NO COMEÇO DE 1994, dois astrônomos começaram a trocar ideias. Brian
Schmidt tinha acabado de terminar sua tese de doutorado sobre supernovas no Centro de Astrofísica de Harvard e refletia sobre os caminhos a seguir no pós- doc. Nicholas Suntzeff era astrônomo do Observatório Interamericano em Cerro Tololo, no Chile, desde 1986,1 e trabalhava na pesquisa de supernovas desde 1989. Como especialistas em supernovas, ambos tinham acompanhado os esforços do projeto de Berkeley. Agora, sentados numa sala de computador refrigerada, na sede do Observatório, na cidade costeira chilena de La Serena, Schmidt comentou que estava pensando em formar uma equipe para competir com a do LBL.2 Suntzeff não hesitou. “Posso fazer parte?” Isso, concluiu Schmidt, era sinal de um bom problema em ciência. Não é quando as pessoas dizem “Ah, isso é interessante”, mas quando falam “Uau, posso fazer parte do projeto?”. Schmidt tinha que dar crédito a Saul Perlmutter e à equipe de Berkeley. Eles tinham percebido que, graças aos avanços tecnológicos, supernovas podiam ser finalmente usadas em cosmologia, e estavam obtendo sucesso mesmo contra todas as expectativas. Estavam no lugar certo e na hora certa. Mas seriam a equipe certa? Como muitos outros astrônomos, Schmidt era cético quanto à capacidade dos físicos – mesmo os “físicos que viraram astrofísicos” – para descobrir supernovas distantes de forma consistente. Mesmo depois que o LBL encontrou sua primeira supernova, Schmidt e outros astrônomos continuavam céticos quanto à capacidade dos “físicos que viram astrofísicos” – não importa quão brilhantes fossem – para realizar observações e as análises posteriores, difíceis até para aqueles que tinham muita experiência no assunto. Aparentemente, todos os que estavam em busca de supernovas tinham recebido uma chamada telefônica de Saul no meio da noite, pedindo que largassem tudo e observassem uma candidata a supernova. Perlmutter tinha angariado em seu meio a reputação de ser naturalmente persistente. Mas, pela experiência de Suntzeff, toda vez que ele apontava o telescópio na direção pedida por Perlmutter, o campo estava vazio.3 “Deve ser muito fraca”, costumava dizer Suntzeff de maneira diplomática. Schmidt e Suntzeff pegaram a primeira pilha de papéis de rascunho e