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Brasil volta a concentrar renda após

década de avanços
Marlene Bergamo-22.jul.15/Folhapress

Favela começa a aparecer dentro de conjunto habitacional no Jaguaré, zona oeste de


São Paulo

FERNANDO CANZIAN
DE SÃO PAULO

24/03/2016 02h00

A recessão e as crises política e fiscal do ano passado levaram o Brasil a registrar pela
primeira vez desde 1992 a combinação de queda na renda com o aumento da sua
desigualdade.

O resultado marca o fim de um período de 14 anos consecutivos de melhora na equidade


social brasileira, uma das grandes marcas dos governos do PT.

Em mais de duas décadas, desde o início da série da chamada Nova Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios) em 1992, nunca renda e desigualdade pioraram
juntas no país.

Nas crises de 1999 e 2003, por exemplo, embora a renda dos brasileiros tenha registrado
recuos expressivos, a desigualdade não cresceu.

Editoria de Arte/Folhapress
Melhora na renda e equidade social chegam ao fim

No intervalo entre essas crises, quando a desigualdade cresceu, a renda registrou


pequenas altas.

A grande "virada" negativa ocorreu no último trimestre de 2015.

Desemprego, inflação, queda nos rendimentos e a crise fiscal (que compromete o


financiamento de programas sociais) tendem a acentuar daqui em diante esse quadro de
deterioração.

"É um fenômeno que estava latente mas aparece de forma explosiva subtraindo trabalho,
que tem sido a base do progresso brasileiro, sugerindo nova direção para o futuro", afirma
Marcelo Neri, diretor do FGV Social, da FGV-Rio, e ex-ministro-chefe da Secretaria de
Assuntos Especiais da Presidência no governo Dilma Rousseff.

O economista diz que até 2014 o país apresentava "surpreendentes" aumento na renda e
melhora na desigualdade, apesar de todos os problemas macroeconômicos.

"É como se o brasileiro tivesse agido como um 'Indiana Jones' em meio a todas as
adversidades, saltando de empregos formais perdidos para bicos ou para novos negócios",
diz. "Mas isso chegou ao limite."

Levando em conta a interação entre os comportamentos adversos da renda e sua


distribuição, Neri calcula em -3,75% a queda do bem-estar geral da nação em 2015.
Este índice sintetiza os dois lados do crescimento inclusivo, conferindo mais peso a quem
ganha menos, valorizando também a maior proximidade das condições de vida entre
brasileiros.

Em 2015, a renda do trabalho per capita caiu expressivos -3,2%. Já a renda total recuou
menos (-2,2%) por incluir especialmente benefícios previdenciários, reajustados além da
inflação.

Com a crise fiscal atual e a necessidade de um forte ajuste, a tendência da renda total é de
quedas maiores. No ano passado, por exemplo, o Bolsa Família não foi reajustado.

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avancos.shtml

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http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/07/1659808-puxadao-favela-cresce-dentro-de-area-do-
cingapura-terreno-foi-divido-por-23-familias.shtml

Favela começa a aparecer dentro de conjunto habitacional no Jaguaré, zona oeste de São Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/07/1659808-puxadao-favela-cresce-dentro-de-area-do-
cingapura-terreno-foi-divido-por-23-familias.shtml

aumento da sua desigualdade


http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/11/1706315-desigualdade-recua-pelo-10-ano-mas-ciclo-da-
sinais-de-esgotamento.shtml

renda
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/02/1739399-renda-per-capita-do-brasileiro-diminui-e-se-
distancia-de-paises-emergentes.shtml

problemas macroeconômicos
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/02/1744853-insercao-global-do-brasil-passa-por-solucao-de-
entraves-economicos.shtml

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