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resença da tecnologia já afetou, de maneira positiva,

diversas áreas da sociedade. Segundo Marcelo Mejlachowicz,


CEO e cofundador da Veduca, a educação é um dos setores que
possui mais oportunidades para usar a tecnologia de uma
forma disruptiva.

Conhecida como EdTech, essa nova forma de abordar a


educação utiliza o poder da tecnologia para oferecer uma
forma inovadora de aprendizagem. Processos burocráticos
serão simplificados e gerenciados de forma mais eficiente,
dando aos professores mais tempo para focar nas necessidades
de cada aluno.

“O ensino híbrido, por exemplo, permite que você mude a


dinâmica da sala de aula e transforme em algo mais atrativo
para os alunos dessa nova geração. Nele, os alunos estudam a
teoria online e usam o tempo com Esse tipo de abordagem está
gerando bons resultados dentro das salas de aula. De acordo
com um estudo realizado por pesquisadores americanos,
universitários submetidos a aulas tradicionais são mais
propensos à reprovação do que alunos em contato com
métodos de aprendizado mais estimulantes, como o ensino
híbrido. Além disso, a análise mostra que abordagens que
transformam os alunos em participantes ativos, ao invés de
apenas ouvintes, impulsionam notas em cerca de 6%.

Para Lucas Gomes, Diretor de Produto e Crescimento da Quero


Educação, os benefícios da implementação de tecnologia na
educação são muito maiores do que as dificuldades. “A
tecnologia permite que mais pessoas tenham acesso à
educação, além de fornecer, de forma customizada,
informações específicas para cada tipo de pessoa. Isso tem um
impacto muito importante no aprendizado que a pessoa tem”,
afirma ele.

De acordo com Marcelo Mejlachowicz, apesar da tecnologia


trazer uma capacidade de pensar diferente, é necessário
apostar em uma adoção inteligente dessas inovações. “Nós
temos que tomar cuidado quando falamos de tecnologia e
soluções para educação porque elas não resolvem todos os
problemas. A tecnologia ajuda a gente a pensar de formas
diferentes e potencializa a aprendizagem, mas não faz nada
sozinha”, defende.

Segundo Samir Iásbeck, CEO e fundador da Qrânio, a tecnologia


em prol da educação está muito mais avançada do que a
capacidade das escolas de adotarem soluções inovadoras. “Há
um tempo atrás algumas universidades distribuíam um tablet
quando o aluno fazia sua inscrição, mas depois não sabia o que
fazer com ele dentro da sala de aula e ainda corria o risco de
alguns professores proibirem o uso... Então fica uma
contradição em relação a tecnologia”, afirma ele.
Apesar disso, o ensino online não passa pelas mesmas
dificuldades, utilizando a tecnologia de forma assertiva e
considerado uma das tendências do setor de educação. “O EAD
deixou de ser algo exclusivo e passou a fazer parte do processo
de aprendizado. Daqui a pouco a gente não vai ver a diferença
entre o EAD e o presencial. Ninguém vai chegar em você, por
exemplo, e perguntar se você fez EAD ou se foi presencial...
Você simplesmente estudou”, defende Mejlachowicz.

O crescimento desse novo setor será significativo nos próximos


anos. De acordo com um estudo da EdTechXGlobal, o mercado
de tecnologia de educação crescerá 17% ano a ano a fim de
atingir US$ 252 bilhões até 2020.
O Brasil, segundo um relatório da Potencia Ventures e do
Instituto Inspirare, é um cenário promissor para a propagação
dessas EdTechs. Com base no contexto educacional de seis
estados brasileiros – Alagoas, Bahia, Minas Gerais,
Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo – cerca de 190
organizações, em sua maioria startups, desenvolvem produtos
e soluções inovadoras voltados para o ensino.
QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS DA
TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO?
Aprimora a qualidade da educação
O uso de soluções tecnológicas nas escolas agiliza as
atividades e proporcionam novos caminhos para o ensino ao
criar novas metodologias e aperfeiçoar o processo
educacional. Além disso, o ambiente escolar é ampliado para
fora do horário da aula, melhorando a produtividade da lição
de casa.

A tecnologia também contribuirá para que o Índice de


Desenvolvimento da Educação Básica no Brasil (Ideb) alcance,
em 2022, a meta de 6,0 proposta pelo Ministério da Educação
(MEC).

Estimula a criação e cria novas competências


De acordo com a Unesco, os estudantes aprendem mais
quando usam a tecnologia para criar novos conteúdo de forma
independente, ao invés de serem somente receptores. Além
disso, quando o conteúdo é passado de forma atraente e
dinâmica os alunos tendem a ter um interesse maior e buscar
novas formas de resolver possíveis problemas.

No Chile, por exemplo, alunos do ensino fundamental


participaram de um projeto cujo objetivo era valorizar os
povos nativos. Os estudantes pesquisaram, criaram, gravaram
e editaram seu próprio vídeo contando a história da etnia
escolhida. Além de estimular novas experiências por meio de
uma cultura digital, a tecnologia desperta a curiosidade e
constrói novas competências que contribuirão para o
desenvolvimento do aluno no futuro.

Melhora o desempenho dos alunos


A implementação de novas soluções no ambiente escolar
contribui para a diminuição dos índices de reprovação e
evasão escolar. Ao utilizar plataformas online, os professores
são capazes de desenvolver uma educação personalizada,
facilitando o ensino de acordo com a região e com os pontos
fortes e fracos de cada aluno.

Uma pesquisa realizada pela Unesp mostra que o uso de


soluções educativas personalizadas melhora em 25% o
desempenho dos estudantes em matemática e física em
comparação aos conteúdos trabalhados de forma expositiva.
O estudo foi desenvolvido durante dois anos e avaliou o
rendimento de 400 alunos de uma escola estadual no interior
de São Paulo.

Aproxima alunos e professores


De acordo com o documento da Unesco, a ideia de o
computador substituir o docente e oferecer automaticamente
a informação aos estudantes gera resultados pobres.

Ou seja, a tecnologia não pode substituir o trabalho do


professor, mas sim agregar valor a ele. Com ela, o professor
começará a atuar como um mediador cuja função é orientar
os alunos, identificar qual dispositivo é melhor para cada
situação e dar feedback de acordo com a necessidade dos
estudantes. Além disso, com a tecnologia nas escolas, é
possível aumentar a integração e o diálogo entre alunos e
professores uma vez que ambos são capazes de aprender
juntos.

QUAIS INOVAÇÕES ESPERAR PARA A


EDUCAÇÃO NO FUTURO?
Inteligência Artificial
Segundo um relatório da Pearson, a inteligência artificial
transformará positivamente a educação: “A próxima geração
oferecerá um enorme potencial para o futuro da educação
[...]. Os professores podem acompanhar e apoiar cada aluno
durante os estudos – dentro e fora da escola, por meio da
tecnologia em nuvem acessada por múltiplos dispositivos”.

Um exemplo é o do professor Ashok Goel, que a fim de


melhorar o aproveitamento do seu curso online no Instituto
de Tecnologia da Geórgia, contava com a ajuda de uma
assistente, Jill Watson. Sua função era responder cerca de
10.000 mensagens enviadas pelos alunos em fóruns
relacionados ao tema da disciplina, auxiliando estudantes de
pós-graduação com questões de rotina. Mas Jill na verdade era
um robô – uma versão avançada do Watson, da IBM –
programada para compreender questões complexas, analisar
dados e apresentar respostas e soluções.

Outra plataforma que utiliza a inteligência artificial é o Geekie,


um software brasileiro que, ao interagir com o estudante,
traça um plano de estudos personalizado levando em
consideração os pontos fortes e fracos de cada aluno. Entenda
como funciona:

Impressão 3D

Professores estão transformando a dinâmica vigente, na


qual os alunos apenas consomem o conteúdo, ao empregar
impressoras 3D como ferramenta pedagógica. O uso desse
tipo de equipamento revolucionará os ambientes de ensino e
otimizará o papel do professor ao inserir mais didática,
interatividade e dinamismo nas aulas.

A implementação dessa tecnologia estimula o aprendizado


colaborativo, aumenta a exposição à resolução de problemas,
desenvolve habilidades requeridas no mercado de trabalho
futuro, produz novos conhecimentos e aumenta o
envolvimento do aluno ao colocá-los diante de novos
desafios.

No Japão, uma escola utiliza a tecnologia de impressão 3D


para auxiliar crianças com deficiência visual na realização de
pesquisa e na exploração de um universo que, caso não fosse
a impressora 3D, não seria apresentado a elas. A impressora,
que faz parte do projeto “Hands on Search”, é acionada por
comandos de voz e dá as crianças a oportunidade de tocar
objetos que elas não podem ver.

Realidade virtual
A realidade virtual está se tornando uma importante
aliada da educação. Devido ao alto impacto visual, diversas
instituições de ensino já estão apostando na realidade virtual
para aumentar o engajamento dos alunos e tornar as aulas
mais interessantes. A experiência educacional oferecida pela
realidade virtual permite que o aluno visualize o seu próprio
ambiente, como a sala de aula, mesclado a objetos virtuais.

Segundo a Diretoria de Políticas de Formação, Materiais


Didáticos e de Tecnologias para a Educação Básica do MEC,
para melhorar a fixação dos conteúdos apresentados em aula
é essencial proporcionar experiências que aproximem o aluno
da prática. Logo, com a implementação da realidade virtual o
processo de aprendizagem se tornaria mais concreto e
próximo à prática.
A Beenoculus, por exemplo, desenvolveu uma metodologia de
ensino chamada “Educação Imersiva em Primeira Pessoa” que
promete transformar o ensino formal, técnico e
profissionalizante no Brasil. A ferramenta transforma o
smartphone em um ambiente de realidade virtual por meio de
um aplicativo ou vídeo, utilizando uma máscara conectada ao
celular. Além do ensino em primeira pessoa, a Beenoculus
aproxima a teoria da prática, personaliza a experiência do
estudante, incentiva a curiosidade e, principalmente,
democratiza o ensino.

De acordo com Marcelo Mejlachowicz, a realidade virtual é a


melhor ferramenta para gerar empatia entre estudantes e
educadores uma vez que ela permite que uma pessoa viva a
experiência de outra. Mas, segundo o especialista, é preciso
cuidado na hora de adotar essa tecnologia.

“O potencial que a realidade virtual tem na educação é


gigantesco. Mas nós temos que entender todo o processo de
aprendizado para entender como essa tecnologia vai afetar o
aluno. Temos que fazer um trabalho pedagógico muito grande
para descobrir com isso vai ser usado da melhor forma”, conta.
Gamificação

A gamificação, que aplica conceitos de jogos em outras


atividades, engaja os alunos a resolverem problemas reais,
aprimora o aprendizado, desperta a curiosidade e estimula o
pensamento analítico e o desenvolvimento de novos
conhecimentos. De acordo com Samir Iásbeck, a gamificação
leva o aluno a um aprendizado por consequência e, por conta
disso, acaba sendo mais divertido.
Além disso, a gamificação estimula os alunos a se
envolverem no processo de aprendizagem ao explicar um
conceito amplo por meio de uma série de elementos
menores. No método, utilizado pela Qrânio, os alunos
recebem um feedback imediato sobre suas respostas, medem
seu progresso por meio da coleta e armazenamento de dados,
ganham recompensas ou premiações e constroem seu
conhecimento sobre o tema abordado de uma maneira mais
dinâmica.

Os chamados serious games transformam a educação em


algo mais leve e fluído para os alunos. Porém, quando
desenvolvido de forma incongruente para o público, a
gamificação pode não ser efetiva. “Não tem porque você fazer
um jogo de console ou de RPG para ensinar alguma coisa para
um determinado público, se esse público não gosta desse tipo
de jogo”, defende Samir.

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