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Proceedings of the XXVI Iberian Latin-American Congress on Computational Methods in Engineering – CILAMCE 2005

Brazilian Assoc. for Comp. Mechanics (ABMEC) & Latin American Assoc. of Comp. Methods in Engineering (AMC),
Guarapari, Espírito Santo, Brazil, 19th – 21st October 2005

Paper CIL 01-0538

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O MÉTODO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS E


O MÉTODO DOS ESTADOS LIMITES PARA ESTRUTURAS METÁLICAS
TRELIÇADAS DE PERFIS TUBULARES

Fábio Aurélio Samarra


Maurício Dario
João Alberto Venegas Requena
fabiosamarra@hotmail.com
dario@fec.unicamp.br
requena@fec.unicamp.br
Departamento de Estruturas - Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.
Av. Albert Einstein, 951, Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, Caixa Postal 6021, CEP
13083-852, Campinas – SP – Brasil.

Resum o.
Este trabalho tem como objetivo analisar a segurança das estruturas através
dos esforços que atuam em estruturas metálicas treliçadas de perfil tubular
quando dimensionadas pelo Método das Tensões Admissíveis e pelo Método
dos Estados Limites. Para esta finalidade utilizou-se a AISC (Tensões
Admissíveis – ASD e Estados Limites - LRFD) , Eurocode 3 (Estados Limites)
e NBR 8800 (Estados Limites), sendo o modelo analisado uma estrutura real,
do edifício RK300 da Vallourec & Mannesmann Tubes do Brasil, composto
por tesouras treliçadas de perfil tubular de aço. Serão abordados os métodos
e critérios adotados para a determinação dos coeficientes de majoração das
Normas e Especificações. O Fator de Segurança varia de acordo com cada
Norma Técnica, e este foi um dos itens discutidos e que gerou resultados
diferentes de acordo com cada análise. Com esse estudo, foram verificadas as
diferenças entre a segurança e a economia das estruturas tubulares quando
dimensionadas pelo Método das Tensões Admissíveis e pelo Método dos
Estados Limites. Conclui-se que em casos onde o carregamento permanente e
a sobrecarga somada são maiores que o carregamento de vento de sucção o
dimensionamento pela ASD apresenta resultados mais conservadores e
seguros. Tem-se também, que esta estrutura, quando dimensionada pela ASD ,
seguindo as novas recomendações da ASCE 7-98, onde não se deve acrescer
1/3 na tensão admissível, resulta em porcentagens de utilização maior do que
a LRFD, com diferença de 6,95 % na compressão e 6,67% na tração.
Comparando com a NBR, tem-se uma diferença de 7,06% na compressão e
3,50% na tração, sendo as porcentagens maiores obtidas pela ASD. Vê-se que
a ASD resultou em porcentagens maiores de utilização em todos os casos.

Keywords: Estruturas Metálicas, Projeto Estrutural, Normas Técnicas, Perfis Tubulares,


Segurança das Estruturas.
CILAMCE 2005 – ABMEC & AMC, Guarapari, Espírito Santo, Brazil, 19th – 21st October 2005

1. INTRODUÇÃO

O objetivo de tal estudo é verificar se estruturas dimensionadas pelo Método das Tensões
Admissíveis realmente oferecem a segurança quando comparada com o Método dos Estados
Limites.
O dimensionamento pelos métodos já descritos será feito utilizando o Software SAP2000,
que possibilita o dimensionamento de estruturas planas e espaciais.
O Método das Tensões Admissíveis seria o Método tradicional para projetos de estruturas
metálicas, onde todas as ações são consideradas com a mesma variabilidade, independente de
sua natureza. Utiliza critérios determinísticos, ou seja, os parâmetros que servem de base de
cálculo possuem valores fixos. As cargas máximas de serviço provocam tensões que são
comparadas com as tensões admissíveis .
No Método das Tensões Admissíveis, consideram os valores nominais, fixos, os
parâmetros de cálculo e o coeficiente de segurança como razão entre tensões e solicitações.
Utiliza também um coeficiente interno de segurança γi > 1,0 .
Para este Método , a equação da condição de segurança é dada por :
σ rup
σ adm =
γ int
A maior tensão de utilização que possa aparecer na estrutura não deve ultrapassar a
tensão admissível.
O coeficiente interno de segurança γint deve levar em conta a variabilidade da resistência
dos materiais, a variabilidade da intensidade das ações, responsabilidade da estrutura. A
determinação desses coeficientes é empírica.
O Método dos Estados Limites se baseia no conceito de Estado Limite, ou seja, a estrutura
atinge uma condição que deixa de satisfazer as funções a que se destina.
O enfoque atual para um método simplificado para os Estados Limites, considera a
segurança da estrutura sob ponto de vista probabilístico, baseados em momentos de primeira
e segunda ordem.
A expressão para segurança estrutural pode ser escrita como :

φ Rn ≤ γi Qi

Onde do lado esquerdo tem-se a resistência do elemento e do lado direito tem-se a carga
prevista a ser suportada Qi. O valor Rn é a resistência nominal, minorada por um fator φ,
obtendo-se a resistência de projeto. Os vários efeitos de cargas Qi são majorados por fatores
γi.
A segurança de uma estrutura está relacionada com os Estados Limites Últimos, ou seja,
com a ruína.
No Método dos Estados Limites tem-se coeficiente de segurança externo, que deve ser
multiplicado pelo carregamento atuante, obtendo um novo valor. Este coeficiente deve levar
em conta as origens das ações, a variabilidade da intensidade e a responsabilidade da
estrutura.
No Método dos Estados Limites cada ação é tratada de acordo com sua natureza, ao invés
de tratá-las como de mesma natureza, como no Método das Tensões Admissíveis. Com isso, o
Método dos Estados Limites torna-se mais racional, podendo gerar mais economia e maior
segurança.
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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Modelo Analisado

Para realizar a comparação entre as Normas AISC/LRFD, AISC/ASD, Eurocode 3 e


NBR 8800, foi escolhido como modelo o Galpão RK 300 da Vallourec & Mannesman,
construído em Belo Horizonte. Tal edifício já foi dimensionado e verificado pela AISC ASD.
Utilizou-se o programa SAP 2000 Versão 8.3.5 para a geração da estrutura e
dimensionamento da mesma.

Descrição do Galpão

A estrutura do Galpão foi considerada como pórtico espacial, com as colunas engastadas
na base. As colunas são compostas por dois tubos ligados entre si através de chapa contínua.
Longitudinalmente essas colunas foram ligadas por cintas e contraventamentos verticais.
As vigas da cobertura foram projetadas com as diagonais e montantes engastados nos
banzos. O eixo frontal foi fechado com telhas até o nível do topo das colunas e para resistir a
ação do vento frontal, foi colocada uma treliça horizontal de vento. No lado oposto, o
montante central da viga da cobertura foi preparado para receber as vigas radiais da parte
curva. No lado externo a esse eixo foram colocadas colunas radiais que recebem essas vigas
em forma de treliça.
Abaixo, nas figuras 1 e 2 , tem-se algumas perspectivas do Galpão RK300 :

Figura 1: Perspectiva I

Figura 2: Perspectiva II
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Tem-se então, nas figuras 3 e 4, as seguintes geometrias:


(medidas em mm)

Figura 3: Cotas do galpão

Figura 4: Cotas do galpão

2.2 Combinações

As normas americanas AISC ( American Institue of Steel Construction) para construções


em aço, baseiam-se nas recomendações da ASCE 7 (American Society of Civil Engineers)-
“Minimum Design Loads for Buildings and Other Structures” para a consideração dos
coeficientes de segurança nas combinações das ações. A Norma ASD de 1989 baseia-se na
ASCE 7 antiga, que considera a acréscimo de 1/3 na tensão admissível nas combinações onde
entra o vento. Esta ASCE 7 utiliza um fator 1,0 para o carregamento permanente quando há
vento de inversão (sucção), além de considerar o acréscimo de 1/3.
A partir de 1998, houve uma alteração nas considerações da ASCE com relação ao vento.
A ASCE 7-98, e ASCE 7-02 aplicam um fator do 0,6 no carregamento permanente e
removeram o acréscimo de 1/3. A maioria das Normas internacionais adotaram esta
consideração, mas permitem ainda as combinações antigas, com o acréscimo de 1/3 nas
combinações em que ocorre o vento, desde que salientado essa consideração no projeto. Será
demonstrado nos resultados que não é aconselhável fazer esse acréscimo. . Ressalta-se aqui o
fato do Software SAP 2000 ainda considerar este acréscimo de 1/3 na tensão admissível nas
hipóteses acima citadas.
Apenas como exemplo, outras Normas Internacionais que utilizavam o critério de
acréscimo de 1/3 nas combinações com vento, fizeram alterações suprimindo esta
modificação. Determinadas combinações permissíveis de carregamento no IBC 2000
(International Building Code) permitem um aumento de 1/3 para o aço pela referência a
AISC-ASD; entretanto, na revisão de 2003, o IBC não permite mais esse aumento de 1/3.
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De acordo com as modificações feitas pelo ASCE, na consideração da forma de atuação


do vento na estrutura, usar combinações das Tensões Admissíveis , com um aumento de 1/3
seria não conservador.
As especificações da ASCE 7 foram sofrendo algumas modificações nos últimos anos.
Tem-se publicações em 1995, 1998 e 2002. Por exemplo, o centro dos Estados Unidos teve a
velocidade do vento alterada de 70 mph (milhas por hora), para 90 mph, com a intenção de
modernizar e quantificar melhor a pressão do vento. O valor do carregamento devido ao
vento atuando num edifício não sofreu alterações significativas, mas a alteração se deu
principalmente nas equações de cálculo da pressão de vento.
ASCE 7-98 introduziu um fator de direcionalidade Kd, “wind directionality factor” , na
equação da pressão do vento e alterou o coeficiente de 1,3 para 1,6. Cada tipo de estrutura
tem um valor de Kd tabelado, porém, usualmente se considera o valor de 0,85 para a maioria.
Tem-se como alternativa quando na utilização do LRFD no software SAP 2000 multiplicar o
coeficiente 1,6 que multiplica o vento, pelo valor de Kd de 0,85, resultando num coeficente
1,36. Porém, deve-se ter cautela para não utilizar o coefiente Kd duas vezes, na equação do
vento e no coeficiente de segurança. Devido a isto, foi montado duas tabelas para os
resultados do LRFD, uma com o coeficiente Kd e outra sem.
Considerando as Normas Allowable Stress Design (ASD) e Load and Resistance Factor
Design (LRFD) tem-se que, a princípio, os coeficientes do LRFD foram calibrados para se
obter resultados semelhantes ao ASD.

2.3 Procedimentos da Verificação

Após o lançamento da estrutura e dos carregamentos, no Programa SAP 2000, foi


selecionada a Norma AISC/ASD 1989.
Após o dimensionamento foram coletadas as porcentagens de utilização das barras mais
solicitadas, sendo essas : uma barra do banzo superior, uma do banzo inferior, montante
principal, montante mais solicitado, diagonal mais solicitada e primeira diagonal.
Ressalta-se que esta estrutura real sofre ação apenas de vento de sucção, sendo assim m
As combinações foram chamadas de tipo 1 e 2, conforme mostrado nas tabelas a seguir,
onde:
CP: carregamento permanente
SC: sobrecarga
V: vento de sucção
Tipo
1 CP+SC
2 CP+V

As porcentagens de utilização foram separadas em porcentagem de utilização devido ao


esforço axial apenas e porcentagem de utilização total, ou seja, que leva em conta a parcela
devida ao momento, que é bem pequena.
Foram comparadas as Normas AISC/ASD com a AISC/LRFD, por serem ambas
americanas, porém com critérios de segurança diferentes. Posteriormente, foi comparado o
Eurocode 3 com a NBR 8800/1986. Por fim, foram comparadas as Normas AISC/ASD com a
NBR 8800/1986.
Foi feito o dimensionamento e a verificação das porcentagens de utilização das barras pré
selecionadas.
Vale ressaltar aqui, que os resultados obtidos referem-se a esta estrutura, com essas
características de carregamento.
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2.4 Normas

AISC/ ASD

Foi selecionado no programa SAP 2000 a Norma AISC/ASD 1989.


Considerações: baseia-se nas combinações fornecidas pelo ANSI A58.1 e ASCE 7. Em
ambas todos os coeficientes ficam multiplicados por 1,0. Ressalta-se aqui que foram feitas
duas análises: uma, utilizado o ASD de 1989, que considera o acréscimo de 1/3; e outra, com
as combinações onde entra o carregamento do vento multiplicadas por 1,3333 para tornar a
tensão admissível multiplicada por 1 (conforme ASCE 7/02), ao invés de 1,333 conforme a
norma de 1989.

Montou-se então as seguintes combinações:


1,0 CP + 1,0 SC 1,0 CP + 1,0 SC
1
1,0 CP + 1,0 V * 0,6 CP + 1,0 V *2
*1 : considerando 1/3 de acréscimo na tensão admissível.
*2 : sem considerar acréscimo

AISC/LRFD

Foi selecionado no programa SAP 2000 a Norma AISC/LRFD 1993.


Considerações: a LRFD baseia-se nas combinações fornecidas pela ASCE 7/98. Ressalta-
se aqui a mudança do coeficiente de 1,3 nos casos de vento para 1,6, além da introdução do
coeficiente de direcionalidade Kd. Montou-se então as seguintes combinações:
1,4 CP
1,2 CP + 1,6 SC
0,9 CP + 1,6 V
0,9 CP + 1,6*(0,85) V ( Considerando o coeficiente Kd)

Eurocode 3

Foi selecionado no programa SAP 2000 a Norma Eurocode 3.


Considerações: o Eurocode 3 assemelha- se muito à Norma NBR 8800/2003, utilizando
coeficientes de ponderação quando ocorrem duas ou mais ações variáveis. Para a Sobrecarga e
Vento utiliza-se como coeficiente de ponderação ψ0 = 0,7 , γg = 1,35 e γq = 1,5 .
Montou-se então as seguintes combinações:
1,35 CP + 1,5 SC
1,0 CP + 1,5 V

NBR 8800/1986

Foi selecionado no programa SAP 2000 a Norma Eurocode 3. O programa SAP2000 não
possui a Norma brasileira. Sendo assim, dimensiona-se pelo Eurocode, que é a Norma que
mais se assemelha a Norma brasileira, com ajustes de coeficientes.
Considerações: A NBR 8800/1986 considera os seguintes coeficientes de ponderação:
Sobrecarga ψ0 = 0,7 ; Vento ψ0 = 0,6 ; γg = 1,4 e γq = 1,4.
Montou-se então as seguintes combinações:
1,4 CP + 1,4 SC
0,9 CP + 1,4 V
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3. RESULTADOS

3.1 Tabelas comparativas entre as Normas


Foram geradas diversas tabelas com as barras pré selecionadas e analisadas as diferenças
entre as porcentagens de utilização devido a esforço axial.

ASD e LRFD

Tabela 1. Barra do banzo superior, utilizando o acréscimo de 1/3


BANZO ASD 1989 com 1/3 de LRFD (ASCE 7/98) LRFD (ASCE 7/98)
SUPERIOR – Axial acrescimo na tensão adm. com coeficiente Kd
BARRA 849 Coef. De utilização Coef. De utilização Variação Coef. De utilização Variação
Tipo da Num. Da Esforco Axial Esforco Axial Esforco Axial
Combin. Combin. Tração Compressão Tração Compressão Diferença Tração Compressão Diferença
1 CP+SC - 63,5426 - 63,9122 -0,3696 - 63,9122 -0,3696
Diferença Máxima de -0,3696 -0,3696
Compressão
2 CP+V3 2,7329 - 6,3677 - -3,6348 4,5593 - -1,8264
Diferença Máx. de Tração -3,6348 -1,8264

Tabela 2. Barra do banzo inferior, utilizando o acréscimo de 1/3


BANZO INFERIOR ASD 1989 com 1/3 de LRFD (ASCE 7/98) LRFD (ASCE 7/98)
– Axial acrescimo na tensão adm. com coeficiente Kd
BARRA 852 Coef. De utilização Coef. De utilização Variação Coef. De utilização Variação
Tipo da Num. Da Esforco Axial Esforco Axial Esforco Axial
Combin. Combin. Tração Compressão Tração Compressão Diferença Tração Compressão Diferença
1 CP+SC 46,1355 - 43,9384 - 2,1971 43,9384 - 2,1971
Diferença Máxima de Tração 2,1971 2,1971
2 CP+V3 - 0,5841 - 7,1751 -6,591 4,802 - -4,2179
Diferença Máx. de Compressão -6,591 -4,2179

Tabela 3. Barra do banzo superior, sem utilizar acréscimo


BANZO ASD 1989 sem acréscimo LRFD (ASCE 7/98) LRFD (ASCE 7/98)
SUPERIOR – Axial com coeficiente Kd
BARRA 849 Coef. De utilização Coef. De utilização Variação Coef. De utilização Variação
Tipo da Num. Da Esforco Axial Esforco Axial Esforco Axial
Combin. Combin. Tração Compressão Tração Compressão Diferença Tração Compressão Diferença
1 CP+SC 63,5426 - 63,9122 -0,3696 - 63,9122 -0,3696
Diferença Máxima de -0,3696 -0,3696
Compressão
2 CP+V3 11,2307 - 6,3677 - 4,863 4,5593 - 6,6714
Diferença Máx. de Tração 4,863 6,6714
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Tabela 4. Barra do banzo inferior, sem utilizar acréscimo


BANZO INFERIOR ASD 1989 sem acréscimo LRFD (ASCE 7/98) LRFD (ASCE 7/98)
– Axial com coeficiente Kd
BARRA 852 Coef. De utilização Coef. De utilização Variação Coef. De utilização Variação
Tipo da Num. Da Esforco Axial Esforco Axial Esforco Axial
Combin. Combin. Tração Compressão Tração Compressão Diferença Tração Compressão Diferença

1 CP+SC 46,1355 - 43,9384 - 2,1971 43,9384 - 2,1971


Diferença Máxima de Tração 2,1971 2,1971
2 CP+V3 - 11,7603 - 7,1751 4,5852 4,802 - 6,9583
Diferença Máx. de Compressão 4,5852 6,9583

ASD e NBR
Tabela 5. Barra do banzo superior utilizando o acréscimo de 1/3
BANZO ASD 1989 com 1/3 de NBR 1986
SUPERIOR – Axial acrescimo na tensão adm.
BARRA 849 Coef. De utilização Coef. De utilização Variação
Tipo da Num. Da Esforco Axial Esforco Axial
Combin. Combin. Tração Compressão Tração Compressão Diferença
1 CP+SC - 63,5426 - 56,4737 7,0689
Diferença Máxima de Compressão 7,0689
2 CP+V3 2,7329 - 9,6242 - -6,8913
Diferença Máx. de Tração -6,8913

Tabela 6. Barra do banzo inferior utilizando o acréscimo de 1/3


BANZO INFERIOR ASD 1989 com 1/3 de NBR 1986
– Axial acrescimo na tensão adm.
BARRA 852 Coef. De utilização Coef. De utilização Variação
Tipo da Num. Da Esforco Axial Esforco Axial
Combin. Combin. Tração Compressão Tração Compressão Diferença

1 CP+SC 46,1355 - 42,6292 - 3,5063


Diferença Máxima de Tração 3,5063
2 CP+V3 - 0,5841 - 9,4036 -8,8195
Diferença Máx. de Compressão -8,8195

Tabela 7. Barra do banzo superior sem utilizar acréscimo


BANZO ASD 1989 sem acréscimo NBR 1986
SUPERIOR – Axial
BARRA 849 Coef. De utilização Coef. De utilização Variação
Tipo da Num. Da Esforco Axial Esforco Axial
Combin. Combin. Tração Compressão Tração Compressão Diferença

1 CP+SC - 63,5426 - 56,4737 7,0689


Diferença Máxima de Compressão 7,0689
2 CP+V3 11,23 - 9,6242 - 1,6058
Diferença Máx. de Tração 1,6058
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Tabela 8. Barra do banzo inferior sem utilizar acréscimo


BANZO INFERIOR ASD 1989 sem acréscimo NBR 1986
– Axial
BARRA 852 Coef. De utilização Coef. De utilização Variação
Tipo da Num. Da Esforco Axial Esforco Axial
Combin. Combin. Tração Compressão Tração Compressão Diferença

1 CP+SC 46,1355 - 42,6292 - 3,5063


Diferença Máxima de Tração 3,5063
2 CP+V3 - 11,7603 - 9,4036 2,3567
Diferença Máx. de Compressão 2,3567

4. CONCLUSÃO

Análise dos resultados na comparação da ASD com LRFD

Vale ressaltar aqui, que os resultados obtidos referem-se a esta estrutura, com essas
características de carregamento. Aqui, a sobrecarga é alta, com valor de 50 kgf/m2 . Esta,
quando somada ao carregamento permanente, resulta em valores maiores do que o
carregamento de vento. Isso pode ser observado pelo fato da combinação tipo 1, carregamento
permanente mais sobrecarga, obter as maiores porcentagens de utilização.

Se for considerado agora a equação proposta por C.G. Salmon, Steel Structures – Design
and Behavior, 1971:

LRFD 1,33CP + 1,78SC 0,8 + 1,07( SC / CP )


= = (1)
ASD 1,67CP + 1,67 SC 1 + ( SC / CP)

Analisando o banzo inferior, que resultou em esforços de tração, chega-se, através de


valores fornecidos pelo programa SAP 2000, numa relação SC/CP=1,33323. Tal resultado,
substituído na equação (1) obtém-se:

LRFD 0,8 + 1,07(1,33323)


= = 0,9542
ASD 1 + (1,33323)

ou seja, o ASD é 4,57 % maior que o LRFD.


Porém, considerando apenas o esforço axial, tem-se uma diferença real de 2,197%, menor
que o valor proposto por Salmon (1971). Isto indica que o modelo teórico está a favor da
segurança quando comparado com o modelo real, porém essa diferença é pequena (2,373%).

A primeira observação sobre os resultados a ser feita é que o acréscimo de 1/3 na tensão
admissível em combinações em que há vento, conforme a ASD 1989, resulta em valores bem
abaixo do que quando não se considera este acréscimo, chegando a 11%. Isso confirma que a
utilização deste acréscimo não é conservador e pode levar a erros no dimensionamento.
Quando a hipótese acima é considerada, na combinação de carregamento permanente e
sobrecarga, o dimensionamento pelos dois métodos resulta em porcentagens de utilização
muito próximas, com uma diferença de 0,36% na tração e 2,19% na compressão, sem
considerar o coeficiente de direcionalidade do vento, que só entra na equação nas
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combinações com vento. Para as combinações de inversão, ou seja, vento de sucção com
carga permanente, a norma LRFD resulta em porcentagens maiores de utilização, chegando a
6,59% na compressão e 3,63% na tração, sem considerar o coeficiente de direcionalidade do
vento, e 4,21% na compressão e 1,82% na tração quando se utiliza o coeficiente Kd. Nota-se
que este coeficiente aproximou os resultados obtidos.
Considerando as recomendações atuais para utilização do Método das Tensões
Admissíveis, que não considera o acréscimo de 1/3 na tensão admissível, temos uma mudança
nos resultados obtidos, pois antes tinha-se a LRFD resultando em porcentagens de utilização
maiores do que a ASD. Com essas novas recomendações, as porcentagens de utilização pela
ASD resultaram em valores maiores do que a LRFD.
Para as combinações de carregamento permanente e sobrecarga, o dimensionamento
pelos dois métodos resulta em porcentagens de utilização muito próximas, com uma diferença
de 0,36% na tração e 2,19% na compressão. Para os casos de carregamento permanente e
vento de sucção, o ASD resultou em porcentagens de utilização maiores do que a LRFD, com
uma diferença de 4,86% na tração e 4,58% na compressão, isso sem considerar o coeficiente
de direcionalidade do vento. Ao se considerar o coeficiente Kd, tem-se uma diferença de
6,67% na tração e 6,95% na compressão. Nota-se que para a combinação que inclui vento, a
diferença entre as normas torna-se maior.
Comparando agora a norma ASD com a NBR, temos na hipótese de acréscimo da tensão
admissível, na combinação de carregamento permanente e sobrecarga, uma diferença de
porcentagem de utilização de 3,50% a mais na ASD na tração. Para compressão tem-se 7,06%
a mais de utilização pela ASD. Na combinação de carregamento permanente e vento de
sucção, a NBR resultou em porcentagens de utilização maiores, chegando a 6,89% na tração e
8,81% na compressão.
Considerando as recomendações atuais para utilização do Método das Tensões
Admissíveis, que não considera o acréscimo de 1/3 na tensão admissível, temos resultados
semelhantes aos obtidos quando se comparou ASD e LRFD. Novamente a norma ASD
resultou em porcentagens maiores de utilização.
Na combinação de carregamento permanente e sobrecarga, temos a mesma diferença de
porcentagem de utilização para o caso com acréscimo de um terço. Na combinação de
carregamento permanente e vento de sucção, a ASD resultou em porcentagens de utilização
maiores, chegando a 1,6% na tração e 2,35% na compressão.
Conclui-se então, que esta estrutura, quando dimensionada pela ASD , seguindo as novas
recomendações da ASCE 7-98, onde não se deve acrescer 1/3 na tensão admissível, resulta em
porcentagens de utilização maior do que a LRFD, com diferença de 6,95 % na compressão e
6,67% na tração. Comparando com a NBR, tem-se uma diferença de 7,06% na compressão e
3,50% na tração, sendo as porcentagens maiores obtidas pela ASD. Vê-se que a ASD resultou
em porcentagens maiores de utilização em todos os casos.

Verifica-se então que deve-se evitar utilizar o acréscimo de 1/3 na tensão admissível
quando o dimensionamento for feito pela ASD com a presença de ação do vento, visto que
resulta em valores não conservadores. Estar atualizado com relação as normas técnicas,
principalmente quando se utiliza normas internacionais, é de grande valia aos projetistas.
Recomenda-se então, que o projetista, ao optar pelo dimensionamento pelo Método das
Tensões Admissíveis, verifique as diferenças do comportamento da estrutura quando
comparado com o Método dos Estados Limites, para certificar-se se está atende aos requisitos
de segurança ou não está anti-econômico.
CILAMCE 2005 – ABMEC & AMC, Guarapari, Espírito Santo, Brazil, 19th – 21st October 2005

5. AGRADECIMENTOS

Agradeço a Vallourec & Mannesmann do Brasil S.A. e a UNICAMP pelo incentivo e


apoio ao desenvolvimento da pesquisa.

6. BIBLIOGRAFIA

American Institute of Steel Construction , “ Load and Resistance Factor Design”, 1999.

American Institute of Steel Construction , “Allowable Stress Design”, 1989.

American Institute of Steel Construction , “Errata List, September 4, 2001”.

American Society of Civil Engineers , “ASCE 7/02 - Minimum Design Loads for Buildings
and Other Structures”, 2002.

American Society of Civil Engineers , “ASCE 7/98 - Minimum Design Loads for Buildings
and Other Structures”, 1998.

Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT , “Forças Devidas ao Vento em


Edificações” , NBR6123/88, Rio de Janeiro.

Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT , “Projeto e Execução de Estruturas de


Aço de Edifícios” , NBR8800/86, Rio de Janeiro.

Bellei, Ildony ; Pinho, Fernando ; Pinho, Mauro “Edificios Industriais EM AÇO ” PINI,
São Paulo, 2000.

C.G. Salmon, J.E. Johnson, “ Steel Structures – Desing and Behavior” , 1971.

European Comitee of Standardization, “ Eurocode 3: Design of Steel Structures” , 1996.


Gilson,F. “ Notas de Aula – Parte I e Parte II “ , UNICAMP.

Structure Magazine, “ Codes and Standards”, Setembro, 2004.

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