Professora: Julia Tadeu Aluna: Daniela Fernandes de Souza
Análise sobre o Código de Menores e o Estatuto da Criança e do Adolescente
A primeira legislação direcionada especificamente a jovens menores de 18
anos foi o Código de Menores de 1970. Ele surgiu em um panorama de ditadura militar no Brasil e legislava apenas sobre o menor em “situação irregular” ao aplicar-lhe medidas judiciais. Pode-se observar nesse contexto a distinção implícita entre criança e menor. A condição de “situação irregular” colocava todos os menores negligenciados ou em posição de abandono pelos responsáveis, sociedade e/ou Estado e os jovens que haviam praticado infrações em um mesmo conjunto, onde estavam sujeitos ao mesmo direcionamento. Ou seja, a criança ou adolescente que se encontrava em uma situação socioeconômica desfavorecida já era considerada merecedora de punição. No entanto, tais medidas apenas agravam a situação, uma vez que o menor recebe um estigma social que tem o poder de moldar o modo como ele se percebe e se identifica. Além disso, um jovem oprimido dificilmente irá receber os estímulos necessários para seu desenvolvimento, que é o que de fato poderia mudar sua “situação irregular”. Logo, esse mecanismo de segregação é muito eficaz na manutenção de classes e nocivo para a saúde do sistema social. É importante destacar que os menores não tinham direitos, uma vez que não existia na legislação a intenção de garantir melhoria em qualidade de vida ou mudança em sua condição social. Eles tinham apenas o dever de não nascer pobre, ou a exclusão social era certa. O menor passa a ter direitos quando na Constituição democrática de 1988, que embasou o novo Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, juntam-se a família, a sociedade e o Estado para assegurar que esse indivíduo tenha acesso às condições básicas para seu desenvolvimento e possa atuar como cidadão. Ou seja, foi designada ao menor a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, gerando direitos e deveres específicos para sua proteção integral e prioritária. O Estatuto estabelece sanções para responsáveis omissos e jovens infratores, nesse último caso visando a recuperação social e não simplesmente segregando. Em relação à educação, é dever dos responsáveis a matrícula e permanência na escola e Estado o acesso gratuito ao ensino fundamental e progressão ao ensino médio. É determinado como responsabilidade do Conselho Tutelar efetivar esses direitos e deveres. Infelizmente, a situação legal do Código de Menores ainda é vivida de maneira irregular nos dias atuais, já que a sociedade tem dificuldade em transformar o modo como a encara. A mudança na legislação acaba fazendo menos diferença do que deveria porque a população não a conhece ou não tem o hábito de consultá-la. Fora que ainda existe a necessidade por parte das classes privilegiadas em manter o status quo.