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Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

REGULAMENTO
15 INTERNACIONAL
PARA EVITAR
ABALROAMENTOS
NO MAR

15.1 INTRODUÇÃO
Este Capítulo destina-se a orientar o estudo do Regulamento Internacional para
Evitar Abalroamentos no Mar (RIPEAM-72), incorporando as emendas de 1981, consti-
tuindo-se em uma espécie de “tradução”, para uma linguagem mais acessível, das regras
estabelecidas no Regulamento. Embora todo o RIPEAM seja discutido neste Capítulo, o
navegante deverá, também, estudar o texto completo das regras, constante da publicação
Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar, editada pela Dire-
toria de Portos e Costas do Ministério da Marinha.

15.2 DEFINIÇÕES; APLICAÇÃO DAS


REGRAS
Para compreender totalmente as regras é importante conhecer o significado dos se-
guintes termos:

1. A palavra embarcação para o RIPEAM designa qualquer engenho ou aparelho, inclusive


veículos sem calado (tais como os que se deslocam sobre colchões de ar) e hidroaviões,
usados ou capazes de serem usados como meio de transporte sobre a água.

2. O termo embarcação de propulsão mecânica designa qualquer embarcação movi-


mentada por meio de máquinas ou motores.

3. O termo embarcação a vela designa qualquer embarcação sob vela, sendo propelida
apenas pela força do vento, ou seja, com a máquina de propulsão, se houver, não sendo
utilizada.

4. O termo em movimento se aplica a todas as embarcações que não se encontram fun-


deadas, amarradas à terra ou encalhadas.

As definições de termos tais como embarcação sem governo, embarcação com


capacidade de manobra restrita, embarcação restrita devido ao seu calado e em-

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barcação engajada na pesca, serão abordadas nas partes deste Capítulo onde estas em-
barcações são estudadas.

As regras do RIPEAM aplicam-se a todas as embarcações em mar aberto e em todas


as águas a este ligadas, navegáveis por navios de alto mar.

O segundo ponto é especialmente importante, pois o RIPEAM é normalmente asso-


ciado apenas com o mar aberto. Na realidade, entretanto, há muitos rios, águas interiores
e portos aos quais se aplicam as regras do RIPEAM, por que são navegáveis por embarcações
de alto mar e, ainda, estão ligados ao mar aberto. Por outro lado, há países, como os Estados
Unidos, que adotam um conjunto de regras locais (“inland rules”), que se aplicam às águas
interiores, situadas por dentro de uma linha de demarcação, que divide as águas reguladas
pelo RIPEAM das águas regidas pelas regras locais acima citadas.

O Brasil adota um conjunto de Regras Especiais Complementares ao RIPEAM/72,


para uso nas nossas águas interiores (rios, lagos, lagoas e canais em que ambas as margens
estão em território nacional). Os aspectos principais de tais regras serão mencionados ao final
deste Capítulo.

15.3 LUZES E MARCAS


a. É IMPORTANTE ASSINALAR AS SEGUINTES REGRAS, QUE SE
APLICAM ÀS LUZES E MARCAS:

1. As luzes devem ser exibidas do por ao nascer do Sol e em períodos de visibilidade


restrita. Durante estes períodos, não devem ser exibidas outras luzes que possam
perturbar a identificação, por parte de outro navio, das luzes especificadas no RIPEAM.

2. As regras referentes às marcas se aplicam ao período diurno.

b. SETORES DE VISIBILIDADE DAS LUZES PADRÕES DE


NAVEGAÇÃO.

1. LUZES DE BORDOS (verde a boreste e encarnada a bombordo): devem apresentar


um setor de visibilidade de 112,5°, desde a proa até 22,5° por ante a ré do través do seu
respectivo bordo.

2. LUZES DE MASTRO: as luzes brancas contínuas de mastro, situadas sobre a linha


de centro do navio, devem apresentar um setor de visibilidade de 225°, desde a proa
até 22,5° por ante a ré do través em ambos os bordos da embarcação.

3. LUZ DE ALCANÇADO: a luz branca contínua de alcançado, situada tão próximo


quanto possível da popa, deve ser visível num setor horizontal de 135°, sendo 67,5°
para cada bordo, a partir da popa.

Os setores de visibilidade das luzes padrões de navegação são mostrados na Figura 15.1.

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Figura 15.1 – Setores de visibilidade das luzes padrões de navegação

c. ALCANCES DAS LUZES PADRÕES DE NAVEGAÇÃO


Os alcances padrões mínimos das luzes de navegação são os que se seguem:
1. Em embarcações de comprimento igual ou superior a 50 metros:
LUZES DE MASTRO 6 milhas
LUZES DE BORDOS 3 milhas
LUZ DE ALCANÇADO 3 milhas
2. Em embarcações de comprimento igual ou superior a 12 metros, porém inferior a 50
metros:
LUZ DE MASTRO 5 milhas (quando o comprimento da embarcação for
inferior a 20 m : 3 milhas)
LUZES DE BORDOS 2 milhas
LUZ DE ALCANÇADO 2 milhas

3. Em embarcações de comprimento inferior a 12 metros:


LUZ DE MASTRO 2 milhas
LUZES DE BORDOS 1 milha
LUZ DE ALCANÇADO 2 milhas

d. LUZES E MARCAS PADRÕES DE NAVEGAÇÃO PARA OS DIVERSOS


TIPOS DE EMBARCAÇÃO
1. EMBARCAÇÃO DE PROPULSÃO MECÂNICA DE COMPRIMENTO IGUAL OU
SUPERIOR A 50 METROS:
Em movimento, à noite ou sob visibilidade restrita, deve exibir:
• duas luzes de mastro de modo a formar um alinhamento, isto é, sendo a luz de ré
mais alta que a de vante,
• luzes de bordos
• uma luz de alcançado

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Estas luzes são mostradas nas Figuras 15.2 e 15.3.

Figura 15.2 –

B - LUZES BRANCAS
E - LUZ ENCARNADA
V - LUZ VERDE
Figura 15.3 – Embarcação de propulsão mecânica, de comprimento maior que 50 metros
em movimento

2. EMBARCAÇÃO DE PROPULSÃO MECÂNICA DE COMPRIMENTO


INFERIOR A 50 METROS:

Em movimento, à noite ou sob visibilidade restrita, deve exibir:


• uma luz de mastro
• luzes de bordos
• uma luz de alcançado
Estas luzes são mostradas nas Figuras 15.4 e 15.5 (a).
NOTA: Uma embarcação de propulsão mecânica de comprimento inferior a 50 metros não
é obrigada a exibir a segunda luz de mastro, mas poderá fazê-lo.

3. OBSERVAÇÕES
• Em embarcações de comprimento inferior a 20 metros, as luzes de bordos podem ser
combinadas em uma única lanterna instalada sobre a linha de centro da embarcação.

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Figura 15.4 – Embarcação de propulsão mecânica, menor do que 50 metros, em movimento

Figura 15.5 (a) – Vista de topo e de bombordo de uma embarcação de propulsão mecânica
menor do que 50 metros, em movimento

• Uma embarcação de propulsão mecânica com menos de 12 metros de comprimento, em


movimento, pode exibir apenas uma luz circular branca (setor de visibilidade de 360º)
e luzes de bordos – Figura 15.5 (b).

• Uma embarcação de propulsão mecânica com menos de 7 metros de comprimento, cuja


velocidade máxima não exceda a 7 nós, pode exibir apenas uma luz circular branca
(Figura 15.5 (c)) e deve, se possível, também exibir luzes de bordos.

Figura 15.5 (b) – Figura 15.5 (c) –

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4. EMBARCAÇÕES A VELA EM MOVIMENTO

Uma embarcação a vela em movimento, à noite ou sob visibilidade restrita, deve


exibir:
• luzes de bordos
• luz de alcançado
Além das luzes acima prescritas, uma embarcação a vela em movimento pode exibir,
como luzes opcionais, no tope do mastro ou próximo deste, onde possam ser melhor vis-
tas, duas luzes circulares dispostas em linha vertical, sendo a superior encarnada
e a inferior verde.
Estas luzes são mostradas nas Figuras 15.6 (a) e 15.6 (b).
Figura 15.6 (a) – Figura 15.6 (b) –

5. EMBARCAÇÃO NAVEGANDO SOB VELA E MÁQUINA


Figura 15.7 –

Uma embarcação navegando a vela,


quando também opera propulsão mecânica,
deve exibir avante, onde possa ser melhor
vista, durante o período diurno, uma marca
em forma de cone, de cor preta, com o vértice
para baixo, como mostrado na Figura 15.7.

À noite, ou em condição de visibili-


dade restrita, uma embarcação navegando
sob vela e máquina deve exibir as luzes pa-
drões de navegação para embarcações
de propulsão mecânica em movimento.

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6. LUZES E MARCAS PARA REBOQUE E EMPURRA

As luzes e marcas especiais para reboque e empurra devem ser exibidas apenas
quando a embarcação estiver efetivamente engajada nestas operações. Um rebocador ou
empurrador quando navegando independentemente deve exibir as luzes padrões de
navegação para uma embarcação de propulsão mecânica.

– Uma embarcação rebocando, sendo o comprimento do reboque (medido a


partir da popa do rebocador até a popa da última embarcação rebocada) inferior a 200
metros, deve exibir:
• duas luzes de mastro brancas, em linha vertical (setores de visibilidade de 225°, sendo
112,5° para cada bordo da proa).
• luzes de bordos
• luz de alcançado
• luz de reboque, de cor amarela, com as mesmas características da luz de alcançado
(setor de visibilidade de 135° centrado na popa), localizada em linha vertical e acima da
luz de alcançado.
A embarcação rebocada deve exibir:
• luzes de bordos
• luz de alcançado
As luzes acima citadas são mostradas nas Figuras 15.8 e 15.9.
Figura 15.8 – Embarcação rebocando pela popa, comprimento do reboque menor que 200
metros e comprimento do rebocador menor que 50 metros

Figura 15.9 – Embarcação rebocada

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Se o comprimento do rebocador for igual ou maior que 50 metros, uma luz de mastro
adicional deve ser exibida, a ré e mais alta que as duas luzes anteriormente mencionadas,
conforme mostrado na Figura 15.10.
Figura 15.10 – Rebocador de comprimento igual ou superior a 50 metros, enbajado em
faina de reboque, sendo o comprimento do reboque inferior a 200 metros

Uma embarcação rebocando, sendo o comprimento do reboque superior a


200 metros, deverá exibir, à noite ou sob visibilidade restrita:
• três luzes de mastro brancas, em linha vertical (setores de visibilidade de 225°, sendo
112,5° para cada bordo.
• luzes de bordos
• luz de alcançado
• luz de reboque, amarela, com 135° de setor de visibilidade (67,5° para cada bordo, a
partir da popa), acima e em linha vertical com a luz de alcançado.
Como no caso anterior, as embarcações rebocadas devem exibir:
• luzes de bordos
• luz de alcançado
A Figura 15.11 ilustra a situação descrita.

Figura 15.11 – Embarcação (de comprimento menor que 50 metros) rebocando, sendo o
comprimento do reboque superior a 200 metros

É importante notar que, se o


comprimento do rebocador for igual
ou superior a 50 metros, ele deverá
exibir uma luz de mastro adicional, a
ré e mais alta que as três luzes acima
citadas.

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Quando o comprimento do reboque for superior a 200 metros, tanto o rebocador quanto
as embarcações rebocadas exibirão, durante o dia, uma marca formada por dois cones pretos
unidos pelas bases, situada onde melhor possa ser vista, como mostrado nas Figuras 15.11
e 15.12.
Figura 15.12 – Marca diurna exibida pelo rebocador e pelas embarcações rebocadas quando
o comprimento do reboque é maior que 200 metros

Embarcação de propulsão mecânica rebocando a contrabordo.


À noite ou sob visibilidade restrita deve exibir:
• duas luzes de mastro brancas, em linha vertical.
• luzes de bordos
• luz de alcançado
A embarcação sendo rebocada a contrabordo deve exibir luzes de bordos no extremo
de vante e luz de alcançado.

As Figuras 15.13 (a ) e 15.13 (b) ilustram o reboque a contrabordo.

Figura 15.13 (a) – Embarcação de propulsão mecânica, rebocando a contrabordo

Figura 15.13 (b) – Reboque a contrabordo

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Figura 15.14 –

Um grupo de embarcações
rebocadas a contrabordo deve exibir luzes
de navegação como se fosse uma única
embarcação, conforme mostrado na Figura
15.14.

Uma embarcação empurrando deve exibir, à noite ou sob visibilidade restrita:


• duas luzes de mastro brancas, numa linha vertical
• luzes de bordos
• luz de alcançado
Se o comprimento do empurrador for igual ou maior que 50 metros, ele deve exibir
uma luz de mastro adicional, a ré e mais alta que as duas luzes acima citadas.
A embarcação sendo empurrada deve exibir apenas luzes de bordos, no extremo
de vante.
A Figura 15.15 (a) ilustra esta situação.
Quando uma embarcação empurradora e uma embarcação empurrada estão
rigidamente ligadas entre si, formando uma unidade integrada e reagindo ao mar como se
fosse um só navio, elas devem ser consideradas como uma só embarcação de propulsão
mecânica e exibir as luzes padrões para este tipo de embarcação (Figura 15.15 (b)).
Figura 15.15 (a) – Figura 15.15 (b) –

7. EMBARCAÇÕES ENGAJADAS NA PESCA


Para ser considerada uma embarcação engajada na pesca, a embarcação deve
estar pescando com “redes, linhas, redes de arrasto ou qualquer outro equipamento
de pesca que restringe sua manobrabilidade”. Isto não inclui uma embarcação de recreio
pescando de corrico ou com outros equipamentos de pesca que não restringem sua
manobrabilidade.
As seguintes regras especiais aplicam-se às embarcações engajadas na pesca:
• embarcações de propulsão mecânica e embarcações a vela devem manter-se fora
do caminho de embarcações engajadas na pesca.

498 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


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• uma embarcação engajada na pesca não deve impedir a passagem de qualquer navio
navegando em um canal estreito ou seguindo um esquema de separação de tráfego.

• uma embarcação engajada na pesca fundeada exibe apenas as luzes de identificação


de pesca, não mostrando as luzes de embarcação fundeada.

• quando em movimento uma embarcação engajada na pesca exibe, além das luzes de
identificação de pesca, as luzes de bordos e a luz de alcançado.

Uma embarcação engajada na pesca de arrasto, isto é, arrastando através da


água uma rede ou outro dispositivo usado como aparelho de pesca, deve exibir, durante à
noite ou em períodos de visibilidade restrita (Figuras 15.16 (a) e 15.16 (b)):

Figura 15.16 (a) – Embarcação maior que Figura 15.16 (b) – Embarcação menor que 50
50 metros, engajada na pesca de arrasto, metros, engajada na pesca de arrasto, com
sem seguimento seguimento

• duas luzes circulares (com setores de visibilidade de 360°) dispostas em linha verti-
cal, sendo a superior verde e a inferior branca.
• quando com seguimento exibirá também luzes de bordos e luz de alcançado.
• se maior que 50 metros, a embarcação engajada na pesca de arrasto deverá ainda
exibir uma luz de mastro, por ante a ré e acima da luz verde.

Uma embarcação engajada em pesca com linha ou rede que não seja de
arrasto deve exibir (Figuras 15.17 (a) e 15.17 (b)):

Figura 15.17 (a) – Embarcação engajada em Figura 15.17 (b) – Embarcação engajada em
pesca que não seja de arrasto, sem pesca que não seja arrasto, com seguimento
seguimento

• duas luzes circulares (com setores de visibilidade de 360°) dispostas em linha verti-
cal, sendo a superior encarnada e a inferior branca.

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• quando com seguimento exibirá ainda luzes de bordos e uma luz de alcançado.
• quando o equipamento de pesca se estender a mais de 150 metros, medidos
horizontalmente a partir da embarcação, exibirá ainda uma luz circular branca, na
direção do aparelho.

Figura 15.18 – Embarcação engajada na pesca (marca diurna)

Uma embarcação engajada na pesca com redes, linhas ou redes de arrasto


exibirá durante o dia uma marca composta por dois cones pretos unidos por seus
vértices, dispostos na vertical. Uma embarcação de comprimento inferior a 20 metros
poderá, em lugar dessa marca, exibir um cesto içado no mastro (Figuras 15.18 e 15.19).

Figura 15.19 –

(1) (2)

1. EMBARCAÇÃO ENGAJADA NA PESCA QUE NÃO SEJA DE ARRASTO, SEM SEGUIMENTO OU


FUNDEADA (NÃO EXIBE LUZES DE BORDOS E LUZ DE ALCANÇADO)

2. EMBARCAÇÃO DE COMPRIMENTO INFERIOR A 20 METROS, ENGAJADA NA PESCA,


DURANTE O DIA (EXIBE UM CESTO IÇADO NO MASTRO)

500 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


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Quando o equipamento de pesca se estender a mais de 150 metros, medidos


horizontalmente a partir da embarcação, a embarcação exibirá, durante o período diurno,
um cone com o vértice para cima, na direção do aparelho, além da marca diurna de
identificação de embarcação engajada em pesca, como na Figura 15.20.

Figura 15.20 – Embarcação engajada na pesca, com o aparelho se estendendo a mais de 150
metros, medidos horizontalmente a partir da embarcação, exibe a marca padrão para
embarcação engajada na pesca e um cone com o vértice para cima, na direção do aparelho

8. EMBARCAÇÕES COM CAPACIDADE DE MANOBRA RESTRITA


A expressão “embarcação com capacidade de manobra restrita” designa uma
embarcação que, devido à natureza de seus serviços, se encontra restrita em sua
capacidade de manobrar como determinado pelo RIPEAM, estando, portanto, incapacitada
de se manter fora da rota de outra embarcação.
A expressão “embarcação com capacidade de manobra restrita” inclui os casos
abaixo, não se limitando a eles, entretanto:
• embarcações engajadas em serviços de colocação, manutenção ou retirada de sinais de
navegação, cabos ou tubulações submarinas;
• embarcações engajadas em serviços de dragagem, levantamentos hidrográficos e
oceanográficos ou trabalhos submarinos, incluindo operações com mergulhadores;
• embarcações engajadas em reabastecimento ou transferência de pessoas, provisões ou
carga em viagem;
• embarcações engajadas em lançamentos ou recolhimentos de aeronaves;
• embarcações engajadas em operações de remoção de minas;
• embarcações engajadas em operação de reboque, que, por sua natureza, dificilmente
permite ao rebocador e a seu reboque desviarem-se do rumo.
• embarcações engajadas em compensação de agulha magnética ou calibragem do
radiogoniômetro
Uma embarcação engajada em operações de remoção de minas é considerada
embarcação com capacidade de manobra restrita para os propósitos de regras de manobra,
porém exibe luzes e marcas diferentes das outras categorias de embarcações com capacidade
de manobra restrita, conforme adiante mostrado.

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LUZES E MARCAS PARA EMBARCAÇÕES COM CAPACIDADE DE


MANOBRA RESTRITA

Quando sem seguimento, exibirão (Figura 15.21 (a)):

• três luzes circulares dispostas em linha vertical, onde possam ser melhor vistas. As
luzes superior e inferior deverão ser encarnadas e a do meio branca.

Quando com seguimento as embarcações com capacidade de manobra restrita exi-


birão ainda (Figura 15.21 (b)):

Figura 15.21 (a) – Embarcação com Figura 15.21 (b) – Embarcação com capacidade
capacidade de manobra restrita, sem de manobra restrita, de comprimento menor
seguimento que 50 metros, com seguimento

• luz ou luzes de mastro


• luzes de bordos
• luz de alcançado

Figura 15.21 (c) – Embarcação com capacidade de manobra restrita, de comprimento infe-
rior a 50 metros, fundeada

Quando fundeadas, além das


luzes de identificação de embarcação com
capacidade de manobra restrita, exibirão
ainda as luzes para embarcação
fundeada, adiante descritas (Figura 15.21
(c)).

Uma embarcação engajada em uma operação de reboque com restrição severa em


sua capacidade de alterar o rumo do dispositivo, deve, além das luzes prescritas para reboque,
exibir as luzes de identificação de embarcação com capacidade de manobra restrita (luzes
circulares encarnada – branca – encarnada), luzes de bordos e luz de alcançado (Figura
15.22).

502 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


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Figura 15.22 – Embarcação rebocando, incapaz de alterar o rumo do dispositivo

Quando uma embarcação está dragando ou engajada em operações submarinas e


apresenta uma obstrução, ela deve exibir as seguintes luzes, além das luzes de
identificação de embarcação com capacidade de manobra restrita (luzes circulares
encarnada – branca – encarnada):
• duas luzes circulares encarnadas em linha vertical no bordo no qual existe a obstrução
(tais como canalizações de dragagem).
• duas luzes circulares verdes em linha vertical no bordo livre para navegação (Figura
15.23).
Figura 15.23 – Embarcação engajada em dragagem, com seguimento, com obstrução a boreste
e bombordo livre

Figura 15.24 – Embarcação com capacidade de manobra restrita (marca diurna)

Marca diurna para embarcações


com capacidade de manobra restrita: du-
rante o período diurno, uma embarcação
com capacidade de manobra restrita de-
ve exibir, onde melhor possa ser vista, uma
marca constituída por uma esfera, uma fi-
gura constituída por dois cones unidos pelas
bases e uma esfera, dispostas em linha verti-
cal, todas de cor preta. O referido sinal é mos-
trado na Figura 15.24.

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 503


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Caso a embarcação com capacidade de manobra restrita apresente uma obstrução


num dos bordos, os sinais mostrados na Figura 15.25 deverão ser exibidos durante o dia
(para melhor compreensão são também apresentadas as luzes correspondentes).

Figura 15.25 –

Figura 15.26 – Embarcação miúda engajada em operações com mergulhadores

Sempre que o porte de uma embar-


cação engajada em operações submarinas
tornar a exibição das marcas acima cita-
das impraticável, deve ser exibida uma ré-
plica rígida da bandeira “A” do Código
Internacional de Sinais, colocada à al-
tura mínima de 1 metro. Devem ser to-
madas precauções a fim de assegurar sua
visibilidade em todos os setores, como
mostrado na Figura 15.26.

9. EMBARCAÇÕES RESTRITAS DEVIDO AO SEU CALADO


A expressão embarcação restrita devido ao seu calado designa uma embarcação
de propulsão mecânica que, devido ao seu calado em relação à profundidade do local, ou
devido às suas dimensões em relação à extensão de água navegável disponível, está com
severas restrições quanto à sua capacidade de se desviar do rumo que está seguindo.
Ao se determinar a condição de embarcação restrita devido ao seu calado, deve
ser dada a necessária consideração ao efeito da pouca água abaixo da quilha na
manobrabilidade do navio e, portanto, em sua capacidade de desviar-se do rumo que está
seguindo. Uma embarcação navegando com pouca água abaixo da quilha, mas com suficiente
lazeira para efetuar manobras para evitar colisão, não deve ser considerada como
embarcação restrita devido ao seu calado.
Uma embarcação restrita devido ao seu calado pode, além das luzes prescritas
para embarcações de propulsão mecânica, exibir três luzes circulares encarnadas
dispostas em linha vertical, ou uma marca constituída por um cilindro preto, onde melhor
possam ser vistos. A Figura 15.27 mostra as luzes e a marca acima citadas.

504 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


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Figura 15.27 – Embarcação restrita devido ao seu calado

10. EMBARCAÇÕES FUNDEADAS

Uma embarcação fundeada deve exibir, onde melhor possam ser vistas:
• na parte de vante, uma luz circular branca.
• na popa (ou próximo dela) e a um nível mais baixo que a luz de vante, uma outra
luz circular branca.

NOTAS: – Embarcações de comprimento inferior a 50 metros podem exibir, em lugar das


luzes acima citadas, uma luz circular branca, onde melhor possa ser vista.

Uma embarcação fundeada pode e, se o seu comprimento for maior que 100 metros,
deve, utilizar ainda todas as luzes de fainas disponíveis, para iluminar seus conveses.

• durante o dia, uma embarcação fundeada deve exibir uma marca constituída por
uma esfera preta, onde melhor possa ser vista.

NOTA: Uma embarcação de comprimento inferior a 7 metros não será obrigada a exibir as
luzes e a marca acima descritas, quando fundeada fora de um canal ou de uma via de
acesso, de um fundeadouro ou das rotas normalmente utilizadas por outras embarcações.

As Figuras 15.28 e 15.29 ilustram as luzes e a marca diurna para embarcações


fundeadas.
Figura 15.28 – Embarcação fundeada, de Figura 15.29 – Embarcação fundeada, de
comprimento igual ou superior a 50 metros comprimento inferior a 50 metros

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 505


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11. EMBARCAÇÕES SEM GOVERNO


A expressão embarcação sem governo designa uma embarcação que, por alguma
circunstância excepcional, como, por exemplo, um problema no aparelho de governo ou no
sistema de propulsão, encontra-se incapaz de manobrar como determinado pelo RIPEAM,
estando, portanto, incapacitada de se manter fora da rota de outra embarcação.
Uma embarcação sem governo deve exibir:
• duas luzes circulares encarnadas dispostas em linha vertical, onde melhor possam
ser vistas.
• quando com seguimento, deve exibir ainda luzes de bordos e luz de alcançado.
• durante o dia, uma embarcação sem governo deve exibir uma marca constituída
por duas esferas pretas, em linha vertical, onde melhor possam ser vistas.

Figura 15.30 (a) – Embarcação sem governo, sem seguimento

As Figuras 15.30 (a) e 15.30 (b) mostram as luzes e marcas para uma embarcação sem
governo.

Figura 15.30 (b) – Embarcação sem governo, com seguimento

506 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


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12. EMBARCAÇÃO ENCALHADA


Uma embarcação encalhada deve exibir:

• as luzes prescritas para embarcações fundeadas, anteriormente descritas.


• duas luzes circulares encarnadas dispostas em linha vertical, onde melhor possam
ser vistas.

• três esferas pretas durante o período diurno, onde melhor possam ser vistas.
Figura 15.31 (a) – Navio encalhado (maior que 50 metros)

As Figuras 15.31(a) e 15.31(b) ilustram as luzes e marcas exibidas por uma


embarcação encalhada.

Figura 15.31 (b) – Embarcação menor que 50 metros, encalhada

NOTA: Uma embarcação com menos de 12 metros de comprimento, quando encalhada


não será obrigada a exibir as luzes ou marcas acima citadas, porém deve indicar sua condição
da maneira mais eficaz possível.

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 507


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13. EMBARCAÇÕES DE PRATICAGEM


Uma embarcação engajada em serviço de praticagem deve exibir:
• duas luzes circulares dispostas em linha vertical, sendo a superior branca e a infe-
rior encarnada, situadas no (ou próximo do) tope do mastro.
• quando em movimento, deve exibir ainda luzes de bordos e luz de alcançado.
• quando fundeada exibe, além das luzes prescritas para praticagem, a luz (luzes) ou
marca de fundeio, anteriormente descritas.
As Figuras 15.32 e 15.33 ilustram o que foi acima descrito.
Figura 15.32 – Embarcação de praticagem, Figura 15.33 – Embarcação de praticagem,
com seguimento menor que 50 metros, fundeada

14. EMBARCAÇÕES ENGAJADAS EM OPERAÇÕES DE REMOÇÃO DE


MINAS
Uma embarcação engajada em operações de varredura ou caça de minas
deve, além das luzes prescritas para embarcação de propulsão mecânica em movimento,
(ou as luzes ou marcas prescritas para uma embarcação fundeada), exibir três luzes
circulares verdes. Uma dessas luzes deverá ser exibida próxima ao tope do mastro de
vante e as duas restantes, uma em cada lais da verga do mesmo mastro. Estas luzes indicam
que é perigoso para outra embarcação aproximar-se a menos de 1.000 metros do varredor.
Durante o dia, a embarcação engajada em operações de varredura ou caça de minas
deve exibir uma marca constituída por três esferas pretas, uma próxima ao tope do mastro
de vante e, as duas restantes, uma em cada lais da verga do mesmo mastro
As luzes e marcas acima descritas são mostradas na Figura 15.34.
Figura 15.34 – Embarcação engajada em remoção de minas (comprimento maior que 50
metros).

508 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

15. SUBMARINOS
Em adição às luzes de navegação padrão, um submarino em operação nos limites
das águas jurisdicionais brasileiras, quando navegando na superfície, poderá exibir,
além das luzes convencionais previstas no RIPEAM, uma luz âmbar (amarela) onidirecional,
intermitente, com 90 lampejos por minuto, de acordo com a regra 36 (sinais para chamar a
atenção) do RIPEAM. Em caso de necessidade, poderá exibir somente a luz intermitente.

Figura 15.34 (a) – Submarino navegando na superfície, exibindo, além das luzes previstas
no RIPEAM, luz âmbar intermitente

16. EMBARCAÇÕES QUE SE DESLOCAM SOBRE COLCHÕES DE AR


Quando operando sem-calado, uma embarcação tipo “hovercraft”, que se desloca sobre
colchão de ar, deve exibir uma luz circular amarela intermitente, com pelo menos 120
lampejos por minuto, além das luzes de navegação padrão, como mostrado na Figura 15.35.

Figura 15.35 (a) – Figura 15.35 (b) –

17. HIDROAVIÕES

Quando for impossível a um hidroavião exibir as luzes e marcas com as


características ou nas posições prescritas no RIPEAM, deverá exibir luzes e marcas tão
semelhantes quanto possível, em características e posições, às prescritas pelo Regulamento
para as embarcações de propulsão mecânica.

As Figuras 15.36, 15.37 e 15.38 apresentam um sumário das luzes e marcas


prescritas pelo RIPEAM.

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 509


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

Figura 15.36

510 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

Figura 15.37

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 511


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

Figura 15.38

512 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

15.4 REGRAS DE GOVERNO E DE


NAVEGAÇÃO
a. RISCO DE COLISÃO
As regras do RIPEAM afirmam especificamente que o risco de colisão existe se
“a marcação de uma embarcação que se aproxima não se altera de modo
apreciável”. Em linguagem naval, de uso comum nas Marinhas de Guerra, diz-se que há
risco de colisão quando um alvo apresenta marcação constante e distância diminuindo.

Às vezes, entretanto, tal risco pode existir mesmo quando for observada apreciável
variação na marcação, particularmente quando da aproximação de uma embarcação muito
grande ou de um reboque, ou quando da aproximação de uma embarcação que esteja a uma
distância muito pequena da nossa. Se houver dúvidas, deve-se assumir que existe risco de
colisão.

Toda embarcação deverá sempre determinar se há risco de colisão com qualquer


outra embarcação. Todos os meios disponíveis devem ser utilizados para avaliar a situação,
incluindo vigias, radar e comunicações-rádio.

Se a embarcação está equipada com radar, uma plotagem radar ou outro método
sistemático de acompanhamento de alvo deve ser mantido, para se obter alarme antecipado
do risco de colisão. Entretanto, não devem ser feitas suposições com base em informações
limitadas, especialmente informações-radar imprecisas.

É importante lembrar que risco de colisão existe sempre que embarcações estão
tão próximas que um acidente pode resultar de má marinharia, de uma violação das
regras, de um erro de julgamento por parte de uma delas, de avaria das máquinas
ou do aparelho de governo ou da combinação desses e de outros fatores.

b. MANOBRAS PARA EVITAR COLISÃO


Se o risco de colisão existe, devem ser executadas ações para evitar colisão de
acordo com as seguintes regras gerais:
1. Toda manobra executada para evitar colisão deve ser franca e positiva, bem como ser
feita com ampla antecedência e de acordo com a boa marinharia.
2. Toda alteração de rumo e/ou velocidade deve ser ampla o suficiente para ser
imediatamente percebida pela outra embarcação. Devem ser evitadas pequenas
alterações sucessivas de rumo e/ou velocidade.
3. Verifique continuamente a efetividade de sua manobra, até que a outra embarcação
tenha finalmente passado e esteja safa.
4. Caso necessário, para evitar colisão ou para permitir mais tempo para avaliação da
situação, reduza velocidade ou corte todo seu seguimento, parando ou invertendo
as máquinas.
5. Siga nas manobras as regras prescritas para situações de roda a roda, rumos
cruzados ou ultrapassagem.
6. Soe os sinais de manobra recomendados quando no visual da outra embarcação.

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 513


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

c. RESPONSABILIDADE ENTRE EMBARCAÇÕES


De modo a determinar qual embarcação é obrigada a manobrar nas diversas situações
de aproximação, é essencial conhecer a ordem de prioridade entre embarcações
estabelecida no RIPEAM. A ordem de precedência entre os vários tipos de embarcações
é a seguinte:
1. Qualquer embarcação sendo ultrapassada é a “mais privilegiada”. Todas as outras
embarcações – a vela, engajadas na pesca, com capacidade de manobra restrita ou mesmo
sem governo – devem manter-se fora do caminho de uma embarcação que estejam
ultrapassando.
2. Embarcações sem governo são as que se seguem na ordem de precedência. Todas as
embarcações listadas abaixo devem manter-se fora do caminho de uma embarcação sem
governo.
3. Embarcações com capacidade de manobra restrita.
4. Embarcações restritas devido ao seu calado (se exibindo as luzes ou marca diurna
prescritas no RIPEAM para esta situação) têm precedência sobre as embarcações listadas
abaixo. Devem sempre, entretanto, navegar com particular precaução.
5. Embarcações engajadas na pesca têm precedência sobre embarcações a vela e de
propulsão mecânica.
6. Embarcações a vela
7. Embarcações de propulsão mecânica
8. Hidroaviões sobre a água devem, de modo geral, manter-se afastados de todas as
embarcações e evitar atrapalhar sua navegação. Entretanto, as áreas de pouso de
hidroaviões, representadas nas Cartas Náuticas, devem ser respeitadas.

d. SINAIS SONOROS E LUMINOSOS

1. Sinais de Manobra

Os sinais usados para indicar manobra em situações de aproximação são constituídos


por apitos curtos (1 segundo de duração). Apenas embarcações de propulsão
mecânica soam sinais de manobra e eles devem ser dados somente quando no visual
da outra embarcação.

Quando manobrando como autorizado ou requerido pelas regras do RIPEAM, as


embarcações de propulsão mecânica devem soar os seguintes sinais para indicar
as manobras sendo executadas:

• um apito curto, significando “estou guinando para boreste”.


• dois apitos curtos, significando “estou guinando para bombordo”.
• três apitos curtos, significando “estou operando máquinas atrás”.
Estes sinais de apito podem ser suplementados (mas não substituídos) por sinais
luminosos, repetidos apropriadamente durante a execução da manobra.

Os sinais luminosos, opcionais, são constituídos por lampejos de cerca de 1 segundo


de duração, com os seguintes significados:

514 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

• um lampejo: “estou guinando para boreste”


• dois lampejos: “estou guinando para bombordo”
• três lampejos: “estou operando máquinas atrás”
Quando instalado, o equipamento de sinais luminosos deve conter uma luz circular
branca (360° de setor de visibilidade), com alcance mínimo de 5 milhas.
2. Sinal de alarme (ou de advertência)
Quando duas embarcações, no visual uma da outra, se aproximam e, por qualquer
motivo, uma das embarcações não consegue entender as intenções de manobra da outra,
ou está em dúvida quanto à eficácia da manobra empreendida pela outra para evitar
colisão, a embarcação em dúvida deve soar um sinal de advertência, constituído por
pelo menos cinco apitos curtos. Este sinal pode ser dado por qualquer embarcação
(a vela ou de propulsão mecânica), mas é limitado, conforme acima citado, a situações
em que as duas embarcações envolvidas estão no visual uma da outra. Ele pode
ser suplementado por um sinal luminoso composto de um mínimo de cinco lampejos
curtos e rápidos.
3. Quando uma embarcação estiver se aproximando de uma curva ou de uma área de um
canal estreito ou via de acesso onde outras embarcações que se aproximam podem estar
ocultas devido a obstáculos, ela deve dar um apito longo (4 a 6 segundos de duração).
Este sinal deve ser respondido com um apito longo por qualquer embarcação que o
tenha ouvido e que esteja se aproximando do outro lado da curva ou detrás da obstrução.
Os sinais de manobra e de advertência estão ilustrados na Figura 15.39 (na página
seguinte).

e. REGRAS DE MANOBRA
As regras abaixo prescritas aplicam-se a embarcações no visual uma da outra.

1. Situação de roda a roda


• Quando duas embarcações a propulsão mecânica estiverem se aproximando em
rumos diretamente opostos ou quase diretamente opostos, em condições que envolvam
risco de colisão, cada uma deverá guinar para boreste, de forma que a passagem se
dê por bombordo uma da outra (bombordo com bombordo). Cada embarcação deve
soar o sinal de manobra apropriado, para indicar a ação de manobra sendo executada,
como mostrado na Figura 15.40.
Figura 15.40 – Situação de roda a roda

z Um apito curto (estou guinando para BE)

z z Dois apitos curtos (estou guinando para BB)

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 515


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

Figura 15.39 –

• Deve-se considerar a existência de uma situação de roda a roda quando as embarcações


se avistam uma à proa da outra, ou em marcações próximas da proa, de tal modo que,
durante a noite, uma verá as luzes dos mastros da outra enfiadas (ou quase enfiadas) e
as luzes de ambos os bordos ou, durante o dia, elas apresentem aspecto correspondente.
• Quando houver dúvida sobre a existência de tal situação, a embarcação em dúvida deverá
considerá-la como existente e manobrar de acordo.

516 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

2. Situação de rumos cruzados


Quando duas embarcações a propulsão mecânica navegam em rumos que se
cruzam, em situação que envolve risco de colisão, a embarcação que avista a outra
por boreste é obrigada a manobrar e deverá se manter fora do caminho da outra
embarcação, evitando, caso as circunstâncias o permitam, cruzar a proa da embarcação
que tem preferência, tal como mostrado na Figura abaixo.

Figura 15.41 – Situação de rumos cruzados

z Um apito curto (estou guinando para BE)

zz Dois apitos curtos (estou guinando para BB)

Nota: Se, em vez de manobrar, o navio A resolver cortar


seu seguimento para esperar B passar, ele dará o sinal:

z z z Três apitos curtos (estou operando máquinas atrás)

• Ação da embarcação obrigada a manobrar:


Toda embarcação obrigada a se manter fora do caminho de outra deverá, tanto quanto
possível, manobrar antecipada e substancialmente, a fim de se manter bem safa da
outra. A embarcação obrigada a manobrar deverá soar os sinais de manobra
correspondentes às manobras executadas.

• Ação da embarcação que tem preferência:


Deverá manter seu rumo e velocidade. Entretanto, a embarcação que tem preferência
poderá manobrar para evitar uma colisão, tão logo lhe pareça que a embarcação obrigada
a manobrar não está agindo apropriadamente, em cumprimento ao RIPEAM. Nesta
situação, a embarcação que tem preferência deverá evitar guinar para bombordo, tendo
a outra embarcação a seu bombordo (pois esta poderia interpretar como uma situação
roda a roda, guinar para BE e aumentar o risco de colisão).

Quando, por qualquer motivo, a embarcação que tem preferência se encontrar tão próxima
da outra embarcação que uma colisão não possa ser evitada unicamente pela manobra
da embarcação obrigada a manobrar, ela deverá manobrar da melhor maneira para
auxiliar a evitar a colisão. Isto não dispensa a embarcação obrigada a manobrar de sua
obrigação de se manter fora do caminho.

3. Ultrapassagem

• Conforme anteriormente citado, qualquer embarcação que esteja sendo


ultrapassada tem a maior precedência na ordem de prioridade entre os diferentes
tipos de embarcações. Assim, como regra geral, toda embarcação que esteja
ultrapassando uma outra deverá manter-se fora do caminho dessa outra.

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 517


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

• Uma embarcação está ultrapassando quando se aproxima de outra vindo de uma direção
de mais de 22,5º para ré do través dessa última, isto é, quando se aproxima de uma
posição tal, em relação à embarcação alcançada, que, durante a noite, só pode ver a luz
de alcançado (luz de popa) da embarcação alcançada, sem avistar nenhuma de suas
luzes de bordos.
A situação acima está ilustrada na Figura 15.42.

Figura 15.42 – Situações de ultrapassagem

Nas três situações, a embarcação A tem


preferência, pois está sendo ultrapassada por B,
C ou D, respectivamente

• Quando houver dúvida se uma embarcação está ultrapassando outra, ela deverá
considerar a situação como tal e manobrar de acordo com as regras, mantendo-se fora do
caminho da outra embarcação.
• A obrigação de manobrar permanece com a embarcação que está alcançando, até que
tenha ultrapassado inteiramente a outra embarcação e esteja suficientemente afastada.
A embarcação que ultrapassa soará os sinais de manobra correspondentes às alterações
de rumo que fizer para efetuar a ultrapassagem. A embarcação que está sendo
ultrapassada deve manter rumo e velocidade (Figura 15.43).

Figura 15.43 – Ultrapassagem

A: Tem preferência (mantém rumo e velocidade)


B: Obrigado a manobrar (executar uma das manobras mostradas, soando os sinais
correspondentes)
z Um apito curto (estou guinando para BE)
zz Dois apitos curtos (estou guinando para BB)

518 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

4. Manobra em canais estreitos:

Regras especiais que se aplicam a embarcações em canais estreitos ou vias de


acesso:
• Mantenha-se tão próximo quanto possível e seguro do limite exterior do canal ou via
de acesso que estiver a seu boreste.
• Evite o máximo possível fundear em um canal estreito.
• Não cruze um canal estreito ou via de acesso se esta manobra vier a atrapalhar a
passagem de outra embarcação que só pode navegar com segurança dentro do canal ou
via de acesso.
• Embarcações de menos de 20m de comprimento ou embarcações a vela não devem
atrapalhar a passagem de outra embarcação que só pode navegar com segurança dentro
de um canal estreito ou via de acesso.
• Embarcações engajadas na pesca não devem atrapalhar a passagem de qualquer outra
embarcação que esteja navegando dentro de um canal estreito ou via de acesso.
• Conforme anteriormente citado, uma embarcação navegando num canal estreito ou
via de acesso deverá soar um apito longo (4 a 6 segundos de duração) quando estiver
se aproximando de uma curva fechada ou de uma área onde outras embarcações possam
estar ocultas devido a obstáculos. Nesta situação, a embarcação deverá também navegar
com atenção e cuidados redobrados.
Ultrapassagem em canais estreitos
Quando uma ultrapassagem em um canal estreito ou via de acesso só for possível se a
embarcação alcançada manobrar para permitir uma ultrapassagem segura, a embarcação
que está ultrapassando deve indicar suas intenções e receber permissão da embarcação
alcançada, através de uma seqüência especial de sinais.
Esta seqüência começa com a embarcação que está ultrapassando emitindo um dos
seguintes sinais, para indicar sua intenção:
• Dois apitos longos seguidos de um apito curto para indicar: “tenho a intenção de
ultrapassá-la por seu boreste”.
• Dois apitos longos seguidos por dois apitos curtos para indicar: “tenho a intenção
de ultrapassá-la por seu bombordo”.
Se a embarcação alcançada concorda, ela indicará sua concordância através do seguinte
sinal:
Um apito longo, um curto, um longo e um curto, nesta ordem (“concordo com sua
ultrapassagem”).
A embarcação que está sendo ultrapassada, então, manobrará (alterando o rumo ou
reduzindo a velocidade), para permitir a passagem da outra embarcação no bordo
solicitado, emitindo os sinais de manobra apropriados. Em seguida, a embarcação que
ultrapassa manobrará, emitindo também os sinais de manobra apropriados e mantendo-
se fora do caminho da embarcação alcançada.
Se a embarcação alcançada não concordar com a intenção da outra embarcação, ela soará
o sinal de advertência, constituído por cinco ou mais apitos curtos, para expressar
sua dúvida quanto à eficácia da manobra proposta.
Os sinais especiais de ultrapassagem estão ilustrados na Figura 15.39.

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 519


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

5. Esquemas de separação de tráfego

Esquemas de separação de tráfego foram adotados pela Organização Marítima


Internacional (IMO) para permitir o fluxo seguro do tráfego de embarcações nas principais
vias marítimas do mundo, especialmente na aproximação e vias de acesso aos portos
mais importantes.

Como a Figura 15.44 indica, um esquema de separação de tráfego consiste de vias de


acesso bem definidas, para entrada e saída de porto, divididas por uma zona de
separação. Os esquemas de separação de tráfego podem ser descritos como “auto-
estradas para embarcações”, com os mesmos princípios básicos aplicáveis àquelas vias,
de modo a permitir um fluxo ordenado do tráfego.

Figura 15.44 – Esquema de separação de tráfego

As regras abaixo se aplicam aos esquemas de separação de tráfego adotados pela


Organização Marítima Internacional (IMO):
a. Uma embarcação que estiver usando um esquema de separação de tráfego deverá:
• Seguir na via de tráfego apropriada e na direção geral do fluxo de tráfego para essa
via.
• Manter-se tão longe quanto possível de uma linha ou zona de separação de tráfego.
• Normalmente, entrar ou sair de uma via de tráfego em seus terminais. Contudo, caso
seja necessário entrar ou sair de uma via de tráfego ao longo de sua extensão, por
qualquer de seus dois sentidos, isso deverá ser feito com o menor ângulo possível em
relação à direção geral do fluxo do tráfego.
b. Uma embarcação deve evitar tanto quanto possível cruzar vias de tráfego; mas, se obrigada
a isso, deverá fazê-lo tomando o rumo mais próximo possível da perpendicular à direção
geral do fluxo do tráfego.

520 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

c. Normalmente, as zonas de tráfego próximas do litoral não deverão ser usadas pela
navegação direta, capaz de utilizar com segurança a via de tráfego apropriada dentro do
esquema de separação de tráfego. Entretanto, as embarcações a vela podem, sob todas
as circunstâncias, utilizar as zonas de tráfego costeiro adjacentes.

d. Uma embarcação não deverá entrar em uma zona de separação, exceto quando estiver
cruzando, entrando ou saindo de uma via de tráfego.

e. Tanto quanto possível, uma embarcação deverá evitar fundear em um esquema de


separação de tráfego ou em áreas próximas de suas extremidades.

f. Uma embarcação que não estiver utilizando um esquema de separação de tráfego deve
evitá-lo com uma margem tão grande quanto possível.

g. Uma embarcação engajada na pesca não deve atrapalhar a passagem de qualquer outra
embarcação navegando ao longo de uma via de tráfego.

h. Uma embarcação com menos de 20 metros de comprimento ou uma embarcação a vela


não deve atrapalhar a passagem segura de uma embarcação de propulsão mecânica
navegando ao longo de uma via de tráfego.

NOTA: Uma embarcação com capacidade de manobra limitada, quando engajada em


operação para preservação da segurança da navegação, ou quando em operação de
lançamento, reparo ou recolhimento de cabo submarino dentro de um esquema de separação
de tráfego, está dispensada do cumprimento das regras acima, na medida necessária para
a execução da operação.

6. EMBARCAÇÕES A VELA

Para ser considerada pelo RIPEAM como uma embarcação a vela, a embarcação
deve estar utilizando apenas propulsão a vela. Uma embarcação empregando
simultaneamente propulsão mecânica e a vela é considerada pelo RIPEAM como uma
embarcação de propulsão mecânica.

As seguintes regras são aplicadas quando duas embarcações a vela se aproximam


uma da outra, de maneira a envolver risco de colisão:

• Quando ambas têm o vento entrando pelo mesmo bordo, a embarcação a barlavento
deverá se manter fora do caminho da embarcação a sotavento, como na Figura 15.45.

Figura 15.45 – Embarcações a vela — vento entrando pelo mesmo bordo

A embarcação A é obrigada a manobrar, pois está a barlavento,


tendo ambas as embarcações o vento entrando pelo mesmo bordo.

• Quando cada uma das embarcações tem o vento entrando por bordo diferente, a
embarcação que recebe o vento por bombordo deverá se manter fora do caminho da outra,
conforme ilustrado na Figura 15.46.

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 521


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

Figura 15.46 – Embarcações a vela — vento entrando por bordos diferentes

A embarcação A é obrigada a manobrar, pois recebe o vento por


bombordo, tendo cada uma das embarcações o vento entrando por bordos
diferentes.

• Quando uma embarcação a vela com o vento entrando por bombordo avistar outra
embarcação a barlavento e não puder determinar com segurança se essa outra embarcação
recebe o vento por bombordo ou por boreste, ela deverá se manter fora do caminho dessa
outra embarcação (Figura 15.47).

Figura 15.47 – Embarcações a vela — situação de dúvida

A embarcação A deve manobrar, pois recebe o vento por


bombordo e não pode determinar com segurança se a outra
embarcação tem o vento entrando por bombordo ou boreste.

VENTO

As Figuras 15.48, 15.49 e 15.50 ilustram as Regras de Governo e Navegação.

15.5 CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO EM


VISIBILIDADE RESTRITA
a. VELOCIDADE DE SEGURANÇA
Toda embarcação deverá navegar permanentemente a uma velocidade segura, de
forma a lhe possibilitar uma ação eficaz para evitar colisão, bem como permitir ser parada
a uma distância apropriada às circunstâncias e condições predominantes.
Os seguintes fatores devem estar entre aqueles a serem considerados por todas as
embarcações ao determinar-se a velocidade de segurança:
• O grau de visibilidade
• A densidade do tráfego, inclusive as concentrações de pesqueiros, ou quaisquer outras
embarcações, e a existência de linha regular de embarcações (“ferry”).
• A capacidade de manobra da embarcação, especialmente no que se refere à sua
distância de parada e características de giro nas condições predominantes.
• O estado do mar e as condições de vento e corrente, bem como a proximidade de perigos
à navegação.

522 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

Figura 15.48 –

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 523


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

Figura 15.49 –

524 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

Figura 15.50 –

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 525


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

• O calado da embarcação em relação à profundidade disponível.


• A presença, à noite, de luzes de fundo, tais como luzes da costa, ou de reflexos das
luzes da própria embarcação, podendo confundir o navegante.

Adicionalmente, as embarcações dotadas de radar devem considerar, ainda, na


determinação da velocidade de segurança, os seguintes fatores:

• As características, possibilidades e limitações do equipamento-radar.


• A escala de distância sendo utilizada (caso uma escala longa esteja sendo usada, para
fins de navegação, deve ser lembrado que alvos pequenos podem não ser detectados).

• O efeito do estado do mar, condições de tempo e outras fontes de interferência na detecção-


radar.

• A possibilidade de que embarcações pequenas, gelo e outros objetos flutuantes não sejam
detectados pelo radar a uma distância adequada.

• O número, a posição e o movimento de embarcações detectadas pelo radar.

b. VIGILÂNCIA

Todas as embarcações devem manter permanentemente (de dia ou de noite, em tempo


bom ou ruim) uma vigilância adequada visual e auditiva, através de todos os meios
disponíveis, apropriados às circunstâncias e condições predominantes, a fim de obter
inteira apreciação da situação e do risco de colisão. A frase “através de todos os meios
disponíveis” significa que a totalidade dos recursos, tais como radar, binóculos e peloros,
devem ser usados para suplementar a capacidade visual e auditiva do vigia.

A pessoa designada para serviços de vigilância deve atender às seguintes condições,


para ser considerado um vigia apropriado:

• Não deve ter, durante o serviço, outras atribuições que o mantenham afastado das
funções de vigilância, tais como serviços de pintura ou de timoneiro.

• Ter experiência e adestramento suficientes para reconhecer luzes, marcas, embarcações


e outros perigos, de modo que possa transmitir para o passadiço informações precisas
e confiáveis.

• Estar localizado em posição apropriada a bordo.


• Ser adequado em número (em algumas situações pode ser necessário ter vigias
estacionados na proa e na popa, além de no tijupá).

• Ter capacidade, no que se refere a recursos de comunicações, de informar rapidamente


os alvos avistados.

• Estar constantemente alerta e vigilante.

526 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

c. REGRAS PARA CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÕES EM VISIBILIDADE


RESTRITA

Embora a expressão visibilidade restrita seja mais comumente associada com cerração
ou nevoeiro, as regras abaixo aplicam-se sempre que a visibilidade é reduzida como
resultado de qualquer condição semelhante, tais como neve, chuva pesada, névoa seca
ou fumaça.

As regras para condução de embarcações em visibilidade restrita aplicam-se a


embarcações fora do visual uma da outra, quando navegando dentro ou próximo de uma
área de visibilidade restrita.

As seguintes regras devem ser observadas sob visibilidade restrita:

1. Considerar o fato de que a visibilidade é reduzida na determinação da velocidade de


segurança. Nesta situação, uma embarcação de propulsão mecânica deverá ter suas
máquinas prontas para manobra imediata;

2. Manter uma vigilância apropriada;

3. Mostrar as luzes de navegação, mesmo durante o dia;

4. Emitir o sinal de cerração correspondente;

5. Se for ouvido o sinal de cerração de uma outra embarcação aparentemente por ante-
avante de seu través, reduzir a velocidade para a velocidade mínima que lhe permita
manter seu rumo. Se necessário, tirar todo o seguimento de sua embarcação e, em todos
os casos, navegar com extrema cautela até que a outra embarcação tenha passado.

6. Se equipado com radar, usá-lo para detectar e acompanhar o movimento de outras


embarcações.

7. Se a plotagem radar indicar que uma situação de grande proximidade está se


desenvolvendo ou que existe risco de colisão, manobrar para evitá-los com antecedência,
seguindo as regras abaixo:

• Se você alterar o rumo ou a velocidade para evitar colisão, faça uma alteração
suficientemente grande para ser prontamente notada pela outra embarcação. Evite
uma sucessão de pequenas alterações de rumo ou velocidade.

• Se a manobra consistir apenas de uma alteração de rumo, o seguinte deve ser


evitado, desde que possível:

• Uma alteração de rumo para bombordo, para uma embarcação por ante-avante
do través, exceto se esta for alcançada em uma ultrapassagem.

• Uma guinada em direção a uma outra embarcação que se encontra no través ou


por ante a ré do través:

A primeira das guinadas desaconselhadas, isto é, uma alteração de rumo para bombordo
para uma embarcação por ante-avante do través, destina-se a evitar que uma situação de
roda a roda, não percebida sob visibilidade restrita, venha a resultar numa colisão por ter
uma das embarcações guinado para bombordo, em desacordo com as regras. Destina-se,
também, a evitar colisão quando uma situação de rumos cruzados sob visibilidade restrita
é erradamente tomada por uma das embarcações envolvidas como situação de roda a roda,

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 527


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

o que a levará a guinar para BE, resultando em colisão se a outra embarcação alterar seu
rumo para bombordo, como mostrado na Figura 15.51.
Figura 15.51 –

As embarcações A e B estão fora do visual uma da outra. Se a embarcação A


ouvir o sinal de cerração de B por ante-vante do seu través, deverá evitar
guinar para bombordo, pois B poderá tomar erradamente a situação de aproxi-
mação como sendo de roda a roda e guinar para BE, o que resultará em
colisão, como visto abaixo.

d. SINAIS SONOROS EM VISIBILIDADE RESTRITA


Para emitir o sinal de cerração apropriado, uma embarcação necessita do equipamento
adequado. Os requisitos para equipamentos sonoros estabelecidos pelo RIPEAM são:
1. Embarcações de comprimento inferior Embora um apito, sino ou gongo não sejam
a 12 metros especialmente requeridos, deve portar algum
meio capaz de produzir um sinal sonoro eficiente

2. Embarcações de 12 a 100 metros Apito e sino


de comprimento
3. Embarcações de mais de 100 metros Apito, sino e gongo
de comprimento

Dentro ou nas proximidades de uma área de visibilidade restrita, de dia ou de noite, os


sinais sonoros prescritos são:
1. EMBARCAÇÃO DE PROPULSÃO MECÂNICA COM SEGUIMENTO:

Um apito longo, em intervalos não superiores a 2 minutos.


2. EMBARCAÇÃO DE PROPULSÃO MECÂNICA SOB MÁQUINAS, MAS
PARADA E SEM SEGUIMENTO:
Dois apitos longos sucessivos (separados por um intervalo de cerca de 2 segundos),
em intervalos não superiores a 2 minutos.
3. EMBARCAÇÃO SEM GOVERNO, EMBARCAÇÃO COM CAPACIDADE
DE MANOBRA RESTRITA, EMBARCAÇÃO RESTRITA DEVIDO A SEU
CALADO, EMBARCAÇÃO A VELA, EMBARCAÇÃO ENGAJADA NA
PESCA e EMBARCAÇÃO REBOCANDO OU EMPURRANDO:
Um apito longo seguido de dois apitos curtos, em intervalos não superiores a
dois minutos.

528 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

4. EMBARCAÇÃO REBOCADA:

Um apito longo seguido de três apitos curtos, em intervalos não superiores a


dois minutos.

NOTA: Se possível, este sinal deve ser soado imediatamente após o sinal emitido pelo
rebocador.

5. EMBARCAÇÃO FUNDEADA, DE COMPRIMENTO INFERIOR A 100


METROS:
Toques rápidos de sino durante cerca de 5 segundos, em intervalos não
superiores a 1 minuto.

6. E M B A R C A Ç Ã O D E C O M P R I M E N T O I G U A L O U S U P E R I O R A 1 0 0
METROS, FUNDEADA:
Toque de sino a vante, seguido de toque de gongo a ré (ambos durante cerca de 5
segundos), a intervalos não superiores a 1 minuto.

7. SINAL OPCIONAL PARA EMBARCAÇÃO FUNDEADA

Uma embarcação fundeada pode, além dos sinais acima descritos, soar, para indicar sua
posição e advertir uma embarcação que se aproxima quanto à possibilidade de colisão:

Um apito curto, um longo e um curto.

8. EMBARCAÇÃO DE COMPRIMENTO INFERIOR A 100 METROS,


ENCALHADA:

Três badaladas distintas de sino, toques rápidos de sino durante cerca de 5


segundos, seguidos por mais três badaladas distintas de sino, a intervalos não
superiores a 1 minuto.

9. EMBARCAÇÕES DE COMPRIMENTO IGUAL OU SUPERIOR A 100


METROS, ENCALHADA:
Três badaladas distintas de sino, toques rápidos de sino a vante, durante cerca de 5
segundos, três badaladas distintas de sino, seguidas pelo toque rápido de gongo a ré
durante cerca de 5 segundos, a intervalos não superiores a 1 minuto.

10. SINAL OPCIONAL PARA EMBARCAÇÃO DE PRATICAGEM


Quando engajada em serviço de praticagem, uma embarcação dessa categoria pode, além
dos sinais acima prescritos, soar um sinal de identificação, composto de:

Quatro apitos curtos

NOTA: Embarcações engajadas na pesca ou com capacidade de manobra restrita, quando


fundeadas, não soam os sinais de sino (ou gongo) citados, emitindo apenas o sinal de
cerração para embarcações de suas categorias:

(Um apito longo seguido de dois apitos curtos, em intervalos não superiores a dois
minutos).

A Figura 15.52 mostra um resumo dos principais sinais sonoros de visibilidade restrita.

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 529


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

Figura 15.52 – Sinais sonoros em visibilidade restrita

530 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

15.6 SINAIS PARA CHAMAR A ATENÇÃO


E SINAIS DE PERIGO
a. SINAIS PARA CHAMAR A ATENÇÃO
Caso seja necessário atrair a atenção de outra, uma embarcação pode emitir sinais sonoros
ou luminosos que não possam ser confundidos com qualquer sinal prescrito no RIPEAM.
Pode, ainda, dirigir o facho do seu holofote sobre a direção do perigo, de tal maneira que
não perturbe ou ofusque a outra embarcação. A utilização de luzes intermitentes de
grande intensidade ou de luzes rotativas (tais como as luzes estroboscópicas) deve ser
evitada.

b. SINAIS DE PERIGO

Quando uma embarcação se encontra em perigo e necessita de auxílio, deverá utilizar ou


exibir, em conjunto ou separadamente, os sinais prescritos no RIPEAM, abaixo listados:
1. Um tiro de canhão ou outro sinal explosivo, soado em intervalos de cerca de um minuto;
2. Um toque contínuo de qualquer aparelho de sinalização de cerração;
3. Foguetes ou granadas lançando estrelas encarnadas, disparados um de cada vez, em
intervalos curtos;
4. Um sinal emitido por radiotelegrafia ou por qualquer outro método de sinalização,
constituído pelo grupo . . . - - - . . . (SOS) do Código Morse;
5. Um sinal emitido por radiotelefonia, constituído pela palavra falada “MAYDAY”;
6. O sinal de perigo do Código Internacional de Sinais indicado por NC (November Charlie);
7. Um sinal constituído por uma bandeira quadrada, tendo acima ou abaixo uma esfera ou
qualquer objeto semelhante a uma esfera;
8. Chamas a bordo da embarcação (provenientes da queima de um barril de alcatrão ou
óleo);
9. Um foguete luminoso com pára-quedas ou uma tocha manual, exibindo luz encarnada;
10. Um sinal de fumaça desprendendo fumaça de cor alaranjada;
11. Movimentos lentos para cima e para baixo com os braços esticados para os lados;
12. O sinal de alarme radiotelegráfico;
13. O sinal de alarme radiotelefônico;
14. Sinais transmitidos por radiobalizas de emergência, indicadores de posição (EPIRB –
“emergency position indicating radio beacon”).

15.7 RESPONSABILIDADE
A regra 2 (Responsabilidade) do RIPEAM combina o que é comumente conhecido
como a regra da boa marinharia, com a regra geral de prudência no mar. A regra 2
requer que os Comandantes, os Oficiais de Serviço e os navegantes em geral enxerguem
além da letra fria do RIPEAM, de modo a operar uma embarcação com segurança.

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 531


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

A regra em questão afirma que um Comandante não deve apenas obedecer às regras
do RIPEAM, devendo também tomar todas as precauções requeridas pela prática marinheira
ordinária ou pelas circunstâncias especiais de cada caso.
Entre as precauções reclamadas ordinariamente pela prática marinheira estão, por
exemplo:
• Certificar-se de que sua embarcação está propriamente tripulada e que o pessoal está
familiarizado com as características de manobra da embarcação.
• Certificar-se de que sua embarcação está propriamente equipada e em boas condições
operativas.
• Certificar-se de que as Cartas Náuticas e publicações de segurança da navegação
existentes a bordo são suficientes e estão atualizadas.
• Certificar-se de que todas as informações meteorológicas disponíveis estão sendo recebidas
a bordo e levadas em consideração no planejamento e execução da viagem.
A regra 2 permite, ainda, ao Comandante, um afastamento das regras do RIPEAM
quando necessário para evitar colisão em quaisquer circunstâncias especiais, tais como
numa situação onde três ou mais embarcações se aproximam. Devido às regras não se
aplicarem a este caso especial, cada Comandante deve usar seu melhor julgamento e
manobrar da maneira mais eficaz para evitar colisão (Figura 15.53).

Figura 15.53 – Caso Especial: aproximação de três embarcações

Se fosse aplicado o RIPEAM:


A tem preferência em relação a C, mas é obrigada a manobrar em
relação a B.
B tem preferência em relação a A, mas é obrigada a manobrar em
relação a C.
C tem preferência em relação a B, mas é obrigada a manobrar em
relação a A.

Como as regras de manobra requerem que as embarcações


que têm preferência mantenham rumo e velocidade, as
referidas regras não podem ser aplicadas nesta situação
especial.
Neste caso, então, os Comandantes estão autorizados a
se afastar das regras e manobrar da maneira mais eficaz
para evitar colisão.

532 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

15.8 REGRAS ESPECIAIS PARA AS


ÁGUAS INTERIORES BRASILEIRAS
O Brasil estabelece, para suas águas interiores (vias navegáveis interiores, como
rios, canais, lagos e lagoas em que ambas as margens, ou limites, estão em território
nacional), um conjunto de Regras Especiais, complementares ao RIPEAM/72. Tais regras,
aprovadas pela Portaria Nº 0011, de 11 de março de 1995, do Diretor de Portos e Costas do
Ministério da Marinha, estão contidas nas Normas e Procedimentos para a Navegação
Interior e valem, também, em águas internacionais da Hidrovia Paraná-Paraguai.

REGRAS ESPECIAIS DE MANOBRA E VELOCIDADE NAS


ÁGUAS INTERIORES BRASILEIRAS

As principais regras de manobra e velocidade estabelecidas especialmente para


as águas interiores brasileiras são:

a. Nas águas interiores brasileiras, a embarcação restrita devido ao seu comprimento e


boca (isto é, a embarcação de propulsão mecânica que, devido às suas dimensões em
relação às profundidades ou área de manobra disponível, está com severas restrições
para se desviar do rumo que está seguindo) deve ser considerada como embarcação
com capacidade de manobra restrita, tendo a precedência estabelecida no RIPEAM
para este tipo de embarcação.

b. As embarcações transportando, rebocando ou empurrando carga explosiva ou inflamável


também deverão ser consideradas como embarcações com capacidade de manobra restrita,
adquirindo a precedência estabelecida no RIPEAM para este tipo de embarcação.

c. Toda embarcação deverá navegar com velocidade apropriada sempre que cruzar com
embarcações pequenas e embarcações empurrando ou rebocando, que devem ser
protegidas contra avarias causadas pela ação de maretas ou banzeiros (ondas
provocadas pelo deslocamento de uma embarcação).

d. Toda embarcação deverá navegar com velocidade apropriada sempre que se aproximar
de qualquer embarcação amarrada a trapiche, cais ou barranco, de modo a evitar a
formação de maretas ou banzeiros, que podem provocar avarias nas referidas
embarcações.

e. Uma embarcação não deverá cruzar ou ultrapassar outra de vãos de pontes, a menos
que o canal ofereça uma largura incontestável para a passagem simultânea.

f. As embarcações, à aproximação da passagem de pontes móveis, obedecerão às ordens


eventualmente dadas pela administração da ponte.

g. As embarcações, à aproximação de eclusas, obedecerão às normas vigentes e às ordens


dadas pela administração da eclusa.

h. Uma embarcação que estiver navegando ao longo de um rio, canal estreito ou numa via de
acesso deverá se manter tão próxima quanto seja possível e seguro do limite exterior
desse canal, ou via de acesso, que estiver a seu boreste.

i. Uma embarcação com propulsão mecânica navegando em rios ou canais com a corrente
a favor terá preferência de passagem quando cruzar com uma embarcação navegando
contra a corrente. A embarcação com preferência indicará a maneira e o local da

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 533


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

passagem e efetuará os sinais de manobra prescritos no RIPEAM. A embarcação que


estiver navegando contra a corrente se manterá parada, para possibilitar uma
ultrapassagem segura.
j. Nas águas interiores brasileiras, as Regras para Condução de Embarcações em
Visibilidade Restrita aplicam-se quando navegando dentro ou próximo de uma área onde
a visibilidade, embora restrita, é, ainda, superior a 1.000 metros. Quando a visibilidade
for inferior a 1.000 metros e as circunstâncias e características físicas do rio, ou outra via
navegável, determinarem, as embarcações não prosseguirão navegando, devendo fundear
ou atracar, se possível o mais afastado do canal de navegação.

REGRAS ESPECIAIS PARA LUZES E MARCAS NAS ÁGUAS INTERIORES


BRASILEIRAS

São as seguintes as principais regras referentes às luzes e marcas, especiais para


as águas interiores brasileiras:
a. Toda embarcação rebocando jangada de toras de madeira, dracones (depósitos de
plástico ou borracha destinados ao transporte de cargas líquidas) ou qualquer outra
carga semi-submersa exibirá as mesmas luzes previstas no RIPEAM para reboque. Se o
comprimento do reboque for superior a 200 metros, além das luzes prescritas exibirá,
também, a marca diurna correspondente.
b. As embarcações rebocadas por uma mesma embarcação, por cabos de reboque separados
e não estando amarradas entre si, exibirão as mesmas luzes que exibiriam pelo RIPEAM,
caso estivessem sendo rebocadas isoladamente;
c. As embarcações rebocadas em conjunto, amarradas entre si:
• quando estiverem dispostas em apenas uma coluna, exibirão as luzes de bordos. A
última embarcação da coluna exibirá também a luz de alcançado.

• quando estiverem dispostas em mais de uma coluna, as embarcações situadas na coluna


mais a boreste exibirão luz verde a boreste e as embarcações da coluna mais a
bombordo exibirão luz encarnada a bombordo. A embarcação mais de ré de cada
coluna exibirá também a luz de alcançado.

d. Uma embarcação ou um objeto parcialmente submerso, difícil de ser avistado, ou uma


combinação de tais embarcações e objetos sendo rebocados devem exibir:

• se com menos de 25 metros de boca, uma luz circular branca sobre ou próxima da
extremidade de vante e uma outra luz circular branca sobre ou próxima da extremidade
de ré, exceto para os “dracones”, que estão dispensados de exibir a luz sobre ou próxima
da extremidade de vante;

• se com 25 metros ou mais de boca, duas luzes circulares brancas adicionais,


colocadas nas bordas ou em suas proximidades;

• quando o comprimento das embarcações ou objetos parcialmente submersos rebocados


for superior a 100 metros, deverão exibir luzes circulares brancas adicionais, entre as
luzes prescritas nos itens acima, de modo que a distância entre as luzes não exceda a
100 metros;

• no período diurno, uma marca em forma de losango preto, na extremidade de ré ou


próxima da extremidade de ré da última embarcação ou objeto sendo rebocado; se o

534 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

comprimento do reboque exceder a 200 metros, uma marca adicional em forma de


losango preto, onde melhor possa ser vista, o mais avante possível;

• quando se aproximar uma embarcação, o rebocador poderá direcionar um feixe de


luz para o reboque, indicando sua presença.

e. Quando, por uma razão justificada, for impraticável a uma embarcação ou objeto rebocado
exibir as luzes ou marcas acima prescritas ou as determinadas pelo RIPEAM, devem ser
tomadas todas as medidas possíveis para iluminar a embarcação ou o objeto rebocado,
ou, pelo menos, indicar a sua presença.

f. Uma embarcação de propulsão mecânica empurrando ou rebocando a contrabordo, exceto


no caso de uma unidade integrada, deve exibir (além das duas luzes de mastro indicativas
de reboque e das luzes de bordos) duas luzes de reboque amarelas na popa,
posicionadas na mesma linha vertical.

g. Qualquer número de embarcações rebocadas a contrabordo, ou empurradas em um só


grupo, deverá exibir as luzes como uma única embarcação.

h. Quando o comprimento total do conjunto empurrador-embarcações empurradas adiante


for superior a 200 metros, será exibida uma luz intermitente especial no setor de proa da
embarcação empurrada mais de vante (com lampejos amarelos em intervalos regulares,
de freqüência entre 50 e 70 lampejos por minuto), além das luzes de bordos.

i. Quando, por uma razão justificada, for impraticável a uma embarcação que normalmente
não efetua operações de reboque exibir as luzes prescritas, tal embarcação não será
obrigada a fazê-lo quando rebocando uma outra embarcação em perigo ou necessitando
de socorro. Entretanto, todas as medidas possíveis devem ser tomadas para chamar a
atenção para a situação, especialmente para a natureza da ligação entre a embarcação
que dá reboque e a embarcação rebocada, em particular iluminando-se o cabo de reboque.

j. As embarcações engajadas na pesca com rede cerco (traineiras) podem exibir duas
luzes amarelas, em linhas vertical, onde melhor possam ser vistas. Estas luzes devem
lampejar alternadamente a cada segundo e com períodos iguais de lampejo e ocultação.
Estas luzes somente podem ser exibidas quando a embarcação estiver tolhida por seu
aparelho de pesca.

l. As luzes de navegação e marcas poderão ser rebatidas, quando a embarcação necessite


passar embaixo de uma ponte ou em uma eclusa, sendo que, para mastros maiores que o
gabarito das pontes e eclusas, deve ser prevista a utilização de sistema de mastro rebatível
(normal ou eletromecânico).

m. As barcaças ou chatas que se encontrem atracadas ou fundeadas nas proximidades da


costa ou margem, em uma das seguintes situações:

• reduzindo a largura disponível de qualquer canal com menos de 80 metros;


• barcaças atracadas a contrabordo, com uma largura total superior a de duas
embarcações ou com uma largura máxima maior que 25 metros;

• barcaça não atracada em sentido paralelo à costa ou margem.

Navegação costeira, estimada e em águas restritas 535


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

Devem exibir duas luzes circulares brancas, visíveis a pelo menos uma milha e dispostas
como se segue:

• se existir somente uma barcaça atracada, as luzes serão obrigatoriamente instaladas


nas extremidades mais afastadas da costa ou margem;

• nas barcaças atracadas em grupo, as luzes serão colocadas nas extremidades do conjunto
que estiverem a montante e a jusante, nas posições mais afastadas da costa ou margem.

536 Navegação costeira, estimada e em águas restritas


Regulamento internacional para evitar abalroamentos no mar

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