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Centro Universitário Augusto Motta

Políticas Públicas Educacionais - 2018/2


Professora: Julia Tadeu
Aluna: Daniela Fernandes de Souza

Análise sobre o Código de Menores e o Estatuto da Criança e do Adolescente

A primeira legislação direcionada especificamente a jovens menores de 18


anos foi o Código de Menores de 1970. Ele surgiu em um panorama de ditadura
militar no Brasil e legislava apenas sobre o menor em “situação irregular” ao
aplicar-lhe medidas judiciais. Pode-se observar nesse contexto a distinção implícita
entre criança e menor.
A condição de “situação irregular” colocava todos os menores negligenciados
ou em posição de abandono pelos responsáveis, sociedade e/ou Estado e os jovens
que haviam praticado infrações em um mesmo conjunto, onde estavam sujeitos ao
mesmo direcionamento. Ou seja, a criança ou adolescente que se encontrava em
uma situação socioeconômica desfavorecida já era considerada merecedora de
punição.
No entanto, tais medidas apenas agravam a situação, uma vez que o menor
recebe um estigma social que tem o poder de moldar o modo como ele se percebe
e se identifica. Além disso, um jovem oprimido dificilmente irá receber os estímulos
necessários para seu desenvolvimento, que é o que de fato poderia mudar sua
“situação irregular”. Logo, esse mecanismo de segregação é muito eficaz na
manutenção de classes e nocivo para a saúde do sistema social.
É importante destacar que os menores não tinham direitos, uma vez que não
existia na legislação a intenção de garantir melhoria em qualidade de vida ou
mudança em sua condição social. Eles tinham apenas o dever de não nascer pobre,
ou a exclusão social era certa.
O menor passa a ter direitos quando na Constituição democrática de 1988,
que embasou o novo Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, juntam-se a
família, a sociedade e o Estado para assegurar que esse indivíduo tenha acesso às
condições básicas para seu desenvolvimento e possa atuar como cidadão. Ou seja,
foi designada ao menor a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento,
gerando direitos e deveres específicos para sua proteção integral e prioritária.
O Estatuto estabelece sanções para responsáveis omissos e jovens
infratores, nesse último caso visando a recuperação social e não simplesmente
segregando. Em relação à educação, é dever dos responsáveis a matrícula e
permanência na escola e Estado o acesso gratuito ao ensino fundamental e
progressão ao ensino médio. É determinado como responsabilidade do Conselho
Tutelar efetivar esses direitos e deveres.
Infelizmente, a situação legal do Código de Menores ainda é vivida de
maneira irregular nos dias atuais, já que a sociedade tem dificuldade em transformar
o modo como a encara. A mudança na legislação acaba fazendo menos diferença
do que deveria porque a população não a conhece ou não tem o hábito de
consultá-la. Fora que ainda existe a necessidade por parte das classes privilegiadas
em manter o ​status quo​.

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