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Nossa contribuição é algo tão espiritual quanto nossas orações; não há como separar
os assuntos em natural e espiritual. Quando um anjo do Senhor apareceu ao centurião
Cornélio, lhe disse:
"As tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus". - Atos
10:4
Perceba que o anjo diz que tanto as orações como as esmolas subiram igualmente
perante Deus. Isto nos leva a entender e afirmar que, assim como a oração, a
contribuição também é um ato espiritual. Além disto, percebemos no texto acima o
uso da expressão "memorial. Quando estamos contribuindo em algum nível, isto não
fica esquecido diante de Deus. É como um lembrete de que Ele tem um compromisso
conosco. As Escrituras usam com freqüência esta aplicação para manter acesa a
expectativa do nosso coração de que a recompensa é certa. Observe esta afirmação
em Hebreus:
"Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que
evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos". -
Hebreus 6:10
As esmolas mencionadas pelo anjo que falou com Cornélio são apenas um dos níveis
de contribuição, mas a Bíblia fala de outros dois níveis: os dízimos e as ofertas:
E assim como no caso da esmola, o dízimo e a oferta são apresentados como também
produzindo um memorial perante o Senhor. A continuação do texto de Malaquias 3 nos
mostra isto:
"Então, os que temiam ao Senhor falavam uns aos outros; o Senhor atentava e
ouvia; havia um memorial escrito diante dele para os que temem ao Senhor e para
os que se lembram do seu nome. Eles serão para mim particular tesouro, naquele
dia que prepararei, diz o Senhor dos Exércitos; poupá-los-ei como um homem
poupa a seu filho que o serve". - Malaquias 3:16
Contribuir no reino de Deus não é uma opção para o cristão, e sim uma
responsabilidade, um dever a ser cumprido. É óbvio que devemos fazê-lo em amor e
alegria, mas embora esta deva ser a nossa atitude, isto não muda o fato de que é um
dever. É como no caso de marido e mulher. A Bíblia manda que o homem ame sua
esposa, e isto é um sentimento que acompanha a atitude; contudo, não deixa de ser
um mandamento bíblico, e conseqüentemente, um dever.
Cada um destes três níveis de contribuição tem tanto um propósito como um destino
bem distinto. É preciso saber separa-los e tratar com cada um segundo seus
princípios.
ENTENDENDO O DÍZIMO
"Também todas as dízimas da terra, tanto dos cereais do campo como dos frutos
das árvores, são do Senhor; santas são ao Senhor. Se alguém, das suas dízimas,
quiser resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No
tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo do bordão
do pastor, o dízimo será santo ao Senhor". - Levítico 27:30,32
Haviam doze tribos, e a tribo de Levi foi separada para o serviço do Senhor; como não
tinham herança na terra e nem podiam dedicar-se ao trabalho secular por seu
ministério, os levitas viviam do dízimo das outras onze tribos. É interessante notar
que os levitas também dizimavam (Nm.18:26,27), o que nos ensina que mesmo os
ministros de tempo integral devem fazê-lo também.
Hoje, a maior parte das igrejas investe a maior parte da entrada de seus dízimos em
contsruções, aquisições e outras formas de investimentos igualmente importantes.
Contudo, a necessidade de obreiros é enorme, e acaba faltando recursos para se ter
uma equipe de trabalho maior. A prioridade de investimento de uma igreja local deve
ser suprir (e bem) seus ministérios. Um dos textos que melhor esclarece o dízimo é o
da profecia de Malaquias:
Encontramos alguns princípios importantes dentro deste texto que devem nos orientar
quanto ao entendimento correto do dízimo.
"Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens
materiais? Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo
se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento? Assim ordenou
também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho". - I Co.
9:11,13-14
As Escrituras ensinam que quem semeia o espiritual é quem deve colher o material. As
pessoas devem entregar seus dízimos nas Igrejas onde são ministradas espiritual-
mente e onde participam da ceia do Senhor (como vemos na figura de Abraão e
Melquisedeque - Gn.14:18-20). Paulo também ensinou este princípio aos gálatas:
"Mas aquele que é ensinado na palavra faça participante em todas as coisas boas
aquele que o ensina" - Gálatas 6:6 (TB)
Ministérios para-eclesiásticos (que fortalecem as igrejas mas não são igrejas) não
devem aceitar dízimos, somente ofertas. Bato muito nesta tecla porque tenho um
ministério de apoio às Igrejas (que depende de contribuições), mas sempre
orientamos os irmãos a não dizimarem em nosso próprio ministério. Nós os instruímos
a fazê-lo em sua própria igreja. Já tive que rejeitar altas quantias em dinheiro que
queriam oferecer ao nosso ministério de ensino da Palavra porque não eram ofertas,
eram dízimos!
Para quem gosta de contribuir com mais que o dízimo, é só ofertar e ir além dele! Mas
me parece que as pessoas contrárias, em sua maioria, não querem ter a obrigação de
reconhecer que estão aquém do que deviam fazer pelo Reino de Deus. Precisam
subtrair o dízimo da sua doutrina para aplacarem sua própria consciência...
Vivemos na Nova Aliança, que é uma melhor aliança, baseada em melhores promessas
e que tem a Jesus como fiador (Hb.8:6). Não consigo imaginar como passamos da
Velha para a Nova Aliança (que é superior) e regredimos na contribuição. Se a Velha
Aliança exigia um mínimo de dez porcento da renda como contribuição, a Nova
Aliança merece menos do que isto?
De fato, todos os textos que esclarecem o dízimo são do Velho Testamento, mas o
Novo os sustentou, não criando a necessidade de novas instruções. O ensino neo-
testamentário deu muita ênfase às ofertas, que é um outro nível de contribuição e
que necessitava de mais instrução. Mas a verdade é que o Novo Testamento também
fala do dízimo. E o sustenta. Praticamente tudo o que pertencia à Velha Aliança foi
ensinado por Jesus de forma diferente, mas o dízimo não. Jesus confrontou as
práticas dos fariseus de seus dias em quase tudo, menos no dízimo. Este não foi
suprimido, e sua prática foi encorajada pelo Senhor:
A frase "Devíeis fazer estas coisas" significa: "Vocês devem dar o dízimo, mas isto não
remove a responsabilidade de praticar outros princípios igualmente importantes".
O Senhor Jesus também disse que devemos "dar a César o que é de César e a Deus o
que é de Deus" (Mt.22:21), o que significa que assim como temos uma fatia do nosso
orçamento (proporcional ao ganho) que pertence a César - que figura quem recolhe os
impostos - também temos uma fatia orçamentária (proporcional ao ganho) que
pertence a Deus - o nosso dízimo.
No livro de Hebreus, falando de Abraão que deu o dízimo a Melquisedeque, o escritor
afirma:
"Aqui certamente recebem dízimos homens que morrem; ali, porém, recebe
aquele de quem se testifica que vive". - Hebreus 7:8
Ele está deixando claro que em seus dias continuava-se a receber os dízimos. Mas
quero ainda acrescentar um pensamento. Se, hipoteticamente, o dízimo não fosse de
fato uma ordem neo-testamentária, existe algum ensino que o proíba? Ele seria - aos
olhos de quem diz que isto não é uma exigência para hoje - uma quebra de algum
novo princípio? De forma alguma! Tudo o que o Novo Testamento ensina sobre ofertas
- e nós praticamos isto - se conserva intocável quando alguém tem um tipo de
contribuição a mais como o dízimo. Portanto, mesmo se eu tivesse dúvidas sobre a
entrega do dízimo hoje - e eu não tenho um pingo de dúvida acerca disto - não
consigo entender onde isto possa ser um problema.
Em nosso estudo "O Dízimo e a Redenção" trazemos mais luz sobre como a entrega do
dízimo esta entrelaçada com outras doutrinas imutáveis, que não ficaram presas aos
dias do Velho Testamento. Mas por hora, sustentamos: o dízimo faz parte da Nova
Aliança em que estamos vivendo hoje.
Estabelecido este princípio, muitos questionam se entrega do dízimo deve ser sobre a
renda líquida ou bruta. Nos dias de hoje, com benefícios que são deduzidos do salário,
temos bem distinta a renda bruta (valor do holerite) e a líquida (o que o trabalhador
pega na mão). E muitos se perguntam sobre que valor devem calcular seu dízimo.
Números 18:27 diz que o dízimo dos grãos se contava depois de limpos na eira, e o
dízimo da vinha depois que as uvas haviam sido espremidas no lagar. Isto fala do
líquido, e digo que isto deve se aplicar a quem tem seu negócio próprio. Ninguém
deve dizimar sobre o faturamento e sim sobre o lucro, sobre o ganho.
No que tange à venda de imóveis, automóveis e outros bens, ensinamos que o dízimo
deve ser dado sobre o lucro da negociação, e não sobre o patrimônio. Como dizia meu
pai, "venda não é renda".
Aos empresários, lembramos que o dízimo é dado sobre o ganho real, não sobre o
faturamento da empresa. E fazemos a a distinção dos dois tipos de ganhos: o pró-
labore (sua retirada mensal) e a distribuição anual de lucros.
AS OFERTAS
Quando Malaquias repreendeu o povo de Israel, não o fez pela retenção do dízimo
apenas, mas também pela retenção das ofertas. Este é um outro nível de contribuição
que precisa ser entendido e praticado dentro de seus princípios. Mesmo que dizime
fielmente, o crente não pode parar aí, deve ofertar também.
O dízimo tem seu percentual determinado. As ofertas não; elas são algo que fazemos
além do dízimo. O dízimo não é um ato voluntário, é uma obrigação. As ofertas, por
sua vez, são uma expressão voluntária do coração de alguém que ama ao Senhor e sua
obra.
As ofertas tem como destino o Reino de Deus. Não são somente destinadas à Igreja
local, mas ao Reino de Deus em toda parte. Vão para missões, para ministérios para-
eclesiásticos, para construções, para aquisição de qualquer coisa útil para propagação
do evangelho. Sempre que um templo foi construído no Velho Testamento, os recursos
vieram de ofertas voluntárias. Uma vez que o dízimo deveria suprir os levitas, não era
usado em outra coisa. As demais necessidades materiais se supriam mediante doações
voluntárias. Vemos este modelo desde a construção do Tabernáculo de Moisés:
"Fala aos filhos de Israel que me tragam oferta; de todo homem cujo coração o
mover para isso, dele recebereis a minha oferta. Esta é a oferta que dele
recebereis: ouro, e prata, e bronze, e estofo azul, e púrpura, e carmesim, e linho
fino, e pêlos de cabra, e peles de carneiro tintas de vermelho, e peles finas, e
madeira de acácia, azeite para a luz, especiarias para o óleo de unção e para o
incenso aromático, pedras de ônix e pedras de engaste, para a estola sacerdotal e
para o peitoral. E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio
deles". - Êxodo 25:2-8
"E ainda, porque amo a casa de meu Deus, o ouro e a prata particulares que tenho
dou para a casa de meu Deus, afora tudo quanto preparei para o santuário: três
mil talentos de ouro, do ouro de Ofir, e sete mil talentos de prata purificada, para
cobrir as paredes das casas; ouro para os objetos de ouro e prata para os de prata,
e para toda obra de mão dos artífices. Quem, pois, está disposto, hoje, a trazer
ofertas liberalmente ao Senhor?" - I Crônicas 29:3-5
Depois de dizer o que fazia por AMOR, o Rei Davi desafia o povo a seguir seu exemplo.
E os líderes o seguiram dando ofertas pessoais:
"Então, os chefes das famílias, os príncipes das tribos de Israel, os capitães de mil
e os de cem e até os intendentes sobre as empresas do rei voluntariamente
contribuíram e deram para o serviço da Casa de Deus cinco mil talentos de ouro,
dez mil daricos, dez mil talentos de prata, dezoito mil talentos de bronze e cem
mil talentos de ferro. Os que possuíam pedras preciosas as trouxeram para o
tesouro da Casa do Senhor, a cargo de Jeiel, o gersonita. O povo se alegrou com
tudo o que se fez voluntariamente; porque de coração íntegro deram eles
liberalmente ao Senhor; também o rei Davi se alegrou com grande júbilo". -
Levítico 19:10
Em relação às ofertas, não há regras que determinem o quanto e quando devem ser
dadas, só o COMO deve ser feita. Mas as ofertas devem ser parte da vida do crente.
Diferente do dízimo, que não é nosso, as ofertas e esmolas se quassificam em uma
semeadura que terá a sua colheita, uma vez que foram dadas com dinheiro "nosso".
No capítulo acerca da lei das primícias, falamos dos que distinguem a entrega das
primícias como sendo uma forma a mais de contribuição, em vez de faze-la apenas
em caráter de primazia. Mesmo neste caso, entendemos que a entrega das primícias
se classifica como uma oferta. Ela foi chamada assim desde a primeira vez em que foi
mencionada na Bíblia (Gn.4:4). Esta é razão de não darmos às primícias um destaque
especial no quadro de contribuições.
AS ESMOLAS
"Semelhantemente não rabiscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua
vinha; deixá-los-ás ao pobre e ao estrangeiro. Eu sou o Senhor, vosso Deus". -
Levítico 19:10
"Distribui, dá aos pobres; a sua justiça permanece para sempre, e o seu poder se
exaltará em glória". - Salmo 112:9
Parte dos dízimos do Velho Testamento era destinada ao sustento aos pobres:
"Ao fim de cada três anos, tirarás todos os dízimos do fruto do terceiro ano e os
recolherás na tua cidade. Então, virão o levita (pois não tem parte nem herança
contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que estão dentro da tua cidade, e
comerão, e se fartarão, para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todas as
obras que as tuas mãos fizerem". - Deuteronômio 14:28,29
A cada três anos, o dízimo se tornava não só o sustento do levita, como também dos
pobres. Portanto, cerca de um terço dos dízimos tinham este destino no Velho
Testamento. Morris Cerullo, em seu livro "Dando e Recebendo", faz o seguinte
comentário:
Isto não significa que as pessoas devam decidir o destino de seus dízimos. Eles são
entregues na igreja local, mas esta por sua vez, devia ter um programa ou fundo de
ajuda aos necessitados. A Bíblia não está dizendo que os dízimos tenham que ser
sempre repartidos, senão não haveria o terceiro nível de contribuição, que é a
esmola. Mas esta aplicação do dízimo na Antiga Aliança revela um princípio
importante para nós hoje: dinheiro arrecadado na Igreja não deveria servir somente à
construção de prédios e aquisições de bens materiais, mas também ajudar os
necessitados. Vemos que a Igreja da primeira era cristã sustentava as suas viúvas
(At.6:1 e I Tm.5:3-16) e que os irmãos supriam as necessidades uns dos outros
repartindo seus bens entre os que tinham necessidades:
"Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas
propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém
tinha necessidade". - Atos 2:44,45
Cada um destes três níveis de contribuição tem sua importância e, juntos, nos ajudam
a edificar o memorial da contribuição diante do Senhor. Certamente a nossa
obediência a estes princípios não será esquecida e nem tampouco passará
desapercebida diante de Deus! Que o Senhor nos ajude a crescer em cada um deles!
Autor: Luciano Subirá