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FHO – Uniararas – Geologia – 6º período

Dinâmica da crosta terrestre I: cadeias meso-oceânicas, falhas e dobras

Principais feições do assoalho oceânico profundo

Longe das bordas dos continentes e das zonas de subducção, o assoalho oceânico profundo é construi ́do,
fundamentalmente, por vulcanismo relacionado aos movimentos da tectô nica de placas e, secundariamente, pela
sedimentação em mar aberto.

DORSAIS MESOCEÂ NICAS

As dorsais mesoceânicas são os lugares onde a intensidade da atividade vulcânica e da tectô nica do assoalho
oceânico profundo é maior. O vale em rifte (vale estreito e comprido, resultante do abaixamento de um bloco na
crosta terrestre entre falhas ou zonas de falhas) principal é o centro da ação. As paredes do vale são falhadas e
introduzidas com derrames de basalto (figura 1), e o assoalho dos vales é coberto com derrames de basalto e
blocos de rochas provindos das paredes adjacentes, misturados com um pouco de sedimento depositado a partir
das águas de superfi ́cie.

FIGURA 1 - Um perfil do vale em rifte da Dorsal Mesoatlântica na área FAMOUS (“Estudo Submarino Mesoceânico Franco-
Americano” – French-American Mid-Ocean Undersea Study) a sudoeste das ilhas dos Açores. O vale profundo, onde a maior
parte do basalto é extravasada, está falhado.

As fontes hidrotermais formam-se no assoalho do vale em rifte à medida que a água do mar que percola nas
fraturas do basalto e nos flancos da dorsal é aquecida, movendo-se para baixo e percolando o basalto mais quente
(figura 2). Por fim, ela extravasa no assoalho do vale, onde se aquece a temperaturas que chegam até 380°C.
Algumas fontes são “fumarolas negras”, cheias de sulfeto de hidrogênio e metais dissolvidos que a água quente
lixiviou do basalto (figura 3).

FIGURA 2 - Próximo a centros de expansão, a água do mar circula pela crosta oceânica, é aquecida pelo magma e injetada
novamente no oceano, formando chaminés pretas e depositando minerais no assoalho oceânico.

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FIGURA 3 - A água quente liberada de fontes hidrotermais ao longo de dorsais mesoceânicas (visi ́vel aqui como uma pluma do
que parece fumaça negra) está repleta de nutrientes minerais, dos quais os microrganismos quimioautotróficos obtêm energia.

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Outras são “fumarolas brancas”, mais frias, que têm uma composição diferente de bário, cálcio e silicio. As
fumarolas negras e brancas produzem pelotas de argilominerais ricos em ferro, óxidos de ferro e manganês e
grandes depósitos de sulfetos de ferro, zinco e cobre.

Em muitos locais, as dorsais mesoceânicas e os vales em rifte estão deslocados lateralmente por falhas
transformantes. Grandes terremotos ocorrem nessas falhas, à medida que uma placa desliza em relação à outra.
As rochas coletadas das paredes das falhas transformantes têm, frequentemente, composições ricas em olivina
ti ́pica do manto, em vez da composição basáltica ti ́pica da crosta oceânica.

COLINAS E PLANI ́CIES ABISSAIS

O assoalho do oceano profundo longe das dorsais mesoceânicas é uma paisagem de colinas, planaltos, bacias com
sedimento no fundo e montes submarinos. As colinas abissais são frequentes nas encostas das dorsais
mesoceânicas. Sua altura tem tipicamente cerca de 100 m ou mais, e estão alongadas paralelamente à crista da
dorsal (figura 4).

FIGURA 4 - Um perfil do vale em rifte da Dorsal Mesoatlântica na área FAMOUS (“Estudo Submarino Mesoceânico Franco-
Americano” – French-American Mid-Ocean Undersea Study) a sudoeste das ilhas dos Açores. O vale profundo, onde a maior
parte do basalto é extravasada, está falhado.

MONTES SUBMARINOS, CADEIAS DE ILHAS DE PONTOS QUENTES E PLANALTOS

O fundo do mar está crivado de dezenas de milhares de vulcõ es. A maioria são montes submarinos submersos,
mas alguns atingem a superfi ́cie do mar como ilhas vulcânicas. Os montes submarinos e as ilhas vulcânicas podem
ser isolados ou encontrados em grupos ou cadeias. A maioria deles, quando não todos, é originada por erupções
próximas aos centros de expansão ativos ou onde uma placa recobre um ponto quente do manto.

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Alguns dos maiores montes submarinos, chamados de guyots (figura 5) têm topos achatados, como resultado da
erosão de uma ilha vulcânica. Essas ilhas submergiram à medida que a placa na qual estavam localizadas esfriou-se,
contraiu-se e subsidiu enquanto se afastava do centro de expansão ou ponto quente que a formou.

Figura 5 – Guyots: o nome atribuído ao geólogo e geógrafo suíço Arnold H. Guyot.

FALHAS

Falha é uma fratura que desloca a rocha em ambos os lados paralelos à ela. Podemos medir a orientação da
superfi ́cie da fratura, ou superfi ́cie da falha, por sua direção e mergulho, assim como fazemos com outras
superfi ́cies geológicas (figura 6). O movimento do bloco de rocha de um lado da falha com relação ao do outro lado
pode ser descrito pelo rejeito e pelo deslocamento total. Em falhas pequenas, como aquelas mostradas na Figura 7,
o deslocamento pode ser de apenas alguns metros, enquanto ao longo de uma falha transformante grande, como
a de Santo André, ele pode chegar a centenas de quilô metros (figura 8). Acontece em estado rúptil.

Fig. 6 - A direção e o mergulho de uma camada rochosa definem sua orientação em um determinado local. A direção é o ponto
cardeal de uma camada rochosa ao longo de uma linha de sua intersecção com uma superfi ́cie horizontal. O mergulho é o
ângulo de maior inclinação da camada a partir da horizontal, medido em ângulo reto com a direção de mergulho. Aqui, a
direção é leste-oeste, e o mergulho é de 45° para o sul.

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Fig. 8 - Vista da Falha de Santo André, mostrando o movimento para o noroeste da Placa do Paci ́fico com relação à Placa da
América do Norte. O mapa mostra uma formação de rochas vulcânicas com 23 milhõ es de anos que foi deslocada 315 km. A
falha estende-se desde o topo até a base da fotografia (linha pontilhada). Note o deslocamento do curso d’água.

Fig. 7 - Uma exposição de camadas de rochas, anteriormente conti ́nuas, permanentemente deslocadas ao longo de pequenas
falhas por forças tectô nicas extensionais.

DOBRAS

O dobramento é uma forma comum de deformação observada em rochas acamadas (como na figura 9). As dobras
ocorrem quando uma estrutura originalmente plana, como uma camada sedimentar, é dobrada para formar uma
estrutura curva. A deformação pode ser produzida por forças horizontais ou verticais na crosta, do mesmo modo
que pode se dobrar uma folha de papel empurrando um de seus lados contra o oposto, ou empurrando-a para
baixo ou para cima em um de seus lados a deformação nas rochas que resulta no encurvamento. Acontece em
estado dúctil.

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Figura 9 - Rochas sujeitas a forças tectô nicas são deformadas por dobramento e falha- mento. (a) Uma exposição de camadas
de rochas, originalmente horizontais, dobradas por forças tectô nicas compressivas.

Assim como as falhas, as dobras podem ter vários tamanhos. Em muitos sistemas de montanhas, majestosas
dobras de grande extensão podem ser traçadas, algumas delas com dimensõ es de muitos quilô metros (Figura 10).
Em uma proporção bem menor, camadas sedimentares muito delgadas podem ser amassadas em dobras de
poucos centi ́metros (Figura 11). O encurvamento pode ser suave ou severo, dependendo da magnitude das forças
aplicadas, do peri ́odo de tempo em que as mesmas foram aplicadas e da habilidade das camadas de resistir à
deformação.

As rochas acamadas que foram dobradas em arco, com a concavidade para baixo, são chamadas de anticlinais; já
aquelas dobradas com a concavidade para cima, formando calhas, são denominadas de sinclinais (Figura 12). Os
dois lados de uma dobra são chamados de flancos.

FIGURA 10 - Dobras em grande escala nas rochas sedimentares que formam Mount Kidd, Parque Provincial Peter Lougheed,
Alberta, Canadá.

FIGURA 11 - Dobras em pequena escala em camadas sedimentares de anidrito (claro) e folhelho (escuro) no oeste do Texas
(EUA). Obs: anidrito é uma rocha evaporítica, esbranquiçada, translúcida (esverdeada, avermelhada, acinzentada) em razão da
presença de impurezas.

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FIGURA 12 - O dobramento de camadas rochosas é descrito pela direção da dobra (para cima ou para baixo) e pela orientação
do eixo da dobra e do plano axial.

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