Você está na página 1de 1

E se eu fosse morrer?

Está aí uma pergunta um tanto incomum que nos leva a refletir sobre a própria
finitude do ser. Diante dela, alguém pode responder - “mas por que pensar na morte
se a minha vida já é tão cheia de problemas e o mundo abundante em desgraças?”. “O
que essa pergunta pode me trazer de bom, senão me deixar paranoico e receoso”?

Tais respostas colocam em relevo dificuldades que muitos podem ter em lidar com a
inevitável e imprevisível finitude humana. Algumas pessoas só pensam sobre a morte
quando ela bate em suas portas ou quando leva entes queridos embora. Fora isso,
levam suas vidas como se fossem imortais e tivessem todo o tempo do mundo.

São, em geral, aquelas que não exprimem seus sentimentos, que não dão o máximo de
si, que não saem de suas “zonas de conforto”, que não se desafiam, pois acreditam
que poderão fazer tudo isso em outras oportunidades. É a crença na própria e
também na continuidade inabalável dos outros que contribui na procrastinação do que
pode ser feito no aqui e agora. O presente, nesse caso, é substituído por um futuro
idealizado que talvez nunca chegue.

Mesmo que tenhamos confiança na segurança de nossas rotinas nada nos garante se
estaremos vivos ou não no próximo segundo. É tal como o filósofo Martin Heidegger
dizia: o homem é um ser-para-a-morte. É um ser finito que pode encontrar sua finitude
a qualquer instante. Todavia, enquanto finito é abertura para novas possibilidades, um
ser-para-o-mundo capaz de agir e (re) construir a si mesmo.

Ter consciência da própria finitude ou segundo Don Juan Matus - personagem relatado
nas obras do antropólogo Carlos Castañena – diz: ter a morte como conselheira, nada
mais é do que proceder como se cada ato fosse nossa ultima "batalha" e dar a esse ato
o devido respeito, expressando o que há de melhor em nós.

As consequencias dessa

Logo, é necessário dissipar o predomínio do sentido mórbido atribuído à morte para a


pensarmos como um fato natural, como um estimulo à vida, a ação, a mudança, a
ousadia. É pensar a consciência de morte como intensificadora da vida, como meio de
se por em devir, isto é, em movimento e transformação!

Por: João Gabriel Simões – Psicólogo e autodidata.

Você também pode gostar