta os esfor<;:os passo que, extemamente, e revestida pelo esmal-
da regiao de pre e molares, exceto do terceiro te na coroa, e pelo cernen to, na raiz.
molar. 0 pilar pterig6ideo partindo da regiao da Para Beltrami, 0 dente e uma papila do derma
tuberosidade sobe pelo processo pterig6ide e se cutaneo hipertrofiada e calcificada. Originalmen-
conecta com 0 pilar zigomatico a altura da raiz do te, como acontece com outros 6rgiios da pele, os
zigoma, como ja refelido. Reune os esfor<;:osda dentes sao estruturas temporarias destinadas a de-
regiao dos ultimos molares e regiao do tUber. saparecer ap6s determinado periodo de fun<;:ao,
Aprile ainda fala em urn pilar vomeriano sendo substitufdos de acordo com as necessidades
que ficaria a altura da regiao posterior das coa- funcionais. Peixes e anfibios apresentam tal tipo
nas, sendo formado pelo vomer e unindo-se as de substitui<;:aocontinua, conhecida como polifio-
pterig6ides, base do cranio e palato duro. dontismo. Nos mamfferos, os dentes adquiriram
o palato seria a estrutura que uniria e soli- maior estabilidade e sao utilizados nao s6 para
dificaria todos os pilares. apreender 0 alimento, como tambem para masti-
Dois fatos merecem aten<;:aoespecial. Primei- ga-lo. Assim, a diferencia<;:aodos dentes assume 0
ramente 0 concernente ao arco supraorbital, mais alto grau, reduzindo-se as "gera<;:oes"de subs-
bem desenvolvido nos antrop6ides e ra<;:aspri- titui<;:oespara as series decfdua e permanente. Do
mitivas, e que seria, para Sicher, uma superes- polifiodontismo dos peixes passamos ao difiodon-
trutura destinada a colher os esfor<;:osmastigat6- tismo na especie humana. Concomitantemente
rios que se manifestam sobre 0 aparelho masti- desenvolveu-se uma divisao de trabalho entre os
gador daqueles ancestrais. De outro lado a for- diferentes grupos de dentes, relacionada com seu
ma<;:aodo mento, que para Weidenreich e Du especial formato (incisivos - cortar; caninos -
Brul teriam a mesma origem ou entao estariam despeda<;:ar;jugais - moer, esmagar). Desta for-
ligados ao desenvolvimento da posi<;:aoortostiti- ma, a dentadura homodontica da maior parte dos
ca do homem atual. repteis transformou-se na heterodontica dos ma-
Neste apanhado sobre a arquitetura geral e mfferos (Della Serra e Vellini-Ferreira).
funcional do esqueleto cefalico, procuramos E interessante notarmos que os dentes ju-
mostrar como os dados anatomicos estao inter- gais, providos de cristas, cuspides e sulcos, loca-
ligados aos funcionais, sendo a forma, no dizer lizam-se nos pontos dos maxilares onde se faz
de Ruffini, a imagem plastica da fun<;:ao.A evo- sentir, com maior intensidade, a a<;:aoda for<;:a
lu<;:ao dos nossos conhecimentos anatomicos mastigadora (Fig. 1.14).
aplicados a ortodontia tern se calcado em da-
dos morfo16gicos porem orientados para seu
verdadeiro sentido de aplica<;:ao.
Fizemos, destarte, uma sfntese das correla-
<;:oesmorfofuncionais sobre a arquitetura do es-
queleto cefalico interligado ao aparelho masti-
gador, entendendo que as unidades bio16gicas
que contribuem para 0 desempenho de uma
fun<;:ao determinada nao saG independentes,
mas conectadas anatomica e funcionalmente
atraves de multiplas intera<;:oes. A integra<;:ao,
termo criado por Sherrington para designar a
uniao de partes para formar urn todo, encontra
aqui toda sua validade.
G
C
H
o
Fig. ,., 7 - Diferentes feixes de (ibras do ligamento periodontal. Em G est6 representado 0 grupo gengival; em T os feixes transeptois; em C os da
crista alveolar; em H os horizontais; em 0 os obliquos; em A os apicais; e em B 0 espa~o apical de Black.
<;aona remodela<;aodo tecido 6sseo e cemento. 0 temas, retra<;oes gengivais, limita<;ao dos movi-
tecido 6sseo adapta-se, mediante continuas aposi- mentos linguais, etc.
<;oese reabsor<;oes,as necessidades fimcionais do Na regiao vestibular a gengiva e limitada, no
periodonto, ao passo que 0 cementa responde a maxilar e mandfbula, pela jun<;ao mucogengi-
estfmulos diversos, reabsorvendo-se ou apondo val que a separa da mucosa alveolar. E caracte-
novas camadas as ja existentes. rfstica da mucosa alveolar ser de colora<;ao ver-
Restos epiteliais (Mallassez) - saG forma<;oes melha e apresentar numerosos pequenos vasos
epiteliais derivadas ou vestigiais do 6rgao ada- junto a superficie. Na regiao do palato a distin-
mantino, que formam grupos ou ninhos espar- <;aoentre gengiva e mucosa e pouco demarca-
sos no seio do ligamento alveolodental. Para da, enquanto na mandibula encontramos uma
muitos autores, os cistos paradentais e os tumo- linha nitida separando gengiva da mucosa que
res epiteliais (adamantinomas) tern origem nos reveste 0 soalho bucal.
restos epiteliais mencionados. Sob 0 ponto de vista anatomico e c1inico,
podemos dividir a gengiva em (Fig. 1.18):
C - GENGIVA OU PERIODONTO
DE PROTEc;:Ao a) gengiva inserida
. 1·
b) genglVa { papilar
Ivre . 1
A mucosa vestibular de urn lado e a palatina margma
ou lingual de outro continuam-se ao nivel da
borda livre de cada maxilar, contornam a base
da coroa dental, inserindo-se firmemente no
peri6steo do osso alveolar, constituindo-se na
gengiva ou periodonto de protet:;iio.Pode-se defini-
la, pois, como a parte da mucosa bucal que
cobre os arcos alveolares, nos quais estao im-
plantados os dentes.
Sulco gengivolabial e a designa<;ao dada a
area de reflexao da mucosa nas partes superior
e inferior do vestibulo bucal.
Interrompendo a continuidade destes Fig. /. /8 - Esquema dos constituintes da gengiva: I. gengiva papilar;
sulcos (superior e inferior), encontramos, 2. sulco marginal; 3. pregas interdentais; 4. junr;oo mucogengival; 5.
mucosa alveolar; 6. gengiva livre; 7. gengiva inserida.
na linha media, os freios labiais superior e
inferior e a altura dos caninos e premolares
as bridas. Embora, sob 0 ponto de vista ana-
tomico tenham a mesma constitui<;ao, funci-
onalmente bridas e freios apresentam dife- a) Gengiva inserida: e caracterizada por altas
rencia<;ao. papilas de tecido conjuntivo, elevando 0 epite-
As bridas tem a<;aomais restrita que os freios, lio, Cl~a superffcie aparece granulada. 0 granu-
uma vez que subservem como area de refor<;o e lado, cujo grau varia com os individuos, e mais
apoio, na mucosa vestibular, durante a a<;aode provavelmente uma expressao de adapta<;ao fun-
contra<;ao do musculo bucinador. cional a impactos mecanicos. 0 desaparecimen-
Esta atividade e bem entendida no ato masti- to desse granulado e sinal de edema, evidencian-
gat6rio quando 0 musculo bucinador, ao se con- do que a gengiva inserida foi envolvida num
trair, repoe 0 alimento retido no vestibulo bucal processo patol6gico (gengivite) em evolu<;ao.A
sobre as superficies mastigat6rias dos dentes. gengiva inserida aparece ligeiramente afundada
Os freios tem a<;aomais ampla uma vez que, entre dentes adjacentes, devido a sua rela<;ao
alem das ja citadas para as bridas durante a com a gengiva alveolar (pregas interdentais).
a<;aodos musculos orbicular dos labios, do soa- b) Gengiva livre
lho bucal e lingua, limitam a extensao dos mo- bI) Gengiva marginal: seguindo a forma
vimentos destes 6rgaos (extroversao labial, mo- sinuosa dos colos dentais e separada da
vimentos de proje<;ao e retrusao da lingua). gengiva inserida por um entalhe pouco
Sob 0 ponto de vista c1inico as inser<;oes profundo em forma de V que corre para-
anormais de freios e bridas saG de suma impor- lelo a margem da gengiva (sulco margi-
tan cia, como se vera no capitulo de Etiologia nal) a uma distancia de 0,5 e 1,5 mm,
das Mas Oc1usoes Dentais, podendo causar dias- temos a gengiva marginal (Fig. 1.19).
livre, consideramo-Ia, nesta obra, como
entidade a parte visto a importfmcia cli-
nica que apresenta.
A gengiva papilar tern a forma de uma pira-
mide de vertice afilado nos dentes anteriores, e
vertice truncado nos dentes posteriores. Esta
regiao truncada do vertice da papila chega a
ser ligeiramente concava logo abaixo do ponto
de contato, sendo sugerido que esta regiao co-
berta de epitelio nao queratinizado e mais vul-
nenivel a doen<;a periodontal.
A gengiva oferece uma constitui<;ao urn
pouco diferente daquela da mucosa bucal, pois
encerra muito tecido conjuntivo e pouco teci-
do elastico, nao possuindo quase glandulas e
apresentando numerosas papilas.
Normalmente rosada, as vezes com urn tom
ligeiramente acinzentado devido as varia<;oesna
espessura do estrato c6rneo, difere da mucosa
alveolar que se apresenta vermelha com nume-
rosos vasos pequenos, pr6ximos a superficie.
No feto e no recem-nascido a gengiva for-
ma urn bordelete sobre cada borda alveolar,
mostrando uma serie de perfura<;oes no mo-
mento da ruptura dos foliculos e da emergen-
6_ cia dos dentes.
Durante a erup<;ao dental 0 epitelio reduzi-
do do esmalte (que recobre primitivamente a
coroa do dente) fusiona-se com 0 epitelio bu-
cal. A seguir, 0 epitelio fusionado que cobre a
ponta da coroa se degenera na sua parte cen-
tral e 0 dente emerge na cavidade bucal atra-
yes desta perfura<;ao. Logo que 0 dente emer-
ge, 0 epitelio reduzido do esmalte passa a se
denominar epitelio juncional. A medida que 0
dente irrompe, 0 epiteIio juncional separa-se
Fig. 1./9 - Esquema evidenciado: I. margem gengival; 2. gengiva
gradativamente da superficie do esmalte, dan-
livre; 3. sulco marginal; 4. gengiva inserida; 5. junc;iio mucogengival; 6.
mucosa alveolar. do origem a urn suko pouco profundo que se
estende ao redor de toda a circunferencia do
dente -- 0 suko gengival. Este suko fica,
pois, limitado de urn lado pelo dente e de
A gengiva marginal apresenta-se constituida outro pela gengiva. 0 fundo do suko encon-
por duas vertentes - uma voltada para a cavi- tra-se on de 0 epitelio juncional (inicialmente
dade bucal - vertente marginal, e a outra vol- epitelio reduzido do esmalte) separa-se da su-
tada para 0 dente - vertente dental. perficie do dente. A parte da gengiva corona-
A vertente dental apresenta duas pon;:oes: a ria em rela<;ao ao fundo do suko e a gengiva
primeira que forma a parede do suko gengival marginal (Fig. 1.20).
e a segunda, intimamente acolada ao dente, o epitelio juncional sofre modifica<;oes
constituindo-se no epitelio juncional (aderen- fisiol6gicas com 0 passar do tempo. Mora aque-
cia epitelial). las relacionadas com a erup<;ao ativa do dente,
b2) Gengiva papilar: a pon:;ao da gengiva outras sao observadas durante a erup<;ao passi-
que preenche 0 espa<;oentre dois dentes va. Esta e definida como a lenta exposi<;ao da
adjacen tes (espa<;o in terden tal) se cons- coroa do dente por separa<;ao progressiva do
titui na gengiva papilar. Embora a rigor epitelio juncional e sua prolifera<;ao em pro-
a gengiva papilar seja parte de gengiva fundidade.
Inicialmente 0 epitelio juncional protege 0 arquitetonico, apresentam menor dimensao ao
limite esmalte-cemento. Com 0 passar do tem- nivel do colo.
po, fisiologicamente, a aderencia epitelial (epi- Este fato resguarda 0 periodonto de protec;:ao
telio juncional) pode chegar a ser feita com 0 contra a ac;:aomecanica do bolo alimentar. Toda
cemento, deixando exposto, em maior ou me- e qualquer modificac;:aona linha de maior con-
nor grau, 0 colo anatomico do dente (Fig. 1.21). tomo da coroa, que inclui naturalmente a area
Deve ser ressaltado que todas as coroas den- de contato, repercute desfavoravelmente em maior
tais, sendo construidas sob urn mesmo plano ou menor grau sobre a gengiva (Fig. 1.22).
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Fig. 1.2 I - Modifico<;iies fisi%gicas do epitelio junciona/. I. esma/te; 2. dentin a; 3. cementa; 4. sulco gengiva/; 5. epitelio junciona/; 6. epitelio gengiva/;
7. osso. Em A 0 epitelio junciona/ se prende no esmalte e em D no cemento. Em Bee tipos intermedi6rios deste epitelio.
ramos da arteria alveolar inferior e vasos lin-
guais.
Estudos da vascularizac;ao do periodonto do
macaco Rhesus (Kindlowa) mostraram que na
regiao vizinha a aderencia epitelial (epitelio jun-
cional) ha numerosos capilares enovelados for-
mando uma verdadeira coroa vascular. Provavel-
mente, a pressao gerada pelo lfquido circulante
nesta densa rede capilar seria urn dos fatores da
manutenc;ao da aderencia epitelial. A distensao
e reduc;ao numerica destes capilares, indicando
alguma obstruc;ao no £luxo sangiifneo, sendo
acompanhada de urn aprofundamento do sulco
gengival, seriam elementos que falariam a favor
Fig. 1.22 - Desenho esquematico mostrando em A, 0 periodonto desta teoria (Fig. 1.23).
protegido, e em B, 0 periodonto sem prote,oo contra a a,oo meconica
b) Veias: as veias do periodonto formam ple-
do bolo alimentar devido a diferentes curvaturas das faces VeL da
coroa.
xos ao nfvel do espac;o alveolodental, podendo
se lanc;ar nos con£luentes osseos, gengivais e
pulpares.
c) Linfriticos: os vasos linfaticos do ligamento pe-
riodontal acompanham os vasos sangiifneos, for-
Embora 0 estudo da irrigac;ao sangiifnea e mam espac;oslinfaticos e se comunicam com os
da inervac;ao do periodonto merec;a atenc;ao provenientes da gengiva e do osso. Seguindo 0
especial, resumiremos a seguir alguns topic os tr~eto dos vasos linfaticos da polpa, VaG ter aos
de maior importancia. linfonodos submaxilares e cervicais profundos.
a) Arterias: as arterias alveolares superior e d) Neroos: a inerva<;ao do periodonto e asse-
inferior ao atingirem 0 apice do alveolo forne- gurada por filetes nervosos da segunda e tercei-
cern varios ramusculos (ramos dentais), muito ra divisao do nervo trigemeo, ou seja, nervos
flexfveis, que se dirigem para a polpa (arte- alveolares superiores e inferiores.
rias pulpares) e para 0 espac;o periodontal
(arterias periodontais). Estas ultimas formam,
ao nfvel do espac;o alveolodental, verdadeira
rede arterial fornecendo ramos colaterais que
se anastomosam com os provenientes da espon-
josa do osso alveolar e da gengiva.
A grande flexibilidade dos ramos arteriais
provenientes das arterias dentais encontra ex-
plicac;ao, segundo Boedeker, na adaptabilidade
funcional contra choques e distensoes a que a
pec;a dental estaria sujeita.
A rede anastomotica do espac;o alveolodental
assegura 0 suprimento sangiifneo a regiao do
periodonto, mesmo quando, por razoes varias
(apicectomia, pul pectomia), 0 feixe vasculoner-
voso apical e extirpado.
Circundando a crista ossea interalveolar,
abaixo do colo dental, forma-se uma coroa de
elementos vasculares oriundos das arterias
periodontais e osso alveolar que, segundo
Erausquin, teria importancia na regenerac;ao
dos feixes de fibras colagenas da crista alveolar.
Para Gaunt, 0 suprimento sangiifneo dos
Fig. 1.23 - Esquema da irriga,oo do periodonto do macaco Rhesus:
dentes superiores e tecidos de suporte seria I. coroa vascular da gengiva; 2. vas os do ligamento alve%denta/; 3.
proveniente dos ramos arteriais alveolares su- rede capilar gengiva/; £ esma/te; D. dentina (reproduzido de Kindlowa
periores e vasos palatinos, e na mandfbula, de in Anatomia Dental).
Os filetes destinados ao ligamento perio- Sao movimentos pouco extensos, sendo os
dontal que acompanham os elementos vascula- primeiros devido a ac;ao dinamica da muscu-
res sac sensitivos. A sensibilidade tactil do latura labio-glosso-geniana, e os segundos,
periodonto e de grande imporcincia na regula- conseqiientes a propria posic;ao dentaria,
c;ao das forc;as que agem sobre os dentes e re- pois, como e sabido, todos os dentes perma-
centemente foi estudada por Kawamura e Wa- nentes tern uma inclinac;ao geral da coroa e
tanabe, Kraft e por Sirila e Lane. A partir destas raiz, para 0 lado mesial.
pesquisas, ficou evidenciado que os dentes sac Movimento de rota~iio - E 0 mais limitado
capazes de detectar corpos estranhos com pou- que 0 dente pode sofrer pelo fato de a morfo-
ca micra de diametro. logia radicular nunca ser perfeitamente conica.
A sensibilidade proprioceptiva ou sineste- Pequenas rotac;oes podem ser efetuadas para
sica, que se encontra relacionada com as sen- qualquer dos lados da coroa.
sac;oes de posic;ao, pressao e com 0 sentido Nos movimentos de rotac;ao com finalida-
de movimento, tambem e recolhida por re- de ortodontica, verificou-se que os feixes de
ceptores periodontais. Embora existam re- fibras do grupo supra-alveolar do ligamento
ceptores para a propriocepc;ao no ligamento alveolodental, sac os responsaveis pela recidi-
periodontal e tecidos moles adjacentes, suas va do deslocamento apos 0 dente ter atingido
caracterfsticas nao estao bem definidas, se a posic;ao correta no arco. Eis porque se acon-
bem que sua presenc;a tenha sido estudada selha, nestes casos, uma super-rotac;ao, ou de-
histologica e eletrofisiologicamente por sinserc;ao cirurgica dos referidos feixes.
Breaudreau e Jerge, Bernick, Jerge, Kirstine, Movimentos de transla~iio - Para que 0 dente
Lewinksy e Stewart. realize 0 movimento de translac;ao, ou seja, de
Funcionalmente, 0 aparelho de sustentac;ao todo seu corpo, ha necessidade do usa de apa-
do dente, alem de sua precfpua func;ao mante- reIhagem ortodontica especializada. Caso con-
nedora e sensitiva, transmite e transforma as trario, os movimentos realizados pelos dentes
forc;as que se manifestam sobre cad a unidade serao sempre de inclinac;ao ou de rotac;ao em
dental as paredes da loja alveolar correspon- torno de urn eixo.
dente. De fato, dada a arquitetura especial das o movimento de translac;ao do dente veri-
fibras conjuntivas componentes do ligamento, fica-se durante sua migrac;ao, e e urn reflexo
as forc;as de pressao que se produzem sobre os das forc;as funcionais que se manifestam so-
dentes, sac transmitidas ao osso sob a forma de bre os ossos. De fato, por paradoxal que pa-
forc;as de trac;ao. Estas sac fisiologicas e bem rec;a, 0 osso e 0 mais plastico dos tecidos de
suportadas pelo tecido osseo. nossa economia; ele responde as pressoes
Os aspectos biomecanicos da movimentac;ao com reabsorc;ao, e as tensoes, com aposic;oes
ortodontica devem ser uma preocupac;ao cons- de novas camadas. A translac;ao dental e lar-
tante na pratica diaria. Jamais os procedimen- gamente utilizada em ortodontia quando
tos mecanicos podem desrespeitar os funda- procura posicionar dentes nos devidos luga-
mentos biologicos, sob pena de irreparaveis res. Oppenheim assevera que as varia<;:oesna
danos aos tecidos. intensidade das forc;as aplicadas sobre os
Fisiologicamente, os movimentos apresenta- dentes podem modificar 0 ponto de apoio
dos peIos dentes sac: em tome do qual eIes giram.
Fig. 1.25 - Esquema elucidanda a participac;oa de vclrias grupas Fig. 1.26-Esquema mastronda as museulas masseter I e pterigaidea
museulares na mavimenta de abertura da baca: I museula temparal, medial 2.
2 museula pterigaidea lateral e 3 museula pterigaidea medial.
da elasticidade arquitetonica dessas estruturas,
uma vez que a for<;:amuscular deve ser transmi-
tida quase que integralmente sobre os elemen-
tos osseos a serem movimentados.
Os musculos mastigadores, como todos os
outros, tern uma posi<;:aode repouso (alonga-
men to de repouso fisiologico ou tonico).
Quando fun cion am, eles se alongam ou se en-
curtam, pon~m sempre voltam a posi<;:ao de
alongamento tonico. A cabe<;:a,que se man tern
sobre a coluna, e movimentada pelo seu siste-
ma neuromuscular para as mais variadas posi-
<;:oesfuncionais, pm-em ela nao pode permane-
cer por muito tempo fletida ou rodada sobre a
coluna, sem que a musculatura que proporcio-
nou tal movimento entre em cansa<;:opor esfor-
<;:0.Ha, pois, uma posi<;:aoereta e natural da
cabe<;:a,posi<;:aode conforto, na qual todos os
musculos motores se encontram em alonga-
mento fisiologico tonico (tonicidade). 0 mes-
mo diga-se com respeito a mandibula, que
Fig. 1.27 - Esquema representativo dos museulos da cabe~a
pode permanecer em posi<;:aorelativamente es-
evidenciando, entre outros, os musculos eutieulares ou da expressoo
tavel, de conforto, desde que seus musculos as- facial, responsaveis em parte, pelo equilibrio dental. Museulos I
sumam atitude de alongamento de repouso orbicular da boca, 2 mentoniano, 3 depressor do labio inferior, 4
(tonico). Entretanto, quando movimentada pe- depressor do ilngulo da boca, 5 bucinador, 6 zigomatico maior, 7
los seus musculos, nao po de manter-se indefini- zigomatico menor, 8 canino, 9 e/evador do labia superior, 10 elevador
do labia superior e da asa do nariz.
damente afastada da maxila ou cerrada contra
ela, em posi<;:aolateral ou de protrusao, isto e,
em posi<;:oesestaticas, antinaturais, sem que a
musculatura entre precocemente em fadiga. dos labios, e refor<;:adoanteriormente pelos fei-
Esta posi<;:aofisiologica de repouso (posi<;:ao xes musculares radiais e, posteriormente, Pelo
postural) tern assumido, no diagnostico ortodon- musculo constritor superior da faringe.
tico, papel de destaque atraves da analise funcia- Este sistema, cuja inerva<;:aoprovem de di-
nal para a interpreta<;:ao das mas oclusoes. De ferentes fontes (nervos hipoglosso, facial, bu-
fato, as rela<;:oesoclusais (ou exame dos modelos cal e plexo faringeo), coordena fun<;:oesvaria-
em oclusao) podem nos induzir a falsas mas oclu- das atinentes com a suc<;:ao,mastiga<;:ao,deglu-
soes nao detectadas em posi<;:aopostural. ti<;:ao,vocaliza<;:aoe postura. Estudos eletromi-
ograficos demonstraram que, mesmo quando
6. SISTEMA LABIO- os musculos peribucais estao em posi<;:aopos-
LINGUO-GENIANO tural de repouso, influenciam 0 equilibrio dos
arcos dentais. Normalmente a for<;:amuscular
A integridade dos arcos, constituidos pela perioral e lingual esta contrabalanceada, man-
sucessao dos dentes e suas rela<;:oesrecfprocas, tendo 0 normal posicionamento dos dentes
e 0 resultado do padrao morfogenetico modifi- sobre 0 osso basal. Desvios da atividade mus-
cado pela a<;:aofuncional estabilizadora dos cular provocam mas posi<;:oes dos dentes,
musculos. Neste sentido, a musculatura cuta- como se veem em certos casos de Classe II
nea ou cuticular, mais que a mastigadora, tern divisao 1 (Fig. 1.28).
papel preponderante. De fato, contornando os Funcionalmente, labia, lingua e bochecha
arcos formados pelos dentes superiores e infe- tern fun<;:oes diversas, porem, interdependen-
riores, dispoem-se, entre outros, uma serie de tes. Os labios agem na suc<;:ao,na pronuncia de
musculos cuticulares responsaveis, em parte, certas consoantes ditas labiais, em diferentes
pela manuten<;:ao do equilibrio vestibulolingual expressoes fisionomicas e no equilibrio vestibu-
dos dentes (Fig. 1.27). Isto porque 0 sistema lar dos dentes anteriores.
labio-linguo-geniano, alem de formado pelos A bochecha, alem de sua fun<;:aoestetica e
musculos da lingua, pelo bucinador e orbicular mastigadora, reconduzindo os alimentos do
Fig. 1.28 - Esquema destinado a mostrar a a,oo da museulatura Fig. 1.29 - A a,oo e dire,oo das for,as museulares labial (I), lingual
peribueal no equilibrio dos dentes. as museulos orbieular dos labios (I), (2) e supra-hioidea (3), estoo representadas neste esquema calcado
bucinador (2) e eonstritor superior do faringe (3), formam 0 assim sobre um tra,ado eefalometrico.
ehamado meeanismo do bucinador.
f6rnice para as superficies oclusais, atua no ato bios, bochechas, lingua, mucosa bucal, glan-
de soprar e no equilfbrio vestibular dos dentes dulas salivares, vasos e nervos dos 1° e 11° ar-
jugais. cos branquiais.
A lingua e urn 6rgao concernente com a As diferentes partes deste aparelho funcio-
mastigar,:ao, deglutir,:ao, vocalizar,:ao e gustar,:ao. nam continuadamente na mastigar,:ao, degluti-
Orgao essencialmente muscular, esta revestida r,:ao,vocalizac;:ao,respirac;:ao, equilibrio da cabe-
por urn estojo mucoso onde encontramos glan- c;:a,mandibula, lingua e osso hi6ide. A fisiolo-
dulas mucosas, tecido linf6ide (amigdala lin- gia e mecanica do aparelho mastigador e por
gual) e papilas gustativas. Atraves do arranjo de demais complexa, nao sendo possivel estabele-
seus musculos, a lingua pode adotar uma infi- cer-se uma hierarquia completa dos varios me-
nidade de posir,:oes, alterando a capacidade do canismos neuromusculares que sobre ele inter-
cavo bucal, modificando-lhe a forma e variando vem. Contudo, alguns aspectos de seu funcio-
a quantidade de ar emitido durante a produr,:ao namento podem ser relacionados especifica-
do som laringico. Age tambem na mastigar,:ao, mente com componentes neuromusculares de
impulsionando 0 alimento para as superficies estruturas bucais e estruturas anexas.
oclusais d0S dentes e man tendo 0 equilibrio Para se avaliar as anormalidades de forma
lingual destas per,:as. e func;:ao do aparelho todo, e preciso estudar
Muitos aspectos pniticos e funcionais na e bem compreender a morfologia, 0 cresci-
construr,:ao de aparelhos ortodonticos baseiam- mento, a fisiologia desse aparelho e sua evo-
se nas inserr,:oes, morfologia, direr,:ao e ar,:aodas luc;:ao filo e ontogenetica. Ademais, com os
fibras musculares (Fig. 1.29). modern os metodos de analise din arnica do
cranio, desenvolveu-se 0 conceito de matriz
7. MECANISMOS funcional aplicado ao conhecimento do cres-
NEUROMUSCULARES E cimento craniofacial. Assim, aos processos
NUTRITIVOS neurotr6ficos de regulac;:ao e controle do
crescimento devem ser acrescidos os conheci-
o aparelho mastigador ou estomatognati- mentos de vascularizac;:ao dos diversos setores
co compreende os dentes com seus tecidos do aparelho mastigador.
suportes, as maxilas, a articular,:ao temporo- Qualquer terapeutica que vise corrigir os
mandibular, os musculos mastigadores, os la- disturbios morfofuncionais desse aparelho or-
gamco deve ser conduzida segundo os funda- Ignorar 0 mecanismo, a estatica e a dinami-
mentos anatomofisiol6gicos de todas as partes ca do aparelho mastigador e ignorar as causas
isoladas, mas que funcionam coletiva e interde- fundamentais da saude ou doen<;:a do homem.
pendentemente como uma unidade bio16gica. Nenhum ortodontista podera se desinteres-
Se os processos tecnicos de tratamento viola- sar dos efeitos resultantes das deficiencias do
rem quaisquer dos princfpios anatomofuncionais, aparelho mastigador, porque esses efeitos
se nao for respeitada a unidade biol6gica do apa- tern, desde 0 nascimento, repercussoes sobre
relho, 0 objetivo de restaurar a forma e a fun<;:ao o desenvolvimento morfofuncional de todo 0
da parte implicada certamente nao sera atingido. organismo.
I-CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO
Como vimos, crescimento significa aumento
E claro que nao podemos compreender os do volume, quer devido a multiplica<;:aocelular,
processos correlatos de crescimento e desenvol- quer devido ao aumento do volume celular. 0
vimento do cranio e da face, se nao nos repor-
tarmos aos conceitos basicos de crescimento e
desenvolvimento, que muitas e frequentes ve-
zes sao tornados num mesmo sentido. E preci-
so, como assevera Tood, diferencia-los, pois
que, enquanto 0 crescimento representa urn
aumento de volume permanente e irreversivel,
porem limitado, no tempo e no espa<;;o,em du-
ra<;;aoe grandeza, 0 desenvolvimento nada mais
e do que urn progredir no sentido da maturida-
de. Urn exemplo claro destes dois fenomenos
nos e dado pelo crescimento do cerebro que se
Fig. 2.1. Esquema mostrando que se a superficie absorvente da ce/ula
completa precocemente na vida p6s-natal; po- for insuficiente para as trocas metab6/icas, h6 a divisoo celular. V3
rem 0 desenvolvimento de suas fun<;;oespsiqui- volume celular crescendo com 0 cubo e 5' superficie celular crescendo
cas s6 e alcan<;;ado tardiamente. Contudo, a com 0 quadrado.
crescimento do todo e devido, em ultima analise, No crescimento intersticioaposicional os dois
ao crescimento das partes. Daf poderemos dizer processos anteriormente citados funcionam co-
que os tecidos crescem devido aos seguintes pro- ordenadamente como ocorre, por exemplo, nas
cessos: hiperplasia, hipertrofia e hipertrofoplasia. cartilagens, onde notamos crescimento aposicio-
nal as expensas do peric6ndrio e intersticial a
- Hiperplasia
custa de prolifera<;:aoe divisao celular dentro de
Proc~ssos de _ Hipertrofia
{ sua matriz. Este crescimento e, pois, diverso do
crescrmento _ Hipertrofoplasia
crescimento osseo, unicamente aposicional. Isto
porque, a medida que a matriz ossea vai sendo
A hiperplasia consiste no aumento do nume- elaborada pelos osteoblastos (celulas formado-
ro de celulas; a hipertrofia no aumento do tama- ras do osso) , estes vaGse enclausurando no inte-
nho da celula ou da massa de subs tan cia inter- rior do novo tecido ca1cificado, ficando impossi-
celular por ela produzida; f a hipertrofoplasia bilitados de se multiplicar.
na a<;:aoconjunta e coordenada dos dois proces- It de se notar que 0 tecido cartilagfneo, por
sos assinalados. Ainda com referencia ao cresci- ter a possibilidade de crescer aposicional e in-
mento dos tecidos e dos orgaos e necessario que tersticialmente, tern sua velocidade de cresci-
se fa<;:areferencia a tres outros processos: intersti- mento maior que a do tecido osseo, razao por
cial, aposicional e intersticioaposicional que ele situa-se nas areas denominadas de areas
de ajuste incremental.
-Intersticial
Proc~ssos de _Aposicional
crescrmento { _ Intersticioaposicional
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idade em anos
Fig. 2.3. Crescimento e Desenvolvimento Geral do Corpo. Gr6(Ico de Scammon relativo ao crescimento diferencial de distintos tecidos orgonicos,
denominados tip os.
o padrao geral engloba ossos, musculos e nio (face) ao padrao geral. A base do eramo,
visceras que crescem mantendo uma certa pro- pela sua complexidade, pode possuir fatores ge-
porcionalidade com 0 crescimento das dimen- neticos intrinsecos assim como urn padrao de
soes externas e massa corporea. crescimento semelhante ao esqueleto da face,
o padrao neural esta representado pelo ce- pelo menos em algumas de suas dimensoes.
rebro, medula espinhal, bulbos oculares, par-
te do ouvido interno e neurocranio, os quais
crescem muito rapidamente antes do nasci-
mento e durante os primeiros anos de vida. Se as celulas pudessem viver sem sofrer as
o padrao linfatico abrange timo, linfonodos, influencias ambientais, ou pelo menos em am-
tonsilas e tecidos linfoides do tubo digestivo. To- biente favor<lve1constante, a sua capacidade
das estas estruturas saG proeminentes no recem- multiplicativa seria inexaurivel e 0 crescimento
nascido, crescem rapidamente durante 0 periodo infinito. Com efeito, nas culturas in vitro, onde
da infancia e atingem 0 tamanho maximo urn se tern urn ambiente favoravelmente constante,
pouco antes da puberdade. 0 timo e as tonsilas, a multiplica<;,:aocelular e ilimitada. Varios tipos
apos a puberdade, entram em involw;,:ao. de tecidos tern sido mantidos em culturas por
No padrao genital os ovarios, testfculos, or- urn tempo muito maior que a dura<;,:aoda vida
gaos reprodutores acessorios e a genitalia exter- do individuo de onde foram retirados, conser-
na crescem lentamente durante a infancia e ra- vando a mesma velocidade inicial de multipli-
pidamente no periodo da puberdade. ca<;,:ao,
0 que equivale a dizer, produzindo enor-
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Fig. 2.4. A. CUfVasde velacidade maxima de crescimenta de interesse dinica, para mulheres, evidencianda as tres periados de acelera~ao do evento
(aproximadamente entre 6, 7 e /2 anos), segundo Woodside. B. Curvas de velocidade maxima de crescimento de interesse dinico, para homens,
evidenciando os tres periodos de acelera~ao do evento (aproximadamente 7, 9, /5 anos), segundo Woodside.
d) Adolescencia (que vai dos 10 aos 20 anos f) Decadencia (Aetas terminalis) - e a fase cata-
mais ou menos). Caracteriza-se por uma serie plastica, de energia decrescente, distinta em
de modifica~oes morfologico-funcionais e psi- velhice (ate os 80 anos) e senilidade (decrepi-
quicas, que dizem respeito nao so ao estabeleci- tude, senescencia ou longevidade). Ja na velhi-
mento do dimorfismo sexual, mas tambem da ce (e ainda mais na senilidade), acen tua-se a
constitui~ao individual. Este periodo pode ser diminui~ao da estatura, iniciada no periodo
dividido em varias fases: anterior e decorrente de encurvamento da co-
- pre-puberdade (proceritas secunda) - que se luna vertebral, do adelga~amento dos discos in-
estende dos 10 anos ate a puberdade. tervertebrais e de altera~oes nas junturas dos
- puberdade - caracterizada pelo inicio das membros inferiores. Diminui 0 peso corporeo
fun~oes sexuais e 0 aparecimento dos caracte- e 0 volume da maior parte das visceras, atingi-
res sexuais secundarios. Esta fase, que tern du- dos que sao por processos de esclerose e atro-
ra~ao muito variavel, inicia-se nas meninas com fia. 0 individuo torna-se emaciado e as modifi-
o aparecimento da menstrua~ao (menarca), ca~oes do seu tegumenta e da cabe~a configu-
que ocorre aos 13 anos ± 2. Para os meninos ram 0 facies senil.
nao existe urn criterio tao definido, mas consi- Todos os periodos e fases do ciclo da vida
dera-se que a puberdade se inicia aos 15 ± 2, humana se sucedem com ritmo e velocidades
tendo em vista a idade ossea correspondente a nao uniformes, intercalados por momentos cri-
das meninas por ocasiao da menarca. ticos, mas encadeados e coordenados de ma-
- pospuberdade (turgor tertius ou nubilida- neira a nao haver interrup~oes durante todo 0
de), que se estende da puberdade ate os 18 seu curso. Da fecunda~ao ao nascimento, da
anos na mulher e ate os 20 anos, no homem. 0 puberdade a maturidade e desta ate a morte
individuo que era adolescente e depois jovem (etapas que marcam 0 inicio, as fases criticas e
cresce em estatura, porem muito pouco (aos 15 o fim da vida), tudo e urn fluir continuo.
Periodo pre-natal ou vida uterino ovo ou germe
fase embrionaria
{ pas-embrionario
fose fetal
fetal propria mente dita
: noscimento I
fase neo-natol
Periodo pas-natal inf6ncia
{,",go< p,;mo; (",gccdo Icl6ccio:
meninice procerifas prima (pequeno puberdade)
turgor secundus
{""lldOd' ""cecj,
maturidade (virilidade) virilidade constante
virilidade decrescente
{ velhice
decadencia
senilidade
Fig. 2.6. Desenvolvimento do esque/eto cefalico, evidenciando os segmentos de origem cartilaginosa representados pelo septo nasal I, base do cronio
2 e cabec;a da mandibufa 3. as demais segmentos 6sseos se edi(Jcam em modele membranoso.
me1hor fase para a corre<;:aoortod6ntica e a re-
lacionada ao individuo jovem, uma vez que nes-
Nos ossos longos e nos demais de origem te a propria natureza favorece 0 tratamento face
cartilaginosa, a cartilagem epifisaria (ou de cres- a aposi<;:aoossea superar a reabsor<;:ao.
cimento) e responsavel pe10 aumento em cresci- Reconhecemos, basicamente, no mecanis-
mento do osso. Normalmente 0 desaparecimen- mo de crescimento, tres processos distintos: re-
to da cartilagem de crescimento em urn osso modelagem, deslizamento e deslocamento.
coincide com a parada de crescimento deste.
Atraves de RX da mao e punho podemos - Remodela<;:ao
ter indicativos precisos da idade ossea do indi- Mecanismo _ Deslizamento
{
viduo. 0 desaparecimento da cartilagem de de crescimento _ Deslocamento
crescimento dos ossos da mao, do radio e cubi-
to nos informa que 0 crescimento longitudinal
do individuo nao mais podera ocorrer. Em ou-
o osso nao cresce igualmente em toda sua
extensao pelo processo de aposi<;:ao e reab-
tras palavras, como 0 ortodontista trabalha
sor<;:ao.0 periosteo e 0 endosteo, por exem-
exaustivamente com 0 crescimento, convem
plo, podem apor osso em uma area externa
possuir elementos precisos sobre 0 padrao au-
ou interna e reabsorverem em outra area
xologico e matura<;:ao do paciente. 0 exame
contigua. Este fato permite que as diferentes
radiologico da mao e punho pode nos fornecer
pe<;:asesqueleticas mudem sua forma espacial
a idade esqueletal ou ossea precisa e nos orien-
a medida que crescem, ou sofram uma remo-
tar sobre 0 crescimento do individuo.
dela<;:ao.
o o"so parietal, por exemplo, apresenta-se
bastante pontiagudo nos jovens e tern seu as-
pecto remodelado a custa de aposi<;:oese reab-
o osso cresce por urn mecanismo de aposi- sor<;:oesdiferenciadas nas mesmas faces, como
<;:aoe reabsor<;:ao- aquele as expensas de celu-
se pode ver na figura a seguir (Fig. 2.7A e B).
las osteoblasticas e este a custa de celulas osteo-
clasticas. Em virtude das celulas formadoras do
o processo de aposi<;:ao em uma area os-
sea e reabsor<;:ao na area oposta produz urn
tecido osseo ficarem enclausuradas na matriz
movimento de deslizamento. 0 palato sofre
osteoide que se calcifica, e1as nao podem se
urn processo de deslizamento no sentido ver-
multiplicar. Dai a razao do osso crescer de ma-
tical face a reabsor<;:ao da lamina ossea ria su-
neira aposicional a custa do periosteo e do en-
perficie nasal e aposi<;:ao na superficie bucal
dosteo.
(Fig. 2.8). Finalmente, durante 0 crescimen-
Nas areas de forma<;:ao ossea cartilaginosa
to toda pe<;:aossea pode sofrer urn desloca-
ou endocondral (base do cranio, ossos que
mento espacial resultante da pressao ou tra-
apresentam articula<;:oes moveis como a man-
<;:aode diferentes ossos, tecidos moles cir-
dibula, ossos da mao e do punho) 0 osso nao
cunvizinhos ou aparelhos ortopedicos espe-
e formado, como ja vimos, diretamente da
cializados (Fig. 2.9 A e B).
cartilagem, mas sim ele a invade substituin-
do-a. Todavia a cartilagem cresce intersticial
e aposicionalmente com uma velocidade de
crescimento e ajuste maior que 0 crescimen-
to periostal, que e de natureza intramembra-
nosa ou simplesmente membranosa ..Quando
cessa 0 crescimento periostal ou desaparece a
cartilagem de crescimento existente nos os-
sos de origem cartilaginosa, cessa 0 cresci-
mento osseo.
o mecanismo de crescimento e ativo nos jo-
vens, ou seja, nestes ha maior aposi<;:aoossea que
reabsor<;:ao, razao pe1a qual 0 individuo muda
suas dimensoes. No adulto ha urn equilIbrio en-
Fig. 2.7 A. Retifiea,ao da curvatura do 0550 parietal a custa de aposi,ao
tre os processos de aposi<;:aoe reabsor<;:aoossea e reabsor,ao ossea (+) aposi,ao (-) reabsor,ao. Ern A, vernos urn corte
(turnover) e no velho a reabsor<;:ao e maior que frontal deste osso e ern B, aspecto frontal de urn cranio jovern e 0 de
a aposi<;:ao(osteoporose). Entende-se pois que a urn adulto.
Fig. 2.8. Processo de deslizamento do palato no sentido vertical, face
ci reabsorc;iio da liJmina ossea na superficie nasal (-) e aposic;iio (+) na
superficie bucal.
/-:--. \
Fig. 2.9 A. Deslocamento espacial do maxi/ar resultante da pressiio au trac;iio de tec;dos moles c;rcunv;z;nhos (inspirado em Enlow). B. Centro de
res;stencia do maxi/ar I, em tomo do qual 0 osso podero g;rar quando aplicado sobre ele uma forc;a ortopedica ou ortodontica (direc;iio da flecha).
ORTODONTIA· DIAGNOSTICO E PLANEJAMENTO cLlNlco
6 -CRESCIMENTO • tuber
DO ESQUELETO FACIAL ·processo alveolar
·regiao da espinha nasal
o crescimento dos ossos componentes do es- anterior
queleto facial e extremamente complexo, nao ape- - areas de aposi~ao ·suturas - frontomaxilar
nas devido aos fatores que 0 controlam e modifi- - zigomaticomaxilar
cam, como tambem peia concomitincia dos me- - pterigopalatina
canismos que envolvem este processo. De fato, as .superficie bucal do palato
intrincadas combinac;6es de deslizamento, deslo-
camento e remodelac;ao ossea dificultam 0 enten- ·porc;ao nasal do processo
dimento e a interpretac;ao do padrao de cresci- palatino do maxilar
mento de cada pec;aesqueletica em particular e do - areas de reabsor~ao .superficie vestibular da
todo em conjunto. As simplificac;6esque faremos a maxila anterior ao
seguir tem apenas um carater didatico, devendo 0 processo zigomatico
estudioso que quiser se aprofundar neste cativante .regiao do seio maxilar
tema procurar as obras especializadas no assunto.
+
+ +
+ +
1 + +
+ 5 + 3
+
+ + +
Fig. 2.11. Corte frontal da regiao do maxilar englobando as cavidades
orbital I, nasal 2, sinusal 3, palato osseo 4 e processo alveolar 5, para
mostror as areas de aposi,ao (+) e reabsor,ao (-) osseas. 0 seio maxilar
Fig. 2.10. Principaisareas de aposi,ao e reabsor,ao ossea no maxi/ar: esta representado em sua totalidade como area de reabsor,ao, em
I tuber, 2 processo alveolar, 3 espinha nasal anterior, 4 suturo virtude desta cavidade paranasal formar-se tardiamente quando do
frontomaxilar e 5 seio maxilar. crescimento osseo.
origem cartilaginosa, influi naquela (maxila), gem de Meckel, componente cartilagineo do
que tern origem membranosa. Alem disso, primeiro arco branquial. Com 0 passar do tem-
tudo faz crer que 0 septo nasal cartilagineo po esta cartilagem regride e desaparece, com
serve de orientador no crescimento para bai- excec;:aode duas pequenas porc;:oes na suas ex-
xo e para diante do complexo maxilar. Face tremidades dorsais, as quais formarao os ossos
ao dominio dos ossos de origem cartilaginosa bigorna e martelo (Fig. 2.13). Secundariamen-
sobre os de origem membranosa, 0 cresci- te, na regiao do candido, ap6fise coron6ide e
mento em largura da maxila termina preco- provavelmente tambem angulo mandibular,
cemente seguindo a curva do crescimento forma-se tecido cartilaginoso cuja ossifica<;ao
neural da base do cranio. Este fato contrasta, exercera importante papel no crescimento
segundo Graber, com 0 crescimento do maxi- mandibular. Portanto, a prolifera<;ao do tecido
lar para baixo e para diante que segue a cur- cartilagineo da cabe<;a da mandibula (cresci-
va geral de crescimento. E preciso esclarecer- mento do tipo cartilagineo), a aposi<;ao e reab-
mos aqui que a maxila tern uIJ.ltrajeto predo- sor<;ao superficial no corpo e ramo ascendente
minante de crescimento para tras e para (crescimento do tipo membranoso) se consti-
cima, porem seu deslizamento se faz para a tuem no complexo mecanismo de crescimento
frente e para baixo. deste osso.
o esquema que se segue mostra 0 cresci-
mento real da maxila e arco zigomatico em di-
re<;ao posterior, como indicam as flechas, mas
com uma resultante de deslizamento anterior
(Fig. 2.12).
Este aumento intenso e continuo de osso na
regiao do tuber maxilar, durante a fase de cres-
cimento, e que permitira aos dentes molares
permanentes obterem espa<;o para a erup<;ao.
o crescimento do processo alveolar se faz
em fun<;ao das diferentes pe<;asdentais que alo-
ja; podemos mesmo dizer que ele nasce, vive e
desaparece com os dentes.
++ ++
+ +
++
+
+ + +
+
+ -+
·condilo
• borda posterior do
ramo ascendente
.processo alveolar Como ja pontificamos, a base do cranio, a
•borda inferior do corpo cabe<;:ada mandfbula e 0 septo nasal sao areas
·chanfradura sigmoide de crescimento dito endocondral ou cartilagi-
·processo coronoide noso; a abobada craniana e a face, membrano-
·mento sa ou intramembranosa. Na base do cranio ha
principalmente urn crescimento no sentido an-
teroposterior as expensas das sindocondroses
esfenoccipital, esfenoetmoidal, interesfenoidal
·borda anterior do e intra-occipital. A primeira delas se man tern
ativa ate por volta dos 21 anos de vida sendo
Areas de reabsor~ao ram.~ ascendente
{ • reglao supramen- sua oblitera<;:ao mais precoce na mulher .
toniana (ponto B) Moyers afirma que 0 crescimento da base cra-
niana tern efeito direto no posicionamento es-
It evidente urn crescimento osseo periostal pacial da parte media da face e mandfbula
(aposi<;:aoe reabsor<;:ao) nas superficies deste (Figs. 2.17 e 2.18).
osso, remodelando-o e provocando os movi- A abobada craniana tern seu crescimento
mentos de deslizamento e deslocamento. Na osseo calcado em modelo membranoso, sendo
mandfbula ocorre, a semelhan<;:ado que assisti- na opiniao de Moss urn crescimento secunda-
mos para 0 maxilar, intenso crescimento na rio e de adapta<;:ao ao aumento do cerebro
borda posterior do ramo ascendente, fato que (Fig. 2.19).
Fig. 2./6. Em A, vista oc/usal da mandibula em crescimento, que na realidade se faz em dire,i'io posterior, como indicam as f1echas, mas com uma
resultante de deslizamento onterior R. A aposi,i'io (+) ossea na borda posterior do ramo ascendente e a reabsor,i'io na borda anterior (-), promove
espa,o para a erup,i'io dos molares permanentes, como se vi! em B.
Fig. 2./7. Base do cranio, de origem cartilaginosa, mostrando os ossos Fig. 2./8. Conexiies da parte media M e inferior I da face com a base
frontal J, etmoide 2, esfenoide 3, temporal 4 e occipital 5. do cranio B, evidenciando a influi!ncia desta no posicionamento espacial
daquelas.
Fig. 2.19. Cranio de recem-nascido em vista lateral. Note os fonticulos ou fontanelas da regiao cef<ilica (cor escura) que representam os espa,os entre
os ossos da regiao, os quais se originam em modelo membranoso.
7 - TENDENCIAS
DO CRESCIMENTO FACIAL
_______ Popel principal bem definido A base do cranio, edificada em modelo carti-
Popel secund6rio menos rigido laginoso, e controlada principalmente por fato-
Menor influencia posslvel res geneticos intrinsecos e influi no posiciona-
mento espacial do complexo nasomaxilar que se
move para cima e para diante, durante 0 cresci- que a a\=ao das for\=as de pressao e de tensao
mento, devido a inclina\=ao do soalho cranial. sobre ossos de origem cartilaginosa tern pouco
A mandiliula, por sua vez, dado 0 cresci- ou nenhum efeito, enquanto sobre os de ori-
mento cartilagfneo condilar, tern como resulta- gem membranosa atuam de forma imediata.
do urn movimento de deslocamento orientado Outro fator que devemos levar em conta
com dire\=ao para baixo e para a frente. Esta nas aplica\=oes clfnicas aqui enumeradas diz res-
dire<;ao divergente favorece 0 aumento vertical peito a dire\=ao de crescimento do complexo
da face, permitindo a erup\=ao dental e a cor- facial, cujo padrao "normal" tern sentido veto-
respondente forma\=ao do osso alveolar. rial dirigido anterior e inferiormente. Todavia
Hellman afirma que 0 crescimento termina seus componentes podem crescer com diversos
primeiro no cranio, a seguir na largura da face, ritmos e em diferentes tempos, predominando
logo na profundidade e finalmente na altura. uma ou outra dire\=ao espacial. Recursos clfni-
Por isso existe pouca ou nenhuma mudan\=a na cos base ados em aparatologia ortodontica intra
largura do arco dental, na regiao anterior aos ou extrabucal, bem como aparelhos ortopedi-
primeiros molares permanentes, apos 0 quinto cos funcionais, podem mudar 0 vetor de cresci-
ou sexto ana de vida. Esta e a razao da manu- mento, harmonizando as estruturas faciais.
ten\=ao da distancia intercaninos nos tratamen- Necessario, pois, se torna, atraves de acurada
tos ortodonticos, a fim de se evitar, por movi- analise cefalometrica, pesquisarmos as tenden-
mentos expansionistas, recidivas indesejaveis. cias de crescimento dos ossos maxila e mandfbu-
Esta distancia se estabiliza no arco inferior, em la para que possamos executar urn correto pla-
ambos os sexos, entre 9 e 10 anos, sendo que nejamento ortodontico. Dados colhidos nas te-
na maxila, aos 12 anos nas meninas e 18 anos lerradiografias poderao nos orientar sobre 0 ve-
nos meninos. Este fato serve, no dizer de Gra- tor de crescimento do complexo facial. Assim
ber, de "valvula de seguran\=a" quando do cres- sendo, quando estas evidenciarem urn predomf-
cimento para diante do corpo mandibular que nio da dire\=ao de crescimento no sentido hori-
nao e acompanhado de mudan<;as horizontais zontal, traduzido pelo angulo FMA, eixo Y de
na maxila. crescimento e pIanos horizontais cefalometricos,
o apinhamento dos incisivos inferiores, pos- o prognostico de tratamento clfnico sera favora-
terior ao tratamento ortodontico, tern sido atri- vel. 0 contrario teremos quando a dire\=aogeral
buido a urn crescimento mandibular tardio no do crescimento tender a vertical. Iniimeros tra-
sentido anterior, apos ter cessado 0 aumento balhos tern demonstrado a possibilidade de rea-
da maxila. lizarmos mudan\=as vetoriais nos ossos maxila e
Vimos em paragrafos anteriores que 0 con- mandiliula em crescimento. Todavia os autores
trole do crescimento dos ossos componentes sao unanimes em afirmar que sao infundadas as
do esqueleto craniofacial depende de fatores afirma<;oes referentes a possibilidade de se esti-
genHicos intrinsecos, epigenHicos locais e ge- mular ou inibir 0 crescimento osseo. Muitas ve-
rais, bem como de fatores ambientais locais e zes, na clfnica, encontramos sobremordidas es-
gerais. Acenamos, outrossim, para 0 fato da face queleticas que criam influencia restritiva sobre 0
ser urn conjunto de areas funcionais indepen- comprimento do arco inferior. Nestes casos pla-
dentes constitufdas por partes osseas que delimi- cas de mordida sao utilizadas para aliviarmos 0
tam espa\=os ocupados por tecidos moles, os crescimento mandibular travado no sentido an-
quais se relacionam a fun\=oes varias: fona<;ao, teroposterior. Predi\=oes de crescimento obtidas,
mastiga<;ao, olfaro, ete. (matrizes funcionais). entre outras tecnicas, por superposi\=oes de te-
Como a grande maioria dos ossos do esque- lerradiografias, nos orientarao sobre 0 perfil fi-
leto craniofacial adquire posi\=oes espaciais nal do paciente e 0 tipo de aparelho mais ade-
conseqiientes ao crescimento da sua matriz quado ao caso.
funcional (vide diagramas de Van Limborgh e Ao trabalhar freqiientemente com pacientes
Moyers) e de se esperar que altera\=oes nas fun- em fase de crescimento, 0 ortodontista, para
\=oes de fala, degluti<;ao, ete. possam alterar 0 obten<;ao de melhores resultados cHnicos, con-
normal crescimento das areas osseas vizinhas. vem possuir grande quantidade de dados sobre
Daf a importancia que a inter-rela\=ao ortodon- o padrao de crescimento e 0 grau de matura-
tia-fonoaudiologia tern assumido atualmente \=ao esqueletica. As radiografias de mao e pu-
em muitos tratamentos clfnicos. nho fornecem valiosas informa\=oes ao profis-
As investiga\=oes de Hinrichsen e Storey sao sional na programa\=ao do tratamento que in-
.de indubitavel importancia clinica. Evidenciam clui 0 crescimento como fator preponderante .
Obviamente 0 maior eXIto na corre<;ao sera meninas param de crescer mais precocemente
obtido antes e durante a puberdade que sao os que os meninos, 0 que influi, decisivamente,
periodos de maior incremento auxo16gico. no planejamento do tratamento.
Como ja ponderamos, e
preciso lembrar que as
DA DENTI<;AO
As modifica<;:oes que sofrem os dentes desde
o inicio da forma<;:ao ate a sua erup<;:ao e oclu-
sao nos arc os dentais estao intimamente rela-
cionadas a edifica<;:aoe crescimento da face. A
organiza<;:ao desta esta, por sua vez, associada a
hist6ria dos arcos branquiais, como vimos no Fig. 3.2. Representa,oo esquem6tica de duas fases da forma,ao da
capitulo de Fundamentos Biol6gicos Basicos raiz e da coraa dental. 4 - esmalte; 5 - dentina; 6 - cavidade pulpar. As
em Ortodontia. setas indicam a dire,ao do pregueamento da bainha de Hertwig,
E importante salientarmos que 0 6rgao do responscivel pelo mode/amento da raiz (imitado de Pagano).
7 9 10 15 16 17 1.(, 20 25 28 32 36 39
7 9 10 15 16 17 i.l. 20 25 28 32 36 39
7 9 10 15 16 18 1° m. 26 27 32 36 39 39
7 9 10 15 16 18 2° m, 26 27 32 36 39 39
7 9 10 15 16 17 (,
20 25 28 32 36 39
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5 an os
(± 9 meses)
I ana
(± 3 meses)
6 an os
(± 9 meses)
18 meses
(± 3 meses)
PRIMEIRA INFANCIA
(PRE-ESCOLAR)
Desenvolvimento da dentir;oo humana desde os seus prim6rdios intra-uterino, ate a fase adulta. Notam-se as diferentes fases de calci(Jcar;oo e erupr;oo
dos dentes decidu os (em azul) e permanentes (em amarelo). (Segundo Schour e Massier, in Wheeler).
II anos
7 anos
(± 9 meses)
(± 9 meses)
12 anos
(± 6 meses)
8 an os
(± 9 meses)
15 anos
(± 6 meses)
9 anos
(± 9 meses)
10 anos
(± 9 meses)
Desenvolvimento da denti~ao humana desde os seus prim6rdios intra-uterino, ate a fase adulta. Notam-se as diferentes fases de calcifica~ao e erup~ao
dos dentes decidu os (em azul) e permanentes (em amare/o). (Segundo Schour e Massier, in Wheeler).
Nos dentes permanentes 0 apice se comple- Entre tres e seis anos, 0 desenvolvimento
ta dois a tres anos apos seu aparecimento na dos dentes permanentes no interior dos re-
cavidade bucal. bordos alveolares esta se processando em rit-
A reabson;:ao das raizes dos dentes tempo- mo acelerado. Dos cinco aos seis anos, epoca
rarios da-se, em media, entre do is e meio e em que os incisivos temporarios sao substitui-
tres an os apos ter completado seu desenvolvi- dos e os primeiros molares permanentes estao
mento. prestes a irromper, existe, nos maxilares, maior
A formac;:ao definitiva dos dentes deciduos numero de dentes que em qualquer outra
ocorre aproximadamente entre seis meses e epoca.
urn ana apos a erupc;:ao. Dos seis aos dez anos, tanto os quatro pri-
Os Quadros 3.IV e 3.V, que se seguem, re- meiros molares permanentes quanto os oito
sumem a cronologia da erupc;:ao e calcificac;:ao incisivos tern sua erupc;:ao completa e entram
dos dentes deciduos e permanentes. em oclusao. Entre dez e doze an os a dentic;:ao
Examinando-se estes quadros, nota-se que mista da lugar a permanente. Os caninos e
o primeiro dente a irromper e 0 incisivo cen- molares deciduos dao lugar aos sucessores
tral inferior deciduo entre seis meses e meio e permanentes.
sete meses. Aos dois anos e meio, aproximada- Aos 13 anos, em media, todos os dentes per-
mente, a dentic;:ao temporaria esta completa e manentes ja irromperam, exceto 0 terceiro
em pIe no funcionamento. Aos tres anos as rai- molar, para 0 qual nao e possivel estabelecer
zes de todos os dentes temporarios ja se uma idade determinada para sua aparic;:ao na
acham completadas. cavidade bucal.
QUADRO 3.1V
QUADRO DEMONSTRATIVO DE CRONOLOGIA DA CALCIFICA~AO, ERUP~AO E COMPLETA~AO DOS DENTES
DEciDU OS (DE LOGAN E KRONFELD MODIFICADO POR SCHOUR)
Entretanto, a cronologia e sequencia de erup- tores que trataram do assunto, como mostram os
<;ao e diferentemente avaliada pelos diversos au- Quadros 3.VI e 3.VII.
QUADRO 3.VI
CRONOLOGIA DE ERUPc;:Ao (EM MESES) DOS DENTES DECiDU OS, SEGUNDO VARIOS AUTORES
ics. 10 9 a 12 10 7 a 10 6 a 12
ils. 16 9 a 12 12 8 a 16 6 a 12
iii, 20 9 a 12 14 10 a 18 6 a 12
1° mi. 24 9 a 12 16 22 a 24 12 a 15
/0 ms. 26 9 a 12 18 24 a 26 12 a 15
ci. 26 9 a 12 20 24 a 26 12 a 15
cs. 30 a 33 18* 22 30 a 34 15 a 22
2° mi. 28 24** 24 30 a 34 15 a 22
2° ms. 30 24** 26 22 a 36 20 a 26
QUADRO 3.V" 2 -
calcificac;:aoinicial
CRONOLOGIA DE ERUP~AO (EM ANOS) DOS DENTES 3 -
um terc;:oda coraa completa
PERMANENTES, SEGUNDO DIVERSOS AUTORES.
4 -
dois terc;:osda coraa completa
5 -
coraa praticamente completa
0ente Sappey Bouchut Magitot
6 -
coraa completa
ICI. 6a8 6a8 7 7 -
coraa completa mais um terc;:oda raiz for-
ICS. 7a8 7a9 7 mada
8 - coraa completa mais dois terc;:os da raiz
ILS. e ILL 8a9 7a9 81/2
formada
1° PI 9 a 10 9 a 10 9 a 12 9 - coroa completa e a raiz praticamente com-
1° PS. pleta porem com 0 apice ainda aberto
2° PI 12 a 13 10 a II II 10 - dente totalmente formado com apice radi-
2° PS. cular completo.
CS. 10 a II II a 12 II a 12
CI. Podemos depreender dos esquemas de Nol-
la que, no estagio 2 ha 0 inicio de calcificac;:ao
da coraa; no 6, estando a coraa completa, ha
ruptura da cripta iniciando-se 0 periodo de
De um modo muito geral, podemos dizer erupc;:ao prapriamente dita; no estagio 8 a
que a sequencia eruptiva dos dentes deciduos e maioria dos dentes perfura a crista alveolar,
a seguinte: apresentando-se 0 dente com aproximadamen-
- incisivo central inferior -+ incisivo central te 2/3 da raiz formada. 0 conhecimento dos
superior -+ incisivo lateral superior -+ incisivo estagios de desenvolvimento de Nolla saD de
lateral inferior -+ primeiras molares -+ caninos grande valia clinica, pois podemos acelerar ou
-+ segundos molares.
retardar 0 processo de erupc;:ao d6s dentes per-
Em geral os dentes inferiores antecedem os manentes mediante a extrac;:ao de seus anteces-
superiores, na cranologia de erupc;:ao. sores deciduos, na epoca adequada.
Para os dentes permanentes, a ordem de Para pracedermos a analise do desenvolvi-
erupc;:ao e a seguinte: mento de um dente em particular, confranta-
- primeiras molares -+ incisivo central e lateral mos a radiografia do paciente com os esque-
inferiores -+ incisivo central superior -+ incisivo mas das Figs. 3.3 (dentes superiores) e 3.4
lateral superior -+ canino inferior -+ primeira (dentes inferiores). Exemplificando, se 2/3 da
premolar -+ segundo premolar -+ canino supe- cora a dental estao completos, a observac;:ao re-
rior -+ segundo molar -+ terceiro molar. cebe 0 valor 4 no estagio de desenvolvimento
de NolIa.
Para Issao e Guedes Pinto, a mais favoravel se- Se 2/3 da raiz estao formados, 0 est<igioe 8,0.
quencia de erupc;:aodos dentes permanentes seria: Caso a observac;:aoradiogcifica situe-se entre dois
est<igiose dada a esta 0 valor 0,5. Exemplo: se 0
est<igiode desenvolvimento tem aspecto interme-
diano entre 1/3 e 2/3 da raiz completa, 0 est<igio
Sob aspecto clinico, a pesquisa de olIa, efe- e 7,5. Podemos, inclusive, representar urn deter-
tuada em dentes permanentes atraves de radio- minado est<igio com 0 valor 6,2, por exemplo.
grafias, nos dao uma avaliac;:aodos est<igiosme- Isto significa que a cora a est<i completa e uma
dios de calcificac;:aodos mesmos individualmen- pequena parte da raiz ja se calcificou, mas nao
te. Os 10 est<igiosde desenvolvimento de NolIa, tanto para receber 0 valor 0,5. Assim como pode-
como saD conhecidos, estao representados no riamos usar 0 valor 6,7 para urn grau de desenvol-
esquema que se segue, para os dentes superiores vimento intermediario entre 6,5 e 7,0.
Fig. 3.3 e inferiores Fig. 3.4 (ver paginas 68 e Segundo Nolla, 0 estagio medio de calcifica-
69) e compreendem: c;ao dos dentes em diferentes idades pode de-
°- ausencia de cripta
1 - presenc;:a de cripta
terminar um in dice mais preciso da idade den-
tal do que a erupc;ao dos mesmos, como se de-
preende das Tabelas 3.1 e 3.2.
Estagio I presenc;:a de cripta
~E3'
Estagio 2 calcificac;:ao inicial da coroa
Estagio 3
~ ~ ~ ~ 1/3 da coroa completa
Estagio 4
8' E? e EJ 2/3 da coroa completa
Estagio 7
8 B B [j 1/3 da raiz completa
Estagio 8
Fig. 3,3. Esquema dos dez estogios de desenvolvimento de Nolla, para comparar;i5es radiogro(lcas. Compreendem desde 0 aparecimento do cripta
osseo ate a comp/eta calci(lcar;Qodo coraa e raiz. Do direita para a esquerda, a primeira coluna representa 0 grupo de dentes superiores incisivos;
a segundo, caninos; a terceira, premo/ares e a quarto, moJores.
Q
o a 0 0
o 0 Q \J
8 9 Q Q
@ BB B
raiz praticamente completa mas
com apice aberto
Fig. 3.4. Representa,ao esquematica dos dez estc'Jgiasde desenvolvimento de Nolla, para os dentes interiores, com seqUencia identica cl dos dentes
superiores.
TABELA 3.1
ESTAGIO MEDIO DE CALCIFICA<;:AO DOS DENTES PERMANENTES, EM DIFERENTES IDADES,
PARA INDIViDUOS DO SEXO FEMININO, SEGUNDO NOLLA.
TABELA 3.2
ESTAGIO MEDIO DE CALCIFICA<;:AO DOS DENTES PERMANENTES, EM DIFERENTES IDADES,
PARA INDIViDUOS DO SEXO MASCULlNO, SEGUNDO NOLLA.
Fig. 4.2 - Aspeeto dos dentes incisivos permanentes vistos por uma Fig. 4.3 - Aspeeto dos dentes permanentes, vistos por uma de suas
de suas (aces proximais, mostrando em I, 0 trespasse horizontal (aces proximais, quando em oclusiio central.
(dist8ncia entre as duas linhas verticais) e 0 trespasse vertical (dist8ncia
entre as duas linhas pontilhadas horizontais), numa oclusiio central do
tipo enarmose. Em 2, esta representada uma oclusiio topo a topo, onde
os valores de ambos os trespasses siio nu{os. Em 3, mostra-se uma
oclusiio do tipo e(armose, onde os valores correspondentes aos trespasses
horizontal e vertical siio determinados do mesmo modo que em I,
pOrf!m com sinais negativos.
Fig. 4.4 - Trespasse horizontal (overjet) e trespasse vertical (overbite
ou sobremordida) em modelos de gesso A,B, C e D. Em Enota-segrande
trespasse horizontal, em paciente.
Fig. 4.6 - Rela,oes de cantata entre as dentes superiares e inferiares, em aclusaa central. As Iinhas mastram as areas em que a panta das cuspides
descansam nas dentes antaganistas. As ffechas representam a dire,aa da trajetoria cuspidea durante as mavimentas mandibulares. (Esquema baseada
. em Schuyler, segunda Passelt).
vestibular do incisivo lateral inferior oclui com - 0 suIco mesiovestibular do primeiro
a pon;:ao mesial do ten;:o incisal da face palati- molar inferior oclui com os pIanos inclinados
na do incisivo lateral superior; oclusais da cusp ide mesiovestibular do pri-
- a pon;:ao mesial do ten;:o incisal da face meiro molar superior;
vestibular do canino inferior oclui com a por- - a fossula central do primeiro molar in-
<;:aodistal do ter<;:oincisal da face palatina do ferior oclui com a ponta da cuspide palatina
incisivo lateral superior; mesial do primeiro molar superior;
- a por<;:aodistal do ter<;:oincisal da face - 0 apice da cuspide vestibulocentral do
vestibular do canino inferior oclui com a por- primeiro molar inferior oclui com a fossula
<;:aomesial do ter<;:oincisal da face palatina central do primeiro molar superior;
do canino superior; - os pIanos inclinados oclusais da cuspi-
- 0 plano inclinado vestibulomesial da de distolingual do primeiro molar inferior
cuspide vestibular do primeiro premolar infe- ocluem com 0 suIco palatino do primeiro
rior oclui com a por<;:aodistal do ter<;:oincisal molar superior;
da face palatina do canino superior; - a ameia vestibular entre 0 primeiro e
- os pIanos cuspfdeos da cuspide lingual segundo molar inferior oclui com os pIanos
do primeiro premolar inferior ocluem com a inclinados oclusais da cuspide vestibular do
ameia palatina entre 0 canino e 0 primeiro primeiro molar superior;
premolar superior; -. a ameia lingual entre 0 primeiro e se-
- a ponta da cuspide vestibular do pri- gundo molar inferior oclui com os pIanos in-
meiro premolar inferior oclui com a fossula clinados oclusais da cuspide distopalatina do
mesial do primeiro premolar superior; primeiro molar superior;
- a fossula distal do primeiro premolar - a fossula mesial do segundo molar infe-
inferior oclui com a ponta da cuspide palati- rior oclui com a ponta da cuspide distopalati-
na do primeiro premolar superior; na do primeiro molar superior;
- as ameias vestibular e lingual entre 0 - 0 apice da cusp ide mesiovestibular do
primeiro e segundo premolar inferior ocluem segundo molar inferior oclui com a fossula
com os pIanos inclinados oclusais das cusp ides distal do primeiro molar superior;
vestibulares e palatinas do primeiro premolar - os pIanos inclinados oclusais das cus-
superior; pides mesiovestibular e mesiolingual do se-
- 0 apice da cuspide vestibular do segun- gundo molar inferior ocluem com a ameia
do premolar inferior oclui com a fossula dis- palatina entre 0 primeiro e 0 segundo molar
tal do primeiro premolar superior; superior;
- os pIanos inclinados oclusais das cuspi- - 0 suIco vestibulo do segundo molar infe-
des vestibulares e palatinas do segundo premo- rior oclui com os pIanos inclinados oclusais da
lar inferior ocluem com a ameia palatina entre cuspide mesiovestibular do segundo molar su-
o primeiro e segundo premolar superior; perior;
- a fossula distal do segundo premolar - a fossula central do segundo molar infe-
inferior oclui com a ponta da cuspide palati- rior oclui com a ponta da cuspide mesiopalati-
na do segundo premolar superior; na do segundo molar superior;
- a ameia vestibular entre 0 segundo pre- - 0 apice da cusp ide distovestibular do se-
molar e 0 primeiro molar inferior oclui com gundo molar inferior oclui com a fossula cen-
os pIanos inclinados oclusais da cuspide vesti- tral do segundo molar superior;
bular do segundo premolar superior; - os pIanos inclinados oclusais da cuspide
- a ponta da cuspide mesiovestibular do distolingual do segundo molar inferior ocluem
primeiro molar inferior oclui com a fossula com 0 suIco oclusopalatino do segundo molar
distal do segundo premolar superior; superior;
- os pIanos inclinados oclusais da cusp ide - a ameia vestibular entre 0 segundo e
mesiovestibular do primeiro molar inferior terceiro molar inferior oclui com os pIanos in-
ocluem com a ameia palatina entre 0 segundo clinados oclusais da cuspide distovestibular do
premolar e 0 primeiro molar superior; segundo molar superior;
- os pIanos inclinados oclusais da cusp i- - a ameia lingual entre 0 segundo e ter-
de mesiolingual do primeiro molar inferior ceiro molar inferior oclui com 0 apice da
ocluem com a ameia palatina entre 0 segun- cuspide distopalatina do segundo molar su-
do premolar e 0 primeiro molar superior; perior;
- a f6ssula oclusal mesial do terceiro molar tia), 0 arco dental inferior est<!em uma posi<;:ao
inferior oclui com 0 apice da cuspide distopala- distal em rela<;:aoao superior, como reflexo da
tina do segundo molar superior; rela<;:aoentre os primeiros molares.
- 0 apice da cuspide mesiovestibular do - Nas mas oclusoes de classe III (proge-
terceiro molar inferior oclui com a f6ssula nia), 0 primeiro molar inferior, em oclusao,
oclusal distal do segundo molar superior; esta mesialmente colocado em rela<;:aoao pri-
- os pIanos inclinados oclusais das cuspi- meiro molar superior (Fig. 4.7).
des mesiovestibular e mesiolingual do terceiro
molar inferior ocluem com a ameia palatina
entre 0 segundo e terceiro molar superior;
- 0 suko vestibular do terceiro molar inferior
oclui com os pIanos inclinados oclusais da cuspi-
de mesiovestibular do terceiro molar superior;
- a f6ssula central do terceiro molar inferior
oclui com 0 apice da cuspide mesiopalatina do
terceiro molar superior;
- 0 apice da cuspide distovestibular do ter- Fig. 4.7 - Desenho esquematico das rela~i5es entre 0 10 molar
ceiro molar inferior oclui com a f6ssula central superior e inferior em oclusoo central. A dire ita estas rela~i5es soo
normais (c1asse I de Angle); no centro ha distaliza~oo do molar inferior
do terceiro molar superior;
(c1asse If de Angle); e cJesquerda este dente fica mesialmente colocado
- os pIanos inclinados oclusais da cuspide em rela~oo ao superior (c1asse /1/ de Angle).
distovestibular do terceiro molar inferior ocluem M = mesial, D = distal
com a f6ssula distocentral do terceiro molar
superior; Atualmente nao se admite como fixa e
- os pIanos inclinados oclusais da cuspide inviolavel a lela<;:aoentre os primeiros molares,
distolingual do terceiro molar inferior ocluem como foi asseverado pOl' Angle. Estudos cefa-
com 0 suko oclusopalatino do terceiro molar lometricos (radiograficos) tern demonstrado
superior; varia<;:oesconsideraveis nas correla<;:oes de to-
- as faces distais dos terceiros molares supe- das as estruturas craniofaciais. porem a classifi-
riores e inferiores terminam no mesmo plano. ca<;:aode Angle ainda presta uteis servi<;:osa Or-
Em virtude do molar dos seis anos ser 0 pri- todontia, ao descrever as rela<;:oesanteroposte-
meiro dente permanente a se formal' e irrom- riores dos arcos superior e inferior, 0 que co-
per, e porque "se constitui num ponto de refe- mumente reflete as posi<;:oesdos maxilares.
rencia notavelmente estavel no que diz respeito
a anatomia craniofacial", ele foi considerado 3 - OCLUSAO CENTRAL
pOI' Angle como a "chave da oclusao". NA DENTADURA DECIDUA
Numa oclusao central normal, a cuspide
mesiovestibular do primeiro molar superior Os dentes temporarios dispoem-se do mes-
deve ocluir com 0 suko vestibular do primeiro mo modo que os permanentes, em arco, sendo
molar inferior. que 0 superior ultrapassa vestibularmente 0 in-
Deveser assinalado que os pIanos cuspideos ferior (psalidodontia). No conceito de Tomes e
oclusais situam-se na face oclusal propriamente de Ziebinsky, os dentes de leite estao dispostos
dita, enquanto os vestibulares ou linguais per- perpendicularmente, pois os arcos descritos
ten cern as faces oclusais funcionais. pOl' suas coroas saG mais ou menos semelhan-
Angle, baseado nesta "chave de oclusao", tes aos descritos pelas rafzes.
classificou as anomalias de oclusoes dentais Os incisivos e caninos superiores decfduos
(ma oclusao) em tres classes: tendo uma dimensao mesiodistal maio I' do que
- ma oclusao de classe I (neutroclusoes); ados inferiores, colocam os caninos superiores
- ma oclusao de classe II (distoclusoes) e distalmente com respeito aos inferiores. Apesar
- ma oclusao de cJasse III (mesioclusoes). disso, a face distal dos segundos molares termi-
- Nas mas oclusoes de classe I, as rela<;:oes na em urn mesmo plano vertical, devido as di-
entre os primeiros molares saG normais, porem mensoes mesiodistais dos molares inferiores se-
podem existir tor<;:oes,apinhamentos de dentes rem maiores que as de seus hom610gos supe-
anteriores etc., conferindo ao individuo urn as- riores. Este fato determina que 0 primeiro
pecto estetico desagradavel. molar permanente, ao irromper, tome conta-
- Nas mas oclusoes de classe II (progna- to com uma rela<;:aocuspide com cuspide, uma
vez que saD guiados pelo plano das faces distais - a metade mesial do canino inferior oclui
dos segundos molares deciduos (Fig. 4.8). com a metade distal do incisivo lateral superior;
o contato correto entre os primeiros mola- - a metade distal do canino inferior oclui
res superiores (chave de oclusao) so se dara em com a metade mesial do canino superior;
razao do deslizamento dos pIanos cuspfdeos, - 0 terc;:omesial do primeiro molar inferior
apos a queda dos segundos molares deciduos. oelui com a metade distal do canino superior;
Como a dimensao mesiodistal dos molares de - os dois terc;:osdistais do primeiro molar
leite e maior que as correspondentes dos pre- inferior ocluem com os dois terc;:osmesiais do
molares substitutos, apos a queda daqueles per- primeiro molar superior;
manece urn espac;:olivre (Nance) que permitira - 0 quarto mesial do segundo molar inferior
acomodac;:ao dos molares permanentes na chave oelui com 0 terc;:odistal do primeiro molar superior;
de oclusao. Esta acomodac;:ao se faz devido it - os tres quartos distais do segundo molar
migrac;:aomesial do primeiro molar inferior per- inferior ocluem com 0 segundo molar superior.
manente ser maior que a migrac;:ao mesial do A analise das relac;:oesoelusais levada a efei-
primeiro molar superior permanente. No pri- to para cada dente, em separado, permite dizer
meiro caso a distancia e de 1,7 milfmetro, no que, de urn modo geral, os dentes temporarios
segundo caso e de 0,9 milfmetro (Fig. 4.9). tern uma inclinac;:ao axial muito pequena, apro-
Do mesmo modo que na dentadura perma- ximando-se da vertical, tanto no sentido mesio-
nente, ha uma chave de oclusao para a denta- distal quanto no sentido vestibulolingual.
dura decidua, a qual se estabelece entre os se- Durante a fase de transic;:ao da dentadura
gundos molares. E preciso lembrar que estes decfdua para a permanente, inumeras modifi-
dentes sao, morfologicamente, muito seme- cac;:oesvaG se processando nos maxilares que,
lhantes aos primeiros molares permanentes. portadores de vinte dentes da primeira denti-
Portanto, na oclusao central dos dentes decidu- c;:ao, deverao dar lugar a trinta e dois da
os, encontra-se a cuspide mesiovestibular do dentic;:ao definitiva. 0 aumento do arco, para
segundo molar superior ocluindo com 0 suleo abrigar todos os dentes permanentes, se faz,
vestibular do segundo molar deciduo inferior, principalmente, grac;:as ao crescimento osseo
e a cusp ide mesiolingual do segundo molar su- da regiao distal aos segundos molares deciduos
perior deciduo ocluindo na fossula do seu ho- (vide Capftulo de Crescimento e Desenvolvi-
mologo inferior. Os demais dentes deciduos mento Craniofacial).
ocluem, quando observados pela face vestibu-
lar, da maneira que se segue (Fig. 4.8):
- 0 incisivo central inferior oclui com os
Fig. 4./3 -lIustrQl;ao evidenciando a finha que passa pela coroa e raiz
do dente A, 0 plano oc/usal B e a corda C que expressa a angula,ao
mesiodistal dos dentes (segundo Strang).
TABELA 4.1
Angula~ao mesiodistal dos dentes superiores e inferiores,
segundo Wheeler.
CHAVE 3 - INCLlNAC;:AO
VESTIBULOLINGUAL DOS DENTES
II ~ II l1 ~ lQ IZ.
28° 26° 16° 5° 6° 8° 10°
Fig. 4.24 - Esquema demonstrando 0 contorno normal dos arcos dentais superiores A e in(eriores B, com os desvios correspondentes a morf%gia
das (aces vestibulares dos dentes, quando da con(eo;Qo dos arcos ortod8nticos. E/es correspondem aos va/ores medios do proeminencia das coroos
nos arcos superior e inferior (segundo Andrews).
Fig. 4.27 - Figura esquematica mostrando uma relar;ao oc/usal Fig. 4.28 - Esquema para demonstrar que um segmento de esfe
imaginaria em que, por ser a fongo eixo dos dentes perpendicular ao co/ocado sobre os dentes inferiores, coincide com sua curvatura
plano oc/usaf, nao hcJ curva de compensar;ao (imitada de Wheeler). compensar;ao oc/usal (imitada de Wheeler).
b) guia canino - quando hi uma desoclu- em seu alveolo. Sem duvida esta mobilidade e
sao, pelo canino, de todos os dentes em excur- pequena, porem evidenciave! atraves do apare-
soes laterais. cimento das areas de contato proximais;
- para que 0 dente esteja em equilibrio, e
necessario que 0 eixo geometrico e 0 eixo fun-
cional sejam coincidentes (Robin);
Anona chave da oclusao normal - 0 - a teoria que se invocar devera ser muito
equilfbrio dental - esta intimamente associa- geral, e nao suscetive! de ser contraditada por
da a fatores harmonicos e definidos que, ao qualquer fenomeno funcional ou patol6gico.
atuarem em conjunto, asseguram a estabilidade Os fatores mecanicos responsaveis pelo
das diferentes posil;oes dos dentes nos ossos equilibrio dental saG:
maxilares. a) For~as Motoras - representadas pe!a
Qualquer tratamento que vise unicamente al;ao dos musculos mastigadores que aplicam a
urn posicionamento estetico dental pode fra- mandibula contra a maxila (musculos propul-
sores, retropulsores, elevadores, abaixadores e nao se faz segundo 0 eixo do proprio dente.
diductores), bem como os demais grupos mus- Verifica-se, desta maneira, que a componente
culares citados. horizontal e muito maior que a vertical, ten-
b) For~as Resistentes e Resistencia Passiva dendo 0 equilibrio a se romper no sentido
- reveladas pelos pr6prios dentes, quer anta- vestibular, se a musculatura labial nao se
gonistas, quer vizinhos, que se opoem ao deslo- opuser. Os labios tambem se opoem a ruptu-
camento vertical e mesiodistal; pelo alveolo ra do equilibrio durante a fona<;ao, como por
que se opoe ao aprofundamento dos dentes; exemplo na pronuncia das consoantes ditas
pela musculatura labioglossogeniana; linguais, que necessitam de urn apoio lingual
c) Elementos que Distribuem as Fon;:as Mo- nos incisivos (Fig. 4.31).
toras - a for<;a que atua sobre urn dente nao
age sobre urn ponto nem em uma unica dire-
<;ao.Os pianos inclinados das cuspides dividem
a for<;a primitiva em secundaria, repartindo-a
em varias dire<;oes. Os choques assim divididos
sao melhor suportados e a tritura<;ao dos ali-
mentos e mais perfeita;
d) Coxim-elastico - gra<;as ao verdadeiro
coxim elastico representado pelo ligamento al-
veolodental, os choques que se manifestam so-
bre os dentes sao amortecidos.
Analisados os varios fatores isoladamente, e
preciso agora entender como se realiza 0 equili-
brio dental no sentido vestibulolingual, mesio- Fig. 4.3/ - Esquemas destinados 0 elucidar 0 jogo da museu/atum
distal e vertical. labiolingual I, e glossogeniana 2, no equilibrio dental. A - labio; B -
1. Equilibrio Vestibulolingual - Diversos lingua; C - bochecha.
fatores asseguram este tipo de equilibrio, que
atuam de maneira diferente nos dentes anterio-
res e nos posteriores, no seu estado estatico e 2. Equilibrio Mesiodistal - No estado nor-
dinamico. mal, 0 arco sendo completo, a ruptura deste
a) Para os dentes posteriores, 0 equilibrio equilibrio dental nao e viavel. 0 fator princi-
e obtido, no estado estatico, pela dupla a<;ao pal para a sua manuten<;ao e constituido pelo
da musculatura jugolingual. No estado dina- apoio dos dentes proximais, uns em contato
mico, isto e, durante a mastiga<;ao, dois novos com os outros. 0 periodonto se organiza, asse-
fatores intervem. Em primeiro lugar observa- gurando ativo amparo a esta movimenta<;ao.
se que 0 esfor<;o mastigat6rio se produz de tanto estatica quanto din arnica. A for<;a masti-
acordo com 0 proprio eixo do dente; em se- gadora parece ser urn elemento de ruptura
gundo lugar, interferem os pianos inclinados, deste equilibrio, pelo menos para os dente
que, man tendo 0 equilibrio, impedem sua posteriores, em virtude das cuspides dos den-
ruptura. Considerando-se as for<;asde pressao tes inferiores situarem-se como cunha no sul-
que agem sobre a superficie de contato de co intercuspideo dos dentes superiores, Mas 0
uma cuspide, no caso de urn dente multicuspi- apoio interproximal age impedindo 0 romp i-
dadu, e estabelecendo-se 0 paralelograma de mento deste equilibrio. Decompondo-se a
for<;as, ve-se que as componentes horizontais, for<;as que se exercem normalmente sobre as
tendo sentido contrario, se anulam, man ten- areas de contato, verifica-se que as componen-
do 0 equilibrio. tes horizontais sao iguais e de sentido oposto.
b) Para os dentes anteriores a situa<;ao e anulando-se por conseqiiencia (Fig. 4.32).
diferente. A dupla a<;aoda musculatura labio- No curso da evolu<;aoda dentadura, quando
lingual nao somente realiza 0 equilibrio esta- a queda dos dentes temporarios se faz normal-
tico como tambem 0 dinamico, contribuindo mente, 0 dente de substitui<;aovai muito rapida-
consideravelmente para manter este ultimo mente ocupar seu lugar no arco, a fim de impe-
durante 0 ato mastigat6rio. Estes dentes inci- dir a ruptura do equilibrio mesiodistal. Quando.
sivos nao possuem, como os molares, os du- entretanto, a queda e precoce e a substitui<;ao
plos pianos inclinados cuspideos, e, alem dis- retardada, 0 desequilibrio e total. 0 mesmo se
so, 0 angulo de a<;ao das for<;as mastigadoras diga com respeito aos dentes permanentes.
Fig. 4.32 - Equilibrio dental mesiodistal (regiGo dos premo/ares) no
estado diniimico e na ocluSGO engrenante (imitado de Izard).
Quando ha quebra do equilfbrio articular, pela sobre os dentes e transmitindo-as sob forma de
perda de urn ou mais elementos do arco, como tensao a parede alveolar, os diferentes feixes de
por exemplo pela ausencia do primeiro molar ligamento evitam 0 aprofundamento do dente
inferior, observa-se a mesializac;:aodo segundo e no alveolo.
terceiro molares inferiores. Concomitantemen-
te, formam-se diastemas entre os segundo e pri-
meiro premo lares inferiores, bem como a extru-
saG do primeiro molar superior, ern virtude da S6 podemos considerar como completo 0
ausencia do dente antagonista. estudo da oclusao normal quando introduzi-
3. Equilibrio Vertical - Dois fatores contri- mos urn componente estetico a sua definic;:ao
buem para assegurar 0 equilfbrio vertical: a for- (Fig. 4.33).
c;:amastigadora e 0 ligamento alveolodental. A harmonia das linhas faciais e urn perfeito
a) Forc;:aMastigadora - Esta forc;:aimpede equilibrio entre suas partes, incluindo obvia-
a egressao ou saida do dente do alveolo; po- mente os dentes, saG imprescindiveis para a
rem, ela nao se exerce continuadamente, mas compreensao e 0 verdadeiro objetivo da oclu-
sim por intervalos, uma vez que a cada degluti- saG normal (vide linhas faciais no capitulo de
c;:aoproduz-se uma oclusao corn consequente Cefalometria Clfnica).
pressao sobre os dentes. Como asseverou Angle, ao ortodontista
b) Ligamento Alveolodental - Este liga- compete moldar a forma facial mediante a
mento opoe-se a ingressao do dente no alveolo. oclusao. Na realidade 0 profissional e mais que
Decompondo-se as forc;:as que se manifestam urn artista, e urn escultor.
CLASSIFICA<;AO
, I'iIItI
Fig. 5./ - Chave molar. E a relar;iio presente na oclusiio normal, assim como no ma oclusiio de CJasse I. (5.1 A) Quando as molares estiio em chave,
a ponto de cuspide mesiovestibular do superior oclui no sulco mesiovestibular do /0 molar inferior. 0 perfil facial reto (5./ B) e freqiiente.
Nas pacientes partadares de Classe I de Angle, e 5.2A e B) e equilibria nas fun<;:oesda musculatu-
frequente a presen<;:ade wn perfil facial reta (Fig. ra peribucal, mastigadara e da lingua.
Fig. 5.2. Paciente portador de m6 oclusoo de Classe 1 de Angle. Os I"
molares estoo em chave, mas problemas de (alta de espac;o e mordida
aberta anterior podem oearrer.
Os problemas oclusais, que podem ocorrer mordida profunda ou sobremordida (Fig. 5.3A
isoladamente ou combinados (Figs. 5.2C, D e e B), cruzamento de mordida ou ate mesmo
E), sao normalmente devidos a presenc;:ade fal- protrusao dental simultanea dos dentes supe-
ta de espac;:o no arco dental (apinhamento), riores e inferiores (biprotrusao). Em geral nos
excessos de espac;:o no arco (diastemas), mas casos de mordida aberta ou de biprotrusao 0
posic;:oes dentais individuais, mordida aberta, perfil facial torna-se convexo (Fig. 5.3 C e D).
Sobremordida
ou
Overbite
Fig. 5.3 - As imagens C e D apresentam uma paeiente eom ma Oc/USDOde Classe I de Angle associada a biprotruSDO dental, 0 que produz um perfil
eonvexo.
CARACTERisTICA DETERMINANTE
0
DISTOCLUSAO DO 1 MOLAR PERMANENTE INFERIOR
Fig. 5.4 - Distoc/USDO do I' molar permanente inferior, caraeteristiea determinante da ma Oc/USDOde Classe /I de Angle. Observa-se que 0 suleo mesio-
vestibular do molar inferior situa-se distalmente a euspide mesiovestibular da I' molar permanente superior (Fig. 5.4 A). A figura B mostra 0 perfil
eonvexo, freqiiente nos pacientes Classe /I.
As mas oclusoes da Classe II foram separa- Sao frequentes nestes pacientes os pro-
das em duas divisoes: a divisao l' e a divisao 2' blemas de desequilibrio da musculatura faci-
(escritas em algarismos arabicos). al, decorrentes do distanciamento vestibulo-
lingual entre incisivos superiores e inferio-
res. Este desajuste anteroposterior e deno-
minado sobressaliencia ou "overjet". 0 per-
Angle situou nesta divisao, as mas oclusoes fil facial destes pa-cientes e, em geral, conve-
de Classe II com inclinac;ao vestibular dos inci- xo (Fig. 5.6).
sivos superiores (Fig. 5.5).
CARACTERisTICAS DETERMINANTES
Fig. 5.7 - Lingualizar;oo dos dentes posteriores superiores (A) a que pode levar ao cruzamento lingual de mordida. Nestes casas as cuspides vestibula res
de premo/ares au mo/ares oc/uem no sulco central dos dentes inferiores (B). Ja nas imagens C, D, E e F, um raro caso de Gosse /I divisoo /0 com
cruzamento vestibular de mordida, no qual as premo/ares e mala res superiores do lado dire ita estao tocando com a face pa/atina na face vestibular
dos dentes inferiores.
Em alguns casos, a relac;ao molar de Classe II
ocorre em apenas urn dos lados. Nestes casos
dizemos que estamos diante de uma Classe II Esta classe engloba as mas oclusoes que
divisao 1a subdivisao direita (quando a relac;ao apresentam relac;ao molar de Classe II sem
molar de Classe II estiver somente do lado direi- sobressaliencia dos incisivos superiores, es-
to) ou Classe II divisao 1a subdivisao esquerda tando eles lingualizados ou verticalizados
(quando a Classe II estiver do lado esquerdo). (Fig. 5.8).
CARACTERisTICAS DETERMINANTES
RELAI;A.O MOLAR DE CLASSE II
LINGUALlZAI;A.o OU VERTICALlZAI;A.o DOS INCISIVOS SUPERIORES
Fig. 5.8 -As mas odusoes de Cfasse 1/divisoo 2" de Angle caracterizam-
se pela distodusoo (rela,oo molar de Cfasse 1/) e lingualiza,oo ou
verticaliza,oo dos incisivos superiores. Neste caso dinico, hQ Iingualiza,oo
apenas dos dois incisivos centrais.
Os perfis faciais mais comuns a esta ma oclu- E possivel que encontremos, associada a
sao sao 0 perfil reto e 0 levemente convexo, as- Classe II divisao 2", mordida profunda anterior,
sociados respectivamente a musculatura equili- principalmente nos casos em que nao ha conta-
brada ou aquela com suave altera<;ao (Fig. 5.9). to in terincisal (Fig. 5.10).
Fig. 5.9- Perfil facial levemente canvexa, usual nos Classes 1/div/soo 2a.
Neste coso h6 suave desequi/ibrio muscular.
Quando a ma oclusao de Classe II divisao 2' de urn dos lados, usamos 0 termo subdivisao
apresenta re1a<;:aomolar de Classe II somente (Fig. 5.11).
MESIOCLUsAo DO 10
MOLAR PERMANENTE INFERIOR
Fig. 5./2 - A mesioclusDO do 10 molar permanente inferior e a caraaeristica determinante da ma ocluSDOde Classe 11/de Angle. Notar que 0 sulco mesiovestibular
do molar inferior est.Q mesializado em rela<;:iiod cuspide mesiovestibular do 10 molar superior (Fig. 5./2 A). 0 perfil concavo (B) e freqiiente nestes padentes.
Caso apenas urn dos lad os esteja em Classe ca<;:aode Lisher e de Simon, que enfocam ou-
III, empregamos 0 termo subdivisao. tras aspectos das mas oclusoes.
A classifica<;:aode Angle e, ainda hoje, a mais
utilizada pelos ortodontistas, e isto se deve a sua
simplicidade - com apenas tres classes - e ficil
compreensao. Suas limita<;:oesestao no fato de 0 Em 1911 Lisher sugere urn modo de se
10 molar superior permanente nao e estivel no classificar 0 mau posicionamento dental de
esqueleto craniofacial, como provaram estudos forma individualizada, isto e, 0 autor utiliza
cefalometricos posteriores; baseia-se somente no urn nome, que define a altera<;:ao do dente em
posicionamento dos dentes, deixando de eluci- rela<;:ao a sua posi<;:ao normal. Acrescentou 0
dar os aspectos osseos e musculares, e considera sufixo "versao" ao termo indicativo da dire<;:ao
apenas as altera<;:oesno sentido anteroposterior, do desvio.
nao citando as verticais ou transversais.
No sentido de suprir as eventuais falhas da 1 - Mesioversao - 0 dente esta mesializado em
classifica<;:aode Angle, descreveremos a classifi- rela<;:aoa sua posi<;:aonormal (Fig. 5.15).
2 - Distoversao - Distaliza<;:aodo dente em rela- 8 - Axiversao - Ha uma altera<;:ao da inc1ina<;:ao
<;:aoa sua posi<;:aoideal (Fig. 5.16). do longo eixo dental (Fig. 5.21).
3 - Vestibuloversao ou 1abioversao - 0 dente 9 - Transversao - 0 dente sofreu uma transpo-
apresenta sua coroa vestibularizada em rela<;:ao si<;:ao,isto e, trocou seu posicionamento no
a posi<;:aonormal (Fig. 5.17). arco dental com outro elemento dental (Fig.
4 - Linguoversao - A coroa dental esta linguali- 5.22).
zada em rela<;:aoa sua posi<;:aoideal (Fig. 5.18). 10 - Perversao - Indica a impacta<;:aodo dente,
5 - Infraversao - 0 dente apresenta a sua face em geral, por falta de espa<;:ono arco (Fig. 5.23).
oc1usal (ou incisal) aquem do plano oc1usal
(Fig. 5.19). Os termos criados por Lisher podem ser
6 - Supraversao - 0 dente esta com a face oc1u- combinados para denominar um dente que reti-
sal, ou borda incisal, alem do plano de oc1usao. na duas ou mais altera<;:oes, como inframesio-
7 - Giroversao - Indica uma rota<;:ao do dente versao, axigiroversao ou ainda mesiolinguo-su-
em torno de seu longo eixo (Fig. 5.20). praversao (Fig. 5.24).
Fig. 5.22 - Transversoo do canino superior direito, pois este erupcionou Fig. 5.23 - Usher denominou perversoo a impactac;oo do dente. Neste
entre os premo/ares. E 0 mesmo que transposic;oo. caso diz-se que 0 canino superior direito apresenta perversoo.
Fig. 5.24 - Posicionamentos dentais comp/exos podem ser nomeados grac;as a combinac;oo de dois ou mais termos. Em A, 0 incisivo central superior
esquerdo apresenta axivestibuloversoo. Na figura B, 0 incisivo /ateral superior esquerdo mostra-se com girofinguoversoo.
Fig. 6.' 2 - Camara Automatica. Possui facilidade de opera~iio e boa qua/idade das fotos obtidas. Perde para as comaras convencionais por niio
ser tiio versatil (lmagens genti/mente cedidas pela Yashica do Brasil).
podemos citar 0 maior custo na aqmsl<;;aada
camera e dos acess6rios, maior dificuldade na
A tecnologia digital renovou 0 conceito de manipula<;;ao dos con troles fotograficos e maior
registro das imagens por meio da fotografia. 0 peso e tamanho do equipamento.
processo fotoquimico, que era realizado por As imagens digitais podem ser gravadas em
filmes fotognificos, foi substituido pela sensi- arquivos de diferentes formatos. Basicamente,
biliza<;;aode urn dispositivo de captura de ima- a diferen<;;a inerente a esses formatos reside
gens. Este processador transforma diferentes no grau de compressao dos dados, gerando
intensidades de luz em sinais digitalizados, arquivos de diferentes tamanhos. Uma imagem
sendo posteriormente armazenados como urn captada originalmente pela camera digital e
arquivo de computador. representada por urn arquivo grande e sem
Cada ponto luminoso da imagem captado compacta<;;ao (arquivo em formato RAW),
pelo sensor eletronico denomina-se pixel (do que representa certa dificuldade de manu-
ingles picture element), e 0 arranjo ordenado de seio, edi<;;aoe transferencia. Par esse motivo,
pixels, de diferentes intensidades de cor, forma as cameras utilizam sistemas eficientes para
a imagem digital. Todo pixel representa uma compressao das imagens. Ha diversos algorit-
intensidade de cor, seja ela vermelha, verde mos computacionais que sao empregados na
ou azul, cuja combina<;;ao resulta em uma cor compressao das imagens digitais, alguns deles
do espectro luminoso. Esta combina<;;ao gera sem resultar em prejuizo para a qualidade fo-
desde 0 preto (ausencia de cor) ao branco tografica, como os arquivos .TIFF (Tagged Image
(maxima intensidade de cor). File Format) e .PNG (Portable Network Graphics).
o numero total de pixels de uma fotografia Os mais usados, porem, sao os arquivos JPEG
digital chama-se Resalu<;;ao. Esta costuma ser (Joint Photographic Experts GrouP), que resultam
medida pela unidade PPI (pixel per inch - pixel em certa pcrda de qualidade das fotografias
por polegada). Assim, quanto maior 0 numero em favor de maior redu<;;ao no tamanho dos
de pixels, maior e a resolu<;;ao da imagem e, arquivos resultantes. Essa perda de qualidade
portanto, maiores e a dimensao da imagem e pouco perceptivel exceto se a fotografia for
registrada, 0 numero de detalhes perceptiveis e ampliada e, evidentemente, depende do grau
o tamanho do arquivo de computador gerado. de compressao empregado.
As cameras digitais podem ser divididas em com- A edi<;;ao das fotos registradas representa
pactas ou profissionais. Segundo Miot, Paixao e outra etapa importante no dominio da tecno-
Paschoal, as cameras compactas ja evoluiram logia digital. Empregando-a adequadamente,
muito quanto a capacidade de fotometria, alem da possibilidade do acesso a cada pixel
focagem, resolu<;;ao, fun<;;ao macro e controle da imagem, diferentes estrategias para ma-
de parametros fotograficos (abertura do dia- nipula<;;ao das fotos sao possiveis. Diversas al-
fragma, velocidade do obturador, sensibilidade ternativas de softwares com essa finalidade sao
de filme, etc). Contudo ainda apresentam baixa comercializados (Adobe PhotoshopTM, Core-
qualidade de imagem nas fotografias bucais, IPhotopaintTM, Microsoft PhotoEditorTM,
uma vez que nao possuem controle da intensi- PaintShop ProTM, entre outros).
dade do flash; produzem sombra nas imagens Tambem e importante 0 usuario estar ciente
dentais, em virtude do angulo de incidencia da de que, mesmo em uma fotografia digital usando
luz do flash, sofrem deforma<;;oes da imagem o padrao ]pEG, existem dados incorporados ao
(pelo pequeno umero de lentes da objetiva) e c6digo do arquivo que contem informa<;;oesso-
nao possuem controle manual do foco. bre 0 numero de sene da maquina, abertura do
Nas cameras profissionais ou SLR (Single diafragma, velocidade do obturador, resolu<;;ao,
Lens Reflex - cameras monorreflex), os prin- compressao, entre outros, servindo, alias, como
cipais componentes, isto e 0 corpo, 0 sistema auditoria da autenticidade da foto. Esses dados
de lentes e a estrutura mecanica, bem como as formam 0 que se denomina de EXIF (Exchange
tecnicas fotograficas utilizadas, em nada diferem Image Format) metadata, e podem ser perdidos
da fotografia tradicional. Geralmente as cameras ao se manipular uma foto por urn determinado
profissionais sao mais duraveis e permitem software de edi<;;ao. E importante frisar que,
troca de objetivas, utiliza<;;aode filtros e acopla- independente da possibilidade de edi<;;aofutura
mento de flashes circulares ou iluminadores. de uma foto, deve-se fazer a melhor captura
Alem disso, permitem inumeras regulagens dos daquele instante em particular, ou seja, registra-
pariimetros fotograficos. Como pontos negativos lo da forma mais fidedigna possivel.
fias clfnicas. Necessitamos tambem de alguns
Nao basta urn born equipamento fotogni- acessorios como afastadores e espelhos, cuja
fico para 0 obten<;ao de excelentes fotogra- utilizac;ao sera explicada adiante.
~
-~-~/
A propon;:ao indicada e 1/10 do tamanho ciente sorrindo em uma vista frontal. Esta
real; 0 que permite ao fot6grafo observar ape- tomada e Util para se mostrar a rela<;:ao entre
nas a face e parte do pesco<;:odo paciente. os dentes e os labios quando de urn sorriso
Caso 0 flash tenha controle de acendimento amplo. Deve ser considerada uma fotografia
devemos, na foto de £rente, colocar a metade que opcional, a ser tirada no infcio e no final do
acende na parte superior da objetiva (posi<;:aode tratamento (Fig.6.16C).
Recomenda~ao EXTAABUCAL EXTAABUCAL
Tecnica FRENTE PERFIL
Velocidade X X
Propor~ao 1/ I0 1/10
Flash
8 [])
D D
Posi~ao da camara
Recomenda~ao T ecnica
FOTOGRAFIAS DENTAIS
Velocidade X
Abertura 321221 16/ I I Fig. 6.17 - Fotografias dentals frontal e laterais (A,B e C).No imagem
D vemos a posicionamenta do paciente. Notar que 0 plano oc/usal divide
Propor~ao 2/3 a metade superior e inferior do imagem, as dentes estoo oc/uidos e
praticamente s6 enxergamos os dentes e a gengiva.
Flash
0
Posi~ao da camara
CJ
<,:adocom 0 ar da seringa trfplice.
A foto do arco inferior segue os mesmos
Sao duas tomadas fotograficas que devem principios, exceto pelo fato de que 0 paciente
registrar a vista oclusal do arco superior e infe- posiciona a arc ad a inferior paralela ao chao e
rior, des de incisivos, ate os ultimos molares, 0 o espelho forma urn angulo de 45 a com ela.
que s6 e possivel com 0 auxilio de urn espelho Sempre que possivel a lingua do paciente deve
oclusal (Fig. 6.18). estar por tras do espelho.
Para a obten<,:ao destas fotografias 0 pacien- Para a realiza<,:ao destas fotos e imprescin-
te permanece sentado e os afastadores plasticos divel uma assistente, que segurara 0 espelho
sao substituidos por urn afastador metilico. oclusal e a seringa triplice.
Na foto do arco superior 0 paciente deve in-
clinar a cabe<,:apara tras e abrir a boca. Coloca- POSI<;AO DO - Sentado
se 0 espelho oclusal com sua parte posterior PACIENTE - Cabe<,:ainclinada para tras
atras do ultimo dente e deixa-se urn angulo de - Boca abe rta
45 entre 0 espelho e 0 arco superior.
0
- Mastador de £10 metalico
A camara deve estar horizontal e mirar 0 nos labios
espelho, que quando necessario sera desemba- - Espelho oclusal
Recomendar;ao T ecnica
FOTOGRAFIAS OCLUSAIS
Os modelos serao colocados sabre urn fun-
X do pre to, de preferencia papel camurc;:a au
Velocidade
feltro. Pelo fato do fundo ser preto, este nao
Abertura 32/22/16/ I 1/8 sera visfvel na fotografia. 0 flash tern a acendi-
menta total, porem com potencia reduzida.
Proporr;ao 1/2 Registram-se as modelos oc1ufdos em vista
frontal, lateral direita e esquerda. Outra toma-
da fotografica e feita com as modelos, tanto su-
Flash
0 perior quanta inferior, expondo a face oc1usal
dos dentes (Fig. 6.19).
Posir;ao da camara 0 A camara devera estar na posic;:ao horizon-
tal e centrada no plano oc1usal. 0 profissional
v. DOCUMENTA~AO enxergara pelo visor as limites do modelo de
COMPLEMENTAR gesso pr6ximos aos limites da imagem.
Recomendar;:ao T ecnica
FOTOGRAFIAS DOS MODELOS
Velocidade X
Abertura 32/221 I 61 I I
Proporr;:ao 1/4
Flash baixa
potencia 0
Posir;:ao da camara
0 Fig. 6.20 - 0 fot6metro indica atroves de um ponteiro ou de sinais
se 0 nivel de iluminac;oo e baixo, ou a/to.
3 - FOTOGRAFIA DE FIGURAS
OU FICHAS CLINICAS
Velocidade "'. 60
lIuminac;ao LampadaFotoflood
ou LuzNatural
1. Bussele, Michael. Tudo sobre fotografia. Livra- 5. Hedgecoe, John. Manual do Fotografo. Editora
ria Pioneira Editor'ft':<6a-
e. Sao Paulo,' 1993 .. JB., Rio de Janeiro, 1982.
2. Edwards, Mark. The Complete Encyclopedia of 6. Machado, Cesario Ramos. Fotografia Clfnica
Photography. Multimfdia Books Limited, Lon- em Odontologia. Sarvier, Sao Paulo, 1982.
don, 1991 7. Miot, Helio Amante; Paixao, Maurfcio Pedrei-
3. Dreher, Carlos. Curso FUJI de Fotografia Cien- ra; Paschoal, Francisco Macedo. Fundamentos
tffica. da fotografia digital em Dermatologia*. Basics
4. Freeman, Michael.An Introduction to Photogra- of digital photography in Dermatology*. An
phy. Tiger BooksIntemacional, London, 1990. Bras Dermatol. 2006;81 (2) :174-80.
MOLDAGEM
E MODELOS
DE ESTUDO
Comercialmente encontramos diferentes mode-
los e tamanhos, tais como as tipo Vernes, de
o modelo de estudo em ortodontia e urn aluminio perfuradas, de plastico, ete. (Fig. 7.2).
dos ftens de fundamental importancia para 0
diagnostico e plano de tratamento, juntamen-
te com os demais elementos componentes de
uma documenta<;,:ao completa. Alem disso, e
com 0 auxflio dos modelos que podemos ob-
ervar detalhes impossfveis de serem visualiza-
dos na boca, analisar a simetria dos arcos, a
inclina<;,:aodental, forma, tamanho e posi<;,:ao
dos dentes, bem como efetuarmos diferentes
analises ortodonticas (Fig. 7.1). 0 exame da
oclusao, no sentido estatico e dinamico, pode
ser utilizado de maneira detalhada quando uti-
lizamos para tal urn articulador semi-ajustavel.
I- MOLDAGEM E OBTEN<;AO
DE MODELOS
A moldeira Vernes e confeccionada em a<;,:o
inoxidavel, portanto de dificil manipula<;,:ao
para alargar ou diminuir suas bordas, de acor-
do com a arc ad a do paciente.
A moldeira deve ter profundidade suficiente
para a impressao do fun do de saco gengivo-labi-
al e gengivogeniano; necessita apresentar reten-
<;,:oesmecanicas para que 0 material de molda-
gem nao descole da moldeira no ato da remo<;,:ao
do molde; deve ter tamanho 0 suficiente para
nao tocar os dentes e gengiva distanciando-se
deles no minimo de 3 mm; a por<;,:aoposterior
deve-se estender ate as tuberosidades na maxila e
ate 0 trigono retromolar na mandibula.
B - Individualiza~ao da moldeira.
A individualiza<;,:aoconsiste em, apos escolhi-
da a moldeira que melhor se adapta para cada
individuo, a coloca<;,:aode cera utilidade em toda
a extensao da borda da moldeira (Fig. 7.3) .
Apos esta manipula<;,:ao,levamos a boca com
a cera levemente £lambada e efetuamos a pre-
moldagem de toda a por<;,:aodo fundo de saco,
bem como do limite posterior do palato, to-
mando 0 devido cui dado em aliviar as por<;,:oes
correspondentes aos freios e bridas. Nos casos
de palato profundo, aconselha-se a coloca<;,:ao
de cera na regiao correspondente da moldeira.
C - Moldagem propriamente dita.
Para a moldagem, os dentes devem estar
isentos de detritos e sem excesso de saliva. Por-
tanto e aconselhavel a profilaxia de todos os
dentes, e no ato da moldagem remover a saliva
com jato de agua ou com algodao.
A - Se1e~ao de moldeiras. o paciente deve estar confortavelmente
Para a obten<;,:aode uma boa moldagem, e acomodado, em posi<;,:aoereta, com a cabe<;,:a
fundamental a sele<;,:ao
de moldeiras adequadas. levemente inclinada para a frente (quando da
o material utilizado e alginato. Este deve
ser manipulado com as devidas propon;:oes
agua-p6, recomendadas pelo fabricante.
a - Moldagem superior
Para a moldagem superior, a maior por<;:ao
do material devera ficar na parte anterior da
moldeira. Pressionar 0 alginato com as pontas
dos de dos, ligeiramente molhadas, a fim de ali-
sar a superffcie.
Centralizar a moldeira observando a linha
mediana coincidente com 0 centro da mesma.
Pressionar no sentido p6stero-anterior
Fig. 7.3 - Moldeiras preparadas com as bordas recobertas com cera ate que a moldeira fique paralela ao plano
utilidade.
horizontal. A musculatura deve estar relaxa-
da, devendo 0 paciente fechar ligeiramente
moldagem da maxila), evitando assim 0 escoa- a boca (Fig 7.4B).
mento exagerado do material de moldagem A moldagem deve abranger todo 0 fundo de
para a garganta. saco gengivolabial ate a tuberosidade maxilar.
2- OBTEN<;AO DE MODELOS
DE ESTUDO
b) Modelos que nao irao a maquina de recorte ortodontico (zocalador) como 0 exposto nas fi-
Para tal utilizamos urn tipo de articulador guras (Figs. 7.7A, B, C, D, e E).
Este articulador e composto de duas bases cor- oclusao e executado com uma mordida em
respondentes aos modelos superior e inferior que cera tomada em relac;:ao central.
estao unidas na pon;:ao posterior de tal forma que Relac;:aocentral e a relac;:aoque a mandfbula
as faces posteriores, p6stero-laterais e laterais supe- assume com a maxila quando os condilos estao
rior e inferior estejam exatamente alinhadas. situados no seu eixo terminal de fechamento,
Para utilizar este articulador, vaza-se 0 mol- independentemente do contato com os dentes.
de com gesso pedra branco, preenchendo ape- A tomada desta relac;:ao e bastante importante
nas as pon;:oes moldadas, sem excesso, para para 0 planejamento ortodontico, pois e co-
nao interferir na altura dos modelos. mum 0 paciente ocluir de modo vicioso.
Aguardar a presa do gesso, removendo-se Para a obtenc;:ao da relac;:ao centrica proce-
entao os modelos do molde de alginato. de-se da seguin te maneira:
Preencher a base do articulador correspon- - Recortar uma lamina de cera nO7 de aproxi-
dente ao arco inferior. Utilizando-se de uma re- madamente 12 em de comprimento, e largura
gua transparente, posicionamos 0 modelo infe- igual ao espac;:oocupado pelos dentes posteriores.
rior nesta base. Ap6s a presa do gesso, articula- - Adaptar uma lamina dupla no palato no
mos 0 modelo superior com auxilio de mordida sentido vestibulopalatino, colocando-se en tre
em cera obtida em relac;:aocentral. Preenchemos elas urn reforc;:o (lamina de chumbo do filme
a base superior com 0 mesmo gesso, agora com radiografico periapical) somente na porc;:ao
articulador invertido, ou seja, a base superior correspondente a mucosa.
apoiada na bancada. Fechamos 0 articulador - Em"olar as extremidades para a formac;:ao
pressionando 0 modelo superior no gesso. de urn bloco paralelo com 0 plano oclusal.
Ap6s a presa do gesso, afrouxam-se os para- - Remover a cera da boca e plastificar so-
fusos que fixam as bases e destacam-se os mo- mente a porc;:ao oclusal.
del os praticamente prontos para acabamento. - Recolocar a cera na boca com 0 pacien-
o acabamento destes modelos sera efetua- te sentado em posic;:ao ereta na cadeira, com
do como 0 descrito mais adiante. o plano de Frankfurt paralelo ao solo e ins-
c) Registro da rela~ao de oclusao trui-lo para ocluir suavemente ate que os den-
Em ortodontia, 0 registro da relac;:ao de tes toquem a cera.
- Retirar a cera e com a espatula quente - Os dentes nio deverio perfurar a cera.
apagar a impressao feita pelos dentes inferio- Obtemos assim a mordida fiel, em cera, que
res, repetindo-se a operac;ao de demarcac;ao. podemos utilizar para a colocac;ao dos modelos
- 0 profissional deve guiar a mandfbula no zocalador ou para recorte de modelos este-
para a porc;ao mais posterior (relac;ao centrica). ticos na maquina (Figs. 7.8A, B e C).
10 - DETERMINAC;:AO DO ANGULO DE
BENNETT ESQUERDO E DIREITO
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rlllllllplIlllllrUllllllUlllllllJlIlIjilllPUll'U1IUllllllllUUlllllllIIlllll1ImIIIlUjlUl!UlIIU111lUl['1ll/UllI11111111111liflllillll'jlllll'lH
1
Fig. 8.2 - Determinac;iio do espac;o presente no modelo inferior eom 0 auxilio do eompasso de ponta seea (A). Quando existir diastema este deve ser
medido individualmente (B).
!1~1111IIIJHllllllflm'plJlllIlIJ'llIllllllltlllllflf"IlI'I"f'IIII"IlJ"1I11Il1IflIfIJlHIIIIl!"Hf'llllllllt
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res) urn valor de 22,3 mm para cada lado da arcada. o valor a nivel de 75% foi escolhido como
Considerando uma porcentagem de 5% 0 valor estimativa, pois convencionou-se que e 0 mais
sera de 18,9 mm tambem para cada lado do arco. pratico sob 0 ponto de vista clinico. Neste
Isto significa que de todas as pessoas nas exemplo, e de 21,3 mm, 0 que significa que em
quais os incisivos inferiores medem 21,5 mm, quatro casos, tres apresentarao caninos e pre-
95% tem 0 diametro mesiodistal dos caninos e molares totalizando 21,3 mm, ou menos. Ob-
premolares totalizando 22,3 mm ou menos un i- serve tambem que apenas cinco de 100 desses
lateralmente e somente 5% tem caninos e pre- dentes terao Imm a mais do que a estimativa
molares com diametro mesiodistal total menor escolhiJa (21,3 mm).
que 18,9 mm tambem unilateralmente. Ne-
nhum valor pode representar a soma precisa Aplicando entao a formula teremos:
dos caninos e premolares para todas as pessoas, DM = (Epa + Epp) - (Era + Erp)
visto que ha uma varia<;:ao do diametro dos DM = (20 + 43) - (21,5 + 42,6)
dentes posteriores, observada ate mesmo quan- DM = 63 - 64,1
do os incisivos sao identicos. DM = -1,1 mm (discrepancia negativa)
21-12 19,5 20,0 20,5 21,0 21,5 22,0 22,5 23,0 23,5 24,0 24,5 25,0 25,5 26,0 26,5 27,0 27,5 28,0 28,5 29,0
95% 21,6 21,8 22,1 22,4 22,7 22,9 23,2 23,5 23,8 24,0 24,3 24,6 24,9 25,1 25,4 25,7 26,0 26,2 26,5 26,7
85% 21,0 21,3 21,5 21,8 22,1 22,4 22,6 22,9 23,2 23,5 23,7 24,0 24,3 24,6 24,8 25,1 25,4 25,7 25,9 26,2
75% 20,6 20,9 21,2 21,5 21,8 22,0 22,3 22,6 22,9 23,1 23,4 23,7 24,0 24,2 24,5 24,8 25,0 25,3 25,6 25,9
65% 20,4 20,6 20,9 21,1 21,5 21,8 22,0 22,3 22,6 22,8 23,1 23,4 23,7 24,0 24,2 24,5 24,8 25,1 25,3 25,6
50% 20,0 20,3 20,6 20,8 21,1 21,4 21,7 21,9 22,2 22,5 22,8 23,0 23,3 23,6 23,9 24,1 24,4 24,7 25,0 25,3
35% 19,6 19,9 20,2 20,5 20,8 21,0 21,3 21,6 21,9 22,1 22,4 22,7 23,0 23,2 23,5 23,8 24,1 24,3 24,6 24,9
25% 19,4 19,7 19,9 20,2 20,5 20,8 21,0 21,3 21,6 21,9 22,1 22,4 22,7 23,0 23,2 23,5 23,8 24,1 24,3 24,6
15% 19,0 19,3 19,6 19,9 20,2 20,4 20,7 21,0 21,3 21,5 21,8 22,1 22,4 22,6 22,9 23,2 23,4 23,7 24,0 24,3
5% 18,5 18,8 19,0 19,3 19,6 19,9 20,1 20,4 20,7 21,0 21,2 21,5 21,8 22,1 22,3 22,6 22,9 23,2 23,4 23,7
21-12 19,5 20,0 20,5 21,0 21,5 22,0 22,5 23,0 23,5 24,0 24,5 25,0 25,5 26,0 26,5 27,0 27,5 28,0 28,5 29,0
95% 21,1 21,4 21,7 22,0 22,3 22,6 22,9 23,2 23,5 23,8 24,1 24,4 24,7 25,0 25,3 25,6 25,8 26,1 26,4 26,7
85% 20,5 20,8 21,1 21,4 21,7 22,0 22,3 22,6 22,9 23,2 23,5 23,8 24,0 24,3 24,6 24,9 25,2 25,5 25,8 26,1
75% 20,1 20,4 20,7 21,0 21,3 21,6 21,9 22,2 22,5 22,8 23,1 23,4 23,7 24,0 24,3 24,6 24,8 25,1 25,4 25,7
65% 19,8 20,1 20,4 20,7 21,0 21,3 21,6 21,9 22,2 22,5 22,8 23,1 23,4 23,7 24,0 24,3 24,6 24,8 25,1 25,4
50% 19,4 19,7 20,0 20,3 20,6 20,9 21,2 21,5 21,8 22,1 22,4 22,7 23,0 23,3 23,6 23,9 24,2 24,5 24,7 25,0
35% 19,0 19,3 19,6 19,9 20,2 20,5. 20,8 21,1 21,4 21,7 22,0 22,3 22,6 22,9 23,2 23,5 23,8 24,0 24,3 24,6
25% 18,7 19,0 19,3 19,6 19,9 20,2 20,5 20,8 21,1 21,4 21,7 22,0 22,3 22,6 22,9 23,2 23,5 23,8 24,1 24,4
15% 18,4 18,7 19,0 19,3 19,6 19,8 20,1 20,4 20,7 21,0 21,3 21,6 21,9 22,2 22,5 22,8 23,1 23,4 23,7 24,0
5% 17,7 18,0 18,3 18,6 18,9 19,2 19,5 19,8 20,1 20,4 20,7 21,0 21,3 21,6 21,9 22,2 22,5 22,8 23,1 23,4
Tabela de Moyers. Temos na coluna superior horizontal 0 tamanho da soma do diametro mesiodistal de 21-12. E na coluna
vertical os nfveis de probabilidades express as em porcentagem. Obtendo-se assim 0 tamanho de canino permanente,
primeiro e segundo premolar.
Isto indica que falta 1,1 mm de espa<;;opara MdM MdRx
uma melhor acomoda<;;ao dos dentes perma- X MpRx
nentes na arcada.
Para calcular-se 0 espa<;;orequerido poste-
rior do arco superior, 0 procedimento e 0 mes- x = MdM. MpRx
mo, isto e: usamos tambem a tabela de Moyers, MdRx
po rem a Tabela A, que e feita tomando como
referencia a somat6ria dos quatro incisivos in- x = inc6gnita (medida do diametro mesiodistal
feriores. Transporta-se esse valor para a faixa do germe do permanente)
horizontal da Tabela A e de acordo com a por- MdM = Medida do diametro mesiodistal real
centagem escolhida (75%) chega-se ao resulta- do dente decidua no modelo
do final com 0 mesmo procedimento que 0 MdRx = Medida do diametro mesiodistal apa-
utilizado para 0 arco inferior. rente do dente deciduo na radiografia
MpRx = Medida do diametro mesiodistal apa-
rente do dente permanente na radiografia
Outra analise indicada para se encontrar a dis- Para calcularmos 0 espa<;o requerido poste-
crepancia de modelo nas dentaduras mistas e a rior superior apliearemos a mesma formula,
elaborada por Tanaka -Johnston. Apresenta algu- contudo a constante sera a letra B.
mas vantagens como: rapida aplica<;ao, facil me-
moriza<;ao, grande economia de tempo e pode
ser aplicada diretamente na consulta inicial.
Esse tipo de analise, de modo identico ao
metodo de Moyers, se baseia na somatoria das B= para 0 calculo de 75%= 11,0 mm
larguras mesiodistais dos incisivos inferiores para 0 calculo de 85%= 11,5 mm
(ERa) para 0 calculo do espa<;o requerido pos-
terior (ERp), praticamente sem consul tar tabe- X = (11,5 + 11,0) x 2 = 45 mm (75%)
las e sem a necessidade de radiografias. X = (11,5 + 11,5) x 2 = 46 mrn (85%)
A formula usada para 0 calculo do espa<;o
requerido posterior sera: o calculo do espa<;:o requerido total
(ERt) vem a ser a somat6ria do espa<;o re-
x = (~ + A ou B) x 2 querido posterior com 0 espa<;:o requerido
anterior (ERa).
Esse procedirnento foi executado sern ta-
x = largura dos caninos e premolares nao ir- bela; contudo, ao se comparar os resultados
rompidos parciais tanto do arco inferior, como do su-
Y = largura dos quatro incisivos inferiores perior, com os da tabela de Moyers, nota-se
A e B = constantes usadas: A para 0 arco infe- que a diferen<;:a e quase insignificante. Na ta-
rior e B para 0 arco superior bela de Moyers com porcentagem de 75%
Exemplo: Sabendo-se que a soma da largura eneontra-se urn valor de 22,2 mrn para 0
dos quatro incisivos inferiores e igual a 23 mm area inferior e 22,6 mm para 0 arco superior,
e aplicando-se a formula teremos 0 valor do e pela formula de Tanaka, ness<:tmesma por-
espa<;o requerido posterior inferior. centagem, tern-se respeetivarnente 22,0 mm
e 22,5 mm, concluindo que a diferen<;:a e
minima, ou seja: 0,2 mm para 0 arco inferior
e 0,1 mm para 0 arco superior.
lIIIfI
EXTRAÇOES
SERIADAS~
MARíLIA MARQuEs NETTO MERCADANTE
EXTRAÇÕES SERIADAS 173
Fig. 9.2. Arco tipo I - apresenta diastemas generalizados entre os Fig. 9.3. Arco tiPo /I - não apresenta diastemas entre os incisivos
incisivos decíduos. decíduos, somente os diastemas primatas.
176 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO
B - Relação dista! dos segundos molares gual ou em torciversão. Quando o espaço pri-
decíduos mata é preservado, ele é ocupado pelo incisivo
lateral durante sua erupção.
Baume afirma que as faces distais dos segun- Caso a dentadura decídua apresente relação
dos molares decíduos, superiores e inferiores, é distal dos segundos molares superiores com
que guiam a erupção dos primeiros molares degrau mesial para a mandíbula, e na presença
permanentes. do espaço primata, será necessário que o clíni-
Assim sendo, os segundos molares decíduos co tome algumas medidas antes que os primei-
podem apresentar três tipos de relação distal: ros molares permanentes inferiores erupcio-
terminação em plano (76% da população infan- nem. Constatada sua erupção antes do superi-
til), em degrau mesial para a mandíbula (14%) or, o que ocorre mais comumente, haverá o
e em degrau distal para a mandíbula (10%). A que fechamento do espaço primata inferior e, com
ocorre com maior freqüência é a relação em isto, o 1 molar sofrerá uma inclinação para
0
plano. Neste caso, se não houver a presença mesial maior que a desejada. Este fato cria uma
de espaço primata na mandíbula, os primeiros relação molar de Classe III. Quando, no entan-
molares permanentes, ao erupcionarem, man- to, a relação distal dos segundos molares decí-
têm sua relação de oclusão topo a topo que, duos se apresenta com degrau distal para a
em condições favoráveis, tendem a uma rela- mandíbula, os primeiros molares permanentes
ção de oclusão normal durante a substituição sempre erupcionarão em disto-oclusão, ou seja,
dos dentes decíduos pelos permanentes. Es- com uma relação molar Classe lI. Este quadro
tando presente o diastema primata, o arranjo pode ser agravado quando ocorre a presença
da oclusão entre os primeiros molares perma- de dias tema primata na maxila e não na man-
nentes inferiores e superiores se processa mais díbula e se o primeiro molar permanente supe-
0
rapidamente, pois o 1 molar inferior, irrom- rior erupcionar antes do inferior. (Fig. 9.4).
pendo antes do primeiro molar superior, fe-
cha o espaço primata devido à sua componen- C - Seqüência de erupção dos dentes penna-
te mesial de forças. Por outro lado, se o supe- nentes
rior irromper antes do inferior, este, através
de sua componente mésio-axial de forças, fe- Pouco sabemos a respeito dos fatores que
cha o espaço primata superior. Assim sendo, afetam a erupção. Tanto a seqüência, como a
quando irromper o primeiro molar inferior, época parecem ser determinadas pelos genes e
provocará uma relação de disto-oclusão. Além são características de certos grupos raciais.
deste fato, o fechamento do espaço primata O primeiro dente a fazer sua emergência no
superior provavelmente provocará uma reten- arco é o primeiro molar permanente, chamado
ção prolongada dos laterais permanentes su- molar dos 6 anos. Seguem-se os incisivos cen-
periores, ou então estes erupcionarão por lin- trais aos 7 anos e os laterais aos 8 anos. A or-
8
/~
M
Fig. 9.4. Esquema mostrando as diversas relações distais dos segundos molares decíduos orientando os primeiros molares permanentes para uma
oc/usão de Classe I, /I ou 111.A - Plano terminal reto- Classe /I, Classe I. 8 - Plano terminal em degrau mesiot- Classe I, Classe /lI. C - Plano terminal
em degrau distal . Classe /I.
EXTRAÇ6ES SERIADAS 177
dem de erupção dos caninos e premolares é duo. Porém, se houver esfoliação do canino e
diferente no arco superior e inferior. No maxi- o espaço do arco for diminuído, o canino per-
lar superior a ordem mais freqüente é: primei- manente buscará local para sua erupção em
ro premolar aos 10 anos, caninos aos 12 anos e posição vestibular, lingual, em rotação ou sim-
segundos premolares aos 11 anos. Na mandíbu- plesmente ficará incluso. Se, em lugar de pro-
la a seqüência é: canino aos 10 anos, primeiros duzir-se a esfoliação dos caninos, os incisivos
premolares aos 10 anos e segundos premolares laterais erupcionarern em linguoversão ou em
aos 11 anos. Estas diferenças na cronologia de rotação, a colocação do canino permanente e
erupção dentária são muito importantes no diag- do primeiro premolar não oferecerá proble-
nóstico e plano de tratamento em casos de ex- mas. Continuará existindo, porém, uma lin-
tração seriada (Fig. 9.5). guoversão ou rotação dos laterais, que poderá
ser corrigida posteriormente, tendo-se que fa-
zer a extração dos primeiros premolares e re-
tração dos caninos, para poder-se corrigir as
más posições dos laterais.
1 a mandíbula, se os caninos decíduos esfo-
Fig. 9.5. Seqüência de erupção dos dentes permanentes em relação à b. Realiza sua erupção vestibular, achando-
idade cronológica. se com freqüência em vestibuloversão. Isto
pode ocorrer também nos casos em que a se-
qüência de erupção está alterada e ocorre pri-
Segundo Issao e Guedes Pinto, a seqüência meiramente a erupção do primeiro premolar e
mais provável de erupção é: depois do canino.
'6 fi t "2 1 2 3- 4'
Se o primeiro molar decíduo sofreu esfolia-
.2 ção antecipadamente, o primeiro premolar, ao
1; 5 ~ 7 2 fazer sua erupção, pode causar a esfoliação do
segundo molar decíduo, fato que terá como
Alguns fatores, no entanto, podem mudar
conseqüência a não 'erupção do segundo pre-
esta seqüência. Assim, lesões periapicais e pulpo-
molar por falta de espaço ou, com muita fre-
tomias de molares decíduos aceleram a erupção
qüência, sua erupção em linguoversão.
do premolar sucessor. Se o dente decíduo foi
Como temos recursos para saber de ante-
extraído após o permanente ter iniciado os mo-
mão da existência de espaço em determinados
vimentos ativos de erupção (estágio 6 de Nolla) ,
casos, podemos evitar todos estes transtornos
o dente definitivo irromperá precocemente. Se
de erupção iniciando precocemente um pro-
o decíduo for extraído antes do início dos movi-
grama de extrações seriadas.
mentos eruptivos dos permanentes (antes do es-
tágio 6 de Nolla), é bem provável que o dente
D - Distância intercaninos
permanente atrase sua erupção.
Na maxila, se os caninos decíduos sofrem
É a distância entre as faces linguais dos ca-
esfoliação sem que exista anomalia de posição
ninos na altura da região cervical, ou de cúspi-
ou de direção dos incisivos, o primeiro premo-
de a c.úspide. Na fase precedente à erupção
lar não terá dificuldades em colocar-se no
dos incisivos, por volta dos 5 anos, ocorre o
arco dentário, já que seu diâmetro mesiodistal
segundo surto de crescimento em lateralidade
não varia muito em relação ao do primeiro
da maxila e da mandíbula. Este crescimento é
molar decíduo; o segundo premolar também
extremamente importante no processo de
não encontrará dificuldades, já que seu tama-
compensação entre o tamanho da base óssea e
nho é menor que o do segundo molar decí-
dos dentes.
duo. Em condições normais, este espaço que
Quando da erupção dos incisivos perma-
sobra é preenchido pelo canino permanente,
nentes, no entanto, a distância intercaninos
que é visivelmente maior que o canino decí-
178 ORTODONTIA' DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO
duos e permanentes que Nance denominou de quantidade de espaço que os dentes perma-
"espaço adicional" ou "espaço livre". Este espa- nentes necessitarão para irromper.
ço mede 1,7 mm no arco inferior e 0,9 mm no Tanto nas análises que usam tabelas
arco superior (Fig. 9.11). (Moyers), como nas que usam medidas obtidas
individualmente (Nance), no final temos três
possibilidades, com suas variações.
Insistiu ainda o autor no rigoroso exame e estu- A aparatologia final será necessária para fe-
do minucioso que deve preceder às indicações char os espaços remanescentes, conseguir o pa-
da aplicação das extrações seriadas advertindo: ralelismo das raízes, estabelecer o plano oclusal
"Pare, olhe e certifique-se antes de extrair em e corrigir a intercuspidação. 1 o entanto, para
série. Depois de usar o fórceps, não há possibi- que os resultados sejam satisfatórios e a meca-
lidade de retorno". noterapia final diminuída, é preciso que o caso
Após chegar-se à conclusão da importância clínico esteja dentro de certas regras:
de harmonizar a quantidade de material dentá-
rio com a de suporte ósseo, a próxima questão Regra n° 1 - Deve haver uma relação de
é saber quais os dentes a serem extraídos. Classe I bilateral
Quando as extrações tornaram-se mais pre- Regra n" 2 - O esqueleto facial deve estar
valentes em ortodontia, os primeiros premola- equilibrado nos sentidos ântero-posterior, verti-
res foram os dentes eleitos para a remoção. To cal ·e mesiolateral
entanto, desde que a má-oclusão de Classe I Regra n" 3 ~A discrepância deve ser de pelo
envolva irregularidades dos caninos e incisivos menos 5 mm em cada quadrante
com deficiência de espaço que parece mais crí- Regra n° 4 - As linhas médias de ambos os
tica na região anterior, por que não remove- arcos devem coincidir
mos um dente nesta área? É óbvio que é de Regra n° 5 - ão deve haver mordida aberta
suma importância, do ponto de vista estético e nem sobremordida
funcional, mantermos os dentes anteriores. Po- Regra n° 6 - O paciente deve ter um cresci-
demos, no entanto, optar pela extração de um mento do tipo A ou C
dente anterior nos casos de ausência congênita Regra n° 7 - Deve haver ausência de dias te-
unilateral, de dentes anômalos ou de palato e mas fisiológicos na dentição decídua
lábios fissurados. Regra n° 8 - O perfil não pode ser reto ou
A remoção de certos dentes para estabele- côncavo
cer um resultado ortodôntico estável e em har- Regra n° 9 - O FMA deve ser menor que 300
monia com os tecidos de revestimento deu ori-
gem a uma nova questão: quando seriam os A relação maxilomandibular é de suma im-
dentes de escolha removidos? portância no planejamento da extração seria-
Como a natureza esfolia os caninos decíduos da. Se existe uma perfeita relação dos segmen-
precocemente, em problemas de deficiência de tos posteriores (má oclusão de Classe I) as
comprimento de arco, talvez seja prudente re- chances de sucesso são relativamente boas. Se a
mover os caninos decíduos e os molares decí- relação maxilomandibular é anormal (Classe II
duos precocemente, para permitir que os den- e Classe III), as extrações seriadas devem ser
tes permanentes alinhem-se melhor quando abordadas com grande cautela e com a expec-
erupcionarem. Isto evitará que os incisivos e os tativa de que a má relação basal deve ser ajusta-
caninos permanentes assumam posições de ex- da por aparelhos antes da complementação da
trema irregularidade, que exija terapia orto- dentadura permanente.
dôntica extensa e extração de premolares para Tweed afirmou que a má oclusão de Classe
se conseguir o resultado desejado. Em lugar de I, com boa relação do ângulo ANB, poderá dis-
esperar que todos os dentes permanentes erup- pensar o tratamento ortodôntico após a terapia
cionem em má oclusão deveríamos interceptar das extrações.
na dentadura mista, auxiliando a natureza na
obtenção do espaço adequado. 111.TÉCNICA DE EXTRAÇÃO
A extração seriada, portanto, se tornará SERIADA
um adjunto valioso na prática, reduzindo a
quantidade de terapia com aparelhos, ne- . Após o exame clínico e o estudo de todos os
cessários para a correção de má oclusão de exames complementares, o profissional deve de-
Classe I. Ela diminuirá o tempo do uso dos cidir pela necessidade ou não de se proceder às
aparelhos fixos e eliminará seqüelas incon- extrações seriadas. Se optar por uma decisão afir-
venientes, tais como reabsorção de raízes, mativa, é preciso tomar uma segunda decisão: se
descalcificação e problemas com o tecido deve extrair os primeiros molares decíduos ou os
mole. Possivelmente também o investimen- caninos decíduos e quando isto será realizado.
to financeiro para o paciente poderá ser di- Temos três estágios na terapia de extrações
minuído. seriadas convencionais:
182 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO
-' .
"
Q
., Fig. 9./2. Eliminação precoce dos caninos decíduos com o intuito de Fig. 9.13. Visualização dos incisivos já desapinhados e a indicação da
•....
desapinhar os incisivos permanentes. extração precoce dos primeiros molares decíduos, desde de que os
primeiros premolares já tenham ultrapassado o estágio 6 de Nolla.
Fig. 9. 14. Extração dos primeiros premo/ares quando estes chegam ao Fig. 9. 15. Erupção para dista/ dos caninos permanentes ocupando o
nível gengiva/o espaço dos primeiros premo/ares.
Ô
8
Fig. 9. 16. Erupção dos caninos deixando impactados os primeiros Fig. 9. I 7. Extração dos primeiros premo/ares quando estes chegam ao
premo/ares. Necessidade da remoção ou desgaste mesia/ dos segundos nível gengiva/oFaz-se necessário, após este procedimento, a colocação de
mo/ares decíduos. um mantenedor de espaço paro aguardar a erupção dos segundos
premo/ares.
Tweed, no entanto, preconiza uma outra pre pode-se optar por esta técnica, uma vez que
seqüência para as extrações seriadas: a natureza, em geral, elimina os caninos decí-
duos automática e precocemente quase sempre
1. Extração dos primeiros molares decíduos antes mesmo do paciente ter sido visto pelo
(até 8 anos) mantendo os caninos decíduos no ortodontista.
arco. Tweed inicialmente não se preocupa com Após a erupção de todos os dentes perma-
o apinhamento anterior (Fig. 9.18). nentes, normalmente faz-se necessário a colo-
2. Extração dos primeiros premolares quan- cação de aparatologia fixa para corrigir peque-
do estes chegam a nível gengival juntamente nas imperfeições deixadas pelas extrações seria-
com os caninos decíduos. Com isto, ao mesmo das como diastemas, giroversões, mordida pro-
tempo que vai ocorrendo o desapinhamento funda e verticalização das raízes dos caninos e
anterior, os caninos permanentes vão erup- segundos premolares (Figs. 9.20 e 9.21).
cionando (Fig. 9.19). Uma das desvantagens dos procedimentos
A vantagem da técnica preconizada por das extrações seriadas é a inclinação para lin-
Tweed sobre a convencional é que não ocorre gual dos incisivos inferiores. Com isto eles se
uma inclinação exagerada dos incisivos para alongam, criando, como regra, sobremordida.
lingual e com isto diminui a tendência à sobre- Este procedimento, invariavelmente, resulta
mordida e a concavidade do perfil decorrente num aumento da curva de Spee. Em adição, os
das extrações seriadas. No entanto, nem sem- segundos premolares usualmente irrompem
184 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO
Fig. 9./8. Técnica de Tweed. Extração dos primeiros mo/ares decíduos, Fig. 9./9. Extração dos primeiros premo/ares juntamente com os
mantendo o apinhamento anterior. caninos decíduos.
Fig. 9.20. Divergência radicular decorrente da técnica de extrações Fig. 9.21. Esquema mostrando a verticalização radicular após a
seriadas. colocação da aparatologia fixa.
com inclinação axial para mesial. Deixando-se necessitar espaço. Para impedir que isto aconteça,
este caso sem tratamento, sobretudo quando a podem-se usar vários aparelhos como: mantenedo-
inclinação mesial da coroa do segundo premo- res de espaço removíveis e arco de contenção de
lar entra em contato com a coroa do canino, Nance.
surgirão muito cedo problemas periodontais. Se há uma tendência à mordida aberta, algu-
Para evitar isto pode-se valer, em determinados mas vezes a remoção do segundo premo lar infe-
casos, de aparelhos diversos que poderão auxi- rior será preferível, porque reduz a inclinação
liar no controle deste procedimento. dos incisivos inferiores para lingual, o que acon-
Para diminuir a tendência à sobremordi- tece ocasionalmente com a remoção de.primei-
da, não há mal nenhum em se colocar uma ros premolares inferiores. Quando há ausência
placa de mordida de acrílico. Ela previne a congênita de segundos premo lares os primeiros
sobremordida, estimula a erupção dos seg- premolares podem se inclinar para distal, ocu-
mentos posteriores e elimina a retrusão fun- pando o espaço dos ausentes, se os segundos
cional. molares decíduos forem removidos em tempo.
A mesialização dos dentes posteriores constitui As extrações seriadas, se bem conduzidas,
um perigo latente e, se não forem tomadas medi- podem proporcionar resultados satisfatórios e,
das adequadas, pode-se ter a desagradável surpresa desta forma, ajudar a resolver problemas orto-
de se ter extraído quatro premolares e ainda dônticos cada vez mais crescentes na população.
EXTRAÇÕES SERIADAS 185
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RADIOGRAFIA
,.,.,
DE MAO E PUNHO
MARÍLIA MARQUES NETTO MERCADANTE
RADIOGRAFIA DE MÃO E PUNHO 189
anos e 6 meses e 15 anos, com uma relativa Fig. /0./ - Gráfico da curva de crescimento estabelecido por Bjork.
precocidade para os indivíduos do sexo femini- Nota-se um período de 2 anos, dentro da adolescência, onde ocorre o
no. Esta fase de intenso crescimento ocorre como surto de crescimento puberal (área vermelha).
DEDOS
FALANGES
DISTAIS
PROXIMAIS
METACARPO
CARPO
PUNHO
A B c o E F
Fig. 10.3 - Estágios epifisários. A Epífise menor que a diáfise (forma de disco). B Epífise = Diáfise (mesma largura). C Capeamento epifisário.
D Início da união epifisária. E. União total epifisária. F Senilidade (sem linha de união)
Martins, com base nos estudos de Grave & O período do início ao final do surto de
Brown, Tavano, Bowden e Prates, criou uma crescimento puberal dura aproximadamente 2
curva padrão de velocidade de crescimento es- anos, sendo que o pico de velocidade de cresci-
tatural e estágios de ossificação da mão e do mento puberal (PVCP= momento de máxima
punho. Esta curva facilita ao ortodontista clíni- velocidade) ocorre por volta de 1 ano após o
co precisar a época do surto de crescimento início do surto de crescimento puberal (SCP).
puberal (SCP) (Fig. 10.4).
Descrevemos em seguida os estágios epifisários 1 - FD= epífises das falanges distais com a mes-
e momentos de ossificação encontrados na curva ma largura das diáfises. Faltam aproximada-
padrão, explicando o significado de cada uma, as- mente 2 anos para a início do surto de cresci-
sim como o estágio em que eles se encontram em mento puberal (SCP) (Fig. 10.5).
relação ao surto de crescimento puberal (SCP).
RADIOGRAFIA DE MÃO E PUNHO 193
em/ano
FMcap
FPcap
+10
FD= FP=
±5
Período (anos)
Fig. 10.4 - Curva padrão de velocidade de crescimento estatura! e estágios de ossificação da mão e do punho.
'1- FP= epífises das falanges proximais com a mes- 6 - R= epífise do rádio com a mesma largura da
ma largura das diáfises. Falta aproximadamente 1 diáfise. Segundo Grave e Brown, esses três even-
ano para o início do surto de crescimento pube- tos (G1, Psi e R=) na maioria dos indivíduos
ral (SCP) (Fig. 10.6). precedem o pico de velocidade de crescimento
puberal (PVCP) (Fig. 10.10).
3 - FM= epífises das falanges medianas com a
mesma largura das diáfises. Faltam aproxima- 7 - FD cap - capeamento epifisário nas falanges
damente de 4 a 6 meses para o início do surto distais (Fig. 10.11).
'e crescimento puberal (SCP) (Fig.10.7).
8 - S - visualização do osso sesamóide. A ossifi-
-= - G1 - início do aparecimento do gancho radio- cação do sesamóide aparece em forma de
oaco no osso ganchoso. O estágio G1 determina o amêndoa, localizada entre a distal do metacar-
ício do surto de crescimento puberal (SCP) e é a po 1 e a epífise da falange proximal do polegar
época adequada para o início dos tratamentos or- (junta metacarpo-falangeal do dedo pole-
ônticos, principalmente nas más oclusões es- gar). Sua ossificação inicia-se 6 meses após o
eléticas. Sua identificação é importante para um início do surto de crescimento puberal (SCP)
znelhor aproveitamento de toda a extensão do sur- e termina quando ocorre o início da união
- . sendo o momento em que o crescimento tor- epífise-diáfise da falange proximal do polegar.
intenso em direção ao pico de velocidade de Os primeiros sinais de ossificação aparecem
crescimento puberal (PVCP) (Fig. 10.8). nas diferentes raças, em média, entre 10 e 12
anos nos indivíduos do sexo feminino e entre
- - P i - Visualização do osso psiforme. A ossifi- 12 e 15 anos nos do sexo masculino. O sesa-
caçâo do psiforme pode ser usada como indica- móide nunca surge após o pico de velocidade
- r do início da adolescência. Está situado de crescimento puberal (PVCP) e sua imagem
cnma posição tal que sua imagem radiográfica radiográfica com contornos nítidos indica que
nfunde-se com o osso piramidal e, assim, o o PVCP já ocorreu e, portanto, o crescimento
ício de sua ossificação muitas vezes é de difí- futuro será progressivamente menor em velo-
visualização (Fig. 10.9). cidade (Fig. 10.12).
194 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO
Fig. , O.SA • Epífises das falanges distais com a mesma largura das diáfises.
RADIOGRAFIA DE MÃO E PUNHO 195
Fig. 10.58 - Radiografia de um paciente do sexo masculino com 10 anos e 5 mêses que se encontra
no face FD = (aproximadamente 2 anos antes do surto de crescimento puberal).
196 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO
Fig. 10.6 - Epí(Jses das (alanges proximais com a mesma largura das diá(Jses.
RADIOGRAFIA DE MÃO E PUNHO 197
Fig. 10.7 - Epífises das falanges medianas com a mesmo largura das diáfises.
198 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO
Fig. I O.8A - Gancho com primeiras evidências radiopacas no interior do osso ganchoso.
RADIOGRAFIA DE MÃO E PUNHO 199
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Fig. 10.88 - Radiografia de um paciente do sexo masculino com 12 anos e 1 mês que se encontra
na Fase G, (início do surto de crescimento puberal).
200 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO
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Figo /00/78 - Paciente do sexo masculino, com 15 anos e I1 meses, que se encontra na fase
de união inicial da falange distal (aproximadamente 6 meses antes do fim do surto de crescimento).
212 ORTODONTIA' DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO
. 1019-lníciodaunI
Flg. . 'õo epifisária nas falanges medianas.
214 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO
FDut
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r
ANALISE
DE BOLTON
MARÍLIA MARQuES NETTO MERCADANTE
ANÁLISE DE BOLTON 227
Fig. , ,. , - Visualização de uma sobremordida decorrente de um excesso de material dental superior. Tal qual uma caixa cuja tampa tem um tamanho
maior e encobre excessivamente o arco inferior.
228 ORTODONTIA' DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO
Fig. 11.2 - Visua/ização de uma sobressa/iência acentuada decorrente de um excesso de material dental superior. Ao ajustar-se a parte posterior
da tampa vai ocorrer uma sobra na parte anterior.
Fig. 11.3 - Visualização de uma sobremordida combinada com uma sobressa/iência acentuada. Dependendo da magnitude da discrepância
r: encontrada no arco superior a tampa, além de encobrir a caixa, ainda se projeta na região anterior.
F
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: 8
Fig. liA - Os casos em que não há nem sobremordida nem sobressa/iência ocorrem porque o excesso de material dental superior foi compensado
com o apinhamento anterosuperior. É o mesmo que amassar as bordas da tampa no sentido de diminuÍ-Ia.
. .~
Fig. 11.5 - Visua/ização de uma desoclusõo posterior decorrente de um excesso de material dental superior. Ao ajustar-se a parte anterior da tampa
vai haver uma sobra na parte posterosuperior (Classe 111). •
ANÁLISE DE BOL TON 229
Fig. 11.6 - Visua/ização de uma ocfusão topo a topo decorrente de um excesso de material dental inferior. Tal qual uma caixa cuja tampa tem
dimensões iguais não havendo o encaixe do arco superior com o inferior.
Fig. I 1.7 - Visua/izaçõo de diastemas no arco superior que compensam o excesso de material dental inferior. Para que haja o encaixe a tampa tem
que ser picotada no sentido de aumentá-Ia.
Fig. 11.8 - Visua/izaçõo do apinhamento no arco inferior decorrente do excesso de material dental inferior. É o mesmo que amassar uma caixa no
sentido de diminui-Ia, permitindo com isto o encaixe superior e inferior.
230 ORTODONTIA' DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO
Fig. 11.9 - Visualização de uma desoclusão posterior decorrente de um excesso de material dental inferior. Ao se acertar a parte anterior da tampa
vai haver uma sobra na parte posteroinferior (C/asse 11).
-c, i:;;' para a saúde dental. Na maxila, no entanto, o premolares ditada por outras análises que estu-
-, ~:>;::1 desgaste pode ser maior nas proximais dos ca- dam o tamanho dos dentes em relação ao ta-
~ /
<:
ninos (devido a maior espessura de esmalte), manho das bases ósseas e as discrepâncias cefa-
podendo também se estender até a mesial dos lométricas.
.....)
t: !"-"
~~"~
premolares. Estes desgastes podem ser feitos Quando do tratamento clínico, em ca~os de
--,
~... ',,- gradativamente com auxílio de tiras de lixa de quatro extrações de premolares, também a aná-
.)
'5.:
:.:,-s>
s:
":I~ .•
aço ou através de discos de aço e brocas, to- lise de Bolton pode ser de grande auxílio para
<
"1
<:'t:.
("""')
mando-se o cuidado de proceder em seguida a avaliar e selecionar o efeito das várias combina-
""). C-:.
um perfeito polimento e aplicação de flúor. Os ções das extrações.
:)- \...,~.
Z~ '~_~
;{t.
., diastemas resultantes dos desgastes podem ser
reduzidos durante o tratamento com aparato-
Para um bom diagnóstico e planejamento
de um caso clínico, portanto, é imprescindível
~ "'l-
logia fixa ou logo após a remoção deste com o que a análise de Bolton faça parte da documen-
auxílio de um aparelho removível. tação ortodôntica.
ANÁLISE DE BOL TON 231
TABELA 11.1
12 mando mm % média = 9 I ,3
-Relação entre os arcos: x 100
12 max. = mm D.P. = 1,91
Se o valor exceder 91,3 + o desvio padrão riores. Na frente estará o valor correspon-
de 1,91, o comprimento do arco inferior do dente do arco inferior. A diferença entre o
paciente é excessivo. Na tabela acima, locali- valor do arco mandibular do paciente e o da
za-se a soma mesiodistal dos 12 dentes supe- tabela é a discrepância mandibular:
TABELA 11.2
Fig. /2./ - Comparação entre o homem pré-histórico e o homem moderno. O homem pré-histórico apresentava seus maxilares bem desenvolvidos
devido ao grande uso do aparelho mastigador, e a caixa craniana pouco desenvolvida. Já o homem moderno tem os maxilares atrésicos, porém a caixa
craniana grande.
236 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO
CAUSAS
Hereditárias
-
atuam em
PERíODO
Contínuo ou
-
sobre
TECIDOS
Neuromusculatura
-
produzindo
EFEITOS
Disfunção
Causas de Intermitente Dentes Má oclusão
desenvolvimento de Diferentes pe- Ossos e cartilagem Displasia óssea
origem desconhecida ríodos etários Tecidos moles
Traumatismos
Agentes físicos
Hábitos
Enfermidades
Desnutrição
- Graber, em 1966, dividiu os fatores etiológi- Esta equação é uma expressão sintetizada
cos em dois grandes grupos: intrínsecos ou locais, do mecanismo pelo qual se originam quais-
da responsabilidade do dentista, e extrínsecos ou quer dos tipos de problemas da oclusão. É
<: gerais, dificilmente resolvidos pelo' profissional. porém muito simplificada, fato que fez com
- Moyers em 1979 interpreta a etiologia da que Moyers a d~senvolvesse e ampliasse.
má oclusão a partir da "Equação Ortodôntica"
ou "Equação de Dockrell." 11 - CLASSIFICAÇÃO DE GRABER
B. Moléstias ou
São fatores agindo à distância, muitas vezes
deformidades congênitas • lábio leporino durante a formação do indivíduo e que portan-
• paralisia cerebral to são dificilmente controláveis pelo ortodon-
• torcicolo tista, com exceção dos hábitos bucais. Nestes
• disostose casos a contenção deve ser mais prolongada,
cleidocraniana muitas vezes chegando a ser eterna (Quadro I).
• sífili