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UNIDADE:

[Ambiente, Segurança, Higiene e Saúde


no Trabalho - conceitos básicos]
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TIPOLOGIA:

1/1.08 Formação Modular para

Empregados e Desempregados

DURAÇÃO

25

Manual de Apoio
I. INTRODUÇÃO À TEMÁTICA DA SEGURANÇA E
HIGIENE NO TRABALHO
A segurança dos locais de trabalho constitui uma preocupação de carácter social que
impulsionou a criação de legislação laboral.
Esta preocupação começou por se centrar na protecção de terceiros (vizinhança) contra
riscos provenientes da instalação e funcionamento de estabelecimentos industriais, e só
posteriormente se focou na Prevenção do ponto de vista dos trabalhadores, da sua vida,
integridade física, psíquica e moral.
Cabe ao Estado, em primeira instância, a quem está atribuído o dever de proteger a
Segurança, Higiene e Saúde dos trabalhadores e promover a melhoria das condições de
trabalho, isto é, proteger a nível legislativo e administrativo os trabalhadores contra os
acidentes de trabalho e os riscos profissionais.
A nova imagem do Trabalhador, é a que tem a “Dignidade do Homem” e não de “Máquina
produtiva”
Deste modo, os artigos 117º a 118-A do Tratado de Roma são inspiradores da Directiva -
Quadro 89/391/CEE, de 12 de Junho, relativamente à aplicação de medidas destinadas à
melhoria da segurança e saúde dos trabalhadores.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem, consagra no artigo 3º que o trabalhador
tem direito à segurança, e ao trabalho em condições equitativas e satisfatórias.
De referir ainda que, também é intenção dos membros do Conselho da Europa, na
Directiva –Quadro 89/391, de 12 de Junho - o de estabelecer estes direitos dos
trabalhadores e Princípios do Direito do Trabalho, de modo real e efectivo, com objectivo
de que a todos os trabalhadores seja assegurado o direito à Segurança, Higiene e Saúde
no Trabalho e bem como gozar do melhor estado de saúde possível.
Neste contexto afirmamos:
“ A Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho é antes de tudo uma questão cultural e só
depois uma questão política e económica, em virtude de estarmos a falar do Homem
enquanto trabalhador e consequentemente, o “motor” do progresso social e humano.”

1. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL (D.L. 441/91 E D.L. 26/94)


Dada a necessidade de preservar a saúde e a segurança das pessoas, eis que aparece a
Directiva 89/391, de 12 de Junho. Para dar cumprimento a essa Directiva surge o Decreto-
lei nº 441/91, de 14 de Novembro, que constitui o normativo nacional em matéria de
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, com o objectivo de realizar o trabalhador,
pessoal e profissionalmente, assegurar uma boa qualidade de vida no trabalho e em
concreto, prevenir os riscos e eventuais danos ou doenças profissionais para o trabalhador,
que contribuem de forma decisiva na empresa para o aumento de competitividade com a
diminuição da sinistralidade.
Um dos conceitos-chaves da prevenção dos riscos profissionais e da promoção da saúde
no trabalho é a participação efectiva e concreta dos trabalhadores e dos seus
representantes. Com o novo regime jurídico da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
(abreviadamente, SHST), aprovado pelo Decreto-Lei. n.º 441/91, de 14 de Novembro,
são reconhecidos explicitamente, e pela primeira vez na história da nossa legislação
laboral, dois direitos fundamentais e indissociáveis:
 O direito à saúde no local de trabalho;
 O direito à participação dos trabalhadores e seus representantes em matéria de:
(i) Prevenção dos riscos profissionais (doenças e acidentes de trabalho);
(ii) Protecção da saúde;
(iii)Promoção do seu bem-estar físico, mental e social;
(iv) Organização e funcionamento dos serviços de SHST.
O direito à saúde no local de trabalho, reconhecido pelo referido documento, implica, por
sua vez, o direito e o dever do trabalhador de participar na prevenção dos riscos
profissionais, na protecção da sua saúde e na promoção do seu bem-estar físico, mental e
social. Ou seja, o direito à saúde não é apenas equivalente a igualdade de oportunidades
no acesso a serviços de saúde (preventivos ou outros).
O actual regime jurídico da SHST reconhece explicitamente o direito à participação dos
trabalhadores e seus representantes, sob a forma de certos direitos:
 Direito à Informação
 Direito à Formação
 Direito de Representação
 Direito de Consulta
 Direito a Recusar o Trabalho
2. ACIDENTE DE TRABALHO

É acidente de trabalho, aquele que se verifique no local e tempo de trabalho e produza


directa ou indirectamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte
redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte.
Entende-se por local de trabalho todo o lugar em que o trabalhador se encontra ou deva
dirigir-se em virtude do seu trabalho em que esteja, directa ou indirectamente, sujeito ao
controlo do empregador.
Entende-se por tempo de trabalho, além do período normal de laboração, o que preceder
o seu início em actos de preparação ou com ele relacionados, e ainda as interrupções
normais ou forçosas de trabalho.
Considera-se ainda acidente de trabalho, o ocorrido no trajecto de ida e de regresso para
o local de trabalho, estando compreendidos os acidentes que se verifiquem no trajecto
normalmente utilizado e durante o período de tempo habitualmente gasto pelo
trabalhador:
- entre a sua residência habitual ou ocasional, desde a porta de acesso para áreas comuns
do edifício ou para a via pública, até às instalações que constituem o seu local de trabalho;
- entre os locais referidos na alínea anterior e o local do pagamento da retribuição ou no
local onde ao trabalhador deva ser prestada qualquer forma de assistência ou tratamento
por virtude de anterior acidente e enquanto aí permanecer para esses fins;
- Entre o local de trabalho e o de refeição;
- Entre o local onde por determinação da entidade empregadora presta qualquer serviço
relacionado com o seu trabalho e as instalações que constituam o seu local de trabalho
habitual.
Incidente de trabalho pode definir-se como um acontecimento perigoso que ocorra
como resultado de uma acção ou inacção, mas que não origine quaisquer ferimentos ou
morte.

2.1 CAUSAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO


Relativamente aos acidentes, as estatísticas apontam que 80% da sua origem é devida a
falhas humanas, 18% devem a sua origem a falhas técnicas, e 2% a causas imprevistas.
No que diz respeito ao factor humano podemos considerar como causa de acidente:
A ignorância - que pode ocorrer por falta de esclarecimento do trabalhador ou
desinteresse deste, por se familiarizar com os riscos do trabalho;
Faltas de atenção - que podem decorrer das condições de trabalho, ou serem um traço
da personalidade da própria pessoa;
Inobservância das regras de segurança - que pode ser causada por faltas de
atenção ou devida à pouca insistência com que a empresa as divulga. A falta de
observação das regras de segurança pode ser também o resultado do relaxamento do trabalhador,
daí surgindo a fadiga.
A fadiga - pode por sua vez, ser devida ás condições de trabalho em si, mas pode resultar do
facto do trabalhador ter participado num trabalho extra, na véspera, ou por exemplo numa festa.

2.2 CONSEQUÊNCIAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO

Os acidentes de trabalho e as doenças profissionais acarretam, para o trabalhador, um conjunto


de consequências, temporárias ou permanentes, quer a nível pessoal quer a nível laboral,
designadamente

 Os custos com a saúde não suportados pelas seguradoras (custos com próteses
ou ortóteses, transportes, etc);

 A perda de parte da remuneração durante o período de incapacidade;

 A perda futura de ganhos variáveis, adstritos ao normal desenvolvimento da sua


carreira;
 Aumento das despesas;
 A interrupção ou redução da actividade física do trabalhador e as eventuais
dificuldades para retomar o trabalho;
 As repercussões permanentes (deficiências, dificuldades motoras, cegueira,
alterações psicológicas, etc.) que tenham reflexo directo a nível do sofrimento
físico e psíquico e que representam, também, novos custos a suportar no futuro;
 Perdas materiais, nos casos em que membros da família tenham reduzido ou
abandonado a sua actividade para acompanhar o sinistrado;
 A diminuição da qualidade de vida;
 O sofrimento moral da família;
 Efeitos psicológicos;
 Sentimento de afastamento/isolamento;
 Redução da actividade física/modificação do modo de vida.
Quando a lesão causa a morte, as consequências são ainda mais gravosas pois que, além da
motivada pelo luto, muitas vezes regista-se o desmoronamento da estrutura de sustento
do agregado familiar, quando é o sinistrado a contribuir, em maior medida, para a
economia doméstica.
Acresce ainda que, em algumas lesões, como por exemplo as causadas por radiações
ionizantes, poderão ocorrer efeitos nos descendentes das vítimas, com consequências
físicas e psicológicas relevantes, para além dos custos com a assistência médica necessária.
Registem-se, ainda, as situações de duplo emprego em que a remuneração obtida na
segunda empresa sofrerá, também, um rebate decorrente do sinistro ocorrido na primeira.

O acidente e a doença provocam um sofrimento pessoal que não é quantificável em


termos financeiros. Pode, também, conduzir a uma grave degradação da situação social,
caracterizada por uma diminuição da segurança e uma alteração dramática das
circunstâncias sociais, em particular quando o indivíduo se vê forçado a abandonar o
emprego.

Para a empresa, os acidentes podem representar vários tipos de consequências:

 Perda de um trabalhador;

 Diminuição da produtividade;

 Aumento do absentismo;

 Acréscimo de contribuições para regimes de protecção social;

 Danos a nível do equipamento;

 Desperdício de materiais;

 Incumprimento de prazos;

 Custos emergentes de acções em tribunal;

 Acréscimo da rotação de pessoal;

 Aumento do prémio de seguro;

 Coimas;

 Indemnizações;
 Consequências penais;

 Danos na imagem;

 Necessidade de trabalho suplementar;

 Formação de substitutos;
 Degradação das relações de trabalho.

Para o país as consequências fazem-se sentir a nível de:

- Perdas da força de trabalho/perdas de produtividade;


- Custos com o recurso ao Serviço Nacional de Saúde;
- Aumentos dos custos de produção;
- Efeitos nas importações, em virtude da quebra de produção;
- Efeitos nas exportações;
- Efeitos na imagem internacional;
- Diminuição de receitas fiscais;
- Decréscimo de contribuições de empregadores
Os acidentes de trabalho e as doenças profissionais podem representar perdas financeiras
significativas para as empresas.
Alguns estudos levados a efeito no seio da União Europeia, indicam que os custos da
sinistralidade representam cerca de 4% do P.I.B., o que não deixa de ser preocupante. Há,
contudo, outros estudos cujas conclusões são, ainda, mais assustadoras: é o caso do estudo
conduzido pelo Hesita and Saíety Executive, na Grã-Bretanha, segundo o qual o custo
global, para os empregadores, dos acidentes e doenças profissionais ou doenças
emergentes do trabalho está estimado entre 5% a 10% do volume de negócios das
empresas britânicas. Um outro estudo daquela entidade evidenciou que os custos
decorrentes dos acidentes de trabalho representavam 8 a 36 vezes os custos dos prémios
de seguro.

2.3 CUSTOS DOS ACIDENTES DE TRABALHO


As consequências acima mencionadas são normalmente classificadas em termos de
custos. Assim temos os custos directos dos acidentes de trabalho e os custos indirectos,
abaixo descritos:
Custos directos:
 Despesas médicas, hospitalares e farmacêuticas
 Indemnizações por salários perdidos
 Pensões por invalidez ou morte
 Despesas com deslocações
 Gastos de reabilitação
 Despesas administrativas
Custos indirectos:
 Estragos nas máquinas ferramentas e matérias
 Perda de tempo para socorrer as vítimas e reparar os estragos
 Atrasos na produção
 Desorganização na produção
 Tempo gasto em inquéritos e investigação
 Mau clima social
É pois incontestável que a prevenção de acidentes de trabalho exerce um bom efeito sobre
o rendimento das empresas e se repercute de maneira favorável no modo como o
trabalhador desempenha as suas funções.

2.4 REPARAÇÃO DOS ACIDENTES DE TRABALHO


A característica essencial do acidente de trabalho é a sua reparação, quer em termos
pecuniários, quer em prestações de outra espécie, tais como despesas hospitalares,
medicamentos, etc. Porém existem situações, que dada a sua natureza resultam na perda
dessa característica essencial, ou seja, o acidente deixa de ser indemnizável, não
perdendo, no entanto, a sua definição jurídica de acidente de trabalho.
Se qualquer dessas situações se verificar, o trabalhador sinistrado poderá ver o seu
acidente descaracterizado, e em consequência desse facto, não ter direito a uma
indemnização ou pensão, ou ainda qualquer das prestações previstas neste novo regime
jurídico.

Nestes termos, não dá lugar a reparação o acidente:


a) Que for dolosamente provocado pelo sinistrado ou provier do seu acto ou omissão,
que importe violação, sem causa justificativa das condições de segurança,
estabelecidas pela entidade empregadora.
b) Que provier exclusivamente de negligência grosseira do sinistrado, entendendo-
se por negligência grosseira
c) Que resultar da privação permanente ou acidental do uso da razão do sinistrado
nos termos da lei civil, salvo se tal privação derivar da própria prestação do
trabalho, for independente da vontade do sinistrado ou se a entidade empregadora
conhecendo o estado do sinistrado, consentir na prestação.
d) Que provier de caso de força maior

Se o acidente tiver sido provocado por outro trabalhador ou terceiros, o direito à


reparação não prejudica o direito de acção contra aqueles, nos termos da lei geral. Ou
seja, o trabalhador sinistrado nestas circunstâncias, além de ter direito à correspondente
indemnização, poderá ainda se assim o desejar, demandar civil ou penalmente os
responsáveis pelo respectivo acidente. No entanto, se o trabalhador receber de outros
trabalhadores ou terceiros, indemnização superior à devida, pela entidade empregadora
ou seguradora, esta considera-se desonerada da respectiva obrigação e tem direito a ser
reembolsada pelo sinistrado das quantias que tiver pago ou dispendido.

2.4.1 Reparações em Espécie


A reparação em espécie compreende para além de outras situações as abaixo
mencionadas:
 Prestações de natureza médica, cirúrgica de enfermagem, hospitalar,
medicamentosa e quaisquer outras, incluindo tratamentos termais, fisioterapia e o
fornecimento de prótese, seja qual for a sua forma, desde que necessárias e
adequadas ao diagnóstico ou ao restabelecimento do estado de saúde físico ou
mental e da capacidade de trabalho ou de ganho do sinistrado.
 Transporte e estadia, designadamente para observação, tratamento, comparência
a juntas médicas ou a actos judiciais.
 Readaptação, reclassificação e reconversão profissional.

2.4.2 Reparação em Dinheiro


Remuneração no período das faltas ao serviço motivadas por acidente ao serviço ou
doença profissional.
É importante referir que na administração pública no período de faltas ao serviço, o
trabalhador mantém o direito à remuneração, incluindo os suplementos de carácter
permanente sobre os quais incidam descontos para a Caixa geral de Aposentações, a
remuneração base, subsídio de turno, etc, independentemente de estar ou não
hospitalizado. Neste período de faltas, o trabalhador não perde quaisquer direitos ou
regalias, como tal, também é abonado do respectivo subsídio de refeição, e o período de
ausência ao serviço não tem qualquer efeito negativo na contagem de tempo para efeitos
de antiguidade.
Ao fim de 90 dias de ausência por acidente em serviço o trabalhador acidentado é
submetido a junta médica da ADSE.
Os trabalhadores do regime geral, de acordo com o disposto na alínea e) do artigo 17 da
lei nº 100/97 vão ter direito a uma indemnização diária igual a 70% da retribuição. No
caso de hospitalização essa percentagem é reduzida para 45%.

3. DOENÇAS PROFISSIONAIS

A doença profissional decorre de uma alteração bastante definida do estado de saúde,


provocada por um agente ou processo específico. Nas doenças profissionais que constam
de listagem própria – a Lista de Doenças Profissionais - conhecem-se com rigor a causa
e os seus efeitos.
Uma doença é profissional se constitui consequência directa da exposição mais ou menos
prolongada a um risco físico, químico ou biológico que existe no momento do exercício
da profissão ou resulta das condições em que é exercida a actividade profissional. Para
além da descrição da actividade, importa conhecer a duração da exposição e as datas do
diagnóstico presuntivo realizado pelo médico do trabalho (ou outro) e do diagnóstico
definitivo a cargo da entidade com competência atribuída para a caracterização da doença
profissional.
É o caso da surdez causada pelo ruído, ou as dermites eczematiformes com origem no
contacto com cimento.
Para além destas existem doenças causadas pelo trabalho, ou seja lesões, perturbações
funcionais ou doenças não incluídas na referida lista, mas que são consequência directa e
necessária da actividade exercida pelos trabalhadores e não representam desgaste no
organismo.
As doenças agravadas pelo trabalho são as que, não tendo como causa directa o exercício
da profissão, vêem a sua evolução influenciada pelo exercício da mesma profissão.
É o caso das afecções respiratórias crónicas, lombalgias, doenças cardiovasculares, etc.
Podem ainda encontrar-se doenças:
- relativamente às quais não se pode demonstrar de modo individualizado, o nexo de
causalidade com a actividade profissional, mas que se sabe surgirem mais frequentemente
em indivíduos de determinada profissão ( ex. afecção cardíaca é mais elevada em
indivíduos expostos a sulfureto de carbono)
- cuja origem pode estar ou não associada à actividade profissional, como é o caso das
dermatoses alérgicas
- cujo surgimento ou evolução se encontra particularmente determinado por factores não
específicos da actividade profissional, que também se encontram presentes fora dele (ex.
enfarte do miocárdio em pessoas sujeitas a stresse).
Nem sempre é fácil identificar uma doença profissional ou, até em alguns casos, distingui-
la dum acidente de trabalho. Em geral é o carácter brusco e imprevisto do acidente que
permite a classificação. Por vezes -nas intoxicações, por exemplo a origem da lesão não
é fácil de determinar.
Para além da dificuldade em determinar o momento do início da doença, há doenças que
levam anos a manifestar-se após o início da exposição ao risco e se prolongam muito para
além da cessação da actividade.
Por outro lado, a causa profissional da doença nem sempre é fácil de aferir, face à
quantidade e variedade de produtos manipulados.
No meio laboral, praticamente cada órgão do corpo pode ficar afectado. Assim, os
pulmões podem ser lesionados quando o sujeito é alérgico aos fungos e aos esporos que
poluem os sistemas de ventilação; os indivíduos que estiverem expostos a certas resinas
(poliuterenas das pinturas, por exemplo) podem sofrer de fibrose pulmonar; os que
respiram fumos das fundições ou outros gases irritantes podem ter a chamada bronquite
industrial; são conhecidos problemas pulmonares na mineração, como a silicose e, entre
as pessoas que trabalham com os abestos -abestose- e a sua possível degeneração num
cancro pulmonar.
A pele pode ser afectada pela dermatite de contacto, uma irritação causada por óleos
industriais detergentes ou dissolventes. Uma exposição excessiva ao chumbo e ao cádmio
pode dar origem a pressões arteriais perigosamente altas.
Os problemas na coluna afectam tanto as secretárias como os condutores de camião, os
que estão imóveis numa linha de montagem com uma postura forçada, e os que têm que
transportadas cargas pesadas através da força muscular.
A hepatite, nas suas diversas formas, pode ser consequência da exposição a pesticidas ou
certos metais.
A encefalopatia aguda, com manifestações que podem ir desde a simples dor de cabeça
ao coma, pode ser resultado do contacto intenso com chumbo, mercúrio, dissolventes ou
pesticidas.
É bem conhecida a relação entre certas tintas industriais e o cancro da bexiga. Alguns
tipos de anemia estão associados à intoxicação com chumbo.
A infertilidade masculina parece estar associada à exposição inadequada a dissolventes,
pesticidas e certos plásticos.
A surdez pode ser consequência de um meio laboral ruidoso, é uma realidade frequente,
mas pode ser prevenida em grande parte pelo uso de protectores auditivos.

3.1 LISTA NACIONAL DAS DOENÇAS PROFISSIONAIS


A Lista Nacional de doenças profissionais classifica as doenças de acordo com as
seguintes características:
1- Doenças provocadas por agentes químicos
2- Doenças do aparelho respiratório
3- Doenças cutâneas
4- Doenças provocadas por agentes físicos
5- Doenças infecciosas e parasitárias
6- Tumores
7- Manifestações alérgicas das mucosas

II. AMBIENTE NO LOCAL DE TRABALHO

1. ERGONOMIA

1.1 CONCEITO E OBJECTIVO

A Ergonomia é a ciência que busca alcançar o ajustamento mútuo ideal entre o Homem
e o seu ambiente de trabalho. Se não existir este ajuste, teremos a presença de agentes
ergonómicos que causam lesões e doenças ao trabalhador.
A Ergonomia tem por objectivo fundamental, na sua vertente ocupacional, a concepção
de sistemas, máquinas e postos de trabalho que sejam seguros e eficientes, tendo em vista
a adaptação do trabalho ao Homem.
Para uma correcta concepção dos postos de trabalho deverá ter-se em conta os vários
condicionalismos:

 tarefas desempenhadas;

 posturas do trabalhador ( coerentes com as condicionantes da actividade);

 disposição e dimensionamento dos postos de trabalho;

 planos de trabalho (para manipulação e depósito de peças e produtos);

 localização dos comandos;

 localização dos meios de sinalização e visualização;

 existência de obstáculos dificultando o alcance ou a visão.

1.2 DIMENSIONAMENTO DOS POSTOS DE TRABALHO


O posto de trabalho é o espaço que o trabalhador ocupa quando desempenha uma tarefa
seja durante a totalidade do período laboral, seja através da utilização de vários locais.
É importante que um posto de trabalho esteja bem desenhado, para o que deverá obedecer
a regras decorrentes da aplicação dos princípios da fisiologia e da biomecânica, criando
condições para a definição de esforços aceitáveis.
Um desenho adequado evitará as doenças relacionadas com condições laborais deficientes,
designadamente a fadiga excessiva ou o desgaste prematuro do organismo, para além de
assegurar maior produtividade do trabalho.
O posto de trabalho deve ser desenhado tendo em conta o trabalho e a tarefa que vai
realizar a fim de que esta seja executada de modo confortável e eficiente.
Para tanto há que considerar quer os movimentos exigidos pelo trabalho, nomeadamente
as posturas e o esforço intelectual.
Se o posto de trabalho for adequadamente desenhado, o trabalhador poderá manter uma
postura de trabalho correcta e cómoda, sendo certo que, se assim não for, poderão decorrer
várias consequências para a saúde: lesões lombares, lesões por esforços repetitivos e
problemas circulatórios, entre outros.
As principais causas desses distúrbios podem ser atribuídas, por exemplo, à posição de pé
por tempo excessivo, ao deficiente desenho das cadeiras, ao excesso de estiramento dos
braços para alcançar objectos e à iluminação deficiente, que obriga o trabalhador a colocar-
se mais próximo de instrumentos e componentes de trabalho.
As normas de concepção a ter em conta na disposição de postos de trabalho deverão atender
às características humanas essenciais - capacidades sensoriais, dimensões do corpo,
resistência muscular, aptidões intelectuais, entre outras - para além de abordar a conduta
do trabalhador enquanto transformador de energia (fisiologia do trabalho) e como sistema
de tratamento de informação (psicologia do trabalho).
Para o desenho de postos de trabalho importa definir critérios a nível de dimensionamento,
de disposição do equipamento, de espaço de trabalho e de ambiente de trabalho.
O dimensionamento pressupõe a recolha de informação no domínio da antropometria
atinente à população laboral a abranger, com vista à definição de recomendações. O
processo deve abranger os seguintes elementos:

 altura do plano de trabalho

 altura do assento

 espaço para as pernas e pés

 a colocação de comandos

 o raio de acção

 o espaço de trabalho

 as distâncias de segurança

A colocação de máquinas e demais equipamentos de trabalho nos espaços de trabalho deve


atender à aplicação dos princípios ergonómicos, nomeadamente em função de critérios de
antropometria (uma disposição normalizada de órgãos de comando que atenda às posturas e à
anatomia do operador reduz a possibilidade de este sofrer um desgaste anormal emergente de
movimentos fatigantes na utilização da máquina) e de visibilidade dos meios de sinalização
ou de visualização de dados.

Os critérios inerentes ao espaço de trabalho referem-se às dimensões, vias de acesso e


circulação, escadas, portas e janelas, zonas de carga e descarga e de armazenagem,
pavimentos, perigosas e ao modo como são utilizadas em condições normais de operação
(contacto com operadores externos, trabalhos de manutenção, estrutura de acesso de
veículos, etc.) quer em condições extraordinárias (por ex. incêndios, utilização de veículos
de emergência, etc).
A concepção ou reformulação de postos de trabalho reflecte a importância das principais
variáveis e da indispensável articulação entre si.
O modo como se desenha um posto de trabalho determina se será variado ou repetitivo,
se facilitará o conforto do trabalhador ou o obrigará a posições incómodas, se as tarefas
são interessantes ou estimulantes ou, ao invés, monótonas.
A nível das tarefas, importa saber qual o tipo de tarefas a realizar, como executá-las, em
que quantidade, por que ordem e com que equipamento. Um posto de trabalho bem
desenhado deve:

-incluir tarefas diversificadas


-favorecer a aquisição de competências através de formação especializada
-conferir margem temporal para novas tarefas
-permitir ao trabalhador que modifique a posição do corpo
-prever horários de trabalho e de descanso adequados que favoreçam a correcta execução
das tarefas e pausas para recuperar
-assegurar a autonomia decisória ao trabalhador, em matérias determinadas
-permitir que o trabalhador interiorize a noção de utilidade do seu trabalho para a
organização

1.3 CONCEPÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE TRABALHO

A aplicação dos princípios ergonómicos no momento da concepção de máquinas contribui


para a redução da tensão nervosa e dos esforços físicos do operador, melhorando
também os desempenhos e a fiabilidade das operações.
Diminui-se, por esta razão, a probabilidade de falhas em todas as fases de utilização da
máquina.
Os elementos da interface operador-máquina, tais como os órgãos de comando, os meios
de sinalização ou os de visualização de dados devem ser concebidos de forma a permitir
uma interacção clara e inequívoca entre o trabalhador e a máquina.
Os dispositivos de comando são essenciais ao funcionamento correcto e seguro dos
equipamentos de trabalho, devendo, para tanto, integrar-se nos princípios da ergonomia.
Muitos dos erros considerados como humanos têm, na realidade, a sua origem, na escolha,
colocação e funcionamento destes dispositivos. Daí que haja que limitar o seu número,
abolindo aqueles que se revelam inúteis, providenciar a sua simplificação, garantir a
facilidade de acesso, velar pela sua correcta identificação, indicar quais as suas funções em
suporte a colocar na sua proximidade, explicitar o modo de utilização e utilizar os
símbolos e códigos de cor para identificar a função.
É importante distinguir o que são dispositivos de comando de ou para operações normais,
assim como evitar o seu accionamento acidental ou para tarefa diferente daquela a que
se destinam, desde que sejam aplicados os princípios da ergonomia na fase de desenho.

As ferramentas manuais devem ser concebidas de acordo com as prescrições ergonómicas,


por forma a assegurar a adequabílidade à tarefa, inibindo a produção de efeitos nocivos sobre
a saúde do trabalhador. Ferramentas bem desenhadas podem contribuir para que se adoptem
posições e movimentos correctos e aumentar a produtividade.
Por isso há que escolher ferramentas que permitam ao trabalhador empregar os músculos
de maior dimensão em vez de músculos que transmitem menor potência, de fácil preensão,
que detenham pegas e cabos com dimensões ajustáveis a toda a mão, diminuindo a pressão
nas articulações dos dedos e da mão, ou com duplo cabo, para reduzir o esforço, (mediante
a sua distribuição) ao mesmo tempo que deverão ser evitadas ferramentas que obriguem o
pulso a uma curvatura excessiva ou que não sejam submetidas a uma manutenção regular.
Como forma de contribuir para a redução das principais doenças profissionais causadas por
ferramentas, estas devem ser concebidas de forma a reduzir a força, a repetição e a
precisão nos movimentos.

1.4 TRABALHO EM ECRÃS DE VISUALIZAÇÃO

A actividade com equipamentos dotados de visor (EDV) acarreta um conjunto considerável


de desvios de saúde com origem, na maioria dos casos, em:

 factores ambientais (iluminação, clima, ruído);

 factores organizacionais (monotonia, pressão do tempo, complexidade);

 factores ergonómicos (por ex. mobiliário inadequado);

 factores pessoais (visão deficiente, dimensões corporais...).

Devido às características específicas do trabalho em computador podem surgir diversas


situações de incomodidade e desconforto.
Geralmente verifica-se uma grande solicitação dos órgãos da visão, são mantidas posturas
estáticas durante longos períodos de tempo e mesmo sendo as tarefas desempenhadas
monótonas e repetitivas, nem por isso deixam de representar significativas exigências às
capacidades de concentração e assimilação dos operadores.
Devido a estes factores, é comum que os utilizadores experimentem a presença de várias
sensações de desconforto, decorrentes da utilização intensiva de computadores.
A título informativo enunciam-se alguns requisitos, de modo a que a utilização de
equipamentos dotados de visor não envolva riscos para os trabalhadores.
A utilização crescente de EDV coloca em evidência três tipos de situações; por um lado
constrangimentos visuais e todos os problemas que lhes estão associados, por outro os
problemas posturais, após um trabalho prolongado com EDV e, finalmente, as questões
emergentes do stresse e da sobrecarga mental.
Ao nível dos constrangimentos visuais têm sido assinalados primordialmente os seguintes:
 fadiga visual, acompanhada, frequentemente, pela redução da capacidade
funcional;
 desconforto visual envolvendo sintomas oculares (p. ex. ardor) visuais, (p.ex.
distorção cromática) comuns (p. ex. dores de cabeça) e comportamentais (p.
ex. atitudes do trabalhador).
Os problemas oculares podem agravar distúrbios anteriores. O incómodo é provocado pela
utilização intensiva dos olhos. Podem ocorrer distúrbios de refracção (miopia) ou de
fusão (estrabismo latente) ou, ainda, de convergência.
Factores ambientais (iluminação insuficiente), a organização do trabalho e a implantação
deficiente do posto de trabalho podem, ainda, agravar os problemas.
As más posturas, por um lado, e as actividades repetitivas por outro constituem a fonte
numerosos problemas ao nível dos músculos e das articulações, em particular:

-lombalgias;
-lesões por sobrecarga (lesões por esforços repetitivos, trauma por distúrbio
cumulativo, etc).

1.4.1 Medidas de prevenção


Concepção dos postos de trabalho

Os equipamentos de trabalho dotados de visor não devem constituir fonte de risco para
a segurança e saúde dos trabalhadores, pelo que, os postos de trabalho devem ser
concebidos de acordo com critérios ergonómicos e funcionais.
Informação e formação dos trabalhadores

Os trabalhadores, assim como os seus representantes, devem ser informados sobre toda
as medidas tomadas que digam respeito à sua segurança e saúde na utilização de
equipamentos dotados de visor.
Antes do início da actividade, ou quando ocorram mudanças no posto de trabalho, os
trabalhadores devem receber a formação adequada sobre a utilização dos equipamentos
dotados de visor.

Consulta

Os trabalhadores, assim como os seus representantes, devem ser consultados sobre a


aplicação das medidas concernentes com o trabalho com EDV.

Vigilância médica
Antes de ocuparem pela primeira vez, um posto de trabalho dotado de visor,
periodicamente e sempre que apresentem perturbações visuais os trabalhadores devem ser
sujeitos a um exame médico adequado dos olhos e da visão. Se os resultados do exame
referido no número anterior demonstrarem a sua necessidade, os trabalhadores beneficiam
de um exame oftalmológico.
Sempre que os resultados dos exames médicos o exigirem e os dispositivos normais de
correcção não puderem ser utilizados, devem ser facultados aos trabalhadores
dispositivos especiais de correcção, concebidos para o tipo de trabalho a desenvolver.

1.5 CARGA FÍSICA DO TRABALHO


O transporte manual de cargas envolve partes ou todo o corpo, e mesmo que a carga a
movimentar não, seja muito pesada ou volumosa, a baixa eficiência do sistema muscular
humano torna esse trabalho pesado, provocando rapidamente fadiga com consequências
gravosas nomeadamente aumentando o risco de ocorrência de acidentes de trabalho ou
de incidência de doenças profissionais. Os estudos biomecânicos assumem particular
importância nas tarefas de transporte e levantamento de cargas, comuns a um grande
número de actividades, nas quais se inclui a indústria metalomecânica, responsáveis por
lesões, por vezes irreversíveis ou de difícil tratamento, sobretudo ao nível da coluna.
A coluna vertebral devido à sua estrutura em discos, é pouco resistente a forças
contrárias ao seu eixo, como se pode observar na figura.
Quando se levanta a carga na posição mais erecta possível, o esforço de compressão
distribui-se uniformemente sobre a superfície total das vértebras e discos. Nesta posição
consegue-se reduzir em cerca de 20% a compressão nos discos, em relação ao
levantamento em posição curvada.
Existem dois tipos de levantamento de cargas:
Levantamento esporádico – relacionado com a capacidade muscular (pouco
frequente)
Levantamento repetitivo – onde acresce a capacidade enérgica do trabalhador e a
fadiga física. (muito frequente).

Movimentação manual de cargas: qualquer operação de transporte e sustentação de


uma carga, por um ou mais trabalhadores, incluindo levantar, colocar, empurrar,
puxar, transportar e deslocar, que devido às suas características, ou condições
ergonómicas desfavoráveis comporte riscos para os mesmos, nomeadamente na
região dorso-lombar.

O transporte manual é quase sempre um trabalho pesado, ainda que a carga a


movimentar não seja pesada ou volumosa, sobretudo quando há necessidade de
elevação e transporte para plataformas ou de subir escadas.
O desgaste físico e o trabalho pesado são noções relativas, da do que a capacidade de
trabalho individual varia bastante. Uma determinada tarefa, facilmente executada por
um jovem forte, pode conduzir a um elevado desgaste num homem idoso e
particularmente numa mulher ou numa criança.
Durante o esforço muscular estático os vasos sanguíneos do tecido muscular são
comprimidos e o fluxo de sangue, e com ele o fornecimento de oxigénio e açúcar, é
diminuído.
Surge então a fadiga, que tem consequências gravosas, não só porque reduz a
eficiência do trabalho, como pode conduzir a acidentes.
A frequência destes acidentes é, geralmente, elevada e aumenta para o fim do dia de
trabalho.
Outros riscos associados à elevação e transporte manual de cargas são:
- a queda de objectos sobre os pés;
- Ferimentos causados por marcha sobre, choque contra, ou pancada por objectos
penetrantes;
- Contusões por objectos penetrantes ou contundentes.

Parte destes riscos podem ser controlados pela utilização de dispositivos de protecção
individual, tais como capacete, luvas e calçado de protecção ou recorrendo a aparelhos
auxiliares.

Quando não é possível mecanizar o levantamento de cargas – Recomendações


 posto de trabalho (bancadas, prateleiras) deve ser projectado tendo em conta
a ocorrência de tarefas que obrigam ao levantamento de cargas;
 Limitar o levantamento de pesos a 20Kg, no máximo, para levantamentos
repetitivos
 A carga deve possuir formas que facilitem pegar-lhes (furos laterais, pegas)
 Manter a carga na vertical
 Manter os pesos próximos do corpo
 Evitar torções no tronco
 Manter os pés e as costas numa postura correcta
 Evitar movimentos bruscos
 Alternar posturas e movimentos
 Trabalhar em equipe
 Evitar carregar pesos com uma só mão
 Utilizar equipamentos de transporte, de preferências com rodas
 Utilizar um piso duro e nivelado

Informação/formação
Para minimizar as consequências do transporte incorrecto das cargas, os trabalhadores
devem receber formação/informação sobre os riscos potenciais para a saúde da incorrecta
movimentação manual de cargas e sobre o peso máximo e características da carga.

Limites de carga
 Homem 30kg ocasionais
20kg frequentes

 Mulher 27kg ocasionais


15kg frequentes
10kg grávidas

Em postos de trabalho sentado ou sentado de pé deve-se atender a:

 espaço suficiente para as pernas;

 assentos ou apoios de pé bem concebidos;

 necessidade do trabalhador se levantar muito frequentemente (posto sentado).

Em postos de trabalho de pé:

 espaço suficiente para os pés;

 apoios adequados;

 uso frequente de comando por pedal.

Problemas que se podem esperar em resultado de certas formas de trabalho:

Postura de trabalho Possíveis consequências, afectando

Trabalho de pé, imóvel. Pés e pernas, possivelmente varizes.

Sentado, erecto, sem suporte para as costas. Músculos das costas

Assento demasiado alto. Joelho, barriga da perna, pé.

Tronco curvado para a frente quando sentado Região lombar, deterioração dos discos inter-
ou de pé. vertebrais (lombares).

Braços estendidos para os lados, frente ou


Ombros e braço.
para cima.

Pescoço, deterioração dos discos


Cabeça excessivamente inclinada para trás
intervertebrais (cervicais).
ou frente
Pega não natural de manípulos ou
Antebraço, possível inflamação de tendões.
ferramentas.

2. ILUMINAÇÃO

Os locais de trabalho devem dispor de iluminação adequada que assegure o desempenho


visual das tarefas e um ambiente concordante com as exigências de SST.

2.1 CONCEITOS ESSENCIAIS

Adaptação — processo que ocorre quando o olho se ajusta à luminosidade e/ou à cor do
campo de visão ou estado final deste processo.

Acomodação – ajustamento focal do olho, normalmente espontâneo, a fim de


conseguir uma acuidade visual máxima a distâncias diferentes.

Acuidade visual – capacidade de distinguir os objectos entre si e os detalhes dos


objectos situados muito perto uns dos outros.

Encandeamento directo — desconforto ou alteração da visão que ocorre quando a zona


a visualizar se encontra excessivamente iluminada relativamente à luminosidade
ambiente para o qual o olho está adaptado.

Encandeamento por reflexão — encandeamento resultante de reflexões especulares


em superfícies polidas ou brilhantes.

Iluminação geral – iluminação concebida para se obter um nível aproximadamente


uniforme em todo o espaço de trabalho considerado.

Fluxo luminoso – é a quantidade total de luz emitida por uma fonte luminosa durante
1 segundo. É medido em lumen (Im).

Iluminação local — iluminação especial para o desempenhe de uma tarefa específica,


em sobreposição ao sistema de iluminação geral e podendo ser comandada separadamente.

Iluminância - densidade de fluxo luminoso (f) incidente num ponto.


Uma iluminação deficiente pode dar origem a riscos para a SST, designadamente:

 Fadiga ocular: irritação, redução da acuidade visual, menor rapidez perceptiva;

 Fadiga visual: menor velocidade de reacção, sensação de mal-estar, cefaleia e insónias

 Acidentes de trabalho

 Posturas incorrectas de trabalho

2.2 ILUMINAÇÃO ADEQUADA


Os valores recomendados para os diferentes ambientes e tarefas a executar oscilam entre
150 e 2000 Lx.
É possível adequar os valores de iluminância ao ambiente de trabalho e à idade dos
trabalhadores (por exemplo, um homem de 40 anos precisa de 3 vezes mais iluminação
para ver com a mesma nitidez que uma criança de 10 anos e de 4 vezes mais para poder
ler com a mesma facilidade).

2.2.1 Iluminação Adequada de acordo com os Locais de Trabalho


 Mínimo para locais de trabalho onde não se realizem actividades -100 a 150 Lx
(Trabalhos que não exijam esforço visual)
 Classe I - tarefas visuais simples, que não exigem grande esforço - 250 a 500 Lx
(Sala de Aulas)
 Classe II - observação contínua de detalhes médios e finos 5OO a 1000 Lx.
(Bordar, pintar quadros)
 Classe III - tarefas visuais continuas e precisas - 1000 a 2000 Lx. (Reparação de
relógios)
 Classe IV - trabalho visual muito preciso, exigindo grande esforço - > 2000 Lx
(Cirurgia)

2.3 MEDIDAS DE PREVENÇÃO


Para prevenir eventuais riscos para a saúde e para garantir o bem-estar dos trabalhadores
devem ser tomadas determinadas medidas como sejam:

 Seleccionar as lâmpadas incandescentes ou fluorescentes mais adequadas; as


características mais importantes de uma lâmpada são, no domínio da quantidade,
a potência eléctrica e o fluxo luminoso e, no domínio da qualidade, a temperatura
da cor (k) e o índice de restituição cromática.

 A qualidade depende da combinação entre a tonalidade e a luminância, sendo certo


que, com o acréscimo de iluminância, devem ser seleccionadas lâmpadas de
temperatura de cor mais elevada;

 Eliminação do encandeamento por via da escolha e correcta distribuição das fontes


de luz (lâmpadas), a colocação de difusores, a escolha de tampos pouco brilhantes
para os planos de trabalho e cores de paredes, chão e tecto claras;

 Eliminação do efeito estroboscópico mediante aplicação das disposições


regulamentares aplicáveis;

 Iluminação alternativa de emergência quando uma avaria possa expor os


trabalhadores a riscos;

 Evitar o ofuscamento directo e indirecto;

 Manutenção regular das instalações de iluminação para não prejudicar o seu


rendimento e fiabilidade;

 Modificação da iluminação nos postos de trabalho em função das exigências visuais


da tarefa;

3. AMBIENTE TÉRMICO

O estudo do ambiente térmico no interior dos locais de trabalho deve atender à


necessidade de obtenção de condições aceitáveis em termos de saúde e conforto e ser
adequado ao organismo humano, em função do processo produtivo, dos métodos de
trabalho utilizados e da carga física a que os trabalhadores estão sujeitos,
A avaliação é aplicável quer às situações de conforto térmico quer às situações de stresse
térmico. As primeiras reportam-se aos locais de trabalho onde se verifique a exposição a
ambientes térmicos moderados e de forma a obter condições de conforto aceitáveis para
80% ou mais dos seus ocupantes.
O stresse térmico pode ser encontrado em locais onde se verifique a exposição a ambientes
quentes, onde haverá que avaliar o efeito do calor nos indivíduos durante períodos
representativos da sua actividade.
O principal problema colocado pelos ambientes térmicos é a homeotermia ou manutenção
da temperatura interna do corpo, a qual garante o funcionamento das principais
funções organismo. A homeotermia é assegurada quando o fluxo de calor produzido pelo
corpo é igual ao fluxo do calor cedido pelo ambiente, de modo a que a temperatura do corpo
permaneça constante.

Um ambiente térmico desajustado pode dar origem a:


- desconforto e mal estar psicológico
- absentismo elevado
- redução da produtividade
- aumento da frequência dos acidentes
- efeitos fisiológicos

O calor excessivo pode ser causa de um decréscimo do rendimento, dores de cabeça, náuseas,
vertigens, sudação, fadiga cardíaca, desequilíbrio mineral e hídrico, queimaduras,
distúrbios de estímulo-reacção e fadiga térmica.
Por seu turno, o frio pode reduzir o tempo de reacção, aumentar a tensão, causar distúrbios
do ritmo cardíaco, diminuir a sensibilidade, hipotermia e o congelamento.

3.1 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO


Para a medição das variáveis relevantes utilizam-se os seguintes equipamentos:
- Temperatura do ar - termómetro
- Velocidade do ar - anemómetro
- Humidade do ar - higrómetro ou psicrómetro de rotação ou de aspiração
- Calor radiante - termómetro de globo
Actividade física - tabelas de produção de calor, de acordo com o tipo de actividade.

3.2 MEDIDAS DE PREVENÇÃO

A temperatura e a humidade dos locais de trabalho deve ser adequada ao organismo e ter
conta os métodos de trabalho e os constrangimentos físicos inerentes à execução do
trabalhe.
Se possível, há que eliminar os riscos, impedindo a laboração em condições ou
factores climáticos que ultrapassem os valores relativos à fadiga e ao desconforto
térmico.
A nível da limitação dos efeitos dos riscos são conhecidas medidas de vários tipos:

Medidas de concepção
- Assegurar a qualidade de concepção, aquisição e manutenção dos sistemas de
ventilação e climatização;
- Ventilação e aspiração localizadas;
- Previsão das necessidades de insuflação de ar quente em zonas frias.

Medidas organizacionais
- Limitação de tempo de exposição
- Introdução de intervalos de descanso
- Selecção dos períodos do dia mais adequados para a execução dos trabalhos
- Automatização de processos
- Alteração das instalações ou da implantação de postos de trabalho

Medidas materiais
- Controlo das fontes de emissão
- Substituição de equipamentos de trabalho
- Protecção das paredes e tectos opacos
- Ecrãs de protecção do calor radiante
- Protecção das superfícies vidradas

Medidas de protecção individual

-Utilização de EPI e vestuário adequados


-Medidas de vigilância médica dos trabalhadores expostos a ambientes térmicos
agressivos

4. RUÍDO

O ruído está na origem de um incómodo significativo para o trabalhador, desencadeador


de trauma auditivo e alterações fisiológicas extra-auditivas.
Do ponto de vista fisiológico o ruído é um fenómeno acústico que produz uma
sensação auditiva desagradável ou incomodativa. Em termos gerais é um som
incomodativo, desconfortável e, frequentemente, nocivo para o homem. A par destas
consequências, o ruído tem, também efeitos, a nível da inteligibilidade da palavra
(importante para garantir a segurança) e da prestação de trabalho, por favorecer a redução
da concentração, a falta de compreensão de instruções e avisos e a incapacidade de
detectar algumas anomalias no processo produtivo.
Eliminar o ruído implica, pois, caracterizar a exposição durante o exercício de uma
actividade profissional, para avaliar o risco de perda de audição ou de outros desvios
de saúde.
Tal caracterização é aplicável a situações de perda de audição, quanto aos postos de
trabalho em que o nível de exposição pessoal diária e o valor máximo de pico de nível
de pressão se possam representar tais riscos. É, também, aplicável a situações de
incomodidade relativamente aos postos de trabalho situados no interior dos edifícios
onde se exerçam actividades requeiram concentração e sossego.

4.1 EFEITOS SOBRE A SAÚDE

O aparelho auditivo humano é composto por três partes essenciais: o ouvido interno
constituído peio pavilhão auricular e o canal auditivo externo, o ouvido médio composto
pela membrana do tímpano, a cavidade do ouvido médio e os ossículos e o ouvido externo,
encerrado numa cápsula óssea designada labirinto.
O ouvido externo capta as vibrações do ar e concentra-as em direcção ao canal auditivo,
que termina no tímpano onde as vibrações mecânicas são transformadas em impulsos
nervosos, que chegam ao cérebro conduzidos pelo canal auditivo. O ouvido médio
funciona como caixa de ressonância e assegura a integração das vibrações e a sua
transmissão amplificada do tímpano à janela oval através dos ossículos (martelo, bigorna
e estribo). O ouvido interno, por seu turno, transforma os sinais acústicos em impulsos
nervosos. Compreende os três canais semi-circulares, que são os órgãos do equilíbrio e a
cóclea, que constitui o aparelho sensorial da audição.
A audição, que diminui com a idade, pode ser medida através de um audiograma.
Os principais efeitos sobre a saúde são:

4.1.1 Efeitos Extra-Auditivos

Efeitos fisiológicos

 aceleração do ritmo cardíaco, hipertensão do ritmo respiratório, dilatação da


pupila, etc;
 diminuição da temperatura e da resistência eléctrica da pele, abaixamento do
nível de triglicéridos, etc;
Efeitos no equilíbrio (vertigens, etc.)
Efeitos funcionais, distúrbios do humor e manifestações de stresse:
 problemas funcionais: perturbações da concentração, da percepção auditiva,
etc:
 distúrbios de humor: irritação, insatisfação, etc;
 stresse: fadiga, agressividade, dores de cabeça, stresse crónico, depressão, etc.

4.1.2 Efeitos Auditivos

O ruído pode desencadear uma perda parcial de audição ou efeitos auditivos permanentes.
Os efeitos passageiros traduzem-se por perdas ligeiras de audição ou zumbido. As
capacidades auditivas restabelecem-se, em geral, após alguns minutos, ainda que as
manifestações possam durar alguns dias. Se a exposição se prolongar, a perda de acuidade
pode evoluir para uma alteração definitiva.
Quando a perda é consecutiva à exposição ao ruído no local de trabalho falamos de surdez
profissional. A exposição a níveis sonoros breves mas elevados pode, também, acarretar
perdas de audição.
Em termos fisiológicos, todos os órgãos, desde o tímpano até ao cérebro, são afectados a
partir dos 70 dB.
A afectação produzida em cada indivíduo depende da sua susceptibilidade individual. Para
a mesma exposição nem todos reagem do mesmo modo. Para avaliar em que medida as
células do ouvido respondem ao ruído são realizados exames audiométricos, cujos
resultados permitem compreender a eventual existência de dano.
As estimativas respeitantes ao número de trabalhadores expostos, na U.E, a um nível
sonoro equivalente de 80 dB (A), limite 3 partir do qual a OIT considera que existe risco,
indica a existência de 20 a 30 milhões dos quais metade se encontra exposto a um nível
superior a 85 dB (A). Entre estes haverá 6 a 8 milhões com exposição superior a 90 dB
(A).

4.2 FACTORES DE EXPOSIÇÃO


O risco a que os trabalhadores estão sujeitos depende de:
- Tempo de exposição - quanto mais longo, maior o risco;
- Tipo de ruído - contínuo, intermitente ou súbito;
- Distância da fonte do ruído - quanto menor, maior o risco;
- Sensibilidade individual - varia com a idade e de indivíduo para indivíduo;
- Danos na audição - lesões já existentes no aparelho auditivo.

No quadro seguinte são apresentados os limites recomendados de exposição ao ruído,


de acordo com o número de horas de exposição.

Horas de Exposição Nível de Ruído (Db)

8 90

6 92
4 95
3 97
2 100
1 1/2 102
1/2 110
¼ ou menos 115

4.3 MEDIDAS DE PREVENÇÃO

Tal como em outras situações, a melhor maneira de actuar passa pela eliminação do risco.

4.3.1 Medidas de Carácter Geral

• Informação e formação adequada sobre os riscos potenciais da exposição ao ruído e os


resultados das avaliações da exposição pessoal diária, dos valores máximos do pico do
nível de pressão sonora a que cada trabalhador está exposto durante o trabalho, assim
corno do seu significado.
• Informar sobre as medidas a adoptar ou já adoptadas para controlo da exposição ao
ruído;
• Proceder à vigilância médica e audiométrica dos trabalhadores expostos (exame inicial
antes da exposição e exames periódicos);
• Reduzir ao nível mais baixo possível as exposições dos trabalhadores ao ruído durante
o trabalho, tendo em consideração o progresso técnico, de modo a serem sempre
inferiores aos valores definidos na legislação específica;
• Sinalização do acesso às zonas de produção com ruído;
• Avaliar a exposição pessoal diária de cada trabalhador ao ruído durante o trabalho, no
início da actividade e periodicamente no caso de ser excedido o valor limite de pico ou
o nível de acção. Assegurar, ainda, avaliações suplementares no caso de ocorrerem
modificações nos postos
de trabalho que provoquem uma variação significativa da exposição.

4.3.2 Medidas Técnicas

Redução na fonte

- Selecção de equipamentos de trabalho e materiais a adquirir, isentos de ruído


ou pouco ruidosos;
- impedir ou reduzir o choque entre peças da máquina;
- Colocação de silenciadores ou abafadores;
- Manutenção periódica dos equipamentos de trabalho:
- Substituição de componentes gastos ou defeituosos;
- Alteração do modo de manipulação de materiais.

Redução da propagação

- Criação de barreiras acústicas que diminuam a transmissão do ruído;


- Isolamento da máquina e seus componentes;
- Colocação de materiais que absorvam as vibrações;
- Separação de peças que actuem entre si;
- Reforço das estruturas (para o ruído de percussão).

Redução através de medidas de acústica

- Utilização de materiais absorventes do som;


- Aumento da distância entre o trabalhador e a fonte de ruído;
- Montagem de divisórias, janelas e portas com elevado índice de isolamento.

4.3.3 Medidas Organizacionais

• Alternância de tarefas;
• Diminuição do tempo de exposição;
• Redução do número de trabalhadores expostos.

Medidas de protecção Individual

- Protectores auriculares adequados

O empregador deve organizar registos de dados e manter actualizados arquivos sobre


a avaliação e o controlo dos valores de exposição pessoal diária e o valor máximo de pico
do nível de pressão sonora (ficha de avaliação do ruído, ficha individual de exposição),
assim como a vigilância médica e audiométrica da função auditiva dos trabalhadores
expostos ao ruído durante o trabalho. Deverá, ainda, manter actualizada ficha de calibração
dos equipamentos de medição.

5. VIBRAÇÕES
Uma vibração mecânica é um movimento oscilatório de um corpo em torno do seu ponto
de equilíbrio. As vibrações mecânicas surgem sob a acção de forças variáveis e podem
transmitir-se a outros objectos por contacto directo. É o caso da energia vibratória
mecânica dos martelos pneumáticos, por exemplo.
Podemos distinguir dois tipos de vibrações:
-as transmitidas a todo o corpo (p.ex. no assento duma retroescavadora)
-as transmitidas ao sistema mão/braço, ou seja as vibrações ou choques de ferramentas
e máquinas ao nível das mãos.

As vibrações podem caracterizar-se pela sua natureza, frequência, intensidade e


direcção, as quais, combinadas com a duração da exposição, definem a exposição.
A frequência exprime-se pelo número de vibrações por segundo. Neste particular,
pode classificadas em três categorias:

-de baixíssima frequência, produzidas por meios de transporte;


-de baixa frequência, produzidas por veículos e máquinas industriais;
-de alta frequência, produzidas por ferramentas manuais rotativas ou de percussão.

A intensidade vibratória é, em geral, medida através da aceleração nos termos prescritos


nas normas técnicas, expressa em m/s2 e, também, em decibéis (dB).

As vibrações predominantes na actividade industrial estão associadas a diversos factores:

-ausência de elementos antivibráteis;


-utilização de equipamentos em processos de transformação (prensa, p. ex.);
-fenómenos naturais (sismos, ventos, etc);
-modos de funcionamento ou defeitos de máquinas;
-factores ambientais;
-peso dos equipamentos.

A carga vibratória é frequentemente acompanhada por ruído, poeiras, correntes de ar,


frio e produtos perigosos.
Existem múltiplas afecções desencadeadas pelas vibrações, cujos efeitos dependem de:
-tempo de exposição;
-forma como a exposição se produz;
-características físicas do meio;
-modo de transmissão (a todo o corpo ou às mãos);
-tipo de trabalho e tipo de postura.

5.1 RISCOS PARA A SAÚDE

Vibrações mão/braço

• afecções osteo-articulares;
• artrose dos membros superiores;
• lunatomalácia ou doença de Kienbock (necrose de um dos ossos do punho);
• pseudartrose do escafóide;
• síndroma do dedo álgido (SDA);
• síndroma de vibração mão/braço (VMB/HAV);
• outras afecções

Afecções de todo o corpo

Contrariamente às vibrações sonoras, o corpo humano não dispõe de mecanismos de


percepção específica das vibrações mecânicas. Contudo, um certo número de receptores
permitem-nos sentir as vibrações (por ex. receptores ao nível dos músculos, tendões e
articulações)
Os efeitos principais subsequentes às exposições são;

- problemas dorso-lombares (p. ex. artroses e hérnias);


- fadiga e desconforto;
- náuseas e vómitos;
- problemas gástricos;
- distúrbios de visão;
- acentuação dos efeitos do ruído (quanto às vibrações de baixa frequência!;
- aumento da frequência cardíaca e da pressão sanguínea;
- síndroma vibroacústico - doença sistémica das vibrações (Whole Body Noise and
Vibratíon Disease).
5.2 MEDIDAS DE PREVENÇÃO

Tal como para os demais factores de risco, também aqui se aplica a hierarquia das medicas
de prevenção: combater as vibrações na origem, isolamento, evitar a propagação para o
homem, informação e controlo médico.
No âmbito da limitação da fonte, há que verificar a carga vibratória no momento da
aquisição de máquinas, ferramentas ou veículos. Deve, também, questionar-se se o
equipamento que está origem das vibrações é indispensável ou pode ser substituído por
outro.
A manutenção das máquinas, assim como dos solos e vias de circulação é, também
recomendada, bem como a criação de suportes estáveis ou bases anti vibratórias para
algumas máquinas ou ferramentas portáteis. É, ainda, possível actuar sobre a transmissão
suprimindo o meio transmissor.
O isolamento das vibrações constitui uma tentativa de evitar a sua transmissão ao corpo,
isolamento pode aplicar-se sobre a máquina ou sobre o seu utilizador. As luvas
antivibráteis; ou a selecção de assentos adequados para veículos são disso bons exemplos.
Os trabalhadores devem receber informação acerca do modo de utilizar os equipamentos
de trabalho, da importância em realizar pausas frequentes e da vigilância médica.
A vigilância médica incluirá exames complementares para aferir o impacto dos choques
e vibrações em particular da coluna e o controlo dos principais riscos para a saúde (p.ex.
afecções dos vasos sanguíneos e de sistema nervoso).

6. QUALIDADE DO AR
A ventilação é o processo de insuflação e extracção de ar através de meios naturais ou
mecânicos, com o objectivo de proporcionar condições de bem-estar aos trabalhadores e
demais utilizadores. A ventilação permite a renovação do ar de um Socai, substituindo o
ar viciado por ai novo.

6.1 TIPOS DE VENTILAÇÃO

A ventilação pode ser natural ou artificial.


Natural é a resultante do movimento natural do ar através das diversas aberturas existentes
nas paredes e nas coberturas dos edifícios.
Artificial é a que se obtém através de meios mecânicos.
6.2 MEDIDAS DE PREVENÇÃO

É indispensável que os locais de trabalho disponham de ar puro suficiente para o número


de trabalhadores, em função dos métodos de trabalho e do esforço físico requerido. Entre
outras, podemos enunciar as seguintes medidas:

- Concepção de sistemas fiáveis e eficazes;


- Obtenção de ar puro por processos naturais ou artificiais através, neste caso, de
equipamentos em bom estado de funcionamento e com dispositivos de detecção de
avarias;
- Verificar a regularidade das operações de limpeza, manutenção e inspecção dos
sistemas de ventilação e climatização
- Manual de operação e manutenção para os sistemas mais complexos;
- Utilização de EPI sempre que não for possível eliminar ou reduzir as concentrações
dos produtos para valores aceitáveis.

6.3 S.E.D. SÍNDROMA DO EDIFÍCIO DOENTE

S.E.D. é a designação dada a um conjunto de sintomas evidenciados por pessoas que


trabalham em locais com ar condicionado, ainda que também já tenha sido detectado
em edifícios com ventilação natural. O síndroma, que tem causa multifactorial não é
habitualmente acompanhado por nenhuma lesão orgânica ou sinal físico, sendo
diagnosticado por exclusão.
Ainda que a sintomatologia seja variada, há 5 grupos de factores que podem geralmente
ser encontrados: manifestações nasais (obstrução), oculares (secura e irritação) da
orofaringe e irritação da garganta), cutâneas (secura, irritação e erupção) e gerais (dor de
cabeça e fadiga).
As principais consequências do S.E.D. são a insatisfação no trabalho, a redução da
produtividade e o aumento do absentismo por doença.

Os principais factores de risco são:

- Físicos:
• temperatura
• humidade relativa
• ventilação
• iluminação artificial
• ruído e vibrações
• iões
• partículas e fibras

- Químicos:
• concentração de fumo de tabaco no ambiente
• formaldeído (presente em materiais de construção, p. ex.)
• compostos orgânicos voláteis (p. ex. em produtos de limpeza)
• biocidas (utilizados nos humificadores para o controlo do nascimento microbiano)
• outras substâncias gasosas (dióxido de carbono, monóxido de carbono, ozono, etc)
• odores

- Biológicos (vírus, bactérias, fungos, etc.)


- Psicológicos (stresse, irritação, cansaço)
É importante que sejam definidas rotinas de manutenção e conservação dos sistemas
de tratamento de ar (lavagem e limpeza de filtros, condutas, unidades de tratamento e
purificação das águas de lavagem e de humidificaçâo, etc). Deste modo evitar-se-á a
acumulação de nutrientes ou outras sujidades nos equipamentos atrás citados, que em
determinadas condições de temperatura e humidade, podem contribuir para a
disseminação de microrganismos e outros poluentes biológicos nos locais de trabalho.
Por outro lado, os pontos de captação de ar novo devem ser periodicamente inspeccionados
para garantir que se mantenham afastados de quaisquer fontes poluidoras e que não haja
admissão de substâncias nocivas nos locais de trabalho.

7. AGENTES QUÍMICOS

Certas substâncias químicas, utilizadas nos processos de produção industrial, são lançadas
no ambiente de trabalho através de processos de pulverização, fragmentação ou
emanações gasosas. Essas substâncias podem apresentar-se nos estados sólido, líquido e
gasoso.
No estado sólido, temos poeiras de origem animal, mineral e vegetal, como a poeira
mineral de sílica encontrada nas areias para moldes de fundição.
No estado gasoso, como exemplo, temos o GLP (gás liquefeito de petróleo), usado como
combustível, ou gases libertados nas queimas ou nos processos de transformação das
matérias-primas.
Quanto aos agentes líquidos, eles apresentam-se sob a forma de solventes, tintas, vernizes
ou esmaltes.
Esses agentes químicos ficam em suspensão no ar e podem penetrar no organismo do
trabalhador por:
Via respiratória: essa é a principal porta de entrada dos agentes químicos, porque
respiramos continuadamente, e tudo o que está no ar acaba por passar nos pulmões.
Via digestiva: se o trabalhador comer ou beber algo com as mãos sujas, ou que ficaram
muito tempo expostas a produtos químicos, parte das substâncias químicas serão
ingeridas com o alimento, atingindo o estômago e podendo provocar sérios riscos à saúde.
Epiderme: essa via de penetração é a mais difícil, mas se o trabalhador estiver
desprotegido e tiver contacto com substâncias químicas, havendo deposição no corpo,
serão absorvidas pela pele.
Via ocular: alguns produtos químicos que permanecem no ar causam irritação nos olhos
e conjuntivite, o que mostra que a penetração dos agentes químicos pode ocorrer também
pela vista.

Os efeitos no organismo, vão pois depender da dose absorvida e da quantidade de tempo


de exposição a essa dose.
Assim, os graus de Intoxicação com produtos Químicos podem ser classificadas em :
Intoxicação Aguda- corresponde a uma absorção rápida num curto período de tempo
(geralmente ocorrem em situações de acidente).
Intoxicação Crónica- absorção de pequenas doses em certos períodos de tempo (ocorrem
no local de trabalho, num turno ou em parte dele).

7.2 EFEITOS DOS POLUENTES QUÍMICOS


Sensibilizantes: produtos que levam a reacções alérgicas. Manifestam-se por afecções da
pele ou respiratórias. (Isocianatos usados por exemplo no fabrico de espumas).
Irritantes: produtos que levam a inflamações no tecido onde actuam.Também nesta
situação os produtos inaláveis são os que levantam mais preocupação. (ácido clorídrico,
óxidos de azoto).
Anestésicos ou narcóticos: produtos que actuam sobre o sistema nervoso central, tais
como os solventes usados na indústria das colas ou tintas, (toluol, acetato butilo, hexano,
etc...)
Asfixiantes: produtos que dificultam o transporte de oxigénio a nível sanguíneo.
(Monóxido de Carbono)
Cancerígenos: substâncias que podem provocar o cancro
Corrosivas : substâncias que actuam quimicamente sobre os tecidos quando em contacto
com estes.
Pneumoconióticas: apresentam-se sob a forma de poeiras ou fumo. São exemplo destas
substâncias a sílica livre cristalina comum em minas ( provoca a silicose a nível
pulmonar).

7.3 POLUENTES SÓLIDOS


Poeiras - Partículas esferoidais de pequeno tamanho que se encontram em suspensão no
ar. As mais perigosas são as de quartzo, (originam a silicose),
Fibras - Partículas não esféricas, geralmente o seu comprimento excede em 3 vezes o seu
diâmetro.
Fumos - partículas esféricas em suspensão, geralmente têm origem em combustões.
Aerossol - suspensão em meio gasoso de partículas esféricas e líquidas, em conjunto ou
não. A sua velocidade de queda é desprezável.
Os poluentes químicos são uma presença constante nos processos produtivos. Com o fim
de proteger o trabalhador os Valores Limite de Exposição, referenciados na legislação
devem ser cumpridos. Deve ser feita igualmente a identificação dos contaminantes para
de seguida se efectuar a respectiva medição da sua concentração. Mediante os valores
obtidos há que tomar medidas , devendo-se recorrer a equipamento de protecção pessoal
sempre que possível , bem como a alterações no processo produtivo que permitam a
redução dos emissões de poluentes . Estas alterações podem ser ao nível do equipamento
ou de matérias-prima.

III. SEGURANÇA NO LOCAL DE TRABALHO

1. MÁQUINAS
Muitos processos produtivos dependem da utilização de máquinas, pelo que é importante
a existência e o cumprimento dos requisitos de segurança em máquinas industriais ou a
sua implementação no terreno de modo a garantir a maior segurança aos operadores.
Máquina: Todo o equipamento, (inclusive acessórios e equipamentos de segurança), com
movimento, (engrenagens), e com fonte de energia que não a humana
Os Requisitos de segurança de uma máquina podem ser identificados, nomeadamente o
que diz respeito ao
seu accionamento a partir de Comandos:
 Devem estar visíveis e acessíveis a partir do posto de trabalho normal
 Devem estar devidamente identificados em português ou então por símbolos
 O COMANDO DE ARRANQUE: a máquina só entra em funcionamento quando
se acciona este comando, não devendo arrancar sozinho quando volta a corrente
 O COMANDO DE PARAGEM: deve sempre sobrepor-se ao comando de
arranque
 STOP DE EMERGÊNCIA: corta a energia, pode ter um aspecto de barra botão
ou cabo

1.1 DISPOSITIVOS DE PROTECÇÃO


Protectores Fixos: os mais vulgarmente utilizados são as guardas. São estruturas
metálicas aparafusadas à estrutura da máquina e devem impedir o acesso aos órgãos de
transmissão. O acesso só para acções de manutenção.
Protectores Móveis: neste caso as guardas são fixadas à estrutura por dobradiças ou
calhas o que as torna amovíveis. A abertura da protecção deve levar à paragem automática
do “movimento perigoso”, (pode-se recorrer a um sistema de encravamento eléctrico).
Comando Bi-Manual: para uma determinada operação, em vez de uma só betoneira
existem duas que devem ser pressionadas em simultâneo. Isto obriga a que o trabalhador
mantenha as duas mãos ocupadas evitando cortes e esmagamentos (Guilhotinas, Prensas)
Barreiras Ópticas: Dispositivo constituído por duas “colunas”, uma emissora e a outra
receptora, entre elas existe uma “cortina” de raios infra-vermelhos. Quando alguém ou
algum objecto atravessa esta “cortina” surge uma interrupção de sinal o que leva à
paragem de movimentos mecânicos perigosos.
Distâncias de Segurança: Define-se distância de segurança, a distância necessária que
impeça que os membros superiores alcancem zonas perigosas do equipamento.
2. RISCOS ELÉCTRICOS

2.1 PRINCIPAIS EFEITOS DA CORRENTE ELÉCTRICA


Os principais efeitos de uma corrente eléctrica que atravesse o corpo humano são:
1. Percepção
2. Tetanização
3. Paragem respiratória
4. Queimaduras
5. Fibrilação ventricular

1. Limiar de percepção
O limiar da percepção representa o valor mínimo da corrente sentida por uma pessoa e
que apenas representa uma sensação de formigueiro
2. Tetanização
É um fenómeno decorrente da contracção muscular produzida por um impulso eléctrico.
Existe o perigo do indivíduo ficar agarrado durante o tempo que perdurar a ddp.
3. Paragem respiratória
Correntes superiores ao limite de largar podem provocar nas vítimas uma paragem
respiratória, que levam à perda de consciência e morte por sufocamento.
Por este motivo é necessário fazer respiração artificial num curto lapso de tempo (3 a
4 minutos no máximo) para evitar a asfixia e lesões irreversíveis no cérebro.
4. Queimaduras
Sendo a passagem da corrente eléctrica acompanhada por desenvolvimento de calor,
por efeito de Joule, uma das consequências mais frequentes dos acidentes eléctricas
são as queimaduras.
Estas queimaduras revelam-se mais intensas nas zonas de entrada e saída da corrente
porque:
 A pele quando comparada com os tecidos internos, apresenta uma elevada
resistência eléctrica;
 À resistência da pele soma-se a resistência de contacto entre a pele e as partes
sob tensão;
 Nos pontos de entrada e saída da corrente, sobretudo se as áreas de contacto
forem pequenas, a densidade da corrente é maior.
Existem ainda queimaduras provocadas pela libertação de calor por arco eléctrico,
como acontece na soldadura
5. Fibrilação ventricular
Este fenómeno fisiológico é o mais grave que pode ocorrer devido à passagem da corrente
eléctrica. Deve-se ao facto de aos impulsos do eléctricos naturais que provocam a
contracção do coração, se vir sobrepor uma corrente externa que faz com que as fibras
ventriculares, passem a contrair-se de modo descontrolado.
Embora hoje se consiga parar o fenómeno com um desfibrilador, para efeitos práticos a
fibrilação é considerada irreversível.

2.2 CUIDADOS ÚTEIS COM A ELECTRICIDADE


Só um electricista qualificado e designado para o efeito pode instalar, modificar, reparar,
fazer a manutenção das instalações eléctricas.
Todo o improviso é fonte de acidentes graves como por exemplo as electrocussões.

Figura 1 - É necessário ter cuidado com a proximidade de cabos aéreos ou


subterrâneos sob tensão. Devem respeitar-se as distâncias de segurança.
Figura 2 – Só devem ser utilizadas lâmpadas portáteis regulamentares e nunca
lâmpadas instaladas provisoriamente.

Figura 3 – as junções, as fichas, etc, devem ser manipuladas com prudência. Devem
utilizar-se fichas e tomadas de corrente normalizadas.

Figura 4 – Não deixar cabos em contacto com arestas vivas. Os isoladores dos cabos
eléctricos são o que nos garante segurança. É necessário proteger o mais possível as
canalizações eléctricas contra risco de esmagamento.

Figura 5– Para se retirar uma ficha de uma tomada de corrente deve puxar-se pela
ficha e não pelo cabo de alimentação.
Figura 6– Nunca se devem fazer ligações ou arranjos provisórios, nem modificar
instalações eléctricas. Deve chamar-se um profissional.

2.3 ACTUAÇÃO EM CASO DE ACIDENTES ELÉCTRICOS


A morte por electrocussão só surge, em geral, muito depois do acidente, por terem faltado
os socorros necessários. A sobrevivência da vítima de um acidente eléctrico depende
muitas vezes da actuação imediata dos seus companheiros.
Uma electrização ou uma hemorragia grave podem matar em alguns minutos, antes da
chegada de socorros qualificados, se não forem logo prestados ao acidentado alguns
cuidados básicos. Nem só pessoas com formação em primeiros socorros podem salvar
vidas nestas circunstâncias. Qualquer pessoa, ao testemunhar um acidente, se agir
depressa, mas sem precipitações, poderá ajudar a manter viva a vítima até à chegada de
socorros qualificados.
Proteger-se e proteger a vítima de Novo Acidente
 Antes de efectuar qualquer gesto para a reanimação do acidentado, verificar que este
não está em contacto com uma peça em tensão, ou susceptível de ficar em tensão.
 Para afastar a vítima da tensão:

-Cortar imediatamente a corrente eléctrica se existir um dispositivo de corte no local do


acidente
-Caso não exista dispositivo de corte no local do acidente e se a instalação for de Baixa
Tensão, provocar um curto-circuito a fim de obter os mesmos resultados, tendo o cuidado
de se colocar fora do alcance dos efeitos do curto-circuito.

 Se não for possível cortar a corrente, a pessoa que vai afastar o acidentado deverá:
-Proteger-se usando materiais isolantes adequados ao nível da tensão - luvas, varas,
tapetes, estrados, etc - recordando que a presença de humidade pode torná-los condutores;
-Tomar cuidado para não se colocar em contacto directo, ou por intermédio de objectos
condutores, com a peça em tensão.

 Se o acidente ocorreu em cima de um apoio, e a vítima se manteve em contacto com


peças em tensão, afastá-la
- Ou mantendo a distância de segurança, utilizando uma vara isolante para o afastar;
- Ou ao contacto, depois de ter procedido ao corte da corrente e à ligação à Terra.

 Se os condutores estiverem em contacto com o solo, directamente ou através de apoio,


ninguém deve aproximar-se a menos de 18 metros dos pontos de contacto antes de ter
sido desligada a corrente; qualquer pessoa que se movimente dentro desta distância,
deve fazê-lo com passos muito curtos, sempre no sentido do afastamento do ponto de
contacto.

2.4 APLICAÇÃO DOS PRIMEIROS SOCORROS


Logo que a protecção esteja assegurada é essencial examinar a vítima, antes mesmo de
alertar os socorros qualificados.
 Verificar se:
-o tórax e o abdómen se movimentam com a respiração
-o ar sai normalmente pela boca e nariz;
-tem uma lesão evidente
Depois de fazer o exame rápido da situação da vítima, a testemunha deve mandar alguém
alertar os primeiros socorros ou fazê-lo ela própria mas só depois de assegurar a
respiração da vítima.
 Para assegurar a respiração da vítima, em caso de estar parada, é necessário
desobstruir as vias respiratórias (boca e traqueia):
- Desapertar ou aliviar qualquer vestuário que possa dificultar a respiração;
- Inclinar a cabeça para trás, não deixando que a língua obstrua a entrada de ar;
- Passar um dedo pelo interior da boca para limpar, no caso de ter havido vómito.
 Se a respiração não for retomada:
- Aplicar imediatamente um método de respiração artificial, boca-a-boca ou boca-nariz,
que deverá manter-se até que cheguem os socorros qualificados ou que a vítima comece
a respirar.

2.4.1 Chamar os Primeiros Socorros e afastar os Curiosos

O alerta deve ser feito para os serviços de socorros locais ou, na sua falta, para os socorros
nacionais (112).
 A comunicação deve:
- Fornecer a localização precisa do acidente, bem como o número de telefone onde está a
fazer a chamada;
- Dar indicações da natureza do acidente, do estado aparente da vítima e dos cuidados de
urgência efectuados
 É pois fundamental que o pessoal conheça:
- a lista dos números de telefone de urgência, que deve estar afixada junto dos telefones
do local de trabalho e nas viaturas,
- a localização da caixa dos primeiros socorros.

2.4.2 Outros Cuidados a prestar antes da chegada dos Primeiros Socorros

Deitar a vítima
 Se a vítima está consciente e se respira, deitá-la de costas num local plano,
salvo se tem:
→ Ferimentos na face - deitarem posição lateral de segurança
→ Ferimentos no tórax – colocar em posição semi-deitada
→ Ferimentos no ventre – deitar de costas mas com as pernas semi-flectidas
 Se a vítima está inconsciente mas respira, deitá-la em posição lateral de
segurança (PLS)

Parar as hemorragias
 No caso de grande hemorragia, comprimir directamente a ferida com a mão,
com os dedos ou com o punho.
 No caso de hemorragia menos importante, uma compressa pode substituir a
compressão manual.
Fracturas
 Tentar que a vítima permaneça imobilizada, aguardando os primeiros
socorros

Feridas e Queimaduras
 Lavar as feridas com água limpa. Não utilizar qualquer outro produto além
de água;
 Nunca lavar as queimaduras de origem eléctrica

IV. IMPLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS DE PREVENÇÃO

1. PROTECÇÃO COLECTIVA E PROTECÇÃO INDIVIDUAL

As medidas de protecção colectiva, através dos equipamentos de protecção colectiva


(EPC), devem ter prioridade, conforme determina a legislação . uma vez que beneficiam
todos os trabalhadores, indistintamente
Os EPCs devem ser mantidos nas condições que os especialistas em segurança
estabelecerem, devendo ser reparados sempre que apresentarem qualquer deficiência.
Vejamos alguns exemplos de aplicação de EPCs:
 sistema de exaustão que elimina gases, vapores ou poeiras contaminantes do local
de trabalho;
 enclausuramento de máquina ruidosa para livrar o ambiente do ruído excessivo;
 comando bimanual, que mantém as mãos ocupadas, fora dazona de perigo,
durante o ciclo de uma máquina;
 cabo de segurança para conter equipamentos suspensos sujeitos a esforços, caso
venham a se desprender.
Quando não for possível adoptar medidas de segurança de ordem geral, para garantir a
protecção contra os riscos de acidentes e doenças profissionais, devem-se utilizar os
equipamentos de protecção individual, conhecidos pela sigla EPI.
São considerados equipamentos de protecção individual todos os dispositivos de uso
pessoal destinados a proteger a integridade física e a saúde do trabalhador
2. EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

Um EPI, é qualquer equipamento destinado a ser usado ou detido pelo trabalhador para a
sua protecção contra um ou mais riscos susceptíveis de ameaçar a sua segurança ou saúde
no trabalho.
É pois necessário que o equipamento em questão se destine especificamente a proteger a
saúde e a segurança do trabalhador, excluindo qualquer outro objectivo de interesse geral
para a empresa, por exemplo o uso de uniformes.
Um EPI deve ser concebido e executado em conformidade com as disposições
regulamentares em vigor. A entidade patronal tem que fornecer gratuitamente aos
trabalhadores EPI em bom estado:
 Adequados relativamente aos riscos a prevenir
 Não sejam eles próprios geradores de novos riscos
 Tenham em conta parâmetros pessoais associados ao utilizador e à natureza do seu
trabalho.
A regra é um equipamento para cada pessoa exposta! Se forem fornecidos a um
trabalhador vários EPI, estes devem ser compatíveis entre si.
Se um EPI servir para vários trabalhadores, será necessário velar pelo estrito respeito das
regras de higiene.
A entidade patronal deve velar para que as informações necessárias à utilização dos EPI
se encontrem disponíveis na empresa sob uma forma que possa ser compreendida pelos
trabalhadores que os utilizam.
A entidade patronal deve organizar sessões de formação e de treino dos trabalhadores em
causa, a fim de garantir uma correcta utilização.
Os EPI devem ser usados pelo trabalhador exclusivamente nas circunstâncias para as
quais são recomendados e depois de a entidade patronal ter informado o trabalhador da
natureza dos riscos contra os quais o referido EPI o protege.
Os equipamentos individuais de protecção exigem do trabalhador um sobreesforço no
desempenho das suas funções, quer pelo peso, quer pela dificuldade respiratória, quer
ainda pelo desconforto geral que podem provocar. Devem, portanto ser usados apenas na
impossibilidade de adopção de medidas de ordem geral.
2.1 COMO AVALIAR E APRECIAR A NECESSIDADE DO USO DE UM EPI?
Convém proceder ao estudo das partes do corpo susceptíveis de serem expostos a riscos:
 Riscos físicos
 Riscos Químicos
 Riscos Biológicos
Por exemplo, um trabalhador cuja tarefa seja efectuada num ambiente em que o nível
sonoro é muito elevado e não redutível, designadamente por medidas colectivas
(isolamento das máquinas), encontra-se exposto ao ruído -o órgão-alvo é o ouvido.
Em termos de EPI a solução será um protector auricular. Mas em primeiro lugar devem
ser tomadas outras medidas, como a redução do tempo de exposição ou a aquisição de
equipamento menos ruidoso.

2.2 ENSAIO DE DISPOSITIVOS DE PROTECÇÃO INDIVIDUAL NA EMPRESA

A selecção dos dispositivos (ou equipamentos) de protecção individual (EPI) deverá ter
em conta:
 Os riscos a que está exposto o trabalhador
 As condições em que trabalha
 A parte do corpo a proteger
 As características do próprio trabalhador
Para testar um novo EPI, devem tanto quanto possível, escolher-se trabalhadores com um
critério objectivo de apreciação.
É indispensável a sua elucidação quanto aos riscos a controlar, bem como o ensaio de
mais de um tipo de protecção.
O registo de elementos como:
 Durabilidade
 Efeito de protecção
 Comodidade
 Possibilidade de limpeza
A decisão final sobre a utilização do EPI deve ser tomada com base numa análise cuidada
do posto de trabalho, análise essa em que devem participar chefias e trabalhadores.
A co-decisão conduz a uma maior motivação para o seu uso.
Deve igualmente fornecer-se formação adequada aos trabalhadores sobre:
- Porquê utilizar determinado EPI e qual o tipo de protecção que ele garante
- Qual o tipo de protecção que o EPI NÃO garante.
- Como utilizar o EPI e ficar seguro de que o EPI garante a protecção esperada.
- Quando se devem substituir as peças de um dado EPI.

2.3 PRINCIPAIS TIPOS DE PROTECÇÃO INDIVIDUAL

2.3.1 Protecção da Cabeça


A cabeça deve ser adequadamente protegida perante o risco de queda de objectos pesados,
pancadas violentas ou projecção de partículas.
A protecção da cabeça obtém-se mediante uso de capacete de protecção, o qual deve
apresentar elevada resistência ao impacto e à penetração.

Capacete de protecção em plástico


Capacete de bombeiro

Barrete de protecção em tecido Rede para cabelo

2.3.2 Protecção dos Olhos e do Rosto


Os olhos constituem uma das partes mais sensíveis do corpo onde os acidentes podem
atingir maior gravidade.
As lesões nos olhos, ocasionadas por acidentes de trabalho, podem ser devidas a
diferentes causas:
 Acções mecânicas através de:
- Poeiras
- Partículas
- Aparas
 Acções ópticas, através de:
- Luz visível (natural ou artificial)
- Invisível (radiação ultravioleta ou infravermelha)
- Raios Laser
Os vidros dos óculos e viseiras de protecção são fundamentalmente de dois tipos:
 Vidros de segurança, transparentes contra acções mecânicas ou químicas.
Exemplo de aplicação: trabalhos de rebardagem e esmerilagem
 Vidros coloridos, de efeito filtrante, contra acções ópticas
Exemplo de aplicação: trabalhos de soldadura

2.3.3 Protecção das Vias Respiratórias

A atmosfera dos locais de trabalho encontra-se, muitas vezes, contaminada em virtude da


existência de agentes químicos agressivos, tais como gases, vapores, neblinas, fibras,
poeiras.
A protecção das vias respiratórias é feita através dos chamados dispositivos de protecção
respiratória - aparelhos filtrantes (máscaras).

2.3.4 Protecção dos Ouvidos


Há fundamentalmente, dois tipos de protectores de ouvidos: os auriculares (ou tampões)
e os auscultadores (ou protectores de tipo abafador).
Os auriculares são introduzidos no canal auditivo externo e visam diminuir a intensidade
das variações de pressão que alcançam o tímpano.
Frequentemente os trabalhadores não utilizam estes equipamentos, quer por atitudes de
subvalorização dos riscos, quer pela sensação de incómodo que acompanha a fase de
adaptação aos aparelhos. A gravidade comprovada dos efeitos da exposição ao ruído no
organismo, obriga a uma postura responsável, que passa pelo reconhecimento da
necessidade de utilização dos protectores auriculares e seu devido uso. Quanto ao
desconforto inicial, geralmente desaparece após um período de adaptação; os aparelhos
mais modernos são concebidos de forma a minimizar esse efeito.

Auriculares
Vantagens Desvantagens
 leves e pequenos  podem ser deslocados da
 facilmente usados com outros colocação ideal pela conversação
equipamentos de protecção da ou mastigação
cabeça, vias respiratórias, olhos e  adaptação inicial mais difícil
rosto  necessitam de cuidados especiais
 mais frescos e confortáveis de uso e limpeza
 melhor atenuação de baixas  não podem ser usados quando o
frequências canal auditivo externo está
inflamado
 tamanho tem de ser
individualizado

Auscultadores
Vantagens Desvantagens
 facilidade de uso e adaptação  Quentes
fáceis  Adaptação rígida à cabeça
 tendência para um melhor  Dificuldade de uso com outros
ajustamento em equipamentos de protecção,
 períodos de tempo longos. nomeadamente capacetes e óculos,
 Melhor atenuação das altas ou viseiras.
frequências  Desconfortáveis quando usados
durante períodos de tempo longos

2.3.5 Protecção do Tronco


O tronco é protegido através do vestuário, que pode se confeccionado em diferentes
tecidos.
O vestuário de trabalho deve ser cingido ao corpo para evitar a sua prisão pelos órgãos
em movimento. A gravata ou cachecol constituem, geralmente, um risco.
Deve proteger-se o tronco das acções térmicas devidas a temperaturas extremas, e das
acções químicas, provocadas por produtos corrosivos.
2.3.6 Protecção dos Pés e dos Membros Inferiores
A protecção dos pés deve ser considerada quando há possibilidade de lesões a partir de
efeitos mecânicos, térmicos, químicos ou eléctricos. Quando há possibilidade de queda
de materiais, deverão ser usados sapatos ou botas revestidos interiormente com biqueiras
de aço, eventualmente com reforço no artelho e no peito do pé. Em certos casos verifica-
se o risco de perfuração da planta dos pés (p.e. trabalhos de construção civil) devendo,
então, ser incorporada uma palmilha de aço no respectivo calçado.

2.3.7 Protecção de Mãos e Membros Superiores


Os ferimentos nas mãos constituem o tipo de lesão mais frequente que ocorre na indústria.
Daí a necessidade da sua protecção. O braço e o antebraço estão, geralmente menos
expostos do que as mãos, não sendo contudo de subestimar a sua protecção.
Como dispositivos de protecção individual usam-se luvas, dedeiras, mangas ou
braçadeiras.
As luvas são os dispositivos mais frequentes, e podem dispor de 2,3 ou 5 dedos. O tipo
de material utilizado depende do tipo de agente agressor.

Couro
Tem uma boa resistência mecânica e razoável resistência térmica. Pode ser utilizado em
trabalhos com exposição a calor radiante, desde que impregnados com uma película
reflectora, que permite a respiração cutânea em virtude da sua porosidade.
Tecido
São utilizadas em trabalhos secos, que não exijam grande resistência térmica ou
mecânica. Dada a sua porosidade e flexibilidade, são geralmente agradáveis para o
utilizador, permitindo a realização de trabalhos finos. Com determinados acabamentos é
possível obter uma razoável resistência térmica e mecânica.
Borracha natural
É utilizável em trabalhos húmidos e em presença de ácidos ou bases. É contra-indicada
para óleos, gorduras ou solventes. Não é porosa e, no caso de utilização demorada, pode
provocar irritação da pele. As luvas de protecção contra a corrente eléctrica são em
borracha natural, tendo gravados o nome da entidade testadora e a voltagem de ensaio.
Plástico
São de vários tipo (PVC, neopropeno, polietileno, etc) e utilizadas em geral para
substâncias como óleos, solventes, gorduras, etc
Resistem aos líquidos, gases e, em certos casos a substâncias radioactivas. Não podem
ser utilizadas em trabalho ao calor. Determinado tipo de luvas destes materiais são
também bastante flexíveis e resistentes ao corte.
Malha metálica
São utilizadas contra o risco de corte ou ferimentos graves nas mãos em trabalhos com
lâminas afiadas.

2.3.8 Protecção Contra Quedas


A protecção contra quedas em altura deve ser feita com um arnês ligado a um sistema
para-quedas.
Existe igualmente um equipamento contra quedas baseado num cabo (linha de vida) e
num mecanismo capaz de parar o movimento do utilizador no sentido da queda através
do accionamento automático do sistema de bloqueio- o deslizante.

O êxito das actividades a desenvolver no âmbito da prestação de serviços, como de resto


o sucesso de qualquer organização, depende antes do mais das competências que os
profissionais adquirem, e do seu constante ajustamento às necessidades do cliente.
A Qualidade de serviço mede-se não só pela qualidade do produto que é posto à
disposição do cliente, mas também pela forma como são prestados os serviços.

A Qualidade depende, em grande medida, do seu desempenho.

Importa ter sempre presente:

“MESMO TUDO QUE É BEM FEITO É SUSCEPTÍVEL DE SER MELHORADO

PLANO DE EMERGÊNCIA

Introdução
O Plano de emergência de um edifício tem por objectivo, a preparação e organização dos
meios existente, para garantir a salvaguarda dos seus ocupantes, em caso de ocorrência
de uma situação perigosa.
Compete à entidade exploradora tomar as providências que se julgam convenientes para
alcançar este objectivo.
Assim, apesar de ter a possibilidade de recorrer a especialistas, a entidade exploradora
fica pessoalmente responsável da concepção, elaboração e aplicação do Plano de
emergência.

O Plano de Emergência deve incluir os seguintes elementos:


A - CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO E LEVANTAMENTO DE RISCOS
B - INSTRUÇÕES DE SEGURANÇA
C - PLANO DE EVACUAÇÃO
D - PLANTAS DE EMERGÊNCIA
E - PLANO DE INTERVENÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA

A - CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO E LEVANTAMENTO DE RISCOS


A caracterização do espaço implica um conhecimento rigoroso do espaço físico e humano
do Edifício e diz respeito, quer aos aspectos físicos (descrição genérica das instalações),
quer aos aspectos humanos (índices de ocupação ao longo do dia).

Aspectos físicos
Pretende-se identificar claramente as vias de acesso dos socorros exteriores e interiores.
Descrição das instalações por piso.
Identificação das fontes de emergência.
Localização de equipamento de combate a incêndios (Extintores, B.I. armadas, colunas
secas, marcos de água).

Aspectos humanos
Recenseamento de utentes;
Períodos de funcionamento.

Levantamento de Riscos
Há a referir a existência de Riscos Internos e Externos.

Riscos Internos decorrem das próprias instalações, dos materiais existentes no Edifício
da sua actividade, pelo que deverá proceder-se:
Ao seu levantamento, tão exaustivo quanto possível, de todos os locais que apresentem
riscos potenciais.;
Previsão de efeitos, directamente relacionada com a necessidade de evacuação.

Riscos Externos tem a ver com a localização de edifício e podem classificar-se em:
Riscos de origem natural (áreas de vulnerabilidade sísmica, inundação...)
Riscos tecnológicos, relacionados com a proximidade das instalações perigosas
(bombas de gasolina, armazéns, ou indústria de produtos químicos...)

B - INSTRUÇÕES DE SEGURANÇA
As Instruções de Segurança têm basicamente por objectivos:
· Prevenir as situações susceptíveis de pôr em risco a segurança dos ocupantes e
instalações do Edifício.
· Definir um plano previsional que permite minimizar as consequências directas e
indirectas de um eventual sinistro.
· Designar as pessoas com missões específicas na aplicação do Plano de
Emergência, nomeadamente em caso de Incêndio, Fuga de Gás, Tremor de Terra e Alerta
à Bomba.

Assim, estas Instruções devem definir as disposições que permitem resolver os problemas
de PREVENÇÃO, ALARME, ALERTA, EVACUAÇÃO, PRIMEIRA
INTERVENÇÃO E PROTECÇÃO.

De modo geral as Instruções de Segurança incluem as:

INSTRUÇÕES GERAIS DE SEGURANÇA destinadas à totalidade dos ocupantes do


Edifício.
INSTRUÇÕES PARTICULARES DE SEGURANÇA respeitantes à segurança dos
locais que apresentam riscos particulares.

INSTRUÇÕES ESPECIAIS DE SEGURANÇA abrangendo apenas o pessoal


encarregado de promover, acertar, coordenar a evacuação do edifício e executar, até à
chegada dos socorros exteriores, as operações destinadas a circunscrever o sinistro.
As Instruções de Segurança devem ser elaboradas com base nos riscos de incêndio e de
pânico, uma vez que as ocorrências resultantes de fuga de gás e alerta à bomba têm
consequências semelhantes.

As Instruções de Segurança respeitantes aos outros riscos devem incidir sobre medidas
de segurança específicas da situação em causa, dado que as providências a tomar em
qualquer circunstância são basicamente as mesmas, designadamente:

SOCORRER as pessoas que se encontram em perigo imediato,


DAR o Alarme, CHAMAR os socorros exteriores, em especial os bombeiros, TENTAR
solucionar a situação de emergência, desde que se tenha capacidade, conhecimentos
técnicos de intervenção e equipamentos adequados à intervenção a fazer, EVACUAR o
local caso não consiga solucionar a situação de emergência, FECHAR as portas ao sair,
PÔR-SE à disposição dos socorros exteriores para os ajudar a superar a situação de
emergência.

Instruções Gerais de Segurança Contra os Riscos de Incêndio:


As Instruções Gerais de Segurança Contra os Riscos de Incêndio, devem conter o número
de telefone dos bombeiros mais próximos (Alerta) e devem ser afixadas em pontos
estratégicos dos Edifício, em particular junto das entradas, de forma a assegurar a sua
ampla divulgação.
Estas Instruções devem ainda ser afixadas conjuntamente com as Plantas de Emergência.

Instruções Particulares de Segurança Contra os Riscos de Incêndio:


As Instruções destinam-se aos locais que apresentam riscos particulares, como por
exemplo:
· Posto de transformação;
· Caldeiras;
· Cozinhas;
· Locais de limpeza a seco;
· Oficinas de manutenção e reparação;
· Locais de armazenamento de matérias perigosas.

Para além das proibições de Fumar ou Foguear, estas Instruções devem definir de forma
pormenorizada os procedimento a adoptar em caso de emergência.
As Instruções Particulares de Segurança para além de constarem do Plano de Emergência
devem ser afixadas junto da porta de acesso aos respectivos locais.

Instruções Especiais de Segurança contra o Riscos de Incêndio:


Estas instruções, que abrangem apenas o pessoal designado para executar as tarefas do
Plano de Emergência incidem especialmente sobre os seguintes pontos:
· Equipas de intervenção (composição, meios, treino, etc);
· Serviço de vigilância (Composição, rondas, etc);
· Serviço telefónico (Alerta dos socorros exteriores, etc);
· Operações de evacuação;
· Operações de combate ao incêndio;
· Arranque do grupo electrogéneo, das bombas de água de incêndio e outros
equipamentos similares;
· Preparação das vias de acesso dos socorros exteriores e encaminhamento dos
bombeiros para a zona sinistrada;
· Ligação ou corte dos equipamentos que funcionam a energia eléctrica ou a gás.

C - PLANO DE EVACUAÇÃO
O Plano de evacuação de um Edifício tem por objectivo estabelecer procedimentos e
preparar a evacuação rápida e segura dos utentes em caso de ocorrência de uma situação
perigosa.
Para efeito de aplicação das disposições deste capítulo, torna-se necessário definir os
seguintes termos:

· Vias de evacuação: Vias de comunicação de um edifício especialmente concebidas


para encaminhar de maneira rápida e segura os ocupantes para o exterior ou para
uma zona isenta de perigo.
· Itinerário Normal: Percurso a utilizar prioritariamente.
· Itinerário Alternativo: Percurso a utilizar quando o Itinerário normal se encontra
impraticável.
· Ponto de Encontro: Local seguro situado no exterior, para onde devem convergir e
permanecer as pessoas evacuadas.

A elaboração do Plano de Emergência deve basear-se sobre a recolha e análise das


seguintes informações:

· Inventário dos riscos potenciais (incêndio, fuga de gás, alerta de bomba, tremor de
terra, etc).
· Recenseamento das pessoas a ser evacuadas, suas características e localização.
· Percurso e dimensionamento das vias de evacuação horizontais e verticais.
· Programação, em função das diversas eventualidades, da evacuação das diversas
zonas do edifício.
· Escolha dos itinerários que melhor se adaptam a cada caso.
· Determinação do número de pessoas necessário para enquadrar a evacuação dos
ocupantes.
· Compatibilidade das soluções encontradas com os meios existentes.

O êxito de um plano de Emergência implica o respeito das seguintes regras:

· Repartir os ocupantes em grupos de menos de 50 pessoas;


· Nomear para cada grupo, 1 chefe de fila e 1 cerra fila;
· Determinar para cada grupo um itinerário normal e um alternativo;
· Definir um Ponto de Encontro para onde devem convergir e permanecer as pessoas
evacuadas;
· Sinalizar as Vias de evacuação tendo em conta os itinerários normais e alternativos;
· Afixar em pontos estratégicos do Edifício Plantas de Emergência que permitem
visualizar os itinerários e a localização dos meios de alarme e de 1ª intervenção;
· Definir as condições que implicam a evacuação total ou parcial do Edifício;
· Escolher um Sinal Sonoro de Evacuação audível de qualquer ponto das instalações
e que possua uma tonalidade inconfundível com qualquer outro sinal sonoro;
· Designar as pessoas responsáveis pela activação do sinal sonoro de evacuação;
· Formar e Treinar o pessoal por monitores devidamente credenciados;
· Proceder periodicamente a exercícios de evacuação sob controle dos referidos
monitores;
· Melhorar o Plano de Evacuação em função dos resultados obtidos durante os
exercícios de evacuação;
· Respeitar e fazer respeitar as exigências das Normas de Segurança contra os Riscos
de Incêndio da Regulamentação vigente;

D - PLANTAS DE EMERGÊNCIA
As plantas de emergência devem conter, em relação a cada piso:

· As vias de evacuação e a localização das respectivas saídas;


· A implantação dos extintores, bocas de incêndio e outros equipamentos de protecção e
salvamento;
· A localização dos quadros eléctricos, válvulas de corte de gás, válvulas de manobra da
rede de incêndios e outras informações complementares julgadas convenientes.

A sua afixação é obrigatória junto à entrada principal (ou à recepção ) do Edifício e


noutros pontos estratégicos.
A simbologia a adoptar nas Plantas de Emergência deverá satisfazer o estabelecido na
nota Técnica do SNB nº. 3.
E - PLANO DE INTERVENÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA
O Plano de Intervenção deve definir os procedimentos a adoptar, até à chegada dos
bombeiros, para combater o incêndio e minimizar as suas consequências.
Estes procedimentos devem incidir, nomeadamente sobre as seguintes fases do sinistro:

RECONHECIMENTO
Esta fase tem por finalidade a recolha de informações sobre o sinistro, nomeadamente
certificar-se se existem salvados a fazer, localização exacta e extensão do incêndio, as
matérias em combustão, etc...

SALVADOS
Sempre que houver pessoas em perigo de vida é prioritário realizar as manobras para as
salvar.

1ª INTERVENÇÃO
Nesta fase monta-se todo o material destinado ao combate de forma a iniciar a fase de
combate ao incêndio.

Para além dos procedimentos acima referidos o Plano de Intervenção deve conter as
seguintes informações:

· Inventário e localização de todos os materiais perigosos existentes no Edifício;


· Listas das pessoas designadas para assegurarem a execução do Plano de Intervenção
com indicação da função e número de telefone do seu posto de trabalho;
· Modo de utilização de todos os equipamento e sistemas de detecção, extracção e
salvamento;
· Local de encontro com os socorros exteriores.

Organização da Segurança
O numero de intervenientes e as tarefas de cada deve ser determinado na base de
exigências das Instruções de Segurança.
O nome, função e tarefa dos diversos intervenientes deve constar de uma lista assinada
pela entidade exploradora, a afixar junto do quadro do pessoal.
Caso existam Brigadas de Incêndio, o numero mínimo de elementos em cada Brigada não
deve ser inferior a 6.

Como actuar em caso de incêndio

Se o incêndio for descoberto no seu início é provável que a actuação correcta de uma
pessoa consiga extinguir ou controlar o incêndio até à chegada dos bombeiros, motivo
mais que suficiente para que as pessoas tenham noções elementares sobre o fogo e
algumas formas de actuação em caso de sinistro.

Adquirir um ou mais extintores (provavelmente de Pó ABC de 6 kg) é talvez o primeiro


passo a dar . O seguinte será ler atempadamente as instruções de funcionamento do
extintor. Na maioria dos casos será necessário:
1º - Descavilhar o extintor;
2º - Apontar a agulheta do extintor para a bases das chamas;
3º - Premir a alavanca;
4º - Varra devagar toda a superfície incendiada.

Contudo não se esqueça que previamente deve:

1º - Verificar que o fogo não o envolve pelas costas;


2º - Aproximar-se lentamente do foco de incêndio;
3º - No caso de actuar ao ar livre a aproximação deve ser feita nosentido do vento.

Chame sempre os bombeiros mesmo que consiga debelar o incêndio. Os bombeiros


verificarão se já não perigo de reacendimento.

Caso o seu vestuário se incendeie não corra. Tape a cara com as mãos role sobre si
mesmo ou enrole-se numa toalha ou carpete. Se o cabelo for atingido coloque a cabeça
debaixo de uma torneira ou do chuveiro.
Em qualquer situação de sinistro não perca a calma, pois o pânico só vai agravar situação.

Prevenção de incêndios

Se fumar:
Use sempre cinzeiros grandes e pesados (assim não se viram com facilidade);
Despeje os cinzeiros antes de estarem cheios (para que as cinzas e os cigarros não caiam
para o chão), verificando sempre que os cigarros estão bem apagados;

Nunca fume na cama.

Cuidados a ter com a instalação eléctrica:

Verifique se a instalação eléctrica está executada de acordo com as normas vigentes;


Evite sempre sobrecargas nos circuitos;
Não ligue muitos aparelhos na mesma ficha;
Quando tiver necessidade de ligar um aparelho a uma extensões certifique-se que a
potência do aparelho não excede a da extensão;
Nunca passe fios eléctricos por debaixo de portas, alcatifas, carpetes ou tapetes;
Verifique se os vários componentes eléctricos estão em bom estado – não existem fios
descarnados, tomadas ou interruptores partidos, etc.
Cuidados a ter na cozinha ou com o gás:

Ao utilizar fogões a gás , acenda primeiro o fósforo e só depois é que deve ligar o gás;
Caso tenha fogão a lenha certifique-se que o pavimento na zona frontal é em matéria não
combustível;
Se tiver aquecimento central a gás ou combustível líquido, mande-o inspeccionar
periodicamente para evitar fugas;
Use pegas pequenas evitando assim que estas se incendeiem acidentalmente. Pelo mesmo
motivo evite roupas com mangas largas;
Se tiver que abandonar a cozinha, mesmo que seja por pouco tempo, desligue sempre o
fogão;
Caso o óleo ou azeite da frigideira entre em combustão não entre em pânico. Não use
água. O melhor neste caso é pôr-lhe uma tampa;
Feche todas as fontes de abastecimento de gás (rede ou botija) caso detecte um princípio
de incêndio;
Substitua periodicamente o tubo de borracha que abastece o fogão ou esquentador.

Se suspeitar de uma fuga de gás proceda do seguinte modo:

1º - Feche o gás do fogão e esquentador;


2º - Não mecha nos interruptores;
3º - Ventile o local, abrindo as portas e janelas de casa;
4 º - Se necessário chame os bombeiros.

Lembre-se que:
Para detectar uma fuga de gás não deve utilizar lume, utilize água com sabão;
Não armazene botijas de gás nas caves;
Ao acender o fogão a gás acenda primeiro o fósforo ou isqueiro e só depois abra o gás.

Cuidados a ter com crianças:


Vire sempre para dentro as asas e cabos dos tachos para que as crianças tenham mais
dificuldade em alcançá-los;
Explique os perigos do uso indevido de fósforos, isqueiros e de outras fontes de
calor, tal como, aquecedores, ferros eléctricos, etc. Caso sejam crianças de pouca
idade será até conveniente mantê-los afastados das crianças;
Nunca deixe as crianças sozinhas;
As crianças têm fascínio pelo fogo. Não permita que elas brinquem com objectos
capazes de provocar o fogo.

Cuidados a ter com produtos inflamáveis:


Armazene estes produtos, se possível, fora de casa e longe de qualquer fonte de calor e
de crianças;
Os recipientes devem ter sinalização de produto inflamável à vista;
Leia sempre as instruções que figuram nos rótulos.

Cuidados a ter com chaminés, extractores e exautores:

As chaminés devem ser em material incombustível, principalmente se se tratar de


chaminés com saída directa ou tiver extractor;
As chaminés e / ou os aparelhos de extracção devem estar sempre limpos de gorduras e
em perfeitas condições de funcionamento.

Cuidados a ter com esquentadores:

Os esquentadores devem possuir ligação dos gases resultantes da combustão directa com
o exterior;
Devem estar localizados na cozinha ou em alternativa estar em compartimentos com
ventilação permanente;
Substitua periodicamente o tubo de borracha que abastece o esquentador,
Instale preferencialmente a botija do gás no exterior.

Ultimas informações
Em caso de incêndio urbano :
Feche sempre as portas;
Antes de abrir uma porta verifique se está quente;
Caso o compartimento onde esteja fique enfumado gatinhe pois assim terá melhor
visibilidade e longe dos fumos tóxicos (estes têm tendência para estar nos locais mais
elevados);
Se não poder sair pelos seus meios assinale a sua presença para que os bombeiros
possam socorrê-lo;
Combine com os seus familiares e colegas de trabalho o ponto de encontro em caso
de sinistro.
Prevenção de incêndio na floresta:

Se for a conduzir ou como ocupante não atire fósforos nem pontas de cigarro pelas
janelas;
Se entrar numa floresta não fume;
Não faça fogueiras na floresta nem na sua proximidade;
Faça fogueiras só em locais apropriados;
Ao terminar o seu piquenique não abandone o lixos, recolha-o e deposite-o nos
locais e contentores próprios;
Já agora, sabia que se quiser fazer uma queimada, em qualquer mês, tem que pedir
autorização prévia ao Governador Civil do seu Distrito.
BIBLIOGRAFIA

 Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, Situação da Segurança e Saúde no


Trabalho na União Europeia, Um Estudo Piloto, Luxemburgo, 2000
 Macedo, R., Manual de Higiene do Trabalho na Indústria, Fundação Calouste Gulbenkian,
Lisboa, 1988
 Freitas, L., Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho, Edições Universitárias Lusófona, 2003,
Lisboa
 Miguel, A., Higiene e Segurança do Trabalho, 6ª edição, 2002, Porto Editora
 Roxo, M., Avaliação e Controlo de Riscos, 2003, Almedina

Ficha Técnica:

Manual de formação “0349 - Ambiente, Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho - conceitos básicos ”
Dezembro 2017

Copyright© Konkrets, Lda.


Konkrets, Lda Rua Inês de Castro nº 9-B 3200-150 Lousã
Visite-nos em www.konkrets.pt

Coordenador/a Cientifico/a:
[José Carlos Oliveira]
0349 - Ambiente, Segurança,
Higiene e Saúde no Trabalho
- conceitos básicos Página 1

É expressamente proibida a reprodução, no todo ou em parte do presente manual sem autorização


expressa por escrito pela Konkrets, Lda.

Enquadramento

Benefícios e condições de utilização

O manual da unidade de formação “[Ambiente, Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho - conceitos


básicos está organizado por secções:

 Secção I: Enquadramento da unidade de formação.


 Secção II: Está organizada por capítulos e contém todos os documentos e materiais de apoio sobre os
conteúdos temáticos abordados ao longo da unidade. No final de cada capítulo estão reunidas um
conjunto de informações dirigidas aqueles que pretendam complementar o estudo, aprofundando
conhecimentos.
 Secção III: É constituída pela bibliografia e documentos electrónicos

Esta forma de apresentação permite uma consulta rápida e direccionada. Para que possa consolidar os
conhecimentos adquiridos com a leitura deste manual propomos que realize os exercícios práticos fornecidos
pelo formador durante a sessão de formação.

Destinatários

São destinatários deste manual os/as formandos/as que frequentem a unidade [Ambiente, Segurança,
Higiene e Saúde no Trabalho - conceitos básicos] bem como outras pessoas que pretendam adquirir
competências ou actualizar/reciclar conhecimentos na área de formação.
0349 - Ambiente, Segurança,
Higiene e Saúde no Trabalho
- conceitos básicos Página 2

Objectivos Especificos

A unidade de formação [Ambiente, Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho - conceitos básicos] tem por
objectivo dotar o/a formando/a com as competências necessárias para:
 [objectivo da unidade 1 retirado do referencial de formação].

Objectivos Gerais

A unidade de formação [Ambiente, Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho - conceitos básicos] tem por
objectivo dotar o/a formando/a com as competências necessárias para:

Conteúdos Programáticos

Aqui devem ser listados os itens referentes aos conteúdos programáticos da unidade
0349 - Ambiente, Segurança,
Higiene e Saúde no Trabalho
- conceitos básicos Página 3

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