Você está na página 1de 52

CENTRO DE FORMAÇÃO DE SAÚDE MULTIPERFIL

3º CURSO DE PÓS-LICENCIATURA DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM


DE SAÚDE MATERNO-INFANTIL

UNIDADE CURRICULAR: RELATÓRIO II - ELABORAÇÃO DA MONOGRAFIA

RESPONSABILIDADE DO ENFERMEIRO
ESPECIALISTA NA PROMOÇÃO DO CONFORTO
COM A MULHER EM TRABALHO DE PARTO

Ângela de Nascimento Gaitala Cunha

LUANDA, NOVEMBRO, 2018


CENTRO DE FORMAÇÃO DE SAÚDE MULTIPERFIL

3º CURSO DE PÓS-LICENCIATURA DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM


DE SAÚDE MATERNO-INFANTIL

UNIDADE CURRICULAR: RELATÓRIO II - ELABORAÇÃO DA MONOGRAFIA

RESPONSABILIDADE DO ENFERMEIRO
ESPECIALISTA NA PROMOÇÃO DO CONFORTO
COM A MULHER EM TRABALHO DE PARTO

Ângela de Nascimento Gaitala Cunha

MONOGRAFIA

ORIENTADORES: Maria José Ribeiro Teixeira Enfermeira Especialista em Saúde


Materna e Obstetrícia Professora: Cristina Falcão. Enfermeira Especialista em Saúde
Materna e Obstétrica Professora. Henrique Tembo Enfermeiro Especialista em Saúde
Materna Infantil, Professor.

Centro de Formação de Saúde Multiperfil

LUANDA, NOVEMBRO 2018


CENTRO DE FORMAÇÃO DE SAÚDE MULTIPERFIL
3° CURSO DE PÓS – LICENCIATURA DE
ESPECIALIZAÇÃOEM ENFERMAGEM DE SAÚDE
MATERNO- INFANTIL

Ângela de Nascimento Gaitala Cunha

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do curso de


Pós – Licenciatura de Especialização em Enfermagem Materno-Infantil.

Monografia aprovada em ____ / 11 / 2018


Com a classificação final de ________ valores
Assinatura
() ___________________
(Presidente)
() ____________________________________
(Arguente)
Henrique Tembo. (Enf. Especialista) ______________________________
(Orientador)
Vigie seus pensamentos, pois eles se tornam palavras, pois elas se tornam
acções. Cuidado com as suas acções, porque elas se tornam hábito. Cuidado com seus
hábitos porque eles se tornam seu carácter.

Arminda Beatriz
Aos meus filhos, Janeth, Rita,
Bernulher, Cidália e
Ladislev, especialmente o
meu esposo David Cunha
pelo incentivo, apoio moral e
paciência ao longo dos 22
meses de formação, dedico
este modesto trabalho.
AGRADECIMENTOS

A Deus Pai todo-poderoso, por ter- me dado saúde e força para superar as
dificuldades ao longo do Curso.
Ao meu pai que me tem dado muita força e coragem para poder continuar a
formação.
Ao meu esposo em especial, pela compreensão, amor, incentivo e apoio
incondicional ao longo da formação.
Aos meus queridos filhos, que apesar da minha ausência se mantiveram sempre
firmes, me garantindo tranquilidade com suas palavras encorajadoras, dizendo que está
tudo bem e sob controlo, não se preocupa.
A todos os professores pela mestria na transmissão de conhecimentos, em especial
à professora Doutora Helena José que com a sua sabedoria mantém o Centro de Formação
de Saúde Multiperfil firme, prestando um ensino profissional com qualidade e rigor.
Aos professores orientadores Cristina Falcão, Henrique Tembo e Maria José
Teixeira, pela disponibilidade, carinho, paciência na correcção e orientação deste
trabalho.
As professoras Ana Paula Duarte, Ariana Chávez e Cristina Falcão; o meu muito
obrigado por fazerem parte da minha transformação como pessoa e profissional.
A todos os professores do Centro de Formação de Saúde Multiperfil que de forma
directa ou indirecta contribuíram para este Curso.
Ao colectivo de trabalhadores da área administrativa do CFS, pela prontidão.
LISTA DE ABREVIATURAS, ACRÓNIMOS E SIGLAS

CPLEESMI – Curso de Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem de


Saúde Materno- Infantil
C.S.S. – Centro de Saúde da Samba
C.F.S. – Centro de Formação de Saúde
H. M. S. – Hospital Municipal da Samba
I. E. C. – Informação, Educação, Comunicação
MINSA— Ministério da Saúde de Angola
R/N – Recém - Nascido
S.P – Sala de Partos
TP- Trabalho de Parto
O.M.S. – Organização Mundial da Saúde
RESUMO

O presente estudo aborda o conforto como uma estratégia não farmacológica de


alívio da dor, para a condução de um trabalho de parto, proporcionando um ambiente
favorável, em que a mulher se sinta cuidada com afecto, respeito, segurança, atenção e
amor; sendo que este promove a tranquilidade durante o trabalho de parto. O processo do
nascimento é intrínseco ao viver da humanidade, conforme a cultura e o meio em que a
mulher-mãe está inserida, razão pela qual a intensidade da dor no trabalho de parto e parto
pode ser vivenciada de forma diferente. Este trabalho teve como objectivo geral,
conhecer as acções realizadas pelos enfermeiros, que visam a promoção do conforto em
mulheres durante o trabalho de parto. Como objectivo específico, incentivar acções de
enfermagem que promovam o conforto em mulheres durante o trabalho de parto.
Método: O estudo foi realizado através da revisão narrativa da literatura, com recurso a
bibliografia electrónica, artigos científicos, manuais e livros. Resultados: a literatura
consultada aponta o conforto como uma intervenção de enfermagem essencial com as
mulheres durante o trabalho de parto. Conclusão a promoção do conforto em mulheres
durante o trabalho de parto implica um conjunto de conhecimentos e responsabilidades
por parte dos profissionais de enfermagem, para identificação das necessidades e
problemas de forma a minimizá-los.

Palavras chave: Conforto, cuidados de enfermagem, trabalho de parto.


ABSTRACT

The present study approaches comfort as a non-pharmacological strategy of pain relief


for the performance of labor, providing a favorable environment in which the woman
feels cared for with affection, respect, security, attention and love; being that this
promotes tranquility during labor. The process of birth is intrinsic to the life of mankind,
according to the culture and environment in which the woman-mother is inserted, which
is why the pain intensity in labor and delivery can be experienced differently. The general
objective of this study was to know the actions performed by nurses, aiming at promoting
comfort in women during labor. As a specific objective, to encourage nursing actions
that promotes comfort in women during labor. Method: The study was carried out
through the narrative review of the literature, using electronic bibliography, scientific
articles, manuals and books. Results: the assessed literature refers to comfort as an
essential nursing intervention with women during labor. Conclusion: the promotion of
comfort in women during labor implies a set of knowledge and responsibilities on the part
of the nursing professionals, to identify the needs and problems in order to minimize
them.

Key words: Comfort, nursing care, labor.


ÍNDICE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 23
1.TEÓRIA DE KATHERINE KOLCABA ................................................................ 26
1.1.PROMOÇÃO DO CONFORTO EM MULHERS DURANTE O TRABALHO DE
PARTO........................................................................................................................ 27
1.2. CONFORTO RELACIONAL .............................................................................. 29
1.3. RELEVÂNCIA DO TEMA PARA ENFERMAGEM ........................................ 30
1.4. SENTIMENTO EXPRESSADO PELAS MULHERES DURANTE O
TRABALHO DO PARTO .......................................................................................... 31
1.5. DESCONFORTO/FISIOLOGIA DO TRABALHO DO PARTO ....................... 31
2.METODOLOGIA ...................................................................................................... 33
2.1. TIPO DE ESTUDO .............................................................................................. 34
2.2. SELECÇAO DOS ARTIGOS .............................................................................. 34
2.3. LIMITAÇÕES...................................................................................................... 35
3. APRENDIZAGENS E COMPETÊNCIAS DESENVOLVIDAS ......................... 36
3.1.COMPETÊNCIAS DO DOMÍNIO DA GESTÃO DOS CUIDADOS ................ 36
3.2. COMPETÊNCIAS DO DOMÍNIO DA RESPONSABILIDADE
PROFISSIONAL, ÉTICA E LEGAL ......................................................................... 39
3.4. COMPETÊNCIAS DO DOMÍNIO DA MELHORIA CONTÍNUA DA
QUALIDADE ............................................................................................................. 40
3.4.COMPETÊNCIAS DO DOMÍNIO DAS APRENDIZAGENS PROFISSIONAIS
..................................................................................................................................... 42
3.5. COMPETÊNCIAS ESPECIFICAS DESENVOLVIDAS ................................... 44
3.5.1. Competências específicas relativas á enfermafem de saúde materna e
obstétrica. ............................................................................................................... 44
3.5.2. Competências específicas respeitantes à enfermagem de saúde infantil em
contexto hospitalar ................................................................................................ 47
4.APRESENTAÇÃO ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................. 53
5.CONCLUSÃO 57
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 58
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição dos artigos segundo o ano de publicação……………………41


INTRODUÇÃO

O presente trabalho enquadra-se na Unidade Curricular de Relatório II -


Elaboração de Monografia de Conclusão do 3º Curso de Pós-Licenciatura de
Especialização em Enfermagem de Saúde Materno-Infantil, ( CPLEESMI ) que teve a
duração de 2900 horas,sendo 1364 horas na componente teórica e 1536 na prática. A
prática esteve dividida em três fases:

Estágio I, correspondente à Unidade Curricular de Enfermagem de Saúde Materna


e Infantil na Comunidade, que decorreu no Centro de Saúde da Samba e Centro de Saúde
Santa Maria, nos serviços de Triagem, Vacinação, Consultas de Enfermagem Infantil,
Nutrição, Consultas de Vigilância Pré-Natal, Planeamento Familiar e Salas de Espera,
onde foram realizadas as sessões de educação para saúde.

Estágio II ,inserido na Unidade Curricular de Enfermagem de Saúde Materna e


Obstétrica, especificamente na Sala de Partos do Hospital Municipal da Samba e Centro
de Saúde da Samba.

Estágio III, que inclui a Unidade Curricular de Enfermagem de Saúde Infantil em


contexto hospitalar, que decorreu na Clínica Multiperfil e Hospital Municipal da Samba,
nos serviços de Urgência, Sala de Observações, Unidade de Cuidados Intensivos de
Pediatria, Neonatologia e Internamento Pediátrico.

Ao longo dos três estágios foram desenvolvidas competências tranversais e


específicas estabelecidas pelo plano curricular do CPLEESMI. Para a realização deste
trabalho utilizou-se como metodologia a revisão narrativa da literatura com recurso a
artigos, livros e bibliografia electrónica. Este trabalho tem como finalidade avaliar e
reflectir sobre as competências desenvovidas e ganhos obtidos ao longo do curso.

Desde a criação da enfermagem, foi preocupação de Florence Nightingale formar


enfermeiros, tendo como importante marco a criação de escolas de enfermagem e,
consequentemente, o início de uma nova era de investigação, quando um grande número
de enfermeiras se foi dedicando a níveis mais elevados de ensino e chegando à
compreensão comum da era científica. Esta foi seguida de imediato pela era do ensino

23
graduado, tendo surgido programas de mestrado em enfermagem para satisfazer a
necessidade de uma formação especializada (Tomey, A. M. & Alligood, M. R., 2004).

A enfermagem como ciência do cuidar com, do amor, do bem fazer, de saber estar;
ao longo do seu desenvovimento como ciência e consequente desenvolvimento técnico-
científico na área da saúde, os profissionais de enfermagem defrontam-se com uma
realidade em mudança constante, procurando respostas, com o objectivo de prestar
melhores cuidados ao cliente/familia; assim urge a necessidade de formar o Enfermeiro
Especialista para atender à especificidade de cada cliente. Por ser um profissional com
conhecimentos aprofundados num domínio específico de enfermagem, atendendo às
respostas humanas, aos processos de vida e aos problemas de saúde, que representam
níveis elevados de juízo clínico e tomada de decisão traduzidos num conjunto de
competências relativas a um campo de actuação (Ordem dos Enfermeiros, 2011).

Deacordo com Decreto Lei Nº185/18, do Regime Jurídico da Carreira de


Enfermagem, são competências do enfermeiro especialista as seguintes:
Prestar cuidados de enfermagem que requeiram um nível mais aprofundado de
conhecimento e habilidades,e actuar especialmente junto do cliente/doente em situação
de crise ou risco; Estabelecer prioridades de intervenção no atendimento do cliente/doente
em situação de de urgência e Emergência; Defenie e utilizar indicadores que permitam a
equipa de enfermagem avaliar, de uma forma sistemática as mudanças verificadas na
situação de saúde do cliente/doente e introduzir as medidas correctivas julgadas
necessárias; Responsabilizar-se pela Área de Enfermagem nas equipas multi-
profissionais no que diz respeito ao diagnóstico de de saúde na comunidade e a realização
das intervenções de enfermagem decorrentes;Emitir parecer sobre a localização ou
instalações, equipamentos, pessoal e organização de unidades prestadoras de cuidados na
área de sua especialidade; Responsabilizar-se pela formação dos profissionais de
enfermagem e outras da unidade de cuidados e elaborar o respectivo plano anual de
actividade; Elaborar os projectos de formação a realizar no serviço; Realizar e participar
em trabalhos de investigação em saúde, visando a melhoria dos cuidados; Prescrever os
medicamentos, estabelecidos em programas e protocolos aprovados pelas instituições de
saúde; Exercer as demais competências estabelecidas pelo presente Diploma e demais
legislação em vigor, bem como as orientadas superiormente,de acordo com o seu perfil (
Decreto Presidencial nº185/18, p. 4087).

No entanto, nos dias de hoje, o enfermeiro especialista em Saúde Materno-Infantil, é


visto como um profissional com conhecimentos e habilidades numa área específica,
responsabilizando-se pela prestação de cuidados com a mulher antes da concepção,
mulher grávida do início ao fim do trabalho de parto e em seguida, pelos cuidados
proporcionados à mulher e ao recém-nascido até à alta. Deve também entender e ensinar
a mulher e sua família acerca da anatomia e da fisiologia reprodutiva, das questões
relativas à fase de pré-concepção até à menopausa, da contracepção e do desenvolvimento
fetal de forma ampla. Deve responder às questões que lhe são colocadas e avaliar como

24
essas intervenções influenciam o resultado da gravidez e o prognóstico do parto (Branden,
P.S., 2000).

Para a elaboração deste trabalho foi utilizada uma revisão narrativa da literatura sobre
o tema proposto. A revisão narrativa, utiliza-se da aquisição e actualização de
conhecimentos sobre um determinado tema em curto período de tempo, para descrever o
estado da arte de um assunto específico sob o ponto de vista teórico. Constitui-se
basicamente da análise da literatura, dá interpretação e análise crítica pessoal do
pesquisador. (Rother 2007citado em Grupo Anima Educação 2014).

OBJECTIVOS DO ESTUDO

GERAL

Conhecer as acções realizadas pelos enfermeiros, que visam a promoção do conforto


em mulheres durante o trabalho de parto.

ESPECÍFICOS

 Incentivar acções de enfermagem que promovam o conforto em mulheres durante


o trabalho de parto, no Hospital Municipal da Samba e Centro de Saúde da Samba,
respectivamente na Sala de parto;
 Desenvolver competências promotoras do conforto e bem-estar no cuidado com a
parturiente/pessoas significativas durante o trabalho de parto;

O tema em estudo foi escolhido pelo facto de; durante a minha prática clínica no
Hospital Municipal da Samba (H.M.S.) e Centro de Saúde da Samba (C.S.S.) e
experiência profissional ao longo de 19 anos, ter vivenciado acções de enfermagem que
não valorizam o conforto na prestação de cuidados com as parturientes/clientes. Por tudo
isto, optei por reflectir sobre à temática, tendo em conta que no nosso país a realidade
ainda é diferente à dos outros, porque é visível o tratamento dado às pessoas/clientes em
certas situações, sendo tratadas como objectos sem direitos.Sendo que o conforto está
directamente relacionado com um acolhimento adequado, a acomodação, a boa postura
do profissional de enfermagem, a higiene do local de atendimento, o saber ouvir, o
respeito pela pessoa, tratar a cliente pelo seu nome, a privacidade e explicar sempre os

25
procedimentos a realizar, atendendo ao princípio da beneficência e autonomia, estabelecer
uma relação de empatia e criação de um ambiente favorável.

Nesta perspectiva surgiu a seguinte pergunta de investigação:

Quais as acções realizadas pelos profissionais de enfermagem,que visam a


promoção do conforto em mulheres durante o trabalho de parto?

1.TEÓRIA DE KATHERINE KOLCABA

26
A Teória de conforto, começou como primeiro passo, com uma enorme revisão
crítica da literatura sobre o conforto nas disciplinas de enfermagem, medicina, psicologia,
psiquiatria, ergonomia e inglês. Em diferentes artigos, Kolcaba faz um relato histórico do
uso da palavra conforto em enfermagem.Em 1859, Nightingale exortava, “Nunca se deve
perder de vista, para que serve a observação? Não é para procurar informações
desnecessárias ou factos curiosos, mas sim para salvar vidas e aumentar a saúde e o
conforto.”(Tomey & Alligood.2004).

Na busca da origem da palavra conforto, do Latim confortare, significa restituir as


forças físicas, o vigor e a energia; tornar forte, fortalecer, revigorar.

A literatura aponta o conforto como um conceito que tem sido identificado como
um elemento de cuidados de enfermagem; está ligado com a sua origem e tem vindo a
assumir ao longo da história significados diferentes que se prendem com a evolução
histórica, política, social, e religiosa da humanidade e com a evolução técnico-ciêntifica,
sobretudo das ciências de saúde e da enfermagem em particular.Naturalmente, a prática
de enfermagem esteve ligada desde os tempos remotos, ao conforto.Apostólo (2009).

Ainda na perspectiva de Watson. ( 1979 citado em Tomey & Alligood 2004 ),na sua
teória de cuidar, defendia que o ambiente dos doentes era de extrema importância para o
seu bem-estar físico e mental, assim as enfermeiras sempre que possível proporcionavam
conforto através das intervenções do meio envolvente ao doente/ cliente.

1.1.PROMOÇÃO DO CONFORTO EM MULHERS DURANTE O TRABALHO


DE PARTO.

O processo do nascimento é intrínseco ao viver da humanidade, conforme a cultura e o


meio em que a mulher-mãe está inserida, razão pela qual seu trabalho de parto e parto
podem ser vivenciados com maior ou menor intensidade, reflectindo-se directa ou
indirectamente no seu processo de viver.

Ao considerar o cuidado e o conforto durante o trabalho de parto, este não se deve


resumir apenas ao alívio da dor. Cuidar é olhar, ouvir, escutar, observar, perceber e ter
empatia com o outro, estando disponível para fazer com ou para o outro.

A circunstância fundamental para que ocorra o conforto é proporcionar um ambiente


favorável, em que a pessoa seja cuidada e se sinta bem quando lhe é oferecido afecto,
atenção e amor, promovendo alívio, segurança e bem-estar. Pode perceber-se que o
27
cuidado e o conforto estão intimamente ligados e são essenciais durante o trabalho de
parto e parto. Conforto é definido como o estado imediato de ser fortalecido por ter as
necessidades de alívio, tranquilidade e transcendência satisfeitas em quatro contextos
(fisíco, psicoespiritual, social e ambiental).

Contexto fisíco:Relativo às sensações do corpo;

Contexto psico-espiritual:Pertecente à consciência interna de si próprio,incluindo a


auto-estima, o conceito de si mesmo, a sexualidade e o significado da vida;relação com
uma ordem ou um ser mais elevado;

Contexto social:Pertecente às relações interpessoais,familiares e societais;

Contexto ambiental:Diz respeito ao meio,às condições e influências externas.(Dowd,


2004).

O alívio da dor implica necessariamente uma experiência de parto mais satisfatória.


Nesta perspectiva, se a mulher sentir-se cuidada e confortada, esta experiência poderá ser
menos dolorosa até porque, actualmente,nas Unidades de Saúde onde vivenciei minha
experiência profissional,e durante a minha prática clínica como estudante do CPLEESMI,
pude observar e perceber que as mulheres não receiam apenas a dor do trabalho de parto
e parto mas também sentem medo em relação aos cuidados que receberão por parte dos
profissionais de saúde, uma vez que as experiências vivenciadas estão cheias de
atendimento não humanizado.

O local destinado à atenção ao TP e parto é fundamental para o sucesso deste


processo.No entanto, proporcionar um ambiente acolhedor, organizando o local,
tornando-o agradável e seguro para a mulher durante o TP,a fim de diminuir a ansiedade
.(Odent,2002 citado em Sachocal et al., 2018).

Salienta-se que as alterações vivenciadas pela mulher estão relacionadas ao seu


conforto. Após o parto, a atenção dos profissionais de enfermagem, centra-se para o
cuidado do R/N Sendo que a mulher muitas vezes não é percebida como um ser que
apresenta necessidades de cuidado. Situação que verifiquei nas Unidades de Saúde e que
vivenciei durante a minha prática clinica ao longo do CPLEESMI. Vou aqui salientar
algumas situações de hemorragia pós-parto que ocorreram no puerpério imediato e que
foram percebidas tardiamente, por falta de atenção dos profissionais de enfermagem,
colocando em risco à vida das puérperas. Daí que o enfermeiro Especialista, com

28
conhecimento, capacidade e habilidades profissionais deve ter um olhar diferente porque
cuidar com o cliente, envolve atender às suas necessidades com sensibilização,
disponibilidade e solidariedade, por meio de atitudes e cuidados para promover o conforto
e o bem-estar. O cuidado implementado relaciona a integridade física e emocional numa
acção de troca entre o cuidador e o ser cuidado (Silva,L.F.2016).

No entanto o conforto proporciona vantagens como sendo; a recuperação da força, do


poder pessoal, do ânimo, do bem-estar, do crescimento, da capacidade de mobilização
dos mecanismos de enfrentamento do desempenho das atribuições usuais, da melhoria da
qualidade de vida e da adaptação à situação que se está a vivenciar.(Coelho, Neves,
Santos, Pereira, Pereira, Figueiredo, 2005 citado em Carraro, Knobel, Frello, Gregório,
Grûdtner,Radûnz & Meincke 2008).

1.2. CONFORTO RELACIONAL

O conforto é espelhado pela comunicação no acto de interacção, mediante o


diálogo, para a promoção da tranquilidade tão esperada no alívio da dor. Demonstrar a
disposição no cuidado, um olhar compreensivo, atenção e presença são necessidades que
favorecerão conforto, como também o saber ouvir, compreender e interpretar tudo o que
é transmitido, seja de forma não-verbal ou verbal (Campos,2005 citado em
Silveira,I.P.2010).

O conforto relacional é relatado pelas puérperas, através das relações


estabelecidas com os profissionais da equipa de saúde e com seus acompanhantes e que
proporcionaram satisfação e bem-estar, pois além de ser inseridos nos cuidados, dá as
mulheres a segurança de uma presença familiar. Tem Havido divergência de opiniões
quanto à presença do acompanhante durante o processo de parto. Algumas parturientes
avaliaram que os acompanhantes proporcionaram sensação de segurança, amparo e
liberdade para expressar sentimentos; satisfação, protecção, tranquilidade. Além disso, os
acompanhantes incentivaram a realização de exercícios, apoiaram, evitando que as
mulheres sentissem não apenas solidão, mas também preocupações com possíveis trocas
de bebés. (Jamas,M.T.Hoga,L.A.K.Reberte,L.M.2013)
Alguns estudos de revisão exprimem sobre os factores que influenciam a mulher no
trabalho de parto como sendo:

29
O ambiente, o atendimento e a ausência de privacidade, que podem ser factores
que aumentam a dor e afectam o desenvolvimento do trabalho de parto, o desconforto
causado pela dor do parto, não se assemelha aos outros tipos de dor e cada mulher em
trabalho de parto activo sente a dor de forma diferente. É um processo que dura
aproximadamente dez a doze horas e, após o parto desaparece. Algumas delas mais
resistentes a dor referem a esta como “uma agonia”

1.3. RELEVÂNCIA DO TEMA PARA ENFERMAGEM

O conforto aponta um elevado interesse e capacidade para a profissão de


enfermagem, se for realizado e valorizado por ser considerado de ponto de vista como um
resultado sensível à intervenção do enfermeiro, pela natureza mais imediata da
experiência e pelo sentido de valorização da ajuda fortalecedora implícita. O conforto
hoje surge de forma tímida como um dos sub-resultados sensíveis aos cuidados de
enfermagem, associados quer a gestão e controlo de sintomas (na perspectiva do alívio
do desconforto) (Sidani,2011 citado em Oliveira,C.S.2013),quer a satisfação com os
cuidados e com os seus resultados.

A humanização de cuidados ainda se configura um desafio para os profissionais


de enfermagem para as instituições e para a sociedade. (Silva, Barbier & Fustion, citado
em Frello, Carraro & Bernardi 2011).Prestar cuidados humanizados é uma forma de trazer
benefícios a mãe e o bebé, pois respeita os direitos da parturiente ao resgatar o seu papel
como Atora, o que incentiva o parto normal (Brasil,2001).Conhecer as necessidades e
características individuais de cada parturiente, contribuí para melhoria da qualidade da
prestação de cuidados de enfermagem como também à redução das ansiedades e receios,
permitindo um parto com êxito. (Cavalcante,2007 citado em Frello, Carraro & Bernardi
2011).

O cuidado durante o processo de parto ultrapassa a utilização de técnicas pelo


facto de envolver a sensibilidade intrínseca aos sentidos (visão, olfacto, audição, tato e
fala) e da liberdade, a subjectividade, a intuição e a comunicação (Ferreira,2006 citado
em Frello, Carraro & Bernardi, 2011).Estas habilidades podem ser utilizadas pelos
profissionais de enfermagem que cuidam as mulheres durante o trabalho de parto e parto,
objectivando um cuidado que atenta mais as necessidades das mulheres. Além de

30
estimular que as parturientes experimentem o que for mais confortável durante o período
do trabalho de parto (O.M.S,1996).

1.4. SENTIMENTO EXPRESSADO PELAS MULHERES DURANTE O


TRABALHO DO PARTO

Durante o trabalho de parto e parto, o sentimento das mulheres puérperas sobre


os cuidados e o conforto recebidos, se configuram na atenção que tiveram da equipa, no
tratamento e atendimento, além da alegria, segurança, cuidados e conforto que os
profissionais dispensaram neste período. Por outro lado, houve mulheres que se sentiram
mal, devido à presença de muitos estagiários e pela falta de paciência dos profissionais.

Assim, considerando que os relatos remetem aos momentos vivenciados no


trabalho de parto e parto podemos inferir que apesar da dor durante as contracções, na
grande maioria, as mulheres sentiram-se seguras e cuidadas pela equipa. A atenção, o
conforto, a alegria, a paciência e a presença da equipa foram características fundamentais
que potencializaram o poder de força e coragem das mulheres. Remetem ainda àquelas
situações em que estes sentimentos não estiveram presentes, variando entre o sentir bem
e sentir-se mal, até porque, a vivência do nascimento de um filho é um evento que gera
incertezas, caracterizando-se em um momento de vários significados e temores (Carraro,
et. al., & Berton.2006).

1.5. DESCONFORTO/FISIOLOGIA DO TRABALHO DO PARTO

A dor é um fenómeno desagradável, com uma complexidade e muito individual


com ambos os componentes sensoriais e emocional. A dor e o desconforto vivenciados
durante o trabalho de parto, têm duas origens, viscerais e somáticas (Lowe 2002 citado
em Lowdermilk & Perry 2008).

O trabalho de parto é constituído por quatro estádios ou períodos, cada um com


duração e mecanismos específicos, que variam de mulher para mulher.

No entanto; o primeiro estádio/período do trabalho de parto é mais longo e o mais


variável. Este inicia com o estabelecimento de contracções regulares e termina quando o
colo se encontra com a dilatação completa.

31
O primeiro estádio do TP divide-se em três fases: A fase lactente, a fase activa e
a fase de transição.

A fase lactente, observam-se grandes progressos no processo de apagamento do


colo, mas poucos no tocante à descida da cabeça do feto. Esta fase vai até 3 cm de
dilatação cervical do colo.

Durante as fases activas e de transição, a dilatação cervical e a descida da


apresentação são mais rápidas. A fase activa vai desde 4 a 10 cm de dilatação. E pode
durar entre 10 horas para as multíparas e 12 horas para as primigestas.

O segundo estádio do trabalho de parto decorre desde a dilatação completa do colo


até ao nascimento do feto. Este período tem uma duração média de 20 minutos para as
multíparas e 50 minutos para as nulíparas. Considera-se normal o TP que demore até 2
horas neste estádio.

O terceiro estádio do trabalho de parto, decorre entre o nascimento do feto até a


expulsão da placenta. Com a terceira ou a quarta contracção forte após o nascimento a
placenta descola-se.

O quarto estádio do trabalho de parto, que dura cerca de 2 horas após à saída da
placenta. Este é o período de recuperação imediata ou puerpério imediato, em que a
homeostase se restabelece. Constitui um período de maior vigilância, de forma a prevenir
e identificar complicações, tais como as hemorragias pós-parto. (Lowdermilk & Perry
2008).

A dor visceral é aquela que é provocada pelas alterações do colo cervical,


distensão do segmento inferior e esquémia uterina que predomina durante o primeiro
estádio do TP. Localiza-se sobre a porção inferior do abdómen, irradiando para a região
lombar, cristas ilíacas, região glútea e posteriormente nas coxas. Em geral este
desconforto acontece apenas durante as contracções.

A dor somática ocorre no segundo estádio do trabalho de parto e é descrita como


intensa, aguda, do tipo queimadura e bem localizada. Esta dor resulta do estiramento dos
tecidos perineais e do pavimento pélvico para permitir assim a passagem do feto, da
distensão e da tracção do peritoneu e dos ligamentos útero-cervicais, observadas durante
as contracções e de lacerações nos tecidos moles (colo, vagina e períneo).

32
O desconforto pode ser causado também, pelos esforços expulsivos ou pressão
exercida pela apresentação fetal sobre a bexiga, intestino ou outras estruturas pélvicas
sensíveis.

A dor durante o trabalho de parto é específica para cada mulher e influenciada por
uma série de factores fisiológicos, psicológicos e ambientais.

Dos factores fisiológicos, pode ocorrer em mulheres com antecedente histórico de


dismenorreia, podem sentir aumento de dor durante o nascimento do feto. Como resultado
de níveis elevados de prostaglandinas.

Relativamente aos factores psicológicos, o medo, a ansiedade, as experiências, o


sistema de apoio e a preparação para o parto, são exemplos de factores que influenciam a
percepção e a resposta da mulher perante à dor. Assim a medida que o medo e a ansiedade
aumentam, eleva-se a tensão muscular e diminui a eficácia das contracções uterinas,
aumenta a experiência de desconforto e começa um ciclo de medo e ansiedade crescente
que no final vai retardar a progressão do TP. (Lowdermilk & Perry, 2008).

Portanto; a dor de parto faz parte do imaginário humano colectivo, apesar das
diferentes perspectivas e realidades culturais, sociais e de saúde em diversas geografias.
A crescente ansiedade, desconfiança e tensão emocional pré-parto, devem merecer
especial cuidado pelos profissionais de saúde qualificando a resposta sanitária e
Institucional pela dignidade e autonomia da mulher grávida e assegurar as condições
técnicas e profissionais adequadas à correcta avaliação e prestação dos cuidados de saúde,
com base à evidência científica (Sachocal, et.al., 2018).

2.METODOLOGIA

A metodologia inclui o estudo de vários métodos aplicáveis ou seja, os processos


de conduzir cada projecto de investigação específico.

Podemos dizer que uma metodologia tem várias dimensões e um método constitui
parte da metodologia de investigação (Anzari,2012 citado em Oliveira 2014).Entretanto,

33
a metodologia é determinada pela problemática e pela pesquisa de estudos já feitos, e é a
partir desta que se pode ajustar a opção metodológica. Por isso, o que determina esta fase
é a problemática em estudo em articulação com a revisão da literatura. (Canastra, Haantra
& Vilanculos 2015).

2.1. TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo de revisão narrativa da literatura. Os autores referenciados


neste estudo tiveram como os seguintes métodos: revisão da literatura e revisão
bibliográfica, Qualiquantitativo, prospectivo multicêntrico e teórico reflexivo.

Os artigos de revisão narrativa, são publicações amplas apropriadas para descrever


e discutir o desenvolvimento ou o estado da arte de um determinado assunto, sob o ponto
de vista teórico ou conceptual. São textos que constituem a análise da literatura científica
na interpretação e análise crítica do autor. A revisão narrativa pode contribuir no debate
de determinadas temáticas, levantando questões e colaborando na aquisição e
actualização do conhecimento em curto espaço de tempo (Rother,2007 citado em Costa,
Mota, Paiva & Ronzani, 2015). A busca de artigo inclui pesquisa em bases de dados
electrónicas, revistas científicas e artigos de revisão. Foram utilizadas as seguintes bases
de dados Google académico e Scielo.

2.2. SELECÇÃO DOS ARTIGOS

Para a realização do estudo foram consultados vários artigos, revistas e livros


disponíveis na biblioteca da CFS, que abordam o tema em estudo, dos quais foram
seleccionados quinze artigos que cumpriram com os critérios de inclusão e exclusão.

34
Com base os critérios de inclusão estabelecidos pelo estudo, optamos por cinco
artigos com data de publicação de dez anos de 2008 á 2018, que referenciaram sobre o
conforto durante o trabalho de parto, cujos os resultados assemelham-se. Como critério
de exclusão, foram excluídos os artigos com o tempo de publicação superior a dez anos e
que os dados não foram relevantes para o presente estudo.

2.3. PROCEDIMENTOS ÉTICOS

Foram respeitados os princípios éticos que regem o direito do autor, na busca da


bibliografia necessária para a elaboração do trabalho. Todos os artigos e livros
consultados para a construção desta Monografia, foram referenciados ao longo de todo
trabalho, bem como constam também nas referências bibliográficas.

2.4. LIMITAÇÕES
No percurso da construção desta Monografia surgiram algumas limitações e
dificuldades que interferiram na realização deste trabalho, nomeadamente:
• A falta de domínio na prática de Informática que impossibilitou o pesquisador
para exploração de outras bases de dados que poderiam sugerir publicações mais
relevantes do objecto em estudo.

• A falta de experiência do pesquisador para a elaboração de trabalho científico


utilizando o método de revisão narrativa da literatura.

35
3. APRENDIZAGENS E COMPETÊNCIAS DESENVOLVIDAS

Kendler (1968 citado em Neves,Garrido & Simões, 2008) define a aprendizagem


como o correspondente da modificação do comportamento que resulta da prática,
processo este que pode assumir desde as formas mais simples, como o condicionamento,
até às formas mais difíceis, como a aprendizagem social e que ocorre ao longo de toda a
vida da pessoa, muito embora possa assumir períodos de maior intensidade, como o que
ocorre na situação de aprendizagem escolar ou profissional.

Aprender significa passar a fazer algo que antes não era feito. Também diz respeito
à mudança que é uma das componentes obrigatórias ao funcionamento equilibrado e a
perenidade de qualquer sistema individual e organizacional. Aprender algo implica a
mudança de comportamento, quer no sentido de adequação, quer desadequação. Pela
mesma razão, como estudante do CPLEESMI em particular, sinto-me transformada,
porque ao longo da formação os conhecimentos aqui apreendidos fizeram com que eu
pudesse olhar as coisas e os acontecimentos de forma diferente, sendo que já tenho o
cuidado de primeiro observar, analisar, reflectir e depois intervir com base á evidências
científicas. Ao longo dos 22 meses de formação adquiri e desenvolvi um conjunto de
competências, tanto transversais como específicas, para obtenção do título de enfermeiro
especialista em Saúde Materno-Infantil. Foi preciso muita dedicação, coragem e
capacidade para poder tornar o sonho em realidade.

A competência, segundo Fleury, M. T. & Fleury, A. (2001), é uma palavra do senso


comum, utilizada para denominar uma pessoa qualificada para realizar alguma tarefa. A
competência é um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, isto é, um conjunto
de capacidades humanas que justificam um elevado nível de desempenho, acreditando-se
que os melhores desempenhos estão fundamentados na inteligência e personalidade das
pessoas. A competência é definida ainda como um saber agir responsável e reconhecido,
que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades que
agreguem valor económico à organizaçao e valor social à pessoa. Irei, de seguida, fazer a
descrição, análise e reflexão sobre as competências desenvolvidas durante o curso.

3.1.COMPETÊNCIAS DO DOMÍNIO DA GESTÃO DOS CUIDADOS

36
Relativamente a estas competências, desenvolvi a prática comunicativa, sendo que
comunicação é o elo de ligação entre pessoas; quando não existe estabelecem-se barreiras
à aproximação entre pessoas. Esta envolve um processo recíproco de enviar e receber
mensagens entre duas ou mais pessoas. A comunicação também pode facilitar o
desenvolvimento de uma relação terapêutica ou, pelo contrário, contribuir para a criação
de impedimento a esse tipo de realação (Stuart & Sundeen, 1995 citado em Riley, J. B.,
2004).

A competência para comunicar é a capacidade de demonstrar conhecimentos acerca


de comportamentos adequados a diferentes situações. Esta é revelada quando perante
determinada situação interpessoal conseguimos destinguir se os comportamentos são
apropriados ou não. Ao longo do curso pude compreender melhor os aspectos da
comunicação porque todos os detalhes que um cliente apresente são importantes, não para
despertar a curiosidade dos profissionais de enfermagem mas sim porque nos interessa
realizar uma avaliação inicial cuidadosa para identificar necessidades e problemas do
cliente para resolução dos mesmos, traçando um plano de cuidados de enfermagem
indivudualizado. A comunicação pode ser verbal e/ou não verbal.

Durante a prática clínica na Sala de Partos do Centro de Saúde da Samba (C. S. S.)
cuidei com uma mulher em trabalho de parto, primigesta e muda. Foi uma experiência
única e, apesar da barreira à comunicação verbal, senti-me segura na prestação de
cuidados porque, através da comunicação não verbal, foi possível orientar exercícios
respiratórios e de relaxamento para o alívio da dor durante as contracções uterinas,
realizar ensino sobre o aleitamento materno, no que diz respeito ao aleitamento
exclusivo, a pega correcta, posições durante a amamentação, cuidados de higiene à mãe
que amamenta, a importância da vacinação, explicando os tipos de vacina e o local de
aplicação. Muitas mães não têm conhecimentos suficientes sobre as vacinas, mas se
forem bem informadas pelo menos conseguem dizer o local da aplicação, o que
permitirá ao profissional identificar o tipo de vacina administrada em caso desta perder
o cartão de vacinação, que é um dos aspectos que se tem verificado com muita
frequência nas Unidades de Saúde. Estes ensinos foram realizados já no 4º estádio de
trabalho de parto ou puérperio imediato. Foi visível o feedbak positivo da puérpera
durante os ensinos. Porém, a comunicação não é algo que podemos considerar inato mas
sim uma competência que se pode desenvolver com a aquisição de conhecimentos,
capacidades, habilidades e ao longo de experiências vivenciadas. Existem também na

37
comunicação comportamentos e maneiras de ser que podem influenciar positiva ou
negativamente, sendo elas a postura e atitudes corporais, os gestos, a distância, o
contacto visual, a expressão facial, o tom de voz, a respiração, o silêncio, a aparência
geral e o tocar (Phaneuf, M., 2005). Ao longo da minha profissão e na prática clínica
como estudante do 3º CPLEESMI pude vivenciar situações onde os profissionais de
enfermagem mantiveram uma postura não adequada; presenciei uma discussão entre a
enfermeira e a cliente, pois a profissional interrompeu a realização de um procedimento
para atender o telemóvel, falando com a cliente estando de costas viradas. Por outro
lado, o profissional de enfermagem deve analisar o tipo de palavras que devem ser
dirigidas a alguém. Durante a prática clínica numa das Unidades de Saúde, observei
também o comportamento da enfermeira que cuidava com uma mulher em trabalho de
parto de alto risco obstétrico por ser uma gravidez múltipla com apresentação fetal
pélvica e antecedentes cirúrgicos (cesariana). Perante esta situação a atitude da
enfermeira foi: “O que é que te trouxe aqui? Já não sabes que devias ir à Maternidade
Lucrécia Paim? Vieste aqui! Agora vais morrer, você e o seu bebé.” Ao presenciar este
episódio e a atitude da enfermeira, o meu sentimento foi de pesar porque não é o que se
espera de um profissional de saúde. Por tudo isto,tranquilizei a parturiente,utilizei o
toque no ombro, que é bastante importante para estabelecer o vínculo afectivo,expliquei
a senhora que eu iria fazer o seguimento durante o parto enquanto aguarava pela
transferência segundo a enfermeira que a maltratou.Fui realizando avaliações
monitorizando o estado fetal e materno,tendo um parto eutócico depois de duas horas.
Não podia deixar de referenciar a comunicação de más notícias que, do meu ponto de
vista, é uma das competências mais difíceis e complexas de um profissional de saúde.
A má notícia é tudo aquilo que ninguém deseja ouvir por causar sofrimento e mal-estar
no cliente e família. No nosso dia-a-dia, durante a prática clínica, têm-se verificado
acções de enfermagem incorrectas no que concerne à comunicação de más notícias. É
uma situação que exige da parte do profissional de saúde uma profunda sensibilidade,
empatia, profissionalismo e muita prática. Causa inúmeras vezes desconforto e angústia,
tanto para a pessoa que recebe a notícia, pois há uma ruptura entre as suas expectativas
e a realidade em si, como para o profissional, porque este tem a noção exacta de que
provoca sofrimento acrescido (Buckman,1992 citado em Galvão, A., Valfreixo, M. &
Esteves, M., 2015). Pelo sentido da própria palavra, quem vai dar a má notícia não deve
demonstrar uma expressão facial de alegria mas sim de sentimento, demonstrando

38
empatia com o outro. Também não se deve transmitir a má notícia no corredor porque
esta atitude tira prestígio ao profissional.

3.2. COMPETÊNCIAS DO DOMÍNIO DA RESPONSABILIDADE


PROFISSIONAL, ÉTICA E LEGAL

A Ética, como ciência da moral, estuda a forma como determinamos aquilo que é
bom para o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade, bem como as regras
necessárias para prevenir que as pessoas sejam prejudicadas. Diz respeito também ao
processo como as pessoas são ajudadas a desenvolver as competências necessárias para
agirem de forma moral responsável (Thompson,Melia & Boyd, 2004).

Assim, em relação a estas competências, desenvolvi um conjunto de conhecimentos,


tanto teóricos como práticos, que contribuiram para o meu desenvolvimento profissional,
permitindo uma prestação de cuidados com qualidade, respeitando sempre os direitos
humanos. Durante a prática clínica no Estágio II na Sala de Partos do C.S.S. cuidei com
uma mulher em trabalho de parto, multípara, que tinha o 1º dedo do pé direito amarrado
e, segundo a justificação dela, era para não defecar durante o parto ou nascimento do feto.
Perante esta justificação da cliente, na qualidade de futura enfermeira especialista,
respeitei a crença da cliente e aceitei porque não interfer na saúde da parturiente nem do
feto. Noutras eventuais atitudes ou hábitos e costumes praticados pelos clientes e famílias
que coloquem a saúde ou a vida da pessoa em risco, devo informar/clarificar ideias
erradas, demonstrando autonomia profissional e explicando as consequências nefastas
desses comportamentos, considerando o equilíbrio entre os princípios da autonomia e da
benefiçência. Depois dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso, durante a minha
prática clínica tive uma postura diferente pela positiva porque procurei desde então
respeitar os princípios éticos, como o respeito pela dignidade da pessoa, a privacidade, a
autonomia, a verdade, a responsabilidade e o respeito pela cultura de cada um. Realizei
procedimentos de enfermagem com o cliente tendo em conta o direito do mesmo decidir
sobre si e não olhar para o cliente como um instrumento que podemos manipular e decidir
por ele. Também tive sempre a preocupação de informar os clientes/família sobre os
procedimentos a realizar, o porquê e benefícios, respeitar a opinião dos clientes,
escutando, ouvindo e olhando atentamente, demonstrando meu interesse e disponibilidade
pela pessoa. No momento da observação ou exame físico coloquei sempre biombos à volta
da cama ou marquesa, de forma a promover a privacidade do cliente pois este é um dos
39
direitos subjacentes à pessoa doente e o alicerce no respeito pela sua dignidade. A
privacidade pode ser entendida como física ou como o respeito pelos segredos, a
confidencialidade.

3.4. COMPETÊNCIAS DO DOMÍNIO DA MELHORIA CONTÍNUA DA


QUALIDADE

Neste domínio consegui desenvolver várias competências, começando pela


aplicação do IEC, que significa Informação, Educação e Comunicação. A Informação
para a saúde é um processo que consiste em transmitir conhecimentos e dados sobre a
saúde de uma pessoa, família ou comunidade. Educação para a saúde é um processo que
visa contribuir para que as pessoas, de forma isolada ou colectiva, sejam capazes de
realizar e assumir opções saudáveis de vida. Comunicação para a saúde é um processo
que consiste em trocar informações e ideias entre pessoas para antigirem uma
compreensão e acordos comuns sobre um assunto relacionado com a saúde (Sachocal et.
al., 2018).

Com estes elementos foi possível a aplicação de conhecimentos sobre técnicas de


comunicação tendo em conta o grupo alvo,utilizando linguagem simples e
clara,certificando-se de que a mensagem foi percebida para implementação de acções
que promovam um ambiente de prestação de cuidados seguros,através de medidas de
prevenção e controle de infecção nas Unidades de Saúde.

Durante a prática clínica,na Sala de Partos do Hospital Municipal da Samba ( H.


M. S. ) foi difícil garantir um ambiente seguro às mulheres durante o trabalho de parto e
no puerpério, devido a falta de condições de higiene,insuficiência de pessoal que presta
serviços de limpeza e falta de qualificação dos mesmos,a falta de detergentes ou produtos
apropriados para a limpeza hospitalar e falta de àgua corrente algumas vezes e até mesmo
a falta de supervisão para controlar e orientar conforme os padrões de
Biossegurança.Atendendo a realidade da Instituição,eu como enfermeira e futura
especialista em Saúde Materno-Infantil,não podia ficar de braços cruzados, tive que me
adaptar tendo como iniciativa, levar o sabão para a lavagem das mãos para além do
antisséptico para desinfectar as mãos, que o Centro de Formação de Saúde ( CFS)
Multiperfil disponibilizou para o efeito,visto que esta é a principal medida que todos os

40
profissionais de Saúde devem adotar para a prevenção e controle de infecção,promovendo
assim a saúde das pessoas. Os 29 Partos realizados por mim,no Hospitalar Municipal da
Samba, foram com maior segurança porque respeitei os princípios de assépsia,sendo que
antes de qualquer procedimento tive o cuidado de lavar sempre as mãos e depois de cada
procedimento, lavar e desinfectar a marqueza,carrinha de tratamento,o Berço para
cuidados imediatos e ressuscitação do Recém-Nascido ( R/N ) ,a balança ,depois do uso
para cada R/N e os campos, os Kits de partos são extremamente estereís para realização
de um parto seguro.

Certamente é importante a consciencialização dos profissionais de saúde no cumprimento


de medidas que visam a prevenção e controle de infecção nas unidades hospitalares.

A transmissão de microrganismos envolve contacto físico directo entre


profissionais de saúde e os doentes/clientes,ou mesmo entre os doentes.As mãos
geralmente estão envolvidas na transmissão de microrganismos no contacto com clientes
infectados e,na maioria das vezes,apenas colonizados.Representam uma transmissão “
silenciosa “,e a prevenção depende da correta lavagem das mãos antes e após de prestar
cuidados com o cliente,sendo que constituem o mecanismo mais frequente de transmissão
de patógenos em nível hospitalar.( Martins, 2001 ). Neste domínio da melhoria continua
da qualidade, fiz parte da elaboração e a apresentação do tema sobre a Prevenção e
controle de infecção nas Unidades de Saúde dado numa formação em serviço.A mesma
contou com a participação de médicos,enfermeiros,estudantes do curso técnico de
enfermagem,estudantes de médicina e o pessoal de apoio hospitalar.

Com os conhecimentos aqui adquiridos;Tenho plena certeza que poderei partilhar


os mesmos com meus colegas da unidade hospitalar onde trabalho de forma a diminuir o
Indíce de morbi-mortalidade materno-Infantil no País e diminuir os custos buscando a
eficácia da prestação de cuidados com qualidade.

Ainda neste domínio tive a capacidade de trabalhar,de forma adequada,na equipa


multidisciplinar e interdisciplinar porque estabeleci relações interpessoais dentro da
equipa o que me permitiu melhor integração e desenvolvimento das actividades
estabelecidas no CPLEESMI.Participei de forma activa na sensibilização para as boas
práticas de prevenção e controle de infecção junto dos profissionais de saúde,estando
atenta nas acções realizadas pelos profissionais de enfermagem e em conjuto analisar-
mos e refletir sobre elas,pensando no que deve ser feito de forma correta, baseando-se em
evidências ciêntíficas.

41
3.4.COMPETÊNCIAS DO DOMÍNIO DAS APRENDIZAGENS PROFISSIONAIS

Competências são atributos dos trabalhadores como: OS conhecimentos,


habilidades e caracteristicas pessoais, que refletem um desenpenho efectivo de um
profissional.( Sandberg.2000, citado em Thaís & Helena 2012 ).

No que diz respeito à este domínio, das aprendizagens profissionais,após os


conhecimentos adquiridos ao longo do Curso, criou-me um grande interesse e incentivo
para à pesquisa tanto electronica,buscando Artigos ciêntíficos,pesquisa bibliográfica
como lívros,Manuais e Revistas,que contribuiu para o fortalecimento dos meus
conhecimentos,permitindo assim uma reflexão critica baseada em evidências.

Durante a minha prática clínica no C.S.S. e no H.M.S. para mim considero um balanço
positivo porque apesar da experiência profissional que tenho, relativamente na Sala de
Partos ( SP ),consegui obter várias aprendizagens e melhor domínio de alguns
procedimentos que não os fazia correctamente,como por exemplo a sutura contínua do
períneo após o parto com o fio de sutura correspondente, dependentemente do local da
laceração,a verificação do cordão umbilical se contém as duas artérias e uma veia,caso
não,constitui uma preocupação para o profissional porque tem como consequência
problemas Neurologicos e assim podemos encaminhar para o médico
especialista.Aprendi também a identificar as variedades fetais,o tipo de placenta,se é
Ducan (materna ) ou Shultze ( fetal ),a importância de medir o comprimento do cordão
umbilical,realização da tracção controlada do cordão umbilical,que deve ser realizada
apenas por um enfermeiro especialista ou com experiência profissional na sala de parto,a
monitorização fetal com Doppler.Algumas Manobras utilizadas durante o parto,como:A
de Ritgen,que consite em proteger o períneo,Bracht,que tem como finalidade o
desprendimento dos ombros e cabeça fetal,manobra de McRoberts,esta consite na
hiperflexão das coxas da parturiente sobre o seu ventre para facilitar o desprendimento da
cabeça derradeira impactada no parto vaginal.

Durante a prática clínica,tive também a oportunidade de obter conhecimentos


sobre a Tabela de Goodwin modificada, apesar de ser antiga por existir já nos anos
1977,mas para mim foi o primeiro contacto com esta tabela, que considero um
instrumento de tal importância,porque através dele, conseguimos identificar e Avaliar o
grau de Risco Obstétrico,tendo em conta a história reprodutiva,história obstétrica

42
anterior,patologia associada e a situação da gravidez actual.Classificando assim como
Baixo risco,Médio risco e Alto risco.Com estes conhecimentos a enfermeira que trabalha
no seguimento à mulher grávida e na Sala de Parto poderá tomar decisões certas,no
momento certo.Já que as mulheres grávidas classificadas como de Baixo risco,o seu parto
pode ser realizado num Centro de Saúde pela enfermeira;Enquanto que as mulheres
classificadas como Médio e Alto risco,o seu parto deve ser realizado num Hospital de
referência, pela enfermeira especialista ou experiente na sala de parto e pelo médico
obstétra e um especialista em Neonatologia para atender questões ligadas á complicações
do R/N.

Ainda neste domínio,a elaboração do diário de aprendizagem para mim foi uma
mais valia, porque exige do enfermeiro e futuro especialista em saúde Materno-Infantil,
uma boa observação, sobre tudo relacionada as acções de enfermagem,reflexão e análise
critica.Isto faz com que o enfermeiro não identifique apenas problemas, mas sim procurar
dar soluções para os mesmos.O enfermeiro com conhecimentos e competências tem a
capacidade de observação,reflexão,autonomia nas suas decisões,dá sugestões baseadas
em evidências ciêntíficas.Em meu entender,muitos problemas de saúde não estão ligados
apenas pela falta de dinheiro,mas sim pela falta de responsabilidade de alguns
profissionais de saúde,a falta de conhecimentos, a criatividade em adaptar-se a realidade
sem prejuízos de vidas humanas optando por práticas seguras.Segundo o código de ética
e Deontologia dos profissionais de enfermagem de Angola,são responsabilidades:Manter-
se actualizado ampliando os seus conhecimentos técnicos,ciêntificos e culturais,em
benefício do cliente/ doente, colectividade e do desenvolvimento profissional;avaliar
criteriosamente a sua competência técnica e legal e somente aceitar encargos ou
atribuições,quando capaz de desempenho seguro para sí e para os clientes/ doentes.Na
prespectiva do domínio das aprendizagens profissionais pude,desenvolver competências
relativamente o cuidar com o cliente,tendo em conta a avaliação inicial,identificando as
necessidades e problemas do cliente/ doente e elaborar um plano de cuidados,baseados
na taxonomia NANDA,NIC e NOC,traçando diagnósticos de enfermagem e estabelecer
prioridade dos mesmos,suas intervenções, acções e resultados esperados e reavaliar.

43
3.5. COMPETÊNCIAS ESPECIFICAS DESENVOLVIDAS

3.5.1. Competências específicas relativas á enfermafem de saúde materna e


obstétrica.

O enfermeiro especialista em Saúde Materno-Infantil,constitui parte essêncial da


estrutura organizacional hospitalar e dessa forma, precisa preocupar-se com o seu auto
desenvolvimento,adquirindo novos conhecimentos e habilidades.Portanto,durante a
minha prática clinica no Centro de Saúde da Samba e Hospital Municipal da
Samba,respectivamente na Sala de parto,posso afirmar que o estágio foi bastante
proveitoso na medida em que consegui desenvolver as competências específicas e
alcançar os meus objectivos estabelecidos no projecto de estágio e tendo criado outras
expectativas para o desenvolvimento tanto profissional como individual.

Para minimizar as causas de morbi-mortalidade materno-fetal e neonatal,é


importante que haja um seguimento à mulher grávida, na consulta Pré-natal porque, esta
é, uma estratégia fundamental para assegurar a saúde da mulher grávida e do feto, é apartir
das consultas de seguimento à mulher grávida onde são detetadas precocemente as
complicações obstétricas, buscando os antecedentes pessoais, patologicos e obstetrícos e
daí encaminhar para um especialista em Obstetrícia, evitando assim mortes materno-
fetais e Neonatais.Embora difícil termos sucesso porque no nosso País a realidade é
bastante diferente,visto que ainda verifica-se algumas mulheres que não acorrem com
frequência as consultas de Pré-natal e até adquirem cartões de gravida no clandestino com
dados falsificados.Digo isto porque durante a prática clínica no C.S. S. observei uma
situação em que a mulher trazia o seu cartão de grávida com dados que não
correspondiam a verdade e o falsificador também pela falta de conhecimentos e domínio,
não analisou os promenores.Outra situação que pode influênciar na inibição da consulta
Pré-natal é a falta de humanização no atendimento, que durante a prática pude costatar
um acolhimento não adequado, a falta de disponibilidade por parte de alguns
profiissionais no atendimento aos clientes.Ainda no propósito de minimizar as causas de
morbi-mortalidade materno-fetal e neonatal; fiz parte da elaboração e apresentação do
tema sobre o preenchimento do Partograma,aplicação prática do gráfico de evolução do
trabalho de parto.A Organização Mundial da Saúde, (O.M.S.) recomenda a utilização do
Partograma para o acompanhamento do trabalho de parto, (TP) com o objectivo de

44
melhorar a prestação de cuidados e reduzir a morbi-mortalidade materno-fetal e
Neonatal.( Rocha, Oliveira, Schneck, Riesco & Costa, 2009 ).

O Partograma para mim é o instrumento chave,utilizado durante o TP, que permite


acompanhar a evolução do TP,documentar, diagnosticar alterações e indicar a tomada de
condutas apropriadas para a correcção de desvios,evitando assim intervenções
desnecessárias. Com isto, foi possível colocar em prática os conhecimentos apreendidos
ao longo do estágio.Agora me sinto mais sigura e estou em condições de dar o meu
contributo nas formações em serviço no Hospital onde trabalho e noutras Unidades
Hospitalares caso seja solicitada.O preenchimento do Partograma; de princípio parecia
um instrumento de defícil compreensão por conter muita informação e porque no Hospital
onde trabalho ainda ,se utiliza o modelo do Partograma antigo.Mas com a explicação e
orientação dada pelas Professoras durante a prática clinica na SP,tudo se tornou mas
fácil.É importante referir que o Partograma requer um preenchimento criterioso de todas
as observações e avaliações que serão feitas á mulher durante o periódo de trabalho de
parto .Todos os dados observados e avaliados devem merecer uma análise e interpretação
como por exemplo; a idade gestacional para ter a certeza se o TP é pré-termo, a termo ou
Pós-termo,a apresentação fetal para determinar se será possível um parto normal
(eutócico) ou por cesariana,a duração do TP, na fase lactente do primeiro estádio não foi
estabelecida e pode variar muito de mulher para mulher e na fase activa, esta deve durar
entre 10 horas para as multiparas e 12 horas para as primigestas, isto para não tomar
decisões preciptadas achando que estamos perante um TP prolongado,a monitorização da
frequência cardiaca fetal, para avaliação do bem- estar do feto.Entretanto são alguns
dados dos vários que devem ser observados e para tal é necessário que o enfermeiro
especialista em Saúde Materno-Infantil tenha conhecimentos e domínio para prestação de
cuidados seguros.

Ainda no que concerne as competências específicas,tive o previllégio de cuidar


com algumas mulheres durante o trabalho de parto e puerpério imediato ,onde pude
desenvolver as competências realizando ensinos sobre a importância do aleitamento
materno exclusivo, a higiene pessoal, sobre tudo na região genital e para as mulheres que
tiveram laceração do períneo pós-parto,orientá-las a evitar o banho de emersão e durante
a higiene dos genitais se deve realizar movimentos de frente para trás de forma a evitar
infecções.A higiene do R/N e cuidados a ter com o coto umbilical que devemos orientá-
las a lavar as mãos antes e depois do procedimento, desinfectar o coto umbilical com

45
alcoól a 70% usando compressa, cotonete ou paninho límpo de forma circular e na
ausência deste manter o coto umbilical limpo e seco e ao colocar a fralda não envolvé-lo,
mas sim deixar arejar evitando umidade para prevenção de infecção, a realização do
exame precoce (teste do pésinho), explicando o objectivo e sua importância, porque
durante o estágio, verifiquei que algumas mulheres mesmo sendo multiparas ainda não
têm conhecimento sobre a importância do referido teste.A prevenção da malária, visto
que esta doença é uma das principais causas de morte em todas faixas ectárias no nosso
País Angola.A importância do cumprimento do calendário de vacinação para a prevenção
de várias doenças.

Durante a prática Clinica cuidei com duas mulheres grávidas com patologia
associada( HIV) e com TP.Perante esta situação tive o cuidado de realizar um acolhimento
adequado,foi administrado o fármaco Anti-Retro Viral conforme o protocolo de
atendimento na sala de parto,foi realizado o parto com todos os princípios de assépsia e o
uso de equipamentos de protecção indindidual( mascara,óculos de protecção,
avental,gorro, bata descartável e luvas).O Recém-Nascido após o nascimento foi
administrado o fármaco anti-retroviaral( Nevirapina xarope),por via oral dose diária,
indicada para 6 semanas deacordo o protocolo.

Ainda nesta área específica,relativamente ao parto e Pós-parto, o Enfermeiro


futuro especialista em Saúde Materno-Infantil com conhecimento diferênciado deve
adotar uma postura diferente,permitindo que as mulheres durante o TP adotem a posição
de sua preferência, que lhe deixa mais confortável durante o período expulsivo.Este foi
um dos aspectos que observei ao longo do estágio na sala de Partos do C.S.S. e H.M.S.
onde os profissionais de enfermagem não têm em consideração este aspecto.No periódo
Pós-parto promoví o contacto pele à pele durante 1 hora,onde o R/N após o parto é
colocado por cima do abdomen da mãe com o objectivo de estabelecer o primeiro vínculo
entre mãe e filho,evitar a hipotermia porque este contacto produz calor, favorecendo a
adaptação a vida extra-uterina e promover o aleitamento materno precoce para estimular
os reflexos de sucção e prevenir hemorragias pós-parto.

Apesar da minha prévia experiência profissional,com este curso consegui


consolidar uma boa parte dos meus conhecimentos porque pude desenvolver
competências que me permitiram identificar complicações obstétricas, porque cuidei com
uma mulher primigesta em TP,que depois de avaliá-la identifiquei que cabeça fetal era
maior em relação a pélve materna, o que quer dizer que não seria possível o parto por via

46
vagial, tendo assim comunicado a professora orientadora do estágio no H.M.S. e o médico
Obstetra que decidiu uma intervenção cirúrgica com urgência.

No que diz respeito o alívio da dor durante o TP e parto para mim foi uma
experiência única porque antes fazia de forma limitada em função dos conhecimentos que
tinha.Hoje com conhecimento mais amplo,ao longo da prática clinica, consegui orientar
as 40 mulheres que cuidei durante o TP e parto sobre os exercícios de respiração e de
relaxamento utilizando a bola,a massagem especialmente na região sacrolombar,que é
bastante útil quando as dores se intensificam ,a musicoterapia que ajuda a mulher a
discontrair durante este periódo, permitir a deambulação, estimular a mulher a adotar a
posição vertical durante o TP, por facilitar a descída fetal. O apoio emocional durante o
TP por ajudar no desconforto em mulheres não preparadas, assegurar a cliente/parturiente
que terá compreensão e apoio por parte da equipa de Enfermagem.Lamentavelmente as
parturientes atendidas no C.S.S. e H.M.S., não têm este prívilégio por tudo que pude
observar ao longo da prática clinica porque os profissionais de enfermagem olham para
este periodo de TP como um processo que precisa de um seguimento para monitorização
tanto materna como fetal.

3.5.2. Competências específicas respeitantes à enfermagem de saúde infantil


em contexto hospitalar

Relativamente à estas competências, importa referir que cuidar de lactentes e


crianças está intimamente envolvido com o cuidado à criança e a sua familia por estes
serem dependentes de seus pais/cuidadores.

Portanto; o enfermeiro especialista tem um papél fundamental na identificação de


necessidades, problemas e na responsabilidade de cuidar com a criança e sua familia
baseando-se na teória de parceria de cuidados de Anne Casey, que permite a colaboração
de forma activa, dos pais no cuidar com a criança hospitalizada.Este modelo tem como
base, o sentimento de negociação, respeito pelas necessidades e desejos da criança,
mãe/cuidador e familia.Entretanto, a parceria de cuidados, é considerada o mais elevado
nível de participação na prestação de cuidados, sendo que implica uma comunicação
efectiva entre os intervenientes envolvidos no processo de cuidar.( Anne Casey 1993
citado em Lopes,N. M. Q.2012).

47
No que concerne a promoção da saúde do recém-nascido, criança/familia, tive
como principal actividade, os ensinos que foram realizados de forma individual as
mães/cuidadores e familia sobre variadissímos temas, como por exemplo; os cuidados de
higiene corporal e conforto ao R/N, cuidados à ter com o coto umbilical.As mães foram
informadas sobre a importância da hiegiene do R/N,porque paralém de prevenir
infecções,proporciona o momento privilégiado de interação entre mãe e filho e o conforto
do R/N.O quarto onde vai se realizar o banho, deve estar com janelas e portas fechadas
para evitar correntes de ar que possam provocar problemas respiratórios,a àgua para o
banho do R/N deve ser tratada principalmente quando o coto umbilical ainda não está
curado porque, constitui uma porta de entrada de microorganismos, esta também deve
estar à uma temperatura adequada de 37ºC. Outro aspecto importante são os cuidados a
ter com a roupa do R/N,que deve ser bem lavada em recipientes próprios que não sejam
de uso comum com os restantes membros da familia, deve ser passada à ferro e guardada
em lugar específico.Durante a prática clínica no H.M.S.pude identificar um defíce muito
grande das mães, no tocante aos cuidados de higiene do R/N, apesar de algumas serem já
multiparas ainda assim não conseguem prestar cuidados de higiene de forma correta,
associando a má prática de colocar sal, àgua e azeite no coto umbilical aumentando assim
o risco de infecção ao R/N.Outros ensinos realizados são;a prevenção da malária, cólera,
a importância do aleitamento materno exclusivo até os seis meses, a importância do
cumprimento do plano do calendário de vacinação estabelecido pelo Ministério da Saúde
de Angola (MINSA).Com tudo isto,durante a prática clínica, percebi melhor que os
profissionais de enfermagem têm muitas actividades ou acções independentes,que visam
a promoção e conforto dos clientes/doentes/familia e que também minimizam o
sofrimento dos mesmos.Foi gratificante os conhecimentos, competências experiências
obtidas nesta Unidade Curricular,porque permitiram-me desenvolver acções de
enfermagem no cuidar com R/N e crianças de forma segura e interativa com as
mães/cuidadores e porque houve êxitos, apesar do estado grave que alguns R/N
apresentavam, foi possível a sua recuperação pela atenção, amor e cuidados de
enfermagem prestados. Do meu ponto de vista,estas acções não são realizadas pela falta
de conhecimentos dos profissionais de enfermagem das Unidades de Saúde onde
estivemos em estágio e a má percepção sobre as suas atribuições, pensando que as acções
são dependentes,sendo que estes limitam-se apenas a realizar acções por prescrições
médicas e porque a Supervisão de enfermagem também apresenta um défice muito grande
por não identificar necessidades, problemas,não orienta, não dirige e porque devia

48
procurar dar solução aos problemas identificados, para melhorar a prestação de cuidados
de enfermagem com qualidade.

Ainda nas competências específicas, no que respeita a intervenção na prevenção e


controlo da infecção associada aos cuidados de saúde perante a criança internada, digo
que desenvolvi estas competências com maior responsabilidade e segurança, porque
tenho a consciência dos danos causados pelo não cumprimento das normas de
biossegurança. A O.M.S., por meio da Aliança Mundial para a segurança do
cliente/doente, também tem dedicado esforços na elaboração de directrizes e estratégias
de implementação de medidas visando adesaõ à prática da lavagem das
mãos.(Biossegurança Angola 2013).Neste sentido, a lavagem das mãos constitui a medida
mais simples e eficaz para a prevenção da propagação de infecções associadas à cuidados
de saúde.É importante a consciencialização dos profissionais de saúde sobre a lavagem
das mãos e não pensarem que o calçar as luvas substitui esta medida.Portanto durante a
prática clínica,ao cuidar com a criança hospitalizada, tive o cuidado, e responsabilidade
profissional, o dever de lavar as mãos ou desinfectar com solução antisséptica, quando
estas estão visívelmente límpas, antes e depois de cada procedimento.Na realização
destes, como por exemplo a colocação do cateter venoso periférico, não deve faltar a
rotulagem, incluindo para o sistema de soro.Orientei as mães das crianças com que cuidei,
a terem o cuidado para não molharem e não sujarem o local cateterizado prevenindo assim
o risco de infecção.Lamentavelmente os profissionais de enfermagem das unidades de
saúde onde decorreu o estágio, na sua maioria não realizam a lavagem das mãos conforme
as normas de controlo e prevenção de infecção, que estabelece a lavagem das mãos antes
do contacto com o doente/cliente, após o contacto com o doente/cliente, antes de realizar
procedimentos, quando há risco de exposição à fluídos corporais, depois do contacto com
superfície ou objectos proximos do doente, antes e após o uso de luvas. E ainda, há
profissionais que calçam um par de luvas para cuidar mais de um doente, atitude esta que
é bastante reprovável, por costituir a fonte de transmissão de infecção associada á
cuidados de saúde.E o mais agravante é que a supervisão não tem a capacidade de
identificar estes problemas que precisam de uma solução imediata por constituir risco de
infecção.Sendo que a supervisão de enfermagem, é um elemento essêncial para se adquirir
qualidade de prestação de cuidados ao cliente. Oferece também meios para organizar e
avaliar o trabalho e auxilia o processo de formação permanente. Assim o enfermeiro deve
aprimorar os seus conhecimentos ciêntificos a respeito desta supervisão e procurar

49
maneiras de colocá-la em prática em seu serviço.(Salimena,Gama & Carvalho 2017). A
separação do lixo também é um aspecto importante,sendo que a Instituição e o comité de
controlo de infecção é responsável pela criação de protocolos para classificação do lixo
hospitalar. Portanto; a higiene hospitalar visa proporcionar não apenas conforto, bem
estar físico e psicológico aos doentes/clientes e a equipa de saúde, como também constitui
uma ferramenta eficaz e importante na prevenção e controlo de infecção.Ainda;
relativamente à limpeza hospitalar, chamou-me a atenção as pessimas condições de
higiene do Berçario onde se encontravam Recém-nascidos hospitalizados.Verificava-se
uma quantidade de pó e sujidade acumulada nos ventiladores,a quantidade de mosquitos
era assustadora e também não se realiza a desinfecção os berços após a alta, criando assim
risco de infecção aos R/N, sendo que estes, são seres com maior vulnerabilidade pela
caracteristica da sua idade, têm a pele fina, sensível e encontram-se numa fase de
adaptação à vida extra-uterina. Perante esta situação; na qualidade de enfermeira
estudante e futura Especialista em Materno Infantil, tive a capacidade de interagir com a
médica responsável do Berçário monstrado os ventiladores com a acumulação de lixo e
referir também sobre os mosquitos por constituirem risco na transmissão da malária. Fruto
da observação e identificação da situação, foi possivel melhorar as condições de higiene
e colocar os ventiladores a funcionar porque paralém da sujidade também não estavam
em funcionamento.

De acordo com Pfettscher, (2004),ao falar da teória de Nightingale,enfatizou que


um ambiente sujo(chão, carpetes, paredes, e roupa de cama), era fonte de infecção através
da matéria orgânica que continha.Nightingale acreditava que o ambiente circundante
saudável era necessário da saúde ambiental(ar puro, àgua pura, drenagem eficiente,
limpeza e luz), são essenciais actualmente como eram hã 150 anos.

No que concerne a Promoção do Crescimento e Desenvolvimento Infantil, foi para


mim o despertar de muitas acções de enfermagem, que na realidade muitos enfermeiros
não têm noção até agora sobre a importância desta actividade. Digo isto porque, pude
costatar durante a prática clínica onde alguns enfermeiros perguntavam se não fazemos
nada, por estes não conhecerem a importância das acções de enfermagem que realizamos.
No entanto, pude aproveitar todas oportunidades que a CFS nos proporcionou em termos
professoras orientadoras durante o tempo todo em prática clínica, facto este que chamou-
me muita a atenção porque tive várias formações que deixaram-me muitas lacunas e com
o CPLEESMI, consegui alcançar muitos dos meus propósitos.Certamente desenvolvi

50
competências que visam a promoção do crescimento e desenvolvimento, tendo uma boa
capacidade de observação e uma relação interpessoal, sendo esta como o meio através do
qual é antigido o propósito da enfermagem( Tomey 2004).

Para a promoção do crescimento e desenvolvimento Infantil, tive em consideração


durante a observação, a relação afectiva entre pais/ filhos, as condições de higiene, a
recolha de informações sobre o cumprimento do calendário de vacinação, o numero de
refeições diárias, a realização de ensinos sobre a importância da alimentação da criança,
a prevenção de doenças, prevenção de quedas, a importância das vacinas e a higiene(
Wilson,2006).-------

Dentro das competências específicas, no que se refere a preparação da


criança/familia para o regresso á casa,para mim foi o fortalecer de meus
conhecimentos,porque anteriormente, fazia esta preparação apenas no dia da alta médica;
e agora, fruto dos conhecimentos adquiridos ao longo do CPLEESMI,aprendi que a
preparação para o regresso à casa é realizada desde do momento da entrada do
doente/cliente,à instituição hospitalar,identificar as necessidades, realizando desde já,
ensinos sobre prevenção de doenças do quadro nosológico, prevenção de acidentes e
quedas, cuidados de hiegiene, a importância do cumprimento do calendário de vacinação
estabelecido pelo MINSA, explicar á mãe/cuidador a forma correta de administrar os
fármacos em dose e hora certa e validar os conhecimentos para garantir de forma segura
a continuidade de cuidados.

Ainda nestas competências específicas no que se refere a criança com dor tive o
privilégio de conhecer e aprender a utilização das escalas de classificação da dor como
por exemplo a Escala de faces(faces pain rating scale ) que consiste no desenho de seis
faces,que representam desde a face alegre de “sem dor”até a face de choro para”pior dor”
e utilizada para crianças apartir dos 3 anos de idade.A Escala numérica(Numeric Rate
Scale) que é representada por numeros de 0 à 10,sendo que o (zero) é sem dor,1 a 3 dor
leve,4 a 6 moderada e 7 a 10 dor intensa.É utilizada para crianças apartir dos 5 anos de
idade.A Escala de dor neonatal(Neonatal Infant Pain Scale)constituida por algumas
categorias como: Expressão facial, choro, respiração, braços, pernas e estado de
consciência/alerta.( Hockenberry & Wilson 2014).Portanto é importante que os
profissionais de enfermagem, tenham a capacidade de observação e avaliação para
poderem estabelecer prioridades no atendimento à criança com dor.Durante a prática
clínica aprendí sobre as medidas não fármacologicas, paralém das fármacologicas que

51
habitualmente realizamos.Como sendo o oferecimento de um ambiente calmo, sem
interrupções, dispensar tempo suficiente para uma brincadeira,estruturação da secção de
brinquedos, de modo a facilitar o resultado desejado, disponibilizar material didático para
a realização de exercícios de pintura e desenhos a sua escolha, estabelecer limites à sessão
de brincadeira terapêutica, comunicar a finalidade da secção de brinquedos á criança e
aos pais.( Tavares,2011).A brincadeira terapêutica nos hospitais Públicos de Angola
ainda não constitui uma realidade, porque não se observa acções que promovam a
brincadeira terapêutica ou até mesmo desconhecida por muitos profissionais de saúde do
País.Foi caricato a forma como os colegas das instituições onde decorreu a nossa prática
clínica, quando a realização da brincadeira terapêutica olhavam para nós sem dar valor a
actividade que estavamos a realizar,sendo que é uma das várias acções de enfermagem.

52
4.APRESENTAÇÃO ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Tabela-1
Distribuição dos artigos segundo o tempo de publicação
Título/Autor Ano Tipo de estudo Conclusões
O papel da equipe de saúde no cuidado e 2008 Dá ênfase as
conforto no trabalho de parto e parto. Qualiquantitativo, acções de
Autores: Carraro, Knobel, Frello, Gregório, prospectivo e enfermagem,
Grûdtner, Radûnz & Meincke. multicêntrico como a
presença
constante dos
profissionais, a
atenção
dispensada e o
toque tornaram
a vivência do
TP mais
confortável
2009 Revisão da literatura O conforto é
O conforto nas teorias de enfermagem-análise habitualmente,
do conceito e significados teóricos. empregue nos
Autor: Apóstolo, J.L. A. diferentes
contextos da
prática de
enfermagem e
faz parte da
linguagem
usual dos
enfermeiros,

53
aparecendo
muitas vezes
relacionado
com a
dimensão física
da pessoa
Teoria do conforto para a promoção da saúde 2010 Descritivo/qualitativo O estudo
no cuidado de enfermagem à parturiente. contribuiu,
Autor: Silveira, I.P. deixando
transparecer
que a aplicação
de uma nova
teoria de
enfermagem
obstétrica por
ser aplicável na
nossa
realidade. É
necessária ser
direccionada
prática do
cuidado na
enfermagem.
Cuidado e conforto no Parto: Estudos na 2011 Revisão bibliográfica
enfermagem Brasileira.
Autores: Frello, Carraro & Bernardi

Os artigos
analisados
neste estudo
possibilitaram
identificar a
necessidade de

54
aprofundar o
conhecimento a
respeito do
cuidado e
conforto no
processo do –
parto
Utilidade da teoria do conforto para o 2016 Teórico e Esta teoria
cuidado clínico de enfermagem à puérpera: reflexivo poderá
Análise critica. contribuir para a
Autores: Lima, Silva, Freitas & Fialho melhoria do
conforto de
puérperas, ao
orientar as
acções de
cuidado clinico
de enfermagem e
permitir um
cuidado
individualizado
e holístico a
mulher que
considere a
percepção desta
sobre suas
necessidades de
conforto.
Fonte: elaboração própria

A tabela 1. Representa a distribuição dos artigos segundo o ano de publicação na


qual encontra-se um artigo do ano 2008, com o tema o papel da equipe de saúde no
cuidado e conforto no trabalho de parto e parto, seguido de 2009, com o conforto nas
teorias de enfermagem- Analise de conceito e significados teóricos. Em 2010 sobre teoria

55
de conforto para a promoção da saúde no cuidado de enfermagem á parturiente. 2011
cuidado e conforto no parto: Estudos na Enfermagem Brasileira. 2016 Utilidade da teoria
do conforto para o cuidado clinico de enfermagem á puérpera-Analise critica.

Entre as observações feitas, temos o artigo com maior tempo de publicação,2008


com 10 anos, seguido de 2009 com 09 anos,2010 com 08 anos,2011 com 07 anos e com
menor tempo de publicação 2016 com 02 anos.

Segundo os autores Frello,Carraro & Bernardi (2011), enfatizam o cuidado e o


conforto da mulher e seus familiares, contribuem tanto para a academia como para os
profissionais da prática, ao incentivarem a reflexão e resgatarem condutas voltadas a
experiência plena do processo de parto.

Lima,Guedes,Silva & Freitas (2016),ressaltam a necessidade da realização de


pesquisas que apliquem a teoria do conforto de Kolcaba, no cuidado à puérpera em
diferentes ambientes de cuidados.

De acordo Silveira, (2010),realça a importância dos profissionais de enfermagem


maior enquadramento no acto de conduzir a prática do cuidado de enfermagem, articulada
sempre ao conforto como um exercício humano, na realização e na complementação do
estar melhor e na procura da sublimação.

Para Apóstolo, (2009),o termo conforto é habitualmente empregue nos diferentes


contextos da prática de enfermagem e faz parte da linguagem usual dos enfermeiros,
aparecendo muitas vezes relacionado com a dimensão física da pessoa.

Carraro,Knobel,Frello,Gregório,Grûdtner,Radûnz & Meincke (2008), apontam a


necessidade de implementação de novas pesquisas, cujos sujeitos sejam as próprias
mulheres, que objectivem produzir conhecimentos a respeito de como cuidar e confortar
a mulher, nesses e em outros momentos durante a gravidez e o período puerperal, afim
de subsidiar os profissionais acerca da temática.

Após a análise dos artigos, observou-se uma conformidade de opiniões sobre a


temática, sendo que o conforto é considerado parte integrante dos cuidados de
enfermagem por satisfazer as necessidades de alívio, mantendo a pessoa calma e segura.

No presente estudo, ao analisar os artigos, permitiu-me conhecer e perceber o quão


é importantes as acções de enfermagem para a promoção do conforto, em mulheres
durante o processo do trabalho de parto.
56
5.CONCLUSÃO

O conforto é o estado em que a pessoa/cliente sente as suas necessidades


satisfeitas. No entanto, a promoção do conforto em mulheres durante o trabalho de parto
implica um conjunto de conhecimentos e responsabilidade por parte de profissionais de
enfermagem para identificação das necessidades e problemas de forma a minimizá-los,
traçando um plano de cuidados, elaborar diagnósticos de enfermagem, estabelecendo
prioridade e realizar intervenções de enfermagem, baseadas em modelos e teorias de
enfermagem sendo que estas assumem um papel fundamental para tornar esta experiência
como boa.

57
Este trabalho permitiu-me atingir assim os objectivos que me propus inicialmente,
tendo conseguido desenvolver competências promotoras do conforto, fruto dos
conhecimentos adquiridos ao longo do percurso formativo.

Sou grata por ter a oportunidade de fazer parte dos profissionais formados nesta
Instituição, Centro de Formação de Saúde Multiperfil (CFS), por proporcionar um ensino
diferenciado pela sua qualidade contribuindo para a minha capacidade de análise e
reflexão.

Importa dizer que durante a elaboração deste trabalho, tive dificuldades principalmente
na prática de informática por não ter domínio da mesma e na estruturação do trabalho de
Monografia mas pela força de vontade em aprender, dedicação e coragem foi possível
ultrapassar essas dificuldades.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Apóstolo, J. L. A. (2009). O Conforto nas Teórias de Enfermagem-Análise do Conceito


e Significados Teóricos. Disponível em: file:///C.Users/cfs. biblioteca
/Downloads/Artigo-de-Revisão% 20 (8).Pdf.

Biossegurança Angola (2013). Guia de Biossegurança. Unidades Sanitárias de Angola.


(2ªed.). Luanda

58
Borges, M. S., Freitas, G. & Gurgel, W. (2012). A Comunicação da má notícia na visão
dos profissionais de saúde. Revista Tempus Actas de saúde coletiva. Disponível em:
https://www.google.co.ao/search?q=comnica%C3%A7%C3%A3o+de+m%C3%A1
&oq=comnica%C3%A7%C3%A3o+de+m%C3%A1&aqs=chrome.69i57j0l5.2000
4j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8.

Branden, P.S. (2000).Enfermagem Materno-Infantil. (2ªed.).Rio de Janeiro: Reichmann


& Afonso.

Canastra, F., Haanstra,F. & Vilanculos. (2015). Manual de Investigação Científica da


Universidade Católica de Moçambique. (1ªed.)Beira: Craft Chadambuka.

Carraro, T.E., Knobel, R., Frello, A.T., Gregório. R. P., Grûdtner, D.I. Radûnz, V. &
Meincke, S. M. K. (2008).O Papel da Equipe de Saúde no cuidado e Conforto no
Parto e Parto: Opinião de puérperas. Texto contexto.Enfermagem.Disponível
em:www.Scielo.br/pdf/tce/v17n3/a11v17n3.pdf.502 (3).

Costa, P. H. A., Mota, D. C. B., Paiva, F. S. & Ronzani, T. M. (2015). Destacando a


trama das redes assistenciais sobre drogas. Uma revisão narrativa da literatura.
Disponível em: www.Scielo.br/pdf/csc/v20n2/1413-8123-csc-20-02-0395.pdf.

Decreto Presidencial nº185/18 de 06 de Agosto. Diário da República de Angola nº116-


1ª série.

Dowd, T. (2004). Teoria do Conforto.In Tomey, A. M. & Alligoog, M. R. (Eds.).Teóricas


de Enfermagem e a sua Obra: Modelos e Teorias de Enfermagem (5ªed.Tradução
Portuguesa,Cap.24,PP.484-485).

Elkin, M. K., Perry, A.G. & Potter, P.A. (2005). Intervenções de Enfermagem e
Procedimentos Clínicos (.2ªed.).Loures: Lusociência.

Fleury, M. T. L. & Fleury, A. (2001). Construindo o Conceito de Competência. RAC


Edição Especial 183_196. Disponível em:
https://www.google.co.ao/search?q=fleury+e+fleury+2001+competências&oq=fleur
y+%26+Fleury+2001&aqs=chrome.3.69i57j0l5.54090j0j

59
Frello, A. T. Carraro, T. E. & Bernardi, M. C. (2011). Cuidado e Conforto no Parto:
Estudos na Enfermagem Brasileira. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, (V. 25),
n. 2, p.173-184.

Galvão, A., Valfreixo, M. & Esteves, M. (2015). Livro de Atas do II Seminário


Internacional em Inteligência Emocional. Disponível em:
CIA+EM+SAÚDE&oq=TRANSMISSÃO+DE+MÁ+NOTÍCIA+EM+SAÚDE&aq
s=chrome.69i57.29588j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8

Grupo, A. E. (2014).Manual Revisão Bibliográfica Sistemática Integrativa: A pesquisa


baseada em evidências. Belo Horizonte: G.A.E.Disponível em:
disciplinas.nucleoead.com.br/pdf/anima-tcc/gerais/manuais/manual-revisão.pdf

Hockenberry, M. J. & Wilson, D. (2014) Wong : Enfermagem da criança e do


Adolescente (9ªed.).Loures: Lusociência.

Jamas, M. T., Hoga, L.A.K. & Reberte, L.M. (2013). Narrativas de mulheres sobre a
assistência recebida em um centro de parto normal. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00039713

Lima, J. V. F., Guedes, M. V. C., Silva, L. F., Freitas, M. C., & Fialho, A.V.M. (2016).
Utilidade da Teória do conforto para o cuidado clínico de enfermagem à puérpera:
Análise crítica. Rev. Gaúcha Enferm. Disponível em doi:
http://dx.doi.org/10.1590/1983- 1447.2016.04.65022

Lopes, N. M. Q. (2012). Parceria nos cuidados à crianças nos Serviços de Pediatria:


Perspectiva dos Enfermeiros. Disponível em:
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/9376/1/TESE%20NATÁLIA%20LOPES
.pdf.

Lowdermilk, D. L.& Perry, S.E. (2008). Enfermagem na Maternidade. (7ªed.).Loures:


Lusodidacta.

Neves, J. G. Garrido, M. & Simões, E. (2008).Manual de Competências pessoais,


interpessoais e instrumentais. Teoria e Prática. (2ªed.).Lisboa: Sílabo.

Martins, M. A. (2001).Manual de Infecção


Hospitalar.Epidemiologia.Prevenção.Controle. (2ed.).São-Paulo.MEDSI.

60
Oliveira, C.S. (2013). Conforto e Bem-estar enquanto Conceitos em Uso em
Enfermagem: Pensar Enfermagem. Disponível em:
https://www.google.co.ao/search?q=conforto+e+bem+estar+enquanto+conceitos+e
m+uso+em+enfermagem&oq=conforto+e+bem+estar+enquanto+conceitos+em+us
o+em+enfermagem&aqs=chrome.69i57.91377j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8

Oliveira, E. (2014).MIC-Metodologia de Investigação Científica .FEUP. Diponível


em:https://paginas.fe.up.pt/~eol/PRODEL/mic1415-files/Teorias.pdf

Ordem do Enfermeiros de Angola (2016) Código de Ética e Deontologia dos


Profissionais de Enfermagem de Angola. Luanda.

Ordem dos Enfermeiros (2011). Regulamento das Competências comuns do enfermeiro


especialista, Regulamento nº 122/2011, Diário da República,2ª série-Nº 35 de 18 de
Fevereiro de 2011 (8648-8653 )

Phaneuf, M. (2005). Comunicação, Entrevista, Relação de Ajuda e Validação. Loures:


Lusociência.

Pfettscher, S. A. (2004). Enfermagem Moderna.In Tomey, A. M. & Alligoog, M. R.


(Eds.). Teorias de Enfermagem e a sua Obra: Modelos e Teorias de Enfermagem
(5ªed.Tradução Portuguesa, Cap.6, P.77). Loures: Lusociência

Riley, J. B. (2004). Comunicação em Enfermagem. (4ªed.). Loures: Lusociência.

Rocha, I. M. S., Oliveira, S. M. J. V., Schneck, C. A., Riesco, M. L. G. & Costa, A. S. C.


(2009). O Partograma como instrumento de análise da assistência ao parto. Rev. Esc.
Enferm. USP, 43 (4), 880-888. Disponível em: www.Scielo. Br/pdf/ reeusp/ V43
n4/a20V43n4.pdf.

Sachocal, A. I. L. M., Dumbo, A. C., Namora, A. O., Araújo, A. C., Jesus, A. S. S. G.,
Manteigas, C., Friaças, C. M. R. J., Almeida, D., Freitas, E. G. G., Braga, E. J. E.,
Conceição, E. J. M. G., Cardoso, F. B., Mendes, J. S. N., Vasconcelos, H., Cucubita,
H. E. A., Gomes, I. J. L., Monteiro, I. R. A. M., Vanza, K. Alves, L. N. S. C., Nené,
M., Batista, M. A., Franque, M. M. B. R., Bundo, M. A. J., Fernandes, M. J. C. C.,
Freitas, N. M. M. O. S., Alberto, O. E. G., Campos, P. A., Almeida, P. R. S., Arce, R.
C., Rodrigues, S. & Costa, S. F. C. O. (2018). Manual de Enfermagem Obstétrica. (1ª
ed.). Portugal: Medsimlab.

61
Salinema, A. M. O., Gama, B. M. & Carvalho, N.A. (2017). A supervisão sob a ótica dos
enfermeiros. Reflexos na assistência e trabalho em equipa.
Rev.Am.Saúde.Vol.17.Nº69 Disponível em : http://dx.doi.org/10.23973/ras.69.68

Sallum, A. M. C., Garcia, D. M., & Sanches. (2012). Dor aguda e crónica. Revisão
narrativa da literatura. Acta Paul Enferm. (Numero Especial) 150.4 Disponível em :
www.redaly.org./html/3070/307026828023/

Silva, A. L. S., Nascimento, E. R., Coelho, E. A. C. (2016). Prática de Enfermeiros para


a Promoção da Dignificação, Participação e Autonomia de Mulheres no Parto
normal. Revista de Enfermagem. Escola Anna Nery Salvador – BA, V. 19, n.1, P..424
– 431, Jul./Set.

Tavares, P. P. S. (2011). Acolher Brincando. Loures: Lusociência.

Thaís, B. O. F. & Helena, E.S. (2012). Competências Profissionais em Saúde Pública:


Conceitos, Origens, Abordagens e Aplicações. Rev. Bras Enferm. Brasília jul-
ago;64(4):667-74.Disponível em : www.redalyc.org/pdf/2670/267024790017.pdf

Thompson, I. E., Melia, K. M. & Boyd, K. M. (2004). Ética em Enfermagem. (4ªed.).


Loures: Lusociência.

Tomey, A. M. & Alligood, M. R. (2004). Teorias de Enfermagem e a sua obra. (Modelos


e Teorias de Enfermagem). (5ªed.). Loures: Lusociência.

Vieira. (2009). Ser enfermeiro da compaixão à Proficiência. (2ªed.).Lisboa: Universidade


Católica.

Wilson, D. (2006) Promoção da Saúde do Lactente e da Família. In Hockenberry, M. J.


& Winklstein (Eds.).Wong Fundamentos de Enfermagem Pediátrica (7ªed. Tradução
Portuguesa,Cap. 10, P.308)

62

Você também pode gostar