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Aqui, H'c é a coercitividade aparente associada a essa representação linear. Como pode
ser visto na Fig. 1.19, em geral, a coercitividade aparente é um tanto maior (isto é, um valor
negativo mais elevado) do que a coercitividade Hc do material porque a curva característica
de magnetização CC tende a se dobrar para baixo nos valores baixos de densidade de fluxo.
1.7 RESUMO
Os dispositivos eletromecânicos que operam com campos magnéticos usam freqüentemente
materiais ferromagnéticos para guiar e concentrar esses campos. Como a permeabilidade
magnética dos materiais ferromagnéticos pode ser elevada (até dezenas de milhares de vezes
a do meio ambiente), a maior parte do fluxo magnético está confinada a caminhos muito bem
definidos e determinados pela geometria do material magnético. Além disso, freqüentemente
as freqüências de interesse são baixas o bastante para permitir que os campos magnéticos se-
jam considerados quase-estáticos, e assim possam ser determinados simplesmente a partir do
valor conhecido da FMM líquida que atua na estrutura magnética.
Nessas estruturas, como resultado, a solução dos campos magnéticos pode ser obtida de
forma imediata usando-se as técnicas de análise dos circuitos magnéticos. Essas técnicas po-
dem ser usadas para se reduzir a solução complexa de um campo magnético tridimensional ao
que é essencialmente um problema unidimensional. Como em todas as soluções de engenha-
ria, uma certa experiência e bom senso são necessários, mas a técnica fornece resultados úteis
em diversas situações de interesse prático da engenharia.
Os materiais ferromagnéticos podem ser encontrados com uma ampla variedade de ca-
racterísticas. Em geral, o seu comportamento é não-linear e suas curvas características B-H
são freqüentemente representadas por famílias de laços B-H de histerese. As perdas por histe-
rese e por correntes parasitas são funções do nível de fluxo, da freqüência de operação e tam-
bém da composição dos materiais e dos processos de fabricação usados. Um entendimento
básico da natureza desses fenômenos é extremamente útil na aplicação desses materiais em
dispositivos práticos. Tipicamente, as propriedades importantes estão disponíveis na forma de
curvas características fornecidas pelos fabricantes de materiais.
Certos materiais magnéticos, comumente conhecidos como duros ou permanentes, os imãs,
são caracterizados por valores elevados de coercitividade e de magnetização remanescente. Esses
materiais produzem um fluxo magnético significativo, mesmo em circuitos magnéticos com en-
treferros de ar. Por meio de um projeto adequado, podem ser feitos para operar de forma estável
em situações que os sujeitam a uma faixa ampla de forças desestabilizadoras e de valores de
FMM. Os imãs permanentes encontram aplicação em diversos dispositivos de pequeno porte co-
mo alto-falantes, motores CA e CC, microfones e instrumentos analógicos de medida.
1.8 PROBLEMAS
1.1 Um circuito magnético com um único entreferro está mostrado na Fig. 1.24. As dimen-
sões do núcleo são:
CAPÍTULO 1 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E MATERIAIS MAGNÉTICOS 57
a. Supondo que m , deduza uma expressão que forneça a densidade de fluxo mag-
nético Bg no entreferro, em função da corrente de enrolamento I e da posição variável
do êmbolo (0 ≤ x ≤ 0,8X0). Qual é a densidade de fluxo correspondente no núcleo?
b. Repita a parte (a) para uma permeabilidade finita m.
1.7 O circuito magnético da Fig. 1.25 e do Problema 1.6 tem as seguintes dimensões:
calcule:
a. o comprimento médio do núcleo lc e a área da seção reta Ac.
b. a relutância do núcleo c e a do entreferro g.
Para N = 65 espiras, calcule:
c. a indutância L.
d. a corrente i requerida para que se opere com uma densidade de fluxo no entreferro
de Bg = 1,35 T.
e. o fluxo concatenado correspondente λ da bobina.
1.10 Repita o Problema 1.9 para uma permeabilidade de núcleo de m = 750m0.
1.11 Usando o MATLAB, faça o gráfico da indutância do indutor do Problema 1.9 em fun-
ção da permeabilidade relativa do núcleo quando essa varia de mr = 100 até mr =
10.000. (Sugestão: Plote a indutância versus o logaritmo da permeabilidade relativa.)
Qual é a permeabilidade relativa mínima do núcleo para assegurar que a indutância es-
teja a menos de 5 por cento do valor calculado, supondo que a permeabilidade do nú-
cleo seja infinita?
1.12 O indutor da Fig. 1.27 tem um núcleo de seção reta circular uniforme de área Ac, com-
primento médio lc, permeabilidade relativa mr, e um enrolamento de N espiras. Escre-
va uma expressão para a indutância L.
1.13 O indutor da Fig. 1.27 tem as seguintes dimensões:
Ac = 1,0 cm2
lc = 15 cm
g = 0,8 mm
N = 480 espiras
Desprezando os campos de espraiamento e de dispersão e supondo mr = 1.000, calcu-
le a indutância.
1.14 O indutor do Problema 1.13 deve operar com uma fonte de tensão de 60 Hz.
(a) Supondo uma resistência de bobina desprezível, calcule a tensão eficaz no indu-
tor que corresponde a uma densidade de fluxo de pico no núcleo de 1,5 T. (b)
Sob essa condição de operação, calcule a corrente eficaz e a energia armazena-
da de pico.
1.15 Considere o circuito magnético da Fig. 1.28. Essa estrutura, conhecida como pot-core,
é constituída tipicamente de duas metades cilíndricas. A bobina de N espiras é enrola-
da em um carretel e, quando as duas metades são montadas, ela pode ser facilmente in-
serida na coluna disposta no eixo central do núcleo. Como o entreferro está no interior
do núcleo e se este não entrar em saturação excessiva, um fluxo magnético relativa-
mente baixo se “dispersará” do núcleo. Isso faz com que essa estrutura tenha uma con-
figuração particularmente atraente para uma ampla variedade de aplicações em indu-
tores, como o da Fig. 1.27, e também em transformadores.
Suponha que a permeabilidade do núcleo seja m = 2500m0 e que N = 200 espiras. As
seguintes dimensões são especificadas:
c. O núcleo deve operar com uma densidade de fluxo de pico de 0,8 T, em uma fre-
qüência de 60 Hz. Encontre (i) o valor eficaz da tensão induzida no enrolamento,
(ii) a corrente eficaz na bobina, e (iii) a energia armazenada de pico.
d. Repita a parte (c) para uma freqüência de 50 Hz.
1.16 Uma forma de onda quadrada de tensão, com freqüência fundamental de 60 Hz e se-
miciclos positivos e negativos iguais de amplitude E, é aplicada a um enrolamento de
1000 espiras em um núcleo fechado de ferro de seção reta igual a 1,25 × 10–3 m2. Des-
preze a resistência do enrolamento e todos os efeitos de fluxo disperso.
a. Faça um esboço da tensão, do fluxo concatenado no enrolamento e do fluxo no nú-
cleo, em função do tempo.
b. Encontre o valor máximo admissível para E se a densidade máxima de fluxo não
puder ser superior a 1,15 T.
1.17 Um indutor deve ser projetado usando um núcleo magnético com a forma dada na
Fig. 1.29. O núcleo tem seção reta uniforme de área Ac = 5,0 cm2 e comprimento mé-
dio lc = 25 cm.
a. Calcule o comprimento do entreferro g e o número de espiras N tais que a indutância
seja 1,4 mH e de modo que o indutor possa operar com correntes de pico de 6 A sem sa-
turação. Suponha que a saturação ocorra quando a densidade de fluxo de pico do núcleo
exceda a 1,7 T e que, abaixo da saturação, o núcleo tenha permeabilidade m = 3200m0.
b. Para uma corrente de indutor de 6 A, use a Equação 3.21 para calcular (i) a energia
magnética armazenada no entreferro e (ii) a energia magnética armazenada no nú-
cleo. Mostre que a energia magnética armazenada total é dada pela Equação 1.47.
1.18 Considere o indutor do Problema 1.17. Escreva um programa simples para projeto por
computador, na forma de um script de MATLAB, que calcule o número de espiras e o
comprimento do entreferro em função da indutância desejada. O script deve ser escri-
to de modo que um valor de indutância (em mH) seja solicitado do usuário e que a saí-
da seja o comprimento do entreferro (em milímetros) e o número de espiras.
O indutor deve operar com uma corrente senoidal de 60 Hz e deve ser projetado de
modo que a densidade do fluxo de pico do núcleo seja 1,7 T, quando a corrente eficaz
do indutor for igual a 4,5 A. Escreva o seu script de modo que rejeite os projetos nos
quais o comprimento do entreferro esteja fora do intervalo de 0,05 mm a 5,0 mm, ou
para os quais o número de espiras seja menor do que 5.
Usando o seu programa, obtenha as indutâncias (a) mínima e (b) máxima (com o
valor mais próximo em mH) que satisfaça às especificações dadas. Para cada um des-
ses valores, determine o comprimento de entreferro necessário, o número de espiras e
a tensão eficaz correspondente ao fluxo de pico do núcleo.
1.19 Um mecanismo proposto para armazenar energia consiste em uma bobina de N espiras,
enrolada em torno de um grande núcleo toroidal de material não magnético (m = m0), co-
mo mostrado na Fig. 1.30. Como se pode ver na figura, o núcleo tem uma seção reta cir-
cular de raio a e um raio toroidal r, medido até o centro da seção reta. A geometria desse
dispositivo é tal que o campo magnético pode ser considerado nulo em qualquer ponto fo-
ra do toro. Supondo que a ≪ r, então pode-se considerar que o campo H no interior do to-
ro esteja orientado acompanhando o toro e que tenha magnitude uniforme dada por
onde AWG é o diâmetro do fio, expresso em termos da norma American Wire Gauge,
e Afio é a área da seção reta do condutor em m2.)
1.22 O circuito magnético da Fig. 1.32 tem dois enrolamentos e dois entreferros. Pode-se su-
por que o núcleo tenha permeabilidade infinita. As dimensões do núcleo são indicadas
na figura.
a. Supondo que a bobina 1 esteja conduzindo uma corrente I1 e a corrente na bobina 2
seja zero, calcule (i) a densidade de fluxo magnético em cada um dos entreferros, (ii)
o fluxo concatenado do enrolamento 1 e (iii) o fluxo concatenado do enrolamento 2.
b. Repita a parte (a), supondo uma corrente zero no enrolamento 1 e uma corrente I2
no enrolamento 2.
c. Repita a parte (a), supondo que a corrente do enrolamento 1 seja I1 e a corrente do
enrolamento 2 seja I2.
d. Encontre as indutâncias próprias dos enrolamentos 1 e 2, e a indutância mútua en-
tre os enrolamentos.
1.23 O circuito magnético simétrico da Fig. 1.33 tem três enrolamentos. Os enrolamentos
A e B têm N espiras cada um e são enrolados nas duas pernas inferiores do núcleo.
As dimensões do núcleo estão indicadas na figura.
a. Encontre a indutância própria de cada um dos enrolamentos.
b. Encontre as indutâncias mútuas entre os três pares de enrolamentos.
c. Encontre a tensão induzida no enrolamento 1 quando as correntes iA(t) e iB(t) dos
enrolamentos A e B estão variando no tempo. Mostre que essa tensão pode ser usa-
da para medir o desequilíbrio (diferença) entre duas correntes senoidais de mesma
freqüência.
1.24 O gerador alternador da Fig. 1.34 tem um êmbolo móvel (de posição x) montado de tal
modo que desliza para dentro e para fora de uma estrutura magnética, conhecida como
yoke∗, mantendo o espaçamento g constante nos dois lados entre o êmbolo e o yoke.
Esses dois podem ser considerados como tendo permeabilidade infinita. O movimen-
to do êmbolo está restringido de tal modo que sua posição limita-se a 0 ≤ x ≤ w.
Há dois enrolamentos nesse circuito magnético. O primeiro enrolamento tem N1 es-
piras e conduz uma corrente CC constante I0. O segundo de N2 espiras está em circui-
to aberto e pode ser conectado a uma carga.
a. Desprezando os efeitos de espraiamento, encontre a indutância mútua entre os en-
rolamentos 1 e 2 em função da posição x do êmbolo.
b. O êmbolo é acionado por uma fonte externa de tal modo que o seu movimento é
descrito por
onde ≤ 1. Encontre uma expressão para a tensão senoidal gerada como resultado
desse movimento.
1.25 A Fig. 1.35 mostra uma configuração que pode ser usada para medir as características
magnéticas do aço elétrico. O material a ser testado é cortado ou perfurado, produzin-
do chapas em formato de anéis circulares que então são empilhadas (intercalando ca-
madas isolantes para evitar a formação de correntes parasitas). Dois enrolamentos en-
volvem essa pilha de chapas: o primeiro, com N1 espiras, é usado para produzir um
campo magnético na pilha de chapas; o segundo, com N2 espiras, é usado para captar
o fluxo magnético resultante.
A exatidão dos resultados requer que a densidade de fluxo magnético seja uniforme
dentro das chapas. Isso é conseguido se a largura dos anéis t = Re – Ri for muito menor
que o raio das chapas e se o enrolamento de excitação envolver uniformemente a pilha
de chapas. Para os propósitos desta análise, suponha que haja n chapas, cada uma de
espessura ∆. Suponha também que o enrolamento 1 seja excitado com uma corrente i1
= I0 sen vt.
Usando o MATLAB, (a) plote esses dados, (b) calcule a área do laço de histerese em
joules e (c) calcule as perdas no núcleo a 60 Hz em watts/kg. A densidade do aço M-5
é 7,65 g/cm3.
1.30 Suponha que o circuito magnético do Problema 1.1 e da Fig. 1.24 seja construído de
aço elétrico M-5 com as propriedades descritas nas Figs. 1.10, 1.12 e 1.14. Suponha
que o núcleo esteja operando com uma densidade de fluxo senoidal de 60 Hz e valor
eficaz de 1,1 T. Desconsidere a resistência do enrolamento e a indutância de dispersão.
Obtenha a tensão do enrolamento, a sua corrente eficaz e as perdas no núcleo, nessas
condições de operação. A densidade do aço M-5 é 7,65 g/cm3.
1.31 Repita o Exemplo 1.8 supondo que todas as dimensões do núcleo sejam duplicadas.
1.32 Usando as curvas de magnetização do samário-cobalto dadas na Fig. 1.19, encontre
o ponto de produto energético máximo e os valores correspondentes de densidade
de fluxo e intensidade de campo magnético. Usando esses valores, repita o Exem-
plo 1.10 substituindo o imã de Alnico 5 por um de samário-cobalto. De quanto isso
reduz o volume de imã necessário para se obter a densidade de fluxo desejada no
entreferro?
1.33 Usando as características de magnetização do neodímio-ferro-boro dadas na Fig. 1.19,
encontre o ponto de produto energético máximo e os valores correspondentes de den-
sidade de fluxo e intensidade de campo magnético. Usando esses valores, repita o
FIGURA 1.37
yy
yy
Circuito magnético do alto-falante do Problema 1.34 (bobina móvel não
mostrada).
68 MÁQUINAS ELÉTRICAS
onde B1 = 0,5 T e B1 = 0,25 T. O campo CC B0 deve ser criado por um imã de neodí-
mio-ferro-boro, ao passo que o campo variável no tempo deve ser criado por um cor-
rente variável no tempo.
Para Ag = 6 cm2, g = 0,4 cm e N = 200 espiras, encontre:
a. O comprimento de imã d e a área Am que permitirão obter a densidade de fluxo de-
sejada no entreferro e minimizar o volume de imã.
b. Os valores mínimo e máximo da corrente variável necessários para se obter a den-
y
sidade de fluxo variável no entreferro. Essa corrente irá variar de forma senoidal no
tempo?