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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
05 a 08 de abril de 2009
Belém – Pará – Brasil
ISBN – 978-85-7691-081-7
CC 15
Contribuições de John Napier e Jobst Burgi para a criação dos logaritmos
Resumo
Este artigo aborda alguns aspectos de uma parte da nossa pesquisa de mestrado cujo objeto de estudo é o
ensino de logaritmos a partir do seu desenvolvimento histórico-epistemológico. Nesta fase da investigação
apresentamos alguns aspectos históricos da criação dos logaritmos por John Napier e Jobst Burgi, bem
como suas principais aplicações na ciência do século XVII. Para alcançar nosso objetivo fizemos uma
arqueologia das informações básicas existentes sobre o assunto em livros de história da Matemática e em
obras específicas sobre a história dos logaritmos, bem em dois trabalhos publicados no período do
tricentenário da morte de Napier. O material histórico investigado, nos fez perceber que as idéias presentes
nosurgiram da necessidade que os estudiosos da época tiveram em encontrar meios para a simplificação de
grandes cálculos para a solução de problemas de algumas áreas de estudo em crescimento como a
astronomia e a navegação, ambas envolvendo trigonometria. O trabalho de Jobst Burgi também teve seu
caminho de formulação epistemológica a partir de estudos posteriores envolvidas pelas relações de Stiffel,
visando em especial à simplificação das dificuldades enfrentas pelos astrônomos da época. No final do
artigo analisamos as semelhanças e diferenças entre as duas forma de criação e representação dos
logaritmos, e quais os seus respectivos avanços para sociedade da época.
Palavras-chave: história dos logaritmos, ensino de logaritmos, John Napier, Jobst Burgi.
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Introdução
A criação dos logaritmos por John Napier (1550 – 1617) e Burgi (1552 – 1632), constituiu-se em
uma das grandes contribuições da matemática para a compreensão do processo de quantificação dos
fenômenos físicos investigados nos séculos XVI e XVII e para a reorganização das idéias referentes a
formulação da trigonometria enquanto um ramo da matemática desvinculado da astronomia. Todavia, a
preparação desta invenção matemática foi gestada bem antes do século XVI, através dos trabalhos de
matemáticos gregos como Euclides, Menelau, Arquimedes entre outros não menos importantes, bem como
nas operações aritméticas realizadas por matemáticos hindus e posteriormente através dos trabalhos de
Fibonacci e Lucas Pacioli.
Neste trabalho abordaremos aspectos históricos relacionados ao desenvolvimento desse mecanismo
matemático de cálculo que envolve o trabalho realizado por esses dois
matemáticos – Napier e Burgi, considerando a importância dos mesmos para o
avanço dessa matemática a partir de suas criações.
John Napier1, que nasceu quando seu pai tinha apenas dezesseis anos de
idade, viveu parte de sua vida na majestosa propriedade de sua família, o castelo
de Merchiston, perto de Edimburgo, Escócia, e gastou grande parte de suas
energias em controvérsias políticas e religiosas de seu tempo. (EVES, 1997;
COLLETTE, 1985). Aos treze anos perdeu a sua mãe e enviaram a universidade John Napier
1
Foto de Napier, extraída de http://www.perdiamateria.eng.br/Nomes/Imagens/Napier.jpg
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de Saint-Andrew (Escócia). Provavelmente ele saiu de lá sem título universitário e passou algum tempo
fora de seu país, onde o encontraram em Gartness, paróquia de Drymen, em Stirlingshire, donde seu pai
possuía terras. (COLLETTE, 1985).
No final do século XVI, Napier, preocupado porque seus
cálculos eram grandes e difíceis, e freavam o progresso científico,
concentrou todos os seus esforços em desenvolver métodos que
pudessem simplificá-los. Com este fim, escreveu em sua
Rabdologia2, na qual descreve a utilização de barras e quadrinhos
para efetuar somas de parcelas parciais. Os quadrinhos de Napier
eram tábuas de multiplicações montadas sobre barras de secções
quadradas. Essas barras foram utilizadas na Escócia durante mais de um
século em todos os cálculos que incluíam multiplicações. O apêndice da
Rabdologia descreve um aperfeiçoamento dos quadradinhos
representados por laminas perfuradas que permite efetuar multiplicações de números grandes.
(COLLETTE, 1985).
Três anos depois da publicação de sua primeira discussão dos logaritmos, John Napier descreveu
uma outra invenção que acreditou pudesse, eventualmente, ter uma influência profunda na maneira em
que os cálculos fossem realizados, especialmente na engenharia e nas ciências. Esta invenção, conhecida
como “as barras Napier” (ou, às vezes, de “os ossos de Napier”) era o precursor de nossa régua de
corrediça moderna ou régua de cálculo.. O princípio das barras de Napier é baseado no método da
multiplicação de gelosia. Cada barra é dirigida por um numeral n e abaixo dela é seus vários múltiplos até
9 x n incorporados às pilhas diagonalmente divididas.
2
Foto da capa de Rabdologia extraída de http://www2.comune.roma.it/museomatematica/grafica/reg4.gif
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Representação das Barras de Napier
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uma tábua que dá os logaritmos dos senos de ângulos, para minutos sucessivos de arco, o que despertou
interesse imediato e amplo da comunidade científica da época.
Suponhamos que queremos multiplicar 53 por 7. Colocamos primeiramente as barras dirigidas por
5 e por 3 de lado a lado de modo a formar o número 53. Em seguida verificamos qual é a sétima linha, que
corresponde ao multiplicador, Nela localizamos os valores que devem ser somados de acordo com cada
casa decimal. Assim, obteremos o resultado da multiplicação, ou seja:
53 x 7
A sua primeira observação apontou que o produto de dois termos da primeira progressão está
associado com a soma dos dois termos correspondentes da segunda progressão. Para manter os termos da
progressão geométrica, suficientemente próximos, de modo que se possa usar interpolação para preencher
as lacunas entre os termos, deve-se escolher um número próximo de 1.
1
Por isso que Napier fixou esse valor em (1 – ), que é igual 0,9999999, e para evitar muitas
10 7
casas decimais, ele o multiplicava por 107. Então, sendo N um número e L o respectivo "logaritmo",
Napier assim o definia:
L
1
N = 10 1 − 7 =>
7
10
L
7
1 10 10 7
N = 10 x [ (1 - 7 )
7 ] .
10
7
1 10
expoente, (1 – ) , percebe-se que quanto mais se aumenta o valor na potência de dez,
10 7
7 n
1 10 1 1
(1 – 7 ) = 1 − n =
10 10 e
100
1
Observe: 1 − = 0,3660
100
1000
1
1 − = 0,3677
1000
10000000
1
1 − = 0,3679
10000000
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3
Era um grande astrônomo amador que estudava o desenvolvimento das estrelas e a estimativa dos tempos.
4
Johann Kepler (1571-1630), astrônomo alemão, assistente do famoso, mas briguento, astrônomo
dinamarquês-sueco Tycho Brahe.
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que circundavam os trabalhos dos astrônomos da época. No entanto, apareceram algumas relações
trigonométricas que não tinham solução e dificultavam os astrônomos. Então, coube a Burgi, desvendar
alguns mistérios na trigonometria, onde, podemos citar algumas:
Isto facilitou a kepler a manejar os meios trigonométricos de sua época, pois não sabia a quem recorrer.
Assim, os ensinos desta modesta ratificação o levaram a inventar mais tarde os logaritmos.
0 500 1000
0 100000000 100501227 101004966
10 100010000 100511277 101015067
20 100020001 100521328 101015108
30 100030003 100531380 101035271
40 100040006 100541433 101045374
50 100050010 100551487 101055407
5
Nicolas Chuquet(1445-1488), pensador que escreveu a primeira álgebra em francês.
6
Michael Stifel(1486-1567), maior algebrista alemão do século XVI.
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60 100060015 100561543 101065584
70 100070021 100571599 101076691
80 100080028 100581656 101085799
210 100010210 100512491 101017289
220 100020231 100522562 101027411
230 100030253 100532634 101037533
240 100040276 100542707 101047657
250 100050300 100552787 101057782
260 100060325 10056285 1010679
270 100070351 100572933 101078095
280 100080378 100583011 101088162
290 100090400 100593180 101098291
Fazendo uma síntese, observamos que o preenchimento das lacunas que foi dado pela razão fixa 1 + 10-4,
então, multiplicando as potências por 108 e seus índices por 10, obtém-se:
10 L
1
1 + 4
N= 108 10 =>
Onde, chamava 10L o número “vermelho” correspondente ao número “preto” N. Logo,
10 L
1
10 4 10 4
1 +
10 4
N=
Fixando o olhar para dentro do colchete, e aumentando a potencia de dez, mas próximo N está de um certo
valor. Isso significa que:
10 4 n
1 1
1 + 4 1 + n
10 = 10 = e.
Observe:
100
1
1 + = 1,01100 = 2,704813...
100
1000
1
1 + = 1,0011000 = 2,7146023...
1000
1000000
1
1 + = 1,0000001100 = 2,718280...
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e = 2'718281828459045.....
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terem bases. Os logaritmos de Napier foi inventados em termos de progressões geométricas, enquanto o de
Burgi em termos algébricos.
Considerações finais
Não obstante, a descoberta dos logaritmos, podemos afirmar a importância das idéias e da
mentalidade que geraram um método tão eficaz para desenvolver os princípios matemáticos na forma de
logaritmo quanto foi a criação de Napier e Burgi. Seus esforços e anseios foram constantes em busca de
meio que ajudasse a sociedade da sua época. Não se importavam com tempo, pois as informações
históricas a esse respeito deixam evidente que a criação desses matemática exigiu muitas horas na busca
de seus objetivos. Enfrentaram dificuldades, mas foram capazes de supera-las. A construção desses
logaritmos jamais será apagada da história, porque deixaram para a época subsídios suficientes para o
crescimento cientifico.
Hoje, porém, com o advento das sofisticadas e cada vez mais baratas calculadoras portáteis,
ninguém mais, em sã consciência, usa uma tábua de logaritmos ou uma régua de cálculo para fins
computacionais. O ensino dos logaritmos como um instrumento de cálculo, está desaparecendo das
escolas, os famosos construtores de réguas de cálculo de precisão estão desativando sua produção e
célebres manuais de tábuas matemáticas estudam a possibilidade de abandonar as tábuas de logaritmos. Os
produtos da grande invenção de Napier e Burgi tornaram-se, para alguns, peças de museu.
Referencias
FLEGG, Graham. Numbers. Their history and Meaning. New York: Peguin Books, 1984.
COLLETTE, Jean – Paul. El Comienzo de Las Matemáticas Modernas. Espanha: Ed. Siglo XXI,
1985.
EVES, Howard. Introdução à história da matemática. São Paulo: Ed. da UNICAMP, 1997.
HOGBI, Lancelot. Maravilhas da matemática. Porto Alegre: Ed. Globo, 1952, vol.1.
HORSBURGH, E. M. (Ed.). Modern Instruments and methods of calculations. A handbook of the Napier
centenary exhibition. Londres: G Bell and Sons Ltda/Royal The Society of Edinburgh, 1915.
KNOT, Cargill Gilston (Ed.). Napier. Tercentenary Memorial Volume. Londres: Longmans, Green and
company/Royal Society of Edinburgh, 1915.
NAUX, Charles. Historie des logarithmes de Neper a Euler. Paris: Librairie scientifique et technique A.
Blanchard, 1966, tome I.
http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/JobsBurg.html.
Acesso em 23/10/2006.
http://iesgo.edu.br/cursos/matematica/arquivos_alunos/tcc_1_2006/dilmar_e_jailton.doc.
Acesso em 20/10/2006.
http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm44/historia.htm Acesso em 24/10/2006
http://www.cepa.if.usp.br/e-calculo/funcoes/logaritmica/historia/hist_log.htm.
Acesso em 22/10/2006.
http://www.mat.ufpr.br/~pet/II_brincando/fun_exp_log.htm.
Acesso em 20/10/2006.
http://www.urcamp.tche.br/matematica/trabalhos/abordagem.html.
Acesso em 21/10/2006.
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