Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Brazilian Assoc. for Comp. Mechanics (ABMEC) & Latin American Assoc. of Comp. Methods in Engineering (AMC),
Guarapari, Espírito Santo, Brazil, 19th – 21st October 2005
Resum o.
Este trabalho tem como objetivo analisar a segurança das estruturas através
dos esforços que atuam em estruturas metálicas treliçadas de perfil tubular
quando dimensionadas pelo Método das Tensões Admissíveis e pelo Método
dos Estados Limites. Para esta finalidade utilizou-se a AISC (Tensões
Admissíveis – ASD e Estados Limites - LRFD) , Eurocode 3 (Estados Limites)
e NBR 8800 (Estados Limites), sendo o modelo analisado uma estrutura real,
do edifício RK300 da Vallourec & Mannesmann Tubes do Brasil, composto
por tesouras treliçadas de perfil tubular de aço. Serão abordados os métodos
e critérios adotados para a determinação dos coeficientes de majoração das
Normas e Especificações. O Fator de Segurança varia de acordo com cada
Norma Técnica, e este foi um dos itens discutidos e que gerou resultados
diferentes de acordo com cada análise. Com esse estudo, foram verificadas as
diferenças entre a segurança e a economia das estruturas tubulares quando
dimensionadas pelo Método das Tensões Admissíveis e pelo Método dos
Estados Limites. Conclui-se que em casos onde o carregamento permanente e
a sobrecarga somada são maiores que o carregamento de vento de sucção o
dimensionamento pela ASD apresenta resultados mais conservadores e
seguros. Tem-se também, que esta estrutura, quando dimensionada pela ASD ,
seguindo as novas recomendações da ASCE 7-98, onde não se deve acrescer
1/3 na tensão admissível, resulta em porcentagens de utilização maior do que
a LRFD, com diferença de 6,95 % na compressão e 6,67% na tração.
Comparando com a NBR, tem-se uma diferença de 7,06% na compressão e
3,50% na tração, sendo as porcentagens maiores obtidas pela ASD. Vê-se que
a ASD resultou em porcentagens maiores de utilização em todos os casos.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo de tal estudo é verificar se estruturas dimensionadas pelo Método das Tensões
Admissíveis realmente oferecem a segurança quando comparada com o Método dos Estados
Limites.
O dimensionamento pelos métodos já descritos será feito utilizando o Software SAP2000,
que possibilita o dimensionamento de estruturas planas e espaciais.
O Método das Tensões Admissíveis seria o Método tradicional para projetos de estruturas
metálicas, onde todas as ações são consideradas com a mesma variabilidade, independente de
sua natureza. Utiliza critérios determinísticos, ou seja, os parâmetros que servem de base de
cálculo possuem valores fixos. As cargas máximas de serviço provocam tensões que são
comparadas com as tensões admissíveis .
No Método das Tensões Admissíveis, consideram os valores nominais, fixos, os
parâmetros de cálculo e o coeficiente de segurança como razão entre tensões e solicitações.
Utiliza também um coeficiente interno de segurança γi > 1,0 .
Para este Método , a equação da condição de segurança é dada por :
σ rup
σ adm =
γ int
A maior tensão de utilização que possa aparecer na estrutura não deve ultrapassar a
tensão admissível.
O coeficiente interno de segurança γint deve levar em conta a variabilidade da resistência
dos materiais, a variabilidade da intensidade das ações, responsabilidade da estrutura. A
determinação desses coeficientes é empírica.
O Método dos Estados Limites se baseia no conceito de Estado Limite, ou seja, a estrutura
atinge uma condição que deixa de satisfazer as funções a que se destina.
O enfoque atual para um método simplificado para os Estados Limites, considera a
segurança da estrutura sob ponto de vista probabilístico, baseados em momentos de primeira
e segunda ordem.
A expressão para segurança estrutural pode ser escrita como :
φ Rn ≤ γi Qi
Onde do lado esquerdo tem-se a resistência do elemento e do lado direito tem-se a carga
prevista a ser suportada Qi. O valor Rn é a resistência nominal, minorada por um fator φ,
obtendo-se a resistência de projeto. Os vários efeitos de cargas Qi são majorados por fatores
γi.
A segurança de uma estrutura está relacionada com os Estados Limites Últimos, ou seja,
com a ruína.
No Método dos Estados Limites tem-se coeficiente de segurança externo, que deve ser
multiplicado pelo carregamento atuante, obtendo um novo valor. Este coeficiente deve levar
em conta as origens das ações, a variabilidade da intensidade e a responsabilidade da
estrutura.
No Método dos Estados Limites cada ação é tratada de acordo com sua natureza, ao invés
de tratá-las como de mesma natureza, como no Método das Tensões Admissíveis. Com isso, o
Método dos Estados Limites torna-se mais racional, podendo gerar mais economia e maior
segurança.
CILAMCE 2005 – ABMEC & AMC, Guarapari, Espírito Santo, Brazil, 19th – 21st October 2005
2. DESENVOLVIMENTO
Descrição do Galpão
A estrutura do Galpão foi considerada como pórtico espacial, com as colunas engastadas
na base. As colunas são compostas por dois tubos ligados entre si através de chapa contínua.
Longitudinalmente essas colunas foram ligadas por cintas e contraventamentos verticais.
As vigas da cobertura foram projetadas com as diagonais e montantes engastados nos
banzos. O eixo frontal foi fechado com telhas até o nível do topo das colunas e para resistir a
ação do vento frontal, foi colocada uma treliça horizontal de vento. No lado oposto, o
montante central da viga da cobertura foi preparado para receber as vigas radiais da parte
curva. No lado externo a esse eixo foram colocadas colunas radiais que recebem essas vigas
em forma de treliça.
Abaixo, nas figuras 1 e 2 , tem-se algumas perspectivas do Galpão RK300 :
Figura 1: Perspectiva I
Figura 2: Perspectiva II
CILAMCE 2005 – ABMEC & AMC, Guarapari, Espírito Santo, Brazil, 19th – 21st October 2005
2.2 Combinações
2.4 Normas
AISC/ ASD
AISC/LRFD
Eurocode 3
NBR 8800/1986
Foi selecionado no programa SAP 2000 a Norma Eurocode 3. O programa SAP2000 não
possui a Norma brasileira. Sendo assim, dimensiona-se pelo Eurocode, que é a Norma que
mais se assemelha a Norma brasileira, com ajustes de coeficientes.
Considerações: A NBR 8800/1986 considera os seguintes coeficientes de ponderação:
Sobrecarga ψ0 = 0,7 ; Vento ψ0 = 0,6 ; γg = 1,4 e γq = 1,4.
Montou-se então as seguintes combinações:
1,4 CP + 1,4 SC
0,9 CP + 1,4 V
CILAMCE 2005 – ABMEC & AMC, Guarapari, Espírito Santo, Brazil, 19th – 21st October 2005
3. RESULTADOS
ASD e LRFD
ASD e NBR
Tabela 5. Barra do banzo superior utilizando o acréscimo de 1/3
BANZO ASD 1989 com 1/3 de NBR 1986
SUPERIOR – Axial acrescimo na tensão adm.
BARRA 849 Coef. De utilização Coef. De utilização Variação
Tipo da Num. Da Esforco Axial Esforco Axial
Combin. Combin. Tração Compressão Tração Compressão Diferença
1 CP+SC - 63,5426 - 56,4737 7,0689
Diferença Máxima de Compressão 7,0689
2 CP+V3 2,7329 - 9,6242 - -6,8913
Diferença Máx. de Tração -6,8913
4. CONCLUSÃO
Vale ressaltar aqui, que os resultados obtidos referem-se a esta estrutura, com essas
características de carregamento. Aqui, a sobrecarga é alta, com valor de 50 kgf/m2 . Esta,
quando somada ao carregamento permanente, resulta em valores maiores do que o
carregamento de vento. Isso pode ser observado pelo fato da combinação tipo 1, carregamento
permanente mais sobrecarga, obter as maiores porcentagens de utilização.
Se for considerado agora a equação proposta por C.G. Salmon, Steel Structures – Design
and Behavior, 1971:
A primeira observação sobre os resultados a ser feita é que o acréscimo de 1/3 na tensão
admissível em combinações em que há vento, conforme a ASD 1989, resulta em valores bem
abaixo do que quando não se considera este acréscimo, chegando a 11%. Isso confirma que a
utilização deste acréscimo não é conservador e pode levar a erros no dimensionamento.
Quando a hipótese acima é considerada, na combinação de carregamento permanente e
sobrecarga, o dimensionamento pelos dois métodos resulta em porcentagens de utilização
muito próximas, com uma diferença de 0,36% na tração e 2,19% na compressão, sem
considerar o coeficiente de direcionalidade do vento, que só entra na equação nas
CILAMCE 2005 – ABMEC & AMC, Guarapari, Espírito Santo, Brazil, 19th – 21st October 2005
combinações com vento. Para as combinações de inversão, ou seja, vento de sucção com
carga permanente, a norma LRFD resulta em porcentagens maiores de utilização, chegando a
6,59% na compressão e 3,63% na tração, sem considerar o coeficiente de direcionalidade do
vento, e 4,21% na compressão e 1,82% na tração quando se utiliza o coeficiente Kd. Nota-se
que este coeficiente aproximou os resultados obtidos.
Considerando as recomendações atuais para utilização do Método das Tensões
Admissíveis, que não considera o acréscimo de 1/3 na tensão admissível, temos uma mudança
nos resultados obtidos, pois antes tinha-se a LRFD resultando em porcentagens de utilização
maiores do que a ASD. Com essas novas recomendações, as porcentagens de utilização pela
ASD resultaram em valores maiores do que a LRFD.
Para as combinações de carregamento permanente e sobrecarga, o dimensionamento
pelos dois métodos resulta em porcentagens de utilização muito próximas, com uma diferença
de 0,36% na tração e 2,19% na compressão. Para os casos de carregamento permanente e
vento de sucção, o ASD resultou em porcentagens de utilização maiores do que a LRFD, com
uma diferença de 4,86% na tração e 4,58% na compressão, isso sem considerar o coeficiente
de direcionalidade do vento. Ao se considerar o coeficiente Kd, tem-se uma diferença de
6,67% na tração e 6,95% na compressão. Nota-se que para a combinação que inclui vento, a
diferença entre as normas torna-se maior.
Comparando agora a norma ASD com a NBR, temos na hipótese de acréscimo da tensão
admissível, na combinação de carregamento permanente e sobrecarga, uma diferença de
porcentagem de utilização de 3,50% a mais na ASD na tração. Para compressão tem-se 7,06%
a mais de utilização pela ASD. Na combinação de carregamento permanente e vento de
sucção, a NBR resultou em porcentagens de utilização maiores, chegando a 6,89% na tração e
8,81% na compressão.
Considerando as recomendações atuais para utilização do Método das Tensões
Admissíveis, que não considera o acréscimo de 1/3 na tensão admissível, temos resultados
semelhantes aos obtidos quando se comparou ASD e LRFD. Novamente a norma ASD
resultou em porcentagens maiores de utilização.
Na combinação de carregamento permanente e sobrecarga, temos a mesma diferença de
porcentagem de utilização para o caso com acréscimo de um terço. Na combinação de
carregamento permanente e vento de sucção, a ASD resultou em porcentagens de utilização
maiores, chegando a 1,6% na tração e 2,35% na compressão.
Conclui-se então, que esta estrutura, quando dimensionada pela ASD , seguindo as novas
recomendações da ASCE 7-98, onde não se deve acrescer 1/3 na tensão admissível, resulta em
porcentagens de utilização maior do que a LRFD, com diferença de 6,95 % na compressão e
6,67% na tração. Comparando com a NBR, tem-se uma diferença de 7,06% na compressão e
3,50% na tração, sendo as porcentagens maiores obtidas pela ASD. Vê-se que a ASD resultou
em porcentagens maiores de utilização em todos os casos.
Verifica-se então que deve-se evitar utilizar o acréscimo de 1/3 na tensão admissível
quando o dimensionamento for feito pela ASD com a presença de ação do vento, visto que
resulta em valores não conservadores. Estar atualizado com relação as normas técnicas,
principalmente quando se utiliza normas internacionais, é de grande valia aos projetistas.
Recomenda-se então, que o projetista, ao optar pelo dimensionamento pelo Método das
Tensões Admissíveis, verifique as diferenças do comportamento da estrutura quando
comparado com o Método dos Estados Limites, para certificar-se se está atende aos requisitos
de segurança ou não está anti-econômico.
CILAMCE 2005 – ABMEC & AMC, Guarapari, Espírito Santo, Brazil, 19th – 21st October 2005
5. AGRADECIMENTOS
6. BIBLIOGRAFIA
American Institute of Steel Construction , “ Load and Resistance Factor Design”, 1999.
American Society of Civil Engineers , “ASCE 7/02 - Minimum Design Loads for Buildings
and Other Structures”, 2002.
American Society of Civil Engineers , “ASCE 7/98 - Minimum Design Loads for Buildings
and Other Structures”, 1998.
Bellei, Ildony ; Pinho, Fernando ; Pinho, Mauro “Edificios Industriais EM AÇO ” PINI,
São Paulo, 2000.
C.G. Salmon, J.E. Johnson, “ Steel Structures – Desing and Behavior” , 1971.