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RESUMO: Os valores e normas sociais variam de acordo com dinâmica organizacional. Assim,
padrões e modelos de uma determinada ordem social não podem servir à outra, uma nova realidade
exige a construção de um novo aparato ético-moral que a sustente. Esse movimento de ruptura e
estabelecimento de um novo padrão cria uma desordem temporária. É difícil para os jovens romper
com a ordem estabelecida, e, para aqueles que estudam a educação, é difícil entendê-la em sentido
amplo e dinâmico.
ABSTRACT: Values and social rules change according to social dynamics. Thus, standards and
models of a specific society don’t contemplate others. A new social reality demands construction of a
new supporting ethic-morale apparatus. This rupture and establishment movement of a new standard
creates temporary disorder. It is difficult for the youths to break with the established order. It is also
difficult for those who study education to fully understand it.
1- Professora Doutora da Universidade Guarulhos – UnG – Campus Guarulhos – Dutra – Av. Anton Philips, 01, Vila Hermínia, Guarulhos, SP,
CEP: 07030-010 – Tel.: (0_11) 6442-1616 – .e-mail: prof_ieda@superig.com.br
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Os princípios de justiça e igualdade pertencem a prima pela diversidade. Assim, é difícil definir um único
um conceito mais amplo de educação (socialização) e, modelo que contemple as diversas formas assumidas
embora a importância da comunidade esteja explicitada pela família. Pois:
nos Parâmetros Curriculares, estes objetivam, de forma
mais específica, à educação escolar (escolarização): Nas sociedades contemporâneas ociden-
tais, o modelo arquétipo é a família con-
− “Apontar a necessidade de unir esforços jugal tradicional, constituída pelo casal e
entre as diferentes instâncias governa- seus filhos não emancipados, e que resi-
mentais e da sociedade, para apoiar a dem em um domicílio independente. Con-
escola na complexa tarefa educativa”; tudo, como já se avançou, há uma brecha
− “Mostrar a importância da participação da clara e crescente entre este modelo e
comunidade na escola, de forma que o co- uma realidade muito mais plural, na qual
nhecimento aprendido gere maior compre- uma proporção crescente de famílias não
ensão, integração e inserção no mundo”; se enquadra nesse padrão (Almeida e
− “Ampliar a visão de conteúdo para além Carvalho, 2003, p111).
dos conceitos, inserindo procedimentos,
atitudes e valores como conhecimentos No entanto, cabe ressaltar que a família ainda
tão relevantes quanto os conceitos tradi- é muito importante na mediação entre o indivíduo, a
cionalmente abordados”; vida privada e o convívio coletivo, o que lhe confere
− “Valorizar os trabalhos dos docentes como um papel fundamental na socialização das novas
produtores, articuladores, planejadores das gerações.
práticas educativas e como mediadores do Segundo o estudo de Serapioni (2005), o
conhecimento socialmente produzido”; envelhecimento da população e o alto índice de
− “Destacar a importância de que os do- desemprego entre os jovens adultos têm contribuído
centes possam atuar com a diversidade para estreitar o intercâmbio material, social e afetivo
existente entre os alunos e com seus entre diferentes gerações e entre os diferentes membros
conhecimentos prévios, como fonte de de uma família. Da mesma forma, têm aumentado
aprendizagem de convívio social e como as tradicionais funções assistenciais exercidas pela
meio para a aprendizagem de conteúdos família, entre elas, as de proteção, de ajuda e de
específicos”. cuidado dispensados a pessoas dependentes por
(Brasil, 1998, p. 10-11). motivos de saúde ou de idade. Se essas funções não
são desempenhadas a contento, é porque, muitas
Não é objetivo deste estudo menosprezar a vezes, faltam recursos econômicos.
educação escolar, mas demonstrar que o processo Mediante esta situação, Almeida e Carvalho
de socialização resulta da interação de diferentes (2003) afirmam que a emancipação da mulher e a
agências socializadoras (Setton 2005). Assim, não não estabilidade das relações conjugais levam ao
é possível compreender a socialização de forma aparecimento de tipos familiares cujo um único membro,
descontextualizada e pontual. Para entendê-la, é normalmente a mulher, assume a responsabilidade de
necessário avaliar os novos arranjos sociais da família educar os filhos (consangüíneos ou por adoção). Este
e da vida comunitária. papel, não raro, é compartilhado por outros parentes
–avós, tios, irmãos emancipados (Serapioni, 2005)
Família: desestruturação ou É importante destacar que a separação
renovação conjugal pode estabelecer um novo arranjo nos
papéis desempenhados pelos diferentes membros
Se a sociedade atual prima pela dinâmica e de uma família. A questão fundamental não é definir
pelo pluralismo, a família como agência socializadora se a responsabilidade pela educação do filho é do
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casal, da mãe ou do pai, e sim, se existe um adulto social materno (Carvalho, 2004) e negligencia a
responsável que ofereça as condições necessárias dinâmica dos papéis familiares e os novos arranjos
para o desenvolvimento e adaptação dessa criança à conseqüentes.
vida social. Caso haja uma flexibilização nas instituições
Uma vez que se estabelece a relação de cuida- escolares para aceitar o status atual dos diferentes
do, responsabilidade e parentesco (consangüíneo ou membros de uma família, a integração entre família e
por adoção) entre adulto(s) e criança(s), fica caracteri- escola será mais fácil e realista. Nesse caso, a escola
zada uma organização familiar. Essa forma de organi- estará aberta a ouvir e entender as demandas dos
zação societária divide com a escola a responsabilida- co-responsáveis pela educação da criança, sendo
de de socialização dos membros de uma determinada eles, pai, mãe, avó, avô, tia, tio, irmã ou irmão (por
sociedade. descendência ou adoção). Esse processo permitirá
que a educação escolar se desenvolva de forma
Interação: diversidade familiar e contextualizada e comprometida com a vida em
ideal escolar comunidade. A esse respeito, Gonçalves; Peter &
Tizzei (2006, p. 82) afirmam que:
Para que a escola desenvolva um trabalho
planejado e contextualizado, faz-se necessário O desenvolvimento saudável (...) se re-
compreender: aliza pelo estabelecimento de vínculos
saudáveis e a interação entre os diversos
Quais as concepções de educação com- níveis da sociedade. (...) o espaço esco-
partilhadas por famílias e escolas? Serão lar como sendo gerador de possibilida-
essas concepções homogêneas e con- des, por meio de vivências espontâneas
vergentes? Quais as responsabilidades, ou dirigidas, na qual o sujeito projeta sua
contribuições e limites educativos espe- história explorando o espaço escola que
cíficos dessas duas instituições? Como inclui a comunidade como um todo (...).
cada uma delas define seu papel e o Frente a isso emergem duas atitudes (...):
papel da outra, via professoras/es, espe- acreditar no potencial do sujeito com o
cialistas, gestoras/es, pais, mães e outros qual atua, o que proporciona um desen-
familiares? Como as relações de gênero volvimento saudável; conhecer o contexto
se manifestam no contexto dessas rela- dentro do qual o sujeito se movimenta, a
ções? partir do qual propõe sua atuação.
(Carvalho, 2004, p. 42).
Comunidade: do local ao mundial
Para tanto, temos também de indagar: Qual a
concepção de família instituída pela educação escolar? A ação comunitária e a formação de redes so-
Os projetos de integração entre família e escola levam ciais vêm contribuindo sobremaneira para a superação
em consideração a multiplicidade familiar? A escola das crises sociais. Diferente do que possa parecer, a
se preparou para trabalhar com os diferentes tipos de crise vem fortalecendo a solidariedade social. A falta
famílias? O direito à diversidade preconizado pelos de capacidade do Estado em responder satisfatoria-
direitos humanos é respeitado no caso da família na mente às demandas sociais estimula a mobilização
escola? comunitária com vistas à promoção da qualidade de
Ao que parece, a família referendada nos vida. Essa realidade retrata o poder transformador da
programas de integração família/escola segue o comunidade, que, por meio da participação popular,
modelo conjugal tradicional, em que cabe à mãe a educa de forma transformadora e responsável seus
responsabilidade de fazer a ponte entre a escola e a membros.
família. Esse fato denota uma idealização do papel A educação promovida pela ação comunitária se
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