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56 MÁQUINAS ELÉTRICAS

Freqüentemente, é conveniente supor que a curva de magnetização CC desses materiais


é linear, dentro do seu intervalo útil de operação, com uma inclinação igual à permeabilidade
de recuo mR. Dada essa suposição, a curva de magnetização CC desses materiais pode ser es-
crita na forma
(1.61)

Aqui, H'c é a coercitividade aparente associada a essa representação linear. Como pode
ser visto na Fig. 1.19, em geral, a coercitividade aparente é um tanto maior (isto é, um valor
negativo mais elevado) do que a coercitividade Hc do material porque a curva característica
de magnetização CC tende a se dobrar para baixo nos valores baixos de densidade de fluxo.

1.7 RESUMO
Os dispositivos eletromecânicos que operam com campos magnéticos usam freqüentemente
materiais ferromagnéticos para guiar e concentrar esses campos. Como a permeabilidade
magnética dos materiais ferromagnéticos pode ser elevada (até dezenas de milhares de vezes
a do meio ambiente), a maior parte do fluxo magnético está confinada a caminhos muito bem
definidos e determinados pela geometria do material magnético. Além disso, freqüentemente
as freqüências de interesse são baixas o bastante para permitir que os campos magnéticos se-
jam considerados quase-estáticos, e assim possam ser determinados simplesmente a partir do
valor conhecido da FMM líquida que atua na estrutura magnética.
Nessas estruturas, como resultado, a solução dos campos magnéticos pode ser obtida de
forma imediata usando-se as técnicas de análise dos circuitos magnéticos. Essas técnicas po-
dem ser usadas para se reduzir a solução complexa de um campo magnético tridimensional ao
que é essencialmente um problema unidimensional. Como em todas as soluções de engenha-
ria, uma certa experiência e bom senso são necessários, mas a técnica fornece resultados úteis
em diversas situações de interesse prático da engenharia.
Os materiais ferromagnéticos podem ser encontrados com uma ampla variedade de ca-
racterísticas. Em geral, o seu comportamento é não-linear e suas curvas características B-H
são freqüentemente representadas por famílias de laços B-H de histerese. As perdas por histe-
rese e por correntes parasitas são funções do nível de fluxo, da freqüência de operação e tam-
bém da composição dos materiais e dos processos de fabricação usados. Um entendimento
básico da natureza desses fenômenos é extremamente útil na aplicação desses materiais em
dispositivos práticos. Tipicamente, as propriedades importantes estão disponíveis na forma de
curvas características fornecidas pelos fabricantes de materiais.
Certos materiais magnéticos, comumente conhecidos como duros ou permanentes, os imãs,
são caracterizados por valores elevados de coercitividade e de magnetização remanescente. Esses
materiais produzem um fluxo magnético significativo, mesmo em circuitos magnéticos com en-
treferros de ar. Por meio de um projeto adequado, podem ser feitos para operar de forma estável
em situações que os sujeitam a uma faixa ampla de forças desestabilizadoras e de valores de
FMM. Os imãs permanentes encontram aplicação em diversos dispositivos de pequeno porte co-
mo alto-falantes, motores CA e CC, microfones e instrumentos analógicos de medida.

1.8 PROBLEMAS
1.1 Um circuito magnético com um único entreferro está mostrado na Fig. 1.24. As dimen-
sões do núcleo são:
CAPÍTULO 1 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E MATERIAIS MAGNÉTICOS 57

FIGURA 1.24 Circuito magnético do Problema 1.1.

Área da seção reta Ac = 1,8 × 10–3 m2


Comprimento médio do núcleo lc = 0,6 m
Comprimento do entreferro g = 2,3 × 10–3 m
N = 83 espiras
Suponha que o núcleo tenha permeabilidade infinita (m ) e despreze os efeitos
dos campos de fluxo disperso e os de espraiamento no entreferro. (a) Calcule a relu-
tância do núcleo c e a do entreferro g. Para uma corrente de i = 1,5 A, calcule (b) o
fluxo total φ, (c) o fluxo concatenado da bobina e (d) a indutância L da bobina.
1.2 Repita o Problema 1.1 para uma permeabilidade finita no núcleo de m = 2500m0.
1.3 Considere o circuito magnético da Fig. 1.24 com as mesmas dimensões do Problema
1.1. Supondo uma permeabilidade de núcleo infinita, calcule (a) o número necessário
de espiras para obter uma indutância de 12 mH e (b) a corrente no indutor que resulta-
rá em uma densidade de fluxo de 1,0 T.
1.4 Repita o Problema 1.3 para uma permeabilidade de núcleo de m = 1300m0.
1.5 O circuito magnético do Problema 1.1 tem um núcleo constituído de material não-li-
near cuja permeabilidade, em função de Bm, é dada por

onde Bm é a densidade de fluxo do material.


a. Usando o MATLAB, faça o gráfico de uma curva de magnetização CC para esse
material (Bm versus Hm), no intervalo 0 ≤ Bm ≤ 2,2 T.
b. Encontre a corrente necessária para se obter uma densidade de fluxo de 2,2 T no
núcleo.
c. Novamente, usando o MATLAB, faça o gráfico do fluxo concatenado da bobina em
função da corrente de bobina, quando essa é variada de 0 até o valor encontrado na
parte (b).
1.6 O circuito magnético da Fig. 1.25 consiste em um núcleo e um êmbolo móvel de lar-
gura le, ambos de permeabilidade m. O núcleo tem uma área de seção reta Ac e um
comprimento médio lc. A área da sobreposição entre os dois entreferros é uma função
da posição x do êmbolo, e pode-se assumir que varie de acordo com

Você pode desconsiderar os campos de espraiamento no entreferro e usar aproxima-


ções consistentes com a análise de circuitos magnéticos.
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FIGURA 1.25 Circuito magnético do Problema 1.6.

a. Supondo que m , deduza uma expressão que forneça a densidade de fluxo mag-
nético Bg no entreferro, em função da corrente de enrolamento I e da posição variável
do êmbolo (0 ≤ x ≤ 0,8X0). Qual é a densidade de fluxo correspondente no núcleo?
b. Repita a parte (a) para uma permeabilidade finita m.
1.7 O circuito magnético da Fig. 1.25 e do Problema 1.6 tem as seguintes dimensões:

a. Supondo uma permeabilidade constante de m = 2800m0, calcule a corrente requeri-


da para se obter uma densidade de fluxo de 1,3 T no entreferro quando o êmbolo es-
tá completamente retraído (x = 0).
b. Repita os cálculos da parte (a) para o caso em que o núcleo e o êmbolo são consti-
tuídos de um material não-linear cuja permeabilidade é dada por

onde Bm é a densidade de fluxo do material.


c. Para o material não-linear da parte (b), use o MATLAB para plotar a densidade de
fluxo do entreferro em função da corrente de enrolamento para x = 0 e 0,5X0.
1.8 Um indutor com a forma da Fig. 1.24 tem as dimensões:
Área da seção reta Ac = 3,6 cm2
Comprimento médio do núcleo lc = 15 cm
N = 75 espiras
Supondo uma permeabilidade de núcleo de m = 2100m0 e desprezando os efeitos do
fluxo disperso e dos campos de espraiamento, calcule o comprimento de entreferro ne-
cessário para se obter uma indutância de 6,0 mH.
1.9 O circuito magnético da Fig. 1.26 consiste em anéis de material magnético dispostos
em uma pilha de altura h. Os anéis têm raios interno Ri e externo Re. Suponha que o
ferro tenha permeabilidade infinita (m ), e despreze os efeitos de dispersão e de
espraiamento magnéticos. Para:
Ri = 3,4 cm
Re = 4,0 cm
h = 2 cm
g = 0,2 cm
CAPÍTULO 1 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E MATERIAIS MAGNÉTICOS 59

calcule:
a. o comprimento médio do núcleo lc e a área da seção reta Ac.
b. a relutância do núcleo c e a do entreferro g.
Para N = 65 espiras, calcule:
c. a indutância L.
d. a corrente i requerida para que se opere com uma densidade de fluxo no entreferro
de Bg = 1,35 T.
e. o fluxo concatenado correspondente λ da bobina.
1.10 Repita o Problema 1.9 para uma permeabilidade de núcleo de m = 750m0.
1.11 Usando o MATLAB, faça o gráfico da indutância do indutor do Problema 1.9 em fun-
ção da permeabilidade relativa do núcleo quando essa varia de mr = 100 até mr =
10.000. (Sugestão: Plote a indutância versus o logaritmo da permeabilidade relativa.)
Qual é a permeabilidade relativa mínima do núcleo para assegurar que a indutância es-
teja a menos de 5 por cento do valor calculado, supondo que a permeabilidade do nú-
cleo seja infinita?
1.12 O indutor da Fig. 1.27 tem um núcleo de seção reta circular uniforme de área Ac, com-
primento médio lc, permeabilidade relativa mr, e um enrolamento de N espiras. Escre-
va uma expressão para a indutância L.
1.13 O indutor da Fig. 1.27 tem as seguintes dimensões:
Ac = 1,0 cm2
lc = 15 cm
g = 0,8 mm
N = 480 espiras
Desprezando os campos de espraiamento e de dispersão e supondo mr = 1.000, calcu-
le a indutância.
1.14 O indutor do Problema 1.13 deve operar com uma fonte de tensão de 60 Hz.
(a) Supondo uma resistência de bobina desprezível, calcule a tensão eficaz no indu-
tor que corresponde a uma densidade de fluxo de pico no núcleo de 1,5 T. (b)
Sob essa condição de operação, calcule a corrente eficaz e a energia armazena-
da de pico.

FIGURA 1.26 Circuito magnético do Problema 1.9.


60 MÁQUINAS ELÉTRICAS

FIGURA 1.27 Indutor do Problema 1.12.

1.15 Considere o circuito magnético da Fig. 1.28. Essa estrutura, conhecida como pot-core,
é constituída tipicamente de duas metades cilíndricas. A bobina de N espiras é enrola-
da em um carretel e, quando as duas metades são montadas, ela pode ser facilmente in-
serida na coluna disposta no eixo central do núcleo. Como o entreferro está no interior
do núcleo e se este não entrar em saturação excessiva, um fluxo magnético relativa-
mente baixo se “dispersará” do núcleo. Isso faz com que essa estrutura tenha uma con-
figuração particularmente atraente para uma ampla variedade de aplicações em indu-
tores, como o da Fig. 1.27, e também em transformadores.
Suponha que a permeabilidade do núcleo seja m = 2500m0 e que N = 200 espiras. As
seguintes dimensões são especificadas:

a. Encontre o valor de R3 para o qual a densidade de fluxo na parede externa do núcleo


é igual àquela no interior do cilindro central.
b. Na realidade, a densidade de fluxo diminui com o raio nas seções radiais do núcleo
(as seções de espessura h). Mesmo assim, suponha que essa densidade de fluxo per-
maneça constante. (i) Escreva uma expressão para a indutância da bobina e (ii) cal-
cule-a para as dimensões dadas.

FIGURA 1.28 Indutor pot-core do Problema 1.15.


CAPÍTULO 1 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E MATERIAIS MAGNÉTICOS 61

c. O núcleo deve operar com uma densidade de fluxo de pico de 0,8 T, em uma fre-
qüência de 60 Hz. Encontre (i) o valor eficaz da tensão induzida no enrolamento,
(ii) a corrente eficaz na bobina, e (iii) a energia armazenada de pico.
d. Repita a parte (c) para uma freqüência de 50 Hz.
1.16 Uma forma de onda quadrada de tensão, com freqüência fundamental de 60 Hz e se-
miciclos positivos e negativos iguais de amplitude E, é aplicada a um enrolamento de
1000 espiras em um núcleo fechado de ferro de seção reta igual a 1,25 × 10–3 m2. Des-
preze a resistência do enrolamento e todos os efeitos de fluxo disperso.
a. Faça um esboço da tensão, do fluxo concatenado no enrolamento e do fluxo no nú-
cleo, em função do tempo.
b. Encontre o valor máximo admissível para E se a densidade máxima de fluxo não
puder ser superior a 1,15 T.
1.17 Um indutor deve ser projetado usando um núcleo magnético com a forma dada na
Fig. 1.29. O núcleo tem seção reta uniforme de área Ac = 5,0 cm2 e comprimento mé-
dio lc = 25 cm.
a. Calcule o comprimento do entreferro g e o número de espiras N tais que a indutância
seja 1,4 mH e de modo que o indutor possa operar com correntes de pico de 6 A sem sa-
turação. Suponha que a saturação ocorra quando a densidade de fluxo de pico do núcleo
exceda a 1,7 T e que, abaixo da saturação, o núcleo tenha permeabilidade m = 3200m0.
b. Para uma corrente de indutor de 6 A, use a Equação 3.21 para calcular (i) a energia
magnética armazenada no entreferro e (ii) a energia magnética armazenada no nú-
cleo. Mostre que a energia magnética armazenada total é dada pela Equação 1.47.
1.18 Considere o indutor do Problema 1.17. Escreva um programa simples para projeto por
computador, na forma de um script de MATLAB, que calcule o número de espiras e o
comprimento do entreferro em função da indutância desejada. O script deve ser escri-
to de modo que um valor de indutância (em mH) seja solicitado do usuário e que a saí-
da seja o comprimento do entreferro (em milímetros) e o número de espiras.
O indutor deve operar com uma corrente senoidal de 60 Hz e deve ser projetado de
modo que a densidade do fluxo de pico do núcleo seja 1,7 T, quando a corrente eficaz
do indutor for igual a 4,5 A. Escreva o seu script de modo que rejeite os projetos nos
quais o comprimento do entreferro esteja fora do intervalo de 0,05 mm a 5,0 mm, ou
para os quais o número de espiras seja menor do que 5.

FIGURA 1.29 Indutor do Problema 1.17.


62 MÁQUINAS ELÉTRICAS

FIGURA 1.30 Enrolamento toroidal do Problema 1.19.

Usando o seu programa, obtenha as indutâncias (a) mínima e (b) máxima (com o
valor mais próximo em mH) que satisfaça às especificações dadas. Para cada um des-
ses valores, determine o comprimento de entreferro necessário, o número de espiras e
a tensão eficaz correspondente ao fluxo de pico do núcleo.
1.19 Um mecanismo proposto para armazenar energia consiste em uma bobina de N espiras,
enrolada em torno de um grande núcleo toroidal de material não magnético (m = m0), co-
mo mostrado na Fig. 1.30. Como se pode ver na figura, o núcleo tem uma seção reta cir-
cular de raio a e um raio toroidal r, medido até o centro da seção reta. A geometria desse
dispositivo é tal que o campo magnético pode ser considerado nulo em qualquer ponto fo-
ra do toro. Supondo que a ≪ r, então pode-se considerar que o campo H no interior do to-
ro esteja orientado acompanhando o toro e que tenha magnitude uniforme dada por

Para um bobina com N = 1000 espiras, r = 10 m, e a = 0,45 m:


a. Calcule a indutância L da bobina.
b. A bobina deve ser carregada com uma densidade de fluxo magnético de 1,75 T. Pa-
ra essa densidade de fluxo, calcule a energia magnética total armazenada no toro.
c. Se a bobina tiver de ser carregada a uma taxa constante (isto é, di/dt = constante),
calcule a tensão necessária nos terminais para que a densidade de fluxo requerida
seja atingida em 30 s. Suponha que a resistência da bobina seja desprezível.
1.20 A Fig. 1.31 mostra um indutor enrolado em um núcleo de seção reta retangular feito de
chapas de ferro. Suponha que a permeabilidade do ferro seja infinita. Despreze o es-
praiamento e a dispersão magnética dos dois entreferros (comprimento total de entre-
ferro = g). O enrolamento de N espiras é de fio de cobre isolado cuja resistividade é r
Ω·m. Suponha que uma fração fenr do espaço de enrolamento esteja disponível para o
cobre e que o restante do espaço seja usado na isolação.

FIGURA 1.31 Indutor com núcleo de ferro do Problema 1.20.


CAPÍTULO 1 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E MATERIAIS MAGNÉTICOS 63

a. Calcule a área da seção reta e o volume do cobre no espaço de enrolamento.


b. Escreva uma expressão para a densidade de fluxo B no indutor, em termos da den-
sidade de corrente Jcobre no enrolamento de cobre.
c. Escreva uma expressão para a densidade de corrente Jcobre no cobre, em termos da
corrente I do enrolamento, do número de espiras N e da geometria da bobina.
d. Deduza uma expressão para a potência elétrica da dissipação na bobina, em termos
da densidade de corrente Jcobre.
e. Deduza uma expressão para a energia magnética armazenada no indutor, em termos
da densidade de corrente aplicada Jcobre.
f. A partir das partes (d) e (e), deduza uma expressão para a constante de tempo L / R
do indutor. Observe que essa expressão é independente do número de espiras da bo-
bina e não se altera quando a indutância e a resistência da bobina são alteradas ao
se variar o número de espiras.
1.21 O indutor da Fig. 1.31 tem as seguintes dimensões:

O fator de enrolamento (isto é, a fração do espaço de enrolamento ocupado pelo


condutor) é fenr = 0,55. A resistividade do cobre é 1,73 × 10–8 Ω·m. Quando a bobina
opera com uma tensão aplicada CC constante de 35 V, a densidade de fluxo no entre-
ferro é medida como sendo 1,4 T. Encontre a potência dissipada na bobina, a corrente
da bobina, o número de espiras, a resistência da bobina, a indutância, a constante de
tempo e o diâmetro do fio, expresso pela bitola de fio mais próxima. (Sugestão: A bi-
tola do fio pode ser obtida com a expressão

onde AWG é o diâmetro do fio, expresso em termos da norma American Wire Gauge,
e Afio é a área da seção reta do condutor em m2.)
1.22 O circuito magnético da Fig. 1.32 tem dois enrolamentos e dois entreferros. Pode-se su-
por que o núcleo tenha permeabilidade infinita. As dimensões do núcleo são indicadas
na figura.
a. Supondo que a bobina 1 esteja conduzindo uma corrente I1 e a corrente na bobina 2
seja zero, calcule (i) a densidade de fluxo magnético em cada um dos entreferros, (ii)
o fluxo concatenado do enrolamento 1 e (iii) o fluxo concatenado do enrolamento 2.

FIGURA 1.32 Circuito magnético do Problema 1.22.


64 MÁQUINAS ELÉTRICAS

FIGURA 1.33 Circuito magnético simétrico do Problema 1.23.

b. Repita a parte (a), supondo uma corrente zero no enrolamento 1 e uma corrente I2
no enrolamento 2.
c. Repita a parte (a), supondo que a corrente do enrolamento 1 seja I1 e a corrente do
enrolamento 2 seja I2.
d. Encontre as indutâncias próprias dos enrolamentos 1 e 2, e a indutância mútua en-
tre os enrolamentos.
1.23 O circuito magnético simétrico da Fig. 1.33 tem três enrolamentos. Os enrolamentos
A e B têm N espiras cada um e são enrolados nas duas pernas inferiores do núcleo.
As dimensões do núcleo estão indicadas na figura.
a. Encontre a indutância própria de cada um dos enrolamentos.
b. Encontre as indutâncias mútuas entre os três pares de enrolamentos.
c. Encontre a tensão induzida no enrolamento 1 quando as correntes iA(t) e iB(t) dos
enrolamentos A e B estão variando no tempo. Mostre que essa tensão pode ser usa-
da para medir o desequilíbrio (diferença) entre duas correntes senoidais de mesma
freqüência.
1.24 O gerador alternador da Fig. 1.34 tem um êmbolo móvel (de posição x) montado de tal
modo que desliza para dentro e para fora de uma estrutura magnética, conhecida como

FIGURA 1.34 Gerador alternador do Problema 1.24.


CAPÍTULO 1 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E MATERIAIS MAGNÉTICOS 65

yoke∗, mantendo o espaçamento g constante nos dois lados entre o êmbolo e o yoke.
Esses dois podem ser considerados como tendo permeabilidade infinita. O movimen-
to do êmbolo está restringido de tal modo que sua posição limita-se a 0 ≤ x ≤ w.
Há dois enrolamentos nesse circuito magnético. O primeiro enrolamento tem N1 es-
piras e conduz uma corrente CC constante I0. O segundo de N2 espiras está em circui-
to aberto e pode ser conectado a uma carga.
a. Desprezando os efeitos de espraiamento, encontre a indutância mútua entre os en-
rolamentos 1 e 2 em função da posição x do êmbolo.
b. O êmbolo é acionado por uma fonte externa de tal modo que o seu movimento é
descrito por

onde ≤ 1. Encontre uma expressão para a tensão senoidal gerada como resultado
desse movimento.
1.25 A Fig. 1.35 mostra uma configuração que pode ser usada para medir as características
magnéticas do aço elétrico. O material a ser testado é cortado ou perfurado, produzin-
do chapas em formato de anéis circulares que então são empilhadas (intercalando ca-
madas isolantes para evitar a formação de correntes parasitas). Dois enrolamentos en-
volvem essa pilha de chapas: o primeiro, com N1 espiras, é usado para produzir um
campo magnético na pilha de chapas; o segundo, com N2 espiras, é usado para captar
o fluxo magnético resultante.
A exatidão dos resultados requer que a densidade de fluxo magnético seja uniforme
dentro das chapas. Isso é conseguido se a largura dos anéis t = Re – Ri for muito menor
que o raio das chapas e se o enrolamento de excitação envolver uniformemente a pilha
de chapas. Para os propósitos desta análise, suponha que haja n chapas, cada uma de
espessura ∆. Suponha também que o enrolamento 1 seja excitado com uma corrente i1
= I0 sen vt.

FIGURA 1.35 Configuração para medição das propriedades do aço elétrico.

∗ N. de T.: Alusão a canga, ou jugo, devido à sua forma.


66 MÁQUINAS ELÉTRICAS

a. Encontre a relação entre a intensidade de campo magnético H nas chapas e a cor-


rente i1 no enrolamento 1.
b. Encontre a relação entre a tensão v2 e a razão, no tempo, da variação de fluxo mag-
nético B nas chapas.
c. Encontre a relação entre a tensão v0 = G ∫ v2 dt e a densidade de fluxo.
Nesse problema, mostramos que a intensidade do campo magnético H e a densida-
de do fluxo magnético B nas chapas são proporcionais à corrente i1 e à tensão v2, por
meio de constantes conhecidas. Assim, no aço elétrico, B e H podem ser medidas dire-
tamente e as curvas características B-H, como discutidas nas Seções 1.3 e 1.4, podem
ser determinadas.
1.26 Da curva de magnetização CC da Fig. 1.10, é possível calcular a permeabilidade re-
lativa mr = Bc/(m0Hc) do aço elétrico M-5 em função do valor de fluxo Bn. Supondo
que o núcleo da Fig. 1.2 seja feito de aço elétrico M-5 com as dimensões dadas no
Exemplo 1.1, calcule a densidade máxima de fluxo tal que a relutância do núcleo
nunca exceda em 5 por cento a relutância do circuito magnético total.
1.27 Para testar as propriedades de uma amostra de aço elétrico, chapas com a forma dada
na Fig. 1.35 foram estampadas a partir de uma chapa de aço elétrico de espessura
igual a 3,0 mm. Os raios das chapas são Ri = 75 mm e Re = 82mm. Elas foram monta-
das em uma pilha de 10 chapas (separadas por isolamento apropriado para evitar as
correntes parasitas) com o propósito de testar as propriedades magnéticas, na fre-
qüência de 100 Hz.
a. O fluxo na pilha de chapas será gerado com uma fonte de tensão de 100 Hz de am-
plitude variável e 30 V de valor de pico (pico-a-pico). Calcule o número necessário
de espiras N1 do enrolamento de excitação para assegurar que se possa excitar a pi-
lha de chapas até atingir uma densidade de fluxo de pico de 2,0 T.
b. Com um enrolamento secundário de N2 = 20 espiras e um ganho de integração G =
1000, observa-se que a saída do integrador é de 7,0 V pico-a-pico. Calcule (i) o flu-
xo de pico correspondente da pilha de chapas e (ii) a amplitude correspondente da
tensão aplicada ao enrolamento de excitação.
1.28 As bobinas do circuito magnético mostrado na Fig. 1.36 são conectadas em série de
modo que os valores de FMM dos caminhos A e B tendam ambos a estabelecer fluxos
na perna central C com o mesmo sentido. As bobinas são enroladas com o mesmo nú-
mero de espiras, N1 = N2 = 100.
As dimensões são:
Área das seções retas das pernas A e B = 7 cm2
Área da seção reta da perna C = 14 cm2
Comprimento do caminho A = 17 cm
Comprimento do caminho B = 17 cm

FIGURA 1.36 Circuito magnético do Problema 1.28.


CAPÍTULO 1 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E MATERIAIS MAGNÉTICOS 67

Comprimento do caminho C = 5,5 cm


Entreferro = 0,4 cm
O material é do tipo aço elétrico M-5 de 0,012 polegadas, com um fator de empilha-
mento de 0,94. Desconsidere o espraiamento e a dispersão.
a. Quantos ampères são necessários para produzir uma densidade de fluxo de 1,2 T no
entreferro?
b. Dada a condição da parte (a), quantos joules de energia são armazenados no campo
magnético do entreferro?
c. Calcule a indutância.
1.29 A seguinte tabela mostra dados da metade superior de um laço de histerese simétrico
de 60 Hz para uma amostra de aço magnético:

Usando o MATLAB, (a) plote esses dados, (b) calcule a área do laço de histerese em
joules e (c) calcule as perdas no núcleo a 60 Hz em watts/kg. A densidade do aço M-5
é 7,65 g/cm3.
1.30 Suponha que o circuito magnético do Problema 1.1 e da Fig. 1.24 seja construído de
aço elétrico M-5 com as propriedades descritas nas Figs. 1.10, 1.12 e 1.14. Suponha
que o núcleo esteja operando com uma densidade de fluxo senoidal de 60 Hz e valor
eficaz de 1,1 T. Desconsidere a resistência do enrolamento e a indutância de dispersão.
Obtenha a tensão do enrolamento, a sua corrente eficaz e as perdas no núcleo, nessas
condições de operação. A densidade do aço M-5 é 7,65 g/cm3.
1.31 Repita o Exemplo 1.8 supondo que todas as dimensões do núcleo sejam duplicadas.
1.32 Usando as curvas de magnetização do samário-cobalto dadas na Fig. 1.19, encontre
o ponto de produto energético máximo e os valores correspondentes de densidade
de fluxo e intensidade de campo magnético. Usando esses valores, repita o Exem-
plo 1.10 substituindo o imã de Alnico 5 por um de samário-cobalto. De quanto isso
reduz o volume de imã necessário para se obter a densidade de fluxo desejada no
entreferro?
1.33 Usando as características de magnetização do neodímio-ferro-boro dadas na Fig. 1.19,
encontre o ponto de produto energético máximo e os valores correspondentes de den-
sidade de fluxo e intensidade de campo magnético. Usando esses valores, repita o

FIGURA 1.37
yy
yy
Circuito magnético do alto-falante do Problema 1.34 (bobina móvel não
mostrada).
68 MÁQUINAS ELÉTRICAS

Exemplo 1.10 substituindo o imã de Alnico 5 por um de neodímio-ferro-boro. De


quanto isso reduz o volume de imã necessário para se obter a densidade de fluxo dese-
jada no entreferro?
1.34 A Fig. 1.37 mostra o circuito magnético de um alto-falante de imã permanente. A bo-
bina móvel (não mostrada), produtora de som, tem a forma cilíndrica e se ajusta ao en-
treferro. Um imã de samário-cobalto é usado para criar um campo magnético CC no
entreferro. Esse campo interage com as correntes da bobina móvel produzindo o mo-
vimento. O projetista determinou que o entreferro deve ter raio R = 1,8 cm, compri-
mento g = 0,1 cm e altura h = 0,9 cm.
Supondo que a estrutura em yoke e a peça polar tenham permeabilidade magnética
infinita (m ), encontre a altura hm e o raio Rm do imã de modo que seja fornecida
uma densidade de fluxo magnético de 1,2 T no entreferro, e seja requerido um volume
mínimo de imã.
(Sugestão: Refira-se ao Exemplo 1.10 e à Fig. 1.19 para determinar o ponto de pro-
duto energético máximo para o samário-cobalto.)
1.35 No entreferro do circuito magnético da Fig. 1.38, deseja-se obter uma densidade de
fluxo magnético variável no tempo de acordo com

onde B1 = 0,5 T e B1 = 0,25 T. O campo CC B0 deve ser criado por um imã de neodí-
mio-ferro-boro, ao passo que o campo variável no tempo deve ser criado por um cor-
rente variável no tempo.
Para Ag = 6 cm2, g = 0,4 cm e N = 200 espiras, encontre:
a. O comprimento de imã d e a área Am que permitirão obter a densidade de fluxo de-
sejada no entreferro e minimizar o volume de imã.
b. Os valores mínimo e máximo da corrente variável necessários para se obter a den-

y
sidade de fluxo variável no entreferro. Essa corrente irá variar de forma senoidal no
tempo?

FIGURA 1.38 Circuito magnético do Problema 1.35.

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