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ANÁLISE – THE DEBT de Paul Laurence Dunbar

Observamos uma forma fixa, três quartetos, com ritmo entre os versos que
possuem uma certa regularidade. Esse padrão nos traz como evidência um apego a
tradição. Seu título, “A dívida”, nos revela uma gama de possibilidades. Que dívida será
essa? Uma dívida em dinheiro? Uma dívida pessoal? Uma dívida social?
O texto revela um eu-lírico arrependido, por um motivo desconhecido, graças a
um só dia de tumulto. A libertação dessa “dívida”, para o eu-lírico, é a morte, mas ele
está decidido a pagar. No primeiro verso, temos indícios do que o poema trabalhará
mais sobre do que se trata essa conta (com a presença do pronome “This”). Também
revela que a conta está sendo paga no presente. No segundo verso, temos a parcialidade
do eu-lírico com a quantidade de dias que gerou essa conta (“um dia”). Veja a dualidade
entre o erro que foi cometido (só um dia) contra a consequência (anos).
É perceptível que aquilo que foi comprado não é uma coisa material, não é um
produto, mas a compra é o próprio erro, que (pensava o eu-lírico) traria uma
consequência ínfima. Mas o termo “juros” nos revela que, com o tempo, a situação se
torna ainda mais insustentável. A dívida é cada vez maior. O termo “luto” dá a ideia de
uma tristeza por morte de alguém querido, mas quem seria esse alguém querido? Que
tumulto foi esse causado?
Podemos imaginar que o eu lírico metaforiza os seus deslizes no amor, sejam
esses deslizes como momentos de infidelidade ou de desentendimento com a pessoa
amada. Imaginamos se associarmos a um contexto de infidelidade, é comum observar
pessoas amadas que não perdoam casos de infidelidade de seus esposos/esposas. Nesse
caso, o eu-lírico se vê numa situação sem volta, onde aquele seu ato, único, de um dia
apenas, resultou no fim de seu relacionamento com a pessoa amada, o que gerou nele
“anos de arrependimento e luto”.
Apesar dessa possibilidade, não podemos excluir outras possíveis, e isso
depende do leitor. Importante, na verdade, é observar a capacidade imaginativa que o
poema gera em quem lê.
Podemos estabelecer aqui um esquema com isotopias semânticas, com a
presença do plano de isotopia /DEBT/ em um sentido mais literal, com os vocábulos
“debt”, “Day”, “years”, “pay”, “bought”, “slight”, “small”, “poor”, “interest”. Há, ainda,
a isotopia do erro: /MISTAKE/, com as palavras “riotous”, “regret”, “grief”, “sorrow”,
“relieif”, “release”, “peace”.

André de Oliveira

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