LIBRAS? QUE LÍNGUA É ESSA? : crenças e preconceitos em torno
da língua de sinais e da realidade surda.
Pontal do Araguaia –MT
2018 GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa? : crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
Autor: Guibison da Silva Cruz
Professora adjunta CCE/ Dali/ Letras-Libras, é mestra em Letras/Inglês pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com a dissertação Teaching and learning Brazilian Sign Language as a foreign language: a microethnographic description (1999). Realizou o seu doutoramento na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) em Linguística Aplicada na área de Educação Bilíngue, com a tese “Um olho no professor surdo e outro na caneta”: ouvintes aprendendo a Libras (2006). Foi pesquisadora visitante na Gallaudet University, Estados Unidos, em 2004, com bolsa de estudos concedida pela CAPES. Tem interesse em questões de ensino e aprendizagem de línguas orais e de sinais como L2/LE, formação de intérpretes/tradutores de línguas de sinais, e em discussões voltadas a contextos sociolinguisticamente complexos de minorias bi/multilíngues e bi/multiculturais. Em suas pesquisas tem procurado visibilizar e refletir a relação dos ouvintes com o surdo, a surdez e a língua de sinais. Desde 2006, vem atuando no curso da UFSC Letras/Libras em EaD como professora e autora dos materiais didáticos: Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas, Metodologia de Ensino de Libras como L2 e Tradução e Interpretação da Libras II. Tive também o privilégio de atuar como tutora da 1a turma de bacharelado do curso Letras/Libras em EaD, no pólo UNICAMP, que visa formar intérpretes e tradutores. Trabalhou como professora adjunta na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) no período de 2007- 2010, ministrando as disciplinas de língua inglesa e linguística aplicada. Atualmente, é professora adjunta na UFSC no curso Letras/Libras Presencial, no Centro de Comunicação e Expressão – CCE, atuando no Departamento de Artes e Libras – DALi. Além disso, coordena o grupo de pesquisa ELAP – Estudos em Linguística Aplicada, cadastrado no diretório do CNPq. Recomenda-se esta obra para o público que tenha interesse em pesquisas nas áreas de educação, ensino e aprendizagem de libras ou simplesmente que tenha curiosidade a respeito do tema. A obra está dividida em três capítulos, que tratam sobre o mundo cultural da língua de sinais que se insere na comunidade de ouvintes. Abordaremos o primeiro capitulo que traz alguns apontamentos a respeito da constituição da língua de sinais e seus elementos.
Libras? Que língua é essa? : crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e
da realidade surda.
Capítulo 1
A obra, em seu primeiro capítulo, destaca os seguintes temas: A língua de sinais
é universal? A língua de sinais é artificial? A língua de sinais tem gramática? A língua dos surdos é mímica? É possível expressar conceitos abstratos na língua de sinais? É uma língua exclusivamente icônica? A língua de sinais é um código secreto dos surdos? A língua de sinais é o alfabeto manual? A língua de sinais é uma versão sinalizada da língua oral? A língua de sinais tem suas origens na língua oral? A LIBRAS falada no Brasil apresenta uma unidade? A língua de sinais é uma língua ágrafa? A autora responde todos estes questionamentos com base em estudos de outros pesquisadores e por meio, também, de suas experiências relacionadas ao tema. O foco da leitura está centrado na constituição da língua de sinais e os elementos que justificam-na como língua que apresenta gramática e é totalmente expressiva, não sendo universal, pois seria impossível simplificar a riqueza linguística. A obra referida propõe uma reflexão a respeito dos dilemas enfrentados pela comunidade de surdos. A autora defende que a língua de sinais dos surdos é natural, pois acompanha a evolução da cultura surda, além de demonstrar um sistema gramatical completo e fundamentado. A língua dos surdos se diferencia da mímica, pois apresenta legitimidade e sistematização de símbolos que representam os objetos. Os sinais se diferenciam de gestos, o que possibilita a expressão de conceitos abstratos, ideias, sentimentos e emoções pelas pessoas que utilizam a língua de sinais. A crença de que os falantes da língua de sinais não conseguem discutir ideias ou expressar sentimentos está alicerçada na limitação da língua de sinais como apenas códigos ou gestos. Durante séculos os surdos foram proibidos de se comunicarem em sua língua natural. Pode-se notar tal proibição retratada no longa metragem “ E seu nome é Jonas” (And your name is Jonah), produzido nos Estados Unidos no final da década de 70, que retrata as dificuldades de se diagnosticar e atender as necessidades de uma criança que tinha surdez. Segundo a autora, Estudos apontam que a relação dos surdos com o restante da sociedade ouvinte por muitos anos foi dificultosa e, ainda, a negação do uso dos sinais, por escolas, profissionais da saúde e das famílias foi desencadeada por várias décadas. Até décadas atrás os surdos eram obrigados a aprender a fazer leitura labial. No Brasil, a sinalização era vista como um código secreto e sua utilização era proibida. Apesar de todas as dificuldades históricas a língua de sinais sobreviveu e se valorizou, disseminando a identidade cultural surda. Existem variações e diversidade em todas as línguas humanas, portanto a LIBRAS não se constitui unicamente em uma unidade, pois o fenômeno de variação se faz presente em todas as línguas em movimento. Segundo a autora, a língua de sinais adquire novos “sotaques” ao longo dos tempos, incorporando novos sinais e pelo contato com outras línguas. Atualmente, ainda se discute sobre a inclusão dos surdos na sociedade falante e a respeito do preconceito sofrido pelos surdos, pela falta de conhecimento da comunidade ouvinte. A obra, em seu capítulo inicial, tenta argumentar e fundamentar a origem e os elementos gramaticais que tornam a língua de sinais verdadeiramente língua, capaz de expressar qualquer tipo de sentimento ou ideias que discutem política, economia ou quaisquer outros assuntos existentes no mundo. A LIBRAS toma devagar o seu espaço de direito, objetivando incluir os surdos na sociedade, que é de direito de cada pessoa física. O ensino e aprendizagem de LIBRAS fomenta cada vez mais uma aproximação dos lados, uma vez que os surdos são seres humanos e se comunicam com o mundo real ao seu redor. REFERÊNCIAS
Apresentação da Autora. Disponível em: http://audreigesser.paginas.ufsc.br/ Acesso: 09
de dezembro de 2018.
GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa? : crenças e preconceitos em torno da
língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.