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Da formação, da suspensão e da extinção do processo

Fonte: http://www.tex.pro.br/index.php/novo-cpc/7377-ncpc-051

Diz o Código que se considera proposta a ação assim que a petição inicial é
protocolada (art. 312 [1]). Como o réu é um dos elementos da ação, segue-se
que se adquire a qualidade de réu desde o momento em que proposta a ação.
Chega-se à mesma conclusão, definindo-se réu como aquele contra quem ou
em face de quem a ação é proposta. Considere-se, além disso, a possibilidade
de o juiz conceder antecipação de tutela ou medida cautelar antes da citação.
Seria absurda a concessão de liminar contra alguém que sequer é réu no
processo. Por isso tudo, não se pode aceitar sem crítica a afirmação de que a
citação “angulariza” a relação processual. Na verdade, o processo já se inicia
em ângulo, nas linhas autor-juiz e juiz-réu.

Contudo, por disposição expressa, alguns efeitos só se produzem com a


citação, quais sejam: a litigiosidade da coisa e a constituição do devedor em
mora.

Já não se pode dizer que a litispendência decorre da citação, porque a


competência se determina a competência no momento do registro ou da
distribuição da petição inicial (art. 43 e 59), não mais dependendo da citação do
réu.

A morte ou incapacitação da parte ou de seu representante legal – diz Eduardo


Talamini - geram suspensão do processo automaticamente, desde a sua
ocorrência.

A decisão judicial é apenas declaratória da suspensão (STJ, REsp-ED


270191). Mesmo que ainda não declarada a suspensão, são írritos os atos
processuais realizados a partir daí, desde que geradores de prejuízo (STJ,
REsp-AgRg 1249150). Fala-se em nulidade, mas relativamente aos sucessores
da parte morta as decisões desfavoráveis são absolutamente ineficazes, na
medida em que houver violação do contraditório. Com a morte da parte, o
mandato de seu advogado é extinto (CCiv, art. 682, II; STJ, REsp-AgRg
248625).
Se quem faleceu foi o autor, sendo transmissível o direito em litígio, o juiz
determina a intimação, conforme o caso, do inventariante, do sucessor ou dos
herdeiros, para que se habilitem no processo, no prazo designado; se quem
faleceu foi o réu, o juiz determina a intimação do autor para que promova a
citação do respectivo espólio, do sucessor ou dos herdeiros, no prazo que
designar, em ambos os casos sob pena de extinção do processo (art. 313, I, §§
1o e 2o [2]).

O processo também se suspende pela morte do advogado de qualquer das


partes (art. 313, I), caso em que, o juiz, mesmo que iniciada a audiência de
instrução e julgamento, determina que a parte constitua novo mandatário, no
prazo de 15 dias, sob pena de extinção do processo, no caso de morte do
advogado do autor, e de prosseguimento do processo à revelia, no caso de
morte do advogado do réu (art. 313, § 3o [3] ).

Observa Eduardo Talamini que

a extinção da pessoa jurídica (por fusão, incorporação, dissolução) não é


identificável com o falecimento de pessoa natural, pois (1º) a morte é fato
jurídico; a extinção da pessoa jurídica dá-se por negócio ou ato jurídico (stricto
sensu) – que no mais das vezes já traz em si as consequências sucessórias;
(2º) a sucessão causa mortis, embora juridicamente ocorra desde o
falecimento, depende de procedimento estatal próprio para sua especificação e
formalização; a transferência de patrimônio na extinção da pessoa jurídica
independe de procedimento similar, aperfeiçoando-se, por si só, tão logo eficaz
o ato extintivo. Logo, é ônus do sucessor ou de quem conduz o processo
extintivo da pessoa jurídica promover a sucessão no processo, tão logo ocorra
a extinção. A suspensão do processo dependerá de regra expressa (ex., Lei
6.024/74, art. 18.

Pode suspender-se o processo por convenção das partes, por prazo não
superior a 6 meses (art. 313, II, e § 4o [4]).
Suspendem o processo a arguição de impedimento ou de suspeição, bem
como a admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 313,
III e IV [5]).

Também se suspende o processo, pelo prazo máximo de 1 ano, quando a


sentença de mérito depende de ato a ser praticado em outro juízo (art. 313, V e
§ 4o [6]) e sem essa limitação de prazo, quando se discute em juízo questão
decorrente acidentes e fatos da navegação, de competência do Tribunal
Marítimo (art. 313, VII [7]).

Se a questão prejudicial for de natureza penal, o juiz suspende o processo por


três meses, para a propositura da ação penal e, por um ano, para seu
julgamento; decorridos esses prazos, julga o próprio juiz do cível a existência
ou não do fato delituoso (art. 315 e seus parágrafos [8]).

Também se suspende o processo por motivo de força maior e em outros casos


previstos em lei (art. 313, VI e VII [9]).

Como é lógico, decorrido o prazo da suspensão, deve o juiz determinar o


prosseguimento do processo (art. 313, § 5o [10]).

Extingue-se o processo por sentença (art. 316 [11]), mas nem toda sentença
de mérito extingue o processo, podendo apenas encerrar a fase de
conhecimento.

Pode extinguir-se o processo por sentença meramente processual, isto é, sem


o exame do mérito (art. 317 [12]).

Bibliografia
TALAMINI, Eduardo. Da formação, da suspensão e da extinção do processo.
In: ALVIM, Angelica Arruda; ASSIS, Araken de; ALVIM, Eduardo Arruda;
LEITE, George Salomão. Código de Processo Civil Comentado. São Paulo:
Saraiva, 2015.
[1] Art. 689. Proceder-se-á à habilitação nos autos do processo principal, na
instância em que estiver, suspendendo-se, a partir de então, o processo.
[2] Art. 313. Suspende-se o processo:
I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes,
de seu representante legal ou de seu procurador;

(...)

§ 1o Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos termos do art.


689.

§ 2o Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da morte, o juiz


determinará a suspensão do processo e observará o seguinte:

I - falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que promova a citação do


respectivo espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, no
prazo que designar, de no mínimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) meses;

II - falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, determinará a


intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos
herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar mais adequados, para que
manifestem interesse na sucessão processual e promovam a respectiva
habilitação no prazo designado, sob pena de extinção do processo sem
resolução de mérito.

[3] § 3o No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que


iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz determinará que a parte
constitua novo mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual
extinguirá o processo sem resolução de mérito, se o autor não nomear novo
mandatário, ou ordenará o prosseguimento do processo à revelia do réu, se
falecido o procurador deste.
[4] Art. 313. Suspende-se o processo:
(...)

II - pela convenção das partes;

§ 4o O prazo de suspensão do processo nunca poderá exceder 1 (um) ano nas


hipóteses do inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista no inciso II.

[5] Art. 313. Suspende-se o processo:


(...)

III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;

IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;

[6] Art. 313. Suspende-se o processo:


(...)

V - quando a sentença de mérito:


a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou
de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro
processo pendente;

b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a


produção de certa prova, requisitada a outro juízo;

(...)

§ 4o O prazo de suspensão do processo nunca poderá exceder 1 (um) ano nas


hipóteses do inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista no inciso II.

[7] Art. 313. Suspende-se o processo:


(...)

VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da


navegação de competência do Tribunal Marítimo;

[8] Art. 315. Se o conhecimento do mérito depender de verificação da


existência de fato delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do processo
até que se pronuncie a justiça criminal.
§ 1o Se a ação penal não for proposta no prazo de 3 (três) meses, contado da
intimação do ato de suspensão, cessará o efeito desse, incumbindo ao juiz
cível examinar incidentemente a questão prévia.

§ 2o Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo prazo máximo de


1 (um) ano, ao final do qual aplicar-se-á o disposto na parte final do § 1o.

[9] Art. 313. Suspende-se o processo:


(...)

VI - por motivo de força maior;

VIII - nos demais casos que este Código regula.

[10] Art. 313


§ 5o O juiz determinará o prosseguimento do processo assim que esgotados os
prazos previstos no § 4o.


[11] Art. 316. A extinção do processo dar-se-á por sentença.


[12] Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá
conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício.

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