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Para sermos beneficiados pelo conselho de Paulo em Gálatas 6:1, precisamos Timothy George, “todos os cristãos têm fardos.

s têm fardos. Nossos fardos podem ser diferentes


entender exatamente o tipo de situação que Paulo tinha em mente. A questão girava em tamanho e forma e podem ser de natureza variada, dependendo da ordem
em torno de duas palavras usadas na primeira metade da frase. A primeira palavra é providencial de nossa vida. Para alguns, é o fardo da tentação e as consequências de
apanhado (NTLH) ou surpreendido (NVI). Significa literalmente “ser descoberto, uma falha moral, como está em Gálatas 6:1. Para outros, pode ser doença física,
surpreendido ou pego de surpresa”. O contexto e diferentes nuances associados a distúrbio mental, crise familiar, falta de emprego, opressão demoníaca ou uma série
essa palavra sugerem que Paulo tinha dois aspectos em mente. Não se referia apenas de outras coisas; mas nenhum cristão está isento de fardos” (Galatians [Gálatas], p.
a um cristão que “apanha” um irmão em algum ato de pecado, mas também ao 413).
processo pelo qual uma pessoa é “surpreendida” por um comportamento (Pv 5:22)
que, na melhor das circunstâncias, ela preferiria evitar. Gálatas 6:12, 13 foram os primeiros comentários explícitos que ele fez sobre seus
oponentes. Ele os descreveu como pessoas que queriam “ostentar-se na carne”. A
A probabilidade de que a transgressão que Paulo mencionou não fosse deliberada é expressão “ostentar-se” em grego significa literalmente colocar “uma boa face”. De
evidente pela linguagem que ele usou. A palavra traduzida por “falta” (ARA) ou fato, a palavra para “face”, em grego, é a mesma palavra para designar a máscara de
“pecado” (NIV), que vem da palavra grega paraptoma, não se referia a um pecado um ator, e essa palavra foi usada igualmente em sentido figurado para se referir ao
deliberado, mas a um erro, um tropeço ou um passo em falso. Este último, em papel desempenhado por um ator. Em outras palavras, Paulo estava dizendo que essas
particular, tem sentido à luz dos comentários anteriores de Paulo sobre “andar” no pessoas eram como atores buscando a aprovação de uma plateia. Em uma cultura
Espírito. Embora isso de modo nenhum desculpe o erro da pessoa, torna claro que fundamentada na honra e na vergonha, a conformidade era essencial, e os que
Paulo não estava lidando com um caso de pecado obstinado (1Co 5:15). ensinavam os erros pareciam estar buscando aumentar seu grau de honra diante dos
seus companheiros judeus na Galácia e dos outros cristãos judeus de Jerusalém.
A resposta adequada em tais circunstâncias não deve ser a punição, condenação ou
exclusão, mas a restauração. A palavra grega traduzida como “restaurar” (NVI) ou Ktisis é a palavra grega traduzida por “criatura”. Ela tanto podia se referir a uma
“corrigir” (ARA) é katartizo e significa “consertar” ou “pôr em ordem”. No Novo “criatura” individual (Hb 4:13) como a toda a ordem “criada” (Rm 8:22). Em ambos os
Testamento ela é usada no sentido de “consertar” redes de pesca (Mt 4:21) e descreve casos, a palavra implicava a ação de um Criador. Esse era o ponto que Paulo queria
o processo de restauração de um osso quebrado, sendo um termo médico na apresentar. Tornar-se uma “nova criatura” não era algo que podia ser realizado por
literatura grega. Assim como não abandonaríamos uma pessoa que caísse e quebrasse algum esforço humano – quer fosse a circuncisão, quer fosse qualquer outra coisa.
uma perna, como membros do corpo de Cristo, devemos bondosamente cuidar de Jesus Se referiu a esse processo como o “novo nascimento” (Jo 3:58). É o ato divino
nossos irmãos e irmãs em Cristo que podem tropeçar e cair, enquanto trilhamos em que Deus toma uma pessoa espiritualmente morta e sopra nela a vida espiritual.
juntos o caminho para o reino de Deus. Essa é também mais uma metáfora para descrever o ato de salvação que Paulo
geralmente definia como justificação pela fé.
A palavra grega traduzida como “carga” em Gálatas 6:5 é baros. Ela se referia
literalmente a um grande peso ou carga que alguém tinha que carregar por uma longa A palavra traduzida por “regra” literalmente se referia a uma vara reta ou barra usada
distância. Com o passar do tempo, no entanto, ela se tornou uma metáfora para por pedreiros e carpinteiros para medir. A palavra posteriormente assumiu um sentido
qualquer tipo de problema ou dificuldade, como o fardo de uma longa jornada de figurado, referindo-se às regras ou padrões pelos quais uma pessoa avalia algo.
trabalho em um dia quente (Mt 20:12). Embora o contexto imediato da ordem de
Paulo de “[levar] as cargas uns dos outros” certamente incluísse as falhas morais dos A palavra marca vem do termo grego stigmata, da qual também deriva a palavra
irmãos mencionadas no verso anterior, o conceito de carregar os fardos, que ele tinha portuguesa estigma. Paulo poderia estar se referindo à prática comum de marcar os
em mente, era muito mais amplo. A orientação de Paulo revela várias noções escravos com a insígnia de seu dono como uma forma de identificação, ou à prática de
espirituais sobre a vida cristã que não devem ser negligenciadas. algumas religiões misteriosas, nas quais um devoto marcava a si mesmo como sinal de
devoção. Em todo caso, “por ‘marcas de Jesus’, sem dúvida, Paulo se referiu às
cicatrizes deixadas em seu corpo pela perseguição e sofrimento (2Co 4:10; 11:2427).

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