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As instalações elétricas de baixa tensão

Por Guilherme Papa - Redação

As instalações elétricas de baixa tensão devem oferecer segurança a fim de se


evitar os choques elétricos que podem matar as pessoas e animais ou causar
problemas como incêndio no caso de curto-circuitos em residências, condomínios
e empresas, além da queima de equipamentos. Uma instalação elétrica pode ser
definida pelo conjunto de materiais e componentes elétricos essenciais ao
funcionamento de um circuito ou sistema elétrico.

Vários fatores podem aumentar consideravelmente a chance de ocorrência de


problemas em uma instalação elétrica: o desgaste de materiais e equipamentos nas
instalações elétricas antigas, falta de manutenção periódica; inadequação na
execução; utilização de materiais elétricos de baixa qualidade em que a economia é
colocada em primeiro plano, em detrimento da segurança e durabilidade; elaboração
de projetos elétricos de forma inadequada, sem contemplar os requisitos mínimos
de segurança e qualidade exigidos pelas normas técnicas.

A NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão estabelece as condições a que


devem satisfazer as instalações elétricas de baixa tensão, a fim de garantir a
segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado da instalação e a
conservação dos bens. Aplica-se principalmente as instalações elétricas de
edificações, qualquer que seja seu uso (residencial, comercial, público, industrial,
de serviços, agropecuário, hortigranjeiro, etc.), incluindo as pré-fabricadas. Aplica-
se também as instalações elétricas: em áreas descobertas das propriedades, externas
as edificações; de reboques de acampamento (trailers), locais de acampamento

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(campings), marinas e instalações análogas; e de canteiros de obra, feiras,
exposições e outras instalações temporárias.

Aplica-se: aos circuitos elétricos alimentados sob tensão nominal igual ou inferior a
1.000V em corrente alternada, com frequências inferiores a 400Hz, ou a 1.500V em
corrente continua; aos circuitos elétricos, que não os internos aos equipamentos,
funcionando sob uma tensão superior a 1.000V e alimentados através de uma
instalação de tensão igual ou inferior a 1.000V em corrente alternada (por exemplo,
circuitos de lâmpadas a descarga, precipitadores eletrostáticos, etc.); a toda fiação e
a toda linha elétrica que não sejam cobertas pelas normas relativas aos
equipamentos de utilização; e as linhas elétricas fixas de sinal (com exceção dos
circuitos internos dos equipamentos).

A aplicação às linhas de sinal concentra-se na prevenção dos riscos decorrentes das


influências mutuas entre essas linhas e as demais linhas elétricas da instalação,
sobretudo sob os pontos de vista da segurança contrachoques elétricos, da
segurança contra incêndios e efeitos térmicos prejudiciais e da compatibilidade
eletromagnética. Aplica-se as instalações novas e a reformas em instalações
existentes. Modificações destinadas a, por exemplo, acomodar novos equipamentos
elétricos, inclusive de sinal, ou substituir equipamentos existentes, não caracterizam
necessariamente uma reforma geral da instalação.

Não se aplica a: instalações de tração elétrica; instalações elétricas de veículos


automotores; instalações elétricas de embarcações e aeronaves; equipamentos para
supressão de perturbações radioelétricas, na medida que não comprometam a
segurança das instalações; instalações de iluminação pública; redes públicas de
distribuição de energia elétrica; instalações de proteção contra quedas diretas de
raios.

Os componentes da instalação são considerados apenas no que concernem à sua


seleção e condições de instalação. Isto é igualmente válido para conjuntos em
conformidade com as normas a eles aplicáveis. A aplicação desta norma não
dispensa o atendimento a outras normas complementares, aplicáveis a instalações e
locais específicos.

A aplicação da NBR 5410 não dispensa o respeito aos regulamentos de órgãos


públicos aos quais a instalação deva satisfazer. As instalações elétricas cobertas por
esta norma estão sujeitas também, naquilo que for pertinente, às normas para
fornecimento de energia estabelecidas pelas autoridades reguladoras e pelas
empresas distribuidoras de eletricidade.

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As pessoas e os animais devem ser protegidos contra choques elétricos, seja o risco
associado a contato acidental com parte viva perigosa, seja a falhas que possam
colocar uma massa acidentalmente sob tensão. A instalação elétrica deve ser
concebida e construída de maneira a excluir qualquer risco de incêndio de materiais
inflamáveis, devido a temperaturas elevadas ou arcos elétricos. Além disso, em
serviço normal, não deve haver riscos de queimaduras para as pessoas e os animais.

As pessoas, os animais e os bens devem ser protegidos contra os efeitos negativos


de temperaturas ou solicitações eletromecânicas excessivas resultantes de
sobrecorrentes a que os condutores vivos possam ser submetidos. Condutores que
não os condutores vivos e outras partes destinadas a escoar correntes de falta devem
poder suportar essas correntes sem atingir temperaturas excessivas.

As partes citadas acima devem também ser protegidas contra as consequências


prejudiciais de ocorrências que possam resultar em sobretensões, como faltas entre
partes vivas de circuitos sob diferentes tensões, fenômenos atmosféricos e
manobras. Os equipamentos destinados a funcionar em emergências, como
incêndios, devem ter seu funcionamento assegurado a tempo e pelo tempo julgado
necessário.

A alimentação da instalação elétrica, de seus circuitos e de seus equipamentos deve


poder ser seccionada para fins de manutenção, verificação, localização de defeitos e
reparos. A instalação elétrica deve ser concebida e construída livre de qualquer
influência mutua prejudicial entre instalações elétricas e não elétricas.

Os componentes da instalação elétrica devem ser dispostos de modo a permitir


espaço suficiente tanto para a instalação inicial quanto para a substituição posterior
de partes, bem como acessibilidade para fins de operação, verificação, manutenção
e reparos. Os componentes da instalação elétrica devem ser conforme as normas
técnicas aplicáveis e possuir características compatíveis com as condições elétricas,
operacionais e ambientais a que forem submetidos.

Entre as características e fenômenos suscetíveis de gerar perturbações ou


comprometer o desempenho satisfatório da instalação podem ser citados: o fator de
potência; as correntes iniciais ou de energização; o desequilíbrio de fases; e as
harmônicas. Toda instalação elétrica requer uma cuidadosa execução por pessoas
qualificadas, de forma a assegurar, entre outros objetivos, que: as características dos
componentes da instalação, não sejam comprometidas durante sua montagem; os
componentes da instalação, e os condutores em particular, fiquem adequadamente
identificados; nas conexões, o contato seja seguro e confiável; os componentes

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sejam instalados preservando-se as condições de resfriamento previstas; os
componentes da instalação suscetíveis de produzir temperaturas elevadas ou arcos
elétricos fiquem dispostos ou abrigados de modo a eliminar o risco de ignição de
materiais inflamáveis; e as partes externas de componentes sujeitas a atingir
temperaturas capazes de lesionar pessoas fiquem dispostas ou abrigadas de modo a
garantir que as pessoas não corram risco de contatos acidentais com essas partes.

Na concepção de uma instalação elétrica devem ser determinadas as seguintes


características: utilização prevista e demanda; esquema de distribuição;
alimentações disponíveis; necessidade de serviços de segurança e de fontes
apropriadas; exigências quanto a divisão da instalação; influências externas as quais
a instalação for submetida; riscos de incompatibilidade e de interferências;
requisitos de manutenção.

A determinação da potência de alimentação e essencial para a concepção econômica


e segura de uma instalação, dentro de limites adequados de elevação de temperatura
e de queda de tensão. Na determinação da potência de alimentação de uma
instalação ou de parte de uma instalação devem ser computados os equipamentos de
utilização a serem alimentados, com suas respectivas potencias nominais e, em
seguida, consideradas as possibilidades de não simultaneidade de funcionamento
destes equipamentos, bem como capacidade de reserva para futuras ampliações.

Não se deve esquecer de que as cargas de iluminação devem ser determinadas como
resultado da aplicação da NBR 5413 (substituída em 2013 pela NBR ISO/CIE
8995-1 – Iluminação de ambientes de trabalho – Parte 1: Interior). Para os aparelhos
fixos de iluminação a descarga, a potência nominal a ser considerada deve incluir a
potência das lâmpadas, as perdas e o fator de potência dos equipamentos auxiliares.

A divisão da instalação em circuitos deve ser de modo a atender, entre outras, as


seguintes exigências: segurança, por exemplo, evitando que a falha em um circuito
prive uma área de alimentação; conservação de energia – por exemplo,
possibilitando que cargas de iluminação e/ou de climatização sejam acionadas na
justa medida das necessidades; funcionais – por exemplo, viabilizando a criação de
diferentes ambientes, como os necessários em auditórios, salas de reuniões, espaços
de demonstração, recintos de lazer, etc.; de produção – por exemplo, minimizando
as paralisações resultantes de uma ocorrência; de manutenção – por exemplo,
facilitando ou possibilitando ações de inspeção e de reparo.

Devem ser previstos circuitos distintos para partes da instalação que requeiram
controle específico, de tal forma que estes circuitos não sejam afetados pelas falhas

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de outros (por exemplo, circuitos de supervisão predial). Na divisão da instalação
devem ser consideradas também as necessidades futuras.

As ampliações previsíveis devem se refletir não só na potência de alimentação, mas


também na taxa de ocupação dos condutos e dos quadros de distribuição. Os
circuitos terminais devem ser individualizados pela função dos equipamentos de
utilização que alimentam. Em particular, devem ser previstos circuitos terminais
distintos para pontos de iluminação e para pontos de tomada.

As cargas devem ser distribuídas entre as fases, de modo a obter-se o maior


equilíbrio possível. Quando a instalação comportar mais de uma alimentação (rede
pública, geração local, etc.), a distribuição associada especificamente a cada uma
delas deve ser disposta separadamente e de forma claramente diferenciada das
demais.

Em particular, não se admite que componentes vinculados especificamente a uma


determinada alimentação compartilhem, com elementos de outra alimentação,
quadros de distribuição e linhas, incluindo as caixas dessas linhas, salvo as
seguintes exceções: circuitos de sinalização e comando, no interior de quadros;
conjuntos de manobra especialmente projetados para efetuar o intercambio das
fontes de alimentação; linhas abertas e nas quais os condutores de uma e de outra
alimentação sejam adequadamente identificados.

Devem ser tomadas medidas apropriadas quando quaisquer características dos


componentes da instalação forem suscetíveis de produzir efeitos prejudiciais em
outros componentes, em outros serviços ou ao bom funcionamento da fonte de
alimentação. Todos os componentes da instalação elétrica devem atender as
exigências de compatibilidade eletromagnética e ser conforme o que as normas
aplicáveis prescrevem, neste particular.

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