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Curso de Eletrodinâmica Clássica I. 2005.

1 Departamento de Fı́sica - UFPE 1

Aula 15 - 24/05/2005

Potencial Vetor e Indução Magnética. Correntes Localizadas:


momento magnético, força e torque e energia

Ref: Jackson §5.5 - 5.8

Objetivos:
~ e gerados por uma distribuição de correntes
• Cálculo da Indução Magnética B
localizadas: conceito de momento magnético.
• Cálculo da Força e do Torque sobre uma distribuição de correntes localizadas
por fonte de indução magnética externa.
• Equações magnetostáticas macroscópicas: corrente de magnetização.

Considerar uma região do espaço de tamanho caracterı́stico l com uma densidade de


~ x′ ), como mostra a figura.O potencial vetor A(~
corrente J(~ ~ x) gerado por esta distribuição
em um ponto de observação P localizado em ~x é dado por:

Z L
~ x′ )
~ = µ0
A
J(~
d3 x′ (1) bP
4π |~x − ~x |

~ x′)
J(~
Considerar o ponto de observação longe da fonte,
isto é, L ∼ |~x| ≫ |~x′ | ∼ l. Expandir o denomi- bc
nador de (1) em potências de ~x′ /|~x|: ~x′ ~x

bc
1 1 ~x · ~x′
≃ + + ··· 0
|~x − ~x′ | |~x| |~x|3
l
e substituir em (1):
 Z Z 
~ µ0 1 ~ ′ 3 ′ 1 ~ ′ ′ 3 ′
Ai (~x) = Ji (~x )d x + 3 Ji (~x )(~x · ~x )d x + · · · (2)
4π |~x| |~x|
A expressão acima é análoga à expansão em multipolos, como veremos adiante.

Identidade: Sejam g(~x′ ) e f (~x′ ) funções bem comportadas de ~x′ na região onde J(~ ~ x′ ) 6= 0.
Supor inicialmente que ∇ ~ ′ · J(~
~ x′ ) 6= 0. É válida a identidade.
Z n o
~ x′ ) · ∇
f (~x′ ) J(~ ~ ′ g(~x′ ) + g(~x′ ) J(~
~ x′ ) · ∇
~ ′ f (~x′ ) + f (~x′ ) g(~x′ )∇
~ ′ · J(~
~ x) d3 x′ ≡ 0 (3)

1
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Prova: Para mostrar a identidade, integrar o 20 termo partes:


0
Z z }| { Z
~ ~ ′ 3 ~ − f ∇
g J · ∇ f d x = (g J)f ~ ′ · (g J)d
~ 3 x′ =
S
Z h i
= ~ ~ ′ ~ ′ ~
f J · ∇ g + g ∇ · J d3 x′ .

onde o primeiro termo é nulo admitindo que as correntes são localizadas e o segundo é
desmembrado usando ∇ ~ · (ψ~a) = ~a · ∇ψ
~ + ψ∇
~ · ~a. Substituindo no lado esquerdo de (3)
verifica-se a nulidade da expressão.

Considerar os seguintes casos:


~ ′ · J(~x′ ) = 0, logo:
1. Escolher g(~x′ ) = x′i , f (~x′ ) = 1 e ∇

Z
Ji (~x′ )d3 x′ ≡ 0 (4)

Obs.: o termo de “cargas”ou monopolo se anula!

~ ′ · J(~x′ ) = 0, logo
2. Escolher f (~x′ ) = x′i , g(~x′ ) = x′j e ∇
Z
(x′i Jj + x′j Ji )d3 x′ = 0 (5)

Usando (5) para calcular o segundo termo em (2) teremos:


Z X Z Z
′ 3 ′ ′ 3 ′ 1X  ′ 

~x · ~x Ji (x )d x ≡ ′
xj xj Ji (x )d x = xj xj Ji (~x′ ) − x′i Jj (~x′ ) d3 x′ =
j
2 j
Z  Z 
1X ′ ~ 3 1 ′ ~ ′ 3 ′
= − εijk xj (~x × J)k d xi = − ~x × (~x × J(~x ))d x
2 jk 2 i

onde 




 +1 se (i, j, k) é permutação par de (x̂, ŷ, ẑ)


εijk = −1 se (i, j, k) é permutação ı́mpar de (x̂, ŷ, ẑ) (6)






 0 em outros casos (ı́ndices repetidos)

Definição : Magnetização ou densidade de momento magnético

~ x) = 1 (~x × J(~
M(~ ~ x)) (7)
2
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Momento Magnético:
Z
m
~ = ~ x)d3 x
M(~ (8)

Logo, o momento magnético da densidade de corrente localizada é:


Z
1 ~ x))d3 x
m
~ = (~x × J(~ (9)
2 v

Obs: Análise dimensional


NL torque N NL
[~µ] = = ; [B] = ∴ [~µ] = = A L2
[ B] indução magnética AL N/AL
A
[M] = L 2 = A L−1 → [m] ~ = A L2
L
Vetor Potencial (termo lı́der)
  Z 
~ i (~x) ≃ µ0
A
1
~x · J~i (~x )d xi
′ 3 ′
4π |~x|3
| {z }
(−~
x×m)
~ i

Portanto, o vetor potencial (termo lı́der) pode ser escrito como:

~ x) = µ0 m
A(~
~ × ~x
(10)
4π |~x|3

Obs: Análogo de potencial escalar de um dipolo elétrico.


Z
1 p~ · ~x
Φ(~x) = , p~ = ~x′ ρ(~x′ )d3 x′ .
4π ∈0 |x|3

~ =∇
Indução Magnética: B ~ × A.
~
Calculando o rotacional de (10):

~ = µ0 3n̂(n̂ · m)
B
~ −m
~
onde
~x
= n̂ (11)
4π |~x|3 |~x|

que é análogo ao campo do dipolo elétrico:


3n̂(~p · n̂) − p~
E(~x) =
4π ∈0 |~x|3
Exemplo: Corrente confinada no plano.
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Z
1 ~ x′ )d3 x′
m
~ = + ~x′ × J(~
2
I
I
= ~x′ × d~l = I A (12) A
2 c
c
b
onde usamos 0

1 ′
|(~x × d~ℓ)| = da
2 x~′ da
∴ |m|~ = I × A(área da espira) I

Obs: m
~ ⊥ ao plano da corrente!

Se a densidade de corrente é formada por um conjunto de partı́culas de carga qi , massa


Mi e velocidade ~vi no ponto ~xi , podemos escrever:
X
J~ = qi~vi δ(~x − ~xi ) :
i

Substituindo em (9) teremos:

1X 1 X qi ~
m
~ = qi (~xi × ~vi ) = Li (13)
2 i 2 i Mi

onde L ~ i é momento angular da i-ésima partı́cula! Se todas as partı́culas têm a mesma


razão carga/massa, obtemos:
q ~
m
~ = L (14)
2M

~ é o momento angular total.


onde L
Obs:

1. Relação (14) é válida para o movimento orbital (clássico).


2. Falha quando se aplica para elétrons e outras partı́culas elementares, onde o mo-
mento intrı́nseco (spin) com um fator ∼ 2 ocorre para elétrons (fator giromagnético).
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~
Integral de volume do campo B:

Considerar a integral (vetorial) do campo de n̂ J~fora = 0


indução B~ no volume V que limita a densidade
de corrente:
Z Z R
~ 3
B(~x) d x = ~ ×A
∇ ~ d3 x
r<R r<R
Z
2
= R dΩ n̂ × Â
J~1 6= 0 J~2 6= 0

Obs: r < R: todas as fontes de corrente estão


confinadas
R na esfera3 de raio
R R.
~ ~
Usamos v ∇ × A d x = S n̂ × Ada. ~ Substituindo
~
A pela expressão geral (1) teremos:
Z Z Z ~ ′" #
~ x)d~x = R2 µ 0 J(x )
B(~ dΩ n̂ × d3 x′
r<R r=R 4π |~x − ~x′ |
Z Z
µ0 R 2 3 ′ ~ ′ n̂
=− d x J(x ) × dΩ
4π r=R |~x − ~x′ |

onde n̂ ≡ (sin θ cos φ, sin θ sin φ, cos θ).


Mas,

 q q  
 2π 2π


 sin θ cos φ = − 3
[Y 11 (θ, φ) − Y 1−1 (θ, φ)] = 3
Y11∗ − Y1−1


 q q  
n̂ = sin θ cos φ = + 2π
i [Y 11 (θ, φ) + Y 1−1 (θ, φ)] = − 2π
i Y ∗
11 + Y ∗
1−1
(15)
 3 3



 q q
 cos θ = 4π Y10 = 4π Y10∗

3 3

Substituir |~x − ~x′ |−1 pela sua expansão em harmônicos esféricos


l
1 X 1 r< ∗
= 4π l+1
Ylm (θ, φ) Ylm (θ′ , φ′ )
|~x − ~x |

l,m
(2l + 1) r>
Z l
Z 
n̂ X 1 r< ∗
dΩ = 4π l+1
dΩ n̂ Ylm (θ, φ) Ylm (θ′ , φ′ ) (16)
r=R |~x − ~
x ′|
l,m
2l + 1 r > r=R
R
Usando a expressão de n̂ (15) e a condição de ortogonalidade dΩ Yl∗′ m′ (θ, φ) Ylm (θ, φ) =
δll′ δmm′ em (16) resulta:
Z (r r r )
1 1 r< 2π  ′∗ ′∗
 2π   4π
dΩ = 4π 2 Y11 − Y1−1 x̂ + (−i) Y11′∗ + Y1−1′∗
ŷ + Y ∗ ẑ
|~x − ~x′ | 3 r> 3 3 3 10
4π r<
= 2
n̂(θ′ , φ′ ) (17)
3 r>
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Assim, resulta para a integral do campo de indução:


Z Z 2
~ µ0 R r< ′ ~ ′ 3 ′
B(~x)d~x = 2
~x × J(x )d ~x (18)
r<B 3 r ′ r>

Se as correntes estão confinadas em R: temos r< = r′ e r> = R. Logo

Z
~ x)d~x = 2µ0 m
B(~ ~ momento magnético total (19)
r<R 3

Mas, se as fontes (correntes) estão fora de R, temos r< = R e r> = r′ ). Neste caso

Z 3 Z  
~ x)d~x = 4πR B(0)
B(~ ~ com ~
B(0) =
µ0 ′
J(~x )
−~x′
d3 x′ (20)
r<R 3 4π |~x|

Para generalizar a definição de campo de indução de um dipolo (eq. 11) para incluir a
informação sobre fontes na origem, podemos escrever:

 
~ µ0 3n̂(n̂ · m)
~ −m
~ 8π
B(~x) = − m
~ δ(~x) (21)
4π |x|3 3

Força e Torque sobre uma distribuição de corrente localizada submetida a um campo de


indução externo

~ x)
B(~ Campo externo

Considerar uma distribuição de correntes confi-


nadas J(~~ x) submetida a uma campo de indução
~ x). A força e o torque exercidos sobre a dis-
B(~
~ x)
tribuição de corrente são dados, respectivamente, J(~
por: Densidade de corrente
c
b localizada
Z
F~ = ~ x) × B(~
J(~ ~ x)d3 x (22) ~x
Z
~τ = ~ x) × B(~
~x × [J(~ ~ x)]d3 x (23)
b
0
Supor que B ~ varia suavemente em L e expandir
~
B(x) em série de Taylor:
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~ k (0) + · · · ∴
Bk (~x) = Bk (0) + ~x · ∇B (24)
 0


 z
Z }| { Z 

X  
′ 3 ′ ′ ′ ~ 3 ′
Fi = εijk Bk (0) Jj (~x )d x + Jj (x )~x · ∇Bk (0)d x + · · · (25)

 

jk  
X
= ∈ijk (m ~ jB
~ × ∇) ~ k (~x) (26)
x=0
~
jk

onde as derivadas devem ser feitas primeiro pra depois fazer ~x = 0 e onde usamos que
Z  Z 
′ 3 ′ 1 ′ ~ ′ 3 ′
~x · ~x Ji d x = − ~x × ~x × J(~x )d x (27)
2 i

~ k (0). Portanto a força pode ser escrita como:


trocando ~x → B

F~ = (m× ~
~ ∇)× ~ = ∇(
B ~ m· ~
~ B)− m( ~ B)
~ ∇· ~ → F~ = ∇(
~ m ~
~ · B) (Termo lı́der) (28)

Interpretação Fı́sica:

1. Esta força representa a taxa de variação do momentum mecânico total, incluindo os


momenta mecânicos ocultos associados à presença do momentum eletromagnético
(como será visto no problema 6.5). O momentum do campo eletromagnético é dado
por: Z
~
Pcampo eletromagnético = ǫ0 E~ × Bd
~ 3x (29)
v

~ ×B
onde E ~ é vetor de Poyting (densidade de momentum eletromagnético).

2. Pode ser vista também como −∇U ~ M (~x) onde UM (~x) = −m ~ ou seja o gradiente
~ · B,
da energia potencial magnética do dipolo magnético m ~ em presença do campo de
~
indução B(~x).
Aplicação: Uma partı́cula carregada movendo-se com velocidade ~v em um campo de
indução uniforme descreve uma trajetória helicoidal ao longo da direção do campo.
Nos planos perpendiculares a essa direção a projeção da trajetória é circular. Esse
movimento circular é, na média, equivalente a uma espira que possui um momento
magnético efetivo. Se a partı́cula encontra uma região onde há um gradiente do
campo de indução B~ esse momento magnético efetivo sofrerá (em primeira ordem)
uma força proporcional a seu momento magnético. A componente do gradiente na
direção do movimento (longitudinal) produzirá uma força desaceleradora que poderá
causar a inversão do movimento quando a partı́cula encontrar regiões mais densas
~ Por exemplo, considere uma partı́cula carregada em um campo magnético.
de B.
B~ = B(z)ẑ, com m ~ = mẑ sendo o momento magnético efetivo da carga em movi-
mento circular no plano (x, y). A força sobre m ~ é ∇(mB(z))ẑ ∼ mdB(z)/dz ẑ.
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Portanto a força será desaceleradora


enquanto dB(z)/dz for negativo, ou
seja quando houver concentração de
linhas de força. Essa força repulsiva
é responsável pelo fenômeno dos espel-
hos magnéticos que tem importante pa-
pel no confinamento de plasma em gar-
rafas magnéticas. Na figura ao lado
mostramos exemplos de técnicas de
confinamento em garrafas magnéticasa .
.
a
http://www.nasatech.com/Briefs/Mar01/MFS31289.html
Outras aplicações mais recentes usam este fenômeno no aprisionamento de átomos
em experimentos de condensação de Bose-Einstein sem usar lasers1 .

...the Yale team is now using a new medium for magnetic mirrors,
floppy disks, from which they made a converging mirror. The re-
searchers sealed the disk across the open end of a tube, and evacu-
ated the air from the tube. The suction made the disk bow inward,
forming a concave surface able to focus reflected atoms into a sin-
gle point. Future possibilities also include using magnetic mirrors
to construct a ”reflection grating”for atoms in order to study their
wavelike properties.
Phillip F. Schewe and Ben Stein, The American Institute of Physics
Bulletin of Physics News, 235 July 28, (1995).

Torque total sobre uma distribuição de correntes confinada.

~ x) pode ser obtido através da


O torque total sobre uma distribuição de correntes J(~
definição: Z
~τ = ~x × (J~ × B)d~ 3x (30)
ou Z h i XZ h i
~τi = ~ ~
d~x ~x × (J × B) = ~ ~
d~x εijk xj (J × B)k (31)
i
jk

Usando a expansão (24) podemos escrever o termo lı́der na forma:


XZ h i
~τi ≃ ~ ~
d~xεijk xj (J × B(0))k (32)
jk

Deste modo, teremos:


Z
~τ = ~ J~ − (~x′ · J)
[(~x′ · B) ~ B]d
~ 3x = m ~
~ × B(0) (33)

1
T.M. Roach et al, Physical Review Letters, 24 July 1995. Ver também
http://newton.ex.ac.uk/aip/physnews.235.html e http://www.iop.org/EJ/abstract/1464-4266/1/4/303
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onde o primeiro termo foi calculado com o auxı́lio da integral:


Z  Z 
′ 3 ′ 1 ′ 3 ′
~x · ~x Ji d x = − ~x × (~x × J)d x + definição de m
~
2 i

e o segundo com o auxı́lio da identidade (3) fazendo f = g = r′ .


Em suma:
~τ = m ~
~ × B(0) (34)

~
análogo ao torque sobre um dipolo magnético permanente ~τ = ~µ × B.

Energia Potencial Magnética

A expressão da força sobre uma distribuição de corrente confinada sugere que a energia
potencial (associada ao termo lı́der) magnética pode ser escrita como:
U = −m ~
~ ·B (35)
Se B~ é uniforme, o torque é o negativo da derivada em relação ao ângulo. Logo a con-
figuração de mais baixa energia é aquela em que m ~
~ k B.
Obs:
• A expressão (35) não representa a energia total. É necessário fornecer trabalho para
manter constante a corrente J~ que deixa m ~ constante. No processo de trazer o m ~
~
para a posição final em relação a B, na fase transiente deve-se considerar os efeitos
de variação temporal dos campos. Voltaremos a esse ponto após a discussão da Lei
de Indução de Faraday.
• A expressão é importante no estudo dos efeitos do campo de indução magnético
sobre os nı́veis de energia atômicos, tais como o efeito Zeeman e a estrutura fina e
hiperfina do espectro de energia. Ver comentários do Jackson no final da seção §5.7
(pgs. 190-191)
~
Equações Macroscópicas para B:

No interior dos materiais as correntes locais (elétrons) em escala atômica flutuam


fortemente (espaço-temporal). Microscopicamente deve-se levar em conta o movimento
orbital (momento magnético orbital) e o momento magnético intrı́nseco que contribuem
significativamente em escala atômica (microscópica). Mas, para tratar o problema em
escala macroscópica onde a densidade da corrente é estacionária ou constante é necessário
definir regiões macroscópicas onde médias espaciais possam ser tomadas. . Uma discussão
detalhada de como essa médias podem ser realizadas será feita mais adiante. Agora
faremos apenas em esquema para um tratamento elementar.
Lembrar:
~ ·B
∇ ~ ~ ·B
~ macro = 0
micro = 0 → ∇ (36)
∴ ~ macro = ∇
B ~ ×A
~ macro → A~ macro (~x) (37)
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Magnetização (média)

A magnetização média macroscópica ou densidade de momento magnético do meio é


definida por: X
~ (~x) =
M N i < mi > (38)
i

onde Ni = # moléculas para unidade de volume e mi é o momento magnético molecular


médio em pequeno volume dV centrado em ~x.
Supor existem, também, correntes oriundas do movimento de cargas livres. Neste caso
o potencial vetor produzido por um pequeno elemento de volume ∆V no ponto ~x é dado
por:  

 ~ x′ )∆V ~ (~x′ ) × (~x − ~x′ )∆V 


µ0  J(~ M
~=
∆A  +


4π  |~x − ~x′ | |~x − ~x′ |3 
| {z } | {z }
correntes livres magnetização do meio
Integrando em todo espaço:
Z " ~ ′ ~ (~x′ ) × (~x − ~x′ )
#
~ x) = µ0
A(~
J(~x )
+
M
d3 x′ (39)
4π |~x − ~x |
′ |~x − ~x |
′ 3

O segundo termo pode ser trabalhado:


Z Z  
~ (x ) × (~x − ~
x ′
) 3 ~ (~x ) × ∇~ 1
M ′
3

dx = M ′ ′
d3 x′ =
|~x − ~x |
′ |~x − ~x |

Z
M~ (x′ ) ~′ ~ x′ )
3 ′ ∇ × M (~
= − d x
|~x − ~x′ | |~x − ~x′ |
S

~ . Observe na primeira
onde o temo sobre S é nulo por conta da localização finita de M
passagem a troca de sinal e variável de derivação do operador laplaciano. Com essa
expressão é possı́vel escrever:
MJ~
z }| {
Z ~ ′ ~ ′ ~ ′
~ x) = µ0
A(~
J(~x ) + ∇ × M (~x ) 3 ′
dx
4π |~x − ~x′ |
onde identificamos:

~′×M
JM = ∇ ~ (~x) Densidade de corrente efetiva (40)

~ ×B
Calculando ∇ ~ de forma análoga à ∇
~ ×B
~ ~
micro = µ0 Jmicro resulta:
h i
∇~ ×B ~ = µ0 J~ + ∇ ~ ×M (41)
~ × [B
∇ ~ − µ0 M ] = µ0 J~ (42)
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~ = B/µ
Definindo H ~ 0−M
~ resulta:

~ ×H
∇ ~ = J,
~ com ~ ·B
∇ ~ =0 (43)

~ ·D
produz um resultado análogo ao da eletrostática, isto é: ∇ ~ =0e∇
~ ×E
~ = 0.

Resumo: Equações Macroscópicas para Magnetoestática.

~ ×H
∇ ~ = J~ ~ = 1B
H ~ −M
~ ~ ·B
∇ ~ =0
µ0

Resumo: Equações Macroscópicas para Eletrostática.

~ ·D
∇ ~ =ρ ~ = ǫ0 E
D ~ + P~ ~ ×E
∇ ~ =0

Obs: Os campos E ~ e B
~ são os campos fundamentais (valem em qualquer escala): D ~
~ estão associados aos efeitos macroscópicos causados pelo meio (só valem na escala
eH
macroscópica).

Meios Magnéticos: Equação Constitutivas

Para meios magnéticos é necessário conhecer as equações constitutivas que relacionam


~
BeH~ ou seja:
B~ = F [H]
~

Para meios diamagnéticos e/ou paramagnéticos isotrópicos temos:

~ = µH
B ~ meios lieares (44)

onde µ é a permeabilidade magnética do meio.



µ
1 − ∼ 10−5
µ > µ0 meio paramagnético (45)
µ0
µ < µ0 meio diamagnético (46)

No caso dos meios ferromagnéticos:

~ = F (H)
B ~ meio não-linear. (47)

onde a função F inclui dependência da história prévia do material.


Nas figuras abaixo mostramos um diagram tı́pico de um ciclo de histerese e um esquema
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~
de medição para µ 2 . Valores tı́picos de µ(H)/µ 6
0 são da ordem de 10 para substâncias
altamente permeáveis. Para materiais magnéticos ordinários o valor de mu medido na
região linear é da ordem de 10 ∼ 104 para campos fracos.

Ciclo de histerese tı́pico Esquema de medição para µ.

2
http://www.ndt-ed.org/EducationResources/ CommunityCollege/MagParticle/Physics/HysteresisLoop.htm

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