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Legislação

Acontece que essas diferenças citadas logo acima estão protegidas


pela lei, como o caso da injúria racial, por exemplo, que, de acordo
com o site do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) consiste em:
“ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor,
etnia, religião ou origem”, e está prevista no artigo 140, parágrafo 3º do
Código Penal.
Um exemplo que ilustra bem a injúria racial foi o caso dos torcedores
do time de futebol do Grêmio chamando o goleiro de macaco, em
2014.

Um casal carioca recebeu uma carta anônima de um vizinho, com


teor racista e homofóbico.
A carta, citando trechos da Bíblia, pedia que os dois se retirassem do
condomínio.

No que tange a discriminação contra negros, há dois tipos de crimes: a


injúria racial e o racismo. O racismo, ainda de acordo com o CNJ:
"implica conduta discriminatória dirigida a determinado grupo ou
coletividade e, geralmente, refere-se a crimes mais amplos. Nesses casos,
cabe ao Ministério Público a legitimidade para processar o ofensor" e tem
pena que variam a até um ano, além de multas compatíveis com o delito, de
acordo com a lei 7.437. O crime é inafiaçável.

Além das discriminações citadas acima, outros que costumam sofrer


discriminação em condomínio são os inadimplentes.
“É importante ressaltar que aquilo que o condomínio pode fazer com o
inadimplente está bem claro na lei. Comportamentos como ironias em público,
nome do devedor em áreas públicas e a proibição de circular em áreas como a
piscina ou o elevador podem, sim, levar o condomínio a ser processado por
danos morais”, explica Rodrigo Karpat, advogado especialista em
condomínios e colunista do SíndicoNet.

Também é importante lembrar de outros tipos de discriminação que
também são bastante corriqueiras no condomínio. Funcionários, tanto
das unidades como do condomínio, devem sempre ser tratados com
igualdade, respeito e cortesia.

Os inquilinos também não devem sofrer nenhum tipo de


diferenciação: podem usufruir do condomínio assim como quem é
proprietário. O único direito que não os inquilinos não têm é de votar
em assembleias sem procuração.

Medidas práticas para evitar discriminações

Se sabemos que educação vem de casa, e o condomínio é a nossa casa,


uma boa maneira de ajudar a todos no condomínio a entenderem a
diversidade pode ser a realização de ações educativas no local, como
sugere o advogado especialista em condomínios e colunista do
SíndicoNet, Alexandre Marques.
“Esse tipo de trabalho, para render bons frutos, deve ser feito por uma ONG
especializada no assunto. Não é apenas um cartaz, ou mesmo multando que
esse tipo de situação para de acontecer”, pontua ele.
Marcelo Gil, presidente fundador da ONG ABCD’S (Ação Brotar pela
Cidadania e Diversidade Sexual) acredita que a informação é o
primeiro passo para evitar preconceitos. Por isso, a ONG oferece
conscientização sobre diversos temas,
inclusive racismo, xenofobia, machismo, etc.
“Fazemos palestras e vemos como falta informação a muitos. Quando há um
trabalho de conscientização, o ambiente fica mais receptivo para todos”,
argumenta ele.
Nos workshops e palestras desenvolvidos pela ONG são
oferecidos materiais de apoio e conversas sobre preconceito e
discriminação de diversas populações, e não apenas a LGBT.
A ONG oferece palestras em todo o estado de São Paulo e cobra
apenas pelo seu deslocamento.
Antes de chamar uma ONG do tipo para uma conversa com os
moradores, o ideal é conversar com o conselho e com os próprios
moradores, para availar sua aceitação.
"Não adianta fazer algo totalmente vertical, a comunidade precisa estar aberta
a esse diálogo", pesa Alexandre Marques.
E para não ser algo de cima para baixo, o indicado é sempre
trazer informação para que os moradores possam evitar esse tipo
de comportamento. Aliado a outros tipos de ações, um cartaz como o
elaborado abaixo pode ser de grande
valia na melhora da convivência em condomínio.

Postura do síndico em caso de discriminação no condomínio

O condomínio, ou mesmo o síndico, apesar de não serem obrigados a se


manifestar em situações pontuais entre moradores, pode, sim, deixar
claro que não concorda com atitudes discriminatórias em suas áreas
comuns.
“A prática de qualquer ato discriminatório no condomínio atenta aos bons
costumes, que são protegidos pelo art. 1.336, IV, do Código Civil. Logo, cabe
aplicação de multa a quem discrimina assim como aquele que faz barulho. Se
o ato é praticado pelo síndico, conselheiro ou outro membro da administração,
cabe destituição”, ensina André Junqueira.
Outra maneira do condomínio se posicionar a favor de quem é vítima de
uma situação de preconceito é mostrar as imagens do CFTV, caso haja
essa possibilidade.
“A praxe é que o síndico realmente não ofereça esse tipo de material sempre
que for solicitado. Mas em um caso como o do casal carioca, que há clamor
popular, seria melhor mostrar as imagens para mostrar que
a administração realmente não compactua com esse tipo de comportamento de
discriminação”, relata Rodrigo Karpat.

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