Você está na página 1de 67

CENTRO DE FORMAÇÃO DE SAÚDE MULTIPERFIL

3º CURSO DE PÓS-LICENCIATURA DE ESPECIALIZAÇÃO EM


ENFERMAGEM DE SAÚDE MATERNO-INFANTIL
UNIDADE CURRICULAR RELATÓRIO II: ELABORAÇÃO DA
MONOGRAFIA

A PARCERIA DE CUIDADOS COMO MODELO DE


INTERVENÇÃO NOS CUIDADOS PEDIÁTRICOS:
SATISFAÇÃO DOS PAIS/CUIDADORES

Joia Jerónimo Gaspar

LUANDA, NOVEMBRO DE 2018


CENTRO DE FORMAÇÃO DE SAÚDE MULTIPERFIL
3º CURSO DE PÓS-LICENCIATURA DE ESPECIALIZAÇÃO EM
ENFERMAGEM DE SAÚDE MATERNO-INFANTIL
UNIDADE CURRICULAR RELATÓRIO II: ELABORAÇÃO DA
MONOGRAFIA

A PARCERIA DE CUIDADOS COMO MODELO DE


INTERVENÇÃO NOS CUIDADOS PEDIÁTRICOS:
SATISFAÇÃO DOS PAIS/CUIDADORES

Joia Jerónimo Gaspar

MONOGRAFIA

ORIENTADORA: Ana Paula Duarte. Enfermeira Especialista em


Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica, professora do
Centro de Formação de Saúde Multiperfil

LUANDA, NOVEMBRO DE 2018


CENTRO DE FORMAÇÃO DE SAÚDE MULTIPERFIL
3° CURSO DE PÓS – LICENCIATURA DE
ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM DE SAÚDE
MATERNO-INFANTIL

JOIA JERÓNIMO GASPAR

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do curso de


Pós–Licenciatura de Especialização em Enfermagem de Saúde Materno-
Infantil.

Monografia aprovada em ____ / 11 / 2018


Com a classificação final de ________ valores
Assinatura
Helena Maria Guerreiro José. (Professora Doutora) ___________________
(Presidente)
Ariana Chávez. (Enf. Especialista em Pediatria) ______________________
(Arguente)
Ana P. Duarte. (Enf. Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica) _________
(Orientadora)
Vale mais um bocado de pão seco, com paz, do que uma casa cheia com
banquetes e discórdia (Provérbios 17-1,2)
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus todo poderoso que me deu o fôlego da vida,
para poder realizar este sonho que hoje se concretiza. Por ter permitido que ultrapassasse
todos os obstáculos ao longo da formação.

Aos meus pais por terem sido o meio utilizado para a minha existência e aos meus
queridos filhos que várias vezes foram deixados sem proteção materna, Aurora, Teresa e
Sílvio.

À minha orientadora professora Ana Paula Duarte que com a sua exigência e rigor,
ensinou-me a refletir o modo de proceder e organizar as informações, porque sem a sua
orientação não seria capaz de concluir este trabalho de extrema importância.

Agradeço ao meu esposo Silvestre Manuel Inácio que ao longo destes dois anos
não se mostrou diferente, foi a principal força que tive durante este percurso.

Às direções dos Hospitais, por autorizarem que a investigação fosse realizada para
a concretização deste trabalho. Aos participantes que foram prestimosos e pacientes em
colaborar no preenchimento do questionário.

A todos os professores do Centro de Formação de Saúde Multiperfil, que tanto se


empenharam para que os conhecimentos fossem bem apreendidos por mim, em particular
à professora Doutora Helena Guerreiro José que durante as suas aulas foi a minha
terapeuta.

A toda a comunidade académica do Centro de Formação de Saúde Multiperfil do


ano de 2017 a 2018, em especial às minhas colegas do curso de Pós-Licenciatura em
Enfermagem de Saúde Materno-Infantil, que sempre acompanharam as minhas
dificuldades e me deram o seu apoio moral. Aos que me ajudaram financeiramente nos
momentos que não tive dinheiro para o táxi, aos que sempre me deram boleia, que Deus,
ilumine o vosso caminho.

A todos aqueles que de forma directa ou indirecta contribuíram para que este
trabalho fosse realizado.

Ngassakidila Quiá Vwlu, Ndapandula Chalwa, Muito Obrigado.


RESUMO

O presente trabalho incide sobre a intervenção de enfermagem através da parceria


de cuidados nos serviços pediátricos em Angola. Incluir os progenitores na participação
nos cuidados diminui a angústia da separação e cria uma autoconfiança para o
aperfeiçoamento das suas habilidades e competências parentais. O mesmo teve como
objectivo geral, avaliar a percepção dos pais/cuidadores acerca do apoio recebido pelos
enfermeiros e específicos, caracterizar os pais/cuidadores. A metodologia usada foi o
método quantitativo descritivo, com adaptação da escala NPST para a realidade angolana.
Resultados: quanto à faixa etária, houve maior frequência de idades entre 23 anos e os
32 anos, num total de 55%; quanto ao nível académico, houve maior frequência no ensino
secundário - primeiro ciclo, com 15, (37,5%); quanto à profissão e ocupação, houve maior
frequência, a de vendedora ambulante e doméstica, ambas com 15, (75%); quanto aos
dias de internamento, a maior frequência foram três dias, com 27 elementos, 67,5% e
quanto ao apoio, obteve-se a maior média no item da escala NPST relacionada com a
dimensão “apoio instrumental”, com 2,6. Concluiu-se que os principais factores de
desalento dos pais são a falta de informação e falta de recursos por parte das instituições.

Palavras-chave: pais; criança; hospitalização; enfermagem.


ABSTRACT

The present study focuses on the nursing intervention through care partnership in
the pediatric services in Angola. Including parents in the participation of the provided
care will reduce the separation anxiety and will build a self-confidence for the
improvement of their parental skills and abilities. The general objective was to evaluate
the perception of the parents / caregivers regarding the support received by the nurses and
the specific objective, was to characterize the parents / caregivers. The methodology
used was the quantitative descriptive method, with the adaptation of the NPST scale to
Angola’s reality. Results: regarding age range there was a higher frequency of ages
between 23 and 32 years old, with a total of 55%; regarding education there was a higher
frequency on the secondary school – first cycle, with 15 cases (37,5%); regarding jobs
and occupations there was a higher frequency for street vendors and housewives, both
with 15 cases (75%); regarding hospitalization days, the higher frequency were three
days, with 27 elements (67,5%), and regarding support the higher average on the NPST
scale was obtained on the item related to the dimension of “instrumental support”, 2,6. It
is concluded that the major factors for parents dismay are the lack of information and the
lack of resources by the institutions.

Key words: parents, child, hospitalization, nursing.


ÍNDICE

INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 23

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA ........................................................................ 25

OBJECTIVOS DO ESTUDO ..................................................................................... 26

IMPORTÂNCIA E JUSTIFICAÇÃO DO ESTUDO ................................................. 26

1-HISTÓRIA DOS HOSPITAIS PEDIÁTRICOS .................................................... 27

1.1-A FAMÍLIA COMO NÚCLEO DO CUIDADO ................................................. 28

1.2- A CRIANÇA E O MEIO AMBIENTE ............................................................... 29

1.3-IMPACTO DA HOSPITALIZAÇÃO NA CRIANÇA ........................................ 29

1.3.1- Importância da brincadeira terapêutica ................................................... 30

1.4-PARCERIA DE CUIDADOS EM PEDIATRIA.................................................. 30

1.5- APOIO DOS ENFERMEIROS AOS PAIS/CUIDADORES .............................. 31

2. METODOLOGIA ..................................................................................................... 33

2.1-TIPO DE ESTUDO .............................................................................................. 33

2.2-VARIÁVEIS………………………………………………………………………. 34

2.2.1-Operacionalização das variáveis ........................................................................ 34

2.3-SELECÇÃO DOS PARTICIPANTES ................................................................. 34

2.4- QUESTÕES ÉTICAS .......................................................................................... 35

2-5-INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS ................................................. 36

2.6- LIMITAÇÕES DO ESTUDO .............................................................................. 37

3- APRENDIZAGENS E COMPETÊNCIAS DESENVOLVIDAS COMO


ENFERMEIRA ESPECIALISTA ............................................................................... 38

3.1-COMPETÊNCIAS TRANSVERSAIS DESENVOLVIDAS ............................... 39


3.2-COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DESENVOLVIDAS .................................... 42

4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............... 55

5.CONCLUSÃO ............................................................................................................ 63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 65

ANEXO .......................................................................................................................... 68

APÊNDICES ................................................................................................................. 72

APÊNDICE A ............................................................................................................. 73

APÊNDICE B ............................................................................................................. 74

APÊNDICE C ............................................................................................................. 76

APÊNDICE D ............................................................................................................. 77
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. MODELO DE PARCERIA DE CUIDADOS ................................................. 31
Figura 2. DISTRIBUIÇÃO DOS ACOMPANHANTES SEGUNDO O GRAU DE
PARENTESCO ............................................................................................................... 55
Figura 3. DISTRIBUIÇÃO DOS ACOMPANHANTES SEGUNDO A IDADE ......... 56
Figura 4. DISTRIBUIÇÃO DOS ACOMPANHANTES SEGUNDO O NÍVEL
ACADÉMICO ................................................................................................................ 56
Figura 5. DISTRIBUIÇÃO DOS ACOMPANHANTES SEGUNDO O ESTADO CIVIL
........................................................................................................................................ 57
Figura 6. DISTRIBUIÇÃO DOS ACOMPANHANTES SEGUNDO A
PROFISSÃO/OCUPAÇÃO ............................................................................................ 58
Figura 7. DISTRIBUIÇÃO DAS CRIANÇAS SEGUNDO O TEMPO DE
INTERNAMENTO ......................................................................................................... 58
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Operacionalização das variáveis .................................................................... 34
Tabela 2. Competências do Estágio I ............................................................................. 43
Tabela 3. Competências do Estágio II ............................................................................ 47
Tabela 4. Competências do Estágio III ........................................................................... 53
Tabela 5. Itens da escala Nurse Parent Support Tool NPST relacionada com a dimensão
apoio informativo ............................................................................................................ 59
Tabela 6. Itens da escala NPST relacionada com a dimensão apoio emocional ........... 60
Tabela 7. Itens da escala NPST relacionada com a dimensão apoio cognitivo/apreciação
………………………………………………………………………………………….61
Tabela 8. Itens da escala NPST relacionada com a dimensão apoio instrumental........ 61
INTRODUÇÃO

Após terminada a formação de Pós-Licenciatura de Especialização em


Enfermagem de Saúde Materno-Infantil, é necessário que se faça um estudo sobre uma
temática inerente à especialidade realizada, tendo por base os conhecimentos técnicos
científicos adquiridos no âmbito teórico-prático. No estágio I, de Enfermagem de Saúde
Materna e Infantil na Comunidade, estágio II, Enfermagem de Saúde Materno e
Obstétrica (Bloco de Partos e Obstetrícia) e finalmente o estágio III, Enfermagem de
Saúde Infantil em Contexto Hospitalar (Neonatologia e Cuidados Intensivos Pediátricos).
Foi possível em cada estágio elaborar um projecto de intervenção para alcançar as várias
competências no âmbito da especialidade. No estágio I foi elaborado um projecto sobre
prevenção da malária, no estágio II, promoção do aleitamento materno e no estágio III,
promoção da parceria de cuidados dos pais/cuidadores das crianças hospitalizadas, na
qual foi possível desenvolver várias competências específicas e aperfeiçoar cada vez mais
as transversais. Este último projecto foi o início do meu trabalho final de curso em que
falaremos sobre a parceria dos cuidados como modelo de intervenção nos cuidados
pediátricos, com o estudo da satisfação dos pais/cuidadores sobre cuidados de
enfermagem prestados às crianças durante a hospitalização.

A Organização Mundial de Saúde (2000), citado em Vaitsman & Andrade (2005)


fala-nos sobre a qualidade dos cuidados, tendo introduzindo nas pesquisas de avaliação
em saúde o conceito de "satisfação", focalizando as distintas dimensões que envolvem o
cuidado à saúde, desde a relação enfermeiro-cliente até a qualidade das instalações e dos
profissionais de saúde, o modo de avaliação dos serviços de saúde e os cuidados
realizados.

Em Angola, durante muitos anos, só havia um Hospital Pediátrico de referência,


o Hospital David Bernardino com internamento pediátrico. Ficavam internadas apenas
as crianças, sem cuidadores pois as mães ficavam no quintal da instituição, à espera de
informações sobre o seu filho apresentando-se bastante angustiadas, com incertezas e sem
saber o que estava a passar no internamento. Sendo por isso, uma situação bastante

23
stressante para os pais/cuidadores e familiares que vivenciavam tal situação, sendo a
mortalidade muito elevada e sem os pais terem conhecimento das causas da morte.

Os serviços de pediatria no nosso país, foram e continuam a ser até agora, áreas
com maior índice de morbimortalidade infantil, devido aos determinantes sociais do país
que contribuem para tais ocorrências tais como a higiene e o saneamento básico
deficiente; o baixo nível social e económico e a falta de profissionais capacitados para
colmatar esta situação.

O maior hospital do nosso país e o único, durante muito tempo, foi o Hospital
Pediátrico David Bernardino anteriormente chamado por Hospital Pediátrico.
Posteriormente, em 2007 foi aberto o serviço de urgência de pediatria do Hospital
Américo Boavida, que apenas tinha internamento pediátrico de crianças vinda do Hospital
Pediátrico David Bernardino. O governo angolano, mostrou-se cada vez mais empenhado
em proporcionar à criança/família, melhores cuidados com o objectivo de reduzir as taxas
de morbimortalidade infantil, no sentido de promover uma população cada vez mais
saudável.

Em relação à literatura consultada, a enfermagem pediátrica é dotada de


sensibilidade ao envolvimento dos pais na prática de cuidados à criança, para a promoção
do processo de parceria com os mesmos, a qual requer uma interação integral do
enfermeiro e a família de forma a proporcionar as condições favorecedoras de um
desenvolvimento global da criança, quer no ambiente hospitalar ou no domicílio.

Monteiro (2003), reconhece a criança como um ser vulnerável e valoriza os


pais/cuidadores como os principais prestadores de cuidados, que garantem a preservação
da segurança e bem-estar da família, o crescimento e desenvolvimento da criança.

Neste estudo, tivemos como linha orientadora a teoria das transições de Afaf
Ibrahim Meleis, que tem o seu início no período intra-uterino até ao fim da vida. A mesma
classifica-se em: transição desenvolvimental (relacionada a mudanças no ciclo de vida),
situacional (com acontecimentos que implicam alterações de papeis), saúde-doença
quando à mudança do estado de bem-estar para o de doença e organizacional. Iremos
abordar a transição saúde-doença por ser o modelo de parceria de cuidados usado em
internamentos pediátricos (José, 2017).

24
Transição remete para uma mudança no estado de saúde, nos papéis
desempenhados na sociedade, nas expectativas de vida, nas habilidades socioculturais até
mesmo na capacidade de gerir as respostas humanas (op. cit.).

Também as teorias do autocuidado, “que constituem a base para compreender as


condições e as limitações da acção das pessoas que podem beneficiar dos cuidados de
enfermagem” (Tomey & Alligood, 2002, citado em Joaquim, et.al., 2014, p.160), e a
relação interpessoal em que o enfermeiro se relaciona de forma positiva com o cliente,
sendo necessário que se estabeleça uma relação de confiança e uma parceria de cuidados.

Neste trabalho utilizou-se o método de pesquisa de natureza quantitativa,


descritiva. Os dados foram recolhidos nos Hospitais Municipais da Samba e Viana
Kapalanga, tendo-se aplicado uma escala (NPST - Escala de Apoio dos Enfermeiros aos
Pais) Miles (1999). O trabalho encontra-se estruturado em quatro capítulos: introdução,
o primeiro capítulo, onde será abordada a fundamentação teórica, o segundo capítulo será
abordado a metodologia, com a informação inerente ao caminho percorrido, como a
questão de partida, objectivos e amostra, o terceiro capítulo, as reflexões das
competências desenvolvidas ao longo dos estágios e finalmente o quarto capítulo onde
será feita a apresentação, análise e discussão dos resultados.

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Surgiu no decorrer das minhas actividades laborais como enfermeira, nas


Unidades de Saúde, onde constatei diversas reclamações informais em diversos locais
fora e dentro das instituições, nos corredores e salas de espera dos hospitais, ouvindo os
familiares com expressões de desalento quanto às dúvidas e receios sobre o estado de
saúde dos seus filhos. Por este motivo e como enfermeira especialista pretendo
compreender melhor os verdadeiros motivos que contribuem para a falta de
acompanhamento das equipas aos pais/cuidadores nos serviços de pediatria em Angola,
pois a qualidade dos cuidados de enfermagem nos serviços, dependem também, do grau
de satisfação dos clientes em geral.

25
OBJECTIVOS DO ESTUDO

Objectivo geral

Avaliar a percepção dos pais/cuidadores acerca do apoio recebido pelos


enfermeiros às crianças hospitalizadas, em dois serviços de pediatria em Angola.

Objectivos específicos

(1) - Caracterizar os pais/cuidadores quanto à idade, nível de escolaridade,


profissão/ocupação, grau de parentesco e estado civil;
(2) - Identificar as principais preocupações/necessidades dos pais/cuidadores
durante a hospitalização;
(3) - Demonstrar as competências desenvolvidas durante os estágios.

IMPORTÂNCIA E JUSTIFICAÇÃO DO ESTUDO

Consideramos ser de extrema importância este estudo, porque para avaliarmos a


qualidade dos cuidados nos serviços de saúde, é necessário que os clientes da instituição
falem sobre suas satisfações e insatisfações para assim melhorarmos os cuidados com os
clientes nas unidades hospitalares pediátricas em Angola. Sendo assim, propusemo-nos
investigar este tema para consolidar os nossos conhecimentos, e também contribuir para
que haja uma melhoria nos serviços de saúde.

Este estudo também se justifica pelo facto de termos observado ao longo dos
anos a insatisfação dos clientes e a não utilização de uma comunicação efetiva e assertiva
por parte dos profissionais de enfermagem, em diversas instituições hospitalares do nosso
país em particular em Luanda, no decorrer da hospitalização das crianças e a forma como
alguns profissionais desenvolvem as suas intervenções pediátricas. Pretende-se então
compreender os verdadeiros motivos que contribuem para alguma insatisfação dos
pais/cuidadores, de forma a cuidar com e no modelo de parceria de cuidados.

Com base no exposto, formulou-se a seguinte questão de partida: quais são os


factores que os pais/cuidadores valorizam durante a prestação de cuidados de
enfermagem pediátricos?

26
1-HISTÓRIA DOS HOSPITAIS PEDIÁTRICOS

Em Angola, durante vários anos os cuidados pediátricos, não eram de boa


qualidade nem adequados, porque as crianças eram tratadas como um adulto em
miniatura sem direito algum sobre a saúde, sem ser considerado como um ser único, com
características próprias e precisas, como tem acontecido nos últimos anos. Hoje, a
criança é um ser com todos os direitos individualizados dos adultos e de cada criança,
tendo em conta as condições socioeconómicas das famílias e não só.
A construção dos primeiros hospitais pediátricos na Europa, durante o séc. XIX,
representou uma conquista, que de forma sustentada, contribuiu para mudar o panorama
dos cuidados infantis e pediátricos no continente europeu. A Pediatria como especialidade
iniciou-se no final do séc. XIX, altura em que surgiram os primeiros hospitais pediátricos
como o de Montpellier em França e alguns anos depois, os Hospitais Pediátricos de
Lisboa e Porto (Monteiro, 2003, p.23 ).

Para Levy (1999), citado em Carneiro (2010, p. 17) referiu que “no século XX, a
mortalidade infantil era elevada com uma taxa de 104/1000”. Sendo uma das mais altas
da Europa e que afectava maioritariamente as classes com rendimentos inferiores e
défices a nível social e cultural (Carneiro, 2010). Devido aos avanços na área pediátrica,
nos dias de hoje os índices de mortalidade são bastante reduzidos, desde a implementação
dos cuidados em parceria e o elevado número de enfermeiros especialistas em
enfermagem pediátrica.
Isto mostra-nos a magnitude dos problemas que emergem na população pediátrica
tendo início, na maioria das vezes, no período intra-uterino, durante a gravidez, devido
a certos comportamentos maternos, como a não adesão às consultas pré-natal, e à
medicação, situação comum no nosso país.
Esta realidade, ainda é bastante notória em Angola, apesar dos avanços no sector da
saúde, a taxa de morbi-mortalidade infantil ainda é muito elevada devido às condições
socioeconómicas das famílias, ambientais e à falta de acessibilidade aos cuidados de
saúde. Apesar de existirem várias instituições de saúde, direccionadas para os cuidados
materno e infantil, ainda existem locais onde não há postos de saúde para a vigilância às
grávidas e às crianças a nível da saúde pré-natal e infanto-juvenil.

27
Também há falta de profissionais qualificados e Angola precisa de apostar na
formação dos profissionais de enfermagem com objectivo de elevar o nível de
conhecimento dos mesmos e assim se conseguir colmatar alguns problemas; não basta
só infra-estruturas físicas, o país também necessita de enfermeiros especialistas em saúde
materno-infantil, dotados de conhecimentos científicos actualizados.

1.1-A FAMÍLIA COMO NÚCLEO DO CUIDADO

A família é o núcleo do cuidado da criança porque é na família onde a criança


recebe os seus primeiros cuidados partindo da vida intra-uterina ganhando afecto,
carinho, amor e é na própria família onde a criança aprende a dar os seus primeiros passos
em diferentes domínios tais como: cognitivo, psicomotor e emocional e assim, obter uma
boa adaptação ao meio em que se encontra inserida.
Desde o nascimento, que os pais aprendem a conhecer as necessidades dos filhos,
como a alimentação, o repouso, a educação, o vestuário, o abrigo e a saúde, contribuindo
de forma positiva no seu processo de crescimento e desenvolvimento, tornando-os
membros activos, dentro do processo do cuidado por serem os primeiros cuidadores de
seus filhos.
Ao acontecer um quadro de doença ou internamento os cuidadores informais
vivenciam episódios precursores de desequilíbrios físicos e emocionais o que
temporariamente pode resultar na dificuldade em superar os problemas que se colocam
(Carneiro, 2010).
A teoria do cuidado centrado na família começou a materializar-se, nos cuidados de
saúde, no final dos anos sessenta, quando os médicos perceberam a necessidade de reunir
as necessidades psicossociais e de desenvolvimento da criança, bem como incluir a
família no cuidado. Por isso é importante a colaboração entre clientes, membros da
família e equipe de saúde em particular os enfermeiros e todos os membros da equipa
para alcançar os melhores resultados para o cliente (Sanders, 2014, p. 1033).

O mesmo autor refere, que os profissionais de enfermagem devem envolver os


clientes e as famílias no planeamento dos cuidados e no processo de decisão. Inerente à
filosofia de enfermagem esta ideia reforça que os enfermeiros educam os clientes e
formam uma parceria com pais/famílias/cuidadores. Esta colaboração leva a que
enfermeiros e pais/cuidadores trabalhem em conjunto no cuidado holístico à criança para
a satisfação das suas necessidades.

28
1.2- A CRIANÇA E O MEIO AMBIENTE

Após o nascimento, a necessidade da criança se adaptar ao meio extra-uterino é


feita de forma diferente independentemente das condições maternas, tipo de parto e
complicações no momento do parto. Factores estes que influenciam na vulnerabilidade
do recém-nascido, acarretando distúrbios psicológicos, motores, e cognitivos, que
interferem na sua adaptação ao meio extra-uterino.
O conforto da casa e parte da higiene vai além da convivência e das amenidades, mas
o uso da casa como espaço para os cuidados requer preparação, pois há adaptações e
inclusões no ambiente normal do lar que ajudarão a torná-lo saudável ao trabalho do
cuidador e a proporcionar benefício ao cliente (Ninghtingale, 2011). Existem cinco
factores essenciais que asseguram as condições de saúde das casas, como o ar puro, a
água pura, a drenagem eficiente, a limpeza e a iluminação, elementos essenciais para a
saúde e convalescença.

1.3-IMPACTO DA HOSPITALIZAÇÃO NA CRIANÇA

Na admissão de uma criança na Unidade de Saúde, é necessário considerar vários


aspectos que podem interferir no acolhimento da criança/família. A mesma, é um ser
eminentemente social e o meio hospitalar torna-a incapacitada de realizar as suas
actividades diárias.

Durante a hospitalização as crianças demonstram vários comportamentos devido


à adaptação ao meio hospitalar, devido à separação existente entre os membros da família,
amigos, colegas e até mesmo os seus brinquedos. Por estes motivos os comportamentos
são, irritabilidade, raiva, agressão, isolamento, recusa a falar, stress e separação.

O profissional de enfermagem, em particular o enfermeiro especialista deve estar


atento a esses comportamentos para que junto da criança/família, os ajude à sua adaptação
promovendo um ambiente favorável à criança para o alcance da sua auto-estima.

Existem vários factores de risco individuais que tornam algumas crianças mais
vulneráveis em relação às outras, ao stress da hospitalização devido à separação (...) as
crianças activas com força de vontade forte, encaram melhor a hospitalização do que os
jovens que são passivos. Os mesmos reforçam que o stress da hospitalização pode

29
provocar nas crianças mais novas resultados negativos a curto e a longo prazo. Os
resultados adversos podem estar relacionados com a duração e números de internamentos,
e procedimentos invasivo múltiplos (Sanders, 2014b, p. 1033).

1.3.1- Importância da brincadeira terapêutica

A brincadeira terapêutica é importante pois ajuda a criança a adaptar-se melhor,


ao internamento e apesar de estar numa unidade hospitalar ela poderá trazer os seus
brinquedos favoritos para brincar nos momentos livres, proporcionando momentos de
lazer para as crianças e cuidadores; deve-se também permitir que receba visitas de irmãos
e satisfazer os seus desejos, sendo importante para elevar a auto-estima da criança e
também da família.

Para Sanders (2014b, p.1041), a brincadeira é um dos aspectos mais importantes da vida
de uma criança e uma das ferramentas mais eficazes para gerir o stress. Porque a doença
e a hospitalização constituem crises na vida da criança e envolvem, muitas vezes,
situações avassaladoras de stress, a representação dos medos e da ansiedade, dá à criança
um meio para lidar com tensões. As crianças que brincam estão a enfrentar positivamente;
as crianças que não podem brincar estão à espera, testando, retendo ou tomando decisões
interiores sobre o cenário.

Os profissionais de enfermagem devem ter em conta, no momento da


hospitalização, as características fisiopatológicas da criança a fim de acolhê-la de acordo
com as necessidades da mesma, respeitando sempre os seus direitos a sua privacidade e
autonomia. Os mesmos devem utilizar o humor para cuidar com a criança/família de
forma assertiva.

1.4-PARCERIA DE CUIDADOS EM PEDIATRIA

Para a elaboração deste trabalho utilizou-se o modelo de parceria de cuidados de


Anne Casey que enfatiza a participação da família durante o processo do cuidado em
pediatria.

Segundo Carneiro (2010), refere que “Anne Casey, enfermeira integrante do


Royal College of Nursing no Reino Unido elaborou no ano de 1988 um modelo de
sociedade dos cuidados de âmbito pediátrico”.
Na sua opinião os restantes modelos não focavam a globalidade de conceitos
fundamentais aos cuidados infantis e juvenis. Em qualquer circunstância os pais fornecem
uma contribuição única à vida dos seus filhos, sejam eles recém-nascidos ou crianças com
uma faixa etária mais avançada (Farrell, 1994, citado em carneiro, 2010). De salientar
que toda a evolução e resposta da criança irá constituir um factor positivo de valorização

30
para os progenitores e em contrapartida, a participação destes diminui a angústia da
separação e cria uma autoconfiança para o aperfeiçoamento das suas competências e
habilidades (Carneiro, 2010, p. 45).

Para Valadão (2012), o modelo de Anne Casey (1993, 2006), desenvolvido em


Inglaterra, tem como ponto essencial, a filosofia de cuidados que valoriza a importância
da família na prestação de cuidados à criança. Com a parceria dos cuidados
reconhecemos que os pais são os melhores prestadores de cuidados à criança com a ajuda
gradual dos profissionais, descrevendo assim a enfermagem pediátrica como uma
parceria negociada e partilhada pelo enfermeiro/criança/família, tendo por base o respeito
pelas competências e desejos dos mesmos durante a hospitalização de seu filho.

Cuidados familiares:
Podem ser prestados pelo
enfermeiro quando a
família está ausente ou
incapaz
A criança: pode
necessitar de ajuda Os pais: providenciam
para as suas cuidados familiares para
necessidades de ajudar a criança a
crescimenton e satisfazer suas
desenvolvimento necessidades.

Cuidados de Enfermeiro:
enfermagem : pode Providencia
ser prestados pela cuidados extra
familia com apoio e relacionados com
ensino. necessidade de....

Figura 1 Modelo de parceria de cuidados


Fonte: Adaptado de Casey, 1993

Esta teoria mostra-nos que em pediatria não é possível “cuidar com”, sem a
parceria da criança/pais/família, de modo a haver envolvimento de todos no processo de
cuidados, de adaptação e cooperação, durante a hospitalização.

1.5- APOIO DOS ENFERMEIROS AOS PAIS/CUIDADORES

O enfermeiro é o profissional mais próximo do cliente desde a admissão, à


transferência e regresso a casa. O mesmo está vocacionado a prestar cuidados de forma
holística a todos os clientes e família que necessitam de cuidados e orientação no que se
refere ao problema identificado. Por isso, durante os cuidados, o enfermeiro deve

31
conhecer os antecedentes sociais, familiares, patológicos e terapêuticos da criança, para
que a sua intervenção seja adequada ao problema identificado no seio da família.

O enfermeiro informa, estabelece uma comunicação efetiva através do


fornecimento de informações aos pais sobre a situação clínica e a sua evolução,
tratamentos e procedimentos realizados e as respostas comportamentais e emocionais da
criança.

O cuidado centrado na família é o foco dos cuidados pediátricos, porque os cuidados de


enfermagem das crianças não são óptimos, a menos que a família como um todo, seja
considerada cliente. O cuidado centrado na família apoia, estabelecendo a prioridade dos
valores e necessidades, desenvolvendo relações colaborativas e fortalecendo a unidade
familiar (Lewandowski & Tesler, 2003, citado em Sanders, 2014b, p.1045).

O enfermeiro é um elemento fundamental na prestação de cuidados que deve ter


conhecimentos sólidos sobre diversos temas, que lhe servirá de subsídio para dotar as
famílias para os cuidados a ter com as crianças durante a hospitalização e no domicílio,
com o objectivo de salvaguardar o melhor crescimento e desenvolvimento da criança.
Para Valadão (2012, p.26) “o grau de participação e envolvimento da família
altera-se com o tempo. A participação do enfermeiro nos cuidados tende a ser a menor
possível”. De acordo com Monteiro (2003) & Pedro (2009), citado em Valadão, 2012,
p.26), “inicia-se como prestador de cuidados, tornando-se depois colaborador e numa fase
final apenas supervisiona os cuidados prestados pela família. Além da prestação,
colaboração ou supervisão dos cuidados”.

Os pais bem informados são capazes de expressarem, de forma mais eficaz, as


suas necessidades. Esta capacidade dos pais aliada à sensibilidade dos enfermeiros em
identificar as necessidades dos mesmos, são dois factores extremamente importantes no
estabelecimento de uma comunicação eficaz (Corlett & Twycross, 2006, citado em
Valadão, 2012).

32
2. METODOLOGIA

Para a realização de um trabalho científico, é necessário que se ultrapassem várias


etapas para que o mesmo seja concretizado. Para este estudo o problema foi identificado
nas unidades hospitalares, nos serviços pediátricos de Angola, em particular Luanda.

Em Angola, apesar dos esforços realizado pelo Governo, em construir hospitais na


área materno-infantil, com finalidade de dar resposta aos problemas que acometem a
população infantil, estes ainda não são suficientes, sendo preciso que os profissionais de
saúde, em particular os enfermeiros, se empenhem mais nas suas actividades, para haver
uma melhoria dos cuidados e alcançar a qualidade dos serviços e dos cuidados. “Método
é o caminho que se segue de forma a seleccionar técnicas e formas alternativas para a
acção científica” (Vaz- Freixo (2011, p.78).

2.1-TIPO DE ESTUDO

No presente estudo foi utilizado o método quantitativo, descritivo observacional,


com aplicação de uma escala com questões semi-estruturadas, aos pais/cuidadores das
crianças que estiveram internadas no período em estudo. Tivemos como objectivo avaliar
a percepção dos pais/cuidadores, acerca do apoio de enfermagem aos pais de crianças
hospitalizadas, em dois serviços de pediatria em Angola.

Miles, Carlson Brunssen (1999), citado em Valadão (2012, p.55) refere que esta escala
tem o intuito de avaliar a percepção dos pais acerca do apoio que recebem da equipa de
enfermagem durante a hospitalização do seu filho, através de um instrumento
denominado, “Nurse Parent Support Tool”, que avalia quatro dimensões do apoio: apoio
informativo, apoio emocional, apoio instrumental e apoio cognitivo/apreciação.

Estas dimensões são consideradas pelos autores como representativas das


necessidades dos pais face à hospitalização do seu filho, tanto em unidades de
internamento pediátricas como neonatais. Como questão de partida, temos a seguinte:

33
quais são os factores que os pais/cuidadores valorizam durante a prestação de
cuidados de enfermagem pediátricos?

2.2-VARIÁVEIS

Carvalho (2009, p.174), refere que variável é “qualquer característica da realidade que
toma dois ou mais valores mutuamente exclusivos, que pode ser medida ou controlada
dentro de uma experiência’’.

2.2.1-Operacionalização das variáveis

Tabela 1.

Operacionalização das variáveis

Variáveis Tipo Definição Objectivo


Idade dos Quantitativa discreta da Refere o número de anos 1
pais/cuidadores escala numérica compridos pelos
pais/cuidadores no
momento do estudo.

Estado civil Qualitativa nominal Refere a situação 1


conjugal ou matrimonial
dos pais no momento do
estudo.

Nível de Qualitativa discreta São conjuntos de 1


escolaridade qualificações académicas
que os pais/cuidadores
têm
Profissão/ocupação Qualitativa nominal É um acto de ocupar-se 1
relativamente o trabalho
Fonte. Elaboração própria

2.3-SELECÇÃO DOS PARTICIPANTES

Para este trabalho foram seleccionadas os pais/cuidadores de crianças internadas


há mais de quarenta e oito horas, por qualquer tipo de patologia, que aceitaram participar
livremente do estudo. Deste universo foi extraída uma amostra probabilística aleatória

34
simples, de quarenta pais/cuidadores, isto é, a partir de uma população de cem crianças.
Amostras probabilísticas “são aquelas que oferecem ao investigador uma certa garantia
aquando do processo de generalização” (Gauthier, 2003, p. 219).
Amostra “é a fracção de uma população sobre a qual se faz o estudo, deve ser
representativa desta população, isto é, que certas características conhecidas devem estar
presentes em todos os elementos da mesma” (Fortin, 2009, p. 312). A mesma autora refere
que “representatividade é a qualidade essencial de uma amostra. Uma amostra é
representativa quando as suas características, podem substituir o conjunto da população
alvo” (op. cit.).
Tivemos como critério de inclusão todos os pais/cuidadores das crianças
internadas há mais de quarenta e oito horas e que aceitaram participar livremente do
estudo. Os critérios de exclusão foram não ter os requisitos assinalados nos critérios de
inclusão e crianças internadas há menos de quarenta e oito horas.

O estudo foi realizado em duas instituições de saúde: o Hospital Municipal da


Samba e o Hospital Municipal de Viana Kapalanga, no mês de Agosto, nos serviços de
internamento pediátrico.

2.4- QUESTÕES ÉTICAS

Para a realização de um trabalho académico numa instituição é necessário que se


cumpra alguns pressupostos como as questões éticas: o pedido de autorização do mesmo,
pelos directores de cada instituição e o consentimento livre e esclarecido dos
participantes.
Foi endereçado pelo Centro de Formação de Saúde Multiperfil, um pedido por
escrito aos diretores dos Hospitais Municipal da Samba e Hospital Municipal de Viana
Kapalanga, de forma a viabilizarem o estudo. O mesmo foi realizado durante o mês de
Agosto.

Foi utilizada uma escala com questões semi-estruturadas como instrumento de


colheita de dados. Para Gauthier (2003), o questionário pode ser distribuído a grupos
reunidos num local, (...), pode também ser distribuído a indivíduos que partilham a mesma
situação, por exemplo, no caso de uma amostra de pessoas que se apresentam na sala de
urgência de um hospital.

35
O questionário utilizado foi a adaptação cultural da escala Nurse Parent Support Tool
(NPST) para a realidade angolana. Para Fortin, et al., (2009), as escalas de medida são
mais precisas que os questionários, pois permitem a auto avaliação, sendo constituídas
por vários itens ligados entre si de forma lógica e empírica, com o intuito de medir um
conceito ou uma característica do indivíduo, exigindo assim várias etapas para que a
mesma seja traduzida por um outro idioma e validada num determinado país.
Aos pais/cuidadores, e aos peritos foi-lhes entregue um pedido de consentimento
livre e esclarecido, onde puderam decidir sobre a sua participação do estudo a realizar.
Consentimento informado é um pré-requisito para toda a investigação que envolve seres
humanos identificáveis. Qualquer assunto relativamente ao consentimento informado
deve ter como base o princípio ético da autonomia, que engloba a crença de ser uma
pessoa auto-determinada com capacidade de tomar decisões (Strenbert & Carpenter 2013,
p.62).

2-5-INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS

A pesquisa efetuada constitui-se como o primeiro contributo para a adaptação


intercultural da escala Nurse Parent Support Tool (NPST) para a realidade angolana, com
a finalidade de que esta versão possa ser futuramente utilizada nos serviços de
internamento pediátricos, para a avaliação da percepção dos pais acerca do apoio que
recebem da equipa de enfermagem.

Para Valadão (2012), esta escala é importante para a construção de uma relação
mais solidária com os pais, durante a hospitalização do seu filho, no sentido de
proporcionar cuidados de enfermagem de excelência, não só direcionados à criança, mas
também à família, contribuindo em última instância para o aumento da satisfação parental
face às intervenções/acções de enfermagem.

Para que a escala fosse validada para a realidade angolana, foi necessário a revisão
da mesma por seis peritos angolanos, enfermeiros especialistas em enfermagem Materno-
Infantil e Comunitária, que nenhuma modificação propuseram, tendo concordado com a
linguagem apresentada, bem como a construção frásica. Da mesma forma que foi
traduzida por Valadão em 2012, que realizou a adaptação intercultural da escala NPST
da realidade inglesa para a portuguesa, foi efectuado agora, da realidade portuguesa para

36
a angolana, sem que a mesma sofresse alguma alteração, por ser perceptível na nossa
cultura. Assim, este painel tem como objetivo produzir a versão final, modificada e
adaptada, que garanta a replicabilidade da mesma no idioma que se pretende usar num
determinado país (Queijo, 2002, citado em Valadão, 2012).

2.6- LIMITAÇÕES DO ESTUDO

A primeira limitação foi o facto de ter utilizado um instrumento feito por outro
investigador, tendo sido um desafio enquadrá-lo na nossa realidade uma vez que os
cuidados em Angola, ainda não são humanizados, nem pessoalizados. Foi necessário
leituras de vários trabalhos e a solicitação da professora orientadora, para se compreender
as fases a percorrer.

A segunda limitação, relacionou-se com a avaliação feita pelos peritos, que foram
em número reduzido porque, no nosso país, ainda existem poucos enfermeiros
especialistas, tendo sido a escala validada apenas por sete peritos.

A terceira limitação foi o não cumprimento de todas as etapas exigidas, para a


adaptação cultural de uma escala, porque começamos apenas na quinta etapa, que foi a
validação da escala pelo painel de peritos.

A quarta limitação foi a falta de experiência da investigadora, em realizar um


estudo deste género e a adaptação de uma escala para realidade angolana, que foi feita
pela primeira vez em 1999 em língua inglesa, posteriormente em língua portuguesa, em
2012 e pela primeira vez em Angola. Adaptá-la para a nossa realidade foi bastante difícil
porque a população não sabe, concretamente falar do apoio dos enfermeiros e por vezes,
também não sabe distinguir a função de todos os elementos da equipa multidisciplinar.
Este capítulo foi desenvolvido com intuito de adquirir competências no domínio
das aprendizagens profissionais que mantem de forma continua e autónoma, o meu
próprio processo de auto-desenvolvimento pessoal e profissional. Tendo em conta as
aulas que tivemos na disciplina de Investigação em Enfermagem.

37
3- APRENDIZAGENS E COMPETÊNCIAS DESENVOLVIDAS COMO
ENFERMEIRA ESPECIALISTA

Durante a minha formação, no curso de Pós-Licenciatura de Especialização em


Enfermagem de Saúde Materno-Infantil, no Centro de Formação de Saúde Multiperfil
(CFS), num total de 2900 horas nas unidades curriculares, desenvolvi várias
competências, teóricas/práticas. Segundo Vieira (2009), a enfermagem é uma profissão
com formação científica e uma prática de expressão humanista e contínua. Por isso a
formação é longa e tem uma componente clínica que ocupa grande parte do percurso
curricular, porque a intervenção dos enfermeiros é subsequente a um compromisso
profissional de garantir a preservação da dignidade e da liberdade dos clientes.

Segundo a mesma autora, os enfermeiros desenvolvem com os clientes com quem


cuidam, uma experiência humana significativa que contribui para o desenvolvimento das
pessoas envolvidas. A enfermagem defende uma perspectiva holística da sociedade e do
ser humano e afirma a sua integridade e o seu valor, desde a concepção até à morte.

Durante as aulas tivemos várias disciplinas, que contribuíram para o meu


desenvolvimento como enfermeira especialista, desconstruindo várias dificuldades e
lacunas, que existiam em mim, como enfermeira. Foi benéfico para mim, pois cada dia
que eu frequentava este Centro de Formação tornava-me uma nova enfermeira com
conhecimentos científicos actualizados.

As disciplinas de Desafios e Perspectivas em Enfermagem, Processos Transicionais


em Enfermagem e Comunicação em Enfermagem, tornaram-se para mim uma terapia
diária como enfermeira especialista porque, não existe sucesso sem desafios,
comunicação e transição. Dizer que esta formação é um dos grandes desafios que
vivenciei porque várias foram as barreiras atravessadas para chegar ao final do curso.

Terminando a parte teórica passou-se para a prática, que compreendeu três estágios,
onde me foi proposto elaborar um projecto de estágio com a respectiva avaliação e
quarenta e dois diários de aprendizagens, onde pude reflectir sobre várias situações

38
desenvolvidas ao longo de cada estágio e tendo assim contribuído para o culminar da
formação.

Foram realizados os seguintes estágios: estágio I, de enfermagem de Saúde Materna


e Infantil na Comunidade, estágio II, de enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica
(Bloco de Partos e Obstetrícia) e finalmente o estágio III, de enfermagem de Saúde
Infantil em Contexto Hospitalar (Neonatologia e Cuidados Intensivos Pediátricos). Foi
possível em cada estágio, elaborar um projecto de intervenção para alcançar as várias
competências no âmbito da especialidade. No estágio I, elaborei o projecto sobre
prevenção da malária, no estágio II, promoção do aleitamento materno e no estágio III,
promoção da parceria dos cuidados dos pais/cuidadores das crianças hospitalizadas, no
qual foi possível desenvolver várias competências específicas e transversais. Este último
projecto dá o título ao meu trabalho de final de curso.

3.1-COMPETÊNCIAS TRANSVERSAIS DESENVOLVIDAS

“Em todos os contextos da sua prática os enfermeiros são diariamente


confrontados com as necessidades de fazer escolas morais relevantes e agir com base
nelas, ao longo de todo o tempo de trabalho” (Vieira, 2009, p. 112). A enfermagem tem
uma profunda dimensão ética, como a educação, a prestação de cuidados, a administração
ou investigação. Existem algumas formas clínicas que distinguem a enfermagem, tais
como a promoção do bem-estar, a justiça durante os cuidados, a conjugação das
necessidades e interesses morais diferenciadas entre as pessoas (Vieira, 2009).

A mesma autora refere que cuidado exige aceitar o risco do desconhecido que só
a confiança supera, nas minhas capacidades para cuidar do outro, no meu juízo para
avaliar as suas necessidades e nos meus erros, na possibilidade de crescimento intelectual
e reconhecimento das minhas dificuldades profissionais.

O cuidado só é possível se me mantiver à disposição do outro garantindo a sua


confiança, por isso exige compromisso para garantir cuidados humanizados e evitar a
culpa que a indiferença e a negligência acarretam.

39
As competências transversais desenvolvidas ao longo da minha formação foram
as seguintes: a nível do domínio da responsabilidade profissional ética e legal,
apresentei-me antes de abordar a cliente porque é necessário que nos identifiquemos
perante o cliente para que se obtenha uma boa relação entre ambos, respeitei sempre os
princípios da bioética ao agir sempre de acordo com os princípios éticos, respeitei a
identidade do cliente, a vida, a garantia da privacidade do cliente e o trato com equidade,
tudo na base da autonomia e justiça. Conheço de forma consistente os meus deveres,
direitos e obrigações. Aceito a responsabilidade e respondo pelas minhas acções, e
procuro identificar onde foi o problema e melhorar, preocupo-me com o cliente de forma
holística e com a minha actuação, não só como enfermeira, mas também como enfermeira
especialista, uma vez que a responsabilidade será acrescida.

No domínio da melhoria contínua da qualidade, criei e mantive sempre um


ambiente terapêutico e seguro, proporcionando momentos de interação entre cliente,
profissional e enfermeiro, pedindo permissão para a realização dos procedimentos,
informando sobre a importância da sua participação com os cuidados com a criança,
mulher/família, para que a continuidade dos cuidados fosse bem realizada pelos
pais/cuidadores, nos seus domicílios para assim garantir o bom crescimento e
desenvolvimento da criança, a importância da consulta de revisão pós-parto e as consultas
de vigilância de saúde infantil. Desenvolvi autonomia e iniciativa assim como
criatividade, dentro da minha área de especialidade, geri cuidados e articulei com a equipa
interdisciplinar e multidisciplinar (médicos e profissionais de enfermagem, mulheres e
família). Promovi a saúde e preveni doenças através de ensinos, individuais ou em grupo,
aos pais/cuidadores/comunidade. Desenvolvi confiança e empatia com a criança/
mulher/família através da relação de ajuda e consegui assegurar a continuidade dos
cuidados, de forma consistente, garantido o feedback após o regresso a casa, tendo
adquirido ligações de proximidade com as famílias com quem cuidei que ainda recorrem
a mim na procura de orientações acerca do seu autocuidado. Sinto-me, desta forma,
lisonjeada e gratificada pelo valor que os pais me atribuem como enfermeira especialista.

Registei de modo claro e preciso os diagnósticos de enfermagem, as intervenções


e os resultados, usando os livros da taxonomia (NANDA) diagnósticos de enfermagem
da NANDA internacional: definição e classificação, (NIC) classificação das intervenções
de enfermagem, (NOC) classificação dos resultados de enfermagem. Para alcançar esta
competência foi necessário um juízo clínico, assim como uma colheita de dados bem

40
sustentada e aprofundada para chegar ao problema e formular o diagnóstico, traçar
objectivos, intervenções, resultados esperados e respectiva avaliação dos cuidados.
Elaborei, no âmbito dos estágios, inúmeros planos de cuidados e sinto-me feliz por ter
aprendido de uma forma sistemática e com um juízo clínico, elaborar os diagnósticos de
enfermagem, estabelecer prioridades e intervenções para alcançar o bem-estar do cliente
e família. O Código Deontológico de Enfermagem, artigo 83, citado em Vieira (2009)
refere que os enfermeiros asseguram a continuidade dos cuidados, registando fielmente
as observações e as intervenções realizadas, mantendo-se no seu posto de trabalho
enquanto não forem substituídos.

No domínio da gestão dos cuidados, demonstrei capacidade de reagir perante


situações imprevistas e complexas, no âmbito da área de especialização, detectando
situações que necessitavam de cuidados adicionais a nível psicológico, emocional ou
físico. Foi possível detectar um recém-nascido com um distúrbio neurológico em que pedi
a colaboração do pediatra para o avaliar, após um parto que eu realizei pude detectar que
o sangramento que a mulher apresentava não era normal, por isso observei
minunciosamente e vi que o mesmo vinha do colo do útero, de imediato a professora e a
médica interviram, sendo necessário um procedimento mais especifico (sutura do colo do
útero). Alimentei os recém-nascidos de mães adolescentes, com risco de hipoglicémia,
com soro glicosado a 5%, pois não havia soro glicosado a 10%. Estas adolescentes, após
o parto, muitas delas sem informações concretas de como cuidar com seu filho, acabavam
por dormir ficando os recém-nascidos, longos períodos sem serem amamentados.
Expliquei-lhes sobre a importância da amamentação e ensinei a forma correcta de colocar
o bebé à mama. Adquiri conhecimentos sólidos sobre técnicas de comunicação (escolher
o momento certo para o diálogo, saber esperar, garantir confiança, não interromper o
discurso do transmissor, respeitar as pausas, não induzir as respostas, fazer uma pergunta
de cada vez, ser curta e objectiva). Várias crianças no Centro da Samba foram transferidas
para o Hospital Pediátrico sob minha sugestão. Com base nas competências
desenvolvidas vimos que a intervenção dos enfermeiros é subsequente a um compromisso
profissional que garante a preservação da dignidade e da liberdade humana. Que ao fazer
aos outros aquilo que habitualmente eles fazem por si próprios, na sua intimidade, os
enfermeiros desenvolvem com as pessoas a quem prestam cuidados uma experiência
humana significativa (Vieira, 2009).

41
No domínio das aprendizagens profissionais, estudei várias temáticas inerentes
ao meu curso tendo partilhado com os colegas, tendo sido um processo contínuo no
sentido de cada vez aumentar mais os meus conhecimentos. Realizei sessões de formação
em serviço, aos profissionais do Centro de Saúde da Samba (preenchimento correcto do
partograma e comunicação interpessoal), no Hospital Municipal da Samba (prevenção e
controlo de infecção hospitalar), partilhei conhecimentos em sala de aula, sobre sépsis
neonatal em contexto do estágio II e III e sobre diástase, situação que ocorre em várias
mulheres antes, durante ou após o parto e também sobre o mecanismo das contrações, de
uma forma mais aprofundada.

Estas competências, foram desenvolvidas com base em vários modelos de


enfermagem, que emergem na prática, como é caso de Hildegard Peplau que aborda as
relações interpessoais. Katharine Kolcaba, menciona a teoria do conforto no seu contexto
geral. Swain, et al, fala-nos acerca da modelação de papel e a forma como as pessoas
estruturam o seu mundo. Faye Abdellah enfatiza a enfermagem como uma ciência que
molda a atitude, as competências intelectuais e técnicas da enfermeira, no sentido do
desejo de ajudar as pessoas (…) quer doentes ou saudáveis. Virginia Henderson considera
a prática de enfermagem independente à dos médicos. Florence Ninghtingale enfatiza o
meio ambiente como factor primordial na recuperação do cliente. Dorothea Orem referiu
o auto-cuidado como as acções para a continuidade e manutenção da vida e da saúde e
Nola Pender utiliza no seu modelo, a promoção da saúde (Tomey & Alligood, 2004).

3.2-COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DESENVOLVIDAS

Ao longo dos estágios, desenvolvi várias competências específicas. No estágio I,


enfermagem de Saúde Materna e Infantil na Comunidade, que teve uma carga horária de
256 horas, propus-me realizar um projecto sobre prevenção da malária, no qual
desenvolvi as seguintes competências:

42
Tabela 2.

Competências do Estágio 1

Competências Como foram desenvolvidas


Intervém na minimização das causas de morbi- Realizei sessões de educação para a saúde em
mortalidade materno fetal, neonatal e infantil; grupo e individual sobre: prevenção da malária, e
cólera; importância do aleitamento materno
exclusivo; fases da introdução dos novos alimentos
na dieta da criança a partir de seis meses de idade;
cuidados a ter com recém-nascido; cuidado com o
coto umbilical, tratamento da água para consumo,
importância da alimentação na grávida. Para
alcançar esta competência utilizei como estratégia
o ensino aos pais/família. Teoria de Nola Pender,
da promoção da saúde.
Promove a saúde da mulher grávida e da criança; Para desenvolver esta competência desenvolvi
sessões de educação para a saúde em grupo e
também de modo individual, sobre a prevenção da
malária, que é uma das principais causas de morbi-
mortalidade infantil no país; o uso de mosquiteiros
impregnados, inseticidas, (repelente, dragão,
spray) sensibilização para a eliminação das águas
paradas ao redor das residências importância da
consulta de pré-natal. Foram as estratégias de
ensino utilizadas para a prevenção da doença, que
tanto assola a população. Incentivei e informei os
pais das crianças, sobre a importância da
alimentação equilibrada, expliquei a forma
correcta da introdução de novos alimentos na dieta
do lactente a cada 3 a 5 dias, com objectivo de
prevenir alergias alimentares e promover o
crescimento e desenvolvimento infantil pleno.
Expliquei aos pais a importância da frequência às
consultas de vigilância de saúde infantil
mensalmente, de forma a promover a saúde e
prevenir as doenças. O ensino aos pais e às
famílias, foi a base fundamental para alcançar esta
competência; Teoria de Nola Pender, da promoção
da saúde.

43
Promove o crescimento e desenvolvimento Realizei o exame físico da criança de forma céfalo-
infantil; caudal, para detecção de qualquer anomalia a nível
físico ou neurológico. Avaliei as medidas
antropométricas como, o peso, perímetros
(cefálico, braquial,) e comprimento de todas as
crianças que recorreram às consultas de saúde
infantil do Centro de Saúde da Samba, tendo a
seguinte particularidade: nas crianças dos zero aos
dois anos de idade, determinou-se o percentil do
peso, tendo em conta o Cartão de Saúde Infantil de
Angola, perímetro braquial a todas as crianças a
partir de 6 meses de idade, avaliando o índice de
massa corporal e avaliando o comprimento e
percentil. Encaminhei as crianças com percentil
abaixo do normal, para a consulta de nutrição, e
outras. Elogiei e encorajei as mães que
compareciam às consultas de uma forma regular.
Avaliei e encaminhei precocemente as crianças
que apresentavam má nutrição grave e com
doenças associadas, para os cuidados de terceiro
nível, Hospital David Bernardino, tendo fornecido
informações e explicações compreensivas, aos pais
obtendo assim o seu consentimento. Realizei
ensinos individuais às crianças em idade pré-
escolar e escolar sobre a importância da higiene
pessoal e da alimentação equilibrada, pois o
enfermeiro especialista deve ter o seu olhar clínico,
considerando a criança/família como um ser
biopsicossocial; alertei os pais sobre a prevenção
de acidentes, na fase do gatinhar, como guardar os
fármacos principalmente xaropes fora do alcance
das crianças, não deixar panelas quentes ao alcance
das crianças, não comer com o bebé ao colo, tapar
os recipientes que contém água, não dar às crianças
brinquedos de pequenas dimensões, pois podem
ser introduzidos com facilidade nos orifícios
naturais, estas acções, foram realizadas com
objectivo de proporcionar uma gravidez saudável
e garantir bom desenvolvimento das crianças, com
base na teoria de Anne Casey

44
Presta cuidados de enfermagem de grande Na consulta de enfermagem de vigilância de saúde
complexidade ao cliente/família, identificando os infantil, identifiquei várias famílias com défice de
diagnósticos e planeando, executando e avaliando conhecimento sobre a importância do aleitamento
as intervenções de enfermagem; materno exclusivo, cuidados de higiene ao recém-
nascido, introdução de novos alimentos no
primeiro ano de vida, tratamento do coto umbilical,
importância da frequência das consultas de
vigilância, importância das vacinas e alimentação
equilibrada; identifiquei também crianças com
alterações no crescimento e desenvolvimento, com
desnutrição e com problemas neurológicos.
Estabeleci com as mães uma relação de confiança
e uma parceria de cuidados. Estas crianças foram
encaminhadas para a consulta de especialidade do
Hospital David Bernardino. Para o
desenvolvimento desta competência foram
traçados vários planos de cuidados, devido aos
inúmeros problemas identificados.
Vigia a saúde da grávida e do feto Durante as consultas de vigilância pré-natal, foi
possível realizar o acompanhamento a várias
mulheres grávidas entre elas, adolescentes sem
companheiros; durante a consulta pude criar uma
relação de confiança com as mesmas conseguindo
assim, informações confidenciais sobre os factores
que ocasionaram a gravidez. Como enfermeira
especialista constatei que havia um défice de
conhecimento elevado por parte das mesmas e
comecei por realizar ensinos sobre: importância da
frequência da consulta de vigilância pré-natal, a
toma dos medicamentos, as formas de prevenção
da malária, importância da realização dos exames
laboratoriais, com objectivo de detecção precoce e
despiste de doenças de fórum hereditário
(drepanocitose, comum em várias famílias
angolanas), social (as doenças sexualmente
transmissíveis, as infecciosas como a tuberculose e
anemia), ambiental (as parasitoses como a malária,
a febre tifóide, que são as doenças mais frequentes
a nível da população angolana). A higiene
ambiental, pessoal, alimentar, tratamento da água

45
para o consumo, a desparasitação, e a profilaxia
contra a malária com o “Fansidar” e a alimentação
equilibrada. A detecção ou não destas doenças,
permite ao enfermeiro especialista tomar uma
decisão adequada e pessoalizada tendo em conta o
problema identificado na grávida e proporcionar
uma gravidez saudável e um bom desenvolvimento
fetal. Baseado em Orem, Kolcaba e Casey.

Fonte: Elaboração própria

Tendo em conta os problemas identificados, desenvolvi um plano de intervenção


pessoalizado, tendo em conta cada situação, considerando sempre as condições
socioeconómicas de cada família, uma vez que a população angolana é maioritariamente
de nível socioeconómico baixo e os mercados informais também oferecem produtos bons
e baratos, tais como: frutas, legumes, hortaliças, cereais e outros.

Como enfermeira especialista e para alcançar estas competências, tive como o ponto
essencial a comunicação assertiva e efetiva, que me permitiu a interacção com a
criança/família obtendo assim a sua confiança, na capacitação do seu autocuidado,
proporcionando novos conhecimentos sobre as boas práticas sendo assim uma forma de
promover a saúde e prevenir as doenças.

A comunicação interpessoal pode ser encarada como um conjunto de competências


sociais, que podem ser definidas como correspondendo ao comportamento social eficaz
na realização dos objectivos das pessoas em interacção. (Neves, Garrido & Simões,
2008). A escuta activa é uma competência nuclear na comunicação interpessoal,
considerada, habitualmente, como uma das competências determinantes da inserção plena
na vida organizacional.

O Estágio II, enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica (Bloco de partos e


Obstetrícia) teve uma carga horária de 512 horas, tendo realizado o projecto sobre
promoção do aleitamento materno e as seguintes competências:

46
Tabela 3.

Competências do Estágio 2

Competências Como foram desenvolvidas

Presta cuidados de enfermagem especializados nas Diariamente, realizei visita matinal às puérperas
situações que possam afectar negativamente na internadas com os seus bebés. Alguns recém-
saúde da mulher e do recém-nascido, no período nascidos necessitaram de hospitalização no serviço
pós-parto; de pediatria devida a diversos factores, na maioria
das vezes relacionados com o trabalho de
parto/parto. Devido ao meio ambiente não se
encontrar correctamente higienizado e tendo em
conta a vulnerabilidade da puérpera, observei uma
situação da senhora A.M, que após dois dias de
internamento estava com o membro inferior
inflamado (rubor, calor e dor) o que a impossibilitava
cuidar com as crianças gémeas. Ao esposo não era
permitida a entrada no serviço, devido à falta de
condições físicas, que comprometem a falta de
privacidade às outras puérperas. Promoveu-se o
conforto para o alívio da dor sugerindo que elevasse
o membro, para proporcionar o retorno de líquidos
do meio extracelular para o intracelular. Articulei a
informação com a equipa de saúde do serviço. A
cliente adquiriu esta infecção porque não realizava a
sua higiene pessoal de forma correcta pois as
condições da sala não permitiam. A higiene do meio
influencia significativamente na recuperação de um
cliente e na sua satisfação. Devemos sempre,
supervisionar e assegurar a limpeza do meio antes de
começarmos com as nossas actividades laborais,
durante e depois das mesmas com objectivo de
melhorarmos a qualidade dos cuidados e dos
serviços.
Presta cuidados de enfermagem especializados nas Algumas mulheres que consomem álcool, foram
situações que possam afectar negativamente na aconselhadas por mim a não consumirem enquanto
saúde da mulher e do recém-nascido, no período amamentam, porque o mesmo passa através do leite
pós-parto; materno e interfere no crescimento e
desenvolvimento da criança, podendo causar atrasos
na criança;

47
Desenvolvi uma relação empática e comuniquei de
forma assertiva, com as puérperas que verbalizaram
o seu descontentamento com tristeza e solidão, pois
não era permitido a entrada dos esposos no
puerpério. Logo, a transição para a parentalidade e o
vínculo pais/filhos não era tido em conta neste
serviço. Como enfermeira especialista, foi meu dever
e minha obrigação esclarecer dúvidas, promover o
conforto e a tranquilidade das puérperas, para uma
transição positiva e conjunta;

Incentivei e expliquei:

 O acto de amamentar, para que os recém-


nascidos fossem alimentados, pelo menos
com oito refeições por dia;
 O regresso à consulta pós-parto;
 O cumprimento do calendário vacinal da
criança;
 O cumprimento das crianças às consultas de
vigilância de saúde infantil, com o
objectivo da promoção da saúde e
prevenção da doença;
 Não utilizar fórmulas infantis, nem uso de
biberon aos recém-nascidos, sem critérios
especiais. As teorias que emergem desta
competência são a de F. Ninghtingale com
a promoção do meio ambiente, D. Orem,
Kolcaba e Nola Pender.
Diagnostica precocemente e previne complicações Várias puérperas, no período antes do parto e após o
para a saúde da mulher e do recém-nascido, no parto, apresentam-se hipotensas devido a uma
período pós natal. alimentação deficiente, factores que podem
desencadear vários problemas como, tonturas e/ou
lipotimia. Neste caso promovi o conforto e solicitei
aos familiares que se encontravam no recinto
hospitalar, alimentos para as puérperas de modo a
estabilizá-las e também para que o recém-nascido
fosse amamentado correctamente, de modo a
prevenir a hipoglicémia. Promovi a relação mãe/
recém-nascido, verificando a amamentação, bem
como se o recém-nascido apresenta reflexos de

48
sucção e deglutição coordenados, administrei soro
glicosado a 5% aos recém-nascidos que
permaneciam, várias horas sem mamarem (nem
mesmo o colostro) após o nascimento, deste modo
tive como objectivos principais, prevenir a
hipoglicémia do recém-nascido, a hipotensão às
puérperas e promover o vínculo afectivo mãe/filho.
D. Orem e K. Kolcaba.
Presta cuidados de enfermagem especializados Algumas mulheres não compreendiam as
com a mulher, o casal e o recém-nascido no orientações dadas devido ao baixo nível educacional
período pós natal (identificando diagnósticos, ou mesmo ao analfabetismo. Para assegurar a
planeando, executando e avaliando). continuidade dos cuidados foi necessário a presença
dos pais dos bebés e em algumas situações, os avós
que por vezes, podem incutir ideias e procedimentos
baseados na sabedoria cultural (mitos). Algumas
puérperas adolescentes, seguem alguns cuidados ao
tratamento do coto umbilical e também a introdução
de alimentos precocemente. Factores estes que
propiciam doenças aos recém-nascidos como por
exemplo, a sépsis neonatal e a obstipação. Como
enfermeira especialista tive como objectivo ensinar
os pais/famílias sobre as boas práticas a terem nos
seus domicílios e os cuidados correctos com o
recém-nascido. Tive também a oportunidade de
cuidar com uma senhora muda, onde utilizei a
linguagem não-verbal.
Maximizar a intervenção na prevenção e controlo Certifiquei-me sempre da limpeza do meio, tendo, na
da infecção associada aos cuidados de saúde maioria das vezes, ter mesmo que fazer a própria
perante a mulher e o recém-nascido na sala de limpeza, para iniciar o turno. Prestei cuidados, tendo
parto e nos pós parto. sempre em conta as medidas de assépsia e
antissépsia, antes e durante o trabalho de parto.
Prestei os cuidados imediatos ao recém-nascido,
sequei os recém-nascidos com uma toalha estéril
aquecida e cobri-os com mantas previamente
quentes, com o objectivo de evitar a perda de calor.
Promovi o contacto pele-a-pele da mãe e filho
(método Canguru), com o consentimento das
mesmas, para prevenir a hipotermia do recém-
nascido e promover o vínculo mãe/filho, clampei o
cordão umbilical com pinças esterilizadas e promovi

49
o aleitamento materno na primeira hora pós-parto,
realizei a profilaxia da doença hemorrágica com 1mg
de Vit. K1 IM e prevenção oftálmica com
Gentamicina colírio, uma gota em cada olho. As
medidas de assépsia e antissépsia, foram a base para
o alcance desta competência, com objectivo de
prevenir infecções à mulher e ao recém-nascido. F.
Ninghtingale, K. Kolcaba e D. Orem.

Prepara com a puérpera/família o regresso a casa. Para preparar o regresso a casa realizei várias sessões
de educação para saúde, de forma individual sobre:
prevenção da malária, aleitamento materno
exclusivo, desinfecção do coto umbilical,
alimentação da puérpera, cuidados de higiene ao
recém-nascido (água do banho adequada e a uma
temperatura de 37ºC, no sentido céfalo-caudal, roupa
lavada, seca ao sol e passada a ferro), importância
das vacinas e cumprimento da consulta de vigilância
de saúde infantil; às puérperas que foram submetidas
a correcções de lacerações foi feito o ensino sobre a
lavagem do períneo com água fria de modo a não
haver deiscência da sutura e consequentemente
originar uma infecção nessa região. Também a
colocação de pensos de gelo na região perineal, tem
como objectivo a redução da dor e da inflamação,
proporcionando assim, o conforto às mesmas. Estas
acções foram todas efectuadas de forma
pessoalizada. O objectivo destas acções, foi capacitar
as mulheres a adquirir novos conhecimentos, assim
como prevenir a infecção, Nola Pender e Anne
Casey.

Avalia o cliente de forma sistemática e toma Nesta competência tive o cuidado de realizar
decisões fundamentadas. avaliação às mulheres de forma individualizada e
pessoalizada porque cada pessoa é única, a gravidez,
o tipo de parto, momento do parto e tamanho do feto
também único. Sempre tive em conta os diversos
factores que possam influenciar positivamente ou
negativamente no trabalho de parto e a continuidade
dos cuidados domiciliares tais como: factores
sociais, económicos, habitacionais e patológicos.

50
Como especialista, foi meu dever ter em atenção
todos estes aspectos para que as minhas intervenções
fossem adequadas a cada situação apresentada pelas
parturientes com quem cuidei. Estes são os cuidados
antecipatórios que nos auxiliam á condução de um
raciocínio lógico a nível dos cuidados de
enfermagem para tomarmos decisões adequadas e
acertadas.
Promove a saúde da mulher durante o trabalho de Durante a realização do trabalho de parto, tive o
parto e optimiza a adaptação do recém-nascido à privilégio de realizar vários partos em adolescentes
vida extra-uterina. primigesta, apresentei-me como sempre, criei com
elas uma relação de confiança, durante a admissão
das mesmas no bloco de partos, expliquei-lhes sobre
o curso do trabalho de parto, a importância das
contrações uterinas na evolução do trabalho de parto,
porque é no momento das contrações que as
mulheres se sentem apavoradas, inconsoláveis,
descontroladas na medida que as mesmas aumentam
de intensidade, frequência e duração. Ensinei-lhes as
técnicas de respiração, exercícios de relaxamento,
com objectivo de controlar a dor. Foi benéfico
porque elas queriam-me a seu lado, para ensiná-las,
incentivá-las e encorajá-las, transmitindo calma com
a minha presença, até chegar o momento do parto e
juntas o realizarmos. É gratificante poder aplicar os
conhecimentos teóricos durante a prática clínica nas
parturientes, principalmente adolescentes, porque
contribuirão satisfatoriamente para o nascimento de
seu primeiro bebé. O meio em que se recebia as
mulheres estava sempre limpo, os partos foram
realizados sempre com medidas assépticas, o recém-
nascido recebido em toalha estéril, limpo
rapidamente e colocado em contacto pele a pele com
permissão da mãe, promover o vínculo mãe recém-
nascido, para promover a adaptação do mesmo à vida
extra-uterina e prevenir hipotermia. O meu objectivo
foi promover o parto seguro. Nola Pender, Anne
Casey.

51
Gere a dor da mulher em trabalho de parto e no Para o controlo da dor durante o trabalho de parto,
período pós-parto, optimizando as respostas. ensinei as técnicas não farmacológicas de alívio da
dor tais como: musicoterapia, danças com músicas
adaptadas por nós durante a prática clínica na
maternidade “despasito”, as técnicas de respiração e
o sopro do balão com movimentos curtos e rápidos
na altura das contrações, o exercício com a bola suíça
para a promoção do conforto, relaxamento,
principalmente na posição vertical (sentada) para
trabalhar a musculatura do assoalho pélvico,
facilitando o afastamento dos ossos da cintura
pélvica facilitando a descida e apresentação do feto
no canal do parto. Nos pós- parto, normalmente são
as dores originadas pela involução do útero (a que
chamam vulgarmente de “dores tortas” isto em
Angola), para o alívio deste tipo de dor incentivei as
puérperas a amamentarem com frequência os bebés
porque a amamentação permite a contracção rápida
do útero, que pode durar entre dois a três dias.
Também a dor no momento da amamentação.
Ensinei as puérperas, a forma correcta de amamentar,
para prevenir lesões e mastite que é um dos
principais problemas em mulheres que amamentam,
ocasionando recusa na amamentação em ambos,
situações estas que podem interferir no crescimento
e desenvolvimento da criança. As práticas
mencionadas nesta competência foi com objectivo de
promover o conforto, e a satisfação da mulher no
trabalho de parto e no pós-parto.
Fonte: elaboração própria

Estágio III- Enfermagem de Saúde Infantil em contexto hospitalar (Neonatologia e


Cuidados Intensivos Pediátricos). Teve uma carga horaria de 512 horas, realizei um
projecto sobre a promoção da parceria de cuidados, e desenvolvi as seguintes
competências:

52
Tabela 4.

Competências do Estágio 3

Competências Como foram desenvolvidas


Promove a saúde do recém-nascido e da Cuidei com o recém-nascido/mãe, com diferentes
criança/família diagnósticos, como enfermeira especialista prestei
os cuidados de forma pessoalizada, especializada
de forma holística, e diferenciada, porque cada
recém-nascido é único sendo os problemas
diferentes, tive que adequar os cuidados de acordo
com as necessidades de cada recém-
nascido/criança/família, para que os seus
problemas, os sentimentos de medo e as
preocupações das mães fossem diminuídas.
Realizei ensinos sobre várias temáticas, tais como,
higiene ao recém-nascido na cama, aleitamento
por sonda nasogástrica (gavagem), ensino da
forma correcta de extrair o leite materno. Higiene
perineal com água tratada ou fervida, na presença
de muco. Estimulei os reflexos de sucção e
deglutição com uso de uma chupeta, ou com a
tetina do biberão que estava disponível, colocando
uma compressa estéril no seu interior para evitar
a entrada do ar. Ensinei a posição correcta para
amamentar e encorajei para o início da
amamentação a uma mãe já com quatro filhos,
tendo sido a sua primeira vez a amamentar
expressando desejo de o fazer nesta sua quinta
filha. Expliquei também sobre a importância do
planeamento familiar, Anne Casey.

53
Maximiza a intervenção na prevenção e controlo da Realizei cuidados tendo em conta os princípios de
infecção associada aos cuidados de saúde perante a assépsia e antissépsia, tendo mantido sempre as
criança internada. minhas unhas limpas e curtas, lavei sempre as
mãos com água e sabão ou, na falta de água,
desinfectei com gel antisséptico antes e depois de
cada procedimento; ensinei e treinei, uma mãe a
tratar a ferida do seu recém-nascido, no hospital
durante o internamento, e após a alta clinica, no
seu domicílio com medidas de assépsia e
antissépsia (ferida causada por um agente
químico). Ensinei a forma adequada para a
realização da higiene corporal da criança na cama,
às mães das crianças. E também ensinei sobre a
alimentação saudável; apercebi-me de algumas
substâncias nocivas em algumas partes do corpo
das crianças, em especial nos órgãos genitais,
pregas cutâneas e na região da fontanela anterior
(que continham fezes, com acumulação de
substâncias que, segundo as mães, terá sido um
tratamento para a “cabeça aberta”. Expliquei a
evolução normal do encerramento das fontanelas,
de acordo com a idade, estas acções, foram
realizadas com objectivo de prevenir infecções
nas crianças durante a hospitalização. F.
Ninghtingale, meio ambiente, D. Orem e Kolcaba
e Anne Casey.
Preparar com a criança/família o regresso a casa Tive a oportunidade de cuidar com uma criança de
catorze anos, tendo feito ensino individualizado
sobre prevenção da malária, realização da vacina
antitetânica. Uma vez que já tinha a menarca há
dois anos, encaminhei para a consulta periódica
com ginecologista e a realização do auto-exame
da mama, para o despiste do cancro da mama.
Como cuidados antecipatórios falei com a mãe no
sentido da promoção do diálogo em casa, pois
apercebi-me que era uma adolescente pouco
comunicativa, D. Orem e Nola Pender.
Fonte: elaboração própria

54
4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para análise dos resultados foi necessário empenho, paciência, dedicação e tempo
por parte do investigador, o qual tem de se valer da intuição, imaginação e criatividade,
principalmente na apresentação dos resultados.
90

80

70

60

50

40

30

20

10

0
Mãe Pais Outros

Figura 2. Distribuição dos acompanhantes segundo o grau de parentesco.


Fonte: elaboração própria dados colhidos nos HMS e HMVK, por questionário.

A figura nº2 representa a distribuição dos acompanhantes das crianças segundo o


grau de parentesco, com maior frequência das mães, com 34 elementos correspondendo
a 85% seguido dos pais, com 4 elementos correspondendo a 10% e com menor frequência,
outros com 2 elementos, representando 5%.

55
30
27,5% 27,5%

25
22,5%

20

15
12,5%
11 11
10
10 9

5
5 4

0
17-20 Anos 23-28 anos 29-32 anos 33-39 Maior ou igual 40

Figura 3. Distribuição dos acompanhantes segundo a idade.


Fonte: elaboração própria dados colhidos no HMS e HMVK, por questionário.

A figura nº3 representa a distribuição dos acompanhantes segundo a faixa etária,


havendo um maior número nas idades entre os 23 e 32 anos, num total de 22 elementos
correspondendo a 55%, seguido da faixa etária dos 33-39 anos com 9 elementos
correspondendo a 22,5%, em menor número, a faixa etária dos 17-20 anos com 4
elementos correspondente a 10%, na faixa etária, maior ou igual a 40 houve apenas com
5 elementos, correspondendo a 12,5%.

40 37,5%

35
30%
30

25

20 17,5%
15 15%
15 12
10 7 6
5
1 1
0
Ensino Primário Ensino Secundário- 1º Ensino Secundário -2º Sem literacia
ciclo ciclo

Figura 4. Distribuição dos acompanhantes segundo o nível académico.

Fonte:elaboração própria colhidos no HMS e HMVK, por questionário.

56
A figura nº4 representa a distribuição dos acompanhantes segundo o nível
académico, com maior frequência para o ensino secundário -1ºciclo, com 15 elementos
correspondendo a 37,5%, seguido do ensino primário, com 12 elementos correspondendo
30%, seguido de ensino secundário -2º ciclo com 7 elemento correspondendo a 17,5% e
em menor frequência surgem 6 elementos, sem leteracia, correspondendo a 15%.

60

55
50

40

35
30

20 22

10 14
10
4
0
União de facto Casada Solteiro

Figura 5. Distribuição dos acompanhantes segundo o estado civil.

Fonte: elaboração própria dados colhidos, HMS e HMVK por questionário.

A figura nº5 representa a distribuição dos acompanhantes segundo o estado civil,


com maior frequência na união de facto, com 22 elementos correspondendo a 55%,
seguido do estado de solteiro, com 14 elementos correspondendo a 35% e com menor
frequência, o estado de casado, com 4 elementos correspondendo a 10%.

57
40 37,5 37,5
35
30
25
20
15 15
15
10
5 1 2,5 1 2,5 1 2,5 1 2,5 1 2,5 1 2,5 1 2,5 1 2,5 1 2,5 2,5
0

Figura 6. Distribuição dos acompanhantes segundo a profissão/ocupação.

Fonte: elaboração própria dados colhidos nos HMS e HMVK, por questionário.

A figura nº6 representa a distribuição dos acompanhantes segundo a profissão e


ocupação, com maior frequência, a de vendedora e doméstica ambas com 15 elementos
correspondendo a 75%, com menor frequência aparecerem as outras profissões com 1
elemento cada, correspondendo a 25%.

70

60

50

40

30

20

10

0
3 Dias 4 Dias 5 Dias 7 Dias

Figura 7. Distribuição das crianças segundo o tempo de internamento.

Fonte: elaboração própria dados colhidos nos HMS e HMVK, por questionário.

58
A figura nº7 representa a distribuição das crianças segundo os dias de
internamento, com maior frequência de 3 dias, com 27 elementos correspondendo a
67,5%, seguido de 4 dias de internamento, com 9 elementos, correspondendo 22,5% e em
menor frequência, de 5 a 7 dias de internamento ambos com 2 elementos correspondendo
a 10%.
Tabela 5

Itens da escala Nurse Parent Support Tool (NPST) relacionada com a dimensão apoio informativo

Apoio informativo

Ajudou-me a compreender o que estava a ser feito ao meu filho(a) (por exemplo: exames,
procedimentos, terapêutica, etc.) -------------------------------------------------------------------------------2,6

Respondeu prontamente às necessidades do meu filho(a).---------------------------------------------------2,5

Respondeu satisfatoriamente às minhas perguntas, ou procurou quem o fizesse------------------------2,5

Informou-me sobre as alterações e/ou melhorias no estado clínico do meu filho (a)--------------------2.4

Ajudou-me a compreender o comportamento e as reacções do meu filho (a)-----------------------------2,3

Incluiu-me nas discussões quando foram tomadas decisões sobre os cuidados ao meu filho (a)-------2,4

Deixou-me decidir se desejava assistir ou não aos procedimentos técnicos------------------------------2,1

Incentivou-me a fazer perguntas sobre o meu filho(a) -------------------------------------------------------1,9

Média da dimensão do apoio informativo------------------2,3

Fonte: elaboração própria.


A média aritmética, ou simplesmente média, define-se como sendo o quociente da soma de todos os valores
observados pelo número total desses valores. As opções de resposta são: 1- Quase nunca, 2- Poucas vezes,
3- Algumas vezes, 4- Na maioria das vezes e 5- Quase sempre.

Em relação aos dados apresentados na tabela 5 e em relação ao apoio informativo,


obtivemos, tendo em conta a média por questão, a menor média “incentivou-me a fazer
perguntas sobre o meu filho (a)” com 1,9; seguida de “deixou-me decidir se desejava
59
assistir ou não aos procedimentos técnicos” com 2,1 e “ajudou-me a compreender o
comportamento e as reacções do meu filho (a)” com 2,3; e o item com média alta, foi
“ajudou-me a compreender o que estava a ser feito ao meu filho (a)” com 2,6.

Discussão

Com estes resultados podemos sugerir um maior empenho dos enfermeiros na


informação aos pais/cuidadores sobre suas práticas e procedimentos, com objectivo de
melhorarem os cuidados nos serviços pediátricos em Angola e assim elevarem a
qualidade de vida da população infantil.
“O cuidado centrado na família apoia, estabelecendo a prioridade dos valores e
necessidades desenvolvendo relações colaborativas e fortalecendo a unidade familiar”
(Lewandowski & Tesler, 2003, citado em Sanders, 2014b, p.1045).
Tabela 6.

Itens da escala NPST relacionada com a dimensão do apoio emocional

Apoio emocional
Ajudou-me a falar sobre os meus sentimentos, receios ou preocupações------------------------------------2,6
Deu atenção às minhas preocupação-----------------------------------------------------------------------------2,5
Demonstrou preocupação em relação ao meu bem-estar (por exemplo: dormir, comer, etc.)------------.2,3
Demonstrou gostar do meu filho (a)------------------------------------------------------------------------------2,5

Média da dimensão do apoio emocional 2,5


Fonte: elaboração própria

Em relação ao apoio emocional, obtivemos a menor média no item “demonstrou


preocupação em relação o meu bem estar (por exemplo: dormir, comer, etc.)” com a
média mais baixa de 2,3 e a média mais alta de 2,6 no item “ajudou-me a falar sobre os
meus sentimentos, receios ou preocupação”. Nos restantes itens obteve-se médias entre
2,5 a 2,6.
Discussão
Para Carneiro (2010), ao acontecer um quadro de doença ou internamento os
cuidadores informais vivenciam episódios precursores de desequilíbrios físicos e
emocionais o que temporariamente pode resultar na dificuldade em superar os problemas
que se colocam.

60
Tabela 7.

Itens da escala NPST relacionada com a dimensão apoio cognitivo/apreciação

Apoio cognitivo/apreciação
Fez-me sentir importante enquanto pai/mãe---------------------------------------------------------------------2,4
Informou-me se estava a desempenhar bem os cuidados prestados ao meu filho (a)----------------------2,2
Permitiu-me estar envolvido (a)nos cuidados prestados ao meu filho(a),sempre que possível-----------2,4

Média da dimensão do apoio cognitivo/apreciação 2,3


Fonte: elaboração própria

Nesta dimensão do apoio cognitivo/apreciação, obtivemos menor média de 2,2,


no item “informou-me se estava a desempenhar bem os cuidados prestados ao meu filho
(a)”; e com média mais alta, ambas com 2,4, perfazendo um total de 4,8, os itens “fez-me
sentir importante enquanto pai/mãe, e permitiu-me estar envolvido (a) nos cuidados
prestados ao meu filho (a), sempre que possível”.
Discussão
Estes resultados mostram que os enfermeiros têm poucos conhecimentos sobre a
parceria de cuidados em pediatria e por esta razão não promovem o envolvimento dos
pais nos cuidados com a criança. Para Valadão (2012), o grau de participação e o
envolvimento da família altera-se com o tempo e a participação do enfermeiro nos
cuidados, tende a ser a menor possível.
Tabela 8.

Itens da escala NPST relacionada com a dimensão apoio instrumental

Dimensão instrumental
Ensinou-me a prestar cuidados ao meu filho (a)----------------------------------------------------------------2,6
Ajudou-me a saber como consolar o meu filho(a) durante ou após os procedimentos--------------------2,6
Cuidou bem do meu filho (a)--------------------------------------------------------------------------------------2,5
Foi sensível ás necessidades especiais do meu filho (a)-------------------------------------------------------2,6
Respondeu prontamente as necessidades do meu filho (a)----------------------------------------------------2,5
Foi optimista em relação ao meu filho (a) -----------------------------------------------------------------------2,5

Média da dimensão do apoio instrumental 2,6


Fonte: elaboração própria

Nesta dimensão do apoio instrumental, obtivemos uma média mais alta em relação
às outras dimensões, tivemos as médias mais altas nos itens “ensinou-me a prestar

61
cuidados ao meu filho (a)”, “ajudou-me a saber como consolar o meu filho (a) durante ou
após os procedimentos, e foi sensível as necessidades especiais do meu filho (a)”, os três
com uma média de 2,6 perfazendo um total de 7,8. A média mais baixa foi nos três itens,
“cuidou bem do meu filho (a)”; “respondeu prontamente às necessidades do meu filho
(a)” e foi optimista em relação ao meu filho (a)” os três com média de 2,5 perfazendo um
total de 7,5.
Discussão
Este resultado vai de encontro com estudos realizados por outros autores que
obtiveram maior média nesta dimensão. No nosso estudo os pais, valorizam a
administração da terapêutica como sendo a mais importante que é praticamente o
momento privilegiado para terem o enfermeiro próximo. “O cuidado centrado na família
é o foco do cuidado pediátrico, porque os cuidados de enfermagem das crianças não são

óptimos, a menos que a família como um todo, seja considerada cliente” (Lewandowski

& Tesler, 2003, citado em Sanders, 2014b, p.1045)

62
5.CONCLUSÃO

Para a conclusão do estudo e responder aos objetivos propostos no mesmo, foi


necessária uma análise dos dados relacionados com a satisfação dos pais das crianças
hospitalizadas de uma forma cuidadosa e os dados obtidos a partir de um questionário
com questões previamente elaboradas sendo a escala NPST aplicada aos pais/cuidadores
em dois hospitais de Luanda.
Quanto ao grau de parentesco, houve maior frequência nas mães, com 34
elementos, correspondendo a 85%; e em menor predomínio, de outros com 2 elementos
representando 5%.
Quanto à faixa etária, houve maior frequência de idades entre 23-28 e 29-32 anos
ambos com 27,5% perfazendo um total de 22 elementos correspondendo a 55%; em
menor predomínio a faixa etária dos 17-20 anos, com 4 elementos correspondente a 10%.
Quanto ao nível académico, houve maior frequência no ensino secundário - 1º
ciclo, com 15 elementos correspondendo a 37,5%; em menor predomínio, sem leteracia,
com 6 elementos, representando 15%;
Quanto ao estado civil, houve maior frequência na união de facto, com 22
elementos correspondendo a 55%; e em menor predomínio a de casado, com 4 elementos
correspondendo a 10%;
Quanto à profissão e ocupação, houve maior frequência a de vendedora ambulante
e doméstica ambas com 15 elementos correspondendo a 75%; em menor frequência, as
outras profissões, com 1 elemento, correspondendo a 25%.
Quanto aos dias de internamento, com maior frequência, 3 dias, com 27 elementos
correspondendo a 67,5%; em menor frequência, 5 a 7 dias de internamento ambos com 2
elementos, correspondendo a 10%;
Quanto ao apoio informativo, obtivemos, menor média no item “incentivou-me a
fazer perguntas sobre o meu filho (a)”com 1,9; e o item com média mais alta, foi “ajudou-
me a compreender o que estava a ser feito ao meu filho (a)”com 2,6.

63
Quanto ao apoio emocional obtivemos menor média no item “demonstrou
preocupação em relação ao meu bem-estar (por exemplo: dormir, comer, etc.)” com a
média mais baixa de 2,3 e a média mais alta de 2,6 no item “ajudou-me a falar sobre os
meus sentimentos, receios ou preocupação”.

Quanto ao apoio cognitivo/apreciação obtivemos menor média, de 2,2, no item


“informou-me se estava a desempenhar bem os cuidados prestados ao meu filho (a)” e
com média mais alta ambas com 2,4 perfazendo um total de 4,8, os itens “fez-me sentir
importante enquanto pai/mãe e permitiu-me estar envolvido (a) nos cuidados prestados
ao meu filho (a), sempre que possível”.
Quanto ao apoio instrumental, obtivemos a média mais alta em relação às outras
dimensões, nos itens “ensinou-me a prestar cuidados ao meu filho (a)”, “ajudou-me a
saber como consolar o meu filho (a) durante ou após os procedimentos”, e “foi sensível
às necessidades especiais do meu filho (a)”, os três com uma média de 2,6 perfazendo um
total de 7,8. A média mais baixa, foram os três itens, “como cuidou bem do meu filho
(a)”; “respondeu prontamente às necessidades do meu filho (a)” e “foi optimista em
relação ao meu filho (a), os três com média de 2,5 perfazendo um total de 7,5.
Neste estudo, pudemos constatar que os participantes não estavam satisfeitos com
os cuidados realizados pelos enfermeiros, por falta de uma relação interpessoal; por esta
razão o apoio mais valorizado pelas mães, foi o item instrumental. O mesmo estudo
ajudou-nos a compreender em que contexto se encontra a falha dos enfermeiros, durante
a prestação dos cuidados. Os principais factores de desalento dos pais são a falta de
informação e falta de recursos por parte das instituições, tanto a nível dos profissionais,
como a nível de material.
Houve algumas dificuldades como a aplicação de uma escala, por se tratar de algo
novo para a realidade angolana e também por as mães não terem conhecimentos claros
de quais as funções de cada elemento da equipa. Houve também limitações por parte do
investigador por se tratar da aplicação de uma escala já aplicada na cultura portuguesa e
adaptá-la para a cultura angolana foi bastante difícil pois a população em estudo não sabe
concretamente, como avaliar os cuidados dos vários profissionais.
Assim, sugere-se a continuação do estudo noutras instituições pediátricas de
Angola, para poderem ser elaboradas estratégias de mudanças das atitudes dos
profissionais nos cuidados em pediatria.

64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bulechek, G., Butcher, H. & Dochterman, J. (2010). NIC: classificações das intervenções
de enfermagem (5ª ed.). Rio de Janeiro: Elservier.
Carneiro, G.S. (2010). As implicações da parceria de cuidados para a qualidade dos
cuidados de enfermagem nos serviços de pediatria. (Dissertação de Mestrado
não publicado), Instituto de ciências biomédicas Abel Salazar, Porto.
Carvalho, E. J. (2009). Metodologia do trabalho cientifico: Saber- fazer de investigação
para dissertação e teses. (2ª ed.). Lisboa: Escolar editora.
Fortin, M-F. (2009). O processo de investigação: da concepção à realização (5ª. Loures:
Lusodidacta.
Fortin, M-F., Côté, J. & Fillion, F. (2009). Fundamentação e etapas do processo de
investigação. Loures: Lusodidacta.
Gauthier, B. (2003). Investigação social: Da problemática à colheita de dados. (3ªed.).
Loures: Lusociência.
Herdman, T. (2013). Diagnósticos de enfermagem da Nanda internacional: definições e
classificações 2012-2014. Porto Alegre: Artmed.
Hockenberry, J. M. & Wilson, D. (2014a). Wong: Enfermagem da Criança e do
Adolescente. (9ªed.). Loures: Lusociência.
Joaquim, P. Q. P., Vidinha, S., Sofia, T. Filho, A. & José, A. (2014). Autocuidado: o
contributo teórico de Orem para a disciplina e profissão de enfermagem.
Referência – Revista de enfermagem, vol. IV, num.3, p. 160. Disponível em:
http://www.scielo.mec.pt/pdf/ref/vserIVn3/serIVn3a18.pdf
José, H. (2017). Sebenta de processos transicionais em enfermagem. Luanda: CFS.
José, H., Pereira, M. & Assunção, M. (2016). Manual de Elaboração e Apresentação de
Trabalhos Científicos de Âmbito Acadêmico. CFS.
Monteiro, J. A. M. (2003). Parceria de Cuidados: Experiência dos pais num hospital
pediátrico. (Dissertação de Mestrado não Publicado), Instituto de ciências
biomédicas Abel Salazar.

65
Moorhead, S., Johnson, M., Maas, L. M. & Swanson. E. (2010). NOC: classificações dos
resultados de enfermagem. (4ª ed.). São Paulo: Elsevier.
Neves, G. J., Garrido, M. & Simões, E. (2008). Manual de competências pessoais,
interpessoais e instrumentais: Teoria e práticas. (2ªed.). Lisboa: Silabo.
Ninghtingale, F. (2005). Notas sobre enfermagem. (s /ed.). Loures: Lusociência.
Ninghtingale, F. (2011). Notas sobre enfermagem: Um guia para os cuidadores na
actualidade. (s /ed.). Loures: Lusociência.
Ordem dos Enfermeiros de Angola. (2007). Direcção Executiva Nacional. Código de
ética e deontologia dos profissionais de enfermagem de Angola. Luanda.
Rocha, M.M.S. & Almeida, P.C.M. (1993). Origem da enfermagem pediátrica Moderna.
Rev. Esc. Enf. USP, V.27, n. 1p.25-41.
Sanders J. (2014b). Cuidados centrados na Família em situações de doenças e
Hospitalização. In J. M. Hockenberry. & D. Wilson. (Eds.). Wong: Enfermagem
da Criança e do Adolescente. (pp. 1033, 10341). (9ªed.). Loures: Lusociência.
Streubert, J. H. & Carpenter, R.D. (2013). Investigação qualitativa em Enfermagem:
Avançando o Imperativo Humanista. (5ªed.). Loures: Lusodidacta.
Taylor. G.S. (2004). Teoria do défice de auto-cuidado de enfermagem. In A.M. Tomei &
M.R. Alligood. (Eds.). Teóricas de enfermagem e a sua obra: Modelos e Teorias
de enfermagem. ( pp.211). Loures: Lusociência.
Thompson, E. I., Melia, M. & Boyd, M. K. (2004). Ética em Enfermagem. (4ª ed.).
Loures: Lusociência.
Tomey, M. A. & Alligood. R. M. (2004). Teóricas de enfermagem e a sua obra: Modelos
e Teorias de enfermagem. (5ªed.). Loures: Lusociência.
Vaitsman, J. & Andrade, B. R. G. (2005). Satisfação e responsividade: formas de medir
a qualidade e a humanização da assistência à saúde. Ciênc. Saúde
coletiva, vol.10 (no.3). Rio de Janeiro. Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
81232005000300017
Valadão, A. M. S. (2012). Contributo para a adaptação intercultural da escala nurse
parente support tool para a realidade portuguesa. (Dissertação: Mestrado em
Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica não publicado), Escola superior de
enfermagem do porto, Porto.
Vaz-Freixo, V. J. M. (2011). Metodologia cientifica fundamentos métodos e técnicas. (3ª
ed.). S/L: Epistemologia e sociedade.

66
Vieira, M. (2009). Livros ser enfermeiro da compaixão á proficiência. (2ªed.). Lisboa:
Universidade católica.
Joaquim, P. Q. P., Vidinha, S., Sofia, T. Filho, A. & José, A. (2014). Autocuidado: O
contributo teórico de Orem para a disciplina e profissão de enfermagem.
Referência – Revista de enfermagem, vol. IV, num.3, p. 160.

67
ANEXO

68
ANEXO I
Escala de apoio dos enfermeiros aos pais
Questões relacionadas à caracterização dos pais/cuidadores:

a) Idade: ___

b) Nível académico: ensino primário____ 2ºnível, primeiro ciclo ____2º nível segundo
ciclo____, ensino superior ____ c) Profissão/ocupação: ____ d) Grau de parentesco: pai___
mãe____ outros____ e) Estado civil: ____
APÊNDICES
APÊNDICE A

CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES

Actividades Fevereiro/Abril/2018 Maio/Agosto/2018 Setembro/


Outubro/Novembro/2018
Definição do tema X X X X xx
x x
Pesquisa Bibliográfica X x
Elaboração da Monografia x X X x Xx x X x
Recolha e tratamento dos dados Xx x Xx
Entrega do trabalho X
Defesa da Monografia Xx xx
Fonte: elaboração própria.
APÊNDICE B

Cartas dirigidas aos Hospitais


APÊNDICE C

Consentimento livre e esclarecido do painel de peritos

ENFERMAGEM DE SAÚDE MATERNO-INFANTIL


CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO-PAINEL DE PERITOS
Com a finalidade de concluir a Pós-licenciatura de Especialização em
Enfermagem de Saúde Materno-Infantil, estou a elaborar uma Monografia cujo tema é
«A parceria dos cuidados como modelo de intervenção em cuidados pediátricos:
satisfação dos pais/cuidadores de crianças hospitalizadas tendo em conta o objectivo do
estudo a Avaliar a percepção dos pais/cuidadores acerca do apoio de enfermagem
recebido às crianças hospitalizadas, nos serviços de pediatria em Angola.

É convidado a participar na 5ª etapa desta investigação, que consiste na avaliação da


validade de conteúdo da versão portuguesa da escala NPST. Pelo cálculo do índice de
Concordância Global (ICG) a investigadora irá verificar o índice de concordância entre
os peritos.

Apenas quando existir um índice de concordância elevado entre os peritos, em todos os


itens do questionário, será́ definida a versão pré́ -final 1.0 a ser submetida ao pré́ - teste.

Eu, ___________________________________________________ informo que fui


esclarecido(a), de forma clara e detalhada, livre de qualquer constrangimento ou coerção,
que a minha participação no estudo é voluntária e que não interferirá nas minhas
actividades na instituição ou trará́ prejuízo para a minha pessoa, bem como no meu direito
em receber respostas às dúvidas referentes ao desenvolvimento da pesquisa, em qualquer
fase desta e da preservação da minha identidade. Estou ciente de que em qualquer
momento tenho direito de retirar o meu consentimento e deixar de participar no estudo.

Luanda, ________________________________________________________de 2018

Assinatura do participante ________________________________________________

Assinatura da pesquisadora________________________________________________
APÊNDICE D

Consentimento livre e esclarecido dos participantes

CENTRO DE FORMAÇÃO DE SAÚDE


3º CURSO DE PÓS-LICENCIATURA DE ESPECIALIZAÇÃO EM
ENFERMAGEM DE SAÚDE MATERNO-INFANTIL

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


Com a finalidade de concluir a Pós-licenciatura de Especialização em
Enfermagem de Saúde Materno-Infantil, estou a elaborar uma Monografia cujo tema é
«A parceria dos cuidados como modelo de intervenção em cuidados pediátricos:
satisfação dos pais/cuidadores de crianças hospitalizadas tendo em conta o objectivo do
estudo a avaliar a percepção dos pais/cuidadores acerca do apoio de enfermagem recebido
às crianças hospitalizadas, nos serviços de pediatria em Angola.
Desde já, comprometo-me a respeitar o anonimato dos participantes, bem como
confidencialidade quanto aos dados recolhidos.
A participação nas entrevistadas é voluntária, ficando salvaguardado o direito à
recusa e podendo interromper a sua colaboração se assim considerar necessário.
Não se prevêem danos físicos, emocionais ou efeitos colaterais para os
colaboradores neste estudo.
Estamos disponíveis para apresentar os resultados do estudo se assim for
solicitado.

Antecipadamente grata pela colaboração


____________________________
(Joia Gaspar)
Declaração de consentimento do participante:
Eu, abaixo-assinado, declaro que aceito participar no estudo acima referido, tendo
como referência a informação que me foi fornecida e clarificada através deste documento.
A decisão da participação no estudo é voluntária, ficando deste modo
salvaguardado o meu direito a recusa, tanto neste momento como em qualquer outro, ao
longo do processo de investigação;
A minha privacidade e a do (s) meu(s) filho(s) serão salvaguardadas ao longo do
estudo bem como o anonimato.

Assinatura___________________________________________

Data______/ _____ /________

Você também pode gostar