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Projeções no Mercado de Trabalho das Engenharias

Gabriel Goulart Müller

O artigo “A demanda por engenheiros e profissionais afins no mercado de


trabalho formal” dos autores Aguinaldo Nogueira Maciente, técnico de
planejamento e pesquisa do Ipea, e Thiago Costa Araújo, assistente de
pesquisa da Diset e também do instituto, analisa dados referentes ao período
2000-2010, projetando ao menos três cenários de crescimento econômico
para o período 2011-2020.

A obra é dividida em, ao menos, 4 partes. Começa com uma introdução ao


tema abordado, que contextualiza o país em um cenário com mais de uma
década de crescimento econômico, expõe os objetivos do estudo, a
abordagem e os principais pontos da discussão. Imediatamente, a segunda
parte aborda o crescimento médio real do PIB setorial nos períodos 1996-
2010 e 2003-2010. Em seguida, demonstra a partir de três gráficos e tabelas
– porcentagem de engenheiros no emprego setorial em 1986-2009,
elasticidade do emprego de engenheiros relativamente ao valor adicionado e
taxa de expansão média entre 2000-2010 – a expansão das atividades do
engenheiro em diversos setores. No que se segue, os autores elaboram uma
projeção, a partir de dados do Rais (MTE) e das Contas Nacionais (IBGE),
para a demanda por engenheiros até 2020, sendo que ela aumentaria em
716% no período 2000-2020 no cenário mais otimista e 348% no menos
otimista. Em uma última abordagem, uma análise entre oferta e demanda de
emprego naqueles setores, a partir do boletim de Pereira e Araújo (2011),
comparando a projeção anterior e a oferta de profissionais diplomados nas
áreas. Finalmente, nas considerações finais, são apresentados os desafios
políticos diante dessas previsões e as dificuldades para sua garantia, como
também as perspectivas para resolução delas e citação de outros trabalhos
que abordam essas temáticas.

Pressupondo um crescimento médio do PIB de 4% a.a. entre 2011 e 2020


e uma expansão média de concluintes do curso de engenharia no mesmo
período. Um dos cenários menos otimistas, os autores conclui que 45% dos
engenheiros formados serão empregados pelo mercado de trabalho formal
nas suas funções típicas em 2020. O que, de acordo com eles, configuraria
um défice desses profissionais, já que esses profissionais também atuam em
outros setores. No cenário mais pessimista, Maciente e Araújo preveem uma
desvalorização dessa mão de obra qualificada.

Diante desse cenário, aponta-se para necessidade de antecipar as


políticas à necessidade do mercado através da capacitação dos ingressantes
ao ensino superior, por uma vital melhora no ensino básico; do ajuste da
oferta de profissionais; do aumento da qualidade dos cursos de engenharia,
nas universidades públicas e privadas; da avaliação temporal em uma
relação causa-efeito entre a aplicação dessas políticas públicas e seu reflexo
no mercado e, acima de tudo, manter o ritmo de crescimento econômico.

Através de uma abordagem quantitativa, com utilização de dados


provenientes de diversas fontes, e pressupostos flexíveis (que previam três
cenários possíveis), os autores chegam a conclusões, talvez não alcançadas
por conta de uma imprevisível crise política, além de quantitativas,
qualitativas, nas quais, ainda, preveem políticas necessárias para alcançar o
almejado cenário e obter dele os melhores resultados. Um artigo indicado
para os profissionais da área, investidores, gestores públicos e estudantes
que desejam ser engenheiros, para auxiliar em um possível planejamento de
carreira, desenvolvimento de políticas públicas ou projeção de investimento
em certos setores.

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