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Caracterização Experimental de Pastas de Cimento Reforçadas

com Fibras de PVA e Polipropileno

Carlos Felipe Pereira Rodrigues

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de


Engenharia de Petróleo da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
]
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.

Orientadores:

Reila Vargas Velasco

Paulo Couto

Rio de Janeiro

Março de 2014
CARACTERIZAÇÃO EXPERIMENTAL DE PASTAS DE CIMENTO
REFORÇADAS COM FIBRAS DE PVA E POLIPROPILENO

Carlos Felipe Pereira Rodrigues

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO


DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
ENGENHEIRO DE PETRÓLEO

Examinado por:

________________________________________________________
Profª. Reila Vargas Velasco, D. Sc.

________________________________________________________
Prof. Paulo Couto, D. Eng.

________________________________________________________
Prof. Romildo Dias Toledo Filho, D. Sc.

________________________________________________________
Profª. Vivian Karla Castelo Branco Louback Machado Balthar, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


MARÇO DE 2014

ii
Rodrigues, Carlos Felipe Pereira

Caracterização Experimental de Pastas de Cimento Reforçadas


com Fibras de PVA e Polipropileno /Carlos Felipe Pereira
Rodrigues. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2014.

XII, 91 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadores: Reila Vargas Velasco, Paulo Couto

Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/ Curso de


Engenharia de Petróleo, 2014.

Referências Bibliográficas: p.76 – 78.

1. Introdução. 2. Cimentação de Poços de Petróleo. 3.


Programa Experimental. 4. Métodos de Ensaio. 5.
Apresentação e análise de Resultados. 6. Conclusões.
I. Velasco, Reila et al. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de
Engenharia de Petróleo. III. Caracterização
Experimental de Pastas de Cimento Reforçadas com
Fibras de PVA e Polipropileno

iii
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, por terem me dado condições de cursar na UFRJ, por
serem presentes na minha vida e nunca deixarem me faltar nada.

À minha mãe Almira, e às minhas avós, que sempre acreditaram no meu


potencial, me incentivaram, não deixando eu desistir do meu objetivo.

À minha namorada Silvana, que sempre esteve ao meu lado, me incentivando e


confortando nos momentos difíceis.

Aos amigos e familiares que foram compreensivos e entenderam minha ausência


nesse período, além de terem me dado apoio para continuar o projeto.

Ao professor Romildo, que acreditou em mim e propôs o tema desenvolvido no


trabalho. E pela genialidade em resolver problemas que pareciam sem solução.

Às professoras e co-orientadoras, Reila e Vivian, que sempre estiveram


dispostas a ajudar, e nunca desistiram, mesmo nos momentos difíceis do projeto. Devo
grande parte do trabalho à elas, pela dedicação e paciência em me ensinar e tirar
dúvidas.

Ao coordenador Paulo Couto, por sempre esclarecer dúvidas e atender a pedidos,


mesmo com prazos apertados.

Aos técnicos do LABEST Eduardo, Clodoaldo, Alessandro, Júlio, Renan e


Rodrigo que estavam sempre dispostos a me ajudar nos ensaios.

Aos colegas do LABEST, pelas conversas e descontração durante as esperas


entre ensaios.

iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Petróleo.

Caracterização Experimental de Pastas de Cimento Reforçadas


com Fibras de PVA e Polipropileno

Carlos Felipe Pereira Rodrigues

Março/2014

Orientadores: Reila Vargas Velasco


Paulo Couto

Curso: Engenharia de Petróleo

A indústria do petróleo tem se deparado com desafios para a exploração e


produção nas regiões do pré-sal. As características dessa camada tornam inviável o
emprego de pastas cimentícias convencionais na cimentação. A forma de ruptura frágil
das pastas convencionais proporciona uma maior formação de fraturas na bainha
cimentícia, que pode comprometer a sua vedação hidráulica, principalmente em poços
com formações mal consolidadas e salinas. Para a cimentação primária de poços nessas
condições torna-se necessário o emprego de pastas com alta capacidade de deformação.
Para este fim, neste trabalho foram desenvolvidas e caracterizadas experimentalmente
pastas reforçadas com fibras de PVA e de polipropileno com diferentes teores (0,50% e
0,75%). As pastas foram avaliadas no estado fresco, pelos ensaios de fluido livre, massa
específica aparente e mini-espalhamento. No estado endurecido, as pastas foram
avaliadas pelos ensaios de estabilidade, compressão uniaxial e tração na flexão. Os
resultados dos experimentos apontam os benefícios do reforço fibroso no fluido livre e
estabilidade, enquanto a massa específica não foi alterada. O valor de resistência à
compressão não foi alterado de forma expressiva com a utilização do reforço fibroso. Os
maiores benefícios observados foram nas curvas carga versus deslocamento obtidas a
partir dos ensaios de resistência à tração na flexão, na região pós-fissuração, onde as
fibras proporcionaram maior capacidade de absorção de energia às pastas.

v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Petroleum Engineer.

Mechanical Characterization of Cement Slurries Reinforced with


PVA and Polypropylene Fibers

Carlos Felipe Pereira Rodrigues

March/2014

Advisor: Reila Vargas Velasco


Paulo Couto

Course: Petroleum Engineering

The oil industry has been facing challenges for exploration and production in the
regions of the pre-salt reservoirs. The characteristics of the salt formation make use of
conventional cement pastes in cementing, unfeasible. The form of brittle fracture of
conventional pastes provides increased formation of cracks in the cement sheath that
can compromise your hydraulic seal especially in wells with poorly consolidated and
salt formations. For the primary cementing of wells in these conditions it becomes
necessary to use pastes with a high deformation capacity that can be provided by the use
of fibrous reinforcement. For this purpose, this study developed and characterized
experimentally pastes reinforced with PVA and polypropylene levels ( 0.50 % and 0.75
% ) fibers. The fresh pastes were evaluated in the tests of free fluid, density and mini-
slump. In the hardened state, the pastes were evaluated for stability tests, uniaxial
compression and bending tests. The experimental results show the benefits of fiber
reinforcement in stability and in the free fluid, while the density was not altered. The
maximum compression strength was not changed significantly with the use of fibrous
reinforcement. The greatest benefits were seen in the load versus displacement curves
obtained from the tests of tensile strength in bending, the post-rupture region, where the
pastes reinforced with fibers showed higher capacity of energy absorption.

vi
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 1


1.1 Motivação .......................................................................................................... 1
1.2 Objetivos ............................................................................................................ 2
1.3 Estrutura do Trabalho ........................................................................................ 3
CAPÍTULO 2 CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO ...................................... 4
2.1 Introdução .......................................................................................................... 4
2.1.1 Cimentação Primária ............................................................................................ 6
2.1.2 Cimentação Secundária ........................................................................................ 8
2.1.3 Equipamentos usados na cimentação.................................................................. 10
2.2 Pasta Cimentícia .............................................................................................. 11
2.2.1 Aditivos e adições para pastas cimentícias ......................................................... 12
2.3 Operações que requerem pastas cimentícias especiais .................................... 14
2.3.1 Cimentação em grandes profundidades .............................................................. 14
2.3.2 Poços Alta pressão e temperatura (HPHT) ........................................................ 15
2.3.3 Poços em zonas de sal ......................................................................................... 16
2.4 Reforço fibroso em pastas cimentícias ............................................................ 17
2.4.1 Comportamento reológico................................................................................... 18
2.4.2 Resistência à compressão.................................................................................... 20
2.4.3 Resistência à tração na flexão............................................................................. 21
CAPÍTULO 3 PROGRAMA EXPERIMENTAL ........................................................ 23
3.1 Caracterização dos Materiais ........................................................................... 23
3.1.1 Cimento ............................................................................................................... 23
3.1.2 Sílica 325# ........................................................................................................... 26
3.1.3 Aditivo Superplastificante ................................................................................... 27
3.1.4 Agente Modificador de Viscosidade .................................................................... 28
3.1.5 Fibra de Polipropileno ........................................................................................ 28
3.1.6 Fibra de PVA....................................................................................................... 30
3.1.7 Água .................................................................................................................... 31
3.2 Dosagens das Pastas ......................................................................................... 32
3.2.1 Ensaio de Compatibilidade e Ponto de Saturação .............................................. 32
3.2.2 Dosagem da pasta de Referência ........................................................................ 36
3.2.3 Dosagem das Pastas com Reforços Fibrosos...................................................... 37
3.3 Preparo das Pastas ............................................................................................ 38

vii
3.4 Cura das Pastas ................................................................................................ 40
CAPÍTULO 4 MÉTODOS DE ENSAIO ..................................................................... 42
4.1 Ensaios das Pastas no Estado Fresco ............................................................... 42
4.1.1 Massa Específica Aparente ................................................................................. 42
4.1.2 Fluido Livre ......................................................................................................... 43
4.1.3 Mini-Espalhamento ............................................................................................. 45
4.1.4 Reologia .............................................................................................................. 46
4.2 Ensaios das pastas no estado endurecido ......................................................... 47
4.2.1 Estabilidade......................................................................................................... 47
4.2.2 Resistência à Compressão Uniaxial .................................................................... 48
4.2.3 Resistência à Tração na Flexão .......................................................................... 50
CAPÍTULO 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ........................ 54
5.1 Propriedades das Pastas no Estado Fresco ....................................................... 54
5.1.1 Massa Específica Aparente ................................................................................. 54
5.1.2 Fluido Livre ......................................................................................................... 55
5.1.3 Ensaio de Mini-espalhamento ............................................................................. 56
5.1.4 Ensaio de Reologia.............................................................................................. 58
5.2 Propriedades das Pastas no Estado Endurecido ............................................... 59
5.2.1 Estabilidade......................................................................................................... 59
5.2.2 Compressão Uniaxial .......................................................................................... 62
5.2.3 Tração na Flexão ................................................................................................ 67
CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES .................................................................................... 74

viii
Lista de Figuras

Figura 1 - Esquema de revestimento de poços (THOMAS et al., 2004). ......................... 5


Figura 2 – Divisões do anular e suas interfaces ( BEZERRA, 2006). .............................. 6
Figura 3– Poço com falha na cimentação primária (Adaptado de THOMAS et al.,
2004). ........................................................................................................................ 8
Figura 4 - Esquema dos equipamentos básicos de cimentação (Adaptado de
MITCHELL et al, 2006). ........................................................................................ 11
Figura 5 – Esquema da camada pré-sal. ......................................................................... 17
Figura 6 – Curvas de velocidade versus viscosidade de pastas (FAGUNDES, 2012). .. 19
Figura 7 - Equipamento Shimadzu Modelo EDX 800. .................................................. 24
Figura 8 – Picnômetro a gás AccPYC 1330. .................................................................. 25
Figura 9 - Granulômetro a laser Malvern Mastersizer. .................................................. 25
Figura 10 - Distribuição granulométrica das partículas de cimento (FAGUNDES, 2008).
................................................................................................................................. 26
Figura 11 – Sílica 325#. .................................................................................................. 26
Figura 12 - Aditivo Superplastificante Hormitec - SP430 (Anchortec). ........................ 27
Figura 13 - VMA - Rheomac UW 410(BASF). .............................................................. 28
Figura 14 - Fibra de Polipropileno. ................................................................................ 28
Figura 15 – Fibras de polipropileno (a) Análise da seção transversal; (b) Análise da
seção longitudinal (BARGHIGIANI, 2013). .......................................................... 29
Figura 16 - Fibra de PVA. .............................................................................................. 30
Figura 17 – Fibras de PVA: (a) Análise da seção transversal; (b) Análise da seção
longitudinal (BARGHIGIANI, 2013). .................................................................... 31
Figura 18 - Deonizador e tanque de armazenamento de água. ....................................... 31
Figura 19 – Ensaio de Compatibilidade e Ponto de Saturação: (a) Funil e base; (b)
Proveta graduada; (c) Ensaio sendo realizado. ....................................................... 33
Figura 20 - Curvas de tempo de escoamento versus teor de aditivo da pasta ................ 35
Figura 21 - Curvas de tempo de escoamento versus teor de aditivo da pasta ................ 35
Figura 22 - Curvas de tempo de escoamento versus teor de aditivo da pasta ................ 36
Figura 23 – Equipamentos (a) balança digital; (b) misturador; (c) Espátula e Funil ..... 39
Figura 24 – (a) Câmara úmida; (b) banho de rampa; (c) Banho de armazenamento. .... 41
Figura 25 - Balança de Lama Convencional. ................................................................. 42
Figura 26 - Ensaio de Água livre – Erlenmeyer e Proveta graduada. ............................ 43

ix
Figura 27 - Consistômetro atmosférico. ......................................................................... 44
• Figura 28 – Ensaio de espalhamento ( a) funil invertido; (b) vertendo pasta. ........ 45
Figura 29 – Viscosímetro rotativo Fann......................................................................... 46
Figura 30 – Ensaio Estabilidade: (a) Moldes; (b) divisão do corpo de prova; (c) ensaio
sendo realizado. ....................................................................................................... 48
Figura 31 – Compressão Uniaxial: (a) Maquina Shimadzu UH-F 1000kN; (b)
configuração do ensaio. ........................................................................................... 49
Figura 32 – Tração na Flexão: (a) Maquina Shimadzu AGX 100KN; (b) Setup do
ensaio....................................................................................................................... 51
Figura 33 – Determinação da tenacidade na flexão (Tb)................................................ 52
Figura 34 - Espalhamento: (a) Pasta PP0,50 sem VMA; (b) Pasta PP0,50 com 0,025%
de VMA; (c) Pasta PP0,50 com 0,050% de VMA; (d) Pasta PP0,50 com 0,100% de
VMA. ...................................................................................................................... 56
Figura 35 – Espalhamento das pastas: (a) PR; (b) PP0,50; (c) PP0,75. ......................... 58
Figura 36 - Curvas típicas tensão versus deformação da pasta de referência e das pastas
reforçadas com fibras de polipropileno. .................................................................. 62
Figura 37 – Modos de ruptura da pasta PP0,50%. ......................................................... 64
Figura 38 – Modos de ruptura da pasta PP0,75%. ......................................................... 64
Figura 39 - Curvas típicas tensão versus deformação da pasta de referência e das pastas
reforçadas com fibras de PVA. ............................................................................... 65
Figura 40 – Modos de ruptura da pasta PVA0,50%. ...................................................... 66
Figura 41 – Modos de ruptura da pasta PVA0,75%. ...................................................... 66
Figura 42 – Curvas carga versus deslocamento das pastas reforçadas com fibra de
polipropileno. .......................................................................................................... 67
Figura 43 – Modos de ruptura dos corpos de prova: (a) Pasta PP0,50%; (b) Pasta
PP0,75%. ................................................................................................................. 69
Figura 44 – Curvas carga versus deslocamento das pastas reforçadas com fibra de PVA.
................................................................................................................................. 70
Figura 45 - Modos de ruptura dos corpos de prova: (a) Pasta PVA0,50%; (b) Pasta
PVA0,75%. ............................................................................................................. 71
Figura 46 - Curvas tensão versus deformação da PR: (a) CP01; (b) CP02; (c) CP03; (d)
................................................................................................................................. 81
Figura 47 - Curvas tensão versus deformação da pasta PP0,50%: (a) CP01; (b) CP02;
(c) CP03; (d) CP04. ................................................................................................. 82

x
Figura 48 - Curvas tensão versus deformação da pasta PP0,75%: (a) CP01; (b) CP02;
(c) CP03; (d) CP04; (e) CP05. ................................................................................ 83
Figura 49 - Curvas tensão versus deformação da pasta PVA0,5%: (a) CP01; (b) CP02;
(c) CP03; (d) CP04; (e) CP05; (f) CP06, (g) CP07; (h) CP08. ............................... 84
Figura 50 - Curvas tensão versus deformação da pasta PVA0,75%: (a) CP01; (b) CP02;
(c) CP03; (d) CP04; (e) CP05. ................................................................................ 85
Figura 51 - Curvas carga versus deslocamento da pasta PR: (a) CP01; (b) CP02; (c)
CP03; (d) CP04; (e) CP05; (f) CP06. ...................................................................... 87
Figura 52 - Curvas carga versus deslocamento da pasta PP0,50%: (a) CP01; (b) CP02;
(c) CP03. ................................................................................................................. 88
Figura 53 - Curvas carga versus deslocamento da pasta PP0,75%: (a) CP01; (b) CP02;
(c) CP03; (d) CP04; (e) CP5; (f) CP6. .................................................................... 89
Figura 54 - Curvas carga versus deslocamento da pasta PVA0,50%: (a) CP01; (b) CP02;
(c) CP03; (d) CP04; (e) CP5; (f) CP6. .................................................................... 90
Figura 55 - Curvas carga versus deslocamento da pasta PVA0,75%: (a) CP01; (b) CP02;
(c) CP03; (d) CP04; (e) CP5; (f) CP6. .................................................................... 91

xi
Lista de Tabelas

Tabela 1 – Composição química do cimento CPP classe G. .......................................... 24


Tabela 2 - Características do superplastificante Hormitec 430. ..................................... 27
Tabela 3 - Características físicas das fibras de polipropileno. ....................................... 29
Tabela 4 - Características das fibras de PVA. ................................................................ 30
Tabela 5 - Pastas avaliadas inicialmente. ....................................................................... 34
Tabela 6 – Composição da pasta referência PR325. ...................................................... 36
Tabela 7 - Composição da pasta de referência com VMA(PR). ................................... 37
Tabela 8 – Composição das pastas com fibra de PVA. .................................................. 38
Tabela 9 – Composição das pastas com fibra de polipropileno. .................................... 38
Tabela 10 - Resultados de Massas Específicas Aparentes. ............................................ 55
Tabela 11 - Resultados ensaios de fluido livre. .............................................................. 56
Tabela 12 – Resultados de mini-espalhamento. ............................................................. 57
Tabela 13 - Propriedades reológicas da pasta PR325 (27ºC). ........................................ 59
Tabela 14 – Resultados de estabilidade. ......................................................................... 60
Tabela 15 – Resultados de estabilidade das pastas com VMA e com fibras. ................. 61
Tabela 16 – Valores médios das propriedades mecânicas na compressão uniaxial da
pasta de referência e das pastas reforçadas com fibras de polipropileno. ............... 63
Tabela 17 - Valores médios das propriedades mecânicas na compressão uniaxial da
pasta de referência e das pastas reforçadas com PVA. ........................................... 65
Tabela 18 – Valores médios das propriedades mecânicas na tração na flexão da pasta de
referência e das pastas reforçadas com polipropileno. ............................................ 68
Tabela 19 - Valores médios das propriedades mecânicas na tração na flexão da pasta de
referência e das pastas reforçadas com PVA. ......................................................... 70
Tabela 20 – Valores médios dos índices de tenacidade de acordo com a norma japonesa.
................................................................................................................................. 72
Tabela 21 – Valores médios dos índices de tenacidade para um deslocamento limite de
0,5mm...................................................................................................................... 73

xii
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
______________________________________________________________________

1.1 Motivação

A cimentação de poços de petróleo é uma operação fundamental durante a


perfuração de um poço. A cada fase perfurada é necessário que seja feita a cimentação
da área entre a formação e o revestimento. A cimentação do espaço anular deve garantir
o isolamento hidráulico entre a formação e o revestimento, além de promover
estabilidade estrutural ao poço para a operação de perfuração continue com segurança.
A pasta de cimentação deve ser bombeada no estado fluido por dentro do revestimento
até o espaço anular, onde a pasta cimentícia vai sofrer a pega e endurecer. Devido a
grandes variações de pressão e temperatura que um poço é submetido, as pastas
cimentícias devem ser dosadas e confeccionadas para cada tipo de poço.

A pasta cimentícia convencional normalmente tem baixa ductilidade, possuindo


baixa capacidade de deformação e com modo de ruptura frágil. Esta propriedade a torna
mais suscetível a falhas e fissuras, que afetam a integridade da bainha de cimento,
comprometem a segurança do poço podendo diminuir a vida útil do anular. Com a
depletação de poços em áreas mais rasas e o aumento da demanda de produção de
petróleo, nasce uma necessidade de perfurar poços em zonas mais complexas. Para a
perfuração de poços em formações frágeis, pouco consolidadas, zonas salinas e poços
de alta pressão e temperatura, é necessário dosar e produzir pastas com características
especiais, que garantam sua integridade no estado endurecido.

Portanto, as condições do poço perfurado são determinantes para a realização do


projeto de uma pasta cimentícia. Atualmente, existe uma grande variedade de materiais
no mercado para aplicação em pastas para cimentação de poços de petróleo. Entre tais
materiais, alguns tipos de fibras têm sido adotados para o combate à perda de circulação
em poços. Adicionalmente, a fibra consiste em um material que, ao ser adicionado em
matrizes cimentícias, proporciona benefício em sua capacidade de deformação.

O uso de fibras em pastas cimentícias modifica o modo de ruptura da pasta. As


pastas cimentícias sem adição de fibras apresentam um modo de ruptura frágil, ou seja,

1
quando as fissuras são abertas, há a possibilidade de perda de fluidos e até mesmo o
desmoronamento do anular para dentro do poço. Por outro lado, as pastas fibrosas têm
uma maior capacidade de deformação, o que garante um maior controle de fissuração e
evita sua ruptura frágil. Este comportamento mais dúctil das pastas com a adição de
fibras beneficia a durabilidade do anular e diminui as falhas na cimentação primária,
evitando assim a necessidade de uma cimentação secundária.

1.2 Objetivos

Os objetivos gerais desse trabalho foram o desenvolvimento e caracterização


experimental de pastas cimentícias dúcteis com uso de fibras de polipropileno e fibras
de álcool polivinílico (PVA).

As pastas foram confeccionadas com cimento Portland CPP classe G e sílica


325#, como materiais granulares. A sílica 325# consiste em quartzo finamente moído
(SiO2) e é um material bastante utilizado em pastas de cimentação de poços de petróleo.
Este tipo de sílica é utilizado em pastas cimentícias para combater a retrogressão de
resistência. A perda de capacidade resistente de pastas cimentícias ocorre em poços ao
longo de sua vida útil, geralmente, quando submetidos a temperaturas superiores a
230ºF (110ºC) (CAMPOS et al, 2002). O uso dessa sílica ajuda a diminuir a perda de
resistência e manter a matriz cimentícia íntegra por mais tempo, gerando um melhor
aproveitamento e maior vida útil da cimentação do poço.

Além dos materiais granulares, as pastas foram compostas de água e


superplastificante Hormitec. O superplastificante foi adotado para possibilitar uma
redução na relação água-cimento da pasta, beneficiando o seu desempenho mecânico
sem prejudicar sua capacidade de bombeamento.

A pasta de referência dosada foi reforçada com fibras para promover um


aumento de sua capacidade de deformação. Foram usadas as fibras de polipropileno e
PVA de 6mm de comprimento, ambas nos teores de 0,50% e 0,75% (em substituição ao
volume de pasta).

2
As pastas foram caracterizadas no estado fresco por meio de ensaios de água
livre, massa específica e miniabatimento. Enquanto no estado endurecido as pastas
foram submetidas aos ensaios de estabilidade, compressão uniaxial e tração na flexão.

1.3 Estrutura do Trabalho

Este trabalho está organizado em seis capítulos:

O capítulo 1 faz uma breve introdução ao tema, apresentando a motivação, os


objetivos e a estrutura do trabalho.

O Capítulo 2 apresenta uma introdução sobre cimentação de poços e a revisão


bibliográfica sobre as cimentação de poços em zonas de maior demanda de uma pasta
de cimentação com mais capacidade de deformação além de uma revisão bibliográfica
sobre os materiais utilizados em pastas de cimentação, dando foco nos materiais usados
no projeto.

O Capítulo 3 aborda o programa experimental com foco na caracterização dos


materiais, mostrando o método de dosagem e preparo das pastas.

O Capítulo 4 apresenta todos os métodos de ensaios adotados para a avaliação


experimental das pastas.

O Capítulo 5 mostra os resultados obtidos em cada ensaio para todas as pastas


em estudo, incluindo discussões e considerações a partir dos resultados.

No Capítulo 6 encontram-se as conclusões a partir dos resultados obtidos nos


ensaios.

3
CAPÍTULO 2 CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO
______________________________________________________________________

2.1 Introdução

A cimentação primária faz parte da etapa de perfuração de um poço de petróleo


e consiste no preenchimento do espaço anular formado entre o revestimento e a parede
do poço. A cimentação é necessária para a fixação do revestimento à formação e
promove o isolamento entre a coluna de revestimento e a formação, impedindo a
passagem de fluidos não desejados. Além disso proporciona estabilidade mecânica ao
poço, sendo de extrema importância no processo de perfuração do poço. Durante a
perfuração de um poço existem operações que desempenham um importante papel,
começando pela perfuração em si, passando por alargamento, repassamento, conexões e
manobras e terminando com o revestimento do poço e a cimentação do anular.

O poço é perfurado em fases, cujo número depende das características das zonas
a serem perfuradas e da profundidade final prevista. Cada fase possui um diâmetro
diferente, que é reduzido ao longo da profundidade e determinado pela broca utilizada
na perfuração. Além da rotação, raspagem e trituração da broca tem-se o auxílio do
fluido de perfuração, cuja função é fornecer a pressão hidrostática no interior do poço
suficiente para mantê-lo estável,de forma que a pressão da formação não exceda o seu
limite de ruptura. Geralmente o número de fases de um poço é de três ou quatro. Cada
uma das fases é concluída com a descida de uma coluna de revestimento e sua
cimentação (THOMAS et al., 2004).

Pode-se calcular o número de fases e o comprimento das colunas de


revestimento utilizando os dados da janela operacional do poço. Enquanto a composição
das colunas é determinada em função das solicitações previstas durante a descida no
poço e ao longo de sua vida útil. O limite inferior da janela operacional é o maior valor
entre as curvas de pressão de poros e a pressão de colapso inferior da formação, e
determina o menor peso de fluido possível. A curva de pressão de fratura superior
estabelece o limite superior e limita o peso máximo de fluido.

4
Resumindo, caso o peso do fluido de perfuração seja menor que o mínimo
permitido ocorrerá a entrada de fluidos da formação para o interior do poço, fenômeno
chamado kick. Agora, se o fluido de perfuração tiver um peso específico maior que o
permitido, a pressão do poço irá exceder a pressão de fratura da formação, fraturando a
formação e causando a perda de circulação, que é a entrada do fluido de perfuração na
formação. Essa perda de circulação faz com que a pressão hidrostática do poço diminua
através da redução do nível do fluido de perfuração, causando também um kick.

Como explicitado na Figura 1 os revestimentos consistem em: tubo condutor,


revestimento de superfície, revestimento intermediário, revestimento de produção e
liner de produção.

Figura 1 - Esquema de revestimento de poços (THOMAS et al., 2004).

Tubo Condutor: é o primeiro revestimento e o menor em extensão, assentado a


pequena profundidade, a fim de sustentar sedimentos superficiais não consolidados. A
principal função é evitar que as formações rasas sejam contaminadas pelo fluido de
perfuração. Outra função dele é dar suporte estrutural aos outros revestimentos, ao BOP
e à cabeça de poço.

Revestimento de Superfície: tem seu comprimento variando entre 100m a


600m descido após o tubo condutor e visa proteger os horizontes superficiais de água de
contaminação pelo fluido de perfuração, óleo ou gás e prevenir o desmoronamento de
formações inconsolidadas. Além de também prover suporte estrutural ao poço.

Revestimento intermediário: tem como objetivo isolar e proteger zonas de alta


ou baixa pressão, zonas de perda de circulação, formações desmoronáveis, formações

5
portadoras de fluidos corrosivos ou contaminantes de lama. Esse revestimento permite o
uso de um fluido mais leve para perfuração de zonas mais profundas.

Revestimento de produção: é o ultimo revestimento do poço, posicionado para


permitir a produção do poço, suportando suas paredes e possibilitando o isolamento
entre os vários intervalos produtores.

Liner de produção: é uma coluna curta de revestimento cimentada no poço


visando cobrir apenas a sua parte inferior, podendo substituir o revestimento
intermediário e o de produção.

Após a descida da coluna de revestimento, finalmente ocorre a cimentação do


poço, onde geralmente o espaço anular entre a tubulação de revestimento e as paredes
do poço é preenchido com pasta cimentícia. A cimentação é realizada para fixar a
tubulação e evitar que haja migração de fluidos entre as diversas zonas permeáveis
atravessadas pelo poço, sendo feita através do bombeio de pasta cimentícia que é
deslocada através da própria tubulação de revestimento. Na Figura 2 está apresentado o
esquema das divisões do anular e suas interfaces.

Figura 2 – Divisões do anular e suas interfaces ( BEZERRA, 2006).

2.1.1 Cimentação Primária

A cimentação primária ocorre a partir do preenchimento do anular existente


entre a coluna de revestimento e a formação com uma pasta cimentícia. É considerada
uma das operações mais importantes na perfuração e consiste na mistura e injeção da
pasta cimentícia dentro dos tubos de revestimento até o anular, onde desloca o fluido de
perfuração presente e preenche o anular. Ao endurecer a pasta cimentícia adere à
tubulação e à formação, promovendo o isolamento da região.

6
Antes da cimentação do poço, alguns parâmetros são importantes e devem ser
levados em consideração, como: a profundidade e tamanho do poço; o tamanho da
coluna de revestimento por onde passará a coluna de produção e a coluna de pasta; a
pressão do reservatório; o tipo de poço e as condições das formações. O fluido de
perfuração deve ser circulado a uma taxa de bombeamento igual ou superior a
velocidade de perfuração, para dar condições e limpeza ao poço. Na cimentação de
poços de gás, a pasta cimentícia deve ser circulada pelo tempo necessário para remover
todo o gás nela contido. Alguns requisitos da pasta também devem ser atendidos, como
baixa viscosidade, densidade suficiente para não fraturar a formação nem permitir a
queda da pressão interna do poço, além de utilizar a menor quantidade possível de
elementos químicos agressivos ao meio ambiente (SMITH, 1990).

A partir da configuração do anular é determinado o regime de bombeamento e a


característica reológica das pastas. A densidade do fluido de perfuração indica a
densidade mínima e compatível da pasta de cimento utilizada e as condições do poço
vão determinar os tipos de aditivos que deverão ser utilizados. Os dados de temperatura
e pressão do poço completam as informações necessárias para a realização do projeto de
pasta mais adequado para cada situação.

Mesmo com todos cuidados é comum a ocorrência de falhas na cimentação


primária (Figura 3). As falhas mais comuns são fissuras e presença de vazios na pasta,
que requerem procedimentos de correção (cimentação secundária) e aumentam o custo
do poço. O encarecimento da exploração propicia a necessidade de pesquisar e
desenvolver novas pastas mais eficazes para cada tipo de uso, diminuindo as falhas e
aumentando a durabilidade da cimentação.

7
Figura 3– Poço com falha na cimentação primária (Adaptado de THOMAS et al., 2004).

2.1.2 Cimentação Secundária

A cimentação secundária consiste em quaisquer operações de cimentação


corretivas realizadas no poço após a execução da cimentação primária. As operações de
cimentação secundárias consistem em tampões de cimento, recimentação e compressão
de cimento.

Os tampões de cimento são realizados quando há perda de circulação, abandono


definitivo ou temporário do poço, isolamento de zonas inferiores, entre outros. O seu
objetivo é isolar alguma zona de interesse particular. A pasta é bombeada para o trecho
alvo com o objetivo de vedar (tamponar) a área. Segundo BEZERRA (2006), os
mesmos são empregados em alguns casos específicos, tais como:

- Perda de circulação de produção de petróleo por motivo desconhecido: neste caso,


o poço é isolado por meio de um tampão de cimento e investigações são realizadas para
identificação do problema;

- Abandono definitivo do poço: quando um poço não apresenta mais produção


suficiente ou apresenta alguma falha grave de estabilidade;

8
- Abandono temporário do poço: quando um poço ora possui boa produção, ora não
compensa sua exploração. Esse tipo de poço recebe tampões temporários, que são
rompidos posteriormente por meio de operações de perfuração;

- Operação de desvio de poço: poços direcionais podem ser perfurados a partir de


poços verticais a partir de certa profundidade. Nesse caso, ocorre a execução do tampão
no poço vertical, onde o redirecionamento do poço ocorre acima do tampão;

- Compressão de cimento: a falha de um trecho da cimentação que apresenta


vazamento (petróleo, gás e/ou água), mas que apresenta estabilidade mecânica é
corrigida por meio da compressão de cimento, que também adota tampões de cimento.

A recimentação é realizada por meio da circulação da pasta cimentícia por trás do


revestimento, através dos canhoneios. Se não for possível a circulação da pasta realiza-
se o squeeze.

A compressão de cimento (squeeze) consiste na injeção forçada de um pequeno


volume de pasta cimentícia sob pressão. A área é isolada e a pressão é aplicada a partir
da superfície para forçar a pasta a penetrar todos os vazios de forma eficaz. A pasta é
projetada especificamente para cada tipo de problema, seja uma microfissura ou um
grande vazio. Por isso, o tipo de pasta cimentícia adotada é muito importante, e um
projeto mal feito pode não solucionar completamente o problema e selar todos os
vazios.

É importantíssima a efetividade da vedação hidráulica entre os intervalos


produtores, uma cimentação deficiente ou até mesmo a inexistência de cimentação em
alguns pontos podem causar muitos prejuízos, tanto a nível econômico, técnico e de
segurança. Se ocorrer a comunicação entre os fluidos ocorrerá produção de fluidos
indesejáveis, perda de circulação (kicks), causando prejuízo no controle de
reservatórios.

9
2.1.3 Equipamentos usados na cimentação

Os elementos básicos usados na cimentação e completação de poços são:

- Plugues de Borracha – Os plugues de borracha são divididos entre plugues de topo e


de fundo. São utilizados para impedir que a pasta cimentícia entre em contato com os
fluidos anteriores ou posteriores, durante o deslocamento da pasta no interior do
revestimento. Outra utilidade desses plugues é a remoção do fluido de perfuração que
possa ter ficado na parede da tubulação de revestimento ou no fundo do poço;

- Colar Flutuante – São posicionados uma a três juntas acima da sapata flutuante. A
função desse colar é impedir o refluxo de cimento para dentro da tubulação de
revestimento.

- Centralizador – É utilizado para otimizar o deslocamento da pasta pelo anular,


melhorando a centralização da tubulação de revestimento em relação ao espaço do poço.

- Limpador de revestimento – Este equipamento serve para limpeza interna do


revestimento, possui uma raspadeira helicoidal que contem fios flexíveis que rodam
axialmente quando o fluido escoa pela seção tubular do revestimento.

- Sapata Flutuante – São utilizadas para auxiliar a passagem das tubulações através do
poço, assim como controlar a passagem de fluido pela tubulação.

Na Figura 4 está explicitado o esquema dos equipamentos usados na cimentação.

10
Figura 4 - Esquema dos equipamentos básicos de cimentação (Adaptado de MITCHELL et al, 2006).

2.2 Pasta Cimentícia

Os cimentos são essencialmente produzidos a partir de uma mistura de calcário e


argila. O cimento Portland, fundamental para a construção civil, resulta da moagem de
um produto denominado clínquer, obtido pelo cozimento até fusão incipiente da mistura
de calcário e argila convenientemente dosada e homogeneizada, à qual é adicionada
pequena quantidade de gesso (sulfato de cálcio) (THOMAS et al., 2004).

O cimento é o principal constituinte das pastas para cimentação de poços de


petróleo. O American Petroleum Institute (API) classificou os cimentos Portland em
classes, que são designadas pelas letras de A a J. As classes mais utilizadas atualmente
são a G e H, pois são compatíveis com aditivos aceleradores ou retardadores de pega e
podem ser usados praticamente em todas as condições previstas para os cimentos das
demais classes.

11
A pasta cimentícia é desenvolvida para suportar condições severas de
temperatura e pressão além da possível presença de fluidos corrosivos. A temperatura
sofre grande variação ao longo do poço, podendo estar abaixo de 0ºC ou acima de
300ºC em certos pontos. Além da grande variação de pressão que pode chegar até
30000 psi em poços mais profundos.

Além de resistir a altas pressões e temperaturas, a pasta deve ser projetada para
que no estado fresco apresente densidade, trabalhabilidade, tempo de espessamento,
perda de fluido e desenvolvimento de resistência em acordo com às necessidades do
poço. Além disso, a pasta não pode sofrer pega durante seu bombeamento, apresentar
água livre, deve preencher todo o espaço anular e precisa apresentar resistência ao
influxo de fluido. Após endurecer, a pasta deve resistir aos ataques químicos do
ambiente, apresentar propriedades mecânicas que suportem as tensões geradas ao longo
de todas as operações executadas e proporcionar o isolamento do revestimento
(BOSMA et al., 1999).

Segundo MITCHELL et al (2006), ao determinar as características e


desempenho de uma pasta, são recomendados os testes de temperatura, pressão,
resistência a compressão e tração, reologia e durabilidade.

2.2.1 Aditivos e adições para pastas cimentícias

Os principais aditivos utilizados para modificar as propriedades das pastas


cimentícias são os seguintes: aceleradores de pega, retardadores de pega, estendedores,
adensantes, dispersantes, controladores de filtrado, controladores de perda de
circulação, agente de retrogração de resistência entre outros.

A demanda por novos aditivos com propriedades especiais e alto desempenho


continua aumentando. Estas exigências incluem fatores como a faixa de densidade de
aplicação, estabilidade térmica, economia, faixa de viscosidade, taxa de solubilidade,
sinergismo com co-aditivos e resistência à variabilidade do cimento (MITCHELL et al,
2006).

Aceleradores de pega: encurtam o tempo de reação para o endurecimento da pasta. No


caso de pastas de cimentação, promovem uma redução no tempo de espessamento e um
12
aumento na taxa de desenvolvimento de resistência à compressão da pasta. São
utilizados em casos que requer uma pasta de baixa densidade ou em formações de baixa
temperatura.

Retardadores de pega: os cimentos utilizados em cimentação de poços, API classes


A,C,G e H, não permanecem fluidos o período necessário para seu bombeamento para
aplicações em poços acima de 38°C (100°F). Para aumentar esse tempo é necessário
utilizar aditivos retardadores de pega.

Estendedores: são utilizados para reduzir a densidade da pasta ou aumentar o


rendimento, já que possuem peso específico inferior ao do cimento e permitem a
redução da quantidade deste material na pasta. Pastas cimentícias convencionais
normalmente têm o peso específico superior a 15lbm/gal. Os poços com ocorrência de
severas perdas de circulação e aqueles perfurados em formações com baixa pressão de
fratura necessitam do uso de estendedores para reduzir a pressão hidrostática da coluna
de fluido durante a cimentação.

Adensantes: são utilizados para aumentar a densidade da pasta de cimentação para


controle ou poços de alta pressão. É necessário o uso de adensantes para ultrapassar
densidade de 17lbm/gal.

Dispersantes: são usados em pastas de cimentação para melhorar as propriedades


reológicas relacionadas ao escoamento das pastas, reduzindo a viscosidade aparente, o
limite de escoamento e a força gel. São usados principalmente para diminuir a fricção
durante o bombeamento. Reduzem a pressão de bombeamento de superfície e a potência
necessária para bombear a pasta para dentro do poço, e diminuem a pressão exercida
sobre as formações frágeis, possivelmente evitando perda de circulação.

Controladores de filtrado: combatem a perda de água da pasta para a formação e


mantêm a coesão da pasta, retendo a água em seu interior.

Controladores de perda de circulação: materiais que ajudam a controlar a perda de


pasta para as formações em contato com o poço.

Agente de retrogressão de resistência: são adições e não aditivos, incorporados às


pastas de cimento, com o objetivo de evitar e/ou reduzir o fenômeno de regressão de

13
resistência, que ocorre com frequência em poços geotérmicos ou que sejam submetidos
a ciclos de injeção de vapor para incremento da recuperação secundária de petróleo.

2.3 Operações que requerem pastas cimentícias especiais

O objetivo de toda cimentação é que seja perfeita e não sejam necessárias


operações de correção, ou seja, cimentação secundária. Para isso deve-se principalmente
projetar uma pasta ideal para cada condição enfrentada.

O aumento da complexidade da operação como em poços com grande


profundidade, alta temperatura, alta pressão, formações pouco consolidadas ou salinas
demanda pastas de alto desempenho.

2.3.1 Cimentação em grandes profundidades

As operações de cimentação em grandes profundidades são muito mais críticas


que às de poços rasos. O que aumenta a necessidade de melhores revestimentos e maior
qualidade da cimentação. Segundo SMITH (1990) a cada nova profundidade, diferentes
condições serão exigidas do projeto, dentre elas:

• Altas temperaturas, zonas super pressurizadas e áreas com diversos tipos


de fluidos corrosivos, exigindo um maior isolamento e pastas de baixa
permeabilidade;
• Aumento no comprimento do revestimento, diminuição dos espaços
anulares e dificuldades de mover as tubulações durante a cimentação;
• Altas cargas sobre as tubulações, influenciando as cargas que deverão ser
suportadas pela bainha de cimento;
• Longos intervalos de tempo entre tirar a broca e descer as tubulações de
revestimento antes da cimentação, o que exige um maior tempo de pega
da pasta;
• Sistema de fluidos de perfuração muito mais pesados;

14
• Maiores dificuldades em selar o topo dos liners para evitar a canalização
de gás.
Ainda de acordo com SMITH (1990) em poços de grande profundidade a
diferença de temperatura do fundo para a cabeça do poço pode ser maior que 40 °C,
portanto a utilização de retardadores de pega é fundamental nas operações de
cimentação. Para minimizar problemas em linhas longas de cimentação e/ou zonas de
formações frágeis e evitar a perda de parte ou todo cimento para as formações,
ferramentas de controle devem ser adotadas, como a cimentação em etapas. Nestas
formações a pressão hidrostática dos fluidos somada à pressão de fricção não devem
exceder o gradiente de fratura da formação.

O conhecimento da temperatura do poço é um fator primordial na seleção dos


aditivos químicos a serem utilizados numa operação de cimentação de poços profundos.
Uma superestimava da temperatura dos poços devido a sua alta profundidade pode levar
o engenheiro a projetar erroneamente as pastas, acarretando em falhas e até em
fissurações na bainha cimentante.

2.3.2 Poços Alta pressão e temperatura (HPHT)

Assim como os poços profundos, existem poços com grande variação do


gradiente de pressão ou temperatura ao longo da profundidade do poço. Segundo
ROCHA e AZEVEDO (2008), um poço é definido como HPHT caso tenha temperatura
de fundo superior a 150ºC (300ºF) e pressão de poros superior a 15lb/gal ou que exija o
uso de um BOP (Blow Out Preventer) com pressão requerida acima de 10.000 psi.

Quando submetido a temperaturas superiores a 110ºC, o cimento Portland


hidratado apresenta perda significativa de resistência à compressão e este fenômeno
conhecido por regressão da resistência (MEHTA e MONTEIRO, 1994). A retrogressão
de resistência ainda não é bem conhecido, e é tema de muitos trabalhos o seu
funcionamento e suas possíveis consequências para bainha de cimento de poços
(BEZZERA, 2006).

O principal composto responsável pela resistência mecânica à compressão do


cimento Portland é o C-S-H que apresenta estrutura parcialmente cristalina (MEHTA e

15
MONTEIRO, 1994). Com o aumento da temperatura, observa-se a desidratação do
cimento Portland, ocorrendo mudança de fase no C-S-H, sendo responsável pelo
fenômeno da retrogressão de resistência. Para minimizar os efeitos da retrogressão de
resistência, a indústria da cimentação de petróleo adiciona sílica cristalina em até 40%
de substituição do cimento com o objetivo de incrementar a reação pozolânica
(NELSON et al, 1990 e HEWLETT et al, 2004).

A adição de sílica cristalina, na forma de pó de sílica (silica flour) ou na forma


de areia de sílica (silica sand) modifica a trajetória deste processo natural da conversão
e vem sido utilizada na indústria para combater a retrogressão de resistência. De um
modo geral, pode-se afirmar que a redução da retrogressão de resistência pode ser
conseguida por meio da redução da relação CaO/SiO2 na pasta de cimento. É por isso
que é adotada a adição de sílica como forma de se reduzir tal relação. Pastas com
relação CaO/SiO2 inferior a 1 apresentam baixa retrogressão de resistência e baixa
permeabilidade (NELSON et al, 1990). A diferença entre o pó de sílica e a areia de
sílica está em sua granulometria. Enquanto o pó de sílica apresenta partículas inferiores
a 75µm, a areia de sílica apresenta partículas entre 75µm e 210µm (BEZERRA, 2006).

2.3.3 Poços em zonas de sal

A zona de sal em campos produtores atuam como armadilhas (traps),


aprisionando o petróleo contido em formações abaixo da zona salina (Figura 5). Esse
conceito possibilitou a descoberta de reservas na zona do pré-sal em altíssimas
profundidades, o que aumentou a demanda por novas pastas de alta performance. As
rochas salinas encontradas em zonas petrolíferas possuem estruturas cristalinas. Suas
deformações são dependentes do tempo quando submetidas a dado nível de tensão
cisalhante.

16
Figura 5 – Esquema da camada pré-sal.

As zonas de sal submetem os poços a grandes tensões devido às suas


características elasto-plásticas. Operacionalmente, isso pode causar a redução
progressiva do diâmetro do poço, enforcamento da broca de perfuração, prisão da
coluna, podendo levar ao fechamento do poço, além de desvios na trajetória do poço. É
necessário o uso de pastas com elevada capacidade de absorver energia para suportar as
altas tensões impostas pelas zonas salinas. Para se obter esse tipo de pasta com alta
capacidade de deformação é utilizado a adição de fibras em sua composição. A seguir
será apresentada uma revisão bibliográfica sobre características de pastas fibrosas.

2.4 Reforço fibroso em pastas cimentícias

No Laboratório de Estruturas e Materiais do PEC/COPPE/UFRJ foram e estão


sendo desenvolvidos trabalhos em que são estudadas adições de fibras em matrizes
cimentícias. Dentre as fibras adotadas estão as de polipropileno, de aço, PVA,
volastonita e sisal. Para esse trabalho em específico serão utilizadas as fibras de PVA e
Polipropileno em diversas concentrações em uma pasta de referência especificada
previamente.

A pasta de cimento Portland convencional, misturado a densidade normal, tem


baixa ductilidade, tornando-a frágil. Esta propriedade o torna mais suscetível a fissuras

17
pós-cimentação. Materiais fibrosos sintéticos são frequentemente adicionados para
tornar a pasta mais dúctil e para reduzir os efeitos da quebra ou destruição parcial da
pasta na perfuração ou por outras tensões no fundo do poço. Materiais fibrosos
transmitem tensões localizadas mais uniformemente por toda a pasta, melhorando assim
a resistência ao impacto e à quebra. Fibras de nylon com comprimento de até 1mm têm
sido comumente usadas porque são resistentes, conferindo resistência à impacto e à
tração. Látex particulado também atua melhorando a ductilidade da pasta e na
resistência à flexão, sendo utilizado em concentrações de até 5% em substituição ao
volume de massa cimentícia. Mais recentemente, foi relatado que fibras a base de sílica
melhoram a resistência à compressão, à flexão e tração (MITCHEL et al, 2006).

Foi verificado que as fibras têm sido empregadas como reforço em concretos e
pastas para que fossem aumentadas suas capacidades de deformação. Ao aumentar a
capacidade de deformação das pastas consegue-se prevenir e melhorar a perda de
circulação além de servir como uma boa solução para cimentação em formações pouco
consolidadas.

O anular cimentado é submetido a condições extremas, e como o cimento após


endurecer possui um comportamento frágil, podem ocorrer fraturas prematuras. Além
disso, as próprias operações de perfuração e completação podem causar danos à
cimentação e à formação. A fim de prevenir a perda de circulação é comum a utilização
de materiais que possam formar redes sobre as fraturas e poros. Sendo assim
importantíssimo o estudo de novas fibras para melhorar o desempenho da cimentação
em áreas cada vez mais complicadas como no pré-sal.

2.4.1 Comportamento reológico

A incorporação de fibras à matriz cimentícia prejudica o comportamento


reológico da pasta, diminuindo a trabalhabilidade, o que pode causar um aumento da
porosidade da pasta. Fatores como relação de aspecto e tipo de fibra são importantes nas
propriedades reológicas das misturas. Segundo VELASCO (2008) a relação de aspecto
é dada pela relação entre o comprimento da fibra e seu diâmetro (l/d), o desempenho do
compósito é diretamente proporcional a relação de aspecto da fibra. Para se obter

18
maiores acréscimos nas propriedades é necessário o uso de fibras que possuam uma
maior relação de aspecto.

Quanto maior for o comprimento da fibra, maior será também a influência na


perda de fluidez da pasta. Como para cimentação de poços é necessário que a pasta
tenha uma boa trabalhabilidade para que seja bombeada e não entupa os equipamentos
de poço, a escolha da fibra certa é essencial para o sucesso da cimentação, ficando
restrito o uso de fibras curtas, normalmente abaixo de 12mm de comprimento.

BALTHAR (2010) testou pastas com diferentes teores de fibras de polipropileno


e chegou a conclusão que teores superiores a 0,75% tornam a pasta inviável para uso em
cimentação de poços.

FAGUNDES (2012) realizou ensaios de reologia para três pastas diferentes, a


primeira sem adição de fibra e outras duas com adição de 0,25% e 0,50% no volume de
fibras de polipropileno. Determinou assim que quanto mais aumentou a concentração de
fibras na mistura, maior foi a viscosidade e assim menor sua trabalhabilidade e maior a
tensão de fricção da pasta, dificultando o bombeamento da mesma. Os resultados estão
apresentados na Figura 6.

7000
PR
6000
PP0,25
PP0,50

5000
Viscosidade (mPa.s)

4000

3000

2000

1000

50 100 150 200 250


Velocidade (rpm)
Figura 6 – Curvas de velocidade versus viscosidade de pastas (FAGUNDES, 2012).

BARGHIGIANI (2013) realizou ensaios de reologia para cinco pastas


diferentes, incluindo pastas com adição de fibra de polipropileno e de PVA nos teores
de 0,50% e 0,75% em substituição ao volume de material cimentício. A pasta de
referência sem adição de fibras teve o limite de escoamento determinado em 17,09Pa.

19
As reforçadas com fibras de PVA nas concentrações de 0,50% e 0,75% tiveram o limite
de escoamento em 79,02Pa e 106,40Pa, respectivamente. Enquanto as que levaram
reforço com fibras de polipropileno tiveram o limite de escoamento calculado em
150,48Pa e 348,24Pa, para as concentrações de 0,50% e 0,75% respectivamente. Com
isso viu que a fibra de Polipropileno tem maior impacto na viscosidade da pasta.

2.4.2 Resistência à compressão

O maior efeito das fibras sobre o comportamento das pastas sobre compressão
acontece após o início da fissuração. As fibras na pasta ligam as superfícies das fissuras,
criando pontes de tensões, que retarda a propagação das fissuras e previne uma falha
catastrófica com a fragmentação do corpo de prova. O efeito sobre a resistência à
compressão com o uso de fibra é variado.

A adição das fibras pode acarretar uma maior viscosidade na pasta, diminuindo a
trabalhabilidade o que pode aumentar porosidade nas pastas e diminuir a resistência à
compressão e o modulo de elasticidade do material. De outra forma, o uso de fibra pode
causa o efeito de confinamento da matriz, diminuindo a segregação da pasta, podendo
resultar em um aumento de resistência à compressão.

Mesmo que tenha uma diminuição na resistência, a adição de fibras promove um


aumento na capacidade de absorção de energia do material, tornando a pasta mais dúctil
após a fissuração. Isto evita a formação de fraturas maiores e o colapso do corpo de
prova.

MORRIS et al. (2003) estudaram as propriedades mecânicas de diferentes pastas


de cimento, entre elas pastas com adição de látex e fibras. Com a adição do látex,
ocorreu uma grande melhora no comportamento elástico, mas também houve uma perda
inversamente proporcional para resistência à compressão. Enquanto com a adição de
fibras poliméricas houve uma melhora no comportamento elástico e somente uma
pequena variação na resistência. Utilizando um teor de 0,40% de fibras de polímero, a
resistência da pasta de referência que era de 5,24GPa ficou em 5,07Kpsi, enquanto o
módulo de elasticidade passou de 5,48Kpsi para 2,56GPa, confirmando que a adição de
fibras tornou a pasta mais dúctil. Além disso, MORRIS et al (2003) também fizeram

20
uma análise qualitativa comparando a pasta de referência e três pastas com diferentes
teores de fibra (0,20%, 0,40% e 0,60%). O resultado dessa análise mostra que o teor de
0,4% seria o ideal para evitar a quebra, deterioração e desagregação do cimento durante
uma tarefa de perfuração, salientando também que o teor de 0,40% não ocorreu nenhum
incoveniente durante a mistura das pastas.

BALTHAR (2010) determinou a resistência à compressão uniaxial com pastas


de cimentação leve para diferentes teores de fibras de PVA e polipropileno. A análise
estatística para as pastas com 0,50% e 1,00% de fibras de PVA determinou que não
houve mudança significativa nos resultados de tensão de ruptura, módulo de
elasticidade, coeficiente de Poisson, deformação axial e deformação lateral em relação
aos resultados obtidos para pasta de referência sem fibras. As misturas com adição de
0,50% e 0,75% de polipropileno apresentaram uma diminuição de 17,1% e 17,6% na
resistência à compressão em relação a pasta de referência. Além disso, o reforço de
0,50% e 0,75% de polipropileno provocou ,respectivamente, reduções no módulo de
elasticidade de 11,5% e 6,2%.

FAGUNDES (2012) realizou ensaios de compressão uniaxial para pastas de


cimentação utilizando cimento e silica ativa como material cimentício com reforço
fibroso. Os ensaios foram feitos para três tipos de pastas, a pasta de referência sem
adição de fibra e pastas com adição de 0,25% e 0,50% de polipropileno. Observou-se
que com a adição de 0,50% não aconteceu mudança na resistência à compressão em
relação a pasta de referência. Em contra partida com 0,25% de polipropileno houve uma
queda de 11,8% nessa propriedade. Podendo ser explicado por algum erro durante o
processo do ensaio, como problema de concentração de tensões causado por falha no
faceamento. O módulo de elasticidade não sofreu alteração significativa para nenhuma
das três pastas.

2.4.3 Resistência à tração na flexão

A pasta de cimentação tem um comportamento frágil, com baixa ductilidade e


com a resistência à tração bem menor que à compressão. Materiais fibrosos são
utilizados em adição à pasta para torna-la mais dúctil. As fibras inseridas na matriz
cimentícia funcionam como pontes, que transmitem as tensões entre as fissuras,

21
aumentando a capacidade de deformação e a resistência à quebra e ao impacto. Após a
fissuração da matriz, as fibras servem para diminuir a velocidade de propagação,
evitando uma ruptura frágil, aumentando a energia necessária para que ocorra a ruptura
do material.

Além do aumento de tenacidade, a diminuição da propagação das fissuras


proporcionada pelo uso das fibras provoca uma diminuição da porosidade e
permeabilidade da bainha de cimento, aumentando a resistência da pasta à entrada de
fluidos e agentes agressivos, melhorando o isolamento da coluna de revestimento e
aumentando a durabilidade da cimentação.

BALTHAR (2010) determinou a resistência à tração na flexão de pastas de


cimentação leves com diferentes teores de fibras de PVA e polipropileno. Os resultados
mostraram que a tensão de primeira fissura diminuiu em 26,7% e 10,7%
respectivamente, para os teores de 0,50% e 1,00% de PVA. Foi obtida, também uma
máxima tensão de pós-fissuração de 97% do valor de tensão de primeira fissura, com a
concentração de 1,00% de fibra de PVA. Para as pastas reforçadas com polipropileno,
os resultados indicaram uma redução de 30,7% na tensão de primeira fissura para ambas
concentrações de 0,50% e 0,75%. Além disso, a adição de 0,75% permitiu alcançar uma
máxima tensão pós-fissuração igual ao resultado referente à carga de primeira fissura.
Um aumento na ductilidade foi conseguido para todas as pastas com reforços fibrosos,
sendo maior a medida que foi aumentada a concentração de fibras, para ambas as fibras,
com vantagem para fibra de PVA.

FAGUNDES (2012) determinou a resistência à tração na flexão de pastas de


cimentação com adição de 0,25% e 0,50% de fibras de polipropileno. Verificou-se que,
com o aumento do teor de fibra de polipropileno na pasta, houve um sensível
decréscimo na resistência à tração na flexão. De acordo com a análise estatística não
houve diferença significativa entre os módulos de ruptura das pastas de referência e com
adição de 0,25% de polipropileno. No entanto, com adição de 0,50% de polipropileno
houve um decréscimo de 25,7% para essa propriedade. Os módulos de elasticidade das
pastas com 0,25% e 0,50% de polipropileno foram respectivamente iguais a 88,1% e
71,4% do valor alcançado pela pasta de referência.

22
CAPÍTULO 3 PROGRAMA EXPERIMENTAL
______________________________________________________________________

Neste capítulo serão apresentados os materiais utilizados para a confecção das


pastas de alto desempenho, incluindo as suas propriedades e métodos de caracterização.
Também será apresentado o procedimento de dosagem das pastas e as metodologias de
preparo, condicionamento e cura das pastas.

3.1 Caracterização dos Materiais

No trabalho foram utilizados os seguintes materiais para o desenvolvimento das


pastas: (i) Cimento Portland CPP Classe G, produzido pela Holcim; (ii) Sílica 325#; (iii)
Aditivo Superplastificante Hormitec, produzido pela Anchortec; (iv) Agente
modificador de viscosidade – VMA, Rheomac UW 410 produzido pela empresa BASF;
(v) Fibras de polipropileno de 6mm, NeoFibra, da empresa Neomatex; (vi) Fibras de
PVA de 6mm, Kuralon, da empresa Kurakay; (vii) Água deionizada proveniente da rede
de abastecimento da cidade do Rio de Janeiro. A seguir veremos com mais detalhes os
materiais utilizados.

3.1.1 Cimento

Foi utilizado o cimento Portland CPP classe G produzido pela Holcim.


Atualmente este é o cimento mais utilizado para confecção de pastas para cimentação de
poços por ser capaz de suportar as severas condições de pressão e temperatura nos
poços de petróleo. O cimento classe G, fabricado em conformidade com a norma API,
pode ser utilizado sem aditivos até profundidades de 2440m.

Na Tabela 1 está a composição química do cimento classe G, em teor de óxidos,


determinada por análises semiquantitativas realizadas por espectroscopia por
fluorescência de energia dispersiva de raios-X. O ensaio foi realizado no equipamento

23
Shimadzu, modelo EDX 800, do Laboratório de Estruturas e Materiais da COPPE/UFRJ
(Figura 7).

Figura 7 - Equipamento Shimadzu Modelo EDX 800.

Tabela 1 – Composição química do cimento CPP classe G.

Composto químico Composição (%)


SiO2 15,79
Al2O3 3,52
Fe2O3 5,57
CaO 69,04
K2O 0,58
SO3 4,02
SrO 0,28
TiO2 0,21
MnO 0,09
NaO2 0,38
Perda ao fogo 0,99

A massa específica do cimento é de 3,24g/cm3 (27,0 lb/gal). O ensaio para


determinar a massa específica foi realizado no Picnômetro a gás AccuPyc 1330
(Micromeritics), no LABEST/COPPE/UFRJ (Figura 8).

24
Figura 8 – Picnômetro a gás AccPYC 1330.

A distribuição granulométrica do cimento foi realizado no aparelho Malvern


Mastersizer, do Laboratório de Estruturas e Materiais da COPPE/UFRJ (Figura 9). Por
ser inerte quimicamente, o álcool etílico absoluto P.A. foi adotado como fluido
dispersante. O diâmetro abaixo do qual se situam 50% das partículas (D50) do cimento é
de 19,1 µm. Na Figura 10 está apresentado o gráfico do ensaio de distribuição
granulométrica.

Figura 9 - Granulômetro a laser Malvern Mastersizer.

25
Figura 10 - Distribuição granulométrica das partículas de cimento (FAGUNDES, 2008).

3.1.2 Sílica 325#

Figura 11) é uma sílica inerte,


A sílica 325# (Figura e, composta basicamente por SIO2,
considerada um pó de sílica,
sílica normalmente, com garantia
tia de pureza de 99%
(VENTRUZ, 2014).. Como sua numeração já determina, essa sílica é formada por
quartzo moído finamente e passado em peneira de malha número 325 (mesh), que
representa o tamanho de 44µm, ou
o seja, espera-se que, praticamente,, quase todas as
partículas(D90) possuam diâmetro abaixo de 44µm.

Figura 11 – Sílica 325#.

26
3.1.3 Aditivo Superplastificante

Foi inserido em todas as pastas o Hormitec SP430 (Figura 12), um aditivo


superplastificante da empresa Anchortec. A base de sua formulação é de naftaleno e é
um aditivo líquido de segunda geração. Na Tabela 2 estão representadas as
características do produto.

Tabela 2 - Características do superplastificante Hormitec 430.


Base Formulação Naftaleno
Massa Específica (kg/dm3) 1,20 - 1,22
pH 7,5 a 8,5
Teor de Sólidos (%) 39,0 a 42,0

Figura 12 - Aditivo Superplastificante Hormitec - SP430 (Anchortec).

27
3.1.4 Agente Modificador
odificador de Viscosidade

Para evitar alta segregação e exsudação nas pastas testadas foi utilizado um agente
modificador de viscosidade (VMA).. O VMA é um aditivo em pó fino e branco
composto quimicamente por polímeros de celulose de alto peso molecular. O nome
comercial deste agente modificador de viscosidade fabricado pelaa empresa BASF é
Rheomac UW 410 (Figura
Figura 13).

Figura 13 - VMA - Rheomac UW 410(BASF).

3.1.5 Fibra de Polipropileno

A fibra de polipropileno utilizada foi a NeoFibra , da empresa Neomatex (Figura


(
14).
). Essa fibra é composta por filamentos de polipropileno extremamente finos obtidos
através de extrusão. Eles recebem tratamentos superficiais que facilitam a dispersão no
concreto e depois são cortados em comprimentos variados. O tamanho utilizado foi o de
6mm de comprimento.

Figura 14 - Fibra de Polipropileno.

28
A Tabela 3 apresenta as características físicas das fibras, informadas pelo
fabricante. O fabricante declara ainda que essa fibra tem excelente resistência alcalina, é
imputrescível, não enferruja, sendo quimicamente inerte.

Tabela 3 - Características físicas das fibras de polipropileno.


Comprimento (mm) 6
Diâmetro (µm) 12
Massa Específica (g/cm3 – lb/gal) 0,94 – 7,85
Ponto de fusão (ºC - ºF) 160 - 320
Ponto de Ignição (ºC - ºF) 365 - 689

Relação de aspecto (1/d) 500

Através do ensaio de microscopia realizado por BARGHIGIANI (2013) não foi


possível determinar o valor do diâmetro e a forma da seção transversal das fibras ao
observá-las transversalmente (Figura 15a). No entanto, ao observá-las
longitudinalmente foi possível confirmar o diâmetro médio fornecido pelo fabricante
(Figura 15b).

(a) (b)
Figura 15 – Fibras de polipropileno (a) Análise da seção transversal; (b) Análise da seção longitudinal
(BARGHIGIANI, 2013).

29
3.1.6 Fibra de PVA

A fibra de PVA utilizada foi a de nome comercial KURALON, modelo RMH182


com 6mm de diâmetro da empresa KURARAY (Japão) (Figura 16). Esta fibra é
composta por filamentos de PVA extremamente finos.

Figura 16 - Fibra de PVA.

De acordo com a Tabela 4 seguem as características da fibra informadas pelo


fabricante:

Tabela 4 - Características das fibras de PVA.


Comprimento (mm) 6
Diâmetro da fibra (µm) 14
Peso específico (g/cm3 – lb/gal) 1,3 – 10,85
Tensão de escoamento (MPa) 1900
Elasticidade (%) 5%

Módulo de Young (GPa) 43

Na Figura 17a é possível observar que as fibras de PVA também apresentaram


danos em suas seções transversais ao serem cortadas. Com a análise da seção
longitudinal da fibra foi possível analisar o diâmetro da fibra, conforme mostrado na
Figura 17b, onde é possível observar que a fibra apresenta diâmetro médio compatível
com o valor fornecido pelo fabricante (BARGHIGIANI, 2013).

30
(a) (b)
Figura 17 – Fibras de PVA: (a) Análise da seção transversal; (b) Análise da seção longitudinal
(BARGHIGIANI, 2013).

3.1.7 Água

A água utilizada em todas as pastas foi proveniente da rede de abastecimento da


cidade do Rio de Janeiro, passando por três diferentes filtragens mecânicas e pelo
processo de deionização. Após o processo de filtragem e deonização, a água é
armazenada em um tanque de PVC de 30 litros (Figura 18).

Figura 18 - Deonizador e tanque de armazenamento de água.

31
3.2 Dosagens das Pastas

A composição onde ocorre o melhor desempenho de pastas de cimentação que


utilizam sílica 325# é entre 35% a 40% de sílica e 100% de cimento, nos teores de
massa (MIRANDA, 2008). Portanto utilizou-se na pasta de referência o cimento CPP
classe G e a sílica 325#, nos teores de 100% e 37% respectivamente. Em seguida, foram
determinados os teores de água e do superplastificante Hormitec, simultaneamente,
realizando os ensaios de compatibilidade e ponto de saturação entre os materiais
cimentícios e o aditivo. Segundo MIRANDA (2008), em pastas com cimento e sílica
325# o teor ótimo de água fica entre 30% e 40%. Portanto as relações entre água-
cimento utilizadas foram de 0,30, 0,35 e 0,40 e, em seguida, foram feitas as curvas de
tempo de escoamento versus teor de aditivo para determinar a melhor relação água-
material cimentício (a/mc) e o teor ótimo de aditivo.

3.2.1 Ensaio de Compatibilidade e Ponto de Saturação

O objetivo desse ensaio é verificar a compatibilidade entre os materiais


cimentícios e o superplastificante utilizado, determinando também o teor ótimo de
superplastificante, ou seja, o ponto de saturação da pasta. Essas características são
avaliadas por um gráfico do tempo de escoamento versus a porcentagem de aditivo. O
ponto de saturação é definido a partir do qual a adição de aditivo não fornece uma
redução significativa no tempo de escoamento. Para realização do ensaio foi utilizado o
Funil de Marsh com sua base (Figura 19a), onde a pasta é inserida e escoa em uma
proveta graduada em até 1000 ml (Figura 19b). Marca-se o tempo do escoamento da
mesma pasta nos intervalos de tempo: 10min, 30min e 60min. Na Figura 19c pode ser
visto o ensaio sendo realizado.

32
(a) (b) (c)
Figura 19 – Ensaio de Compatibilidade e Ponto de Saturação: (a) Funil e base; (b) Proveta graduada; (c)
Ensaio sendo realizado.

O procedimento realizado para o ensaio está apresentado a seguir.

• Pesagem e homogeneização dos materiais cimentícios em um saco


plástico;
• Pesagem do superplastificante e da água diretamente no copo do
misturador;
• Ajuste doo misturador para 2970rpm,
2970rpm, e inserção dos materiais
homogeneizados
izados em um tempo de até 1 minuto;
• Após inserção dos materiais cimentícios, deixar o misturador em
funcionamento
cionamento por 8minutos;
• Após 8 minutos, desligar o misturador e deixar a pasta repousar por 1min
e 30s;
• Depois desse tempo, religa-se
religa o misturador por 10 segundos;
• Inserir toda pasta no funil com o orifício inferior fechado. Após inserção
de toda pasta no funil, liberar o orifício para fluxo do material e
cronometrar o tempo até a pasta atingir a marca de 1000ml na proveta;
• Após medição, deixar a pasta num béquer fechado com plástico e em
repouso, até a próxima leitura;

33
• Repetir o mesmo procedimento para os intervalos de 30 e 60 minutos.
Antes de cada intervalo, a pasta deve ser homogeneizada com uma
espátula e levada ao misturador por 10 segundos.
Como dito anteriormente, os ensaios de compatibilidade e ponto de saturação
foram realizados em pastas com relação água-material cimentício de 0,30, 0,35 e 0,40.
Na Tabela 5 estão apresentados os teores de água, cimento e sílica 325# das pastas
avaliadas.

Tabela 5 - Pastas avaliadas inicialmente.


Teores dos Materiais (% da massa em relação ao cimento)
Materiais
a/mc = 0,30 a/mc = 0,35 a/mc = 0,40

CPP Classe G 100 100 100


Sílica 325# 37 37 37
Água 30 35 40

Após feitos os ensaios, foi determinado que a melhor relação a/mc é de 0,40
devido ao comportamento observado das curvas, percebeu-se que houve uma menor
variação do tempo de escoamento entre os diferentes intervalos de leitura para o mesmo
teor de aditivo. O teor de aditivo considerado ótimo foi de 0,50%, percebe-se que não
houve muita mudança nas curvas utilizando teores superiores. Essa pasta de referencia
inicial foi nomeada como PR325.

Na Figura 20 pode ser observado o gráfico de tempo de escoamento versus teor de


aditivo para pasta com relação a/mc igual a 0,30. Percebe-se que não ocorre um
fechamento das curvas de escoamento com o aumento do teor de aditivo. Em contra
partida, para os teores de água de 0,35 e 0,40 ocorre o fechamento das curvas com o
aumento de aditivo. Porém para as curvas com o teor de 0,35 de a/mc (Figura 21) não é
possível determinar um ponto onde os tempos de escoamento se encontram.

Com a análise da Figura 22 observa-se que para a pasta com teor de a/mc em 0,40
houve uma menor variação do tempo de escoamento entre os diferentes intervalos de
leitura para o mesmo teor de aditivo. Além de ocorrer um encontro dos pontos a partir
da concentração de 0,5% de superplastificante.

34
250
10 minutos
225
30 minutos
200 60 minutos

Tempo de Escoamento (s)


175
150
125
100
75
50
25
0
0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5
Teor de Aditivo (%)
Figura 20 - Curvas de tempo de escoamento versus teor de aditivo da pasta
com relação a/mc igual a 0,30.

250
10 minutos
225
30 minutos
200 60 minutos
Tempo de Escoamento (s)

175
150
125
100
75
50
25
0
0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5
Teor de Aditivo (%)
Figura 21 - Curvas de tempo de escoamento versus teor de aditivo da pasta
com relação a/mc igual a 0,35.

35
250
10 minutos
225
30 minutos
200 60 minutos

Tempo de Escoamento (s)


175
150
125
100
75
50
25
0
0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5
Teor de Aditivo (%)
Figura 22 - Curvas de tempo de escoamento versus teor de aditivo da pasta
com relação a/mc igual a 0,40.

Após os ensaios de compatibilidade e ponto de saturação, e dos resultados de


estabilidade das possíveis pastas de referência (com relações a/mc iguais a 0,30, 0,35 e
0,40), define-se a pasta com relação a/mc a 0,40 e com teor de 0,5% de
superplastificante como a pasta de referência. Os resultados de estabilidade das pastas
para determinar a pasta de referência estão apresentados no Capítulo 5.

3.2.2 Dosagem da pasta de Referência

As massas dos componentes da pasta de referência, denominada PR325 estão


apresentadas na Tabela 6.

Tabela 6 – Composição da pasta referência PR325.


Massa* Consumo
Materiais
(g) (kg/m3)
Cimento 600,08 1000,14
Sílica 325# 222,03 370,05
Água 322,68 537,80
Superplastificante 10,28 17,13
*As massas de materiais correspondem àquelas necessárias
para a confecção de um volume de pasta igual a 600 ml.

Após a incorporação dos reforços fibrosos, as pastas, mesmo sendo fluidas, não se
mostraram homogêneas e ocorreu a formação de grumos pelas fibras. Para promover

36
melhor homogeneidade às pastas fibrosas, foi utilizado um agente modificador de
viscosidade (VMA). O VMA, Rheomac UW410 (BASF), foi utilizado em substituição
em massa de cimento, sendo testado os teores de 0,025%, 0,050% e 0,100%. O teor de
VMA igual a 0,100% apesar de visivelmente aumentar a viscosidade, foi o que
proporcionou a melhor dispersão da fibra e com isso maior homogeneidade.

A composição da pasta de referência com adição do VMA está explicitada na


Tabela 7.

Tabela 7 - Composição da pasta de referência com VMA (PR).


Materiais Massa* (g) Consumo (kg/ m3)
Cimento 599,48 999,14
Sílica 325# 222,03 370,05
Água 322,68 537,80
Superplastificante 10,28 17,17
VMA 0,60 1,00
*As massas de materiais correspondem àquelas necessárias para a confecção de um volume de pasta
igual a 600 ml.

3.2.3 Dosagem das Pastas com Reforços Fibrosos

A partir da pasta de referência (PR) foram utilizadas as fibras de PVA e de


polipropileno (PP) em frações volumétricas iguais a 0,50% e 0,75%. Obtendo assim as
seguintes pastas fibrosas: PP0,50 (fração volumétrica de fibras de polipropileno igual a
0,50%), PP0,75 (fração volumétrica de fibras de polipropileno igual a 0,75%), PVA0,50
(fração volumétrica de fibras de PVA igual a 0,50%) e PVA0,75 (fração volumétrica de
fibras de PVA igual a 0,75%).

Na Tabela 8 encontra-se a composição das pastas com adição de fibra de PVA e


na Tabela 9 a composição das pastas produzidas com fibra de polipropileno.

37
Tabela 8 – Composição das pastas com fibra de PVA.
Materiais Massa(g) – PVA0,50 Massa(g) – PVA0,75
Cimento 596,48 594,98
Sílica 325# 220,92 220,36
Água 321,06 320,26
Superplastificante 10,22 10,20
VMA 0,5971 0,5956
Fibra de PVA 3,90 5,85
*As massas de materiais correspondem àquelas necessárias para a confecção de um volume de pasta
igual a 600 ml.

Tabela 9 – Composição das pastas com fibra de polipropileno.


Materiais Massa(g) – PP0,50 Massa(g) – PP0,75
Cimento 596,48 594,98
Sílica 325# 220,92 220,36
Água 321,06 320,26
Superplastificante 10,22 10,20
VMA 0,5971 0,5956
Fibra de Polipropileno 2,82 4,23
*As massas de materiais correspondem àquelas necessárias para a confecção de um volume de pasta
igual a 600 ml.

3.3 Preparo das Pastas

O preparo das pastas foi realizado de acordo com um procedimento adaptado da


ABNT NBR 9831 (2006) e do PROCELAB (CAMPOS et al, 2005).

No preparo das Pastas foram utilizados diversos equipamentos (Figura 23) e


utensílios do laboratório, alguns deles estão listados : Balança digital, Misturador de
palhetas Waring Blendor (Chandler), Espátula, Funil, Béquer, Proveta etc.

38
(a) (b) (c)
Figura 23 – Equipamentos (a) balança digital; (b) misturador; (c) Espátula e Funil

O procedimento de preparo das pastas foi feito na seguinte ordem cronológica:

• O cimento e a sílica 325# foram pesados em um saco plástico com ajuda de


um béquer na balança digital;
• O agente modificador de viscosidade (VMA) foi pesado na balança digital
em um recipiente a parte;
• Com o cimento e a sílica 325# já pesados, estes foram homogeneizados com
a agitação no mesmo saco plástico onde foram pesados;
• Direto no copo do misturador, o superplastificante Hormitec e, em seguida, a
água deionizada foram pesados;
• O copo do misturador foi posicionado no equipamento, o qual foi ligado a
uma velocidade de 2970 rpm;
• Após a agitação dos líquidos por 10 segundos, o cimento e a sílica 325#
foram inseridos no copo do misturador através do funil e logo após foi
inserido o agente modificador de viscosidade. Este procedimento de inserção
dos materiais sólidos foi realizado durante um minuto;
• Após a total inserção dos grãos, o misturador era desligado e então, com o
auxílio de uma espátula, as paredes do misturador eram raspadas;

39
• Enfim, o misturador era religado com todos os materiais sendo a mistura
efetuada por um período de 10 minutos;
• Para o preparo das pastas fibrosas com o misturador religado, após 4 minutos
iniciou-se a inserção das fibras, em pequenas proporções, continuamente por
1 minuto;
• Após a inserção total das fibras, a mistura era continuada com todos os
materiais até completar 10 minutos.

3.4 Cura das Pastas

Após ser preparada, a pasta era transferida para os moldes, que eram
preenchidos em duas camadas, onde em cada camada foram realizados cinco voltas de
movimentos lentos circulares com um bastão de vidro. Isto é feito para eliminar as
bolhas provenientes da mistura dos materiais. Primeiramente os moldes são submetidos
à cura por um período de 24 horas em uma câmara úmida (Figura 24a), com
temperatura ambiente e umidade relativa do ar de aproximadamente 22ºC e 100%
respectivamente. Após 24 horas os corpos de prova são desmoldados e inseridos em um
banho térmico preenchido com água a temperatura ambiente de 22ºC (Figura 24b).
Nesse banho, os corpos de prova sofrem um aumento de temperatura controlado a
0,33ºC/min até a temperatura final de cura de 74ºC. Atingindo os 74ºC os corpos são
transferidos de banho e ficam nessa temperatura durante 7 dias (Figura 24c). Ao término
dos 7 dias, retiram-se os corpos de prova para serem resfriados naturalmente imersos na
água.

40
(a) (b) (c)
Figura 24 – (a) Câmara úmida; (b) banho de rampa; (c) Banho de armazenamento.

Esse tipo de cura a 74ºC tem como base as condições de um poço a uma
profundidade total de 5900 metros (2000 m de lâmina d’água + 3900 m de formação), e
um poço com temperatura estática de 74ºC (165ºF).

41
CAPÍTULO 4 MÉTODOS DE ENSAIO
______________________________________________________________________

Neste capítulo serão apresentadas e descritas as metodologias de ensaio que


determinam as propriedades da pasta no estado fresco e endurecido.

4.1 Ensaios das Pastas no Estado Fresco

Neste tópico serão apresentados e descritos os ensaios realizados nas pastas no


estado fresco. Os ensaios realizados foram: massa específica, fluido livre, espalhamento
e reologia.

4.1.1 Massa Específica Aparente

Neste ensaio foi utilizada a balança de lama convencional (Figura 25).

Figura 25 - Balança de Lama Convencional.

O procedimento está descrito a seguir:


• A pasta é colocada no copo da balança até que a mesma fique cheia, verifica-
se a formação de bolhas e se for preciso utiliza-se um bastão para realizar
movimentos circulares e retirar as possíveis bolhas.
• Após cheia, é pressionada a tampa no copo da balança, até ficar
completamente fechada e ocorrer o transbordamento de pasta.

42
• Fecha-se bem o copo com a tampa e retira o excesso de pasta escorrido com
água, com o cuidado de fechar o orifício para não entrar água ou sair mais
pasta.
• Por fim coloca-se a balança no seu anteparo e anota-se o valor de massa
específica quando a bolha se encontra centralizada e a balança estável. A
precisão da balança é 0,01 g/cm³ ou 0,05 lb/gal.

4.1.2 Fluido Livre

A determinação do conteúdo de fluido livre pode ser feito com uma proveta ou
com um Erlenmeyer. Neste trabalho o ensaio foi realizado utilizando o Erlenmeyer
(Figura 26). Todos os ensaios foram realizados conforme está descrito no API
Specification 10A (2002) do American Petroleum Institute e na ABNT NBR9831
(2006).

• A pasta primeiramente é preparada e deixada no consistômetro atmosférico


(Figura 27) por 20 minutos;
• É vertido no Erlenmeyer 760g de pasta, com cuidado para não sujar muito
suas laterais. O frasco é vedado com um plástico filme e em seguida posto
em uma bancada onde fica livre de qualquer vibração .
• Após duas horas retira-se o plástico filme e com ajuda de uma pipeta e uma
proveta graduada, mede-se o volume de líquido exsudado da pasta.

Figura 26 - Ensaio de Água livre – Erlenmeyer e Proveta graduada.

43
Figura 27 - Consistômetro atmosférico.

O teor de água livre é determinado pela equação 1.

ܸ௔ . ρ Equação 1
ܶ௔ = 100.
mp

Onde:
Ta - Teor de água livre (%);
Va - Volume de água livre (ml);
mp - Massa inicial da pasta (g);
ρ - Massa específica da pasta (g/cm3).

44
4.1.3 Mini-Espalhamento

Este ensaio tem como objetivo avaliar a fluidez e a trabalhabilidade do material,


a qual é feita através da determinação do diâmetro médio da pasta após esta ser inserida
em uma espécie de funil sobre uma folha graduada com diversos diâmetros.

O procedimento do ensaio é apresentado a seguir.

• Prepara-se a pasta como descrito no item 3.3;


• Centraliza o funil com a folha graduada (Figura 28a);
• É feito a inserção da pasta dentro do funil até o total preenchimento (Figura
28b);
• Após inserção da pasta, retira-se o funil devagar na direção vertical;
• Após a pasta parar de escoar, com o auxílio de uma espátula e uma régua é
feito a medição do diâmetro da pasta.

(a) (b)
• Figura 28 – Ensaio de espalhamento ( a) funil invertido; (b) vertendo pasta.

45
4.1.4 Reologia

O ensaio de reologia foi realizado no viscosímetro rotativo Fann (Figura 29),


sendo realizado
lizado de acordo com os procedimentos descritos na ABNT NBR 9831 (2006)
com o conjunto rotor-rob
rob R1/B1 à 27ºC.
27ºC

Figura 29 – Viscosímetro rotativo Fann.

O procedimento do ensaio é apresentado a seguir.

• A pasta
sta foi preparada de acordo com o procedimento descrito
de no item
3.3;
• A pasta
asta foi inserida no copo do viscosímetro aquecido à 27ºC (80ºF);
• O copo térmico foi posicionado de modo que o nível da pasta ficasse
alinhado com
om a marcação de nível do rotor.Com
rotor.Com o equipamento ligado na
velocidade de 300 rpm e após 60 segundos é realizada a primeira leitura;
• Após a primeira leitura, a velocidade foi ajustada para 200 rpm e
passando 20 segundos é realizada a segunda leitura;
• Após a segunda leitura, a rotação foi ajustada para 100 rpm e foi feita a
terceira leitura,
leitura após 20 segundos;
• Logo em seguida, a velocidade foi alterada para 600 rpm e mantida por
60 segundos. Após esse tempo, o motor foi desligado por 10 segundos e,
novamente ligado na velocidade de 3 rpm. O valor da máxima deflexão
foi lido para o cálculo do gel inicial;

46
• O motor foi desligado e a pasta repousou por 10 minutos. Depois desse
tempo, o motor foi ligado na velocidade de 3 rpm e, assim como no gel
inicial, a máxima deflexão foi lida para o cálculo do gel final da pasta.

4.2 Ensaios das pastas no estado endurecido

Neste tópico serão apresentadas e descritas as metodologias dos ensaios


realizados nas pastas no estado endurecido. Os ensaios realizados foram: estabilidade,
resistência à compressão uniaxial e resistência à tração na flexão.

4.2.1 Estabilidade

Este ensaio foi realizado para todas as pastas utilizadas no trabalho, conforme
procedimento descrito a seguir.

• Foram feitos a montagem dos moldes e a vedação utilizando fita veda rosca
além de graxa para auxiliar na vedação e na desmoldagem (Figura 30a);
• A pasta foi preparada conforme descrito previamente no item 3.3;
• Após a homogeneização no consistômetro a pasta foi vertida nos moldes, foi
utilizado um bastão para remoção das bolhas;
• Os moldes foram fechados e levados ao banho térmico a temperatura
controlada de 27ºC;
• Passadas 24 horas os corpos foram desmoldados e levados para o
faceamento, onde foram cortados em 4 partes iguais: T (topo), M1 (meio 1),
M2 (meio 2), F (fundo) (Figura 30b);
• Depois de cortados, as amostras são mantidas dentro de um béquer com água
e as mesmas são pesadas ;
• A massa das amostras imersas foram determinadas de 2 formas: Totalmente
imersas sem tocar as paredes do béquer e depois com a massa das amostras
apoiadas no fundo do béquer (Figura 30c);

47
• Com os valores coletados, determina-se a estabilidade da pasta. Considera-se
que a pasta é estável se a mesma tiver uma diferença menor que 0,06g/cm³
entre as massas específicas do TOPO e FUNDO e se o rebaixamento da
pasta após endurecida no molde for menor que 5mm.

(a) (b) (c)


Figura 30 – Ensaio Estabilidade: (a) Moldes; (b) divisão do corpo de prova; (c) ensaio sendo realizado.

4.2.2 Resistência à Compressão Uniaxial

Para os ensaios de resistência à compressão uniaxial foram utilizados corpos de


prova cilíndricos com dimensões de 50 mm de diâmetro e 100 mm de altura. O
principal objetivo deste ensaio é obter a curva tensão versus deformação da pasta no
estado endurecido. Foi utilizada a prensa Shimadzu UH-F 1000kN (Figura 31a) com
auxílio de sensores de deslocamento (Figura 31b) e um computador. A velocidade de
carregamento nos ensaios foi de 0,005mm/min.

Todos os corpos de prova precisam ser faceados para que as superfícies


inferiores e superiores do cilindro fiquem planas, lisas e paralelas, evitando assim que
aconteça a ruptura precoce do cilindro por concentração de tensão. O procedimento de
faceamento é realizado com a ajuda de um torno mecânico, no laboratório de
faceamento do LABEST/COPPE/UFRJ.

48
(a) (b)
Figura 31 – Compressão Uniaxial: (a) Maquina Shimadzu UH-F 1000kN; (b) configuração do ensaio.

O procedimento para a produção dos corpos de prova destinados ao ensaio de


compressão está apresentado a seguir.
• Prepara-se, conforme o item 3.3, um volume de pasta equivalente a nove
cilindros;
• Primeiramente preenche-se somente a metade do volume do molde, um
bastão de vidro é utilizado para eliminar possíveis bolhas de ar;
• Após girar o bastão de maneira uniforme e contínua, o restante da pasta é
vertido no molde até preenchê-lo totalmente, e novamente é utilizado o
bastão a fim de eliminar as bolhas de ar;
• O excesso de pasta no cilindro é retirado com uma espátula, tentando deixar
bem plana a parte superior da pasta no cilindro;
• Os corpos de prova ficam em cura durante 24h, em um ambiente onde a
umidade relativa fica próxima de 100% e a temperatura em 22ºC. Para isso é
usado um armário de aço selado com acrílico e silicone, de forma a evitar a
perda de umidade;
• Os corpos de prova são desmoldados e, em seguida, colocados em um banho
térmico com temperatura inicial de 22ºC, onde é aquecido até a temperatura
final de 74ºC, onde permanecem durante 7 dias;
• Ao final de 7 dias o banho é desligado e ocorre o resfriamento natural até a
temperatura ambiente de 22ºC;

49
• Após resfriados os corpos de prova são desmoldados e encaminhados para o
faceamento, onde é possível corrigir possíveis imperfeições na superfície,
além de padronizar seu tamanho para o ensaio;
• Após faceados, Os corpos de prova
pro são levados para o ensaio na prensa.

Neste ensaio, são utilizados sensores elétricos fixados na zona central do corpo
de prova. As cargas e os deslocamentos axiais são registrados no computador por um
sistema de aquisição de dados. Com esses dados, é possível
possível plotar uma curva Tensão
versus deformação, e com isso determinar o módulo de elasticidade, através da Equação
2:

ߪଶ െ ߪଵ Equação 2
‫=ܧ‬
ߝ௔ଶ െ ߝ௔ଵ

Onde:
E - Módulo de Elasticidade (GPa);
- Tensão equivalente a 40% da tensão máxima (MPa);
(

- Tensão correspondente à deformação εa1 (MPa);

- Deformação axial correspondente à tensão de εa2 (mm/mm);

- Deformação igual a 5 x 10-5 mm/mm.

4.2.3 Resistência à Tração na Flexão

Os ensaios de resistência à tração na flexão foram realizados na prensa Shimadzu


AGX 100KN (Figura 32a). Para o ensaio de resistência à tração na flexão são utilizados
corpos de provas na forma de prismas com dimensões de 50mm de altura, 50mm de
largura e 228mm de comprimento. Todas as pastas foram preparadas e sofreram cura
por 7 dias em banho térmico a 74ºC assim como no ensaio de resistência a compressão
uniaxial. Foi realizado o ensaio de flexão
fl em quatro pontos (Figura 32b)
b), com aplicação
da carga nos limites do terço central do prisma, de acordo a ABNT NBR 12142 (1991)
(Figura 32a).

50
(a) (b)
Figura 32 – Tração na Flexão: (a) Maquina Shimadzu AGX 100KN; (b) Setup do ensaio.

Com os dados de carga, é possível calcular a resistência à tração na flexão


(módulo de ruptura). O cálculo do módulo de ruptura é apresentado na Equação 3.

‫ܨ‬௥ . ‫ܮ‬ Equação 3


݂ி =
ܾ. ℎଶ

Onde:
fF - Resistência à tração na flexão (MPa);
Fr - Carga onde ocorreu a ruptura do corpo de prova (N);
L - Dimensão medida entre os apoios (mm);
B - Largura do corpo de prova (mm);
h - Altura do corpo de prova (mm).

Através do ensaio de tração na flexão, obtém-se uma curva carga versus


deslocamento, a partir da qual calcula-se a tenacidade do material. O índice de
tenacidade é um fator que determina a capacidade de deformação do material.

51
4.2.3.1 Índice de Tenacidade

O índice de tenacidade das pastas pode ser calculado através das curvas carga
versus deslocamento obtidas pelos ensaios de flexão. A tenacidade é um importante
fator a ser determinado para materiais cimentícios reforçados com fibras. Quanto maior
esse fator maior a capacidade do material de absorver energia.

Existem diversas normas que podem ser utilizadas para calcular o índice de
tenacidade. A norma japonesa JCSE-SF4 (1983) tem sido bastante utilizada para
materiais cimentícios por não depender do valor de deslocamento de primeira fissura.

Esta norma avalia a tenacidade dos compósitos pela capacidade de absorção de


energia até uma deflexão limite. A tenacidade (Tb) é definida como a energia necessária
para se fletir uma viga até uma deflexão limite no meio do vão igual a L/n, sendo n
igual a 150 (VELASCO, 2008). A tenacidade (Tb) é calculada pela área (integral) da
região abaixo da curva carga versus deslocamento. Neste trabalho foi adotado o
deslocamento limite em 1,2mm (Figura 33).

Figura 33 – Determinação da tenacidade na flexão (Tb).

A partir do valor de tenacidade (Tb), um fator de tenacidade na flexão (FT) é


definido pela equação 4.

52
ܶ௕ ‫ܮ‬ Equação 4
FT = . ଶ
ߜ௧௕ ܾ. ℎ௠௘ௗ

Onde,

FT : Índice de tenacidade na flexão (kgf/cm2 ou MPa);


Tb : Tenacidade na flexão (kgf.cm ou J);
δtb : Deflexão equivalente a L/n (cm ou J);
b : Largura do corpo de prova(cm ou mm);
hmed : Altura média do corpo de prova (cm ou mm);
L: Vão entre apoios do corpo de prova durante o ensaio (cm ou mm).

53
CAPÍTULO 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS
______________________________________________________________________

Neste capítulo serão apresentados os resultados dos ensaios realizados na pasta


de referência e nas pastas fibrosas (polipropileno e PVA), no estado fresco e também no
estado endurecido.

5.1 Propriedades das Pastas no Estado Fresco

No estado fresco foram feitos os ensaios de fluido livre, massa específica


aparente, espalhamento e reologia. Através dos ensaios foi possível determinar algumas
propriedades dos compósitos, como a massa específica aparente, a estabilidade da pasta
pelo teor de água exsudada e a trabalhabilidade através do ensaio de espalhamento.

5.1.1 Massa Específica Aparente

Os valores de massa específica aparente da pasta de referência e das pastas


fibrosas foram obtidos a partir do ensaio com a balança de lama convencional.
Verificou-se que a variação observada nos valores de massa específica não foi
significativa, isso é explicado por ter sido adicionado baixos teores de fibras à pasta.

Todas as pastas deste estudo são consideradas pastas normais. Segundo


MIRANDA (2008), as pastas são consideradas leves quando suas massas específicas
forem inferiores a 1,7 g/cm³ (14 lb/gal), normais quando estiverem entre 1,70 g/cm³ (14
lb/gal) e 1,92 g/cm³ (16 lb/gal) e pesadas quando as massas específicas são superiores a
1,92 g/cm³ (16 lb/gal). Foram realizados 2 ensaios para cada pasta, segue na Tabela 10 a
média os resultados dos ensaios:

54
Tabela 10 - Resultados de Massas Específicas Aparentes.
Pasta Massa Específica Aparente Massa Específica Aparente
(g/cm3) (lb/gal)
PR 1,91 15,95
PP0,50 1,90 15,90
PP0,75 1,89 15,80
PVA0,50 1,89 15,75
PVA0,75 1,87 15,60

5.1.2 Fluido Livre

O ensaio de água livre determina a quantidade de líquido exsudado e indica a


estabilidade da pasta em seu estado fresco. Na falta de limite estabelecido por norma
para o teor de água livre em pastas de cimentação, iremos considerar a norma ABNT
NBR 9831 (2006). Esta admite um teor máximo de água livre igual a 5,9% para pastas
contendo apenas cimento (CPP – classe G ou classe especial) e água, sendo utilizado
esse limite como parâmetro de referência.

Foi determinada a existência de fase sobrenadante em todos os ensaios


realizados nesse estudo, tanto na referência quanto nas pastas fibrosas. Ou seja, em
nenhuma das pastas estudadas o teor de água livre foi zero. Apesar disso, todas as pastas
ficaram com o teor de fluido livre menor que 5,9%, este limite foi considerado pois é
utilizado para cimentos em geral na NBR 9831 (2006).

Foram feitos 2 ensaios para cada tipo de pasta, e verificou-se que o uso de fibra
diminuiu suavemente o teor de água livre. A explicação disso é que as fibras dispersas
permitiram maior estabilidade à pasta, diminuindo a segregação dos sólidos.

Na Tabela 11 estão apresentados os resultados de fluido livre da referência e das


pastas reforçadas com PVA e polipropileno. Foram realizados dois ensaios para cada
pasta.

55
Tabela 11 - Resultados ensaios de fluido livre.
Pasta Massa (g) Volume (ml) Teor Água livre
PR 759,2 13,1 3,2%
PP0,5 761,8 11,2 2,8%
PP0,75 763,2 11,2 2,8%
PVA0,5 760,8 11,5 2,9%
PVA0,75 766,1 10,5 2,6%

5.1.3 Ensaio de Mini-espalhamento

Como dito no item 3.2, foi adicionado o VMA para melhorar a estabilidade e
acoesão da pasta com adição de fibras, diminuindo assim a segregação. Com isso, foi
aumentada a viscosidade, diminuindo o espalhamento das pastas à medida que se
aumentava o teor de VMA. Na Figura 34 estão as fotos dos espalhamentos para as
diferentes dosagens de VMA testadas na pasta com adição de 0,5% de polipropileno.

(a) (b)

(c) (d)
Figura 34 - Espalhamento: (a) Pasta PP0,50 sem VMA; (b) Pasta PP0,50 com 0,025% de VMA; (c) Pasta
PP0,50 com 0,050% de VMA; (d) Pasta PP0,50 com 0,100% de VMA.

56
A partir da Figura 34, é possível verificar que até o teor de 0,050% de VMA a
pasta não estava totalmente homogênea e ainda havia segregação, sendo 0,100% o teor
de VMA a ser utilizado. Após determinar de que a concentração de VMA utilizada seria
de 0,100%, foram realizados novos espalhamentos com os diferentes teores de fibras.
Os resultados desses ensaios mostram que a inclusão de qualquer fibra irá diminuir a
fluidez da pasta, alterando a sua reologia. Quanto maior o teor de fibras utilizado, menor
o espalhamento. Esta propriedade pode ser explicada pois a adição de fibras à pasta gera
obstáculo ao fluxo da pasta, aumentando a sua viscosidade e diminuindo a
trabalhabilidade. Os resultados do espalhamento das pastas estão apresentados na
Tabela 12.

Tabela 12 – Resultados de mini-espalhamento.


Pasta Espalhamento(mm)
PR 99,0
PP0,50 85,0
PP0,75 68,0
PVA0,50 80,00
PVA0,75 77,00

O ensaio de espalhamento tem a capacidade de mostrar de forma qualitativa o


nível de trabalhabilidade da pasta, além de ser possível observar a ocorrência de
segregação. A partir da Figura 35 é possível observar que todas as pastas estão bem
homogêneas e com ausência de fase segregada.

57
(a) (b)

(c)
Figura 35 – Espalhamento das pastas: (a) PR; (b) PP0,50; (c) PP0,75.

5.1.4 Ensaio de Reologia

Durante a dosagem da pasta foram realizados 3 ensaios de reologia na pasta com


40% de água e 0,5% de superplastificante, chamada no trabalho de PR325. Os valores
de cada ensaio, assim como os valores médios estão apresentados na Tabela 13. Os
ensaios foram realizados no viscosímetro rotativo Fann de acordo com os
procedimentos descritos na ABNT NBR 9831 (2006). Nessa pasta ainda não tinha sido
inserido o agente modificador de viscosidade (VMA).

58
Tabela 13 - Propriedades reológicas da pasta PR325 (27ºC).

T = 27oC Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Média – CV (%)

Viscosidade Plástica
36,0 (36,0) 37,5 (37,5) 34,5 (34,5) 36,0 (36,0) – 4,2
mPa.s (cP)
Limite de Escoamento
2,0 (4,3) 2,2 (4,6) 1,9 (3,9) 2,0 (4,3) – 8,3
Pa (lbf/100pé2)
Gel Inicial
3,6 (7,5) 4,1 (8,5) 3,6 (7,5) 3,7 (7,5) – 7,9
Pa (lbf/100pé2)
Gel Final
11,8 (24,5) 12,3 (25,6) 11,2 (23,5) 11,8 (24,5) – 4,3
Pa (lbf/100pé2)

5.2 Propriedades das Pastas no Estado Endurecido

Nesse tópico são mostrados os resultados dos ensaios das pastas no estado
endurecido, Os ensaios realizados foram: estabilidade, resistência à compressão e
resistência à tração na flexão

5.2.1 Estabilidade

Considerando os resultados dos ensaios de compatibilidade e ponto de saturação


apresentados no item 3.2.1, foram realizados ensaios de estabilidade utilizando dois
teores diferentes de aditivo para pastas com relação água/sólido de 0,35 e 0,40, para a
determinação da pasta de referência inicial. Na Tabela 14 estão apresentados os
resultados dos ensaios de estabilidade.

59
Tabela 14 – Resultados de estabilidade.
Pasta Amostra ∆ME(g/cm³) Rebaixamento(mm)
PR0,35 1 0,02 0
0,7% 2 0,02 0
3 0,02 0
1 0,08 -
PR0,35 2 0,08 -
0,8% 3 0,12 -
4 0,05 -
1 0,01 5,1
PR0,40 2 0,03 2,2
0,4% 3 0,00 4,5
4 0,05 5,5
PR0,40 1 0,04 4,1
0,5% 2 0,03 2,6
3 0,04 3,1

Para a relação de 0,35 de água/sólidos foram usados os teores de 0,7% e 0,8% de


hormitec. Todas as amostras utilizando o teor de 0,7% do superplastificante ficaram
dentro do limite, tanto de rebaixamento quanto de diferença da massa específica entre
topo e fundo. Enquanto as amostras com 0,8% de aditivo foram consideradas instáveis,
devido à diferença entre as massas específicas entre o topo e o fundo ultrapassarem
0,06g/cm3.

Para a relação de água/sólidos igual a 0,40 foram realizados ensaios com 0,4% e
0,5% do superplastificante Hormitec. As amostras com o teor de 0,4% do aditivo foram
consideradas instáveis por terem um rebaixamento superiores a 5,0mm. Com o uso de
0,5% do superplastificante, foi determinado que a pasta ficou dentro dos limites
aceitáveis para utilização em poços de petróleo.

Após os ensaios de ponto de saturação e estabilidade, foi escolhida a pasta com


0,40% de água e 0,5% de superplastificante para adição de fibras. Como explicado no
item 5.1.3, com a adição de um volume de 0,50% de polipropileno teve a necessidade
de utilizar um agente modificador de viscosidade (VMA) na mistura. Na Tabela 15 são
apresentados os resultados dos ensaios da pasta de referência com VMA, além das
pastas reforçadas com fibras de polipropileno e PVA.

60
Tabela 15 – Resultados de estabilidade das pastas com VMA e com fibras.
Pasta Amostra ∆ME(g/cm³) Rebaixamento
1 0,06 5,1
PR 2 0,05 3,7
3 0,05 4,7
1 0,05 0,0
PP0,50 2 0,04 0,0
3 0,05 0,0
4 0,01 0,0
1 0,04 0,0
PP0,75 2 0,00 0,0
3 0,03 0,0
4 0,03 0,0
PVA0,50 1 0,04 2,9
2 0,03 2,6
3 0,03 2,4
4 0,01 3,1
PVA0,75 1 0,04 3,1
2 0,02 2,6
3 0,03 2,4
4 0,04 3,5

Observa-se na Tabela 15 que mesmo adicionando o VMA na composição da


pasta de referência, esta fica no limite para ser considerada uma pasta estável. Após a
inserção das fibras de polipropileno e PVA tem-se uma expressiva melhora na diferença
de densidade entre o topo e o fundo e no rebaixamento das amostras.. Essa melhora
significativa nos resultados do ensaio de estabilidade com a adição de fibras pode ser
explicado pelo fato das fibras atuarem como barreiras, confinando os fluidos na mistura,
diminuindo a exsudação da pasta, evitando assim a segregação da mesma.

Pode-se verificar que ocorreu uma maior melhora nos resultados dos ensaios de
estabilidade das pastas com adição da fibra de polipropileno. Isso pode ser explicado
devido a fibra de polipropileno possuir uma menor massa específica e menor diâmetro,
o que resulta em maior quantidade de filamentos dispersos na pasta cimentícia, além
disso, a fibra de polipropileno apresenta uma maior resistência ao escoamento. Estas
propriedades garantiram a ausência de rebaixamento dos corpos de prova das pastas
reforçadas com polipropileno.

61
5.2.2 Compressão Uniaxial

Nesse tópico estão apresentados os resultados dos ensaios de compressão


uniaxial das pastas de referência (PR), das pastas reforçadas com fibras de polipropileno
(PP0,5 e PP0,75) e das pastas reforçadas com fibras de PVA (PVA0,5 e PVA0,75).

A curva típica considerada foi a curva de um determinado corpo de prova cujo


resultado mais se aproximou do valor médio, calculado, entre todos os corpos do
mesmo ensaio, considerando os valores de resistência à compressão de ruptura (fc,RUP),
deformação axial de ruptura (εRUP) e módulo de elasticidade (E). As curvas típicas
tensão versus deformação da pasta de referência e das pastas reforçadas com teores de
0,50% e 0,75% de polipropileno estão apresentadas na Figura 36. As curvas tensão
versus deformação de todos os corpos de prova são apresentadas no anexo A1.

Figura 36 - Curvas típicas tensão versus deformação da pasta de referência e das pastas reforçadas com
fibras de polipropileno.

Na Tabela 16 se encontra os valores médios de resistência à compressão de


ruptura (fc,RUP), deformação axial de ruptura (εRUP), módulo de elasticidade (E) e seus
respectivos coeficientes de variação da pasta de referência e das pastas com teores de

62
fibra de polipropileno de 0,5% e 0,75%. Os valores médios correspondem a um número
mínimo de três corpos de prova.

Tabela 16 – Valores médios das propriedades mecânicas na compressão uniaxial da pasta de referência e
das pastas reforçadas com fibras de polipropileno.
Pasta fc,RUP - CV E - CV εRUP - CV
MPa(psi) – % (GPa - %)
(µε - %)
PR 28,62(4151) - 5,50 12,70 - 8,37 3598,02 - 15,29
PP0,5 28,70(4162) - 3,73 11,40 - 2,27 4645,64 - 5,26
PP0,75 24,60(3568) - 6,42 11,71 - 2,62 4271,85 - 9,10

Pelos valores da Tabela 16 e pelo gráfico da Figura 36 percebe-se que a inserção


de fibras de polipropileno alterou as propriedades mecânicas da pasta. Em relação a
adição de 0,50% de fibras, observa-se que a resistência à compressão na ruptura(fc,RUP)
não foi alterada, porém houve uma redução de 10,3% no módulo de elasticidade(E) e
um aumento de 29% na deformação axial de ruptura (εRUP). Enquanto isso, adicionando
0,75% de fibras observou-se uma redução de 14,1% na resistência à compressão, uma
redução de 7,8% no módulo de elasticidade e um aumento de 18,7% na deformação
axial de ruptura. Considerando os coeficientes de variação, a redução no módulo de
elasticidade para as pastas com fibras não foi expressiva.

É possível notar que o aumento da dosagem de fibras introduzidas na pasta


gerou uma diminuição da resistência da mesma, o que pode ser esperado, já que o
aumento da inserção de fibras contribui para o aumento da porosidade do material, além
de retirar material cimentício da pasta, acarretando assim numa perda de resistência. A
explicação da adição de apenas 0,5% não ter alterado a resistência do compósito deve-se
ao pouco volume de fibra adicionado, pois quando o teor foi aumentado para 0,75%,
fica evidente a perda de resistência.

Na Figura 36 observa-se que a adição de 0,75% de fibras de polipropileno


influenciou significativamente o comportamento pós-pico do material, sendo possível
manter a resistência mecânica mesmo após a fissuração, conseguindo atingir uma maior
deformação. Resumindo, consegue-se tornar a pasta mais dúctil adicionando fibra à

63
matriz, conforme pela pasta PP0,75% cujo ramo descendente
descendente do grafico foi mais suave
em relação à pasta de referência e à pasta com 0,50% de fibra.

Os modos de ruptura dos corpos de prova das pastas com fibras de


polipropileno, PP0,50% e PP0,75%, estão ilustrados na Figura 37 e na Figura 38,
respectivamente.

Figura 37 – Modos de ruptura da pasta PP0,50%.

Figura 38 – Modos de ruptura da pasta PP0,75%.

Analisando as figuras dos modos de rupturas, é possível observar que todos os


corpos de provas apresentaram modo de ruptura do tipo cisalhado e colunar. Nota-se
Nota
também que as fissuras da pasta PP0,75% foram menores, quase imperceptíveis,
fenômeno justificado
do também pelo comportamento mais dúctil dessa pasta na fase pós-
pós
pico.

Na Figura 39 estão apresentadas as curvas típicas tensão versus deformação da


pasta de referênciaa e das pastas reforçadas com fibra de PVA, nos teores de 0,5% e
0,75%.

64
Figura 39 - Curvas típicas tensão versus deformação da pasta de referência e das pastas reforçadas com
fibras de PVA.

Na Tabela 17 se encontra os valores médios de resistência à compressão de


ruptura (fc,RUP), deformação axial de ruptura (εRUP), módulo de elasticidade (E) e seus
respectivos coeficientes de variação da pasta de referência e das pastas reforçadas com
teores de fibra de PVA de 0,5% e 0,75%. Os valores médios correspondem a um
número mínimo de quatro corpos de prova.

Tabela 17 - Valores médios das propriedades mecânicas na compressão uniaxial da pasta de referência e
das pastas reforçadas com PVA.
Pasta fc,RUP - CV E - CV εRUP - CV
MPa(psi) – % (Gpa- %)
(µε - %)
PR 28,62(4151) - 5,50 12,70 - 8,37 3598,02 - 15,29
PVA0,5 29,73(4311) - 4,24 11,96 - 4,37 4300,31 - 16,11
PVA0,75 28,06(4070) - 5,05 11,29 - 4,67 4354,85 - 12,43

Conforme os valores apresentados na Tabela 17 observa-se que a inserção de


fibras de PVA, independente do teor, não provocou variação na resistência à
compressão do material. Uma tendência a diminuição no módulo de elasticidade foi

65
notadaa com o aumento da adição de fibras. E,
E considerando o coeficiente de variação,
não ocorreu variação significativa no valor da deformação
ão axial de ruptura.
ruptura

Na Figura 39 observa-se
observa se que com a adição de 0,75% de fibras de PVA, é
possível indentificar uma sensível melhora no comportamento da curva tensão versus
deformação da pasta. A pasta PVA0,75% apresentou uma maior ductilidade e maior
capacidade de deformação em relação a pasta de referência.

Segundo MAGALHÃES (2008)


(2008) as fibras de PVA apresentam uma alta
aderência química à matriz cimentícia, formando assim uma maior deposição de
produtos hidratados na interface
inte fibra-matriz, diminuindo assim a porosidade nesta
região. Este fenômeno permite uma menor queda de resistência quando são utilizadas
pastas com fibras de PVA, sendo confirmado pelos resultados da Tabela 17.

Os modos de ruptura dos corpos de prova das pastas com fibras de PVA, denominadas
PVA0,50% e PVA0,75%, estão ilustrados na Figura 40 e na Figura 41,, respectivamente.

Figura 40 – Modos de ruptura da pasta PVA0,50%.

Figura 41 – Modos de ruptura da pasta PVA0,75%.

66
Pode-se perceber que os modos de rupturas das pastas reforçadas com fibra de PVA são
parecidos com as pastas PP0,50% e PP0,75%, do tipo colunar e cisalhado. Através das
figuras dos modos de ruptura, verifica-se que um dos benefícios da adição de fibras à
pasta de referência, é que mesmo após a fratura não ocorre o colapso do corpo de prova.

5.2.3 Tração na Flexão

Nesse tópico estão apresentados os resultados dos ensaios de tração na flexão da


pasta de referência (PR), das pastas reforçadas com fibras de polipropileno ( PP0,5% e
PP0,75%) e das pastas reforçadas com fibras de PVA ( PVA0,5% e PVA0,75%).

As curvas típicas carga versus deslocamento da pasta de referência e das pastas


reforçadas com teores de 0,50% e 0,75% de polipropileno estão apresentadas na Figura
42. As curvas carga versus deslocamento de todos os corpos de prova ensaiados da
pasta de referência e das pastas fibrosas são apresentados no Anexo A2.

Figura 42 – Curvas carga versus deslocamento das pastas reforçadas com fibra de polipropileno.

67
Na Tabela 18 estão apresentados os valores médios e os coeficientes de variação
de carga, deslocamento (δF,1aF) e módulo de ruptura na primeira fissura (fF1ªF), assim
como os valores de carga máxima pós-fissuração e seus valores correspondentes de
deslocamento (δPF) e módulo de ruptura(fPF).

Tabela 18 – Valores médios das propriedades mecânicas na tração na flexão da pasta de referência e das
pastas reforçadas com polipropileno.

Primeira Fissura Pós- Fissuração


Pasta
Carga –CV fF,1aF - CV δF,1aF - CV Carga –CV fPF - CV δPF - CV
(kN - %) (MPa - %) (mm - %) (kN - %) (MPa - %) (mm - %)

PR 4,49 – 9,05 6,09 –9,05 0,077 – 9,06 – – –

PP
3,62 – 7,13 4,91 –7,13 0,069 – 13,87 2,25 – 2,99 3,05 –2,99 0,029 – 13,87
0,50%
PP
3,18 – 10,93 4,31 –10,93 0,054 – 13,32 2,78 – 10,16 3,77 –10,16 0,034 – 19,50
0.75%

Os resultados mostrados na Tabela 18 indicaram a redução da tensão de primeira


fissura de 19,4% para a pasta PP0,50% e uma redução de 29,2% para a pasta PP0,75%,
em relação à pasta de referência. Na tensão pós fissuração, a pasta PP0,50% atingiu um
valor de 62,1% em relação a sua primeira fissuração. Enquanto isso, a tensão pós
fissuração da pasta PP0,75% ficou em 87,4% em relação à sua tensão de primeira
fissura, tendo uma maior recuperação na resistência devido ao maior teor de fibras.

O deslocamento de primeira fissura teve uma tendência em diminuir a medida


que foi aumentado a concentração de fibras na pasta, chegando numa redução de 29,9%
para pasta PP0,75%, em relação a PR.

Os modos de ruptura dos corpos de prova das pastas reforçadas com fibras de
polipropileno, PP0,50% e PP0,75%, estão apresentados na Figura 43a e na Figura 43b,
respectivamente. Através das figuras é possível observar que todos os corpos
apresentaram uma única fissura que se propagou. A forma de ruptura foi do tipo dúctil e
não foi observado ruptura total em nenhum corpo de prova.

68
(a) (b)

Figura 43 – Modos de ruptura dos corpos de prova: (a) Pasta PP0,50%; (b) Pasta PP0,75%.

A Figura 44 apresenta as curvas típicas carva versus deslocamento da pasta de


referência e das pastas reforçadas com os teores de 0,50% e 0,75% de fibras de PVA.
Os valores médios e os coeficientes de variação de carga, deslocamento e módulo de
ruptura das pastas reforçadas com fibras de PVA, nos teores de 0,50% e 0,75% e os
valores de carga máxima pós-fissuração e seus valores correspondentes de
deslocamento e módulo de ruptura para a pasta PVA0,75 estão apresentados na Tabela
19.

69
Figura 44 – Curvas carga versus deslocamento das pastas reforçadas com fibra de PVA.

Tabela 19 - Valores médios das propriedades mecânicas na tração na flexão da pasta de referência e das
pastas reforçadas com PVA.

Primeira Fissura Pós- Fissuração


Pasta
Carga –CV fF,1aF - CV δF,1aF - CV Carga –CV fF,1aF - CV δPF - CV
(kN - %) (MPa - %) (mm - %) (kN - %) (MPa - %) (mm - %)

PR 4,49 – 9,05 6,09 –9,05 0,077 – 9,06 – – –

PVA
4,13 – 4,53 5,61 –4,53 0,064 – 8,14 – – –
0,50%
PVA
3,94 – 7,96 5,35 –7,96 0,062 – 13,07 3,61 – 8,99 4,90 – 8,99 0,139 – 6,04
0.75%

Os resultados apresentados na Tabela 19 indicaram que a tensão de primeira


fissura diminuiu com o uso de fibra de PVA em 8,1% para pasta PVA0,50% e 12,3%
para pasta PVA0,75%. O uso da fibra de PVA na concentração de 0,50% não foi
suficiente para gerar um pico de carga pós-fissuração enquanto a pasta PVA0,75%
apresentou uma tensão máxima pós fissuração de 91,5% da tensão de primeira fissura.

Em relação ao deslocamento de primeira fissura, foi observado uma tendência de


diminuição dessa propriedade para as pastas com adição de fibra. Pode-se considerar a

70
diferença entre o deslocamento das pastas PVA0,50% e PVA0,75% insignificante. Em
relação à pasta de referência, houve uma diminuição em 20% do deslocamento da pasta
PVA0,75%.

Os modos de ruptura dos corpos de prova das pastas reforçadas com fibras de
PVA, PVA0,50% e PVA0,75%, estão apresentados na Figura 45a e na Figura 45b,
respectivamente. As pastas reforçadas com fibras de PVA apresentaram modo de fratura
similar ao mostrado pelas pastas reforçadas pela fibra de polipropileno. Um detalhe é
que as fissuras estavam mais impercetíveis nessas pastas, havendo necessidade de abrir
um pouco após o ensaio para poder observar com mais clareza as fissuras como
mostrado na Figura 45b. Não foi observado ruptura total em nenhum corpo de prova.

(a) (b)

Figura 45 - Modos de ruptura dos corpos de prova: (a) Pasta PVA0,50%; (b) Pasta PVA0,75%.

A partir dos resultados obtidos, foi possível verificar uma melhora significativa no
comportamento pós fissuração para as pastas reforçadas com as fibras. As pastas
fibrosas foram capazes de manter uma resistência considerável, mesmo após a primeira
fissura. Em relação ao tipo de fibra utilizado, as pastas reforçadas com fibras de
polipropileno apresentaram uma descida mais suave no grafíco carga versus
deslocamento, permitindo maiores deformações. Enquanto as pastas utilizando fibras de

71
PVA tiveram uma melhor resistência, porém com uma descida mais rápida após a
fissuração, não permitindo tanta deformação na pasta.

5.2.3.1 Índice de Tenacidade

Os índices de tenacidade dos compósitos foram calculados de acordo com a


norma japonesa JCI-JSCESF-4 (1983). Considerando um corpo de prova com
L=180mm, e n=150, a tenacidade Tb foi calculada até a deflexão limite de 1,2mm.
Foram utilizados apenas os resultados de dois corpos de prova para o cálculo da
tenacidade para as pastas reforçadas com 0,50% de PVA. As curvas carga versus
deslocamento da pasta PVA0,50% sofrem uma queda muito rápida após a primeira
fissuração, a carga atinge limites próximos a zero antes do deslocamento de 1,2mm. Os
valores médios dos índices de tenacidade são apresentados na Tabela 20.

Tabela 20 – Valores médios dos índices de tenacidade de acordo com a norma japonesa.
Tenacidade – CV Tenacidade – CV
Pasta
(KN.mm - %) (MPa - %)

PP0,50% 2,054 – 3,12 2,32 – 3,12

PP0,75% 2,65 – 13,04 3,00 – 13,04

PVA0,50% 1,055* - 15,41 1,19 - 15,41

PVA0,75% 1,32 – 11,39 1,49 – 11,39


*O índice de tenacidade para a pasta PVA0,50% foi calculado pela média de apenas 2 corpos de prova.

A fim de analisar melhor a tenacidade das pastas cimentícias entre o momento


de primeiro e segundo pico de tensão, foram feitos os cálculos do índice de tenacidade
para um deslocamento limite de 0,5mm. Os valores médios dos índices de tenacidade
para deslocamento de 0,5mm são apresentados na Tabela 21.

72
Tabela 21 – Valores médios dos índices de tenacidade para um deslocamento limite de 0,5mm.
Tenacidade – CV Tenacidade – CV
Pasta
(KN.mm - %) (MPa - %)

PP0,50% 1,08 – 2,99 2,59 – 3,12

PP0,75% 1,24 – 7,6 3,37 – 7,6

PVA0,50% 0,84 – 8,13 2,29 – 8,13

PVA0,75% 0,98 – 9,29 2,66 – 9,29

Os resultados obtidos para os índices de tenacidade refletem o comportamento


das curvas carga versus deslocamento das pastas, mostrando que uma maior tenacidade
foi alcançada para as pastas reforçadas com um maior teor de fibras. Pode-se observar
também que mesmo com a carga de primeira fissura mais baixa, as pastas reforçadas
com polipropileno atingiram maiores valores no índice de tenacidade, mostrando que as
pastas reforçadas com polipropileno possuem mais ductilidade e maior capacidade de
absorver energia. Isso pode ser explicado pois as fibras de polipropileno possuem maior
flexibilidade, promovendo maior tenacidade à pasta e uma curva pós fissuração com
descida mais suave. Em contra partida as fibras de PVA são menos flexíveis e possuem
boa aderência às matrizes cimentícias (MAGALHÃES, 2008). Essa propriedade da fibra
de PVA resulta numa queda pós fissuração mais rápida porém com picos maiores,
necessitando maior esforço para o arrancamento das fibras da matriz.

73
CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES
______________________________________________________________________

Os objetivos deste trabalho foram o desenvolvimento e caracterização


experimental de pastas cimentícias dúcteis com uso de fibras de polipropileno e de
PVA nas concentrações de 0,50% e 0,75%. O maior desafio foi a dosagem da pasta de
referência para que esta pudesse ter propriedades adequadas para a aplicação em poços
de petróleo e, em seguida, fosse adicionado as fibras.

A pasta de referência com adição do VMA, denominada PR, foi avaliada no seu
estado fresco e no seu estado endurecido. O valor de massa específica aparente obtido
foi de 15,95lb/gal, sendo considerada uma pasta de densidade normal para o uso em
poços de petróleo. A exsudação de fluidos da pasta ficou dentro do limite estabelecido
no trabalho de 5,9%, porém não foi zero, ficando com uma média de 1,725%. Através
do ensaio de espalhamento a pasta PR foi análisada qualitativamente e apresentou uma
boa mobilidade e trabalhabilidade. No ensaio de estabilidade, a pasta mostrou-se
estável, porém ficou no limite na variação de massa específica e rebaixamento.

Nos ensaios de compressão uniaxial e tração na flexão, a pasta de referência


apresentou ruptura frágil e baixa capacidade de deformação. A resistência à compressão
foi de 28,62Mpa e a resistência à tração na flexão de 6,09Mpa.

Foi visto que a adição de fibras não alterou de forma significativa o valor de
massa específica da pasta, o que já era esperado pelo baixo teor de fibras utilizado. Com
o reforço fibroso houve a tendência na diminuição da exsudação de fluidos, as fibras
atuaram no confinamento da água junto à matriz cimentícia. Em relação ao ensaio de
estabilidade, as pastas fibrosas tiveram melhores resultados, com menor rebaixamento e
menores diferenças de massa específica entre o topo e o fundo das amostras. Como
observado no ensaio de espalhamento, a adição das fibras implicou em uma diminuição
do diâmetro caracterizando o aumento da viscosidade e uma menor trabalhabilidade da
pasta, o que demanda uma maior potência de bombeio, podendo causar o entupimento
dos equipamentos do poço. Essa diminuição da trabalhabilidade foi maior quanto maior
foi o volume de fibras utilizado, o uso das fibras de polipropileno causaram um maior
impacto nessa propriedade, com isso, a pasta PP0,75% foi a que apresentou menor
diâmetro no espalhamento.

74
A adição de fibras na pasta de cimento gerou compósitos mais dúcteis quando
submetidos a esforços de compressão e flexão. As pastas reforçadas com a fibra de
polipropileno tiveram uma maior tendência de redução na resistência mecânica. A
resistência à compressão não teve mudança significativa para pasta PP0,50% e diminuiu
em 14,1% na resistência à compressão para pasta PP0,75%. Porém o uso do
polipropileno permitiu um ganho maior de tenacidade, principalmente para a pasta
PP0,75%, que manteve uma resistência residual pós pico, evidenciando uma maior
capacidade de absorver energia. Através dos resultados observou-se que a inserção de
fibras de PVA, independente do teor, não provocou variação na resistência à
compressão do material. Na pasta PVA0,75% foi possível indentificar uma leve
melhora na reação pós-pico da pasta. Apresentando uma maior ductilidade e maior
capacidade de deformação em relação a pasta de referência.

Nos ensaios de tração na flexão o uso de fibras impediu a ruptura total das vigas,
mesmo após a fissuração da matriz. A adição de fibras de polipropileno causou uma
queda significativa na resistência à flexão, ocorreu redução da tensão de primeira fissura
de 19,4% para a pasta PP0,50% e uma redução de 29,2% para a pasta PP0,75%. Em
contra partida, houve um grande aumento na capacidade de deformação, a tensão pós
fissuração da pasta PP0,75% ficou em 87,4% em relação à tensão de primeira fissura,
tendo uma maior recuperação na resistência devido ao maior teor de fibras. O
comportamento de tração na flexão das pastas reforçadas com fibra de PVA foi um
pouco diferente, não ocorreu uma queda tão significativa na tensão de primeira fissura.
O uso da fibra de PVA na concentração de 0,50% não foi suficiente para gerar um pico
de carga pós-fissuração enquanto a pasta PVA0,75% tem uma tensão máxima após a
fissuração de até 91,5% da tensão da primeira fissura. Porém, o gráfico mostra uma
queda rápida na tensão pós fissuração, mostrando um menor ganho na capacidade de
deformação da pasta em relação às pastas com adição de fibra de polipropileno.

A partir dos resultados dos ensaios, conclui-se que os objetivos do trabalho


foram alcançados. Foi possível a dosagem de pastas cimentícias com propriedades
adequadas para aplicação em poços de petróleo. A adição de fibras permitiu que a pasta
cimentícia com modo de ruptura frágil tivesse um ganho expressivo na capacidade de
deformação e aumento da sua ductilidade.

75
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78
ANEXOS

79
A.1. – CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO REFERENTES AOS
ENSAIOS DE COMPRESSÃO UNIAXIAL

A.1.1. Curvas tensão-deformação da pasta de referência, PR

As curvas tensão versus deformação dos corpos de prova (CP01, CP02, CP03,
CP04, CP05, CP06 e CP07) da pasta de referência estão apresentados na Figura 46.

35 5075 35 5075
30 4350 30 4350
25 3625 25 3625
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)
Tensão (psi)

Tensão (psi)
20 2900 20 2900
15 2175 15 2175
10 1450 10 1450
5 CP1 725 5 CP2 725
0 0 0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000 0 4000 8000 12000 16000 20000
Deformação (µε ) Deformação (µε)

(a) (b)

35 5075 35 5075

30 4350 30 4350

25 3625 25 3625
Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

Tensão (psi)

Tensão (psi)
20 2900 20 2900
15 2175 15 2175

10 1450 10 1450
5 CP3 725 5 CP4 725

0 0 0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000 0 4000 8000 12000 16000 20000
Deformação (µε) Deformação ( µε )

(c) (d)

80
35 5075 35 5075
30 4350 30 4350
25 3625 25 3625
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)
Tensão (psi)

Tensão (psi)
20 2900 20 2900
15 2175 15 2175

10 1450 10 1450
CP5 5 CP6 725
5 725
0 0
0 0 0 4000 8000 12000 16000 20000
0 4000 8000 12000 16000 20000 Deformação (µε)
Deformação (µε)

(e) (f)

35 5075
30 4350
25 3625
Tensão (MPa)

Tensão (psi)
20 2900
15 2175
10 1450
5 CP7 725
0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000
Deformação (µε)

(g)

Figura 46 - Curvas tensão versus deformação da PR: (a) CP01; (b) CP02; (c) CP03; (d)
CP04; (e) CP05; (f) CP06; (g) CP07.

A.1.2. Curvas tensão-deformação das pastas reforçadas com fibras de


polipropileno

As curvas tensão versus deformação dos corpos de prova (CP01, CP02, CP03 e
CP04) da pasta PP0,50% estão apresentadas na Figura 47.

81
35 5075 35 5075
30 4350 30 4350
25 3625 25 3625
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)
Tensão (psi)

Tensão (psi)
20 2900 20 2900
15 2175 15 2175

10 1450 10 1450

5 CP1 725 5 CP2 725

0 0 0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000 0 4000 8000 12000 16000 20000
Deformação (µε) Deformação (µε)

(a) (b)

35 5075 35 5075
30 4350 30 4350
25 3625 25 3625

Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

Tensão (psi)
Tensão (psi)

20 2900 20 2900

15 2175 15 2175

10 1450 10 1450

5 CP3 725 5 CP4 725

0 0 0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000 0 4000 8000 12000 16000 20000
Deformação (µε) Deformação (µε)

(c) (d)

Figura 47 - Curvas tensão versus deformação da pasta PP0,50%: (a) CP01; (b) CP02; (c) CP03; (d) CP04.

As curvas tensão versus deformação dos corpos de prova (CP01, CP02, CP03,
CP04 e CP05) da pasta PP0,75% estão apresentadas na Figura 48.

35 5075 35 5075
30 CP1 4350 30 CP2 4350
25 3625 25 3625
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)
Tensão (psi)

Tensão (psi)

20 2900 20 2900
15 2175 15 2175

10 1450 10 1450

5 725 5 725

0 0 0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000 0 4000 8000 12000 16000 20000
Deformação (µε) Deformação (µε)

(a) (b)

82
35 5075 35 5075

30 CP3 4350 30 CP4 4350

25 3625 25 3625

Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

Tensão (psi)
Tensão (psi)
20 2900 20 2900

15 2175 15 2175
10 1450 10 1450
5 725 5 725
0 0 0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000 0 4000 800012000 16000 20000
Deformação (µε) Deformação (µε)

(c) (d)

35 5075
30 CP5 4350
25 3625
Tensão (MPa)

Tensão (psi)
20 2900
15 2175
10 1450
5 725
0 0
0 4000 800012000 16000 20000
Deformação (µε)

(e)

Figura 48 - Curvas tensão versus deformação da pasta PP0,75%: (a) CP01; (b) CP02; (c) CP03; (d) CP04;
(e) CP05.

A.1.3 Curvas tensão-deformação das pastas reforçadas com fibras de PVA

As curvas tensão versus deformação dos corpos de prova (CP01, CP02, CP03,
CP04, CP05, CP06, CP07 e CP08) da pasta PVA0,50% estão apresentadas na Figura
49.

35 5075 35 5075

30 CP1 4350 30 CP2 4350

25 3625 25 3625
Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

Tensão (psi)
Tensão (psi)

20 2900 20 2900

15 2175 15 2175

10 1450 10 1450

5 725 5 725

0 0 0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000 0 4000 800012000 16000 20000
Deformação (µε) Deformação (µε)

(a) (b)

83
35 5075 35 5075
30 CP3 4350 30 CP4 4350

25 3625 25 3625

Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

Tensão (psi)
Tensão (psi)
20 2900 20 2900

15 2175 15 2175

10 1450 10 1450

5 725 5 725

0 0 0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000 0 4000 8000 12000 16000 20000
Deformação (µε) Deformação (µε)

(c) (d)

35 5075 35 5075
30 CP5 4350 30 CP6 4350
25 3625 25 3625

Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

Tensão (psi)
Tensão (psi)

20 2900 20 2900

15 2175 15 2175

10 1450 10 1450

5 725 5 725

0 0 0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000 0 4000 8000 12000 16000 20000
Deformação (µε) Deformação (µε)

(e) (f)

35 5075 35 5075
30 CP7 4350 CP8
30 4350
25 3625 25 3625
Tensão (MPa)

Tensão (psi)

Tensão (MPa)

Tensão (psi)
20 2900 20 2900
15 2175 15 2175
10 1450 10 1450
5 725 5 725
0 0 0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000 0 4000 8000 12000 16000 20000
Deformação (µε) Deformação (µε)

(g) (h)

Figura 49 - Curvas tensão versus deformação da pasta PVA0,5%: (a) CP01; (b) CP02; (c) CP03; (d)
CP04; (e) CP05; (f) CP06, (g) CP07; (h) CP08.

As curvas tensão versus deformação dos corpos de prova (CP01, CP02, CP03, CP04e
CP05) da pasta PVA0,75% estão apresentadas na Figura 50.

84
35 5075
35 5075
CP1 30 CP2 4350
30 4350
25 3625 25 3625

Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

Tensão (psi)
Tensão (psi)
20 2900 20 2900
15 2175 15 2175
10 1450 10 1450
5 725 5 725
0 0 0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000 0 4000 800012000 16000 20000
Deformação (µε) Deformação (µε)

(a) (b)

35 5075 35 5075
CP3 CP4
30 4350 30 4350

25 3625 25 3625

Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

Tensão (psi)
Tensão (psi)

20 2900 20 2900
15 2175 15 2175
10 1450 10 1450
5 725 5 725
0 0 0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000 0 4000 800012000 16000 20000
Deformação (µε) Deformação (µε)

(c) (d)

35 5075
CP5
30 4350
25 3625
Tensão (MPa)

Tensão (psi)

20 2900
15 2175
10 1450
5 725
0 0
0 4000 8000 12000 16000 20000
Deformação (µε)

(e)

Figura 50 - Curvas tensão versus deformação da pasta PVA0,75%: (a) CP01; (b) CP02; (c) CP03; (d)
CP04; (e) CP05.

85
A.2. – CURVAS CARGA-DESLOCAMENTO REFERENTES AOS
ENSAIOS DE TRAÇÃO NA FLEXÃO

A.2.1. Curvas carga-deslocamento da pasta de referência, PR

As curvas carga versus deslocamento dos corpos de prova (CP01, CP02, CP03,
CP04,CP05 e CP06) da pasta de referência estão apresentadas na Figura 52.

5 5
CP1 CP2
4 4

3 3
Carga (kN)

Carga (kN)
2 2

1 1

0 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

(a) (b)

5 5
CP3 CP4
4 4

3 3
Carga (kN)
Carga (kN)

2 2

1 1

0 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

(c) (d)

86
5 5
CP5 CP6
4 4

3 3
Carga (kN)

Carga (kN)
2 2

1 1

0 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

(e) (f)

Figura 51 - Curvas carga versus deslocamento da pasta PR: (a) CP01; (b) CP02; (c) CP03; (d) CP04; (e)
CP05; (f) CP06.

A.2.2. Curvas carga-deslocamento das pastas reforçadas com fibras de


polipropileno

As curvas carga versus deslocamento dos corpos de prova (CP01, CP02 e CP03)
da pasta PP0,50% estão apresentadas na Figura 52

5 5

CP1 CP2
4 4

3 3
Carga (kN)
Carga (kN)

2 2

1 1

0 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

(a) (b)

87
5

CP3
4

Carga (kN)
2

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento (mm)

(c)

Figura 52 - Curvas carga versus deslocamento da pasta PP0,50%: (a) CP01; (b) CP02; (c) CP03.

As curvas carga versus deslocamento dos corpos de prova (CP01, CP02, CP03,
CP04, CP05 e CP06) da pasta PP0,75% estão apresentadas na Figura 53.

5 5

CP1 CP2
4 4

3 3
Carga (kN)
Carga (kN)

2 2

1 1

0 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

(a) (b)

5 5
CP3 CP4
4 4

3 3
Carga (kN)

Carga (kN)

2 2

1 1

0 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

(c) (d)

88
5 5
CP5 CP6
4 4

3 3
Carga (kN)

Carga (kN)
2 2

1 1

0 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

(e) (f)

Figura 53 - Curvas carga versus deslocamento da pasta PP0,75%: (a) CP01; (b) CP02; (c) CP03; (d)
CP04; (e) CP5; (f) CP6.

89
A.2.3 Curvas carga-deslocamento das pastas reforçadas com fibras de PVA

As curvas carga versus deslocamento dos corpos de prova (CP01, CP02, CP03,
CP04, CP05 e CP06) da pasta PVA0,75% estão apresentadas na Figura 54.

5 5

CP1 CP2
4 4

3 3

Carga (kN)
Carga (kN)

2 2

1 1

0 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

(a) (b)

5 5
CP3 CP4
4 4

3 3
Carga (kN)

Carga (kN)

2 2

1 1

0 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

(c) (d)

5 5
CP5 CP6
4 4

3 3
Carga (kN)

Carga (kN)

2 2

1 1

0 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

(e) (f)

Figura 54 - Curvas carga versus deslocamento da pasta PVA0,50%: (a) CP01; (b) CP02; (c) CP03; (d)
CP04; (e) CP5; (f) CP6.

90
As curvas carga versus deslocamento dos corpos de prova (CP01, CP02, CP03,
CP04, CP05 e CP06) da pasta PVA0,75% estão apresentadas na Figura 55.

5
5
CP1 CP2
4 4

3 3
Carga (kN)

Carga (kN)
2 2

1
1

0
0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 Deslocamento (mm)
Deslocamento (mm)

(a) (b)

5
CP3 5

4 CP4
4

3
3
Carga (kN)

Carga (kN)

2 2

1
1

0
0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Deslocamento (mm)
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento (mm)

(c) (d)

5 5

CP5 CP6
4 4

3 3
Carga (kN)
Carga (kN)

2 2

1 1

0 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

(e) (f)

Figura 55 - Curvas carga versus deslocamento da pasta PVA0,75%: (a) CP01; (b) CP02; (c) CP03; (d)
CP04; (e) CP5; (f) CP6.

91

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