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Departamento de Geografia

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Universidade de São Paulo

Geomorfologia II

Edificação e Construção do
Conhecimento na Geomorfologia

Prof. Dr. Fernando Nadal Junqueira Villela


Necessário contextualizar o pensamento
geográfico em sua evolução para compreender-se
a Geomorfologia

O que é Geomorfologia?
 Geomorfologia = ramo da Geografia Física que
compreende estudos das formas de relevo (continentais,
oceânicas, submarinas e interplanetárias)

 “A Geomorfologia estuda a interação entre o substrato


rochoso, a atmosfera, a hidrosfera e a biosfera,
descrevendo, classificando e localizando as formas de
terreno (morfografia), investigando suas origens
(morfogênese) e sua evolução no tempo
(morfocronologia), além de determinar o comportamento
dos processos existentes (morfodinâmica) e a evolução
das dimensões das formas (morfometria)”

Joly, F. Point de vue sur la Geomorphologie.


Annales de Geographie, Paris, 86º Année, 1977.
Geografia Moderna (após Séc. XVIII):

 Utilizada como instrumento legitimador


das práticas exercidas pelas Nações ou
Estados Dominantes

 Dominada pelos pressupostos da


fenomenologia e positivismo

 Legado impulsionado pelas concepções


naturalistas de Alexander Von Humboldt e
Carl Ritter
Humboldt: “Cosmos” ; Carl Ritter: “Geografia Comparada”

Trabalhos de cunho empírico e indutivo, contemplando a


universalidade dos fenômenos, com relatos detalhados de
observações sistemáticas e explicações causais da paisagem

Reflexo da política expansionista do Estado


Alemão, servindo como inventário colonial

Ratzel: Antropogeografia

“DETERMINISMO”
França: Paul Vidal de La Blache

Apoio deliberado do Estado francês burguês, na intenção


de legitimar ideologicamente os interesses da Nação

Natureza vista como possibilidade para a ação humana;


“A Geografia é uma ciência dos lugares, não dos
Homens”

“POSSIBILISMO”
Geografia Moderna (Séc. XIX / Séc. XX):

 A Geografia Vidalina propiciou a ideia de


Região e o nascimento da Geografia Regional
Influências na Geomorfologia - Geologia

 Uniformitarismo: o exemplo de James Hutton


(1788)

“Nenhum vestígio de um começo,


nenhuma perspectiva de um fim”

 John Playfair (1802)

 Charles Lyell (1830-1833)

“O presente é a
chave do passado”
ORIGEM DA GEOLOGIA

 A Geologia é a ciência que estuda a composição e a


estrutura do globo terrestre e do sistema solar

GEO/LOGIA
terra (ge) / ciência (logos)

“CIÊNCIA DA TERRA”
 A necessidade do
aproveitamento das rochas e
dos minerais levou o Homem
ao estudo da Geologia

 Heródoto (484-425 a. C.)


reconheceu um delta formado
pela sedimentação dos
detritos do Nilo; Aristóteles
(384-322 a. C.) reconhecia a
importância das montanhas na
condensação das chuvas e
acúmulo das neves, além de
observar fenômenos sobre a
sedimentação no Mar Negro
 Empédocles (490-430 a. C.), através da
provável observação de esqueletos de
vertebrados achados junto a fósseis de
cefalópodes, comuns nas cavernas da
Sicília, elaborou as primeiras notas sobre a
seleção natural

 Pitágoras (séc. VI a. C.), após viajar 20 anos


pelo Egito e ter contato com inúmeros
filósofos persas adquiriu vasto
conhecimento geológico; veio a afirmar que
a Terra se convertia em mar e vice-versa,
indicou os fósseis existentes no alto das
montanhas e comentou a extinção e
formação de fontes graças a terremotos,
entre outros

 Plínio, o Velho, viveu nos primeiros anos da


era cristã e era um grande observador da
natureza. Viajando pela Europa e África,
escreveu uma compilação dos dados
científicos da época numa obra de 37
volumes intitulada História Natural
 Durante a Idade Média, o progresso
das ciências geológicas foi
praticamente nulo, sendo apenas no
séc. XV, com Leonardo da Vinci, que
algumas observações seriam
corretamente interpretadas, como a
origem dos fósseis, o papel da erosão
na formação das montanhas e a origem
dos rios, iniciando-se assim a fase da
observação de campo para a
sustentação das teorias

 Trabalhos geológicos de Geórgio


Agrícola (1494-1555), Nicolas Steno
(1631-1687), Giovanni Arduíno (1714-
1795), Buffon (1707-1788), Cuvier (1769-
1832) e outros tiveram papel
fundamental na formação das teorias
sobre a evolução de nosso planeta
 No entanto, a Geologia começou a tomar forma
como ciência apenas no século XVIII, com a
necessidade do aproveitamento de recursos na
pré-revolução industrial
 O mundo estava cada vez mais sendo alicerçado
pelos métodos científicos, baseados na
observação, dedução e pensamentos racionais,
inclusive com uma profunda modificação na forma
como as pessoas consideravam a natureza e a
sociedade
 Podem ser citadas a produção de ferro e carvão,
que seria dobrada na segunda metade do século
XVIII
 O 1° mapa
geológico foi
elaborado por
William Smith
(1769-1839),
representando a
região norte da
Inglaterra,
baseado no
estudo dos
fósseis
 Os avanços na medicina e o
prelúdio da Revolução
Industrial estavam próximos,
tornando a vida das pessoas
mais confortável e
possibilitando então a
atenção em outros assuntos
menos urgentes

 Nesse contexto, nasceu em


1769 na Inglaterra William
Smith, em Oxfordshire. Filho
de um ferreiro, Smith cresceu
na zona rural do vilarejo de
Churchill, e foi educado pelos
preceitos religiosos da época,
que, assim como as origens do
planeta, acreditava que os
seres humanos eram fruto de
determinação divina
 Aos 8 anos, Smith perdeu o pai e foi criado por
seu tio, um fazendeiro local. Este possuía uma
leiteria em que a pesagem das libras era
auxiliada na balança por pequenas pedras de
aspecto curioso – de formas e cores muito
diversas, podendo ser brancas e achatadas, ou
mais escuras e arredondadas, etc. Estas
pedras, chamadas de pedras de libra, pesavam
sempre 600 gramas, valor suficiente para a
utilização na medida da manteiga recém-batida
produzida pelas leiterias

 As pedras de libra despertaram a curiosidade


de Smith quanto a sua origem, sem saber, na
verdade, que eram restos sólidos de materiais
mineralizados que revestiam o corpo de
ouriços-do-mar

 Igualmente, a presença de pequenas conchas


esféricas também o intrigava, pois costumava
usá-las como bolas de gude (hoje se sabe que
estas eram restos de um tipo de braquiópode
de forma arredondada
 Ao mesmo tempo em que Smith crescia, a
sociedade inglesa fundamentava uma de suas
principais bases econômicas: o carvão. O
carvão possuía seu preço alto muito em função
do custo de transporte, que vinha das minas no
interior até o centros urbanos apenas por rios
navegáveis ou estradas

 A solução encontrada foi a criação de canais


artificiais que agilizavam o transporte não só de
carvão, mas de várias mercadorias, diminuindo
também os custos e perda de cargas

 Com a febre da abertura de canais, William


Smith, agora com 18 anos e já dispondo de um
interesse natural pela geometria e pelas rochas
que o rodeavam, foi contratado como auxiliar
de um topógrafo da região, a fim de executar
levantamentos para a abertura de canais
artificiais que escoassem principalmente
carvão. Isto permitiu com que viajasse muito
para executá-los, conhecendo vários lugares da
Inglaterra e numerosas minas de carvão
 Aos 22 anos, Smith foi contratado para
trabalhar em uma grande fazenda próxima à
Bristol, sudoeste da Inglaterra, numa região
onde existem vários veios de carvão complexos
que foram explorados até a década de 1970

 Uma das minas, chamada de Mearns Pit,


possuía camadas de carvão que chamaram a
atenção de Smith, numa de suas primeiras
incursões ao mundo subterrâneo. Primeiro,
encontrou capim e cascalhos da superfície,
misturados ao solo arado, de mais ou menos 25
cm de espessura. Depois vinha uma rocha mais
sólida e quebrada em pedaços, depois cada vez
mais sólida e geralmente de cor vermelha.
Assim identificou uma sequência de calcário
terroso, marga bem vermelha e folhelho de
coloração verde

 Mas percebeu outro detalhe: as camadas não


tinham disposição horizontal, apresentando-se
inclinadas, e possuíam uma orientação, que é a
direção desta disposição
Mais abaixo, observou que a aparência das rochas – sua cor, consistência e
dureza – mudava completamente. Onde em cima estavam rochas calcárias,
folhelhos e margas, com cores avermelhadas e esverdeadas, agora apareciam
rochas espessas, arenosas, de cor marrom acinzentada, profundamente
diferentes, inclusive em sua atitude, mergulhando para novos ângulos em
relação às rochas de cima, com inclinação acentuada e evidentemente
dobradas, ou até estilhaçadas pelo esforço
Hoje sabe-se que estas rochas pertencem a formações carboníferas de 310 a
290 milhões de anos, que foram dobradas e retorcidas pela formação de
montanhas quando as placas tectônicas da África e da Europa colidiram, num
mundo que já presenciava a existência de seres vivos como samambaias,
tubarões e insetos alados, ao mesmo tempo em que já tinham sido extintas
formas de vida menos complexas como estromatólitos
 Curiosamente, quase na mesma época do trabalho de Smith,
James Hutton estava para publicar seu livro The Theory of the
Earth, de importância fundamental para explicar fatos a
respeito da Terra, inclusive as discordâncias entre as camadas
vistas por Smith (inconformidades)

 Ele vira outra disposição de rochas, muito parecida com as


que Smith estava observando, num penhasco rochoso na
costa escocesa do Mar do Norte, num lugar conhecido como
Siccar Point

 Lá existem camadas de arenitos vermelhos do Período


Devoniano dispostas de modo plano no topo de arenitos duros
e cinzentos do Período Siluriano

 Hutton sugeriu que estes dois conjuntos de rochas deveriam


ter sido depositados por algum mar, e que o arenito cinza,
depois de depositado, foi empurrado para cima e submetido a
contorções e deformações, com posterior erosão que o deixou
polido, e que foi novamente submerso pelo mar no Período
Devoniano, permitindo assim a deposição do arenito vermelho
“O resultado, portanto, de nossa presente investigação, é que não
encontramos nenhum vestígio de um começo, nenhuma perspectiva do
fim”

James Hutton (1726 – 1797)


 Ao lado de Hutton, figura Abraham Werner (1749-
1815), cujos esforços fizeram as ciências
geológicas avançarem numa orientação moderna

 Werner baseava-se na teoria do Netunismo,


segundo a qual todas as rochas e minerais eram
produtos da água; Hutton vinha de uma escola
que defendia o Plutonismo, cuja teoria central
dizia ser o magma o principal agente formador
das rochas com ciclos sucessivos de destruição
formando os sedimentos

 Charles Lyell (1797-1875) elaborou uma síntese


geral dos conhecimentos adquiridos até então,
além de desenvolver o princípio do
Uniformitarismo (mais tarde Atualismo)
enunciado entre outros por Hutton, em que os
processos geológicos realizam-se de maneira
regular e com intensidade similar através dos
tempos, provocados por causas naturais no
passado que se repetem no presente

 Outro grande compilador dos conhecimentos


geológicos gerais da época foi Eduard Süess
(1831-1914), que ajudou a esclarecer a história
física da crosta e sintetizou a constituição
geológica do globo terrestre
 Voltando a W. Smith, este percebeu
em seus leavantamentos atrás de
carvão que a ordem estratigráfica
em que as rochas estavam
dispostas nas jazidas era bem
conhecida pelos mineiros,
descobrindo rapidamente com eles
que estas tinham regularidade
previsível, repetindo um padrão em
várias das minas abertas

 Verificando mais minas, Smith


pôde observar que depois de
algumas dezenas de metros, as
camadas sobrejacentes areníticas
eram substituídas por material
argiloso que mais abaixo resultava
em uma camada com fragmentos
de conchas (bivalves como a
Carbonicola) encontrados em rios;
depois de uma espessura variável
de argilitos, encontravam-se rochas
mais duras de coloração mais clara
cheias de um braquiópode de água
salgada como a Lingula, existente
até os dias de hoje. Somente
depois de tudo isso, encontrava-se
o carvão esperado
 Na sua opinião, depois destas
observações nas minas, todas as
rochas foram depositadas como
sedimentos numa época específica
num lugar específico, de uma
maneira que estas têm quase as
mesmas características, na mesma
ordem vertical e assim
estratigráfica, e o mais importante –
os mesmos fósseis, independente
do lugar de onde sejam
encontradas, e sempre na mesma
ordem – por exemplo, uma Lingula
nunca seria encontrada acima de
uma Carbonicola

 Usando a nova teoria de Smith,


seria possível afirmar que as rochas
possuem uma ordem previsível, e
que os fósseis seriam a chave para
se determinar esta ordem. Ainda, se
a sucessão de camadas podia ser
prevista, ela podia também ser
mapeada
Contratado como Primeiro Topógrafo da companhia Somerset Coal Canal
para fazer o levantamento topográfico e planejar a rota da construção de
um canal que escoasse o carvão até os mercados, Smith viu a
oportunidade de concluir sua teoria, pois significava que uma grande
porção de terra seria aberta e cortada, expondo as camadas
Munido de teodolito e ferramentas para abrir fossos, Smith começou então o trabalho
de fatiar a terra, percorrendo os caminhos a cavalo, avançando lentamente em
trajetos de centenas de metros, montando o teodolito e marcando observações com a
bússola, medindo seções, anotando todas as observações possíveis e especulando a
respeito da dificuldade ou facilidade de se abrir um canal ao longo do trajeto que
escolhera; depois guardava o equipamento, empilhava tudo no cavalo e andando
mais algumas centenas de metros, começava tudo de novo
Estas observações tornaram possível a conclusão de que as camadas de rochas
que encontrava em seus levantamento bem como os fatiamentos da terra para a
abertura dos canais indicavam ter as camadas inclinações gerais, que se
repetiam ao longo dos seus percursos

“As camadas”, escreveu, “formam um conjunto de linhas que se estendem de


pólo a pólo com uma inclinação regular para leste. E o movimento da terra, que
provavelmente começou quando estas camadas estavam num estado maleável ou
com consistência de polpa, naturalmente as colocaram em posições curvilíneas
inclinadas”
O avanço lento pelas
montanhas íngremes
permitia que Smith
tivesse uma panorama
nítido da natureza das
rochas. Pastos cobertos
de juncos nas encostas
das montanhas, os
regatos e tipos de
árvores, tudo ajudava a
definir as observações
gerais, e as obras nas
linhas dos canais o
ajudavam a fazer
observações mais
específicas
A isso eram
somadas suas
marteladas para
análise dos
materiais das
rochas e sua
metódica
coleção dos
fósseis
encontrados
 Smith adquiriu um senso extremamente
habilidoso para observar os mosaicos da
paisagem à sua frente, tirando deduções e
confirmando-as depois por marteladas e
aberturas da terra; o perfil das montanhas,
a falta de árvores e a aparência geral da
vista lhe indicavam, por exemplo, que as
formações carboníferas eram rodeadas por
coberturas de marga vermelha e arenitos
misturados, numa sucessão das rochas
mais antigas a nordeste para rochas mais
recentes a sudeste, cuja relação com os
topos nivelados na superfície indicavam ser
as colinas ao sul dos arenitos e jazidas de
carvão compostas por um tipo de calcário
conhecido como greda

 As dificuldades que Smith encontrava eram


inúmeras, visto que não conhecia teorias
como a deriva continental ou os tempos
geológicos estabelecidos por datações
Ele não conhecia o que a geologia moderna nos permite conhecer sobre a região
do Reino Unido – que a maior parte do período de 51 milhões de anos que
começou no início do período Jurássico, há 208 milhões de anos atrás, estava
coberta por um mar raso, na extremidade ocidental de um vasto oceano
conhecido como Tethys, com a Inglaterra posicionada mais próxima ao Equador,
em águas subtropicais e mornas
O mar naqueles tempos não
possuía uma profundidade
uniforme, já que se
encontrava na borda do
Oceano de Tethys, e às
vezes estava próximo das
massas de terra das quais
os rios cascateavam ou
brotavam, onde estuários
eram formados, vulcões
entravam em erupção,
penhascos desmoronavam
e correntes de areia e água
varriam os desfiladeiros,
significando que vários
tipos diferentes ou
semelhantes de rochas
podem ser criados ou
depositados em lugares
diferentes; enfim, Smith não
tinha condições de
entender a paleogeografia
de sua área de estudo
DERIVA CONTINENTAL
 Em 1915, Alfred Wegener, baseando-se na observação de um mapa-mundi e outros
indícios, percebeu que as linhas da costa atlântica da América do Sul e da África poderiam
se encaixar como um quebra-cabeças gigante

 A explicação encontrada foi que os continentes poderiam, no passado, ter estado juntos e
que mais tarde foram separados

 A similaridade entre rochas, estruturas geológicas e fósseis convergiu para que esta teoria
fosse comprovada décadas mais tarde, pela Tectônica de Placas

 Wegener denominou a massa continental unificada como um supercontinente chamado


Pangéia (Pan = todo e Gea = Terra), e a sua separação como um resultado da deriva
continental
 Para Smith, comparando as
rochas de 2 vales diferentes,
estas poderiam ser
semelhantes, mas indicavam
períodos diferentes de tempo,
aparentemente sob as mesmas
condições de formação. Como
diferenciá-las?

 Os blocos rochosos podiam ter


a mesma cor, reagirem aos
mesmos ácidos, possuírem as
mesmas características
granulométricas observadas
nos grãos com o uso da lupa,
mas os fósseis – os bivalves, as
amonitas, os gastrópodes, os
corais – todos eram sutilmente
diferentes
 Cada espécime de um tipo de fóssil poderia
ser o mesmo numa camada, mas era
sutilmente diferente dos do mesmo tipo
encontrado numa outra camada. Um período
de tempo teria transcorrido entre a
existência dos dois tipos de animais que as
camadas abrigavam, por uma questão de
evolução, mas Smith não tinha a menor
idéia disto

 Tudo que sabia era que os animais


encontrados nas camadas de baixo eram
mais primitivos, e os encontrados na
camadas mais acima, menos primitivos

 Dia após dia, durante os levantamentos


topográficos Smith tentava testar sua teoria,
lascando e observando rochas, arrancando
fósseis e os catalogando. À medida que esta
coleta sistemática progredia, sua teoria era
confirmada e reafirmada: uma camada de
rocha poderia ser identificada pelos fósseis
que eram encontrados dentro dela
“Determinadas camadas têm determinados fósseis, que são
únicos e peculiares àquela camada e àquele período de tempo na
história geológica”
 Entretanto, embora Smith
desenhasse perfis e tabelas
que confirmavam suas
descobertas, havia a maior
dificuldade em mostrar como
estas camadas estavam
expostas horizontalmente, isto
é, como os afloramentos eram
mostrados geograficamente

 Observando mapas de solos e


tipos de vegetação coloridos
produzidos por agricultores,
Smith esboçou um mapa da
geologia dos arredores da
região da cidade de Bath, sul
da Inglaterra, utilizando como
base um mapa da cidade. Tal
região possui afloramentos
muito evidentes do Jurássico,
possibilitando uma observação
detalhada destas rochas
 Transferindo as anotações de
seus livros de levantamento
topográfico, especificou as
camadas e fósseis presentes,
tais como oólitos com
amonitas específicas, calcário
lias com Lingula, margas
vermelhas com Ostrea nos
vales e depósitos nos rios com
conchas de moluscos,
extrapolando a inclinação das
camadas e detalhes de direção,
publicando-o em 1799

 Ainda no mesmo ano, com a


ajuda de dois colecionadores
de fósseis, Smith enumerou 23
faixas de rochas reconhecíveis
a partir dos fósseis
encontrados nelas, para serem
consideradas separadas e
únicas
 Para se ter uma idéia, havia uma
diferença marcante entre duas
camadas diferentes - era uma
relação de transição discordante e
a diferença entre os fósseis –
restos de animais acima e restos
vegetais abaixo, indicando uma
fronteira geológica que hoje é
conhecida como a transição entre o
Paleozóico e o início do Mesozóico

 Assim, pela primeira vez estava


montada uma descrição da história
do planeta, através de uma ciência
básica e elementar cujas raízes
começavam então a ser
solidamente formadas no início do
século XIX

 O sucesso do primeiro mapa


geológico do mundo da região em
torno de Bath levou-o a pensar: por
que não fazer um mapa de toda a
Inglaterra?
 Já com alguns problemas de
endividamento e trabalhando como
autônomo, William Smith começou
modestamente a dar rumo ao seu
objetivo. Escolheu como mapa base
uma cópia de uma Atlas da Inglaterra e
do País de Gales publicado em 1794 e,
executando novos levantamentos
topográficos, pôs-se a trabalhar
incessantemente no mapeamento das
camadas

 Seu mapa, além de colorido na


diferenciação das rochas, ainda
contava com uma técnica manual em
que as cores clareavam à medida que
se afastavam das partes mais baixas
dos afloramentos, de modo que na
base a cor é mais forte e aos poucos
fica mais suave até a interseção com a
camada de rochas acima dela, que tem
cores igualmente fortes que
empalidecem depois
 Executando trabalhos em
fazendas como drenagem de
pântanos para torná-las áreas
agricultáveis, Smith começou a
perceber que se demorasse muito
em colocar suas idéias
completamente no papel, seria
deixado para trás. Assim, publicou
um prospecto de suas
descobertas especialmente no
tocante à ordem das camadas, que
encantou a todos, com a epígrafe
“Toda a natureza não passa de
uma arte desconhecida”, de
Alexander Pope

 O prospecto despertou o
interesse da comunidade
científica, e todos estavam
aguardando a futura publicação de
um livro completo sobre a
geologia da Inglaterra. Entretanto,
problemas com a editora não
deixaram o livro ser publicado
Mesmo assim, William Smith continuou seu trabalho, sempre enfadonho nos
levantamentos. Aqui, já sentia o problema do dinheiro lhe alcançando, mesmo
com as ferramentas utilizadas; por exemplo, quando estava trabalhando, levava
no mínimo 40 mapas ao mesmo tempo, que, pelo tempo que levavam para serem
gravados, eram extremamente caros. Além disso, as propriedades que tinha
adquirido começavam a ter impostos muito maiores do que seus ganhos,
especialmente porque decidiu se estabelecer em Londres, a fim de participar da
corrida cartográfica que estava acontecendo no país
 O fato de não ter uma
educação formal e nem uma
descendência aristocrática
levaram-no a sofrer
humilhações por partes do
londrinos, que o viam apenas
como um camponês
excêntrico

 Felizmente, sua amizade com


o botânico Joseph Banks
permitiu a Smith novo fôlego
para continuar seu trabalho,
incentivado por Banks, que na
época era presidente da
Sociedade Real de Londres
 Viajando incessantemente, Smith
executava trabalhos como
topógrafo, canalizador, examinador
de possíveis jazidas de carvão em
propriedades rurais, engenheiro
contra inundações, drenador de
pântanos, ao mesmo tempo em que
agora era um treinado observador
estratigráfico, colhia amostras de
amonitas, desenhava sequências
das rochas e mapeava o
subterrâneo inglês

 Enquanto isso sua vida pessoal


declinava, com endividamentos
sucessivos. Em 1807 teve uma de
suas maiores decepções: houve a
fundação da Sociedade Geológica
de Londres, para a qual não foi
convidado
 Para sua sorte, em meados de 1812 o
cartógrafo mais importante do país, John
Cary, concordou em imprimir e publicar o
mapa de William Smith, o que deu novo
vigor à sua pesquisa. Cary iria fazer uma
mapa topográfico da Inglaterra e do País
de Gales, e Smith sobreporia sua
informações geológicas a este

 O mapa geológico foi finalmente


publicado em 1815, pintado à mão e
cuidadosamente trabalhado em dezesseis
placas de cobre, 15 para o mapa e uma
para exemplificar um perfil geológico do
país

 Contudo, embora o mapa tenha sido um


sucesso inicialmente, a Sociedade
Geológica de Londres, liderada por um
jovem aristocrata bem sucedido,
desprezou a publicação de Smith e sua
incrível coleção de fósseis, com 2.657
exemplares
 Mas o pior estava por vir. A
Sociedade Geológica de Londres
decidiu – coincidentemente depois
de examinar o mapa e a coleção de
fósseis de Smith – criar seu próprio
mapa geológico da Inglaterra

 Além de sem dúvida copiarem os


limites do árduo trabalho de Smith,
os organizadores da Sociedade
decidiram estupidamente que seu
mapa não deveria sugerir em
hipótese alguma a suposta
importância dos fósseis, e rodaram
alguns locais da Inglaterra
contratando tudo e a todos para
exercer a mão-de-obra pesada que,
20 anos antes, começara a ser
realizada por um único homem
Contudo, nem mesmo a venda de sua prestigiada coleção de fósseis ao Museu de
História Natural, ou a venda de seu mapa geológico ou seus levantamentos
topográficos e de canais foram suficientes para evitar a ruína de William Smith;
em junho de 1819 foi confinado na prisão de devedores, e ficaria por lá durante
quase 3 meses
 Arruinado, deixou Londres para viver
no campo, e voltaria apenas 12 anos
depois à cidade, numa reviravolta dos
acontecimentos. Durante este
período, viveu de estalagem em
estalagem no campo, realizando
pequenos trabalhos. Neste meio
tempo, cuidou da educação de um
sobrinho, que ironicamente viria a se
tornar professor de Geologia em
Oxford e presidente da Sociedade
Geológica de Londres

 Pode ser citado também sua


contribuição ao Museu da Cidade de
Scarborough (Rotunda), projetado
com o objetivo específico de permitir
que fósseis da costa de Yorkshire
fossem observados na sua ordem
cronológica; o prédio era em forma de
domo com uma escada em espiral
onde se podiam ver os fósseis mais
antigos do Triássico nos andares
mais baixos e fósseis do Cretáceo
nos andares mais acima
Na década de 1830, sua contribuição à ciência da Geologia foi finalmente
reconhecida, e em 1831 William Smith foi premiado com a primeira Medalha
Wollaston da história, uma espécie de Prêmio Nobel da Geologia
 O brilhantismo do trabalho de W. Smith pode ser notado
comparando-se seu mapa de 1815 com o mapa produzido
atualmente pelo British Geological Survey

 A semelhança de tantos detalhes é a prova da precisão e


seriedade do trabalho de Smith; a diferença é que o mapa do BGS
é resultado do trabalho de milhares de pessoas, enquanto que o
primeiro mapa verdadeiramente geológico do mundo, desenhado
um século antes, é o resultado da dedicação e determinação de
um único homem, que trabalhou quase 20 anos sozinho

 O mapa original encontra-se exposto na Burlington House de


Londres, gravado e colorido à mão, com mais de 2,5 x 2 m, com o
título “Esboço das Camadas da Inglaterra e do País de Gales com
parte da Escócia; mostrando as Minas de Carvão e Jazidas, os
Pântanos e as Terras Alagadas originalmente inundadas pelo
Mar; as Variedades de Solo segundo as Variações das
Subcamadas, ilustradas pelos Nomes Mais Descritivos”
 Os pressupostos de Smith ajudaram o anatomista Georges
Cuvier a elaborar os princípios da Paleontologia

 As idéias expressas no trabalho de Smith influenciaram


outro geólogo importantíssimo na história, Charles Lyell
(1797-1875), que publicou entre 1830 e 1875 seu clássico
“Principles of Geology”, utilizadas inclusive por Charles
Darwin em sua viagem a bordo do Beagle

 O mapa de Smith anunciou o início de uma nova ciência,


estabelecendo as bases para a exploração de petróleo, ferro
e carvão, e em outros países diamantes, estanho, platina e
prata, além de estabelecer alicerces de um campo de
estudos que culminou no trabalho de Darwin. Pelo efeito de
suas exposições, o primeiro mapa geológico da Terra é
chamado de “o mapa que mudou o mundo”
CONCEITOS
ESTRATIGRÁFICOS
 A Estratigrafia
constitui a base da
interpretação de
eventos geológicos a
partir do registro de
disposição das
rochas

 As rochas
sedimentares
possuem as
principais indicações
de processos de
deposição que
resultam em camadas
diferenciadas com
sucessão
estratigráfica ou
acamamentos
ESTRATIGRAFIA

Baseada nos princípios


indicados por Nicolau
Steno, século XVII

 Superposição
 Horizontalidade
Original
 Continuidade Lateral
FUNDAMENTOS
 A reconstrução da história geológica a partir da sucessão
estratigráfica baseia-se em dois princípios para a interpretação

 Princípio da horizontalidade, em que os sedimentos são


depositados como camadas horizontais, embora possam ser
dobrados ou inclinados por deformações de origem tectônica após
a deposição

 Princípio da superposição, em que uma camada de rocha


sedimentar é mais nova que a camada sobreposta. O senso comum
geológico coloca que uma camada mais nova não pode se alojar
embaixo de uma camada já depositada

 Tal princípio permite ver uma série de camadas como uma espécie
de linha de tempo vertical, ou um registro que abrange desde a
camada mais inferior até a deposição da mais superior
SUCESSÃO ESTRATIGRÁFICA E O
PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO
 Embora a estratigrafia seja indicador da geocronologia de um
ambiente, os sedimentos não se acumulam em uma taxa constante
e não indicam quantos anos se passaram entre cada período de
deposição, como o que ocorre em um ambiente fluvial

 As marcas de onda são registros geológicos das oscilações


ambientais e refletem a energia das deposições e fluxos, que
possuem em diferentes aspectos inconstância em suas formações
Outro registro que ocorre em ambiente fluvial são as linhas de pedra
(stone-lines) que marcam as oscilações climáticas quaternárias de
períodos secos e úmidos que inferem antigos níveis de base
DEPOSIÇÃO EM AMBIENTE FLUVIAL
Como a estratigrafia única e exclusivamente não pode ser utilizada para
fornecer as idades relativas de duas camadas diferenciadas, os registros
fósseis são instrumentos que complementam e constroem com exatidão o
histórico geológico
 Mesmo datadas, as
camadas frequentemente
possuem camadas
ausentes em suas
formações, devido à
erosão diferenciada antes
da camada subsequente
ter sido acumulada

 Nesses casos, a
superfície ao longo do
qual essas duas
formações se encontram é
chamada de discordância,
ou uma superfície entre
duas camadas que não
foram depositadas numa
sequência contínua
Cronoestratigrafia
Outras Influências da Geomorfologia -
Paleontologia e Biologia

 Catastrofismo: o exemplo de Georges Cuvier


(1769-1832)

 Evolucionismo: Charles Darwin (1859)

- Mudança através do tempo

- Organização (estruturas e
funções das comunidades)

- Luta e seleção

- Aleatoriedade e chance
Paleontologia evolucionista

Influências:

 Principles of Geology, 1830-1833 de C.


Lyell
 Essay on the Principle of Population,
1798 de T. Malthus
 Ideias de Darwin: Seleção Natural
 Legado: explicação para a
perpetuação das variações e a
ancestralidade comum Darwin
Paleontologia evolucionista

 Ideias de Wallace: Seleção


Natural e Distribuição
diferencial dos táxons

Legado: teoria evolutiva e


regiões biogeográficas

Wallace
BIOESTRATIGRAFIA
Baseada na correlação estratigráfica através do
conteúdo fossilífero

 Fósseis contemporâneos à acumulação das camadas


 Classificação definida pela zona bioestratigráfica
Cronobioestratigrafia

E
B

F
D
 Tanto a Estratigrafia
como a Bioestratigrafia
pressupõe processos
de sedimentação e
outros decorrentes para
sua investigação

 Após a sedimentação e
soterramento final dos
pacotes sedimentares e
fósseis, podem ocorrer
vários eventos na
interface crosta-
atmosfera que alteram
a conservação da
rocha e complicam a
investigação
estratigráfica /
bioestratigráfica
Exumação

Erosão

Dissolução (Ex.: trilobita) Substituição (Ex.: hematita)


Compactação

Metamorfismo

 Fato: necessário conhecer-


se as unidades
estratigráficas e sua história
para o entendimento das
unidades bioestratigráficas e
seu zoneamento Outras transformações químicas
Subdivisões

 Unidades
Litoestratigráficas

ESTRATIGRAFIA  Unidades
Bioestratigráficas

 Unidades
Cronoestratigráficas
 Supergrupo: associação de grupos e/ou formações
que possuam características litoestratigráficas inter-
relacionadas
 Grupo: associação de duas ou mais formações por
características ou feições litoestratigráficas comuns
 Subgrupo: associação de algumas das formações
constituintes de um grupo
 Formação: corpo de rocha que apresenta certo grau
de homogeneidade litológica, com características
 Unidades distintivas, significado estratigráfico, mapeabilidade e
Litoestratigráficas constituição sedimentar, vulcânica ou metamórfica de
baixo grau
 Membro: unidade distinguível das partes adjacentes de
uma formação, com atributos variáveis
 Camada: corpo de rocha numa sequência estratificada
litologicamente diferenciada das camadas acima e
abaixo da mesma
 Complexo: associação de tipos de rochas com ou sem
estrutura altamente complicada
 Suite: unidade constituída pela associação de rochas
intrusivas ou metamórficas de alto grau, discriminadas
por características texturais, mineralógicas ou químicas
 Corpo: unidade que denomina rochas intrusivas
constituídas por um único tipo de rocha
Há ainda a Fácies, que se compreende como um corpo rochoso caracterizado por
uma combinação de atributos litológicos, físicos e biológicos, designando corpos
rochosos similares de mesmo ambiente deposicional

Exemplo descritivo das litofácies de uma formação cenozóica


A fácies atribui variações laterais ao longo da escala têmporo-espacial em relação
às mudanças ambientais
Exemplo: variação dos sedimentos depositados na costa, que indicam fases no
tempo geológico de transgressões e regressões marinhas

Efetividade das ondas e correntes como agentes de transporte é diminuída conforme se aumenta a
profundidade. Na figura acima não há mudança vertical da fácies, apenas lateral. Este tipo de
variação indica que as taxas de sedimentação e subsidência permaneceram constantes e que o nível
do mar não variou
Exemplo: nível do mar desce ocasionando regressão marinha,
produzindo variação litológica vertical e lateral (tamanho dos
seixos diminui conforme se aumenta a profundidade)
Exemplo: nível do mar desce ocasionando transgressão marinha,
produzindo variação litológica vertical e lateral (tamanho dos
seixos diminui conforme se diminui a profundidade)
 Superzonas: diversas zonas agrupadas

 Zona: camada ou pacote de camadas com


uma ou mais ocorrências de fósseis dos quais
um ou mais empresta seu nome à zona. A
zona bioestratigráfica (biozona) define-se
única e exclusivamente pelo seu conteúdo
fossilífero sem considerar a litologia, ambiente
 Unidades inferido ou conceito de tempo. Pode-se dividir
um pacote de estratos em zonas diferentes,
Bioestratigráficas não necessariamente coincidentes, de acordo
com os critérios e fósseis usados como
diagnóstico

 Subzonas: menores unidades


bioestratigráficas. Compreendem normalmente
uma única camada ou uma pequena
espessura de camadas

 Biohorizonte: superfícies de mudança


bioestratigráfica ou de caráter bioestratigráfico
peculiar
A bioestratigrafia e sua associação com a idade das rochas é marcada na
paleontologia pela utilização dos fósseis-guias, que são espécies com intervalo de
vida no tempo geológico e zoneamento bioestratigráfico relativamente pequenos, o
que facilita a precisão da datação relativa
Uso dos fósseis – bioestratigrafia e idade das rochas
Uso dos fósseis – correlação e paleogeografia
Uso dos fósseis – reconstrução de ambientes (paleoecologia)
 Eonotema: unidade que designa mais de uma
Era
 Eratema: correspondente a Era
 Sistema: correspondente a Período
 Série: correspondente a Época
 Unidades  Andar: correspondente a Idade
Cronoestratigráficas  Cronozona: menor unidade
cronoestratigráfica, cuja duração depende de
uma unidade estratigráfica pré-estabelecida,
tal como uma formação ou membro com
biozona
 Cronohorizonte: em teoria não possui
espessura, mas na prática pode ser aplicado
como camada-guia

Hierarquia convencional de termos


cronoestratigráficos e geocronológicos
Cronoestratigrafia Geocronologia
Eonotema Eon
Eratema Era
Sistema Período
Série Época
Andar Idade
Cronozona Cron
 Normalmente a
posição de uma
unidade
cronoestratigráfica se
expressa por adjetivos
como basal, inferior,
médio, superior, etc;
para unidade
geocronológica são
usados os adjetivos eo
ou antigo, meso e neo
ou tardio
ESCALA DO TEMPO
GEOLÓGICO
ÉON

FANEROZÓICO

0,54 Ba
PROTEROZÓICO

2,5 Ba
ARQUEANO

3,8 Ba
HADEANO
4,5 Ba
Fanerozóico = “vida visível” Criptozóico = “vida escondida”
FANERO-
ZÓICO CRIPTOZÓICO
phaneros, cryptos – “escondido” + zoos – “vida”
“visível”
Pré-Cambriano
 88% do Tempo Geológico

 Inicialmente não identificado por causa da


ausência de fósseis com carapaça

 Geocronologia permitiu definir as idades absolutas


das camadas rochosas

 Caracterizado por processos intensos de


deformação e metamorfismo. Erosão e deposição
de sequências mais jovens
ESCALA DO TEMPO
GEOLÓGICO
ÉON ERA

FANEROZÓICO CENOZÓICO

0,54 Ba
PROTEROZÓICO MESOZÓICO
2,5 Ba
ARQUEANO
3,8 Ba PALEOZÓICO

HADEANO
4,5 Ba
ESCALA DO TEMPO
GEOLÓGICO
ÉON ERA PERÍODO MILHÕES DE ANOS

QUATERNÁRIO
FANEROZÓICO CENOZÓICO 1,8
TERCIÁRIO
65
CRETÁCEO
144
PROTEROZÓICO MESOZÓICO JURÁSSICO
206
TRIÁSSICO
248
PERMIANO
290
ARQUEANO PENSILVANIANO
CARBONÍFERO 323
MISSISSIPIANO
PALEOZÓICO
354
DEVONIANO
417
HADEANO SILURIANO
443
ORDOVICIANO
490
CAMBRIANO
540
História da Terra - Súmula

 Minerais mais antigos conhecidos ~ 4280 Ma.


 Rochas mais antigas conhecidas ~ 4030 Ma.
 Formação extensa de rochas continentais ~ 2700 Ma.
 Oxigênio livre na superfície do planeta ~ 2000 Ma.

 Supercontinente Rodínia ~ 1300 Ma.


 Supercontinente Gondwana ~ 700 Ma.

 Início do Fanerozóico (expansão da vida) ~ 545 Ma.


 Supercontinente Pangea ~ 300 Ma.

 Abertura do Atlântico Sul ~120 Ma.


 Início do Terciário (extinção dos grandes répteis) ~ 65 Ma.
 Início das glaciações do Quaternário ~ 2,5 Ma.
 Aparecimento do Homo Sapiens ~ 0,5 Ma.
Outras influências importantes na Geomorfologia:

 Solos: V. V. Dokuchaev (1893) - fundamentos da


Pedologia

 Deriva continental: Alfred Wegener (1815)

 Wladimir Köppen (1936): classificações


climáticas

 Thornthwaite (1948): contribuição à Hidrologia

 Biogeografia: Clements (1916)

 Glaciologia: Agassiz (1840)


Influência Direta:

 Ciclo Geográfico de W. M. Davis (1899)


Hutton, Playfair

Lyell

Darwin

DAVIS
Crítica ao Uniformitarismo: exemplo de Channeled
Scablands, EUA
Orme,
2002
Mas porquê a Teoria do Ciclo Geográfico
davisiano figurou no cenário científico da
Geografia Física até pelo menos a década de
1950?

 Refletia as tendências positivistas e


evolucionistas da época;

 Fácil entendimento para os leigos;

 Facilidade de acesso (língua e divulgação);

 Teórico mas ao mesmo tempo aplicável;

 “Geográfico no Geológico” (MONTEIRO, 2001)


Mas porquê a Geomorfologia tomou a frente nas
pesquisas associadas à Geografia Física?

 Originalidade quanto ao objeto de estudo: forma do


relevo indissociável do meio e elemento síntese dos
processos interativos entre a crosta e a baixa atmosfera;

 Aplicação à visão catastrofista, evolucionista e


positivista;

 possibilidade do raciocínio escalar e dimensionamento


têmporo-espacial dos fenômenos;

 Relevo: componente visível e mensurável da paisagem


“Marcos Conceituais”:

 T. H. Huxley (1877): “Physiography”

 G. K. Gilbert (1877): “Report on the Geology of the Henry Mountains”

 Emmanuel De Martonne (1909): “Traité de Géographie Physique”

 Walther Penck (1924): “Recuo paralelo das vertentes”

 C. H. Crickmay (1933): “Panplano”

 E. J. Wayland (1933): “Etchplano”

 L. C. King (1953): “Pediplano”

 J. Büdel (1957): “Duplas superfícies de aplainamento”

 Hack (1960): incorporação do princípios de equilíbrio dinâmico – paisagem não


evolui conforme um modelo generalizado, pode haver multiplicidade e singularidade
de acordo com os processos erosivos e a resistência litológica, ambos diacrônicos

 Modelagens evolutivas, a exemplo dos estudos das vertentes ( p. ex. Carson &
Kirkby, 1971)

 Décadas de 70 e 80: incorporação do Homem como agente modificador da


Paisagem, e não apenas sujeito (incorporação do fator antrópico, muitas vezes
protagonista nas modificações)

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