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Os Três Níveis de Contribuição

por Luciano Subirá

Nossa contribuição é algo tão espiritual quanto nossas orações; não há como separar
os assuntos em natural e espiritual. Quando um anjo do Senhor apareceu ao centurião
Cornélio, lhe disse:

"As tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus". - Atos
10:4

Perceba que o anjo diz que tanto as orações como as esmolas subiram igualmente
perante Deus. Isto nos leva a entender e afirmar que, assim como a oração, a
contribuição também é um ato espiritual. Além disto, percebemos no texto acima o
uso da expressão "memorial. Quando estamos contribuindo em algum nível, isto não
fica esquecido diante de Deus. É como um lembrete de que Ele tem um compromisso
conosco. As Escrituras usam com freqüência esta aplicação para manter acesa a
expectativa do nosso coração de que a recompensa é certa. Observe esta afirmação
em Hebreus:

"Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que
evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos". -
Hebreus 6:10

As esmolas mencionadas pelo anjo que falou com Cornélio são apenas um dos níveis
de contribuição, mas a Bíblia fala de outros dois níveis: os dízimos e as ofertas:

"Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos?


Nos dízimos e nas ofertas". - Malaquias 3:8

E assim como no caso da esmola, o dízimo e a oferta são apresentados como também
produzindo um memorial perante o Senhor. A continuação do texto de Malaquias 3 nos
mostra isto:

"Então, os que temiam ao Senhor falavam uns aos outros; o Senhor atentava e
ouvia; havia um memorial escrito diante dele para os que temem ao Senhor e para
os que se lembram do seu nome. Eles serão para mim particular tesouro, naquele
dia que prepararei, diz o Senhor dos Exércitos; poupá-los-ei como um homem
poupa a seu filho que o serve". - Malaquias 3:16

Quando contribuímos em qualquer um destes três níveis, estamos levantando um


memorial diante de Deus. Com esta linguagem figurada, a Bíblia está declarando que
o Senhor se "lembrará" de nós para nos abençoar. A contribuição é um ato espiritual
seguido de bênçãos! Cada um destes níveis de contribuição reflete nossa consciência
de mordomia, mas também nossa gratidão a Ele pelo que fez em nossas vidas.

Contribuir no reino de Deus não é uma opção para o cristão, e sim uma
responsabilidade, um dever a ser cumprido. É óbvio que devemos fazê-lo em amor e
alegria, mas embora esta deva ser a nossa atitude, isto não muda o fato de que é um
dever. É como no caso de marido e mulher. A Bíblia manda que o homem ame sua
esposa, e isto é um sentimento que acompanha a atitude; contudo, não deixa de ser
um mandamento bíblico, e conseqüentemente, um dever.

Cada um destes três níveis de contribuição tem tanto um propósito como um destino
bem distinto. É preciso saber separa-los e tratar com cada um segundo seus
princípios.

ENTENDENDO O DÍZIMO

O primeiro nível de contribuição encontrado na Bíblia é o dízimo, a décima parte da


renda, consagrada ao Senhor. Aparece na Bíblia como prática dos patriarcas mesmo
antes de ser instituído como lei em Israel; Abraão deu o dízimo a Melquisedeque
(Gn.14:20) e Jacó também fez votos de dar a Deus o dízimo de tudo o que o Senhor
lhe concedesse (Gn.28:22). Portanto, o dízimo não "nasceu" como uma ordenança e
sim como um ato espontâneo, que depois foi instituído como lei.

A lei de Moisés mandava separar o dízimo dos frutos e do gado:

"Também todas as dízimas da terra, tanto dos cereais do campo como dos frutos
das árvores, são do Senhor; santas são ao Senhor. Se alguém, das suas dízimas,
quiser resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No
tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo do bordão
do pastor, o dízimo será santo ao Senhor". - Levítico 27:30,32

O propósito dos dízimos era o de sustentar os levitas que trabalhavam em tempo


integral no serviço do Senhor:
"Eu, eis que tomei vossos irmãos, os levitas, do meio dos filhos de Israel; são dados
a vós outros para o Senhor, para servir na tenda da congregação. Porque os
dízimos dos filhos de Israel, que apresentam ao Senhor em oferta, dei-os por
herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel,
nenhuma herança tereis". - Números 18:6,24

Haviam doze tribos, e a tribo de Levi foi separada para o serviço do Senhor; como não
tinham herança na terra e nem podiam dedicar-se ao trabalho secular por seu
ministério, os levitas viviam do dízimo das outras onze tribos. É interessante notar
que os levitas também dizimavam (Nm.18:26,27), o que nos ensina que mesmo os
ministros de tempo integral devem fazê-lo também.

Hoje, a maior parte das igrejas investe a maior parte da entrada de seus dízimos em
contsruções, aquisições e outras formas de investimentos igualmente importantes.
Contudo, a necessidade de obreiros é enorme, e acaba faltando recursos para se ter
uma equipe de trabalho maior. A prioridade de investimento de uma igreja local deve
ser suprir (e bem) seus ministérios. Um dos textos que melhor esclarece o dízimo é o
da profecia de Malaquias:

"Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos?


Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me
roubais, vós, a nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que
haja mantimento na minha casa, e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se
eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós benção sem medida.
Por vossa causa repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da
terra; a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. Todas as
nações vos chamarão felizes, porque sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos
Exércitos" - Malaquias 3:8-10

Encontramos alguns princípios importantes dentro deste texto que devem nos orientar
quanto ao entendimento correto do dízimo.

Primeiramente, vemos que o dízimo é de Deus. Esta parte de nossa renda é do


Senhor, e não entregá-la é roubo. Não fazemos nada mais que o dever quando o
entregamos...

Em segundo lugar, vemos que o a entrega ou não do dízimo determina bênção ou


maldição. Entregar o dízimo é um ato espiritual, de repercussões espirituais. Ao
entregarmos, somos abençoados (Dt.14:29), mas ao retermos (o que a Bíblia chama de
"roubar") somos amaldiçoados. O profeta Ageu foi contemporâneo de Malaquias e
também condenou a retenção do que pertencia a Deus. Sua geração não mais
praticava o dízimo e as ofertas e foi amaldiçoada por causa disto (Ag.1:6,9-11); mas
quando descobriram que não havia lucro algum em roubar a Deus, eles se
arrependeram e voltaram a contribuir, o que permitiu que o templo fosse
reconstruído. No dia em que lançaram os fundamentos do templo, Deus mudou a
maldição em benção porque obedeceram (Ag. 2:18,19).

Em terceiro lugar, encontramos o destino deste nível de contribuição: deve ser


entregue na casa do tesouro. O dízimo tem destino certo. No Velho Testamento ele
era levado ao templo "para que houvesse mantimento (para os levitas) na casa do
Senhor. E por que no Templo? Porque este é um princípio espiritual válido em toda a
Escritura, tanto no Velho como no Novo Testamento:

"Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens
materiais? Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo
se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento? Assim ordenou
também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho". - I Co.
9:11,13-14

As Escrituras ensinam que quem semeia o espiritual é quem deve colher o material. As
pessoas devem entregar seus dízimos nas Igrejas onde são ministradas espiritual-
mente e onde participam da ceia do Senhor (como vemos na figura de Abraão e
Melquisedeque - Gn.14:18-20). Paulo também ensinou este princípio aos gálatas:

"Mas aquele que é ensinado na palavra faça participante em todas as coisas boas
aquele que o ensina" - Gálatas 6:6 (TB)

Ministérios para-eclesiásticos (que fortalecem as igrejas mas não são igrejas) não
devem aceitar dízimos, somente ofertas. Bato muito nesta tecla porque tenho um
ministério de apoio às Igrejas (que depende de contribuições), mas sempre
orientamos os irmãos a não dizimarem em nosso próprio ministério. Nós os instruímos
a fazê-lo em sua própria igreja. Já tive que rejeitar altas quantias em dinheiro que
queriam oferecer ao nosso ministério de ensino da Palavra porque não eram ofertas,
eram dízimos!

O DÍZIMO NO NOVO TESTAMENTO

Algumas pessoas afirmam que o dízimo é pertencente única e exclusivamente ao


Velho Testamento e que a contribuição do Novo Testamento não tem quantia
determinada. Ou seja, não está limitada aos dez por cento. Concordamos que o Novo
Testamento ensine acerca da contribuição sem quantia determinada e não limitada
aos dez por cento do dízimo, mas o Velho Testamento também já ensinava isto!
Trata-se de uma outra forma de contribuição chamada em Malaquias 3:8 de oferta.
Toda a argumentação que as pessoas contrárias ao dízimo usam são praticadas nas
ofertas que damos além do dízimo.

Para quem gosta de contribuir com mais que o dízimo, é só ofertar e ir além dele! Mas
me parece que as pessoas contrárias, em sua maioria, não querem ter a obrigação de
reconhecer que estão aquém do que deviam fazer pelo Reino de Deus. Precisam
subtrair o dízimo da sua doutrina para aplacarem sua própria consciência...

Vivemos na Nova Aliança, que é uma melhor aliança, baseada em melhores promessas
e que tem a Jesus como fiador (Hb.8:6). Não consigo imaginar como passamos da
Velha para a Nova Aliança (que é superior) e regredimos na contribuição. Se a Velha
Aliança exigia um mínimo de dez porcento da renda como contribuição, a Nova
Aliança merece menos do que isto?

De fato, todos os textos que esclarecem o dízimo são do Velho Testamento, mas o
Novo os sustentou, não criando a necessidade de novas instruções. O ensino neo-
testamentário deu muita ênfase às ofertas, que é um outro nível de contribuição e
que necessitava de mais instrução. Mas a verdade é que o Novo Testamento também
fala do dízimo. E o sustenta. Praticamente tudo o que pertencia à Velha Aliança foi
ensinado por Jesus de forma diferente, mas o dízimo não. Jesus confrontou as
práticas dos fariseus de seus dias em quase tudo, menos no dízimo. Este não foi
suprimido, e sua prática foi encorajada pelo Senhor:

"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do


endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei:
a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir
aquelas!" - Mateus 23:23

A frase "Devíeis fazer estas coisas" significa: "Vocês devem dar o dízimo, mas isto não
remove a responsabilidade de praticar outros princípios igualmente importantes".

O Senhor Jesus também disse que devemos "dar a César o que é de César e a Deus o
que é de Deus" (Mt.22:21), o que significa que assim como temos uma fatia do nosso
orçamento (proporcional ao ganho) que pertence a César - que figura quem recolhe os
impostos - também temos uma fatia orçamentária (proporcional ao ganho) que
pertence a Deus - o nosso dízimo.
No livro de Hebreus, falando de Abraão que deu o dízimo a Melquisedeque, o escritor
afirma:

"Aqui certamente recebem dízimos homens que morrem; ali, porém, recebe
aquele de quem se testifica que vive". - Hebreus 7:8

Ele está deixando claro que em seus dias continuava-se a receber os dízimos. Mas
quero ainda acrescentar um pensamento. Se, hipoteticamente, o dízimo não fosse de
fato uma ordem neo-testamentária, existe algum ensino que o proíba? Ele seria - aos
olhos de quem diz que isto não é uma exigência para hoje - uma quebra de algum
novo princípio? De forma alguma! Tudo o que o Novo Testamento ensina sobre ofertas
- e nós praticamos isto - se conserva intocável quando alguém tem um tipo de
contribuição a mais como o dízimo. Portanto, mesmo se eu tivesse dúvidas sobre a
entrega do dízimo hoje - e eu não tenho um pingo de dúvida acerca disto - não
consigo entender onde isto possa ser um problema.

Em nosso estudo "O Dízimo e a Redenção" trazemos mais luz sobre como a entrega do
dízimo esta entrelaçada com outras doutrinas imutáveis, que não ficaram presas aos
dias do Velho Testamento. Mas por hora, sustentamos: o dízimo faz parte da Nova
Aliança em que estamos vivendo hoje.

Estabelecido este princípio, muitos questionam se entrega do dízimo deve ser sobre a
renda líquida ou bruta. Nos dias de hoje, com benefícios que são deduzidos do salário,
temos bem distinta a renda bruta (valor do holerite) e a líquida (o que o trabalhador
pega na mão). E muitos se perguntam sobre que valor devem calcular seu dízimo.

Números 18:27 diz que o dízimo dos grãos se contava depois de limpos na eira, e o
dízimo da vinha depois que as uvas haviam sido espremidas no lagar. Isto fala do
líquido, e digo que isto deve se aplicar a quem tem seu negócio próprio. Ninguém
deve dizimar sobre o faturamento e sim sobre o lucro, sobre o ganho.

Quanto ao trabalhador assalariado, recomendamos dizimar sobre a renda bruta do


holerite, uma vez que a maior parte das deduções são benefícios, e os impostos são
despesas pessoais como qualquer outro gasto da casa que não deduzimos ao fazer esta
conta.

No que tange à venda de imóveis, automóveis e outros bens, ensinamos que o dízimo
deve ser dado sobre o lucro da negociação, e não sobre o patrimônio. Como dizia meu
pai, "venda não é renda".
Aos empresários, lembramos que o dízimo é dado sobre o ganho real, não sobre o
faturamento da empresa. E fazemos a a distinção dos dois tipos de ganhos: o pró-
labore (sua retirada mensal) e a distribuição anual de lucros.

Quanto à renda pessoal, aconselhamos que dizimem mensalmente na ocasião da


retirada do pró-labore. Quanto à distribuição anual de lucros, minha posição e
conselho pessoal é de que se deveria dizimar o lucro antes dele ser reinvestido ou
repartido. Não acho bom esperar o dia que a empresa poderia ser vendida (e não
talvez nunca seja) para então apurar o lucro do capital reinvestido e dizimar.

AS OFERTAS

Quando Malaquias repreendeu o povo de Israel, não o fez pela retenção do dízimo
apenas, mas também pela retenção das ofertas. Este é um outro nível de contribuição
que precisa ser entendido e praticado dentro de seus princípios. Mesmo que dizime
fielmente, o crente não pode parar aí, deve ofertar também.

Mesmo antes do dízimo aparecer na revelação bíblica, as ofertas ja eram entregues ao


Senhor; o livro de Gênesis mostra Caim e Abel trazendo cada um uma oferta ao
Senhor. Os patriarcas também sacrificavam ao Senhor. Com o tempo e o
desenvolvimento de um sistema financeiro, as ofertas começaram a ser expressas
principalmente por meio do dinheiro e outros bens valiosos. Quando Jesus visita o
templo, senta-se diante do gazofilácio e observa como as pessoas ofertavam. O texto
enfatiza ofertas dadas em dinheiro. Hoje não vivemos mais dentro de um sistema
religioso que exija sacrifícios de animais, e quase todo o nosso conceito de ofertas se
relaciona ao investimento financeiro que devemos fazer.

O dízimo tem seu percentual determinado. As ofertas não; elas são algo que fazemos
além do dízimo. O dízimo não é um ato voluntário, é uma obrigação. As ofertas, por
sua vez, são uma expressão voluntária do coração de alguém que ama ao Senhor e sua
obra.

As ofertas tem como destino o Reino de Deus. Não são somente destinadas à Igreja
local, mas ao Reino de Deus em toda parte. Vão para missões, para ministérios para-
eclesiásticos, para construções, para aquisição de qualquer coisa útil para propagação
do evangelho. Sempre que um templo foi construído no Velho Testamento, os recursos
vieram de ofertas voluntárias. Uma vez que o dízimo deveria suprir os levitas, não era
usado em outra coisa. As demais necessidades materiais se supriam mediante doações
voluntárias. Vemos este modelo desde a construção do Tabernáculo de Moisés:
"Fala aos filhos de Israel que me tragam oferta; de todo homem cujo coração o
mover para isso, dele recebereis a minha oferta. Esta é a oferta que dele
recebereis: ouro, e prata, e bronze, e estofo azul, e púrpura, e carmesim, e linho
fino, e pêlos de cabra, e peles de carneiro tintas de vermelho, e peles finas, e
madeira de acácia, azeite para a luz, especiarias para o óleo de unção e para o
incenso aromático, pedras de ônix e pedras de engaste, para a estola sacerdotal e
para o peitoral. E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio
deles". - Êxodo 25:2-8

A oferta é fruto de um coração generoso, que move a pessoa a voluntariamente


entregar o que não é obrigada a fazer. É uma expressão de amor. E tem um propósito
diferente do dízimo. Enquanto o dízimo visa suprir a necessidade de sustento dos
obreiros de tempo integral, as ofertas não tem um propósito específico; geralmente
se aplicam a suprir necessidades diversas que o dízimo não supre. Está sempre
relacionada com aquisições e realizações, como vimos nas ofertas para a construção
do tabernáculo de Moisés.

Na preparação para a construção do templo de Salomão o mesmo princípio foi


aplicado; Davi começa dando o exemplo de ofertar por amor:

"E ainda, porque amo a casa de meu Deus, o ouro e a prata particulares que tenho
dou para a casa de meu Deus, afora tudo quanto preparei para o santuário: três
mil talentos de ouro, do ouro de Ofir, e sete mil talentos de prata purificada, para
cobrir as paredes das casas; ouro para os objetos de ouro e prata para os de prata,
e para toda obra de mão dos artífices. Quem, pois, está disposto, hoje, a trazer
ofertas liberalmente ao Senhor?" - I Crônicas 29:3-5

Depois de dizer o que fazia por AMOR, o Rei Davi desafia o povo a seguir seu exemplo.
E os líderes o seguiram dando ofertas pessoais:

"Então, os chefes das famílias, os príncipes das tribos de Israel, os capitães de mil
e os de cem e até os intendentes sobre as empresas do rei voluntariamente
contribuíram e deram para o serviço da Casa de Deus cinco mil talentos de ouro,
dez mil daricos, dez mil talentos de prata, dezoito mil talentos de bronze e cem
mil talentos de ferro. Os que possuíam pedras preciosas as trouxeram para o
tesouro da Casa do Senhor, a cargo de Jeiel, o gersonita. O povo se alegrou com
tudo o que se fez voluntariamente; porque de coração íntegro deram eles
liberalmente ao Senhor; também o rei Davi se alegrou com grande júbilo". -
Levítico 19:10
Em relação às ofertas, não há regras que determinem o quanto e quando devem ser
dadas, só o COMO deve ser feita. Mas as ofertas devem ser parte da vida do crente.
Diferente do dízimo, que não é nosso, as ofertas e esmolas se quassificam em uma
semeadura que terá a sua colheita, uma vez que foram dadas com dinheiro "nosso".

No capítulo acerca da lei das primícias, falamos dos que distinguem a entrega das
primícias como sendo uma forma a mais de contribuição, em vez de faze-la apenas
em caráter de primazia. Mesmo neste caso, entendemos que a entrega das primícias
se classifica como uma oferta. Ela foi chamada assim desde a primeira vez em que foi
mencionada na Bíblia (Gn.4:4). Esta é razão de não darmos às primícias um destaque
especial no quadro de contribuições.

AS ESMOLAS

Enquanto o destino do dízimo é a Igreja Local e o das ofertas é o Reino de Deus, as


esmolas destinam-se aos necessitados, sejam eles cristãos ou não. É uma expressão
de compaixão e misericórdia para com os que estão passando necessidades. São uma
forma de suprimento. O Antigo Testamento já instruía a cuidar do pobre:

"Semelhantemente não rabiscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua
vinha; deixá-los-ás ao pobre e ao estrangeiro. Eu sou o Senhor, vosso Deus". -
Levítico 19:10

"Distribui, dá aos pobres; a sua justiça permanece para sempre, e o seu poder se
exaltará em glória". - Salmo 112:9

"Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e este lhe paga o seu


benefício". - Provérbios 19:17

Parte dos dízimos do Velho Testamento era destinada ao sustento aos pobres:

"Ao fim de cada três anos, tirarás todos os dízimos do fruto do terceiro ano e os
recolherás na tua cidade. Então, virão o levita (pois não tem parte nem herança
contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que estão dentro da tua cidade, e
comerão, e se fartarão, para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todas as
obras que as tuas mãos fizerem". - Deuteronômio 14:28,29

A cada três anos, o dízimo se tornava não só o sustento do levita, como também dos
pobres. Portanto, cerca de um terço dos dízimos tinham este destino no Velho
Testamento. Morris Cerullo, em seu livro "Dando e Recebendo", faz o seguinte
comentário:

– "Creio que dizimar siginifica, especialmente, suprir rendimento aos nossos


modernos levitas e sacerdotes – e para os pobres ao nosso redor. Creio que Deus quer
que usemos cerca de dois terços de nosso dízimo para capacitar alguns líderes da
igreja a desempenharem seu ministério sacerdotal (pastorear e ensinar), e outros
que trabalham no ministério semelhante aos levitas (administração e zeladoria). E
ainda creio que Deus quer que nos asseguremos de que a outra terça parte de nossos
dízimos seja usada para a provisão dos pobres de nossa comunidade".

Isto não significa que as pessoas devam decidir o destino de seus dízimos. Eles são
entregues na igreja local, mas esta por sua vez, devia ter um programa ou fundo de
ajuda aos necessitados. A Bíblia não está dizendo que os dízimos tenham que ser
sempre repartidos, senão não haveria o terceiro nível de contribuição, que é a
esmola. Mas esta aplicação do dízimo na Antiga Aliança revela um princípio
importante para nós hoje: dinheiro arrecadado na Igreja não deveria servir somente à
construção de prédios e aquisições de bens materiais, mas também ajudar os
necessitados. Vemos que a Igreja da primeira era cristã sustentava as suas viúvas
(At.6:1 e I Tm.5:3-16) e que os irmãos supriam as necessidades uns dos outros
repartindo seus bens entre os que tinham necessidades:

"Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas
propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém
tinha necessidade". - Atos 2:44,45

Temos a responsabilidade de exercer misericórdia e assistência social aos


necessitados. E os recursos que proporcionam isto são as esmolas ou beneficência. O
capítulo 58 de Isaías trata disso enfatizando que a falta de solidariedade social pode
prejudicar toda a batalha de jejum e oração.

Temos um conceito errado de que esmola é a moedinha esquecida no bolso que


jogamos para o necessitado da rua, mas toda e qualquer forma de ajuda ao pobre e
necessitado, é enquadrada nesta categoria de contribuição.

O Novo Testamento também sustentou o quanto isto é necessário, começando pelos


cristãos que precisam de ajuda e se estendendo aos ímpios. Paulo disse que devemos
fazer o bem a TODOS, e Jesus incluiu nesta categoria até os inimigos. Mas a
prioridade é ajudar os da família da fé:
"Não nos desanimemos de fazer o bem; pois a seu tempo ceifaremos, se não
desfalecermos. Portanto à medida que tivermos oportunidade, façamos o que é
bom a todos os homens, mas especial-mente aos que pertencem à família da fé". -
Gálatas 6:9,10 (TB)

Uma das principais recomendações ministeriais que o apóstolo Paulo recebeu de


Tiago, Pedro e João (a quem ele chamou de as colunas da igreja em Jerusalém)
envolvia este assunto:

"Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também


me esforcei por fazer". - Gálatas 2:10
Que tipo de lembrança é esta a que Paulo se refere? Certamente ele não está falando
apenas de lembrar ou recordar a existência destes pobres, mas de se importar com
eles, de procurar suprir suas necessidades. O evangelho não toca somente o espírito e
a alma das pessoas; também toca o corpo com cura e o estômago com comida!

Cada um destes três níveis de contribuição tem sua importância e, juntos, nos ajudam
a edificar o memorial da contribuição diante do Senhor. Certamente a nossa
obediência a estes princípios não será esquecida e nem tampouco passará
desapercebida diante de Deus! Que o Senhor nos ajude a crescer em cada um deles!
Autor: Luciano Subirá

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