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MEMORIA ® Sobre as origens da Typografia em Portugal no Seculo XV, Por Anvoxto Riseimo pos Sanvos. WV ASI, todas as Nacdes Enropéas tem a Historia; ou Annacs da sua Typogralia: Escritores ertiitos , © ze- losos, que se carigitio em averiguar as. antiguidades da stia patria julgirio justamente , que as que tocavio 4 sua Typografia nao desmerecido huma parte de suas inda- gasees ¢ trabalhos; ¢ escreyério sobre isto. doutas obras. ortugal, porém , sendo tao rico de bons engenhos, ¢ con- tando muitos, ¢ mui illustres eseritores de.seus feitos, que leyantirio com a penna a fama de nossa terra; nao teve hum até agora , quanto nés podémos saber , que chegasse a publicar as noticias , e progressos das origens de sua Ty- pogtafia, ¢ a csclarecer esta parte assaz escura, ¢ difficul- tosa da sua Historia Litteraria, (2) Moveu isto a nossa coriosidade, ¢ entramos em pen- samentos de colligir noticias , que illustrassem as _nossas antiguidades Typograficas. Revolvemos para isso nossa His- Ton, VIL A to- LEE Ca) Nio nos consta de obra alguna impressa sobre este assumpto', sem embargo, queslguns houve entre nds, que tratdrdo de apurir esta materia: sabemas que Gregorio de Freitas, Escr da Gorreicie de Setnbal, pessoa de sidade neste. genero de estudos , cuja Livraria servio de muito pata 2 compasigio da theca Lu- sitana do douto Ab) lever ; havia Isngado em 1750 algumas Tinhas pata formar huns Anoses ‘T'ypograficas de Portugal, ¢ huma especie de Supplemento aus de Miguel Maittaire: foi isto porém fei~ to com tio pouca ventura, que seus apontamentos firando ise. ou Jo se perdérdo , ou estanedrao ¢m parte aonde esto inutels 4 céo, a quem podério muito aproveltar. D. Ani ‘Caetano de Sousa, varko de grande nome entire nos- $03 Historiadores , tratava de escrever sobre esta parte de nossa His- f ' ) i . os Memortas toria, corremos alpumas das mais providas Bibliothecas ; consultdmos pessoas de bom saber , e pedimos Documen- tos de muitas partes ; mas foro tio escassas as noticias , que alcangdmos, que quasi estivemos resolvidos a deixar de as escrever; muito mais encontrando difficuldades, que bas- tantes crio para quebrar nosso animo 2 © Nos fazer desis= tir deste trabalho, Porém valeu mais para com nosco o de- sejo de sermos utcis aos nossos com esse pouco que fosse, que o temor de parecermos de curto aleance > © cabedal néstas materids; entendendo, que estas noticias assim mesmo imperfeitas , ¢ diminutas, como aquias damos, nfo deixa- rio de servir We alguma:cousa aos curiosos destes estudos , e de espertar sujeitos da Nagio , para se abalangarem a maior obra , coin’ mais largo conhecimento deste assumpto, Se conseguirmos este fim, hayello-hemos por grandiosa, ¢ honrado fruéto destas nossas indapagdes, © tentativas, CA- ee torin mos apenas chegou a fazer huma curta Lista des Impressores dos tres ultimos seculos, gue enistia entre os copiosos mss. da Casa dos Cletigos Regulares da Divina Providencia, © hoje na Real Biblio- theca da Carte, Fr. Manoel de Figueiredo, Chronista da Ordem de Cister, ¢ bem Sonhecide por seus cargos’, estudos » © composicées eruditas , comecou de eserever mma particular Dissettacto sobre a entiada, © progressos Ga Typografia em Portugal, de que elle faz memoria no indice de suas obras ; mas ferido de g sima duenga , nao péde avancar até onde a sia idén pensava ir, como elle mesmo sc explica em hits ma Carta de 26 de Abril 1793, que nos mandou em reposta de hu- 7a Nossa » por qué o haviamos consultado sabre exte assumpto ; ea mat- te que no-lo roubou ha poucos tempos com viva saudade dos que bem conheciio seus grandes talentos, ¢ estudos, acabou de nos pri- vat da esperanca, que tinhamos de huma obta completa, que fizerse escuisado qualquer cutro trobalho nesta materia, DE Lirrerarura Porrueveza 3 Crack hi BO Da autiguidade da Typografia em Portugal. Pp oucos anhos depois de seu nascimento,entrou a ‘Ty- pogeafia em Portugal. Huma Nagio, como'a nossa , que Fe i XV. avultava jd muito em trato de itteratura Sagrada , e Civil, como se sabe de suas anti- fas escolas, e de varias composigoes , que trabalhou na- quelles tempos; no podia deixar de acolher logo com boa sombra', e gavalhado huma tal Are, que tanto servia de eneurtar os trabalhos da escritura manual, e de propagar com maior fucilidade, cenergia os-conhecimentos de todas as Artes e Scicncias. Ella vio com maravilha levantarem- se naquelle mesmo Seculo em tres illustres Cidades os pri- miitos prélos Ty pogralicos, que sobre mancira nos honrd- ro, ¢ ennobrecério naquella idade. ; He com tudo mui difficil de apurar entre nds os prin- Difteutds- Cipios desta Arte, ¢ assentar ao certo 9. anno em que clla °,0¢* entrou em Portugal, descuido de nossos Chronistas passa- dos, ot antes condigio dos tempos, em que viverio , nos quaes sémente os rompimentos de batalhas , e feitos dar- mas, ¢ conquistas deslumbravao os olhos da Nacdo , ¢ at- trahido a penna dos Eseritores, que no os estabelecimen- tos pacificos, e menos apparatosos das Artes Liberaes, ow Mechanicas, das quaes como se forto materias menos im- portantes , ou nio escrevérdo , ou sé tocério levemente: donde vém, que descus principios se nos esconden ests par- te de nossa Historia , perdendo-se entre as trevas do tem- PO, quasi toda a lembranga da sua findagio, e progres- Sos : pelo que hoje nao podémos caminhar sen#o pela ve- reda de eras conjeéturas , deduzidas de alguns factos dis- persos, ¢ fugitivas, para rastrearmos a yerdadeira origem , @ primeiros progessos das Artes, c das Sciencias entre nds. Com este presupposto diremos o que nos tem parecido Mais provayel nesta materia , seguindo huns longes, ¢som- Ait bras

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