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Gestão dos Ambientes Virtuais


de Aprendizagens
Gestão dos Ambientes Virtuais de Aprendizagens
Autoria: Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Como citar este documento: ALEIXO, Tayra C. N. Gestão dos Ambientes Virtuais de Aprendizagens.
Valinhos: 2017.

Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: Teorias da aprendizagem e conectivismo 06
Assista a suas aulas 28
Unidade 2: Estudo dos ambientes virtuais 34
Assista a suas aulas 54
Unidade 3: Modalidades de educação mediada pela tecnologia 61
Assista a suas aulas 78
Unidade 4: O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial 85
Assista a suas aulas 104

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Gestão dos Ambientes Virtuais de Aprendizagens
Autoria: Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Como citar este documento: ALEIXO, Tayra C. N. Gestão dos Ambientes Virtuais de Aprendizagens.
Valinhos: 2017.

Sumário
Unidade 5: Aspectos estruturais de alguns AVAs 111
Assista a suas aulas 130
Unidade 6: A aprendizagem colaborativa e outros recursos 138
Assista a suas aulas 157
Unidade 7: A avaliação somativa e formativa em AVAs 165
Assista a suas aulas 184
Unidade 8: Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva 192
Assista a suas aulas 210

3
3/217
Apresentação da Disciplina principais teorias de aprendizagem. As mais
antigas serão apresentadas rapidamente,
A presente disciplina vai tratar, basica- enquanto o conectivismo, nova proposição
mente, da gestão dos Ambientes Virtuais teórica para entender a aprendizagem na
de Aprendizagens. Para tanto, irá traçar um era da internet, receberá maior atenção.
caminho teórico para articular e tencionar
Na segunda unidade, tendo em vista as dif-
os pontos nefrálgicos acerca desse tema.
erentes formas de aprender, você irá obser-
Em primeiro lugar, diferente do termo que a var a evolução dos ambientes virtuais e co-
maior parte dos autores vem trabalhando, laborativos. Também será possível entender
a ementa desta disciplina propõe o termo o que é o Learning Management System (LMS),
Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) bem como o impacto dele na educação con-
com a palavra “aprendizagem”, no plu- temporânea.
ral, indicando a forma como a virtualidade
As diferentes modalidades de educação
pode atender e disponibilizar novas formas
mediadas pela tecnologia constarão na
de aprender, extrapolando a linearidade da
Unidade 3, em especial, o ensino mediado
oralidade e da cultura escrita de outrora
por computador e como essa nova forma
presentes nos suportes educacionais.
de aprender impacta a rotina das pessoas e
Na primeira unidade serão apresentadas as também a rotina da escola. Sistemas e am-
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bientes de gerenciamento também estarão para compor o quadro iniciado na unidade
nesse item. anterior, tencionando as finalidades destas
na educação esperada para o futuro.
Já o confronto entre ambientes virtuais e
presenciais ocorrerá na Unidade 4 e como Por fim, a Unidade 4 traz os ambientes vir-
a ideia de “presença” tem sido modificada tuais de aprendizagens à luz da perspectiva
com a internet. Enquanto isso, a unidade inclusiva. Dentro desse tema, alguns desa-
cinco trará alguns aspectos estruturais de fios e tendências serão colocados na pau-
Ambientes Virtuais de Aprendizagens pre- ta de discussões para aprofundar o debate
viamente selecionados, como o Moodle, acerca da função social e política da educa-
Blackboard. ção nos dias atuais.
A Unidade 6 reserva o debate sobre a apren- Bons estudos!
dizagem colaborativa e como o ambiente
virtual proporciona a interação liberta das
amarras de tempo e de espaço. Além dis-
so, traz algumas técnicas educativas para
acompanhar o processo de ensino-aprendi-
zagem do aluno. Na mesma esteira, a Unida-
de 7 traz as avaliações somativa e formativa

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Unidade 1
Teorias da aprendizagem e conectivismo

Objetivos

1. Reconhecer as mediações presentes


na construção da realidade.
2. Conhecer as teorias clássicas de
aprendizagem.
3. Entender a teoria do conectivismo.

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Introdução

O presente capítulo tem por função apre- o atual contexto, no qual a educação está
sentar as principais teorias de aprendiza- imersa, ou seja, como os alunos de hoje es-
gem, articulando-as umas com as outras. tão apropriando-se das tecnologias da in-
Vale ressaltar que existem diferentes for- formação e comunicação (TICs) para cons-
mas de aprender e algumas delas ainda não truir seu próprio conhecimento.
foram cientificamente estruturadas, tam- Em contrapartida, como as escolas vêm en-
pouco este texto dará conta de apresentar carando a apropriação desordenada das
todas as demais teorias existentes. TICs por parte dos alunos, coordenadores e
Portanto, haverá uma breve visita às linhas professores. Nesse sentido, a construção da
teóricas de maior reconhecimento para, realidade passa convidar as TICs e colocá-
em seguida, apresentar e tencionar a teo- -las em um lugar de privilégio.
ria conhecida como conectivismo. De outro A unidade se dividirá em introdução, apre-
modo, como a emergência da internet tem sentação das teorias clássicas e apresenta-
influenciado as novas formações e media- ção da teoria do conectivismo. Perpassan-
ções do ser humano, especialmente, na po- do todos os tópicos haverá uma perspectiva
sição de aluno. comunicacional, delineando as novas me-
Não obstante, o conectivismo é identificado diações, possíveis, hoje.
como uma teoria alternativa para explicar
7/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo
1. Contexto contemporâneo e as teúdos televisivos associados à criminali-
novas mediações dade, maior a distorção delas em relação à
realidade – passam a acreditar em um maior
Desde o começo do século passado, o con- envolvimento das pessoas com os crimes,
texto social convive com a presença cada seja como vítimas, delegados ou advogados
vez maior da mídia. Seja através da televi- (MARTINO, 2013).
são, rádio, internet ou jornal, as pessoas po- A mídia, portanto, compõe o rol de elemen-
dem e, sim, aprendem com tal disposição de tos que constroem a realidade, em especial,
informações e de conteúdos audiovisuais. ela própria pauta conversações públicas e
Nesse sentido, a mídia faz parte da reali- casuais. Essa ideia refere-se à hipótese do
dade social das pessoas e da construção Agenda Setting, proposta na década de
dessa realidade compartilhada. Por exem- 1970 por Maxwell McCombs e Donald Shaw,
plo, conforme mostraram as pesquisas re- pesquisadores da Universidade de Austin,
alizadas pelo pesquisador norte-americano no Texas (WOLF, 2001).
George Gerbner na década de 1970, as pes- No entanto, as pessoas não aprendem so-
soas tendem a acreditar que as produções mente através da mídia. A relação interpes-
televisivas são reflexo da realidade, ou seja, soal e das pessoas com a mídia faz com que
quanto mais expostos a programas e con- os conteúdos midiáticos sejam constante-
8/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo
mente ressignificados, ou seja, o convívio social imerso no ambiente midiático permite a circula-
ção pulverizada das informações. Confira o trecho a seguir que faz a ponte entre esses conceitos:

Esses sistemas de circulação ampliam, no tempo e no espaço, os proces-


sos de produção de sentidos, que extrapolam, assim, não só os limites das
representações da mídia, mas também os movimentos restritos da recep-
ção. A recepção passa a ser vista não mais como algo individual, mecânico
e efêmero, mas como processo que se prolonga no tempo e se difunde
no contexto sociocultural. A produção de sentidos se dá nas apropriações
vivenciadas pelos receptores em seu lugar social, em interação com seus
pares, marcada por experiências de interpretação, balizada por mediações
socioculturais (BARROS, 2012, p. 80).
As mediações, por sua vez, são próprias de cada um, variando de pessoa para pessoa, mas tam-
bém vinculadas às estruturas de sentido compartilhadas por uma cultura ou sociedade. História
pessoal, cultura, relações sociais imediatas e capacidade cognitiva são algumas mediações indi-
viduais que acabam compondo o caminho de decodificação das pessoas na recepção midiática
ou analógica que, quando partilhadas com os demais, sofrem novas alterações (MARTIN-BAR-
BERO, 1997).
9/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo
Para saber mais Link
Jesus Martin-Barbero é um dos maiores pensado- Mediações & Midiatização é um livro que reúne
res atuais da América Latina. Seu livro Dos meios textos que trazem algumas definições acerca de
às mediações (1997) causou grande impacto nos termos como mediação, midiatização, medium e
estudos de comunicação, revelando-se como al- mídia ou meios. Os textos contribuem para me-
ternativa à perspectiva linear que dominava o lhor entendimento acerca dos fenômenos atuais
pensamento científico da área até as décadas de vinculados à internet e como suas consequências
1960 e 1970. Tal perspectiva linear diz respeito ao reverberam na vida real. Acessem o livro atra-
paradigma emissor-receptor, no qual o poder de vés do link: <https://static.scielo.org/scielo-
produção concentra-se nas mãos de pequenos books/k64dr/pdf/mattos-9788523212056.
grupos da mídia, ao passo que o receptor recebe pdf> Acesso em: 29 out. 2017.
tal conteúdo de maneira passiva.

10/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo


Ao longo do tempo, vários autores e teorias
tentaram dar conta de explicar esse proces- Para saber mais
so de aprendizagem das pessoas. Algumas Teoria refere-se à tentativa do homem de siste-
grandes vertentes podem ser, hoje, identi- matizar uma área do conhecimento, cientifican-
ficadas como as de maior influência no de- do-a. Seria propriamente uma forma de enxergar,
correr do desenvolvimento dessa área do explicar e propor soluções para as questões que
saber. emergem desta área em si. Por outro lado, apren-
dizagem diz respeito ao processo de construção
No próximo item algumas teorias serão re-
cognitiva dos seres humanos. Juntando os dois
lembradas para, subsequentemente, a teo- termos, nas palavras de Marco Antonio Morei-
ria do conectivismo ser apresentada como ra (1999, p. 12), “uma teoria da aprendizagem é,
uma alternativa para explicar os processos então, uma construção humana para interpretar
de aprendizagem observados, hoje, na pre- sistematicamente a área de conhecimento que
sença das redes interconectadas. chamamos de aprendizagem. Representa o ponto
de vista de um autor/pesquisador sobre como in-
terpretar o tema aprendizagem, quais as varian-
tes independentes, dependentes e intervenien-
tes. Tenta explicar o que é aprendizagem e porque
funciona como funciona”.

11/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo


2.1 As teorias da aprendizagem: ência e universo das ideias configuraria um
o comportamentalismo grande terreno inalcançável, portanto, ne-
gligenciavam sua análise e, até mesmo, a
A primeira grande teoria que surge para consideração de sua existência.
propor uma compreensão acerca da apren-
Watson, Guthrie, Thorndike e Hull são al-
dizagem foi o behaviorismo. Essa forma de
guns dos expoentes dessa vertente teórica.
pensar a aprendizagem privilegiava a obser-
Em diferentes épocas, esses cientistas tes-
vação da relação entre estímulo-resposta.
taram a relação estímulo-resposta, inclu-
Em outras palavras, dadas as circunstâncias
sive em animais, reforçando o pensamento
específicas, o agente apresenta respostas
behaviorista (MOREIRA, 1999).
conforme os estímulos incutidos a ele (MO-
REIRA, 1999). Essa forma de entender o aprendizado mar-
cou uma época inteira e mais especifica-
De outro modo, os autores partiam da ob-
mente, sob diferentes concepções, todo o
servação “superficial” do comportamento,
século XX, iniciando na última década do sé-
ou seja, leva em consideração apenas a par-
culo XIX. Algumas ainda perduram até hoje
te observável do comportamento, por isso
como fundamentos de novas perspectivas
essa linha de pensamento também é conhe-
ou como parte dos currículos de alguns cur-
cida como comportamentalismo. A consci-
sos superiores.
12/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo
-resposta, traz também o condicionamen-
Para saber mais to como fator de aprendizagem, ou seja, o
autor estaria preocupado com elementos
A teoria behaviorista foi amplamente aclamada
intermediários do comportamento obser-
na época de sua concepção. Cartilhas sobre como
vável, nomeando-os como os condiciona-
criar os filhos eram distribuídas para a população,
mentos operante e respondente (SKINNER,
sugerindo que os deixassem chorando no berço
1972).
até que parassem por si só pois, caso estimulasse
a cessação do choro com o colo, por exemplo, a Em outras palavras, o processo de aprendi-
criança iria aprender que, chorando, conseguiria zagem estaria relacionado às consequên-
o que quer, no caso, o colo (MONTAGU, 1988). cias do comportamento (MOREIRA, 1999).
Em sua visão, Skinner prevê as consequên-
cias de escolhas e essas consequências po-
Ainda no terreno behaviorista, um dos gran- dem pautar novas escolhas, servindo como
des nomes é o do autor e psicólogo norte-a- uma espécie de processo de retroalimenta-
mericano Burrhus Frederic Skinner. Sua teo- ção que pode servir para reforçar ou deses-
ria atualizou a antiga perspectiva behavio- timular comportamentos através do condi-
rista mas, daquela vez, além do comporta- cionamento.
mentalismo presente na relação estímulo-
13/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo
2.2 As teorias da aprendizagem:
o cognitivismo Para saber mais
“A aprendizagem afetiva resulta de sinais internos
Existem, ao menos, três tipos de aprendiza- ao indivíduo e pode ser identificada com experi-
gens: afetiva, cognitiva e psicomotora. As ências tais com prazer e dor, satisfação ou des-
teorias de aprendizagem problematizam, contentamento, alegria ou ansiedade. Algumas
em larga medida, a aprendizagem cognitiva, experiências afetivas acompanham as experiên-
pois ela serve como base mesmo para o de- cias cognitivas. Portanto, a aprendizagem afetiva
senvolvimento das outras duas (MOREIRA, é concomitante com a cognitiva. A aprendizagem
1999). Desse modo, a maior parte dos estu- psicomotora envolve respostas musculares ad-
dos que se debruçaram sobre o processo de quiridas por meio de treino e prática, mas algu-
aprendizagem focaram na esfera cognitiva ma aprendizagem cognitiva é geralmente impor-
da questão. tante na aquisição de habilidades psicomotoras”
(MOREIRA, 1999, p. 152).

14/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo


A aprendizagem cognitiva foca nas estrutu- cólogo estadunidense David Paul Ausubel,
ras cognitivas: condicionamento, resolução subsunçores - estruturas de conhecimento
de novas situações, construção de novos específicos (MOREIRA, 1999).
significados, aquisição de informações para A máxima dessa vertente teórica é a cons-
compor repertório cognitivo, dentre outros trução do conhecimento. Esquemas e sig-
elementos (MOREIRA, 1999). nos também são levados em conta nesse
O processo de aprendizagem estaria, por- processo e são, de forma clara, vinculados
tanto, diretamente associado à construção aos construtos cognitivos de cada indivíduo
do saber através de novas experiências e re- (MOREIRA, 1999).
lacionamento entre anteriores e novos co- Alguns dos expoentes dessa linha de pensa-
nhecimentos. mento, são: Piaget, Vygotsky, Johnson-Laird
Apesar de também desconsiderar o âmbito e Ausubel (MOREIRA, 1999). Vale ressaltar
das ideias e da consciência, o cognitivismo que, assim como em todas as outras áreas
surge como uma alternativa ao pensamen- da ciência, as novas teorizações convidam
to behaviorista. Essa linha de pensamento as anteriores para compor sua argumen-
sugere a construção da esfera cognitiva do tação, seja para reforçar um ponto de vista
ser humano através de modelos mentais ou, então, refutar a compreensão anterior
sustentados por, como propôs outro psi- apontando suas lacunas.
15/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo
2.3 As teorias da aprendizagem:
o humanismo Link
Resenha do livro de Carl R. Rogers “Liberdade para
Por fim, o humanismo surge para dar ênfase Aprender”: <http://www.revistas.usp.br/reaa/
à pessoa humana. O autor mais conhecido article/view/45615> Acesso em: 29 out. 2017.
dessa área chama-se Carl R. Rogers, tam-
bém psicólogo estadunidense. Pensamentos, sentimentos e ações são es-
feras indissociáveis da vida humana, dessa
As ideias básicas do humanismo na edu-
forma, o indivíduo deve ser compreendido
cação giram em torno da liberdade para
e respeitado em sua integralidade. A visão
aprender, focando na proposta do ensino
humanista possui, enquanto foco, o cresci-
centrado no aluno (MOREIRA, 1999), e não
mento pessoal das pessoas.
mais na figura transmissionista do profes-
sor. Talvez por ser a mais recente (os textos in-
trodutórios datam do início deste século),
essa seja a perspectiva que melhor sustenta
as demandas individuais na era digital, bem
como contribui para explicar os fenômenos
colaborativos na rede, tópico de próximas
16/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo
unidades da disciplina. Por isso, alguns princípios humanistas ou cognitivistas serão resgatados
mais tarde e aprofundados para sanar demandas do debate travado na disciplina propriamente
dita.

3. O conectivismo

O conectivismo propõe uma teoria de aprendizagem voltada à era digital. Seu pressuposto bási-
co, como o próprio nome sugere, é a conectividade entre os agentes envolvidos no processo de
aprendizagem.
Esses agentes são, propriamente, os “nós” especializados ou fontes de informações, conforme
esclarece Siemens (2006, p. 29):

A aprendizagem é o processo de criação de redes. “Nós” são entidades externas


que podem ser usados para formar uma rede. Ou “nós” podem ser pessoas, or-
ganizações, bibliotecas, sites, livros, jornais, banco de dados, ou qualquer outra
fonte de informação. O ato de aprender (as coisas se tornam um pouco compli-
cado aqui) é um de criação de uma rede externa de nós, onde nos conectamos
e formar informações e fontes de conhecimento.
17/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo
Essa interconexão entre pessoas fomenta puderam notar que a organização de gru-
a aprendizagem, afastando a memorização pos fechados no Facebook para fins aca-
mecânica de outrora. Dessa forma, experi- dêmicos auxiliava os discentes na hora de
ências, informação e tecnologia transitam focar e desenvolver o trabalho proposto, re-
como fontes de aprendizagem para o ser conhecendo aquele espaço como legítimo
humano na era digital. da aprendizagem colaborativa.
Essa perspectiva promove a associação de Sobre a teoria do conectivismo, sua funda-
ideias, noção alinhada com as formas pe- mentação está sustentada por alguns prin-
las quais apreendemos um conteúdo. Por cípios, alguns deles deverão compor algu-
exemplo, se você não incorporar ou relacio- mas das próximas unidades, aprofundan-
nar com outros conhecimentos, o capítulo do-os na medida que for conveniente. Se-
do livro que você está lendo para a faculda- gundo Siemens (2005), esses princípios são:
de, muito provavelmente, será deletado da 1. A diversidade de opiniões sustenta a
sua memória horas depois. aprendizagem e o conhecimento.
Outro ponto importante é o foco. Após ob- 2. A aprendizagem dá-se através da co-
servar um grupo focal de alunos de publi- nexão a nós especializados e fontes
cidade da Universidade de Tiradentes, os de informação.
pesquisadores Linhares e Chagas (2015)
18/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo
3. Dispositivos não-humanos podem ser
fontes de aprendizagem. Link
4. A capacidade de adquirir novas apren- Para conhecer um pouco mais sobre a teoria do
dizagens é diretamente proporcional conectivismo, assista ao vídeo “Overview of con-
à postura crítica. nectivism” do Dr. George Siemens: <https://ed.
5. Conexões devem ser feitas e mantidas ted.com/on/AOHfIbxQ> É possível habilitar a
para sustentar o processo de aprendi- tradução automática no canto direito do vídeo.
zagem. Essas conexões servem para Acesso em: 29 out. 2017.
orientar o consumo de informações
das pessoas. Princípios como os de número 1, 2 e 5 justi-
6. Localizar interligações entre áreas ficam a crescente colaboração vista na rede.
do conhecimento, ideias e conceitos Ainda, segundo a pesquisa empírica tra-
é fundamental para o processo de vada por Linhares e Chagas (2015), alunos
aprendizagem. enxergam a transição entre o online como
7. Atualizar o conhecimento é primor- complemento para encontros presenciais
dial, uma vez que este não é estático. sendo, propriamente, esse complemento
ao processo de ensino e aprendizagem, ou
seja, segundo a pesquisa em questão, hoje é
19/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo
mais comum as pessoas organizarem-se na Indignados da Espanha traz a possibilidade
internet, em grupos, para executar traba- das pessoas serem porta-vozes delas mes-
lhos comuns do que se encontrar, presen- mas, deixando jornalistas e veículos de in-
cialmente, na casa de algum colega. formação tradicionais sem a possibilidade
No entanto, a face colaborativa da rede so- de apontar e conversar com os líderes do
cial na internet transcende a mera execução movimento.
de trabalhos acadêmicos. Segundo Marte- A possibilidade de posicionar-se através da
leto (2001, p. 72), a rede social representa internet, fomenta uma diversidade de opi-
“um conjunto de participantes autônomos, niões jamais vista noutros meios de comu-
unindo ideias e recursos em torno de valo- nicação e, justamente, essa abertura dialó-
res e interesses compartilhados”. gica, presente e possível na mídia social em
É nesse sentido que Manuel Castells (2013) questão, fomenta a busca por novas infor-
demonstra o potencial de organização da mações e constante atualização do conhe-
internet para fins de movimentos sociais cimento e revela, nitidamente, as diversas
em seu livro Redes de indignação e esperança: formas de aprender existentes.
movimentos sociais na era da internet. Como
exemplo desse potencial de organização
social através da internet, o manifesto dos
20/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo
Glossário
Behaviorismo (ou comportamentalismo): resgata a teoria de aprendizagem baseada em com-
portamentos observáveis.
Cognição: conhecimento, estrutura cognitiva da mente humana.
Pulverizadas: espalhadas em pequenas porções; polvilhadas.
Agenda Setting: hipótese na qual prevê que a agenda pública seja pautada na agenda midiática.

21/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo


?
Questão
para
reflexão

Se a história pessoal interfere na forma da pessoa ver


e entender o mundo, tal mediação deve ser levada em
consideração pela figura do professor. Como você acre-
dita que essa estrutura cognitiva pode interferir, posi-
tivamente, para a construção do conhecimento através
da aprendizagem formal?

22/217
Considerações Finais
• As teorias de aprendizagem podem ser divididas em comportamentalismo
(foco no comportamento), cognitivismo (foco na cognição) e humanismo
(foco na pessoa).
• O conectivismo surge para tentar explicar os processos de aprendizagem na
era digital.
• As mediações fazem parte do processo de aprendizagem das pessoas e de-
vem, juntamente à mídia, serem consideradas no ensino.
• Alguns princípios do conectivismo resgatam a noção de comunidade, pro-
movendo a colaboração no ambiente virtual.

23/217
Referências

ARAÚJO, Isabel Maria Torres Magalhães Vieira de. Será possível dissociar o conectivismo do
contexto do ensino superior actualmente? Indagatio Didactia, vol. 2(2), dez. 2010, pp. 104-
118.
BARROS, Laan Mendes. Recepção, mediação e midiatização: conexões entre teorias europeias
e latino-americanas. IN: JANOTTI JUNIOR, Jeder; MATTOS, Maria Ângela; JACKS, Nilda (Orgs). Me-
diação & Midiatização. Salvador: EDUFBA; Brasília: Compós, 2012.
CASTELLS, Manuel. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet.
Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
DOWNES, S. An introduction to connective knowledge. Disponível em: <http: //www. downes.
ca/cgi-bin/page.cgi?post=33034>. Acesso em 16 out. 2009.

DOWNES, S. (2007). What Connectivism Is. Disponível em <http://www.downes.ca/post/38653>.


Acesso em 12 abr. 2014.
DOWNES, S. Connectivism and its Critics: What Connectivism Is Not . Disponível em http://www.
downes.ca/post/53657. Acesso em: 28 dez. 2014.

24/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo


Referências

LINHARES, Ronaldo Nunes; CHAGAS, Alexandre Meneses. Conectivismo e aprendizagem cola-


borativa em rede: o facebook no ensino superior. Revista Lusófona de Educação, 29, 2015, pp.
71-87.
MARTELETO, Regina Maria. Análise de redes sociais – aplicação nos estudos de transferência da
informação. Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 1, p. 71-81, jan/abr 2001.
MARTÍN-BARBERO, J. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Ja-
neiro: UFRJ, 1997.
MARTINO, Luís M. de Sá. Teoria da Comunicação: ideias, conceitos e métodos. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2013.
MONTAGU, Ashley. Tocar: o significado humano da pele. São Paulo: Summus, 1988.
MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
SIEMENS, G. Learning Ecology, Communities, and Networks Extending the classroom. Dispo-
nível em <http://www.elearnspace.org/Articles/learning_communities.htm>. Acesso em 23 fev.
2014.

25/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo


Referências

SIEMENS, G. Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age. In: International Journal of In-
structional Technology & Distance Learning. Disponível em http://www.itdl.org/Journal/Jan_05/
article01.htm. Acesso em: 23 fev. 2014.

SIEMENS, G. Knowing Knowledge. Disponível em: http://www.elearnspace.org/ KnowingKnowl-


edge_ LowRes.pdf. Acesso em: 23 fev. 2014.

SKINNER, B. F. Tecnologia do ensino. São Paulo: Herder, 1972.


WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação: Mass media: contextos e paradigmas. Novas Tendên-
cias. Efeitos a longo prazo. O newsmaking. 6ª edição. Lisboa: Editorial Presença, 2001.
CASTELLS, M. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de
Janeiro: Zahar, 2013.

26/217 Unidade 1 • Teorias da aprendizagem e conectivismo


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Aula 1 - Tema: Teorias da Aprendizagem e Co- Aula 1 - Tema: Teorias da Aprendizagem e Conec-
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27/217
Questão 1
1. Qual a teoria de aprendizagem também conhecida por comportamenta-
lismo?

a) Behaviorista.
b) Construtivista.
c) Congestionista.
d) Conectivista.
e) Direitista.

28/217
Questão 2
2. Qual a teoria de aprendizagem que focaliza a estrutura de conhecimen-
to do ser humano?

a) Conhecentista.
b) Behaviorista.
c) Cognitivista.
d) Conectivista.
e) Conhecista.

29/217
Questão 3
3. Qual a teoria de aprendizagem que focaliza na pessoa?

a) Behaviorista.
b) Pessoísta.
c) Individualista.
d) Renascentista.
e) Humanista.

30/217
Questão 4
4. Propriamente, as mediações são:

a) Formas de entender o mundo.


b) Meios de comunicação.
c) Médias das avaliações somativas.
d) Revelações humanistas.
e) Parte do processo de leitura.

31/217
Questão 5
5. O conectivismo surge como uma teoria alternativa para explicar o pro-
cesso de aprendizagem na era digital. Nesse sentido, assinale a alternativa
que não condiz com um dos princípios desta teoria:

a) A diversidade de opiniões sustenta a aprendizagem e o conhecimento.


b) Conexões devem ser feitas e mantidas para sustentar o processo de aprendizagem.
c) Atualizar o conhecimento é primordial, uma vez que este não é estático.
d) A capacidade de adquirir novas aprendizagens é inversamente proporcional à postura críti-
ca.
e) Dispositivos não-humanos podem ser fontes de aprendizagem.

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Gabarito
1. Resposta: A. aprendizagem. A pessoa, nessa perspectiva,
configura o ponto de partida para entender
O behaviorismo refere-se ao comporta- o processo de aprendizagem.
mentalismo, ou seja, aos estudos voltados
à observação dos comportamentos no pro-
4. Resposta: A.
cesso de aprendizagem. Mediações são formas variadas de decodi-
ficar o mundo para além dos processos de
2. Resposta: C. recepção, ou seja, de entender e de compre-
ender a realidade vivida.
A palavra “cognição” pode ser entendida
como sinônimo de “conhecimento”. O cog- 5. Resposta: D.
nitivismo refere-se aos estudos que foca-
lizavam as estruturas cognitivas dos seres A capacidade de adquirir novas aprendiza-
humanos no processo de aprendizagem. gens é diretamente proporcional à postura
crítica. Em outras palavras, quanto maior a
3. Resposta: E. capacidade de aprender novas coisas, maior
será a sua postura crítica frente às novas si-
O humanismo reconhece esferas humanas tuações.
até então negligenciadas pelas teorias de
33/217
Unidade 2
Estudo dos ambientes virtuais

Objetivos

1. Estudar a evolução dos ambientes


virtuais, segundo disposição de tec-
nologias em diferentes épocas.
2. Identificar o significado da expressão
Learning Management Systems (LMS).
3. Tencionar a transição do ambiente
centrado no professor para o am-
biente centrado no aluno.
4. Localizar o âmbito colaborativo dos
ambientes virtuais, bem como dar
apontamentos para o futuro da edu-
cação a partir dessa nova reorgani-
zação social.
34/217
Introdução

Esta unidade propõe estudar os ambientes De qualquer forma, esse ambiente virtual
virtuais. Mediante às diferentes técnicas promove a auto formação, sustentada pela
existentes em cada época, como esses es- necessidade e curiosidade dos alunos, afas-
paços têm evoluído e proposto novas for- tando-os da perspectiva de meros reposi-
mas de organização social e colaborativa. tórios de informação (FREIRE, 1967) e loca-
Nesse sentido, como os novos caminhos do lizando-os em comunidades cada vez mais
aprendizado têm agendado desafios aos Le- integradas e colaborativas.
arning Management System. De outro modo, Tanto por isso, o tem 2.1 traz aspectos da
como a gestão da educação tem apropria- transição que ocorre hoje na educação: o
do-se da tecnologia para atender a um pú- aluno como centro do processo de apren-
blico cada vez mais conectado e autônomo. dizagem tanto no ensino informal, como
Esse novo pensar virtual, e não humano, também o necessário reconhecimento da
tem sido interpretado de duas diferentes instituição escolar acerca desse fato.
formas: pelos olhos dos tecnófilos e pelos
olhos dos tecnófobos (RUDIGER, 2013), ou
seja, pode ser tanto visto com otimismo,
como também através de lentes pessimis-
tas.
35/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais
1. Os ambientes virtuais de aprendizagens

A literatura acadêmica enxerga uma bifurcação entre os ambientes virtuais e os ambientes vi-
venciados concretamente. Enquanto os primeiros são próprios de uma realidade outra que não a
vida real, os ambientes “reais” exigem a presença física da pessoa humana (KENSKI, 2007).
Acerca dos ambientes virtuais voltados para aprendizagem, Almeida (2003, p. 331; grifo da au-
tora) define:

São sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao suporte


de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Per-
mitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informa-
ções de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos
de conhecimento, elaborar e socializar produções, tendo em vista atingir de-
terminados objetivos. As atividades se desenvolvem no tempo, ritmo de tra-
balho e espaço em que cada participante se localiza, de acordo com uma in-
tencionalidade explícita e um planejamento prévio denominado design educa-
cional, o qual constitui a espinha dorsal das atividades a realizar, sendo revisto
e reelaborado continuamente no andamento da atividade.
36/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais
Se levado em consideração o significado vés da televisão (ou telecursos), por exem-
do termo “virtual”, tal ideia pode abranger plo, podem ser entendidos como ambientes
muito mais que o medium (caminho para o virtuais de aprendizagens, mas a interação
fluxo informacional) da internet e, até mes- entre os estudantes e professores era muito
mo, preceder o surgimento dessa ambiência burocrática ou até mesmo inexistente, con-
digital. Segundo Pierre Levy (2001), o virtual forme já denunciava Paulo Freire na segun-
refere-se a uma potencialidade, algo possí- da metade do século passado (1967).
vel de ser atualizado e realizado.
Dessa forma, o virtual sempre existiu. O co-
nhecimento sempre esteve presente, vir- Para saber mais
tualmente, em livros e artigos de jornais Os telecursos ainda existem e atendem a um pú-
impressos, por exemplo. A internet traz, de
blico específico, oferecendo escolaridade básica
maneira mais ampla, e como jamais vista
em outros meios, a virtualidade da educa- a pessoas com defasagem idade-ano, a jovens e
ção através de uma nova ambiência: a vir- adultos e como alternativa para pessoas que mo-
tual. ram em municípios ou comunidades distantes
No entanto, o que vem sendo entendido dos centros urbanos. Confira os cursos do Globo:
como “ambiente” virtual diz respeito ao es- <http://educacao.globo.com/telecurso/in-
paço mediado por tecnologias. Posto de ou- dex-2.html> Acesso em: 30 out. 2017.
tra forma, cursos a distância realizados atra-
37/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais
O que surge de novo na internet, e que tal- se dispõem a ensinar algum conteúdo atra-
vez não esteja ainda muito bem alinhado, vés das novas tecnologias da informação e
seria a interação síncrona entre professores da comunicação.
e alunos. Em outras palavras, interações si- Existem, hoje, tanto plataformas e-learning
multâneas entre esses agentes do processo públicas quanto privadas (KENSKI, 2007).
educacional. Uma pessoa, interessada em conhecer os
As interações síncronas e assíncronas são desafios da agricultura para o século XXI,
vistas nas plataformas que sustentam os por exemplo, pode cursar um dos inúmeros
cursos que subsidiam a aprendizagem na cursos disponíveis na plataforma Edx que
internet. A chamada plataforma e-learning reúne grandes universidades internacional-
conta com um Sistema de Gestão da Apren- mente reconhecidas, como Harvard, Berke-
dizagem (do inglês, Learning Management ley e o MIT (Massachusetts Institute of Te-
System ou, simplesmente, LMS). chnology).
Essa nova plataforma ainda apresenta inú-
meros desafios para a gestão, demonstran-
do a enorme responsabilidade que possuem
os dirigentes das escolas ou mesmo pessoas
– professores ou profissionais da área – que
38/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais
rados como meros complementos ou, ain-
da, conforme aponta Vani M. Kenski (2007),
como simples recursos didáticos, longe de
Link alcançar toda a potencialidade que possui,
deixando de provocar mudanças significati-
Com a missão de garantir o acesso a conteúdos
vas no processo de ensino.
educativos de qualidade, a plataforma Edx dis-
ponibiliza diversos cursos, de várias áreas do co- No entanto, os alunos de hoje não esperam
nhecimento, para profissionais e demais interes- a informação chegar até eles, mas pelo con-
sados em ampliar o repertório cognitivo. Conheça trário, vão ao encontro delas e a rede contri-
essa plataforma e-learning: <https://www.edx. bui para a organização de ideias e pessoas
org/> Acesso em: 30 out. 2017. em torno de assuntos comuns, promovendo
a aprendizagem coletiva (TAPSCOTT, 1998)
Perceba que o livre acesso a conteúdos de com debates e troca de informações.
qualidade demonstra que barreiras indivi-
Conforme já aponta George Siemens (2004),
duais podem ser maiores do que barreiras de
mais importante do que você sabe hoje é a
poder no ensino formal (escolha das grades
habilidade de aprender o que precisará sa-
de disciplinas dos cursos, seleção de conte-
ber amanhã e, com ampla disponibilidade
údos mais relevantes para o professor en-
de matérias avulsas, a pessoa deve ter a ca-
quanto indivíduo, e assim por diante). Além
pacidade de selecionar aquilo que julga per-
disso, os ambientes virtuais ainda são enca-
tinente investir tempo para aprender.
39/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais
Para saber mais Link
Devido à ampla gama de informações, conteú- Foco não é dar atenção a tudo que você vê. Confi-
dos e conexões entre pessoas na rede, algumas ra o vídeo do pesquisador do Laboratório de Neu-
apropriações têm ferido a ética e comprometido rociências Clínicas da Escola Paulista de Medici-
a própria formação voltada ao desenvolvimento na da UNIFESP, Pedro Calabrez: <https://www.
de competências do aluno. O plágio ou serviços youtube.com/watch?v=yILOsgQXHjg> Aces-
de encomenda de trabalhos prontos impede a de- so em: 30 out. 2017.
vida construção do saber, sem contar que negli-
gencia a lei, mas vários softwares têm combatido Cada vez mais pessoas têm conectado-se
essa prática, sendo esse o caso do Copy Spider. em busca de lançar conteúdos relevantes
Conheça melhor essa ferramenta que pode ser para outras pessoas (KENSKI, 2007). Desse
usado por você antes de entregar trabalhos aca- modo, não somente através da educação
dêmicos: <http://www.copyspider.com.br/ formal, as pessoas têm aprendido muito
main/> Acesso em: 30 out. 2017. umas com as outras e com instituições de
ensino do outro lado do globo, na rede. Para
Panitz (1997), a colaboração sugere a res-
ponsabilidade de todos os envolvidos, con-
40/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais
figurando um estilo de interação voltado para a vida social.

2. A aprendizagem colaborativa

A aprendizagem colaborativa escapa dos limites da escola para compor uma nova ética, voltada
à aprendizagem mútua. A expressão webness traz a ideia de que a colaboração no processo de
aprendizagem é algo intrínseco à sociedade digital (KENSKI, 2007).
O trabalho em conjunto promoveria vantagens cognitivas aos envolvidos, corroborando com a
importância do conectivismo (estudado na unidade anterior) à diversidade de opiniões. Segundo
Crook (1998, p. 168):

Os estudos sobre a aprendizagem cooperativa contribuem para definir


uma estrutura de motivação e de organização para um programa global
de trabalho em grupo, enquanto que os estudos sobre a aprendizagem co-
laborativa incidem nas vantagens cognitivas derivadas dos intercâmbios
mais íntimos que se realizam ao trabalhar juntos.

41/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais


A diversidade de opiniões, defendida pelo
conectivismo, demonstra o caráter dialó- Para saber mais
gico dos debates entre discentes que orga- Nós especializados referem-se a portais, pessoas,
nizam grupos de trabalho na internet. Essa instituições, assim por diante. Confira um exem-
interação corrobora com a tendência do ser plo de nó especializado da área da comunicação:
humano em aprender, quando não neutrali- <http://meioemensagem.com.br>
zada pelo ensino linear das escolas (ROGERS
apud MOREIRA, 1999).
Não obstante, a rápida obsolescência in-
As aprendizagens colaborativas preveem a
cutida às atividades profissionais impac-
construção do conhecimento através do in-
ta diretamente o processo de aprendiza-
ter-relacionamento entre pessoas e outros
gem no contexto atual. Devido às rápidas
conhecimentos, chamados de “nós” espe-
transformações de qualificação, o ensino
cializados (LINHARES e CHAGAS, 2015).
superior deve subsidiar a formação flexível
e adequada para os profissionais atuantes
no mercado, promovendo a aprendizagem
contínua (ARAÚJO, 2010).

42/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais


Por isso, faz sentido fomentar comunidades de aprendizagem, nas quais utiliza-se tecnologias
como forma de privilegiar o processo de aprendizagem alinhado às necessidades de cada um, no
tempo disponível de cada um, reunindo duas características fundamentais: pertinência e conve-
niência.
Sobre as tensões reveladas na relação entre tecnologia e educação, com finalidade de reformular
as práticas educacionais, Vani M. Kenski (2007, p. 111; grifo da autora) escreve:

Não basta, no entanto, o uso de novas tecnologias, máquinas e equipa-


mentos para fazermos a reformulação necessária na educação. Isso até
poderia ser dispensável se a opção for privilegiarmos nas situações educa-
cionais a principal condição para a concretização dessas propostas: o estí-
mulo para a interação, a troca, a comunicação significativa entre todos os
participantes. Mais ainda, o mais importante é que essas pessoas estejam
reunidas em um determinado espaço com o objetivo maior de aprender
juntas. Esse é o ponto de partida para o início de um novo modelo educa-
cional diferenciado, que é a formação de comunidades de aprendizagem.

43/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais


A aprendizagem colaborativa atende às de- cimento passa a convidar o aluno para pro-
mandas do mundo globalizado, formando tagonizar seu próprio caminho de aprendi-
pessoas criativas e proativas para dar conta zagem.
de dominar novas tecnologias, bem como
as teorias vinculadas aos diversos contex- Vale ressaltar que esse caminho visita, em
tos, reconhecendo os caminhos para sanar grande medida, fontes informais de apren-
novas situações (ARAÚJO, 2010).
dizado, como tutorias no Youtube ou cole-
Nesse sentido, a educação passa a promo- gas no ambiente de trabalho. No entanto,
ver o aluno como protagonista desse pro-
cesso de aprendizagem propriamente dito, esse item vai focar na relação entre profes-
revelando uma nova estrutura de poder que sor e aluno, seja na sala de aula presencial
transborda os limites da sala de aula e figu- ou mediada por tecnologias.
ra também no ambiente online.
Muitos professores têm apropriado-se dos
serviços de broadcasting para transmitir
2.1 A transição do ambiente de
conteúdos a alunos de diversas regiões do
aprendizagem: do foco no pro- país. No entanto, essa prática, muitas ve-
fessor para o foco no aluno zes, negligencia a atenção e acompanha-
mento do aprendizado junto aos alunos,
Devido às novas demandas e graças às no-
configurando um modelo de transmissão
vas tecnologias da informação e da comuni-
de conteúdo típico de salas de aula tradi-
cação, o processo de construção do conhe-
cionais e pouco eficientes (KENSKI, 2007).
44/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais
Para que o processo de aprendizagem seja efetivo, professores devem levar em conta os aspec-
tos gerais da turma, bem como as características individuais de cada um. Essa atitude estaria
alinhada à perspectiva humanista, conforme revela Marco Antonio Moreira (1999, p. 147) ao
apontar a teoria de C. Rogers:

Link
A plataforma Professores lista docentes de diversas áreas que oferecem cursos particulares. Para conhecer,
acesse: <https://www.superprof.com.br/> Acesso em: 30 out. 2017.

Sua abordagem implica que o ensino seja centrado no aluno, que a at-
mosfera da sala de aula tenha o estudante como centro. Implica confiar na
potencialidade do aluno para aprender, em criar condições favoráveis para
o crescimento e auto-realização do aluno, em deixa-lo livre para apren-
der, manifestar seus sentimentos, escolher suas direções, formular seus
próprios problemas, decidir sobre seu próprio curso de ação, viver as con-
sequências de suas escolhas. O professor passa a ser um facilitador, cuja
autenticidade e capacidade de aceitar o aluno como pessoa e de colocar-
-se no lugar do aluno são mais relevantes, para criar condições para que
o aluno aprenda, do que sua erudição, suas habilidades e o uso que faz de
recursos instrucionais.
45/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais
Perceba que essa nova concepção de a escassez de oportunidades de fala para os
educação, centrada no aluno, promove a alunos (KENSKI, 2007).
autonomia intelectual das pessoas. Existe a Dentro da perspectiva de relacionamento
latente necessidade de trabalhar e formar aluno-professor, enquanto Vygotsky preo-
uma consciência ética e colaborativa para cupa-se com a interação social entre con-
figurar nesse cenário. Essas premissas texto e indivíduo, Jean Piaget foca na qua-
devem figurar entre as funções da lidade da transmissão do conhecimento, ou
educação (para o futuro). seja, a consideração do professor em co-
No entanto, a maior parte das salas de nhecer e respeitar a estrutura cognitiva do
aula, reais ou virtuais, possuem o professor aluno pode revelar formas mais eficazes de
ainda como elemento central. Tanto a ar- aprendizagem (MOREIRA, 1999), dessa for-
quitetura das salas de aula, quanto o tempo ma:
meticulosamente distribuído entre os con-
teúdos da disciplina, revelam a centralida-
de do professor no processo educacional de
hoje. O primeiro, com espaços maiores para
o professor circular, geralmente de frente
com a sala, enquanto o segundo demonstra
46/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais

O professor não pode simplesmente usar seus esquemas de assimilação
e ignorar os do aluno. Se a assimilação de um tópico requer um grande
desequilíbrio, passos intermediários devem ser introduzidos para reduzir
esse desequilíbrio. Ensino reversível não significa eliminar o desequilíbrio,
e sim, passar de um estado de equilíbrio para outro por meio de uma su-
cessão de estados de equilíbrio muito próximos, tal como em uma trans-
formação termodinâmica reversível (MOREIRA, 1999, p. 104).

Em outras palavras, o professor deve mapear sua sala, conhecer as realidades sociais vividas por
seus alunos para, então, conseguir explicar o conteúdo sem desrespeitar a estrutura cognitiva
dos discentes. Isso significa trazer exemplos práticos e conhecidos por quem ouve, criando pon-
tes entre aquilo que se conhece daquilo que está sendo apresentado de inédito.
Não obstante, na perspectiva vygotskyana, o conhecimento é social, cultural e historicamente
construído. Seria na própria interação que residiria a construção dinâmica do conhecimento, a
estruturação dos significados compartilhados (MOREIRA, 1999).

47/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais


Portanto, a educação dá-se por intermédio
da interação entre as pessoas, seja entre
professores e alunos, alunos e alunos, pais
e filhos, irmãs e primos. A aprendizagem
acontece diariamente, até mesmo em si-
tuações inusitadas ou meramente cotidia-
nas. Não obstante, dentro da sala de aula, o
aluno deve tomar responsabilidade por seu
processo de aprendizagem, ainda mais tra-
tando-se de ambientes virtuais que apre-
sentam maior flexibilidade e necessidade
de autonomia.

48/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais


Glossário
Webness: do inglês, próprio da internet, da web.
Learning Management System: do inglês, Sistema de Gestão da Aprendizagem.
Repositório: vasilhame; objeto inanimado para depositar conteúdos.
Intrínseco: inerente; próprio de.
Medium: segundo entendimento de Muniz Sodré (2013), refere-se a uma ambiência, a um fluxo
informacional que independe de novas asserções tecnológicas.

49/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais


?
Questão
para
reflexão

Frente ao surgimento de diversas plataformas e-le-


arning públicas, o ensino superior formal deverá
sofrer maior concorrência daqui para frente?

50/217
Considerações Finais

• A evolução dos ambientes virtuais de aprendizagens sofre aceleração con-


siderável com a emergência da internet.
• A face colaborativa da rede na internet promove o aprendizado informal,
bem como a reorganização ética e de poder presentes na sociedade.
• Learning Management System, ou o Sistema de Gestão da Aprendizagem, re-
fere-se à gestão dos ambientes virtuais de aprendizagens e configura um
verdadeiro desafio para o ensino formal.
• O processo de aprendizagem apresenta, cada vez mais, a pessoa como pro-
tagonista do seu processo de construção do conhecimento, revelando que
as demandas pessoais superam as barreiras burocráticas do ensino formal.

51/217
Referências

ALMEIDA, M. E. B. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes


digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa, vol. 29, n. 2, jul-dez 2003.
ARAÚJO, Isabel Maria Torres Magalhães Vieira de. Será possível dissociar o conectivismo do
contexto do ensino superior actualmente? Indagatio Didactia, vol. 2(2), dez. 2010, pp. 104-
118.
CROOK, C. Ordenadores y aprendizaje colaborativo. Traducción de Pablo Manzano, Madrid:
Ediciones Morata, 1998.
DALSGAARD, C. Social software: E-learning beyond learning management systems. European
Journal of Open, Distance, and E-Learning. Disponível em: <http://www.eurodl.org/materials/con-
trib/2006/Christian_Dalsgaard.htm> Acesso em 30 out. 2017..

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 40ª edição. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e
Terra, 1967.
KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Pa-
pirus, 2007.
LEVY, Pierre. O que é o virtual? Rio de Janeiro: Editora 34, 2001.

52/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais


Referências

LINHARES, Ronaldo Nunes; CHAGAS, Alexandre Meneses. Conectivismo e aprendizagem cola-


borativa em rede: o facebook no ensino superior. Revista Lusófona de Educação, 29, 2015, pp.
71-87.
MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
PANITZ, T. (1997). Collaborative Versus Cooperative Learning: Comparing the Two Definitions
Helps Understand the nature of Interactive learning. In: Cooperative Learning and College Teach-
ing. Disponível em: <http://home.capecod.net/~tpanitz/tedsarticles/coopdefinition.htm>. Aces-
so em: 15 abr. 2014.
RÜDIGER, F. As teorias da cibercultura: perspectivas, questões e autores. Porto Alegre: Sulina,
2013.
SIEMENS, George. Connectivism: a learning theory for the digital age. Disponível em <http://
www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm>. Acesso em: 30 out. 2017.

SODRÉ, Muniz. Antropológica do espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede. 8 ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
TAPSCOTT, D. Growing up digital: the rise of new generation. Nova York: McGraw Hill, 1998.

53/217 Unidade 2 • Estudo dos ambientes virtuais


Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: Estudo dos Ambientes Virtuais. Aula 2 - Tema: Estudo dos Ambientes Virtuais.
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1d/5b26d13183b416ae28197e78b7b72b0f>. 3699f6327e1e82e128b67cf042aa41ca>.

54/217
Questão 1
1. O que significa Learning Management System?

a) Sistemas de Alimentação da Aprendizagem.


b) Sistema de Gestão da Aprendizagem.
c) Sistemas de Gestão da Educação.
d) Sistemas de Gestão da Educação a Distância.
e) Sistemas de Manancial de Informações.

55/217
Questão 2
2. O termo webness refere-se ao conjunto de características que definem a
web. Dito isso, o que a webness reconhece como sendo próprio do ambien-
te online voltado para a aprendizagem?

a) Refinamento.
b) Aglomeração.
c) Colaboração.
d) Reconhecimento.
e) Debates.

56/217
Questão 3
3. As comunidades colaborativas revelam formas de atualizar conhecimen-
tos através de nós especializados. Quais são as duas principais característi-
cas dessa forma de organização social que atende aos públicos atuais?

a) Velocidade e conveniência.
b) Velocidade e pertinência.
c) Virtualidade e conhecimento.
d) Conexão e mensuração.
e) Conveniência e pertinência.

57/217
Questão 4
4. Qual é o nome do autor humanista elencado para tratar do alinhamento en-
tre as estruturas de assimilação do professor em detrimento das estruturas cog-
nitivas dos alunos?

a) Paul Anderson.
b) Jefferson Marinho.
c) Ricardo Carvalho.
d) Carl Rogers.
e) Vani Kenski.

58/217
Questão 5
5. Quem deve ser, segundo Carl Rogers, o protagonista do processo de
aprendizagem?

a) Aluno.
b) Professor.
c) Tecnologia.
d) Mídia.
e) Comunidade.

59/217
Gabarito
1. Resposta: B. de de aprendizagem dos interagentes e são,
respectivamente, conveniência e pertinên-
Sistema de Gestão da Aprendizagem são cia.
sistemas voltados para controlar, manter e
administrar recursos voltados para aprendi- 4. Resposta: D.
zagem.
Carl Rogers é um dos expoentes da teoria
2. Resposta: C. humanista, focada no crescimento pessoal
dos indivíduos.
Sistema de Gestão da Aprendizagem são
sistemas voltados para controlar, manter e 5. Resposta: A.
administrar recursos voltados para aprendi-
zagem. O aluno deve desenvolver habilidades cog-
nitivas para decidir o que é pertinente estu-
3. Resposta: E. dar e em qual momento, revelando os cami-
nhos pelos quais a educação deve envergar
As comunidades colaborativas possuem nos próximos anos.
duas diferentes características que aten-
dem aos limites de tempo e de necessida-
60/217
Unidade 3
Modalidades de educação mediada pela tecnologia

Objetivos

1. Traçar uma linha do tempo, identificando os diferentes tipos de educação a distância que
emergiram até então.
2. Identificar a diferença entre as noções de Ambiente Virtual de Aprendizagem e de Learning
Management System.
3. Definir o que é educação “mediada” por tecnologias.
4. Apontar o necessário desenvolvimento da autonomia do aluno em seu processo de apren-
dizagem mediado.

61/217
Introdução

A partir do século XIX, a emergência de veí- articular o compartilhamento de experiên-


culos da comunicação e meios de transpor- cia e informações com a capacidade de in-
te fomentou a criação de cursos a distância, ternalizar o conhecimento no processo de
mediados por aparatos tecnológicos. aprendizagem.
A educação, portanto, sempre apropriou- A educação mediada, por sua vez, refere-
-se das tecnologias voltadas à informação -se à mediação tecnológica do processo de
para renovar suas práticas, seja por causa ensino-aprendizagem propriamente dito.
da penetração dos meios de comunicação Dessa forma, considerando o significado da
na rotina das pessoas ou por conta da inse- palavra “tecnologia”, os conjuntos de técni-
parável relação entre comunicar (do latim cas e ferramentas de cada época permitiu o
comunicare, resgata a ideia de comparti- surgimento de diferentes processos de edu-
lhamento; colocar no terreno do comum) e cação mediada.
educar (do latim e-ducere, significa “tirar de Tecnologia diz respeito a esse conjunto pro-
dentro”) (SARMIENTO, 2015). priamente dito, podendo ser configurada
Nesse sentido, a instituição escolar convida com elementos tangíveis (aparatos tecno-
a mídia para compor seu rol de ferramen- lógicos, máquinas, equipamentos, instru-
tas pedagógicas. Resgatando os sentidos mentos, etc.) e intangíveis (metodologias,
etimológicos dos termos comunicar e edu- métodos, paradigmas, etc.) (VELOSO, 2012).
car mencionados acima, a educação busca

62/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia


Esta unidade concentra-se na apresentação das diversas formas de educação mediada que exis-
tiram ao longo de épocas passadas, mas, em especial, irá problematizar a educação mediada por
aparatos digitais, conectados em rede, hoje, através da internet.

1. Educação mediada pela tecnologia

No decorrer do século XX, com exceção do jornal impresso que foi inventado anteriormente, di-
versos meios de comunicação passaram a integrar o que se entende hoje por mídia. O termo
“mídia”, por sua vez, refere-se propriamente ao plural de meios (KENSI, 2008).

A expressão “media” é de origem latina e significa “meio” ou “o que está no


meio”. No singular, a palavra mídia já é entendida no Brasil como “o con-
junto dos meios de comunicação, e que inclui, indistintamente, diferentes
veículos, recursos e técnicas, como, p. ex., jornal, rádio, televisão, cinema,
outdoor, página impressa, propaganda, mala-direta, balão inflável, anún-
cio em site da internet, etc. (Dic. Aurélio) (KENSKI, 2008, p. 100).

63/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia


Para cada novo meio de comunicação lan-
çado, novas práticas pedagógicas busca- Para saber mais
vam acompanhar o desenvolvimento da lin- Existe hoje uma linha teórica de pensamento
guagem midiática, na tentativa de ampliar discutindo a convergência dos meios a partir da
as oportunidades de aprendizagem para internet. Um dos autores que propõe esse olhar
públicos diversos. para entender como a internet tem reapresenta-
Diferente do que alguns autores acredi- do antigos meios de comunicação é o autor Henry
tavam, novos meios não substituíram os Jenkins, com seu livro intitulado Cultura da Con-
meios anteriores, pelo menos não linear- vergência (2009).
mente como se esperava, ou seja, ainda
hoje existem pessoas que se inscrevem em Interessante notar que algumas práticas
telecursos (cursos veiculados na televisão). simplesmente transitam por diversos meios
Além disso, os meios coexistem ou servem sem, necessariamente, fazerem a adequa-
de suporte uns para os outros (antigos for- ção de linguagem para cada suporte. Esse
matos transpostos para novos suportes, por talvez seja um dos maiores desafios do atual
exemplo). momento: utilizar a internet para fins edu-
cacionais (formais ou informais) em toda
sua potencialidade hipertextual.
64/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia
Não obstante, a apropriação das tecnologias indecente”, justamente por conta de o am-
tem representado uma ampliação substan- biente virtual não apresentar situações de
cial no lucro das organizações educacio- desafio de improvisação e conhecimento
nais. Para além, o cuidado com o número de tão grandes quanto na sala de aula dos cur-
alunos por sala em detrimento do número sos presenciais (MAIA e MATTAR, 2007).
de tutores disponíveis para sanar dúvidas e Existe, portanto, uma necessidade latente
orientá-los no ambiente virtual, bem como desses novos professores (tutores da edu-
o número de profissionais técnico-adminis- cação a distância) organizarem-se e luta-
trativos, muitas vezes, é negligenciado em rem contra a sobrecarga cognitiva e baixa
nome do lucro (MAIA e MATTAR, 2007). remuneração, além do tecnostress (MAIA e
Além disso, a figura do tutor ainda não re- MATTAR, 2007).
presenta uma posição de prestígio na es- No entanto, esses profissionais são próprios
trutura da educação a distância. Nas pala- do ensino a distância online, contemporâ-
vras de Maia e Mattar (2007, p. 11) “vários neos ao desenvolvimento da interconexão
projetos de EaD consideram quase despre- através da internet. A título de resgate his-
zível a função dos tutores, sem se preocu- tórico, confira abaixo as diferentes modali-
par com sua formação, tampouco com seu dades da educação a distância ou educação
treinamento, remunerando-os de maneira
mediada por tecnologia.

65/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia


1.1 Diferentes modalidades do Em termos de histórico, hoje é possível
ensino a distância e a autono- identificar o início do EaD, bem como as três
mia do aluno principais fases dessa modalidade de ensi-
no:
Ensino ou educação a distância (EaD) signi-
fica, nas palavras de Maia e Mattar (2007, p.
06) “uma modalidade de educação em que
professores e alunos estão separados, pla-
nejada por instituições e que utiliza diversas
tecnologias de comunicação”.
Maia e Mattar (2007) justificam essa defini-
ção de EaD, reconhecendo que as figuras do
professor e dos cursos a distância deixam de
ser uma única pessoa para ser um grupo de-
las, todas voltadas à construção do material
didático (técnico, artista gráfico, produto-
res, tutor etc.)

66/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia


Há registros de cursos de taquigrafia a distância, oferecidos por meio de
anúncios de jornais, desde a década de 1720. Entretanto, a EaD surge efe-
tivamente em meados do século XIX, em função do desenvolvimento dos
meios de transporte e comunicação (como trens e correio), especialmente
com o ensino por correspondência. Podemos apontar como sua primeira
geração os materiais que eram primordialmente impressos e encaminha-
dos pelo correio. [...] A segunda geração da EaD apresentou o acréscimo de
novas mídias como a televisão, o rádio, as fitas de áudio e vídeo e o telefo-
ne. [...] Uma terceira geração introduziu a utilização de videotexto, do mi-
crocomputador, da tecnologia de multimídia, do hipertexto e de redes de
computadores, caracterizando a educação a distância online. Além disso,
em relação à geração anterior, não temos mais uma diversidade de mídias
que se relacionam, mas uma verdadeira integração delas, que convergem
para as tecnologias de multimídia e o computador. Em muitas ofertas de
cursos a distância, hoje, todas as mídias apresentadas neste capítulo ain-
da convivem, apesar do predomínio do uso da Internet (MAIA e MATTAR,
2007, p. 21 e 22).
67/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia
Note que a tecnologia, segundo a defini- tem. Alguns autores têm entendido ambos
ção apresentada por Renato Veloso (2012), como sinônimos, outros entendem que o
abrange tanto o mais recente meio de co- LMS trata-se de sistemas maiores, conside-
municação, a internet, como também os rando a própria raiz etimológica de “siste-
transportes e correios, além das metodolo- ma” e todos os seus subsequentes usos nas
gias próprias de cada período. ciências: sistema traz a ideia de interdepen-
Nesse sentido, a EaD contempla cursos vei- dência, ou seja, qualquer elemento que se
culados através de rádios, correspondência, altere, todo o sistema reorganiza-se para
televisão, mas também existe, hoje, o que atingir novamente seu equilíbrio.
se tem chamado de e-learning, on-line le- Posto de outro modo, o LMS transcenderia a
arning, virtual learning, networked learning e disponibilização linear de conteúdo educa-
web-based learning que são, propriamente, tivo, pois permite o acesso, através de login
uma divisão da EaD que também pode ser e senha dos alunos, disparando notificações
chamada de EaD on-line (MAIA e MATTAR, personalizadas para cada um deles, bem
2007). como agendamentos e proposição de ativi-
Vale a pena abrir aqui um parêntese e indi- dades (BALBINO, 2011).
car a diferença entre Ambiente Virtual de No entanto, essa definição é apenas uma
Aprendizagem e Learning Management Sys- das muitas apropriações sendo feitas acerca
68/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia
desse termo. Nas palavras de Jaime Balbino Resgatando a discussão acerca das mo-
(2011, p. 01), os termos Ambiente Virtual dalidades EaD, a internet, hoje, sustenta a
de Aprendizagem e o próprio LMS “variam maior parte dos cursos a distância. Mesmo
conforme a época, o autor e o projeto. Por utilizando formatos já conhecidos, como
isso nunca conseguiram ter definições rígi- arquivos em áudio (walkman, disco de vinil)
das. A própria evolução tecnológica ajudou e audiovisuais (filmes em DVD e cinema),
a ‘embaralhar’ as definições”. a internet traz novos suportes e inovações
hipertextuais para todo esse conteúdo, me-
Para saber mais diado por tecnologia.
A título de exemplo, podcasting pode ser
Cursos voltados aos treinamentos dentro das or-
uma extensão do ensino transmitido nas
ganizações podem ser divididos em dois tipos:
ondas do rádio, enquanto o streaming
CBT (Computer Based Trainning) e WBT (Web Ba- pode ser uma forma alternativa à televisão
sed Training). No primeiro, o aluno tem acesso a para o professor transmitir conteúdo aos
CD-ROMS e software específicos, enquanto, no alunos.
segundo o curso, é disponibilizado através de sí-
tios na internet (sites ou portais) (KENSKI, 2008).
Ambos referem-se a subcategorias do EaD online.

69/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia


Para saber mais Link
Podcast e stream são dois serviços presentes na Além do próprio Youtube, existe ao menos ou-
internet: o primeiro refere-se a arquivos de som, tro serviço de streaming hoje no mercado. Hoje,
enquanto o segundo diz respeito a conteúdos au- a Twitch suporta, em grande medida, o e-sports.
diovisuais veiculados para o público em tempo Confira a plataforma e explore os conteúdos nela
real e que podem ser gravados e posteriormente presentes: <https://go.twitch.tv/> Acesso em:
“subidos” (fazer upload) em sites ou redes sociais 07 nov. 2017.
(Blogues e Youtube, por exemplo) para que as pes-
soas possam assistir depois de gravados.
1.2 Gestão da educação a dis-
tância online

Link A escolha do meio de comunicação que ser-


virá ao curso remete a inúmeras outras es-
Como exemplo, conheça a página de podcasts
colhas intrínsecas e devem ser minuciosa-
da rádio CBN: <http://m.cbn.globoradio.glo-
mente elencadas para servir aos objetivos
bo.com/servicos/podcast/PODCAST.htm>
e necessidade do público em questão. Es-
Acesso em: 07 nov. 2017.
sas decisões envolvem desde treinamento
70/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia
da equipe responsável e investimentos em refere-se a um dos grandes desafios do
infraestrutura tecnológica, até no planeja- aluno. Entregar trabalhos na data final es-
mento das disciplinas, conteúdos, avalia- tipulada previamente no seu cronograma
ções e atividades (KENSKI, 2008). geralmente apresenta problemas e a orien-
Perceba que as novas ferramentas, bem tação que os tutores e coordenadores dão
como as metodologias que têm surgido es- aos alunos é a entrega antecipada (MAIA e
pontaneamente na rede, trazem direciona- MATTAR, 2007).
mentos diversos para as práticas educacio- Outro ponto da tecnologia na educação
nais tradicionais. refere-se às novas possibilidades de pro-
As possibilidades são infinitas, mas a apro- dução pulverizada. Por conta da liberdade
priação tem mostrado-se lenta e, até mes- de expressão na rede, muitas pessoas têm
mo, falha em algumas instituições. Acerca produzido conteúdo. Maia e Mattar (2007)
do uso da tecnologia na educação, na opi- reconhecem uma nova figura na educação
nião de Maia e Mattar (2007, p. 69), “o que do século XXI: o “aututor”. Ele é, ao mesmo
tem sido desenvolvido é uma cópia malfeita tempo, designer, autor e tutor dos próprios
do modelo de ensino presencial “. cursos, ampliando as possibilidades de atu-
ação do que se entende por professor.
Por exemplo, a entrega digital de trabalhos

71/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia


No entanto, muitos desses conteúdos não Nesse sentido, informações, quando devi-
apresentam rigor científico, negligenciando damente estruturadas, passam a integrar o
citações e referências às fontes utilizadas. conhecimento do indivíduo. Fazendo uma
Exatamente por isso é de suma importância analogia: quando dados são computados
o aluno desenvolver autonomia intelectual em databases, eles são informações até que
para saber filtrar as informações presentes alguém dê um tratamento analítico a eles, a
na internet, bem como aprender a conectar partir daí transformam-se em conhecimen-
as diferentes informações que segue acu- to, sendo assim que as organizações cons-
mulando ao longo das suas atualizações troem sua inteligência de Marketing, por
(noção proposta por Pierre Levy, 2011). exemplo. De outro modo, somente articu-
lando as informações você poderá construir
Para saber mais seu próprio conhecimento e ter repertório
suficiente para interpretar o mundo a sua
Atualizações seriam possíveis resoluções para
volta.
a virtualidade (LEVY, 2011), portanto, ao ler um
artigo no Google Acadêmico, você estaria atuali- No entanto, como nas situações de plágio,
zando o conhecimento ali disponibilizado. comentadas em unidades anteriores, a au-
tonomia do aluno ainda é um ponto nefrál-
gico da educação. Nas palavras de Pedro
72/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia
Demo (2004, p. 19), esse problema poderá como também à gestão do conhecimento
ser solucionado a partir “da habilidade de pelo próprio aluno, ou seja, a (necessária)
aprender e conhecer” e ainda acrescenta: autonomia para filtrar e tecer o próprio co-
“saber pensar é profundamente saber con- nhecimento.
viver com a autonomia solidárias e compe-
titivas” (DEMO, 2004, p.20).
Essa autonomia deve ser construída ao lon-
go dos anos diminuindo progressivamente a
dependência dos alunos em relação à figura
do professor. Somente dessa forma o aluno
terá condições de se construir intelectual,
emocional e socialmente autônomo, possi-
bilitando a inserção cada vez maior da tec-
nologia no ensino (AMARAL, 2008).
Para fechar este item sobre gestão, perce-
ba que essa dimensão organizativa refere-
-se tanto às organizações que disponibili-
zam cursos a distância através da internet,
73/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia
Glossário
Stream: do inglês, corrente; conteúdo audiovisual transmitido em tempo real para o público, na
internet.
Podcast: arquivo de áudio digital, geralmente, disponível na internet.
Tecnostress: problemas ocasionados mediante a estímulos tecnológicos.

74/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia


?
Questão
para
reflexão

As novas formas de mediar a educação têm dado con-


ta de promover a autonomia intelectual do aluno ou,
ainda, a lógica em rede, presente na internet, contribui
para estruturar essa nova competência?

75/217
Considerações Finais

• A cada novo meio de comunicação lançado, novas práticas educacionais


surgem, mas não necessariamente de maneira adequada ao novo suporte.
• • É possível categorizar a educação a distância através de três gerações:
ensino através de material impresso enviado por correspondência; telecur-
sos e outros cursos veiculados na mídia, como rádio e fitas de áudio e vídeo;
e, por fim, ensino através do microcomputador utilizando hipertexto.
• • A internet, diferente de outros meios de comunicação, permite a produ-
ção e compartilhamento de conteúdo entre as pessoas, bem como a troca
de percepções e de opiniões acerca de questões comuns.
• • A autonomia do aluno é um dos requisitos para construção do conheci-
mento através da interação com ambientes virtuais de aprendizagens.

76/217
Referências

AMARAL, Ana Lúcia. Gestão da sala de aula: o “manejo de classe” com nova roupagem? IN: Ges-
tão educacional: novos olhares, novas abordagens. Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira (org.). 5.
ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, pp. 87-99.
BALBINO, Jaime. AVA e LMS são sinônimos? Disponível em: <https://www.listas.unicamp.br/pi-
permail/ead-l/2011-March/077857.html> Acesso: 13 nov. 2017.

DEMO, Pedro. Ser professor é cuidar que o aluno aprenda. Porto Alegre: Mediação, 2004.
KENSKI, Vani Moreira. Democratização das mídias e a gestão em educação à distância. IN: Ges-
tão educacional: novos olhares, novas abordagens. Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira (org.). 5.
ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, pp. 100-116.
LEVY, Pierre. O que é o virtual? Rio de Janeiro: Editora 34, 2011.
MAIA, Carmem; MATTAR, João. ABC do EAD. 1. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
SARMIENTO, G.P. P. Escola e TICs: Desafios educomunicativos para a escola atual. IN: Educomu-
nicação: caminhos da sociedade midiática pelos direitos humanos. Claudia Lago e Claudemir
Edson Viana (Orgs.). São Paulo: ABPEducom, Universidade Anhembi Morumbi/NCE-USP, 2015.
VELOSO, Renato. Tecnologias da informação e da comunicação: desafios e perspectivas. Edi-
ção especial Anhanguera. São Paulo: Saraiva, 2012.
77/217 Unidade 3 • Modalidades de educação mediada pela tecnologia
Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: Modalidades de Educação Me- Aula 3 - Tema: Modalidades de Educação Me-
diada Pela Tecnologia. Bloco I diada Pela Tecnologia. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
ea62398014aa9c9f4df5ca12b8f82813>. dc5864630c7ed9a88f6a8a6ce2e876f1>.

78/217
Questão 1
1. Comunicar (do latim comunicare, resgata a ideia de compartilhamento;
colocar no terreno do comum) e educar (do latim e-ducere) significa:

a) “Tirar de dentro”.
b) Resgatar do inconsciente.
c) Negligenciar o dever de casa.
d) Construir interações.
e) Tecer relacionamentos.

79/217
Questão 2
2. O significado da palavra “tecnologia” refere-se ao conjunto de técnicas
e ferramentas de cada época, permitindo o surgimento de diferentes gera-
ções de educação a distância. Quais os dois tipos de elementos que podem
fazer parte da tecnologia?

a) Tangentes e perpendiculares.
b) Diretos e indiretos.
c) Variáveis e fixos.
d) Seculares e inovadores.
e) Tangíveis e intangíveis.

80/217
Questão 3
3. Segundo Vani Kenski (2008), o termo “mídia” refere-se ao plural de:

a) Métodos.
b) Metodologias.
c) Meios.
d) Mediações.
e) Veículos.

81/217
Questão 4
4. Segundo Maia e Mattar (2007), qual é o veículo que permitiu o desenvol-
vimento da primeira geração do ensino a distância?

a) Revista.
b) Correspondência.
c) Internet.
d) Jornal impresso.
e) Rádio.

82/217
Questão 5
5. Existem dois tipos de gestão tratados ao longo do último item. Além da
dimensão institucional, qual a outra gestão necessária à execução do pro-
cesso de ensino-aprendizagem nos ambientes virtuais?

a) A autonomia do aluno.
b) A ingestão do aluno.
c) A conferência dos tutores.
d) A relação entre tutores e alunos.
e) A aprovação do curso no MEC.

83/217
Gabarito
1. Resposta: A. visão, rádio, revista, jornal, internet, dentre
outros.
Educar, do latim e-ducere, significa “tirar de
4. Resposta: B.
dentro”, ou seja, significa criar pontes para
assimilação do novo conteúdo. Graças ao desenvolvimento dos transportes
e dos meios de comunicação, em meados
2. Resposta: E. do século XIX, foi possível promover cursos
através das correspondências (MAIA e MAT-
Tecnologia pode ser composta por elemen- TAR, 2007).
tos tangíveis (equipamentos, máquinas,
aparatos tecnológicos) e intangíveis (meto- 5. Resposta: A.
dologias, técnicas).
A autonomia do aluno refere-se ao outro
enfoque dado à gestão no texto da unidade.
3. Resposta: C.

Mídia significa plural de meios, portanto, o


conjunto de meios de comunicação de de-
terminada época pode ser chamado de mí-
dia. Hoje, nossa mídia é composta por tele-
84/217
Unidade 4
O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial

Objetivos

1. Definir a palavra “presencial”.


2. Tencionar a palavra “presença” dentro
do contexto mediado.
3. Resgatar o debate sobre a eficácia
das salas de aula tradicionais em de-
trimento dos ambientes virtuais de
aprendizagens e vice-versa.

85/217
Introdução

A palavra presença remete à ideia de com- de velocidade ao responder uma mensa-


partilhar espaço e tempo determinados que gem no WhatsApp pode significar desgaste
circunscrevem o ato comunicativo, por- em determinados relacionamentos.
tanto, ao presenciar um acontecimento ou Perceba que a palavra “ausência” contra-
conversar pessoalmente com alguém, você põe-se à palavra “presença” e, nesse sen-
está propriamente presente. tido, apresenta a contraposição cotidiana-
Essa noção fica um pouco abalada com a in- mente feita pelas pessoas. Em outras pala-
cidência das interações mediadas por tec- vras, ficar ausente em um status de conver-
nologia. Ao dialogar com um familiar, atra- sação online pode ser identificada como a
vés de videoconferência, você estaria pre- falta da presença propriamente dita.
sente naquele momento, para aquela pes- Esta unidade concentra-se em debater a
soa? presença “a distância”, conectada por apa-
Vários episódios do mundo online influen- ratos tecnológicos e a presença física (da
ciam, de maneira direta, a vida real (MARTI- tecnologia), ou seja, na sala de aula.
NO, 2014). Conhecer alguém através de um
site de relacionamento pode resultar em um
casamento frutífero, cheio de amor e com-
panheirismo. Em contrapartida, a ausência
86/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial
1. O sentido da palavra presença Em outras palavras e de maneira mais inci-
dentro da lógica educacional siva, cursos a distância podem controlar a
frequência dos alunos. Seja através da veri-
Ambientes presenciais de educação, ain- ficação do acesso aos conteúdos ou fóruns
da hoje, referem-se às tradicionais salas de (interação assíncrona) ou, ainda, por meio
aula. Por outro lado, a sala de aula virtual, de interações simultâneas (interações sín-
mediada por tecnologias, contrapõe-se a cronas), como nas videoconferências.
essa presença física. Há, portanto, a dife- Em termos de tecnologia, a sala de aula pre-
renciação entre cursos presenciais e cursos sencial também pode ser enriquecida por
a distância (semipresenciais ou totalmente tecnologia. Esse ambiente enriquecido com
a distância). tecnologia, propriamente dito, pode ser uma
No entanto, a noção de “ambiente presen- sala de aula equipada com suportes tecno-
cial” tem mostrado-se amplamente con- lógicos, como o datashow, equipamentos de
troversa, uma vez que a presença pode ser som e áudio, dentre outros.
atingida também no ambiente virtual (KE- O ambiente enriquecido com tecnologia
NSKI, 2007), por exemplo, quando uma sala também pode ser interpretado como os
de aula conecta-se, de forma sincrônica, em ambientes virtuais de aprendizagens. A pre-
determinado serviço. sença, aqui, é identificada como virtual.
87/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial
Para saber mais
A Telefônica Educação Digital pretende contribuir com as instituições de ensino superior no processo de ino-
vação tecnológica, oferecendo soluções e consultoria. Acesse para conhecer melhor a estrutura do projeto
voltado para sociedade digital: http://www.telefonicaeducaciondigital.com/pt/web/guest/educacion-uni-
versitaria Acesso em: 08 nov. 2017.

Como forma de resumir essa reflexão acerca da presença do aluno no ambiente de aprendiza-
gem, segue o trecho da Vani Kenski (2007, p. 121):

A evolução tecnológica digital garante a interação dos membros de um


mesmo grupo de estudos, com som e imagem, independentemente do lo-
cal em que estejam. Isso muda, e muito, a concepção do ensino. Caem por
terra as definições do que é ensino presencial ou a distância. Teremos, sim,
alunos próximos, em conexão, independentemente do lugar em que este-
jam. Ao mesmo tempo, alguns alunos estarão distantes, pelo simples fato
de não estarem conectados.

88/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial


Nesse sentido, as possibilidades de apren- no entanto, afasta-se do objetivo da apren-
der são ampliadas por meio do hipertexto, dizagem que objetiva à pessoa resgatar al-
linguagem característica da internet que se guma informação daqui a alguns anos. Ge-
aproxima muito com a forma como memo- ralmente, para lembrar algum fato, recorre-
rizamos conteúdos (LEVY, 1993). O próximo mos ao resgate de memórias que conectem
item vem ampliar essa discussão. àquela que se pretende chegar.
De outro modo, para realmente apreender
2. A linguagem hipertextual e o informações você deve conectá-las, criar
processo de aprendizagem representações dela em sua mente. Nesse
sentido, quando você cria pontes de no-
Segundo Pierre Levy (1993), o processo de
vos conteúdos com aquilo que faz parte do
memorização via repetição é eficaz apenas
seu mundo real, você tem, aí, o processo da
a curto prazo. Como exemplo, quando você
aprendizagem em si (LEVY, 1993). Nas pala-
precisa memorizar um número de telefone
vras de Pierre Levy (1993, p. 80):
para ligar na sequência, geralmente, você
fica repetindo-o até discá-lo.
Esse método, no entanto, refere-se à me-
morização a curto prazo. Essa constatação,
89/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial
Quanto mais conexões o item a ser lembrado possuir com os outros nós
da rede, maior será o número de caminhos associativos possíveis para a
propagação da ativação no momento em que a lembrança for procura-
da. Elaborar uma proposição ou uma linguagem é, portanto, o mesmo que
construir vias de acesso a essa representação na rede associativa da me-
mória de longo prazo.

Perceba que essa concepção aproxima-se bastante à teoria do conectivismo, apresentado na


primeira unidade desta disciplina. Aqui é demonstrada a razão pela qual “a psicologia cognitiva
contemporânea usa maciçamente os modelos computacionais e de processamento de dados
fornecidos pela informática” (LEVY, 1993, p. 71) para explicar o processo de aprendizagem do ser
humano.
Relembrando, como exemplo mais expressivo dessa aproximação entre aprendizagem e lógica
computacional, o conectivismo sugere que o processo de aprendizagem acontece através de
“nós” especializados que tecemos ao longo das nossas interações, mentais ou inter-relacionais
(SIEMENS, 2005). Tanto os “nós” especializados ou fontes de informações quanto o processo de

90/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial


aprendizagem em si seriam próprios de uma lógica em rede, presente na internet e possíveis,
tanto em ambientes presenciais físicos como a distância:

A aprendizagem é o processo de criação de redes. “Nós” são entidades ex-
ternas que podem ser usados para formar uma rede. Ou “nós” podem ser
pessoas, organizações, bibliotecas, sites, livros, jornais, banco de dados,
ou qualquer outra fonte de informação. O ato de aprender (as coisas se
tornam um pouco complicado aqui) é um de criação de uma rede externa
de nós, onde nos conectamos e formar informações e fontes de conheci-
mento (SIEMENS, 2006, p. 29).

Não obstante, Pierre Levy (1993) aponta a existência de duas condições para que uma pessoa
seja capaz de resgatar uma memória:
• Uma representação passível de ser acessada por nosso consciente, ou seja, é preciso que
ao menos uma representação seja conservada.
• Existência de um caminho de associações que possa guiar a memória até o evento que se
quer resgatar.
91/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial
Dessa forma, torna-se imprescindível o de-
senvolvimento da competência de criar re- Para saber mais
presentações na mente para que, posterior-
mente, a pessoa possa acessar as informa- A educação para o século XXI prevê o desenvolvi-
ções para quaisquer fins (LEVY, 1993). mento de competências até então negligenciadas
por nossas escolas. Nesse sentido, interações em
rede podem contribuir para as novas recomen-
dações. Para se aprofundar no assunto, acesse:
Link <http://porvir.org/especiais/socioemocio-
Leia o texto de Siemens acerca dos princípios da nais/> Acesso em: 08 nov. 2017
teoria de aprendizagem nomeada conectivismo:
<http://www.itdl.org/Journal/Jan_05/arti-
cle01.htm>. Para incluir legendas em português, É justamente nesse ponto que a linguagem
basta clicar no recurso posicionado na parte infe- hipertextual mostra-se efetiva, revelan-
rior da direita. Acesso em: 08 nov. 2017. do a pertinência da criação dessa teoria de
SIEMENS, G. Connectivism: A Learning Theory for aprendizagem (conectivismo) simultânea à
the Digital Age. In: International Journal of Ins- explosão da internet.
tructional Technology & Distance Learning, 2(1),
2005.

92/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial


Ao apresentar diversos pontos de multimídia, o hipertexto escapa da linearidade, ou seja, acaba
seguindo as trilhas que o próprio cérebro humano poderia fazer. Para que esse processo fique
mais evidente, leia o trecho a seguir:

O hipertexto ou a multimídia interativa adequam-se particularmente aos


usos educativos. É bem conhecido o papel fundamental do envolvimento
pessoal do aluno no processo de aprendizagem. Quanto mais ativamente
uma pessoa participar da aquisição de um conhecimento, mais ela irá in-
tegrar e reter tudo aquilo que aprender. Ora, multimídia interativa, graças
à sua dimensão reticular ou não linear, favorece uma atitude exploratória,
ou mesmo lúdica, face ao material a ser assimilado. É, portanto, um instru-
mento bem adaptado a uma pedagogia ativa (LEVY, 1993, p. 40).

Perceba que a proposta da multimídia na educação é algo incorporado nesse material didático.
Os elementos “link” e “para saber mais” convidam o aluno para fugir da linearidade intrínseca
ao texto.

93/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial


Alguns autores também têm usado esse re- 2.1 Novos caminhos para en-
curso em livros impressos, como é o caso do sinar e aprender e as decisões
professor e pesquisador Luís Mauro de Sá da gestão educacional quanto à
Martino. Em seu livro Teoria das Mídias Di-
apropriação de recursos tecno-
gitais: linguagens, ambientes e redes (2014),
o autor inclui, no lugar da palavra “biblio- lógicos
grafia” ou “referências”, termos como “indo
Para além da dimensão tecnológica, a apro-
além”, “para ler”, “em rede”, “leitura de ou-
priação de recursos multimidiáticos deve
tro ponto de vista”, que convidam o aluno
a se aprofundar em determinados temas de levar em consideração as esferas política e
seu interesse ou até mesmo conhecer ou- cultural do grupo de alunos que será aten-
tras perspectivas teóricas. dido com tal decisão (LEVY, 1993).

Nesse sentido, e convidando Jean Piaget Em outras palavras, não adianta equipar a
(apud MOREIRA, 1999), tanto na intera- sala de aula com tecnologia de ponta se o
ção mediada quanto na interação em sala professor não enxergar a pertinência de sua
de aula ou com um livro impresso, o aluno apropriação na aula ou, ainda, não ter com-
pode encontrar conexões que o auxiliem na petência para manejá-las. Além do pro-
construção do conhecimento através das fessor, os alunos também podem preferir
pontes de assimilação. trabalhar com metodologias analógicas ao
94/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial
invés de manipular um computador (exemplo geralmente associado a crianças e adultos em pes-
quisas empíricas).
Por outro lado, como você viu no item anterior, os recursos multimidiáticos permitem aos alunos
navegar em rede, saltando de conteúdo para conteúdo, conforme seu interesse e necessidade.
Pessoas que se predisporem a mergulhar na rede, desbravando o conhecimento, poderão aces-
sar novas formas de aprendizagem, ou seja, de qualquer forma, as novas tecnologias permitem
novas experiências sensóriomotoras potencialmente ricas na construção do conhecimento:

Entre os conectados, será possível o acesso a aulas que se realizam em
qualquer lugar do mundo. Assistir a uma cirurgia em tempo real, estar no
meio de uma excursão na floresta amazônica ou nas geleiras dos polos po-
dem ser atividades de uma aula do futuro, agregadas a novas formas de
ensinar e aprender (KENSKI, 2007, p. 121).
Um exemplo prático e pioneiro no Brasil foi a criação de um modelo instrucional via browser por
uma faculdade privada de São Paulo. Esse modelo serviu como inspiração para diversos outros
ambientes virtuais, resgatando a ambiência de campus tradicionais físicos, com salas de aula,

95/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial


tesouraria, biblioteca, cantinas, áreas de
convivência, dentre outros ambientes pró- Link
prios do espaço físico de uma instituição de Outro software, que permite a criação de apre-
ensino superior (MAIA e MATTAR, 2007). sentações, treinamentos e outros materiais vol-
tados ao ensino, refere-se a Lectora, da empresa

Link Trivantis. Acesse para conhecer: <http://www.


lectora.com.br/> Acesso em: 08 nov. 2017.
Outro recurso interessante que pode ser utiliza-
do em prol da aprendizagem é o Adobe Captiva- Recursos multimidiáticos permitem o en-
te que possibilita a criação de diversos recursos curtamento de distâncias, sejam elas pre-
educacionais. Acesse: <http://www.adobe. senciais (fuga psicológica dos alunos) ou
com/br/products/captivate.html> Acesso em: distâncias geográficas (superar a possível
08 nov. 2017.
ausência de atenção dos alunos conecta-
dos). De outro modo, a educação mediada
não para de evoluir e subsidiar reduções
de distâncias, sendo possível visualizar no-
vas aplicações tanto em cursos a distância
quanto cursos “presenciais” (TORI apud KE-
NSKI, 2007).
96/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial
A distância em educação da qual se fala para pessoas que moram em lugares de di-
pode ser dividida, conforme propõe o au- fícil acesso aos cursos presenciais).
tor francês G. Jacquinot (1993), em cinco Em linhas gerais, para fazer a inserção de
diferentes aspectos: geográfico (distân- novas tecnologias no ambiente educacional
cia espacial), temporal (intervalo de tempo é necessário que a gestão pondere quanto
das interações, por exemplo, a distância de ao ritmo de atualização dos suportes tec-
semanas que apresentavam os cursos por nológicos, bem como as devidas apropria-
correspondência), tecnológico (diferenças ções e aspectos sócio-político-culturais do
que vão em direção às inovações dos apa- recorte em questão. Sobre isso, Vani Kenski
ratos tecnológicos ou mesmo a ausência (2008, p. 107) escreve:
deles, como acontece com alunos em zonas
de exclusão digital), psicossocial (distância
semântica, própria da capacidade cognitiva
dos alunos em detrimento das oportunida-
des de desenvolvimento que tiveram) e so-
cioeconômico (diferença de oportunidades

97/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial


O avanço tecnológico é muito rápido e os equipamentos e programas ficam
obsoletos com pouco tempo de uso. Antes da implantação da infra-estru-
tura necessária, é preciso que os gestores reflitam sobre o que pretendem
desenvolver a partir das soluções tecnológicas escolhidas, o tempo pre-
visto de uso, as formas de manutenção e atualização. Isto não significa,
no entanto, que as instituições educacionais devem estar sempre adqui-
rindo tecnologias de última geração. Um bom planejamento neste senti-
do envolve o comprometimento de uso pedagógico desses equipamentos.
Tecnologia boa é a que está em uso e totalmente comprometida com a
proposta pedagógica que está sendo desenvolvida, que garanta a apren-
dizagem com qualidade pelos alunos e o alcance dos objetivos previstos.

Por fim, as distâncias existentes em determinada região, na qual a instituição encontra-se, ou


mesmo as características do público-alvo dos cursos a distância devem ser levadas em conside-
ração na hora da gestão decidir quanto à apropriação dos recursos multimidiáticos dos quais o
presente texto tratou.

98/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial


Glossário
Reticular: adjetivo que se refere ao formato de rede, ou seja, algo que apresente a face da rede;
reticulado.
Representação: ideia, conceito; imagem.
Presença: fato de alguém ou algo estar ou existir em algum lugar.

99/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial


?
Questão
para
reflexão

Reflita sobre quais seriam as distâncias hoje enfrenta-


das por você em termos de educação? Você acredita que
a educação mediada tem sanado distâncias de públicos
diversos, com qual nível de qualidade?

100/217
Considerações Finais
• O significado da presença, em ambientes de aprendizagem, pode dar-se
tanto a distância quanto fisicamente. Cursos mediados por tecnologias po-
dem, inclusive, verificar a presença dos estudantes em interações sincrôni-
cas.
• O processo de memorização por repetição é efetivo apenas no curto prazo.
Em contrapartida, se o objetivo é aprender e memorizar os conteúdos a lon-
go prazo é necessário criar conexões com a realidade na qual o aluno esteja
imerso.
• Os processos de representação mental de novos conteúdos aproximam-se
dos princípios da teoria de aprendizagem conectivista.
• A gestão educacional deve ponderar não somente sobre questões tecnoló-
gicas disponíveis, como também características políticas e culturais do re-
corte de alunos que pretende atender.

101/217
Referências

AMARAL, Ana Lúcia. Gestão da sala de aula: o “manejo de classe” com nova roupagem? IN: Ges-
tão educacional: novos olhares, novas abordagens. Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira (org.). 5.
ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p. 87-99.
JACQUINOT, G. Apprivoiser la distance et supprimer I’absence? Ou les défis de la formation à
distance? In: Revue Française de Pédagogie, n. 102, jan-fev-mar, 1993.
KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Pa-
pirus, 2007.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio
de Janeiro: Editora 34, 1993.
MAIA, Carmem; MATTAR, João. ABC do EAD. 1. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
MARTINO, Luís Mauro Sá. Teoria das Mídias Digitais: linguagens, ambientes, redes. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2014.
MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
SIEMENS, G. Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age. In: International Journal of
Instructional Technology & Distance Learning. Disponível em <http://www.itdl.org/Journal/
Jan_05/article01.htm>. Acesso em: 23 fev. 2014.
102/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial
Referências

SIEMENS, G. Knowing Knowledge. Disponível em: <http://www.elearnspace.org/ KnowingKnowl-


edge_ LowRes.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2014]

SIEMENS, G. Learning Ecology, Communities, and Networks Extending the classroom. Dis-
ponível em: http://www.elearnspace.org/Articles/learning_communities.htm. Acesso em: 23 fev.
2014

103/217 Unidade 4 • O ambiente enriquecido com tecnologia versus o ambiente presencial


Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: O Ambiente Enriquecido com Aula 4 - Tema: O Ambiente Enriquecido com Tec-
Tecnologia Versus o Ambiente Presencial. Bloco nologia Versus o Ambiente Presencial. Bloco II
I Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ d3165b15039c1590a5c1286b2330999c>.
a2b78b119c9c58d01ca4b4147d100b40>.

104/217
Questão 1
1. A educação mediada por tecnologia abala a noção de presença anterior-
mente definida. Hoje, a presença conectada é uma realidade que busca su-
primir a distância:

a) Geográfica.
b) Psicológica.
c) Educacional.
d) Reticular.
e) Extraterrena.

105/217
Questão 2
2. Você está passando de carro pelo imóvel que pretende comprar muito
em breve e precisa anotar o número indicado na placa da corretora fixada
no portão da casa. Para tanto, você fica repetindo o número até o momen-
to que encosta o carro, mais adiante, para digitá-lo em seu smartphone.
Esse processo de memorização funciona apenas:

a) No longo prazo.
b) No prazo do relógio.
c) No prazo reticular.
d) No prazo circular.
e) No curto prazo.

106/217
Questão 3
3. Ao criar representações de novas informações seu cérebro cria cami-
nhos que associam esse novo conteúdo a conteúdos já presentes na sua
estrutura cognitiva atual. Desse modo, essa estratégia é mais eficaz do
que o método da repetição, configurando um conhecimento a longo pra-
zo. Qual a teoria de aprendizagem pode ser aproximada a esta linha de
pensamento articulada nesta unidade?

a) Conhecentista.
b) Conectivista.
c) Cognitivista.
d) Behaviorista.
e) Construtivista.

107/217
Questão 4
4. No que se refere à gestão de ambientes educacionais, a decisão acerca
de recursos tecnológicos deve levar em consideração tanto as inovações
dos aparatos e recursos disponíveis no mercado, como também as dimen-
sões:

a) Social e cultural.
b) Reticular e circular.
c) Econômico e financeiro.
d) Político e cultural.
e) Familiar e cognitivo.

108/217
Questão 5
5. Qual a característica da multimídia interativa, identificada por Pierre
Levy (1993)?

a) Reticular.
b) Circular.
c) Cognitiva.
d) Crescente.
e) Sensorial.

109/217
Gabarito
1. Resposta: A. Levy (1993) no texto aproxima-se bastante
à proposição de rede, conexões e “nós” in-
A distância geográfica é uma das principais dicada na teoria de aprendizagem conecti-
distâncias atacadas pela educação mediada vista.
por tecnologias. Pessoas que não dispõem
de tempo suficiente para cumprir o trajeto 4. Resposta: D.
até polos presenciais ou que moram em lo-
cais distantes podem acessar conteúdos a Além da dimensão tecnológica, as esferas
distância, sanado o problema entre tempo política e cultural também devem ser pon-
e espaço. deradas se a gestão pretende que o modelo
pedagógico seja eficaz.
2. Resposta: E. 5. Resposta: A.
A memorização por repetição refere-se a A dimensão reticular da multimídia interati-
um método eficiente apenas no curto prazo. va permite aos alunos caminhar por entre os
conteúdos, de acordo com seus interesses e
3. Resposta: B. necessidades.

A lógica de representação e associação


apresentada sob a perspectiva de Pierre
110/217
Unidade 5
Aspectos estruturais de alguns AVAs

Objetivos

1. Explanar sobre a noção de tecnologias


da inteligência.
2. Indicar aspectos estruturais de alguns
dos mais utilizados ambientes virtuais
de aprendizagens.
3. Apontar algumas outras plataformas
gerenciais.

111/217
Introdução

O conjunto de tecnologias de determina- começam a ser apropriados para fins de en-


da época contribui na composição das for- sino, tanto através de instituições formais,
mas de inteligências correntes. Dito de ou- como também na promoção de conteúdos
tra maneira, as tecnologias da inteligência, e cursos informais dentro de uma lógica de
termo que será trabalhado ao longo desta comunidade reticular de aprendizagem.
unidade, seguem as demandas da socieda- Nesse cenário, a educação reclama a função
de de determinada época. de formar cidadãos conscientes e críticos,
Se hoje o conhecimento especializado apre- contribuindo para um ambiente de maior
senta uma alta taxa de obsolescência, novas colaboração entre pessoas e organizações.
tecnologias apresentam-se como suporte Por fim, os ambientes virtuais de aprendi-
de atualização constante para os profissio- zagens têm colaborado no atendimento de
nais do mercado (AFONSO, 2001). diferentes demandas, de maneira flexível
Nesse sentido, a manutenção do saber e e apoiada pelas novas tecnologias da in-
contínua atualização de informações pres- formação e comunicação, sendo disso que
sionam a educação na direção da flexibi- esta unidade trata.
lidade e o aluno na direção da autonomia
intelectual, ou seja, os ambientes virtuais

112/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs


1. Tecnologias da inteligência recebeu novos suportes. Hoje, com o desen-
volvimento do hipertexto, as pessoas e or-
As tecnologias impactam diretamente no ganizações preferem buscar conhecimento
modo como organizamos as informações ou armazená-los em computadores.
e o conhecimento. O impacto é tão gran-
Dito de outra forma, portanto, as tecnolo-
de que a forma de memorização altera-se
gias de cada época contribuem na defini-
de tempos em tempos, conforme o ritmo e
ção da inteligência em curso. A inteligência
velocidade das novas tecnologias postas à
aqui é entendida como coletiva, perpassan-
sociedade.
do uma sociedade inteira em termos de co-
A oralidade, por exemplo, predominava an- nhecimento compartilhado. Considerando
tes da invenção da escrita. Mesmo depois o uso da internet para fins de aprendizagem
de criada, a oralidade continuou predomi- coletiva, nas palavras de Rossini (2007):
nando por muito tempo. Até hoje ela mos-
tra-se atuante e prevalece não somente nas
interações cotidianas, como também no
processo de ensino-aprendizagem formal.
No entanto, tanto para fins comercias quan-
to de entretenimento e acadêmico a escrita
113/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs
A EAD explora certas técnicas de ensino a distância, incluindo as hiper-
mídias, as redes interativas de comunicação e todas as tecnologias inte-
lectuais da cibercultura, nas quais se incentiva o novo estilo de pedago-
gia, que favorece, ao mesmo tempo, as aprendizagens personalizadas e a
aprendizagem coletiva em rede. Nesse contexto, o professor é incentivado
a tornar-se um instigador da inteligência coletiva de seus alunos em vez
de um fornecedor direto de conhecimentos. (IDEM, 2007, p. 65).

Para saber mais


O hipertexto não é uma linguagem exclusiva, apesar de típica, da internet. Uma enciclopédia, por exemplo,
pode revelar uma linguagem hipertextual, com notas de rodapé, glossários e remissões, em sua redação. O
que caracteriza um hipertexto, portanto, são as conexões, os links apontados ao leitor que se interesse por
aprofundar pontos específicos desse texto. Em outras palavras, refere-se a uma leitura não linear que quebra
a sequencialidade do texto (LEVY, 1993).

114/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs


A título de resumo, portanto, “uma tecnologia intelectual deve ser analisada como uma rede de
interfaces aberta sobre a possibilidade de novas conexões” (LEVY, 1993, p. 146), enquanto a pró-
pria cognição seria uma dessas interfaces que participam do processo de aprendizagem e que
criam, o tempo todo, representações de novos conteúdos (IDEM, 1993).
Essas representações podem ser embasadas nas novas interfaces. Vale definir que interfaces são
dispositivos que permitem a tradução de um sistema a outro, distintos entre si, ou seja, atua
como um “transcodificador”, conforme propõe Levy (1993).
Com todo arsenal tecnológico à disposição de pessoas comuns – lembrando que o computador
havia sido criado em meados do século XX para fins militares, mas disponibilizado para as pes-
soas após a criação de interfaces amigáveis ou intuitivas no final do mesmo século (LEVY, 1993)
– hoje, para diversas finalidades, não há necessidade de decorar números de telefone ou empre-
ender cálculos mentais.

Os sistemas cognitivos humanos podem então transferir ao computador


a tarefa de construir e de manter em dia representações que eles antes
deviam elaborar com os fracos recursos de sua memória de trabalho, ou
aqueles, rudimentares e estáticos, do lápis e papel. Os esquemas, mapas
ou diagramas interativos estão entre as interfaces mais importantes das
tecnologias intelectuais de suporte informático (LEVY, 1993, p. 39).
115/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs
O computador estende a capacidade mental do ser humano. Conforme propõe o autor McLuhan
(1964), os meios de comunicação ampliam a capacidade mental e corporal das pessoas. A título
de exemplo, a capacidade de cálculo e de memória são ampliadas com o uso do computador ou
de um smartphone.
As novas tecnologias da informação e da comunicação possibilitam tornar o processo de apren-
dizagem colaborativo. O conhecimento, portanto, vem sendo construído, tecido por diferentes
pessoas e instituições, revelando um alcance jamais visto em toda a história da humanidade. Nas
palavras do autor Pierre Levy (1993):

O esquema elementar da comunicação não seria mais “A transmite alguma


coisa a B”, mas sim, “A modifica uma configuração que é comum a A, B, C, D,
etc.”. O objeto principal de uma teoria hermenêutica da comunicação não
será, portanto, nem a mensagem, nem o emissor, nem o receptor, mas sim o
hipertexto que é como a reserva ecológica, o sistema sempre móvel das re-
lações de sentidos que os precedentes mantem. E os principais operadores
desta teoria não serão nem a codificação nem a decodificação nem a luta
contra o ruído através da redundância, mas sim estas operações moleculares
de associação e desassociação que realiza a metamorfose perpétua do sen-
tido (IDEM, 1993, p. 73).
116/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs
Em resumo, a comunicação entre pessoas e rede interconectada de computadores, per-
organizações sofre uma verdadeira revolu- mitindo a troca de conteúdos entre pessoas
ção após a penetração da internet na socie- de todo o mundo.
dade contemporânea. Todas as esferas da O próximo item introduz a discussão acerca
vida humana são reorganizadas com a che- dos Ambientes Virtuais de Aprendizagens.
gada das infinitas possibilidades de interco- Subsequentemente, algumas plataformas
nexão em escala mundial e a educação não são apresentadas com maior detalhamento,
fica imune a essas mudanças. são elas: Moodle, Blackboard e outros.
A educação tem convidado as novas tec-
nologias para compor suas plataformas de 2. Aspectos estruturais dos am-
disponibilização de conteúdo ao aluno. No- bientes virtuais de aprendiza-
vos modelos de negócio têm surgido, como gens
é o caso da terceira geração de cursos à dis-
tância apoiada pelo computador e internet. Em primeiro lugar, a definição de ambiente
Nesse sentido, os ambientes virtuais tam- virtual de aprendizagem é resgatada, nas
bém são criados e constantemente renova- palavras de Almeida (2003):
dos para atender ao processo de aprendiza-
gem. Uma trama de nós é tecida na grande
117/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs
Ambientes virtuais de aprendizagem são sistemas computacionais geral-
mente acessados via internet, destinados ao suporte de atividades mediadas
pelas TICs e por um professor-orientador. Permitem integrar múltiplas mídias
e recursos, apresentar informações de maneira organizada, desenvolver inte-
rações entre pessoas e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produ-
ções (ALMEIDA, 2003, p. 118-119).

Fazendo a ponte com o tópico anterior, os ambientes virtuais fazem parte do rol tecnológico a
serviço da inteligência em curso na sociedade da informação. Considerando as distâncias de Ja-
cquinot, apresentadas na Unidade 4 desta disciplina, a educação a distância buscaria, justamen-
te, encurtar as distâncias existentes. No que se refere à gestão dos ambientes virtuais no EAD,
nas palavras de Rossini (2007):

Não há um modelo único para o Brasil. Com sua pluralidade cultural e diver-
sidade socioeconômica, o país pode conviver com diferentes projetos, desde
os mais avançados em termos tecnológicos até os mais tradicionais como
os impressos. O importante na hora de definir a mídia é pensar naquela que
chega ao aluno onde quer que ele esteja (IDEM, 2007, p. 77).
118/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs
Graças às novas possibilidades permitidas que, por sua vez, o auxilia a fazer conexões
pelo computador, alunos podem desenvol- mentais com diferentes categorias teóricas
ver seu conhecimento de forma imersiva. O ou práticas (LEVY, 1993).
uso de simuladores e a flexibilidade dos cur-
sos a distância revelam uma aprendizagem
multimídia com alto índice de interativida-
de (LEVY, 1993).
Para saber mais
Sociedades cultural e socialmente baseadas na
A possibilidade de explorar os variados nós escrita possuem uma forma de pensar orientada
apresentados por todo hipertexto, permi- para criação de categorias. Por outro lado, so-
te ao aluno poder trilhar os caminhos mais ciedades majoritariamente orais possuem uma
pertinentes a seus propósitos. Nesse senti- forma diferente de associar as representações,
do, o professor torna-se um guia, respon- organizando-as de maneira situacional (martelo,
sável por estimular e orientar o aluno nesse serra, troncos, árvores são elementos do trabalho
processo (LEVY, 1993). com a madeira) (LEVY, 1993).
O que os ambientes virtuais permitem é jus-
tamente o acesso ao conteúdo de maneira
renovada. Utilizando representações icôni-
cas o aluno é guiado pela própria interface
119/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs
A interface do computador foi desenvolvida de maneira intuitiva, visando sua viabilidade comer-
cial. Essas interfaces passaram a ser chamadas de amigáveis, pois revelam ícones e símbolos, ou
seja, signos semióticos capazes de comunicar mensagens universais (LEVY, 1993). Por exemplo,
ícones de pasta para indicar documentos, ícones de autofalantes para indicar regulagem de som,
dentre outros.
Perceba que o paradigma dos sistemas imersa na ideia de gestão, figura como elemento cen-
tral nas organizações, inclusive nas organizações educativas (ROSSINI, 2007; AFONSO, 2001), ou
seja, a gestão deve assistir as novas formas de organização em torno da aprendizagem, hoje, co-
laborativa e alinhada, em termos de objetivos comuns, a todos os integrantes das comunidades
que têm surgido (AFONSO, 2001).

As comunidades de aprendizagem constituem um ambiente intelectual, so-


cial, cultural e psicológico, que facilita e sustenta a aprendizagem, enquanto
promove a interacção, a colaboração e a construção de um sentimento de
pertença entre os membros (IDEM, 2001, p. 430).

120/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs


Nesse sentido, quanto mais alinhadas ao NANDES, 2006).
funcionamento cognitivo do ser humano,
mais eficaz serão as interfaces de uma plata-
forma voltada à aprendizagem. Além disso,
conforme aponta Afonso (2001), a educa-
ção deve exigir raciocínio, problematização Para saber mais
e autonomia na busca pelo conhecimento Apoiada pela FAPESP, a Universidade do Estado da
por parte dos alunos. A seguir, alguns AVAs Bahia elaborou um livro sobre o Moodle descre-
são apresentados de forma analítica. vendo estratégias pedagógicas em curso apoia-
das em estudos de caso analisados pelos autores
2.1 O Moodle
da obra. Disponível em: <https://www.mood-
A primeira versão do Moodle (modular ob- le.ufba.br/pluginfile.php/342064/mod_re-
ject-oriented dynamic learning environment) source/content/1/Moodle_1911_web.pdf>
foi lançada em 1999 por Martin Dougiamas. Acesso: 16 nov. 2017.
Sua lógica de programação é apoiada na
articulação de módulos, permitindo inova-
ções velozes de suas funcionalidades, den-
tre elas: wikis, fóruns, questionários, en-
trega de lições etc. (LEGOINHA, PAIS E FER-
121/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs
O Moodle refere-se a um sistema de ge- de Empresas e está no sexto semestre, ele
renciamento da aprendizagem (em inglês, será cadastrado na referente turma dentro
Learning Management System), ou seja, ele do sistema e receberá o conteúdo a ela re-
permite organizar e administrar informa- lacionada. Além disso, existem diversos re-
ções relacionadas aos interagentes da pla- cursos que medem o desempenho e enga-
taforma (MARQUES e CARVALHO, 2009). jamento desse aluno como a proposição de
Para Legoinha, Pais e Fernandes (2006), o debates, questionários, número de visitas
LMS seria uma subcategoria de sistemas de no portal, dentre outros.
gestão de conteúdo, do inglês, Content Ma- O Moodle é gratuito e apresenta um códi-
nagement System (CMS). go aberto que permite melhorias de quem
Nessas plataformas LMS, cada usuário, seja se propor a fazê-las, bem como a análise e
ele professor, coordenador, tutor ou aluno, a consulta ao código de programação do
possui um login e uma senha que o identi- mesmo. Além disso, o código desse software
fica no ambiente virtual em questão. Desse pode ser alterado para diferentes finalida-
modo, todo o trajeto realizado é acompa- des. Essa possibilidade é chamada de open
nhado pelo sistema e este, por sua vez, faz source.
proposições personalizadas para o aluno.
Em resumo, se o aluno cursa Administração
122/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs
O Blackboard apresenta ferramentas, em
Link sua maioria assíncronas, como: criação de
conteúdo, avisos aos alunos, calendário, fó-
Para conhecer um pouco mais sobre Open Source runs, trabalhos coletivos, criação de glossá-
leia o texto “O que é open source” do portal Canal- rio da disciplina, testes online, dentre outras
Tech, disponível em: <https://canaltech.com. (COUTINHO; BOTTENTUIT, 2007).
br/produtos/O-que-e-open-source/> Aces-
so: 16 nov. 2017. Segundo os autores Marques e Carvalho
(2009), o Blackboard é o preferido em ter-
2.2 O Blackboard mos de educação e administração pública,
seguido pelo Moodle. No entanto, a prefe-
Diferente do Moodle, o Blackboard é uma rência de usuários norte-americanos é com
plataforma comercial, portanto, existe a relação à plataforma Moodle.
necessidade de comprar a licença para essa
Vale ressaltar que essas plataformas são
plataforma por parte das instituições de
utilizadas não somente nos cursos à distân-
ensino que pretendem implementá-la em
cia, como também de forma a apoiar cursos
seus processos (COUTINHO; BOTTENTUIT,
presenciais. Os autores Coutinho e Botten-
2007).
tuit Junior (2007) analisaram a utilização do
BlackBoard como complemento às aulas
123/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs
presenciais na disciplina de Metodologias como o Teleduc e o Aula Livre.
de Investigação em Formação, ministrada
na Universidade do Minho (Portugual).
Link
2.3 Outras plataformas de ges- Para conhecer melhor o Teleduc acesse o link dis-
tão educacional ponível em: <http://teleduc.nied.unicamp.
br/> Acesso: 16 nov. 2017.
No que tange aspectos estruturais de am-
bientes virtuais, a presente unidade tratou
de maneira resumida de alguns deles, como Link
interface e alguns recursos de determina- Conheça também o AulaLivre acessando o link
dos AVAs. Vale ressaltar que a estrutura de disponível em: <https://aulalivre.net/> Acesso:
um ambiente virtual vai além dos elemen- 20 nov. 2017.
tos aqui listados.
Não obstante, a tarefa de enumerar as fun-
cionalidades de um AVA é frágil por conta Link
da sua constante mutabilidade e inovações Conheça, ainda, a plataforma Edmodo. Para tanto,
tecnológicas e estruturais desses ambien- acesse o link disponível em: <https://www.edmo-
tes. No entanto, vale indicar mais alguns, do.com/?language=pt-br> Acesso: 16 nov. 2017.

124/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs


Independente das inovações tecnológicas, Outro ponto apresentado por Rossini (2007)
um projeto educacional deve estar alinha- refere-se à oportunidade de o aluno acom-
do às diferenças culturais, sociais e políticas panhar, através destas plataformas, o pro-
de cada recorte populacional. Dito de outra gresso de sua aprendizagem. É disto que a
maneira, as instituições, sejam elas empre- unidade 7, desta disciplina, trata.
sariais ou escolares, devem assistir às dife-
rentes gradações do desenvolvimento de
quem pretende-se atender (ROSSINI, 2007).
A utilização de plataformas como essas,
apresentadas nesta unidade, são utilizadas
tanto para cursos presenciais quanto para
cursos a distância. Nesse sentido, vale frisar
a importância de criar polos ou núcleos físi-
cos, por parte das instituições, que atendam
alunos residentes em locais distantes. Essa
é uma forma de balancear as oportunidades
de acesso à infraestrutura física por parte
desses alunos (ROSSINI,2007).
125/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs
Glossário
Elementar: elemento básico, primário; claro.
Hermenêutica: interpretação em termos de prática e de treino.
Perpétua: estado de permanência de alguma coisa.
Open Source: do inglês, código aberto; significa que o código fonte de um software pode ser
adaptado para diferentes finalidades.

126/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs


?
Questão
para
reflexão

Pensando na gestão das instituições educacionais, no papel de


diretor, como você tomaria decisão no que diz respeito ao acata-
mento das inovações tecnológicas? Explane com base em crité-
rios preestabelecidos por sua gestão.

127/217
Considerações Finais

• A tecnologia influencia, de maneira direta, na formação da inteligência nas


sociedades de cada época.
• As plataformas de gestão contribuem para organizar e manter os ambien-
tes virtuais de aprendizagens.
• Moodle e Blackboard estão entre as plataformas de gestão educacional
mais conhecidas e preferidas pelos usuários.
• Os ambientes virtuais devem considerar dimensões culturais, sociais e po-
líticas do público que pretende atingir, a fim de encurtar distâncias não so-
mente geográficas, como também psicológicas e semânticas.

128/217
Referências
AFONSO, Ana Paula V. P. Comunidades de Aprendizagem: um modelo para a gestão da aprendi-
zagem. II Conferência Internacional Challenges’2001/Desafios’2001 – Universidade do Minho,
p. 428-433, 2001.
ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Tecnologias e Gestão do Conhecimento na Esco-
la. IN: Alexandre Thomaz Vieira, Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, Myrtes Alonso (Orgs.)
Gestão educacional e tecnologia. São Paulo: Avercamp, 2003, pp. 113-130.
COUTINHO, Clara Pereira; BOTTENTUIT JR., João Batista. Utilização da plataforma Blackboard
num curso de pós-graduação da Universidade do Minho. In: V Conferência Internacional de
Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação, p. 305-313, maio, 2007.
LEGOINHA, Paulo; PAIS, João; FERNANDES, João. O Moodle e as comunidades virtuais de apren-
dizagem. In: VII Congresso de Geologia - Universidade de Evora, jun/jul 2006.
LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.
MARQUES, Célio Gonçalo; CARVALHO, Ana Amélia Amorim. Contextualização e evolução do
e-learning: dos ambientes de apoio à aprendizagem às ferramentas da web 2.0. VI Conferência
Internacional de TIC na Educação, maio, 2009.
MCLUHAN, Herbert M. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cul-
trix, 1964.
ROSINI, Alessandro Marco. As novas tecnologias da informação e a educação a distância. São
Paulo: Thomson Learning, 2007.

129/217 Unidade 5 • Aspectos estruturais de alguns AVAs


Assista a suas aulas

Aula 5 - Tema: Aspectos Estruturais de Alguns Aula 5 - Tema: Aspectos Estruturais de Alguns
AVAS. Bloco I AVAS. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
bbd6aba2775afb043835e3a7739aaf61>. 472d90486e53b3e7d73d92f8a5555e79>.

130/217
Questão 1
1. O conjunto de técnicas tangíveis e intangíveis de cada época influencia,
de maneira direta, a ....................... coletiva da sociedade.

Assinale a alternativa que complete adequadamente a frase acima:

a) Inteligência.
b) Mecânica.
c) Hermenêutica.
d) Assembléia.
e) Retórica.

131/217
Questão 2
2. O ............ refere-se a uma plataforma open source de base modular.

Assinale a alternativa que complete adequadamente a frase acima:

a) Blackboard.
b) WebCT.
c) Moodle.
d) SecondLife.
e) Headset.

132/217
Questão 3
3. O ................ refere-se a uma plataforma de gestão educacional paga.

Assinale a alternativa que complete adequadamente a frase acima:

a) Moodle.
b) Headset.
c) SecondLife.
d) Blackboard.
e) Riot Games.

133/217
Questão 4
4. A fim de encurtar distâncias, a gestão educacional deve primar por di-
ferenças socioeconômicas e culturais dos públicos que pretende atingir.
Para tanto, as inovações tecnológicas devem ser:

a) Negligenciadas em detrimento da cultura.


b) Alinhadas ao propósito do projeto educacional.
c) Fomentadas assim que são apresentadas ao mercado.
d) Cortadas do projeto pedagógico.
e) Assumidas como riscos à gestão da educação tradicional.

134/217
Questão 5
5. Para igualar as oportunidades de acesso aos alunos que moram distan-
tes dos centros urbanos, a instituição escolar deve criar:

a) Novas unidades em todas as cidades do país.


b) Polos ou núcleos que permitam o acesso à infraestrutura física aos alunos distantes.
c) Polos ou núcleos que permitam o acesso à infraestrutura virtual aos alunos distantes.
d) Sistemas de gestão virtual de conteúdos.
e) Ambientes virtuais que permitam o acesso ao conteúdo por pessoas geograficamente dis-
tantes.

135/217
Gabarito
1. Resposta: A. 3. Resposta: D.

As tecnologias da inteligência referem-se O Blackboard é uma das plataformas de ge-


às tecnologias da comunicação que pro- renciamento digital mais utilizadas para fins
movem evoluções no processo de aprendi- de administração pública e educacional. Ela
zagem e varia de época a época, devido à é paga.
disponibilidade, propriamente, das tecno-
logias em curso. 4. Resposta: B.

2. Resposta: C. Considerando as diferenças sociais, econô-


micas e culturais de cada recorte popula-
O Moodle refere-se a uma plataforma open cional, a gestão deve alinhar as inovações
source que apresenta uma lógica de progra- tecnológicas de acordo com o propósito do
mação baseada em módulos. Além disso, projeto educacional. De outro modo, o ritmo
justamente por ter o código aberto, refere- de aquisição de novas tecnologias deve ser
-se a uma plataforma gratuita. decidido de acordo com as propostas peda-
gógicas da instituição.

136/217
Gabarito
5. Resposta: B.

Polos ou núcleos que permitam o acesso à


infraestrutura física aos alunos distantes,
visando igualar as oportunidades em rela-
ção aos outros, alunos residentes em cen-
tros urbanos e que cursam, presencialmen-
te, determinadas matrizes curriculares.

137/217
Unidade 6
A aprendizagem colaborativa e outros recursos

Objetivos

1. Apresentar a definição corrente acer-


ca de aprendizagem colaborativa.
2. Apontar alguns recursos disponíveis,
hoje, no fomento da aprendizagem
colaborativa.
3. Entender os impactos da aprendiza-
gem colaborativa na construção e no
armazenamento do conhecimento.

138/217
Introdução

Na unidade anterior, você estudou alguns gem colaborativa transcende os ambientes


ambientes virtuais de aprendizagens es- virtuais de aprendizagens, podendo figurar
pecíficos. Nessa unidade, alguns recursos em sites de redes sociais, sítios na internet,
desses AVAs serão analisados, com intuito bem como utilizar outros meios de comuni-
de entender o processo de aprendizagem cação para a sua manutenção, como telefo-
colaborativa hoje em curso. ne e televisão.
Vale ressaltar que a aprendizagem colabo- Dentre os recursos estudados nesta unida-
rativa não é exclusiva de ambientes educa- de, estão: videoaulas, wikis, chats, fóruns,
cionais, ou seja, não se trata de um fenôme- podcasting, e-portifólio, dentre outros. No
no corrente apenas nos cursos superiores que se refere a outras finalidades, serão vis-
formais. tas também ferramentas de avaliação, mo-
Dito de outro modo, é possível observar nitoramento, interação e produção e de-
aprendizagem colaborativa dentro de orga- senvolvimento de conteúdo.
nizações empresariais, sociais ou, até mes-
mo, em comunidades de indivíduos conec-
tados por interesses comuns.
Outro ponto importante é que a aprendiza-

139/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos


1. A aprendizagem colaborativa

Mediante à penetração da internet, que vem ocorrendo desde a última década do século XX,
através de aparatos tecnológicos constantemente atualizados, as pessoas podem organizar-se
de maneira autônoma.
O meio de comunicação internet interconecta pessoas e organizações em todo o mundo. A or-
ganização em torno de conhecimentos comuns, portanto, é facilitada nessa dinâmica em rede.
Na educação, essa lógica reticular permite o aparecimento de uma nova estratégia educacional:
a aprendizagem colaborativa. Nas palavras de Rosini (2007):

Uma outra frente da EAD é a aprendizagem colaborativa (CSCL – Computer


Supported Collaborative Learning – e o CSCW – Computer Supported Coo-
perative Work). A aprendizagem colaborativa é uma das estratégias que
propicia um ambiente educacional colaborativo usando recursos tecno-
lógicos. Ela se destaca como lima das formas rompedoras com a aprendi-
zagem tradicional. A principal diferença dessas abordagens está no fato
de que a aprendizagem colaborativa é centrada no aluno e no processo
de construção do conhecimento, ao passo que a tradicional é centrada no
professor e na transmissão do conteúdo disciplinar (ROSINI, 2007, p. 66).
140/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos
Perceba que essa nova configuração do processo de aprendizagem desloca os papéis do profes-
sor e do aluno. Além disso, tal abordagem aproxima-se ao pensamento conectivista estudado na
Unidade 1 desta disciplina.
Dito de outra forma, resgatando tanto a ideia da memória apoiada por associações (PIAGET apud
MOREIRA, 1999; LEVY, 1993) quanto a teoria de aprendizagem intitulada Conectivismo (SIE-
MENS, 2005; DOWENS, 2007) essa lógica comunicacional reticular permite ao indivíduo saltar
de conteúdo em conteúdo, criando associações e conexões entre eles de maneira personalizada.
Aprender em rede é aprender de maneira colaborativa.
Nesse sentido, a gestão da educação não deve guiar-se por estruturações lineares. Mesmo livros
impressos, conforme você viu na Unidade 4 desta disciplina, renovam-se mediante à tendência
multimidiática dos nós conectivos de conteúdo, ou seja, os livros trazem links diversos para per-
mitir ao leitor trilhar seus próprios saltos cognitivos. Nas palavras de Rosini (2007):

Não podemos trabalhar em educação com conceitos exatos, teorias ver-


dadeiras, disciplinas fragmentadas, processos estanques, objetivos defi-
nidos e comportamentos esperados. É preciso exercer uma conectividade
neural com maior densidade e qualidade, porém essa concepção deve ser
mais humana (IDEM, 2007, p. 61).
141/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos
A aprendizagem, portanto, dá-se “entre- Perceba que a aprendizagem descrita aci-
nós”. Cada atualização feita no conteúdo, ma aproxima-se muito mais do senso co-
por diferentes agentes, encontra-se virtu- mum do que do conhecimento científico.
almente disponível para os demais. Se você
Esse exemplo revela que a aprendizagem é
lê uma postagem em um blog de culinária e
dá uma dica de substituição de ingrediente, - e sempre foi - expansiva. Você aprende em
por exemplo, fermento em pó por fermento diversas situações da vida, não somente na
de pão, você colaborou com outras pessoas faculdade ou no curso de idiomas.
que talvez não tenham o fermento aponta-
Nesse sentido, a aprendizagem também
do na receita em suas casas.
ampliou-se com a internet. A rede social
conectada tanto é um reflexo da rede social
Link real, como também é ampliada por recursos
diversos. Os subitens a seguir revelam essa
O Tudo Gostoso é um exemplo de plataforma, ampliação com vários exemplos.
web e mobile, que permite o compartilhamento
de receitas e dicas entre os usuários. No formato
de comentários, as pessoas trocam informações
quanto aos modos de preparo de cada prato. Dis-
ponível em: <http://www.tudogostoso.com.
br/> Acesso: 16 nov. 2017.

142/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos


1.1 Videoaulas to para as demais hierarquias ou equipes de
trabalho.
Os cursos a distância podem utilizar de dois
diferentes tipos de videoaula: a transmis- 1.2 Wikis
são em tempo real (síncrona) ou transmis-
são gravada (assíncrona). Na primeira, os Os Wikis são recursos utilizados para tecer
alunos assistem ao professor que ministra a conteúdo de maneira conjunta, ou seja, vá-
aula exatamente naquele momento, ou seja, rias pessoas podem ajudar a escrever um
compartilham o mesmo tempo, mas sem texto sobre determinado assunto. Esse re-
compartilhar o mesmo espaço geográfico. curso tanto pode ser público, como é o caso
Já no segundo, a aula já foi gravada, sendo do Wikipédia, como também privado, pre-
dentro do horário de aula, transmitida aos sente em ambientes virtuais restritos a de-
alunos presencialmente e também permite terminado grupo de pessoas.
aos alunos assistirem a aula em casa, sem
compartilhar nem tempo e nem espaço ge- Assim como os demais recursos aqui apre-
ográfico. sentados, os Wikis figuram na internet de
maneira livre, não sendo necessário recorrer
Uma empresa pode também utilizar esse re- a inscrição enquanto aluno de instituições
curso para fins comerciais, entre vendedo-
formais, ou seja, nas palavras de Almeida
res e clientes, mas também entre a equipe
responsável por disseminar o conhecimen- (2003):
143/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos
Os recursos dos ambientes virtuais e aprendizagem são basicamente os
mesmos existentes na internet (correio, fórum, bate-papo, conferência,
centro de recursos etc.). Esses ambientes tem a vantagem de propiciar a
gestão da informação segundo critérios preestabelecidos de organização,
definidos de acordo com as características de cada software (ALMEIDA,
2003, p. 119).
Acerca dos ambientes virtuais privados enquanto softwares, por exemplo, há tanto os wikis vol-
tados a alunos de determinado curso, mas também a profissionais de determinada área de uma
grande empresa multinacional ou, ainda, em caso de softwares abertos, disponíveis em escala
mundial a quem interessar.
Perceba que o debate acerca do mundo empresarial é bastante resgatado, pois a demanda de
atualização dos conhecimentos especializados é um dos grandes motores da expansão da EaD
(ROSINI, 2007).

144/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos


1.3 Chats canal de comunicação. Segundo dados da
pesquisa do Centro de Inteligência Padrão
Os chats são recursos presentes em sites, (CIP), apesar do chat figurar na quarta posi-
redes sociais, AVAs, dentre outros espaços ção de recursos de atendimento mais ado-
online. Eles referem-se a elementos bási- tados pelas organizações (60,1% em de-
cos de atendimento ao cliente, seja ele em- trimento do primeiro lugar: telefone, com
presarial ou educacional, e podem aparecer 100%), ele apresenta os maiores índices de
tanto integrados a sites ou ambientes vir- satisfação (90% dos atendimentos via chat
tuais, como também através de janelas po- são satisfatórios, contra 79,2% com relação
p-up (janelas sobrepostas ao primeiro plano ao telefone) (VITAL, 2017).
do site ou ambiente).
Os chats podem ser apropriados por diver-
sas áreas de uma instituição escolar: depar- Para saber mais
tamento de apoio ao estudante, tesouraria, O Centro de Inteligência Padrão faz parte do Gru-
bem como interação com professores e tu- po Padrão, colaborando com a tomada de decisão
tores podem beneficiar-se dessa ferramen-
nas empresas por meio de publicações de análi-
ta.
ses, pesquisas, insights e informações relevantes
Nesse sentido, os chats devem ser dispo- para a esfera estratégica das organizações.
nibilizados com intenção de abrir um novo

145/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos


1.4 Fóruns

Os fóruns são utilizados para estabelecer


Link
Um exemplo de fórum sobre tecnologia na inter-
debates entre os interagentes. Também po-
net faz parte do portal TechTudo, acesse link dis-
dem figurar em espaços privados ou públi-
ponível em: <http://forum.techtudo.com.br/>
cos a depender da pertinência ou mesmo da
Acesso em: 20 nov. 2017.
relevância dos temas levantados.
Seu formato geralmente traz o formato de Vale ressaltar que os debates podem extra-
caixas de texto que vão aparecendo ao lon- polar os limites de ambientes privados, ou
go do tempo, conforme os interagentes seja, considerando os recursos de copiar,
postam respostas ou novas informações. colar, “printar” ou mesmo de transcrição,
Dito de outra forma, você pode responder e muitos debates são levados a público tanto
interagir com tópicos já existentes ou, ain- por meio da internet quanto em conversa-
da, propor um novo debate. Há fóruns de
ções na real life.
diversos assuntos, basta encontrar aque-
le que compartilha os assuntos que lhe in-
teressam, com pessoas com as quais você
possa aprender.
146/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos
1.5 Podcasting

Esse recurso permite a gravação e reprodu-


Link
Radiolab é um serviço de podcast em inglês, mas
ção de arquivos sonoros. Atualmente, o ser-
seu design sonoro pode interessar mesmo aque-
viço de streaming de músicas Spotify libe-
les que não entendem conteúdo nesse idioma.
rou a inserção de programas gravados em
Vale a pena conferir no link disponível em: ht-
podcastings. Há desde programas de entre-
tp://<www.radiolab.org/about/> Acesso: 16
tenimento, como também de fomento à ci-
nov. 2017
ência, à literatura e a outros assuntos mais
específicos, como tecnologias da informa-
ção e conteúdo de grandes jornais (O Esta- 1.6 E-portfólio
dão, por exemplo).
Em primeiro lugar, portfólio diz respeito a
Esse recurso já foi comentado em unidades um arquivo que reúne as habilidades téc-
anteriores desta disciplina. Ele pode ser en- nicas de um profissional ou empresa. Por
tendido como um novo braço da configura- exemplo, para angariar clientes uma agên-
ção da rádio online, apresentando inúmeras cia de publicidade pode apresentar, na reu-
formas de disponibilização, agora, através nião de prospecção do novo cliente, seu
da internet. portfólio com diversos trabalhos realizados
147/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos
anteriormente, expressando as competên- O e-portfólio, por sua vez, extrapola o sen-
cias da equipe de criação, arte etc. tido da palavra portfólio em termos de con-
teúdo, ou seja, não se trata apenas de um
A mesma agência pode também reunir to-
portfólio disponível na internet, mas sim de
dos os jobs em um arquivo multimídia e dis-
um conjunto de competências e habilidades
ponibilizá-lo na internet, através de um site
adquiridas de maneira formal (através de
ou em espaço privado, por exemplo, na nu- cursos reconhecidos pelo MEC em institui-
vem com acesso através de senha. ções escolares) ou informais (conhecimen-
tos por outros meios não-formais, como
comunidades de aprendizagem ou através
Link de experiência).
Existe um serviço de compartilhamento de arqui-
vos e ficheiros chamado WeTransfer. Você pode 1.7 Outros recursos
usar gratuitamente ou pagar por um upgrade no
Perceba que alguns recursos apresentados
serviço. Acesse através do link disponível em: ht-
até aqui podem ser utilizados para fins de
tps://wetransfer.com/ Acesso: 16 nov. 2017.
avaliação (fóruns, por exemplo), interação
(chats) ou produção e desenvolvimento de
conteúdo (wikis).
148/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos
No entanto, outros recursos hipertextuais Dentro de ambientes virtuais de aprendi-
são utilizados para fins de monitoramento, zagens, as instituições escolares podem
colhendo informações acerca do número de acompanhar o desenvolvimento dos alu-
acessos e de produtividade de cada usuário nos, de modo individual, em turmas ou até
registrado. mesmo por campus.
A plataforma nacional chamada Lattes, do Por fim, existem inúmeros recursos dispo-
CNPq, por exemplo, revela gráficos acerca níveis hoje. O desafio das instituições es-
da produtividade de cada acadêmico re- colares vai em direção à configuração, mais
gistrado. É possível consultar os trabalhos apropriada possível, do projeto educacional
científicos (artigos, papers, teses, disserta-
ções), participações em bancas, produções vigente.
técnicas, publicações em anais de congres-
sos, dentre inúmeras outras produções de 2. A dimensão interativa da edu-
cada professor e/ou pesquisador. cação do início do século XXI

Apoiado no cenário cibernético, a educação


Link sofre constantes alterações quanto à utili-
zação de recursos digitais. A maneira como
Conheça a plataforma Lattes através do site dis-
o conhecimento é organizado, mas também
ponível em: <http://lattes.cnpq.br/> Acesso: 16 a produção foram informatizadas através
nov. 2017. do computador.
149/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos
Tecnologias da inteligência aplicadas na educação: objetos de aprendiza-
gem, comunidades virtuais de aprendizagem, wikis e blogs. Serão essas as
tecnologias capazes de indicar o caminho para a construção coletiva do
conhecimento e a reformatação do atual sistema de ensino? Acreditamos
e esperamos que sim (MAIA e MATTAR, 2007, p. 72).

Dessa maneira, existe uma tendência virtualmente colaborativa do processo de aprendizado. O


novo cenário educacional permite que “novas estratégias e novos recursos sejam modificados
na construção do conhecimento por simulação, o que é típico de uma cultura informatizada”
(ROSINI, 2007, p. 63).

Link
O projeto PhET permite simulações gratuitas nas áreas de matemática e ciências. A finalidade é criar um am-
biente lúdico de descoberta, fomentando a curiosidade do aluno. Disponível em: <https://phet.colorado.
edu/pt_BR/> Acesso: 16 nov. 2017.

150/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos


Seja para fins de interação simultânea ou tomar consciência das suas demandas e
assíncrona, “as mídias digitais caminham acessos para, então, navegar entre os nós
para a integração de suas possibilidades da rede ou mesmo guiar, ao longo desse
oferecendo recursos que viabilizam o ofe- processo, o seu próprio caminho.
recimento de educação de qualidade para Conforme reconhece Maldonado (2010), a
qualquer pessoa, a qualquer tempo e em interação é elemento central da vida huma-
qualquer lugar” (KENSKI, 2008, p. 104 e na, “caracterizada pelo contato entre pes-
105). soas que adaptam seu comportamento ao
Tais recursos, incluindo os descritos nesta do outro, em que se verifica a correspon-
unidade, são incorporados às plataformas dência ou não das expectativas mútuas ou
de ensino a distância. Essas aplicações vi- sua rejeição” (IDEM, 2010, p. 118).
sam atender tanto a formação acadêmica, A interação, enquanto elemento central da
como também a formação profissional cor- nova configuração da educação a distância,
porativa (ROSINI, 2007). fomenta uma postura dialógica tanto entre
Em linhas gerais, o processo de aprendiza- os indivíduos, como também em sua rela-
gem apoiado por recursos hipertextuais, ção com as organizações. Dessa forma, a
independente da finalidade a que está sub- educação deve evoluir no sentido de assistir
metido, revela a interação como elemento a essa constante interação, de forma a guiar
central da educação mediada por tecnolo- a aprendizagem colaborativa.
gia. Dito de outra forma, o indivíduo deve
151/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos
Glossário
Printar: fotografar telas do computador.
Real life: do inglês, vida real; esse termo é utilizado em contraposição com o ambiente virtual.
Jobs: do inglês, trabalhos; termo amplamente utilizado na área de Publicidade.
Reticular: em rede.
Meticulosamente: de maneira cuidadosa.

152/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos


?
Questão
para
reflexão

Extrapolando os limites da disciplina, mas ainda com


pertinência pragmática, você acredita que a política no
âmbito legislativo, por exemplo, poderia beneficiar-se
da deliberação pública realizada no ambiente virtual?

153/217
Considerações Finais

• A aprendizagem colaborativa refere-se ao fenômeno social permitido pela


lógica reticular da internet. Nessa abordagem, a aprendizagem é construída
conjuntamente por todos os interagentes ou usuários.
• Alguns recursos foram apresentados nesta unidade. Todos estão disponí-
veis na internet. No entanto, a educação jamais se mostrou tão necessária
quanto atualmente, uma vez que a ampla gama de informações disponíveis
deve ser filtrada meticulosamente e de maneira crítica pelos indivíduos.
• Os recursos citados compõem as plataformas de gerenciamento educacio-
nal, servindo para fins de avaliação, monitoramento, interação e produção
e desenvolvimento de conteúdo.
• A dimensão interativa da aprendizagem reticular fomenta a colaboração.
Dessa forma, o indivíduo é convidado a atuar como protagonista da cons-
trução de seu próprio conhecimento, compartilhando esse processo com os
demais.

154/217
Referências

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Tecnologias e Gestão do Conhecimento na Escola.


In: Alexandre Thomaz Vieira, Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, Myrtes Alonso (Orgs.) Ges-
tão educacional e tecnologia. São Paulo: Avercamp, 2003, pp. 113-130.
DOWNES, S. What Connectivism Is [Disponível em <http://www.downes.ca/post/38653>. Acesso
em: 12 abr. 2014.
KENSKI, Vani Moreira. Democratização das mídias e a gestão em educação à distância. In: Ges-
tão educacional: novos olhares, novas abordagens. Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira (org.). 5.
ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p. 100-116.
LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.
MAIA, Carmem; MATTAR, João. ABC do EAD. 1. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
MALDONADO, Alberto Efendy; REICHERT, Julie. A interatividade na educação a distância: o
papel central da interatividade nos processos de ensino-aprendizagem na EAD. Comunicação &
Educação, ano XV, n. 3, set/dez 2010.
MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
ROSINI, Alessandro Marco. As novas tecnologias da informação e a educação a distância. São
Paulo: Thomson Learning, 2007.
155/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos
Referências

SIEMENS, G. (2005). Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age. In: International Jour-
nal of Instructional Technology & Distance Learning. [Disponível em <http://www.itdl.org/Jour-
nal/ Jan_05/article01.htm>. Acesso em: 23 fev. 2014.

VITAL, Juliana. Consumidor Multicanal. Meio&Mensagem. Disponível em: http://www.meioemen-


sagem.com.br/home/opiniao/2017/08/03/consumidor-multicanal.html Acesso: 16 nov. 2017.

156/217 Unidade 6 • A aprendizagem colaborativa e outros recursos


Assista a suas aulas

Aula 6 - Tema: A Aprendizagem Colaborativa e Aula 6 - Tema: A Aprendizagem Colaborativa e


Outros Recursos. Bloco I Outros Recursos. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/81a-
1d/35b34065c299f1118e0dd0c37b18cb20>. 61ed838ac95b3ef93219a919813ad>.

157/217
Questão 1
1. A internet permite uma nova estratégia educacional que extrapola os limi-
tes formais das instituições escolares.

O trecho acima refere-se à qual estratégia?

a) Meios de comunicação digitais.


b) Recurso do wiki.
c) Recurso de sites de redes sociais.
d) Ensino a distância.
e) Aprendizagem colaborativa.

158/217
Questão 2
2. É um recurso que permite a criação e desenvolvimento contínuo de
conteúdo. À qual recurso a frase anterior refere-se?

a) Podcast.
b) Chats.
c) Wikis.
d) Fóruns.
e) AVAs.

159/217
Questão 3
3. O ............ refere-se a um recurso de disponibilização de arquivos sono-
ros na rede. Qual alternativa completa, adequadamente, a frase?

a) Podcast.
b) Streamcast.
c) Sonorocast.
d) Audiocast.
e) Hearcast.

160/217
Questão 4
4. As videoaulas podem ser transmitidas de duas diferentes formas, são
elas:

a) Simultâneas e gravadas.
b) Simultâneas e síncronas.
c) Gravadas e assíncronas.
d) Reveladas e gravadas.
e) Em tempo real ou simultâneas.

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Questão 5
5. Quais são as finalidades apontadas nesta unidade quanto à apropriação
dos recursos digitais?

a) Avaliação, monitoramento, mensuração e análise.


b) Monitoramento, mensuração, colaboração e produção de conteúdo.
c) Avaliação, mensuração, interação, produção e desenvolvimento de conteúdo.
d) Avaliação, monitoramento, interação, produção e desenvolvimento de conteúdo.

e) Análise quantitativa, monitoramento, interação, produção e desenvolvimento de conteúdo.

162/217
Gabarito
1. Resposta: E. 3. Resposta: A.
A aprendizagem colaborativa pode ser en- O podcast refere-se a um arquivo de som,
tendida como uma estratégia educacional possível de ser disponibilizado em sites,
alinhada às novas possibilidades interativas serviços de streaming, softwares ou plata-
presentes na internet. formas específicas.

2. Resposta: C. 4. Resposta: A.
Os wikis são recursos que permitem a cons- As videoaulas podem ser transmitidas ao
trução do texto em conjunto com os mem- vivo, ou seja, ocorrer simultaneamente ao
bros de determinado grupo (educacionais horário de aula ou, então, gravadas, sem
ou empresariais) e também de maneira pú- compartilhar o mesmo tempo do evento da
blica (Wikipédia). aula propriamente dita.

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Gabarito
5. Resposta: D.
Avaliação, monitoramento, interação, pro-
dução e desenvolvimento de conteúdo fo-
ram as finalidades apontadas na presente
unidade quanto à configuração de ambien-
te ou de plataformas de aprendizagem.

164/217
Unidade 7
A avaliação somativa e formativa em AVAs

Objetivos

1. Apresentar as definições de avaliação


somativa e formativa.
2. Identificar o papel das avaliações so-
mativa e formativa no processo de
aprendizagem do aluno.
3. Revelar a importância do feedback
constante.

165/217
Introdução

Uma das principais reflexões que devem ser al, mas, ainda, considerando-o como parte
feitas em relação ao processo de aprendi- do todo. Essa linha de ação distancia-se da
zagem diz respeito à avaliação. Segundo o avaliação enquanto método de controle de
autor Pedro Demo (2002), apesar da apren- turma, aproximando-se da relação dialó-
dizagem não ser linear, os métodos de ava- gica entre professor-aluno, este último no
liação estão baseados em pressupostos li- singular.
neares. Nesse sentido, a avaliação deve ser vis-
A avalição, seja ela quantitativa ou quali- ta como mais uma oportunidade do aluno
tativa, deve focar o processo de aprendi- aprender do que, na perspectiva da autora
zagem do aluno de modo a diagnosticar os Hoffmann (2005), uma prestação de contas.
pontos de fragilidade de cada um. Desse Essa unidade traz as definições acerca das
modo, ações podem ser empreendidas para avaliações somativa e formativa, bem como
sanar possíveis defasagens nesse proces- o papel delas no processo de ensino-apren-
so de construção do conhecimento (DEMO, dizagem em ambientes virtuais de aprendi-
2002). zagens. Além disso, assinala a importância
Segundo Moretto (2001), o acompanha- de expressar feedbacks de maneira cons-
mento da aprendizagem é complexo, pois tante, permitindo ao aluno fazer sua auto-
assiste a cada aluno, de maneira individu- apreciação.
166/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs
1. A avaliação: finalidades e mo- Na primeira finalidade, a avaliação geral-
dalidades mente é aplicada ao final do período letivo,
pois verifica a aquisição e apreensão dos
A título de uma prévia definição, a avalia- conteúdos transmitidos ao longo de todo o
ção enquanto dimensão educacional refe- curso. Na segunda função, a avaliação re-
re-se “a uma investigação sistêmica para vela-se formativa, cujo caráter pedagógico
determinar o mérito e a pertinência de um permeia todo o processo de aprendizagem,
conjunto de atividades e ações no processo não somente o final (JORBA; SANMARTÍ,
de ensino e aprendizagem” (FAVA, 2014, p. 2003).
219). Há ainda uma terceira modalidade de ava-
De outro modo, a avaliação busca atestar liação. Aquela avaliação que é aplicada no
a aquisição de conhecimentos de determi- início do processo de ensino é chamada
nado período, permitindo o aluno cursar a avaliação diagnóstica, que busca mapear o
etapa seguinte ou, ainda, busca diagnos- conhecimento prévio dos alunos (diagno-
ticar as falhas na aprendizagem do aluno, se) ou o conhecimento da turma (prognose)
servindo como subsídio para adequar as (JORBA; SANMARTÍ, 2003).
atividades ministradas pelo professor (JOR-
BA; SANMARTÍ, 2003).
167/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs
der é um longo processo por meio do qual o
Link aluno vai reestruturando seu conhecimento
a partir das atividades que executar” (JOR-
Manual de Avaliação Formativa e Somativa do BA; SANMARTÍ, 2003, p. 30).
Aprendizado Escolar, de Bloom, Hastings e Ma-
daus (1971), sugeriu a categorização da avalia- Além disso, o fracasso na avaliação somati-
ção (diagnóstica, somativa e formativa) para fins va geralmente é atribuído a questões atitu-
de aprendizagem logo na segunda metade do sé- dinais, como falta de interesse ou de esforço
culo passado, influenciando gerações e gerações e déficit de concentração, e a desigualdades
quanto a gestão e planejamento educacional socioculturais. No entanto, “os desafios que
acerca da avaliação. a criança e o jovem enfrentam precisam ser
encarados com maior seriedade em termos
da sua compreensão” (HOFFMANN, 2005, p.
A maior parte das instituições de ensino
65), reestruturando os processos avaliativos
utiliza apenas a avaliação somativa, ou seja,
institucionais.
aquela que atesta os conhecimentos adqui-
ridos ao longo de um determinado período.
No entanto, esta prática negligencia a “con-
cepção do ensino que considera que apren-

168/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs


Para saber mais Para saber mais
O autor Quinquer (2003) identifica três modelos Perceba que o modelo da avaliação somativa se
de avaliação que a consideram como instrumento aproxima da concepção comportamentalista da
de comunicação no processo de aprendizagem: teoria de aprendizagem. Dito de outra maneira, a
modelo psicométrico (enfatiza os resultados da avaliação serviria para verificar comportamentos
avaliação), modelo sistêmico (enfatiza a regula- esperados, configurando instrumento de análise
gem das atividades voltadas para aquisição do acerca do desempenho individual ou em grupo
conhecimento) e modelo psicossocial ou comuni- (CALDEIRA, 2004).
cativo (busca fomentar a autonomia dos alunos,
reconhecendo a individualidade do processo de A avaliação formativa deve ser acompanha-
aprendizagem). da de maneira constante por parte do pro-
fessor. A utilização de dossiês ou portfólios
servem para organizar a progressão cogni-
tiva do aluno, revelando a curva de aprendi-
zagem do mesmo (HOFFMANN, 2001).

169/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs


Além disso, vale a pena ressaltar a diferença entre avaliação formativa e avaliação contínua.
Enquanto a primeira colabora para individualização do processo de aprendizagem, revelando
e adaptando conteúdos de acordo com o desempenho de cada aluno, a segunda diz respeito a
avaliações periódicas que ocorrem ao longo de todo o processo de aprendizagem. Deste modo,
uma avaliação contínua pode não se tratar de uma avaliação formativa (PERRENOUD, 1991; MA-
ZZETO, 2003 apud CALDEIRA, 2004).
A concepção de avaliação formativa guarda proximidade com a teoria do conectivismo, estuda-
da na primeira unidade desta disciplina. Enquanto a avaliação somativa pode ser resolvida com
método de repetição, eficaz no curto prazo, a avaliação somativa exige um esforço maior do alu-
no com relação à resolução de novas situações, por exemplo.
No entanto, a avaliação prima por elementos que nem sempre estão alinhados aos objetivos
educacionais. Nas palavras de Hoffmann (2005):

Avaliação numa visão liberal: ação individual e competitiva; concepção


classificatória, sentenciva; intenção de reprodução das classes sociais;
postura disciplinadora e diretiva do professor; privilégio à memorização;
exigência burocrática periódica (HOFFMANN, 2005, p. 92).
170/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs
Vale ressaltar que uma avaliação somativa
pode ser redigida sob a proposta de apli- Link
cação do conhecimento, ou seja, o aluno é A dissertação de mestrado de Robson Hugo Hen-
convidado para aplicar os conhecimentos ning, submetida ao departamento de Ciência da
adquiridos em situações-problema, inutili- Computação da Universidade Federal de San-
zando o método de memorização mencio- ta Catarina, trata o chamado Hiperdocumen-
nado anteriormente. tos Adaptativos (HA), cuja avaliação continuada
No ambiente virtual de aprendizagem, o identifica, através das respostas do aluno, pontos
aluno pode receber feedback imediato de maior dificuldade, controlando sua evolução
de testes online. Alguns testes, inclusive, ao longo do curso. Esse recurso refere-se à adap-
acompanham o nível de aprendizagem do tabilidade do processo de ensino-aprendizagem
aluno, retomando níveis anteriores quando
possível no ambiente virtual. Disponível em: <ht-
for o caso.
tps://repositorio.ufsc.br/bitstream/hand-
le/123456789/102193/226925.pdf?sequen-
ce=1> Acesso em: 21 nov. 2017.

171/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs


Nesse sentido, o ambiente virtual permite aplicar, medir e acompanhar o desempenho indivi-
dual do aluno, não somente através de testes, como também através da produção individual e
qualidade das interações empreendidas em fóruns, chats e outros recursos do AVA. Além disso,
estes resultados são comunicados ao aluno, promovendo sua autonomia e responsabilidade no
processo de aprendizagem empreendido:

Mais que uma formalidade legal, a avaliação deve permitir ao aluno sentir-
-se seguro quanto aos resultados que vai alcançando no processo de ensi-
no-aprendizagem. A avaliação do aluno feita pelo professor deve somar-
-se à auto-avaliação, que auxilia o estudante a tornar-se mais autônomo,
responsável, crítico e capaz de desenvolver sua independência intelectual
(ROSINI, 2007, p. 80).

A importância do feedback, portanto, permite ao aluno acompanhar o seu próprio desempenho,


alinhando a avaliação como ferramenta de construção da aprendizagem. No contexto da educa-
ção a distância, Oliveira et al pontua:

172/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs


Na EAD a avaliação estimula a aprendizagem e o sucesso do aluno, favo-
rece-lhe a autoconfiança, já que é informado durante todo o tempo sobre
o próprio progresso. Essa informação constante não acontece somente
nos momentos formais de avaliação (cadernos de avaliação, provas, semi-
nários, monografia, observação da prática pedagógica), mas ao longo do
processo (OLIVEIRA et al, 2007, p. 44-45).

Por outro lado, a concepção mecanicista da avaliação é um ponto a ser superado, inclusive, nos
ambientes virtuais de aprendizagens. Muitos métodos avaliativos são baseados em verificação
quantitativa, como número de acesso e aplicação de questionários de múltipla escolha, tornan-
do difícil a identificação de gaps na aprendizagem do aluno (CALDEIRA, 2004).
No entanto, apesar da maior parte das avaliações em ambiente virtual ser baseada em testes com
resultados quantitativos, o registro digital das atividades e das diversas avaliações realizadas por
parte dos tutores, permite aplicação de métodos de análise qualitativos baseados em portfólios
de cada aluno (LAGUARDIA; PORTELA; VASCONCELLOS, 2007).

173/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs


Enquanto há um grupo que defende a ob- 1.1 O papel do professor na re-
jetividade e imparcialidade dos processos dação e tratamento da avaliação
avaliativos em educação, os instrumentos
generalizáveis e definidos, que estão a ser- Novak (apud MOREIRA, 1999) propõe cinco
viço deste pensamento, impedem a emer- elementos centrais de eventos educativos:
gência da individualidade no processo de aprendiz, professor, conhecimento, contex-
aprendizagem (CALDEIRA, 2004). to e avaliação. Em sua concepção, Novak
entende evento educativo como situações
Em termos gerais, a partir do momento que de aprendizagem, ou seja, em certo con-
a avaliação ocupar o seu lugar na constru- texto, interagindo com professor ou outra
ção do conhecimento, o aluno passará a figura substituta, o ser humano adquire um
compreender a dinâmica de aprendizagem conhecimento.
proposta pela educação. Em outras pala-
A avaliação figuraria como elemento cons-
vras, “se o foco da avaliação deve ser a es-
titutivo de eventos educativos pois, segun-
tratégia didática, importa menos o tipo de
do o mesmo autor (NOVAK apud MOREIRA,
instrumento que será utilizado, e mais o seu
1999), a avaliação é, em si mesma, um even-
significado dentro do processo de aprendi- to educativo. Ela permearia todo o processo
zagem” (CALDEIRA, 2004, p. 6). de ensino, aprendizagem, conhecimento e
contexto.
174/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs
Considerando a raiz etimológica da palavra avaliação, extraída do ato de avaliar (do francês,
évaluer), a prática avaliativa refere-se ao ato de estimar, apreciar ou, ainda, atribuir valor a algo
(FAVA, 2014). No entanto, alguns pressupostos da avaliação estão enraizados na lógica capita-
lista, distantes da perspectiva dialógica ou cooperativa.

Se analisarmos seriamente as contradições hoje imanentes à avaliação,


perceberemos que as explicações ultrapassam os muros das escolas. As
relações de poder que se travam em nome dessa prática são reflexos de
uma sociedade liberal e capitalista, que se nutre de exigências burocráti-
cas para mascarar o seu verdadeiro descaso com a educação em todos os
níveis. É urgente encaminhar a avaliação, a partir de efetiva relação pro-
fessor e aluno, em benefício da educação do nosso país, contrapondo-se
à concepção sentenciva, grande responsável pelo processo de eliminação
de crianças e jovens da escola (HOFFMANN, 2005, p. 35-36).

175/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs


Perceba que a figura do professor, enquan-
to elemento mediador e apreciador deste Link
processo de avaliação, possui autonomia A noção de Avaliação Mediadora surge como uma
para alterar a percepção do aluno com re- alternativa às avaliações tradicionais, buscando
lação ao processo de avaliação em si, con- minimizar os impactos socioculturais e outras di-
tribuindo para ressignificá-la. Ainda mais ferenças influentes no acesso à educação supe-
importante, o professor pode desconstruir rior. Assista ao vídeo com Jussara Hoffmann, um
a “concepção sentenciva” denunciada por dos maiores nomes da área no Brasil. Disponível
Hoffmann (2005) no trecho acima, priman- em: <https://www.youtube.com/watch?v=-
do por métodos qualitativos que superem a RWgqJVBpUQg> Acesso: 21 nov. 2017.
objetividade e generalização dos métodos
quantitativos.
O discurso empreendido pelo professor
De outro modo, ao tratar a avaliação como acerca da avaliação deve estar alinhado com
um evento educacional, o professor convida a sua prática avaliativa. Em outras palavras,
o aluno a encarar a avaliação de outra for- não adianta o professor “vender” a avalia-
ção formativa como uma aliada na constru-
ma. O medo que perpassa sua execução é ção do conhecimento e, na hora de corrigir,
consideravelmente repelido. não a utilizar para identificar as dificuldades
de cada aluno.
176/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs
Dessa forma, o processo avaliativo a que me refiro é um método investiga-
tivo e que prescinde da correção tradicional, impositiva e coercitiva. Pres-
supõe, isso sim, que o professor esteja cada vez mais alerta e se debruce
compreensivamente sobre todas as manifestações do educando. O erro
lido em sua lógica, as hipóteses preliminarmente construídas pelo aluno (o
ainda não, mas pode ser) são elementos dinamizadores da ação avaliativa
enquanto mediação, elementos significativos na discussão, na contra-ar-
gumentação e na elaboração de sínteses superadoras (HOFFMANN, 2005,
p. 66).

O professor é incumbido da tarefa de promover a avaliação a um novo patamar. Não mais ins-
trumento de verificação da aprendizagem, mas sim como estratégia pedagógica, auxiliando a
construção de conhecimento do aluno. Por outro lado, a instituição escolar ou mesmo os recur-
sos do sistema virtual devem subsidiar esta mudança, apoiando e possibilitando novas práticas
avaliativas (CALDEIRA, 2004).

177/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs


Além disso, se o aluno não aprendeu, o pro- Por fim, a educação reclama a função de
blema pode residir no método avaliativo formar indivíduos conscientes e, para tan-
aplicado (FAVA, 2014), e também, possi- to, pode se apropriar de novos recursos tec-
velmente, no método de ensino vigente. O nológicos para sanar as limitações espaço-
impasse da avaliação, nesse caso, pode ser -temporais da estrutura física e do corpo
relacionado com possível defasagem às exi- docente. Mas é necessário superar a buro-
gências curriculares, desconsideração das cracia das avaliações somativas, pois estas,
características contextuais, dentre diversos ainda, compõem a maior parte da nota do
outros fatores que negligenciam a gestão aluno.
adequada deste evento educativo.
De outra perspectiva, a inovação tecnoló-
gica não garante a inovação pedagógica. A
concepção de aprendizagem e processo de
formação dos professores são dimensões
que influenciam essa inovação dos proces-
sos educacionais (CALDEIRA, 2004).

178/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs


Glossário
Déficit: diferença entre quantidade ou qualidade prevista e quantidade ou qualidade alcançada.
Gap: do inglês, lacuna, hiato.
Feedback: do inglês, comentários, parecer.

179/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs


?
Questão
para
reflexão

Como promover uma postura democrática nos alunos


sem fomentar a democracia nos processos educacionais?
Esta reflexão deve transpassar as finalidades institucio-
nais, tocando na profundidade do tema levantado nesta
unidade. Como promover uma postura democrática nos
alunos sem fomentar a democracia nos processos edu-
cacionais?

180/217
Considerações Finais

• As avaliações podem ser diagnósticas, somativas ou formativas. Além desta


categorização, há também as avaliações contínuas.
• A avaliação formativa guarda diferença com relação à avaliação contínua.
• O professor deve tomar responsabilidade pelo processo de avaliação, no
sentido de subsidiar decisões com relação à composição da nota do aluno e
também para orientar o mesmo com relação às dificuldades enfrentadas no
processo de aprendizagem a nível individual.
• A instituição escolar deve apoiar inovações educacionais no que tange as
avaliações. Sem o respaldo da instituição, incluindo os recursos disponíveis
no ambiente virtual, o professor se vê impelido de compor a nota majorita-
riamente através da avaliação somativa.

181/217
Referências

BASSANI, Patrícia Scherer; BEHAR, Patrícia Alejandra. Avaliação da aprendizagem em ambien-


tes virtuais. In: BEHAR, Patricia Alejandra (Org.). Porto Alegre: Artmed, 2009, p. 93-113.
CALDEIRA, Ana Cristina Muscas Caldeira. Avaliação da aprendizagem em meios digitais: novos
contextos. ABED, Abril/ 2004. Disponível em: http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/
033-TC-A4.htm Acesso em: 21 nov. 2017.
DEMO, Pedro. Complexidade e aprendizagem: a dinâmica não linear do conhecimento. São Pau-
lo: Atlas, 2002.
FAVA, Rui. Educação 3.0. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
HOFFMANN, Jussara Maira Lerch. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 35.
ed. Porto Alegre: Mediação, 2005.
HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover. Porto Alegre: Mediação, 2001.
JORBA, J.; SANMARTÍ, N. A função pedagógica da avaliação. IN: BALLESTER, M. et al. Avaliação
como apoio à aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2003, p. 23-46.
LAGUARDIA, Josué; PORTELA, Margareth Crisóstomo; VASCONCELLOS, Miguel Murat. Avaliação
em ambientes virtuais de aprendizagem. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 33, n. 3, set/dez,
2007, p. 513-530.
182/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs
Referências

MOREIRA, Marco Antonio. Teorias da Aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.


OLIVEIRA et al. Uma Experiência de avaliação da aprendizagem na educação a distância: o
diálogo entre avaliação somativa e formativa. In: REICE – Revista Electrónica Iberoamericana
sobre Calidad, Eficacia y Cambio em Educación, v. 5, n. 2e, 2007, p 39-55.
QUINQUER, D. Modelos e enfoques sobre avaliação: o modelo comunicativo. IN: BALLESTER, M.
et al. Avaliação como apoio à aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2003, p. 15-22.
ROSINI, Alessandro Marco. As novas tecnologias da informação e a educação a distância. São
Paulo: Thomson Learning, 2007.
MORETTO, Vasco Pedro. Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas.
9 ed. Rio de Janeiro, RJ: Lamparina, 2010.

183/217 Unidade 7 • A avaliação somativa e formativa em AVAs


Assista a suas aulas

Aula 7 - Tema: A Avaliação Somativa e Formati- Aula 7 - Tema: A Avaliação Somativa e Formativa
va em AVAS. Bloco I em AVAS. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/fc-
1d/2eddc917e240777ce3012684e79b7ec7>. 879d08eaebb0d174b4cca1f902c61b>.

184/217
Questão 1
1. A avaliação ............................ busca verificar o nível de apreensão do aluno
com relação aos conteúdos ministrados ao longo de todo o curso.

Assinale a alternativa que complete adequadamente a lacuna acima:

a) Somativa.
b) Formativa.
c) Diagnóstica.
d) Mediadora.
e) Contínua.

185/217
Questão 2
2. A avaliação .................................. refere-se a eventos educativos espalha-
dos ao longo de todo o curso, buscando a construção do conhecimento.

Assinale a alternativa que complete adequadamente a lacuna acima:

a) Somativa.
b) Formativa.
c) Diagnóstica.
d) Mediadora.
e) Contínua.

186/217
Questão 3
3. A avaliação ................................. busca verificar os pontos de maior dificul-
dade do aluno, de maneira individualizada. Sua aplicação é realizada ao
longo do curso.

Assinale a alternativa que complete adequadamente a lacuna acima:

a) Somativa.
b) Formativa.
c) Diagnóstica.
d) Mediadora.
e) Contínua.

187/217
Questão 4
4. A avaliação ...................................... é aplicada no início do período letivo,
buscando mapear o repertório dos alunos (prognose) ou de cada aluno
individualmente (diagnose).

Assinale a alternativa que complete adequadamente a lacuna acima:

a) Somativa.
b) Formativa.
c) Diagnóstica.
d) Mediadora.
e) Contínua.

188/217
Questão 5
5. A avaliação faz parte do processo de aprendizagem em si. Enquanto
evento educativo, a avaliação deve ser construída e encarada como es-
tratégia pedagógica, aliada aos objetivos do curso de forma a promover a
autonomia e aprendizagem do aluno.

Nesse contexto, o papel do professor é:

a) Amedrontar os alunos para que estudem.


b) Organizar planilhas para melhor identificar o ranqueamento dos alunos.
c) Aplicar questionários quantitativos para facilitar a identificação das melhores notas.
d) Compor eventos educativos que garantam a aprendizagem do aluno, subsidiando decisões
com relação ao nível de dificuldade de cada um.
e) Seguir as normas da instituição e buscar alternativas externas para aplicar avaliações soma-
tivas de qualidade.

189/217
Gabarito
1. Resposta: A. 3. Resposta: B.

A avaliação somativa geralmente é aplicada A avaliação formativa é uma modalidade


ao final de cada período letivo, com intuito de avaliação contínua, pois é realizada ao
de verificar o nível de conhecimento míni- longo de todo o curso. No entanto, o fator
mo necessário para permitir o aluno cursar que a diferencia da avaliação contínua é a
o próximo módulo ou receber a certificação possibilidade de identificar, de maneira in-
vigente. dividual, as dificuldades do aluno, ajustan-
do o processo de aprendizagem ao longo
2. Resposta: E. do caminho.

A avaliação contínua é realizada ao longo


4. Resposta: C.
de todo o curso, compondo os recursos de A avaliação diagnóstica, como o próprio
aprendizagem vigentes. Vale a pena ressal- nome sugere, busca diagnosticar o repertó-
tar que avaliação contínua não é sinônimo rio de conhecimento do aluno ou grupo de
de avalição formativa, pois esta permite a alunos, antes do início do curso ou período
individualização do processo de aprendiza- letivo.
gem.

190/217
5. Resposta: D.

Com base na reflexão empreendida nesta


unidade, o professor deve tomar responsa-
bilidade no processo de avaliar o aluno, no
sentido de apoiá-lo ao longo do caminho,
subsidiando seus acertos ao identificar os
pontos de defasagem de cada um.

191/217
Unidade 8
Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva

Objetivos

1. Retomar a definição de ambientes vir-


tuais de aprendizagens (AVA).
2. Localizar o AVA dentro da perspectiva
inclusiva.
3. Concluir corpo teórico da disciplina
apontando uma das maiores preocu-
pações da Era da Informação: a exclu-
são digital.

192/217
Introdução

A teoria do conectivismo mostrou a forma litando a aplicação de métodos qualitativos


reticular na qual se dá o processo de apren- na apreciação do processo de aprendiza-
dizagem. Esse fenômeno depende, de ma- gem do aluno.
neira direta, do repertório do indivíduo, bem É exatamente nesse ponto que a educação
como sua capacidade cognitiva de apreen- a distância revela um potencial inclusivo em
der novos conteúdos. termos de aprendizagem, mas esse não é o
Nesse sentido, diversos recursos vêm sen- único fator que o diferencia do ensino pre-
do empregados em prol da aprendizagem. sencial.
Graças a possibilidade de verificação con- Conforme você estudará nesta unidade, a
tínua por meio dos métodos avaliativos, o EaD permite que residentes distantes de
aluno pode identificar os pontos de maior centros urbanos possam cursar e acompa-
dificuldade. nhar conteúdos de maneira remota. Além
Como você viu na unidade anterior, as ava- disso, outras demandas são atendidas nes-
liações formativas auxiliam o aluno de ma- sa modalidade de educação, como a rotina
neira individualizada, respeitando o tempo de viagens de determinadas profissões, es-
e repertório de cada um. No ambiente vir- cassez de tempo e impossibilidade de estar,
tual, essa avaliação pode, ainda, agrupar presencialmente, na instituição educacio-
avaliações e atividades realizadas ao longo nal.
do curso nos chamados portfólios, possibi-

193/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva


1. Ambientes virtuais de aprendizagens: uma alternativa inclusiva

A educação ocupa-se em formar pessoas, para tanto, formula materiais didáticos, tece métodos
avaliativos, dentre outras dimensões educacionais que servem aos propósitos do processo ensi-
no-aprendizagem.
Em especial, a educação a distância busca atender diversas demandas, muitas delas voltadas ao
trabalhador. Kenski (2008) identifica, ainda, o atendimento da EaD às pessoas com deficiência,
dificuldades de locomoção, problemas de saúde, demandas de tempo de profissionais que tra-
balham viajando, como artistas de circo e caminhoneiros, dentre outros.
Acerca do atendimento da EaD voltado ao trabalhador, talvez esse tenha sido a grande sacada
dessa modalidade de ensino, pois ela apresentou soluções para um público até então ignorado
pelas grandes instituições de ensino (MAIA; MATTAR, 2007). Nas palavras dos autores:

A EaD, mesmo antes do desenvolvimento da Internet, já focava esse públi-


co, pessoas que não tinham seguido as etapas formais do estudo, ou que
tinham parado em determinado momento, mas precisavam se formar ou
se reciclar. A esse público a EaD tornou-se expert em atender, antes que
as instituições de ensino tradicionais se dessem conta. Daí o fato de a an-
dragogia estar tão intimamente ligada à teoria da educação a distância
(MAIA; MATTAR, 2007, p. 94).
194/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva
Fazendo um parêntese, a andragogia refe- Acerca da tomada de decisão quanto aos re-
re-se à “pedagogia” para adultos, ou seja, o cursos disponíveis para fomentar a aprendi-
estudo da aprendizagem de pessoas dentro zagem do aluno, a gestão educacional deve
da faixa etária considerada adulta. O termo alinhar todas as dimensões e áreas admi-
foi cunhado para servir como alternativa à nistrativas para melhor atender o conjunto
palavra pedagogia propriamente dita. de alunos inscritos. Quanto ao alcance dos
objetivos na educação a distância, Rosini
(2007) diz:
Link
Sobre o ensino de adultos, leia o artigo Andrago-
gia: considerações sobre a aprendizagem do adulto,
de Carvalho et al. (2010), disponível em: <http://
www.ensinosaudeambiente.uff.br/index.
php/ensinosaudeambiente/article/viewFi-
le/108/107> Acesso em: 22 nov. 2017.

195/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva


No caso da EAD, o problema se agrava porque o material instrucional é o
mesmo que vai ser estudado por muitas pessoas, cada qual limitada, de
certo modo, por sua cultura grupal e social. É uma dificuldade a ser enfren-
tada e, sem dúvida, passível de superação, no caso de se ter o cuidado de
estar sempre atento à realidade das diferenças individuais. Interagir com
pessoas que tem diferentes princípios de vida, costumes, habilidades, co-
nhecimentos, preconceitos, limitações de escolaridade e objetivos exige
atenção e flexibilidade para localizar e procurar resolver dificuldades, blo-
queios, incompreensões, objeções, etc. (ROSINI, 2007, p. 66).

As diferenças regionais, culturais e sociais podem ser negligenciadas pela gestão da educação a
distância. O tratamento individual das demandas no AVA deve ser meticulosamente executado,
a fim de sanar possíveis impasses descritos no trecho acima.
Por outro lado, conforme a própria autora reconhece, a educação a distância guarda o potencial
inclusivo, mesmo partindo da análise dos “tropeços” da área. De outro modo, ao utilizar os re-
cursos de um ambiente virtual, a equipe de tutores pode atender demandas individualmente. O
treinamento para esta equipe, no entanto, é de suma importância para conscientizar sobre tais
diferenças acerca dos costumes, habilidades, conhecimentos, limitações etc.
196/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva
A regionalidade mencionada pode também ser articulada com a globalização. Independente das
decisões gerenciais das instituições escolares, há uma linguagem sendo construída no espaço
online. Essa linguagem busca fomentar o entendimento das pessoas entre si ao redor do globo.
Nas palavras de Kenski (2007):
O uso da voz e a presença da imagem real ou de um clone virtual, o avatar,
vão levar à predominância da oralidade nas comunicações, hoje realizadas
por escrito nos ambientes virtuais. Como é possível que pessoas de dife-
rentes idiomas se encontrem em rede, vai aumentar significativamente o
uso de um idioma criativo e que está em franco desenvolvimento nas re-
des. Uma formulação híbrida entre a linguagem digital, o inglês vulgar e a
linguagem icônica dos emoticons (KENSKI, 2007, p. 121).
Aliada a linguagem das imagens, o inglês “fácil”, no ambiente online, pode atender a diversos
níveis de aprendizado em todo o mundo. Nessa perspectiva, o fenômeno social conectado dá
largos passos sem nenhum “alvará” formal das instituições públicas ou mesmo de ensino.
Em linhas gerais, a perspectiva da inclusão pode ser no nível econômico, social, cultural, político
ou cognitivo. São desafios que precedem a EaD e devem ser, constantemente, resgatados para
debate, com intuito de encontrar soluções para saná-los.

197/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva


mesmo jeito, em uma faculdade de linha A e
Para saber mais uma faculdade de linha B. Entende-se linha
O projeto chamado Software Livre é uma iniciati- como condições estruturais e curriculares
va não governamental voltada ao uso e desenvol- das instituições escolares, sendo A superior
vimento de softwares livres. O objetivo é permi- e B inferior.
tir igualdade de acesso, apresentando softwares
No entanto, conforme você já estudou em
livres como alternativa tecnológica para grupos
unidades anteriores, o ambiente virtual de
informais, instituições públicas e organizações
aprendizagem pode identificar as defasa-
privadas. Conheça melhor o projeto no link dispo-
gens individuais, avaliando formativamente
nível em: <http://www.softwarelivre.gov.br/
o aluno de qualquer ponto que esteja.
>Acesso em: 22 nov. 2017.
Na tentativa de facilitar o momento que an-
Nas dimensões social, política e cultural, tecede a aprendizagem para, então, seguir
Pierre Bourdieu (2014), em seu livro A Re- com a formação, portanto, ferramentas in-
produção, aponta a deficiência de capital formacionais diversas devem ser disponi-
cultural como o fator de desequilíbrio e di- bilizadas aos alunos para que eles possam
ferenciação intelectual em escolas de peri- explorar, selecionar e tomar decisão acer-
ferias e elitistas, ou seja, o mesmo professor ca daquilo que irão aprender (LINHARES,
não consegue ministrar a mesma aula, do 2015).
198/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva
Na concepção de Ausubel (apud MOREIRA, 1999), seria como disponibilizar uma gama maior de
organizadores prévios para atender tanto às demandas tão plurais quanto ao número de grupos
sociais e culturais existentes:

Ausubel, por outro lado, recomenda o uso de organizadores prévios que sir-
vam de âncora para a nova aprendizagem e levem ao desenvolvimento de
conceitos subsunçores que facilitem a aprendizagem subsequente. O uso
de organizadores prévios é uma estratégia proposta por Ausubel para, de-
liberadamente, manipular a estrutura cognitiva, a fim de facilitar a apren-
dizagem significativa. Organizadores prévios são materiais introdutórios
apresentados antes do material a ser aprendido em si. Contrariamente a
sumários, que são, em geral, apresentados ao mesmo nível de abstração,
generalidade e inclusividade, simplesmente destacando certos aspectos
do assunto, organizadores são apresentados em um nível mais alto de
abstração, generalidade e inclusividade. Segundo o próprio Ausubel, no
entanto, a principal função do organizador prévio é a de servir de ponte
entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber, a fim de que o mate-
rial possa ser aprendido de forma significativa, ou seja, organizadores pré-
vios são úteis para facilitar a aprendizagem na medida em que funcionam
como “pontes cognitivas” (MOREIRA, 1999, p. 155; grifo do autor).
199/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva
Em resumo, independentemente do ponto uma economia e um sistema de adminis-
onde encontra-se o nível intelectual do seu tração baseados na internet, qualquer país
aluno, você poderá fazer com que ele che- tem pouca chance de gerar os recursos ne-
gue até o entendimento do conteúdo. Seja cessários para cobrir suas necessidades de
com exemplos de ópera ou funk, o professor desenvolvimento”.
pode fazer a classe entender a teoria, bas-
ta saber mapear e falar a “língua” dos que o 1. Um novo divisor: a exclusão
ouvem. Na EaD, o material instrucional deve digital
subsidiar essa mesma “fala” com recursos
diversos, seguindo linguagens universais Assim como em outras esferas da socie-
como a icônica. dade, como o desenvolvimento econômi-
co, por exemplo, a exclusão digital deve ser
O próximo tópico trata de um dos maiores
combatida não somente no nível técnico,
desafios postos à Era da Informação: a ex-
mas também nas dimensões sociais e cul-
clusão digital. Enquanto muitos consideram
turais do desenvolvimento humano susten-
o acesso à internet como um preterido pro-
tável (ROSINI, 2007).
blema nos países que não possuem sequer
saneamento básico ou sistema de saúde
pública, Castells (2003, p. 220) alerta: “sem
200/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva
Link Link
No site da Organização para Cooperação e De- Para conhecer os dados atualizados acerca da di-
senvolvimento Econômico (OCDE), você pode ve- visão digital, você pode também acessar o banco
rificar e acompanhar relatórios detalhados acer- de dados do Banco Mundial. Para alterar o idioma
ca da exclusão digital dentro de uma perspectiva do site, basta rolar a barra até o rodapé do mesmo
global, com dados específicos de cada país. O site e alterar o idioma em “this site in” e clicar em Por-
está disponível apenas nos idiomas inglês e fran- tuguês. Disponível em: <www.worldbank.org>
cês. Disponível em: <http://www.oecd.org/> Acesso em: 22 nov. 2017.
Acesso em: 22 nov. 2017.
A tecnologia deve ser apropriada também
com a finalidade de suprimir a pobreza e a
exclusão, servindo para alcançar o cresci-
mento das pessoas (ROSINI, 2007). Espe-
cialmente depois da educação começar a
ser entendida como fator de desenvolvi-
mento econômico, fomentando a máxima:

201/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva


“o investimento em capital humano é muito rentável nos níveis empresarial, individual e do pró-
prio Estado” (CRUZ et al, 2008, p. 65).
Nessa direção, a gestão educacional deve construir um modelo que atenda de maneira indivi-
dualizada a todas as pessoas. Não somente na dimensão da avaliação, conforme você estudou
na unidade anterior, mas sim em todas as instâncias do processo de ensino-aprendizagem. Para
tanto, a variedade de modelos de educação pode suprir essas necessidades:

Não há um modelo único para o Brasil. Com sua pluralidade cultural e di-
versidade socioeconômica, o país pode conviver com diferentes projetos,
desde os mais avançados em termos tecnológicos até os mais tradicionais
como os impressos. O importante na hora de definir a mídia é pensar na-
quela que chega ao aluno onde quer que ele esteja (ROSINI, 2007, p. 77).
Perceba que a composição midiática do projeto pedagógico também deve ser estudada com
base na demanda plural dos conjuntos de alunos. O desafio prolonga-se em incluir gerações de
imigrantes digitais, visto que a relação entre idade e acesso à internet é inversamente proporcio-
nal (CASTELLS, 2003).

202/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva


Seja por conta da idade ou por conta da falta de acesso à tecnologia e à internet a utilização de
novas tecnologias da informação e comunicação exige dos usuários certa “fluência para o uso
dos aparelhos e programas de forma adequada” (KENSKI, 2008, p. 106).
Além disso, os professores dificilmente são treinados para encarar alunos diferentes dos perfis
idealizados em suas formações. A realidade, infelizmente, não reflete nesses modelos perfeitos.
Nas palavras de Aranha (2008):

Difícil é a tarefa de lidar com alunos com o estômago roncando, sem pos-
sibilidades de acesso ao lazer, muitas vezes sem um livro sequer dentro de
casa, com pais e mães analfabetos ou semi-analfabetos, com a socializa-
ção feita, em grande medida, na rua, vivendo e sobrevivendo do comércio
nos sinais e no tráfico etc., etc. (ARANHA, 2008, p. 77).
A educação frente à tecnologia deve servir ao propósito de incluir todos, independentemente
das diferenças e limitações individuais e grupais. As novas tecnologias têm potencial de prover a
ambiência necessária para alcançar tal propósito. De outro modo, “a dinâmica e a infinita capa-
cidade de estruturação das redes colocam todos os participantes de um momento educacional
em conexão, aprendendo juntos, discutindo em igualdade de condições, e isso é revolucionário”
(KENSKI, 2008, p. 47).
203/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva
Diversas limitações foram listadas neste tó-
pico, no entanto, talvez a maior delas seja Para saber mais
a falta de respaldo estrutural que depende Para maiores detalhes acerca da Declaração Uni-
de instâncias governamentais e de grandes versal dos Direitos Humanos, acesse para fazer o
concessionárias para, então, munir a popu- download do documento, disponível em: <http://
lação de países terceiro-mundistas de aces- www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf>
so à informação. Acesso em: 22 nov. 2017.
A falta de acesso a informação não fere so-
mente as possibilidades de desenvolvimen-
to comercial e econômico de um país, mas
negligencia também um dos direitos bási-
cos previstos na Declaração Universal dos
Direitos Humanos: direito de acessar, re-
ceber e transmitir informações, bem como
comunicar-se por quaisquer meios disponí-
veis.

204/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva


Glossário
Andragogia: estudo do ensino para adultos.
Icônico: qualidade de ícone.
Sumário: organização do conteúdo em forma de tópicos genéricos que permite a rápida locali-
zação destes no corpo do arquivo.
Terceiro-mundistas: países do Terceiro Mundo, considerados subdesenvolvidos.

205/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva


?
Questão
para
reflexão

Você acredita que a inclusão digital deva ser encarada


como um direito prioritário em detrimento de outras
demandas públicas, como o saneamento básico e saúde
em países terceiro-mundistas?

206/217
Considerações Finais
• Ao priorizar o atendimento dos trabalhadores, o ensino a distância pode se
desenvolver e alcançar visibilidade no mercado.
• A andragogia refere-se ao estudo acerca do ensino voltado ao adulto. Essa
perspectiva andragógica é amplamente vinculada à EaD por conta da confi-
guração de seu público (maior parte são adultos).
• A pluralidade de pessoas com acesso à internet revela uma preocupação
acerca do desenvolvimento de materiais instrucionais. Por outro lado, os re-
cursos hipertextuais permitem ao aluno estudar em seu próprio ritmo, res-
gatando conhecimentos e construções eventualmente defasados ou não
conhecidos.
• A exclusão digital refere-se a um fenômeno atual de extrema preocupação
mundial. Sem o acesso à informação, pessoas, empresas e, até mesmo, paí-
ses inteiros ficam em desvantagem em relação ao restante do mundo.

207/217
Referências

ARANHA, A. V. S. Gestão e organização do trabalho escolar: novos tempos e espaços de apren-


dizagem. IN: OLIVEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro (org.). Gestão educacional: novos olhares,
novas abordagens. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p. 75-86.
BOURDIEU, Pierre. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. 7. ed. Petró-
polis, RJ: Vozes, 2014.
CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade.
Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
CRUZ et al. A cultura organizacional nas empresas e nas escolas. In: OLIVEIRA, Maria Auxilia-
dora Monteiro (org.). Gestão educacional: novos olhares, novas abordagens. 5. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2008, p. 54-74.
KENSKI, Vani Moreira. Democratização das mídias e a gestão em educação à distância. In: OLI-
VEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro (org.). Gestão educacional: novos olhares, novas abordagens.
5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p. 100-116.
KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Pa-
pirus, 2007.

208/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva


Referências

LINHARES, Ronaldo Nunes; CHAGAS, Alexandre Meneses. Conectivismo e aprendizagem cola-


borativa em rede: o facebook no ensino superior. Revista Lusófona de Educação, 29, 2015, pp.
71-87.
MAIA, Carmem; MATTAR, João. ABD do EAD. 1. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
MOREIRA, Marco Antonio. Teorias da Aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
ROSINI, Alessandro Marco. As novas tecnologias da informação e a educação a distância. São
Paulo: Thomson Learning, 2007.

209/217 Unidade 8 • Os ambientes virtuais de aprendizagens dentro de uma perspectiva inclusiva


Assista a suas aulas

Aula 8 - Tema: Os Ambientes Virtuais de Apren- Aula 8 - Tema: Os Ambientes Virtuais de Aprendi-
dizagens dentro de uma Perspectiva Inclusiva. zagens dentro de uma Perspectiva Inclusiva. Blo-
Bloco I co II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/f1f-
0cac6733df545eb4a2bdcd7cd9897907>. 5de28e717a9dc7c79c8a5eebefeb8>.

210/217
Questão 1
1. Qual a classe de pessoas que, majoritariamente, a EaD atende?

a) Copistas.
b) Cinegrafistas.
c) Caminhoneiros.
d) Mães chefes de família.
e) Trabalhadores.

211/217
Questão 2
2. Andragogia refere-se ao estudo do ensino voltado a:

a) Crianças.
b) Adolescentes.
c) Trabalhadores.
d) Adultos.
e) Jovens.

212/217
Questão 3
3. ...................................................... são pontes cognitivas criadas através de
elementos educativos, permitindo a construção de novos conhecimentos.
Funciona, propriamente, como uma estratégia para manipular a aquisição
de novos conteúdos.

a) Conectores.
b) Plugues.
c) Dispositivos de cognição.
d) Reconhecedores informacionais.
e) Organizadores prévios.

213/217
Questão 4
4. A ............................. é um sinônimo para divisão digital. Essa é uma preo-
cupação de nível mundial, pois impacta dimensões econômica e social de
diversos países com potencial de desenvolvimento latente.

Qual alternativa completa adequadamente a lacuna acima?

a) Exclusão digital.
b) Informação digital.
c) Exclusão informática.
d) Organização mundial.
e) Mediação digital.

214/217
Questão 5
5. A linguagem ..................... juntamente ao inglês vulgar representam a for-
ma como as pessoas vêm comunicando-se a nível mundial através da in-
ternet.

Qual alternativa completa adequadamente a lacuna acima?

a) Fílmica.
b) Icônica.
c) Fotográfica.
d) Visual.
e) Textual.

215/217
Gabarito
1. Resposta: E. conteúdos em detrimento ao repertório
preexistente na cognição do indivíduo.
Os trabalhadores referem-se a classe de
pessoas que a EAD mais atende, por isso a 4. Resposta: A.
proximidade da andragogia na literatura
acerca do ensino a distância. A exclusão digital impossibilita pessoas e
empresas de países subdesenvolvidos a de-
2. Resposta: D. senvolverem negócios e conhecimento co-
letivo e individual, devido à falta de acesso
A andragogia é o estudo do ensino voltado informação.
ao adulto. Em detrimento do termo peda-
gogia, foi criado esse novo termo para dar 5. Resposta: B.
conta das peculiaridades desse grupo de
pessoas (adultos). A linguagem icônica refere-se à linguagem
dos ícones. Ícones são signos não-verbais,
3. Resposta: E. ou seja, imagens que representam algo
além dela, guardando uma semelhança
Organizadores prévios funcionam como fundamental para a decodificação feita pe-
pontes cognitivas, organizando os novos las pessoas.
216/217

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