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Superior Tribunal de Justiça

RCD no RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 104.519 - SP (2018/0277137-4)

RELATORA : MINISTRA LAURITA VAZ


REQUERENTE : ANDRÉ PUCCINELLI (PRESO)
REQUERENTE : ANDRE PUCCINELLI JUNIOR (PRESO)
ADVOGADOS : RENÊ SIUFI - MS000786
CÉZAR ROBERTO BITENCOURT - RS011483
ANDRÉ LUIZ HESPANHOL TAVARES E OUTRO(S) - DF039645
REQUERENTE : JOAO PAULO CALVES (PRESO)
ADVOGADO : RICARDO SOUZA PEREIRA - MS009462
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

DECISÃO

Trata-se de pedidos de concessão de liminar e de reconsideração da negativa do


provimento urgente nos autos do presente habeas corpus, ajuizados respectivamente por
ANDRÉ PUCCINELLI e ANDRE PUCCINELLI JUNIOR.
Consta dos autos que o Juiz Federal de primeira instância, em 18/07/2018,
decretou a custódia cautelar dos Peticionários, ao argumento de que apesar de beneficiados com
medidas cautelares diversas da prisão, os investigados continuavam a proceder lavagem de
dinheiro, bem como estariam ocultando provas, que foram apreendidas em um apartamento
alugado por terceiro diretamente ligado a eles.
Inconformada com a decisão que decretou a prisão preventiva, a Defesa impetrou
habeas corpus na Corte Federal a quo, alegando que os fatos utilizados para fundamentar o
decisum não são fatos novos e que não evidenciada ocultação de provas.
Nesse ínterim, em 30/07/2018, o Juiz da 3.ª Vara Federal Criminal de Campo
Grande recebeu a denúncia dando ANDRÉ PUCCINELLI como incurso nos delitos tipificados
no art. 317, caput, do Código Penal, e no art. 1, § 4°, da Lei n.º 9.613/1998, c.c. o art. 29 do
Código Penal (concurso de pessoas), por 32 (trinta e duas) vezes cada crime. ANDRE
PUCCINELLI JUNIOR foi denunciado como incurso, na prática dos delitos tipificados no art.
317, caput, do Código Penal, e no art. 1.º, § 4.º, da Lei n. 9.613/1998, c.c. arts. 29 e 30, ambos do
Código Penal, por 4 (quatro) vezes.
No dia 04/09/2018, a Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região
(HC n.º 5017161-83.2018.4.03.0000), por maioria, vencido o Relator, denegou a ordem vindicada.
O acórdão foi assim ementado:
"PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. LAVAGEM DE
DINHEIRO. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. OPERAÇÃO LAMA ASFÁLTICA.
PRISÃO PREVENTIVA. REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP. ORDEM
DENEGADA.
1. A prisão preventiva é necessária para garantir a ordem pública,

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por conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei
penal, quando houver prova da existência do crime e indícios suficientes de
autoria.
2. Verificados os requisitos da necessidade e da adequação, a
manutenção da prisão preventiva é medida de rigor.
3. Ordem denegada."

Os presentes recursos ordinários impugnam o acórdão acima transcrito, repisando


os argumentos da impetração originária. Buscam o provimento do recurso para cassar o decreto
constritivo, pugnando, alternativamente pela aplicação de medidas cautelares diversas da prisão.
A insurgência de ANDRÉ PUCCINELLI (fls. 3.009-3.041) trouxe pedido liminar,
do qual a Defesa desistiu por meio da Petição n.º 6.04746/2018. O pedido liminar de ANDRÉ
PUCCINELLI JUNIOR foi indeferido, nos termos da decisão de fls. 3.559-3.569.
Na presente petição, os Acusados requerem, o primeiro, a análise e a concessão
da liminar, o segundo, a reconsideração da decisão que indeferiu o provimento urgente.
Aduzem, em suma, que "encontram-se presos há mais de cinco meses, sem ter
sido iniciada a ação penal" (fl. 3.662), bem como a suficiência das cautelares anteriormente
impostas. Ressaltam que não ocorreu a suposta continuidade da prática lavagem de dinheiro,
tampouco a alegada ocultação de provas, sendo os argumentos para justificar a segregação
carentes de contemporaneidade.
É o relatório.
Decido.
Como esclareci em decisões pretéritas sobre os mesmos fatos, os crimes de
corrupção imputados aos Recorrentes teriam se iniciado durante o mandato eletivo de ANDRÉ
PUCCINELLI, que é ex-Governador do Estado do Mato Grosso do Sul, e a maioria dos
documentos apreendidos, ao que se tem, dizem respeito à operações financeiras daquela época.
A lavagem de dinheiro, em tese, persistia até o final de 2017 por meio de Instituto fundado por
ANDRÉ PUCCINELLI JUNIOR, acusado de ajudar seu pai a ocultar documentos relevantes à
investigação e de promover a suposta continuação dos atos de lavagem de capitais, utilizando-se
do Instituto Ícone de Ensino Jurídico, por ele fundado.
Indeferi os pedidos liminares de revogação da prisão preventiva anteriores, tanto
nestes autos quanto nos do HC n.º 471.992/MS, ao argumento de que o Juiz Federal de primeira
instância registrou, além da gravidade concreta dos delitos, que o grupo criminoso ocultava
provas e persistia atuante mesmo após a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão até
então vigentes, razão pela qual o cárcere encontrava fundamento na garantia da ordem pública e
na conveniência da instrução criminal.
Contudo, passados cinco meses desde a data da prisão e recebida a denúncia, tal
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posicionamento comporta revisão.
O risco de reiteração nos mesmos crimes já se enfraqueceu, seja pelo decurso do
tempo ou pelo noticiado encerramento das atividades do Instituto utilizado para dar legitimidade
aos valores adquiridos de forma espúria.
A alegada necessidade de garantir a conveniência da instrução criminal, por sua
vez, não se faz tão premente após o recebimento da denúncia, fundada em extensa investigação
e guarnecida com veementes indícios da prática delitiva, enquanto não se vislumbrar quaisquer
indícios de intimidação às testemunhas ou qualquer ingerência na produção de provas sob o crivo
do contraditório.
Embora não se possa afastar a contemporaneidade do decreto de prisão
preventiva, até mesmo porque existem indícios de continuidade dos delitos in casu, tal argumento
fica esvaziado após interrompida a atividade ilícita, como o desmantelamento de toda estrutura da
organização criminosa.
No ponto, convém ressaltar que toda prisão preventiva, para ser legítima à luz da
sistemática constitucional, exige que o Magistrado, sempre mediante fundamentos concretos
extraídos de elementos constantes dos autos (arts. 5.º, LXI, LXV e LXVI, e 93, inciso IX, da
Constituição da República), demonstre a existência de prova da materialidade do crime e de
indícios suficientes de autoria delitiva (fumus comissi delicti), bem como o preenchimento de ao
menos um dos requisitos autorizativos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal, no
sentido de que o réu, solto, irá perturbar ou colocar em perigo (periculum libertatis) a ordem
pública, a ordem econômica, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal.
Além disso, de acordo com a microrreforma processual procedida pela Lei n.º
12.403/2011 e dos princípios da excepcionalidade (art. 282, § 4.º, parte final, e § 6.º, do CPP),
provisionalidade (art. 316 do CPP) e proporcionalidade (arts. 282, incisos I e II, e 310, inciso II,
parte final, do CPP), a prisão preventiva há de ser medida necessária e adequada aos
propósitos cautelares a que serve, não devendo ser decretada ou mantida caso intervenções
estatais menos invasivas à liberdade individual, enumeradas no art. 319 do CPP, mostrem-se, por
si sós, suficientes ao acautelamento do processo e/ou da sociedade.
Nesse sentido é o entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça:
"[...]. Para ser compatível com o Estado Democrático de Direito – o
qual se ocupa de proteger tanto a liberdade quanto a segurança e a paz
públicas – e com a presunção de não culpabilidade, é necessário que a
decretação e a manutenção da prisão cautelar se revistam de caráter
excepcional e provisório. A par disso, a decisão judicial deve ser
suficientemente motivada, mediante análise da concreta necessidade da
cautela, nos termos do art. 282, I e II, c/c o art. 312 do CPP [...]." (RHC
100.760/GO, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
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julgado em 16/08/2018, DJe 28/08/2018.)

"[...]. A privação antecipada da liberdade do cidadão acusado de


crime reveste-se de caráter excepcional em nosso ordenamento jurídico (art.
5º, LXI, LXV e LXVI, da CF). Assim, a medida, embora possível, deve estar
embasada em decisão judicial fundamentada (art. 93, IX, da CF), que
demonstre a existência da prova da materialidade do crime e a presença de
indícios suficientes da autoria, bem como a ocorrência de um ou mais
pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal. Exige-se, ainda,
na linha perfilhada pela jurisprudência dominante deste Superior Tribunal
de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, que a decisão esteja pautada em
motivação concreta, sendo vedadas considerações abstratas sobre a
gravidade do crime. [...]." (RHC 98.582/MG, Rel. Ministro REYNALDO
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 23/08/2018, DJe
29/08/2018.)

Nesses termos, embora em um juízo de cognição sumária o decreto constritivo


traga fundamentação suficiente para justificar o cárcere ante tempus, a segregação corporal não
me parece mais necessária para evitar a reiteração delitiva ou para assegurar a instrução
criminal e a aplicação de lei penal, sendo suficientes para tal objetivo, agora, a imposição de
medidas cautelares diversas da prisão.
Não ignoro, por óbvio, que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se
orienta no sentido de ser suficiente à decretação ou manutenção da prisão preventiva, nos termos
do art. 312 do Código de Processo Penal, a existência de reiteração delitiva.
No entanto, a Sexta Turma desta Corte Superior também tem registrado, à luz dos
princípios da contemporaneidade, da cautelaridade e da proporcionalidade, que quando não se
demonstra habitualidade em crimes praticados com violência ou grave ameaça à pessoa,
personalidade desajustada ou recidiva específica, inexiste risco concreto e atual à ordem pública.
Em idêntico sentido, foram os recentes julgamentos da Sexta Turma na sessão
ordinária do dia 13/12/2018, que concedeu a ordem nos autos dos Habeas Corpus n.ºs
479.451/SP, 443.106/RJ e 470.474/RJ, todo da Relatoria do Exmo. Ministro Rogério Schietti
Cruz, em casos semelhantes, onde foi ressaltado "que a substituição da custódia por medidas
outras se mostra suficiente para, com menor carga coativa, proteger a sociedade de
possível reiteração delitiva."
Desse modo, em observância ao binômio proporcionalidade e adequação, tenho
por desnecessária a custódia extrema no momento, uma vez que o estabelecimento de medidas
cautelares diversas da prisão passaram a ser suficientes para garantir a ordem pública e evitar a
continuidade da organização criminosa.
No mesmo sentido:

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" HABEAS CORPUS.
ESTELIONATO. OCULTAÇÃO DE BENS,
DIREITOS E VALORES. PRISÃO PREVENTIVA. ART. 312 DO CPP.
PERICULUM LIBERTATIS. INDICAÇÃO NECESSÁRIA. FUNDAMENTAÇÃO
SUFICIENTE. HABEAS CORPUS PARCIALMENTE CONCEDIDO.
1. Para ser compatível com o Estado Democrático de Direito - o
qual se ocupa de proteger tanto a liberdade quanto a segurança e a paz
públicas - e com a presunção de não culpabilidade, é necessário que a
decretação e a manutenção da prisão cautelar se revistam de caráter
excepcional e provisório. A par disso, a decisão judicial deve ser
suficientemente motivada, mediante análise da concreta necessidade da
cautela, nos termos dos artigos 282, incisos I e II c/c 312 do CPP.
2. O Juiz de primeira instância apontou a presença dos vetores
contidos no art. 312 do Código de Processo Penal, indicando motivação
suficiente para justificar a necessidade de colocar o paciente cautelarmente
privado de sua liberdade, ao salientar o evidente risco de reiteração
delitiva, visto que 'percebe-se não tratar-se o presente caso de um simples
estelionato, mas de golpe envolvendo expressivas quantias em dinheiro,
posteriormente aplicadas na compra de bens, dissimulando a origem ilícita
dos montantes, o que, por óbvio, exigiu planejamento e articulação dos
denunciados'.
3. O paciente é acusado da prática dos crimes de estelionato e
lavagem de dinheiro. Foragido, o paciente apresentou-se à Polícia Civil em
Rosário do Sul após a Corte local denegar a ordem. Boa parte dos bens do
paciente foi embargada judicialmente, em decorrência de 'bloqueio de
valores, via BACENJUD, nas contas de titularidade dos acusados Ebersom e
Rodrigo', no valor de R$387.800.00, a serem transferidos para conta
judicial remunerada, suficiente, como afirmou a autoridade judiciária
competente, 'para assegurar o ressarcimento dos prejuízos enfrentados pela
vítima', em caso de condenação.
4. Sopesadas, assim, as circunstâncias e a gravidade dos crimes
atribuídos ao paciente, bem como suas condições pessoais, e considerando
que já passados quase dois anos e meio da conjecturada prática ilícita e
caminhando-se para um ano do cumprimento da ordem de prisão do
paciente, o risco da reiteração delitiva e de interferência na instrução
criminal se enfraqueceu, não a ponto de desaparecer totalmente, mas em
grau bastante para justificar a substituição da prisão preventiva por
medidas outras, restritivas à liberdade e a direitos do paciente, as quais, em
juízo de proporcionalidade e à luz do que dispõem os arts. 282 e 319 do
CPP, se mostram adequadas e suficientes para, com menor carga coativa,
proteger o processo e a sociedade de possíveis e futuros danos que a plena
liberdade do paciente poderia causar.
5. Habeas corpus parcialmente concedido para substituir a prisão
preventiva do paciente por medidas cautelares a ela alternativas, nos termos
do voto." (HC 419.486/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 18/09/2018, DJe 01/10/2018.)

"HABEAS CORPUS ORIGINÁRIO. PEDIDO DE SEGREDO DE


JUSTIÇA NOS AUTOS DO HC. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE DOS ATOS
JURISDICIONAIS. AUSÊNCIA DE EXCEPCIONALIDADE.
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INDEFERIMENTO. SUPOSTA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E DESVIO DE
VERBAS FEDERAIS. PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA NO TRIBUNAL
REGIONAL FEDERAL, PARA DESARTICULAR A ORCRIM E PARA
GARANTIR A INSTRUÇÃO CRIMINAL (PROVAS). BUSCA E APREENSÃO
IMPLEMENTADA. LÍDER PRESO. DESNECESSIDADE DE MANUTENÇÃO
NO CÁRCERE PROVISÓRIO DE INTERMEDIÁRIO. POSSIBILIDADE DE
SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO POR OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES. ART.
319 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. PRECEDENTES DO STF E DO
STJ. ORDEM CONCEDIDA AO PACIENTE (INTERMEDIÁRIO), MEDIANTE
OUTRAS CAUTELARES.
1. No ordenamento jurídico brasileiro, a regra é a publicidade dos
atos jurisdicionais, excepcionada quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem, a teor dos arts. 5º, LX, e 93, IX, da Constituição
Federal, o que não ocorre na espécie.
2. A privação antecipada da liberdade do cidadão acusado de
crime reveste-se de caráter excepcional em nosso ordenamento jurídico, e a
medida deve estar embasada em decisão judicial fundamentada (art.93, IX,
da CF), que demonstre a existência da prova da materialidade do crime e a
presença de indícios suficientes da autoria, bem como a ocorrência de um
ou mais pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal.
3. Além do mais, a prisão processual, para legitimar-se em face de
nosso sistema jurídico, impõe - além da satisfação dos pressupostos a que se
refere o art. 312 do CPP (prova da existência material do crime e indício
suficiente de autoria) - que se evidenciem, com fundamento em base
empírica idônea, razões justificadoras da imprescindibilidade dessa
extraordinária medida cautelar de privação da liberdade do indiciado ou do
réu. Doutrina. Precedentes. [...]. (HC n. 92.751, Relator Ministro CELSO
DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 09/08/2011, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-208 Divulgado em 22/10/2012, Publicado em
23/10/2012). No mesmo diapasão: HC 55.647/SP, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 29/06/2006, DJ 11/09/2006, p.
323.
4. A Lei nº 12.403/2011, ao alterar o art. 319 do Código de
Processo Penal, seguiu o princípio constitucional da presunção de
inocência/não culpabilidade, uma vez que a prisão cautelar não pode ser
vista como antecipação de eventual condenação do acusado (HC
311.195/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
24/03/2015, DJe 07/04/2015). Desse modo, o Juiz, no caso concreto, deve
observar o binômio adequação/proporcionalidade, com o fim de evitar a
utilização da medida extrema (prisão cautelar).
5. Na espécie, o líder do suposto grupo criminoso está preso
preventivamente. Os mandados de busca e apreensão foram implementados.
As condições pessoais do paciente são favoráveis. Logo, sendo menor a
participação do Sr. Kleber (intermediação), a proibição dele manter contato
com as pessoas investigadas nos fatos apontados criminosos, bem como o
veto de frequentar prédios públicos e de participar, de alguma maneira, de
procedimentos licitatórios das prefeituras investigadas, preenchem, a essa
altura, o binômio necessidade-adequação, a teor dos incisos II e III do art.
319 da Lei Adjetiva Penal.
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6. Habeas corpus concedido para revogar a prisão preventiva
imposta ao paciente, impondo-lhe as medidas cautelares diversas da prisão
previstas nos incisos II e III do art. 319 do CPP." (HC 329.825/BA, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado
em 22/09/2015, DJe 30/09/2015.)

Ante o exposto, DEFIRO OS PEDIDOS para, concedendo liminar para ANDRÉ


PUCCINELLI e reconsiderando o anterior indeferimento do provimento urgente de ANDRE
PUCCINELLI JUNIOR, revogar as prisões preventivas dos Recorrentes, mediante a imposição
das medidas cautelares do art. 319 do Código de Processo Penal de proibição de manter contato
com os demais investigados e suspensão do exercício de função pública ou de atividade de
natureza econômica relacionada à prática delitiva, além de outras a serem especificadas pelo
Juízo de primeiro grau, podendo, ainda, a custódia ser novamente decretada em caso de
descumprimento das referidas medidas (art. 282, § 4.º, c.c. o art. 316 do Código de Processo
Penal) ou de superveniência de fatos novos.
Oficie-se, com urgência, ao Tribunal Regional Federal da 3.ª Região e ao Juízo de
origem, comunicando-lhes o inteiro teor da presente decisão para adoção das providências
cabíveis.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília, 18 de dezembro de 2018.

Ministra LAURITA VAZ


Relatora

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